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Rede Conceptual da Ação Humana

Ação Humana - ato consciente, voluntário e intencional pelo qual o ser


humano interfere no curso dos acontecimentos.

Elementos estruturantes da ação humana

Agente (Quem?) – Quem pratica a ação

Intenção (O que fez?) – O que o agente pretende fazer

Motivo (Porque fez?) – A razão que justifica a ação

Finalidade (Para quê?) – Objetivo final

Ação – é específica de um ser humano, podemos identificar o sujeito e


conhecer o seu propósito. (Ex: O João bebeu água)

Acontecimento – a cauda é a própria natureza que não conseguimos


controlar, não é possível identificar o sujeito nem o propósito da ação.

Nota: Todas as ações são acontecimentos.


Nem todos os acontecimentos são ações.
Ato voluntário (agir) – exige a decisão consciente voluntária e deliberada
do agente (Ex: Ler um livro).

Ato involuntário (fazer) – não exige qualquer intenção ou deliberação do


agente (Ex: Respirar).

Deliberação – processo reflexivo no qual o agente pondera as


possibilidades da ação e as suas consequências. A deliberação precede a
ação.

Decisão – escolha efetiva de uma possibilidade ou alternativa de ação.

Nota: Nem toda a ação humana é deliberada

Livre-arbítrio
Vontade livre e responsável de um ser racional.

Libertismo
Doutrina filosófica que defende que o ser humano é um ser
essencialmente livre.

Consequências do libertismo:
Afirmação da liberdade
Afirmação da responsabilidade

Fundamento do libertismo: Dualidade antropológica

Dualidade antropológica - O nosso corpo está sujeito às leis da causalidade


natural, já a nossa mente, não sendo física, não obedece a leis exteriores a
si mesma. Assim, ela pode escolher, e através das suas escolhas, interferir
nos acontecimentos do mundo natural.

Argumentos do libertismo:
• A vontade humana é livre porque não sendo a nossa mente física,
não é determinada pela causalidade natural. Assim, guiada pela
razão, pode escolher livremente os seus atos.
• Muitas vezes ao agirmos temos a convicção de que poderíamos ter
agido de outra forma, assim escolhemos entre alternativas –
argumento da experiência.
• Se não formos livres então não poderemos ser responsabilizados
pelos nossos atos.

Objeções ao libertismo:
• O facto de no sentirmos livres e de acreditarmos que somos livres
não é suficiente para provar que temos livre-arbítrio.
• A crença na liberdade resulta do desconhecimento das causas das
nossas ações.

Nota: O ser humano não pode escolher deixar de ser livre.

Determinismo Radical

Doutrina filosófica segundo a qual tudo o que acontece tem uma causa,
ou seja, todos os fenómenos estão submetidos às leis naturais de carácter
causal.

Consequências do determinismo radical:


Negação da liberdade
Negação da responsabilidade

Fundamento do Determinismo Radical: a Causalidade


Relação causal – relação de causa-efeito entre dois fenómenos/
acontecimentos. Várias relações causais constituem uma cadeia causal,
isto é, uma sequência encadeada de causa e efeitos. A causalidade existe
no mundo físico-natural.

Argumentos para o Determinismo Radical:

• Tudo aquilo que fazemos são acontecimentos que ocorrem no


mundo, e como tal são determinadas pela causalidade.
• Quando a ciência conhecer todas as leis naturais, poderemos prever
todos os acontecimentos, provando assim que tudo aquilo que
fazemos é determinado por causas anteriores.
• O sentimento de livre-arbítrio é uma ilusão pois as pessoas,
desconhecendo as causas dos seus atos, creem que escolhem
realizá-los quando, na verdade, todos os seus atos estão à partida
determinados

Objeções ao Determinismo Radical:

• O comportamento humano não é previsível como o


comportamento dos seres inanimados ou de outras espécies
animais.
• Se a vontade humana fosse determinada pela causalidade do
universo, então nunca poderíamos ser responsabilizados pelos
nossos atos.

Determinismo Moderado

Doutrina filosófica que defende que não é pelo facto do ser humano estar
sujeito à causalidade natural que se anula a sua liberdade.

Segundo os compatibilistas, sem a causalidade natural, a liberdade não


seria possível, pois deixaríamos de conseguir prever as consequências das
nossas ações.
A Natureza dos Valores / Axiologia
Juízos de facto – Afirmações objetivas (independentes do sujeito),
descritivas (descrevem a realidade), com valor de verdade.

Juízos de valor – Afirmações subjetivas (dependem do sujeito), avaliativas


(expressam a ideia do sujeito), não tem valor de verdade.

Problema da natureza dos valores:

Subjetivismo Axiológico/Relativismo Cultural

Teorias que defendem que os valores não são propriedade objetiva do


mundo, sendo projetados nele pelos diferentes sujeitos 8no caso do
subjetivismo) e culturas (no caso do relativismo) Os juízos de valor são
verdadeiros (ou falsos) em função da avaliação desses indivíduos/culturas;
ou então nem são verdadeiros nem falsos. (são apenas de valor, logo não
exprimem factos.)

Argumentos do Subjetivismo Axiológico/Relativismo Cultural:

• Os juízos de valor variam bastante de individuo pra individuo e de


cultura para cultura, através do tempo e do espaço geográfico,
verificando-se desacordo entre pessoas ao valorarem uma mesmo
objeto – argumento da diversidade/desacordo.
• Como os valores não podem ser observados como propriedades dos
objetos, nem como entidades independentes, então não podemos
provar a sua existência objetiva –argumento da estranheza dos
valores.
• Havendo duvidas sobre qual da duas perspetiva é a correta,
devemos escolher o subjetivismo, uma vez que esta perspetiva trás
como vantagem a tolerância entre indivíduos e comunidades –
argumento da tolerância.

Objeções ao Subjetivismo Axiológico/Relativismo Cultural:

• Os critérios valorativos deixariam de existir


• O ensino dos valores deixaria de fazer sentido
• Não fazia sentido debater questões axiológicas
• Viver-se-ia num estado de anarquia axiológica

Objetivismo Axiológico

Teoria que defende que os valores são propriedades objetivas do mundo,


independentes do individuo/culturas. Há juízos de valor objetivamente
verdadeiros ou falsos (são na verdade juízos de facto).

Argumentos Objetivismo Axiológico:

• Se adotarmos o subjetivismo, somos obrigados a aceitar que


nenhum juízo de valor pode ser rejeitado. Isto implica aceitar juízos
de valor racistas, machistas, homofóbicos… - argumento das
consequências moralmente indesejáveis.
• Ao adotarmos o subjetivismo, nenhum juízo de valor será mais
correto que outro. Porém, quando divergimos na valoração de algo,
apresentamos razões para explicar que um juízo de valor é
melhor/mais correto – argumento da capacidade explicativa.
• Apesar do desacordo entre pessoas e culturas quantos aos valores,
existe uma enorme coincidência/acordo em algumas crenças
fundamentais – argumento da coincidência dos valores.
• Se os nosso juízos de valor dependem unicamente da nossa cultura,
então como se explica o fenómeno da dissidência, isto é, que haja
indivíduos que vão contra os valores da sua cultura – argumento da
dissidência (contra o relativismo cultural)
Fundamentação da Moral
Problema:

Utilitarismo de John Stuart Mill (Ética Teleológica)

Defendido por John Stuart Mill, o utilitarismo defende que o mais


importante é a utilidade da ação, ou seja, o seu contributo para o objetivo
que se quer atingir.

Principio da maior felicidade (ou da utilidade) – A boa ação é aquela que


trouxer a maior felicidade para o maior número de pessoas. A felicidade é
o prazer conjugada com a ausência de dor.

A ação é avaliada pelas suas consequências. O motivo ou intenção não são


decisivos porque se referem ao caracter do agente e não à ação.

Não há regras morais absolutas, uma vez que o valor moral não reside na
ação mas sim nas consequências.

Para Stuart Mill, quando temos de optar entre dois prazeres o fator de
escolha deve ser a qualidade desses prazeres (e não a quantidade).

Prazeres superiores – ligado a necessidades intelectuais, que


consideramos próprias do ser humano.

Prazeres inferiores – ligados ao prazer físico e imediato de natureza


animal.
Criticas ao utilitarismo:

• É difícil comparar a felicidade de pessoas diferentes


• O utilitarismo justifica muitas ações que são consideradas imorais.

Ética Kantiana

Para Immanuel Kant uma ação moral teria de ser executada pelo
cumprimento do dever/boa vontade/razão, seguindo a lei moral.

Para saber se alguém está a agir moralmente, temos de saber a intenção


dessa pessoa. Se a ação tiver a intenção de atingir um objetivo então é
imoral. Se for uma ação sem esperar qualquer recompensa é moral.

A única motivação aceitável para a ação moral é o cumprimento do


dever/boa vontade/razão, seguindo a lei moral.

Imperativo categórico (absoluto; incondicional) – Ordena-nos que façamos


ações sem qualquer recompensa. Ex: Ajuda os outros.

• Princípio da liberdade – “age apenas segundo máximas que possas


querer ao mesmo tempo como leis universais”.
• Princípio da humanidade – “trata as outras pessoas como fins, nuca
como meios”.

Imperativo hipotético (relativo; condicional) – Ordena-nos que façamos a


ações para atingir um determinado objetivo. Não tem valor moral. Ex: Se
quiseres ter boas notas, tens de estudar.

Tipos de ação:

Por dever Conforme o dever Contra o dever


(Ação moral) (Não tem valor moral) (Imoral)
Realizada por respeito Não tem valor moral,
ao dever, sem uma vez que não passa
qualquer objetivo de um meio para
atingir um fim.
Ex: Pessoa que ajuda Ex: Pessoa que ajuda Ex: Pessoa que não
outras porque é o seu outra para ser ajuda as outras.
dever. reconhecida.
Criticas à ética kantiana:

• Teoria vazia pois dá pouca ajuda às pessoas que tentam decidir o


que devem fazer
• Não oferece soluções satisfatórias para muitas questões morais.
• Justifica ações absurdas
• Não dá atenção às consequências da ação

Justiça Distributiva
Problema: “Como deve o Estado distribuir os seus bens?”

Para John Rawls a justiça consiste na equidade.

A teoria de Rawls constitui uma reação ao utilitarismo. De acordo


com esta teoria, se uma ação maximiza a felicidade, então não
importa se é distribuída de maneira igual ou desigual, mas na
prática prefere uma distribuição mais igual. Rawls pensa que o
utilitarismo comete o erro de não dar valor intrínseco à igualdade,
mas apenas valor instrumental.

Rawls propõe uma conceção de justiça na qual todos os bens sociais


primários (liberdade, direitos, oportunidades, rendimentos,…)
devem ser distribuídos de maneira igual a menos que uma
distribuição desigual privilegie os mais desfavorecidos.

Rawls divide a sua conceção em princípios:


• Princípio da igual liberdade – a sociedade deve assegurar a
máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma
liberdade para todos os outros.
• Princípio da oportunidade justa – todos devem estar em igual
condição de acesso às várias funções/posições sociais.
• Princípio da diferença – aceitasse a distribuição desigual dos
bens se esta privilegiar os mais desfavorecidos.
Foi então necessário criar um sistema de prioridades, tendo o princípio da
igual liberdade prioridade sobre o restantes, assim como o da
oportunidade justa sobre o princípio da diferença.

Regra maximin – maximização do mínimo (de riqueza). A equidade de uma


sociedade mede-se pelo nível de vida dos mais pobres.

As liberdades básicas a que Rawls dá atenção são os direitos civis e


políticos como a liberdade de expressão, o direito à justiça e à mobilidade,
o direito de votar e de ser candidato a cargos públicos.

Para definir os princípios de justiça de forma imparcial, Rawls sugere que é


necessário imaginarmos na posição original, em que todos estaríamos
numa posição de plena igualdade encobertos pelo véu da ignorância que
nos vedaria qualquer informação que pudesse condicionar as nossas
escolhas (aptidões naturais, características, posição na sociedade).

Isto garante a máxima imparcialidade quanto aos princípios de justiça,


pois não teríamos motivos para favorecer uma posição ou característica
antes de sabermos quais nos iriam calhar.

Criticas à justiça distributiva de John Rawls:

• Nozick considera que a cobrança aos mais favorecidos, que apesar


de terem melhores rendimentos, também se sacrificam mais, é
injusta.
• A igualdade de acesso á diferentes posições sociais não é exequível,
pois esta poderia desencadear a ascensão de cidadãos menos
capazes para determinadas funções.
• A redistribuição da riqueza poderá desmotivar a competição e o
trabalho dos mais esforçados e capazes.
Argumentação e lógica formal
A lógica é a disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumento
válido e inválidos, identificando as condições necessárias à operação que
conduz da verdade de certas crenças à verdade de outras. Ajuda-nos a
compreender e analisar a validade dos argumentos.

Argumento – conjunto de proposições devidamente articuladas


(premissas+conclusão) no qual as premissas tentam defender a conclusão.

Proposição – é o pensamento ou conteúdo, verdadeiro ou falso, expresso


por uma frase declarativa. Frases associadas ao ato de interrogar, ordenar,
exclamar, pedir, (…) não são proposições.

Verdade (das proposições) – A verdade ou falsidade aplicam-se apenas à


matéria ou conteúdo das proposições. Se tiverem de acordo com a
realidade, as proposições são verdadeiras; senão estiverem, são falsas.

Validade (do argumento) - traduz uma certa relação entre os valores de


verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão.

• Validade dedutível – argumentos dedutíveis são aqueles cuja


validade depende da sua forma logica. Só é considerado válido
quando as suas premissas oferecem apoio absoluto à conclusão.
Impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa,
caso contrário é um argumento inválido.

• Validade indutiva – argumentos indutivos são aqueles em que a


verdade das premissas apenas sugere a probabilidade da conclusão
ser também verdadeira. As premissas dão suporte parcial à
conclusão, mas não a tornam necessariamente verdadeira. Por isso
a conclusão é apenas provável. A validade destes argumentos
depende do seu grau de probabilidade.
Ex: Alguns alunos copiam no teste.
Logo, todos os alunos copiam nos testes.
Lógica aristotélica

As quatro formas do silogismo:

Tipo/Modo Forma canónica Quantidade Qualidade


A Todos os S são P Universal Afirmativo
E Nenhum S é P Universal Negativo
I Alguns S são P Particular Afirmativo
O Alguns S não são P Particular Negativo

Distribuição das proposições:

Tipo/Modo de Distribuição do sujeito Distribuição do predicado


proposição
A Distribuído Não Distribuído
E Distribuído Distribuído
I Não Distribuído Não Distribuído
O Não Distribuído Distribuído

Estrutura do silogismo categórico regular

Silogismo categórico – argumento com duas premissas em que tanto as


premissas como a conclusão formam proposições de tipo A,E,I ou O.

Premissa Maior – Formada pelo termo maior (P) e pelo termo médio (M).
Premissa Menor – Formada pelo termo menor (S) e pelo termo médio (M).
Conclusão - Formada pelo termo médio (S) e pelo termo maior (P).

Termo Maior – é o predicado da conclusão


Termo Menor - é o sujeito da conclusão
Termo Médio – entra em ambas as premissas, mas não na conclusão.
A figura/forma do silogismo: Modo e Figura

O modo é-nos dado pelo tipo de proposições que a constituem (A,E,I,O)

A figura de um silogismo é determinada em função da posição ocupada


pelo termo médio nas duas premissas.

Primeira Figura

O termo médio é sujeito na premissa maior e predicado na premissa


menor. Modo: AAA

Segunda Figura

O termo médio é predicado nas duas premissas. Modo: EAE

Terceira Figura

O termo médio é sujeito nas duas premissas. Modo: IAI

Quarta Figura

O termo médio é predicado na premissa maior e sujeito na premissa


menor. Modo: EIO
Regras de validade do silogismo categórico

• O silogismo tem apenas 3 termos


• O termo médio nunca pode estar na conclusão
• O termo médio tem de estar distribuído pelo menos uma vez
• Nenhum termo pode ter maior extensão na conclusão do que nas
premissas.
• De duas premissas negativas nada se conclui
• De duas premissas particulares nada se conclui
• De duas premissas afirmativas não se pode obter uma conclusão
negativa.
• A conclusão deve seguir a parte/premissa mais fraca.
Nota: A premissa mais fraca é a negativa e /ou particular.
Se uma das premissas é particular, a conclusão deve ser também particular. Se uma
premissa é negativa, a conclusão deve ser negativa.

Falácias do silogismo categórico

• Falácia dos 4 termos – infringe a regra em que o silogismo tem


apenas 3 termos.

• Falácia do termo médio não distribuído – infringe a regra segundo a


qual o termo médio deve ser distribuído (tomado) em toda a sua
extensão pelo menos uma vez.

• Falácia da ilícita maior – o termo maior encontra-se distribuído na


conclusão e não na premissa. Infringe a regra que nenhum termo
pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas.

• Falácia da ilícita menor – o termo menor encontra-se distribuído na


conclusão e não na premissa. Infringe a regra que nenhum termo
pode ter maior extensão na conclusão do que nas premissas.
• Falácia da premissas exclusivas – extrai-se uma conclusão de duas
premissas negativas. Infringe a regra que de duas premissas
negativas nada se pode concluir.

O domínio do discurso argumentativo

Demonstrar – é fornecer provas lógicas irrecusáveis, encadeando


proposições de tal modo que, a partir da primeira, se é
racionalmente constrangido a aceitar a conclusão.

Argumentar – é fornecer razões a favor ou contra uma determinada


tese tendo por finalidade provocar a adesão das pessoas a essa
tese, pelo que é necessário que lhes pareça razoável.

Argumentos indutivos (informais)

Generalizar – argumento com uma conclusão geral extraída de


casos particulares.

Previsão – argumento em que a conclusão inferida é a de que algo


ocorrerá no futuro

Critério para avaliar:


• Quanto maior (quantidade) é a amostra referida nas
premissas, mais estas confirmam a conclusão.
• Quanto mais diversificadas é a amostra referida nas
premissas, mais estas confirmam a conclusão.

Tipo de argumentos indutivos (informais)

Argumento por analogia

Inferência baseada na comparação

Não tem validade formal


As conclusões não são necessárias apenas prováveis.

Ex:
O universo é como uma máquina
As máquinas são criadas por seres inteligentes
Logo, o universo foi criado por seres inteligentes

Critérios para avaliar:


• Uma analogia não é válida se os objetos comparados não forem
semelhantes nos aspetos relevantes.
• Quanto maiores forem as semelhanças entre os objetos
comparados, mais se confirma a conclusão.

Argumento por apelo à autoridade

Fundamentam que uma determinada tese é verdadeira porque um


individuo/organização (perita no assunto) defende que essa proposição é
verdadeira.

Não tem validade formal

A conclusão não é necessária, apenas provável.

Critérios para avaliar:


• A autoridade invocada tem de ser competente no que respeita o
assunto em causa e não podem existir entidades igualmente
competentes que a contradigam.
• A autoridade invocada tem de ser imparcial sobre o tema em causa.

Falácias informais

• Ad Hominem – consiste em ataques pessoais.


Ex: Defendes que as touradas devem acabar porque não passas de um
intelectual suburbano desligado da vida rural.
• Falácia de apelo à ignorância - Uma proposição é tida como
verdadeira só porque não se provou a sua falsidade e vice-versa.
Ex: Ninguém conseguiu provar que existe vida nos outros planetas. Logo, não
existe vida nos outros planetas.

• Falácia da petição de princípio – assume como verdadeiro aquilo


que se pretende provar nas premissas. (da circularidade).
Ex. Andar a pé é um desporto saudável. Logo, andar a pé faz bem á saúde.

• Falácia do falso dilema – consiste em reduzir as opções possíveis a


apenas duas, ignorando-se as restantes alternativas.

• Falácia da derrapagem/”bola de neve”/”declive escorregadio” –


Apresenta uma premissa falsa ou duvidosa e uma série de
consequências progressivamente indesejáveis/inaceitáveis.

A pessoa usa um exemplo e estende-o para mostrar um resultado


indesejável.
Ex: É péssimo que jogues a dinheiro. Se o fizeres, vais viciar-te no jogo. Desse
modo perderás tudo o que tens. Em consequência, se não quiseres morrer à
fome terás que roubar.

• Falácia do Espantalho/Boneco de palha – Consiste em distorcer a


posição de modo a ataca-la mais facilmente.
Ex: António defende que não devemos comer carne de animais cujo processo de
industrialização os tenha sujeito a condições de vida e morte cruéis. Manuel
refuta dizendo: “António que comamos alface”.
Conhecimento vulgar (senso comum) e conhecimento
científico

Conhecimento vulgar (senso Conhecimento científico


comum)
• 1º Nível de conhecimento; • Formado a partir de
• Formado a partir de apreensões investigações e testes;
sensoriais espontâneas; • Metódico e disciplinar;
• Imetódico e indisciplinar; • Atitude crítica;
• Conjunto de crenças e opiniões • Linguagem rigorosa
subjetivas;
• Linguagem vaga e imprecisa

Karl Popper admite que o conhecimento vulgar é o ponto de partida para


outro tipo de conhecimento mais aprofundado. Porém, alerta que é
necessário corrigir/criticar toda a informação do senso comum.

Gaston Bachelard considera o senso comum como um obstáculo


epistemológico que impede a produção do conhecimento científico, e por
isso é necessário romper totalmente com ele.

Problema da demarcação

Consiste na procura de um critério científico capaz de distinguir aquilo que


é científico do que não é.

“Quais os procedimentos que o cientista deve adotar para obter


resultados científicos?

Indutivismo

Perspetiva epistemológica que salienta a importância da indução para a


ciência.
Francis Bacon considera que o conhecimento científico se deve fundar na
experimentação (observação) e na indução.

A observação é o ponto de partida para a investigação científica.

As teorias científicas são elaboradas mediante um processo de


generalização indutiva.

Critério da verificabilidade – uma teoria é científica se for possível verificar


empiricamente, isto é, através da experimentação, aquilo que ela propõe.

Operações fundamentais do método indutivo:

1. Observação dos fenómenos


• O cientista observa os factos registando-os de forma
sistemática para procurar encontrar as suas causas (este
processo deve ser repetido várias vezes).
• A observação é neutra, objetiva e imparcial (o cientista não se
deixa influenciar)
• A observação precede a teoria.

2. Descoberta das relações entre fenómenos


• Por meio de comparação o investigador procura aproximar os
factos para descobrir a relação entre si existente.
• Formula hipóteses, explicações acerca dos fenómenos e das
suas relações.

3. Generalização da relação
• O cientista generaliza as relações encontradas traduzindo-as
em leis.
• A hipótese terá de ser testada (experimentação) e,
confirmando-se o que ela propõe, pode passar a lei científica.
Nota : A experimentação é fundamental para que se possa confirmar se as
relações estabelecidas são aplicáveis a todo o tipo de fenómeno
semelhante.

Criticas ao Indutivismo:
• A observação do cientista não é totalmente neutra e imparcial. Ela
ocorre num determinado contexto.
• O raciocínio indutivo não tem o rigor lógico necessário às teorias
científicas, uma vez que é apenas uma mera crença/expectativa de
que os factos se repitam daquele modo (argumento da indução –
David Hume).

Método conjetural/ Falsificacionismo de Popper

Karl Popper defende que a ciência faz-se por um processo de construção


criativa de hipóteses.

A construção do conhecimento cientifico faz-se através de conjeturas e


refutações.

A ciência parte de problemas e as teorias começam por ser hipóteses


explicativas e criativas que terão de ser submetidas a testes rigorosos em
vista a sua refutação.

Método hipotético-dedutivo (ou conjetural)

1. Formulação da hipótese ou conjetura


• A formulação da hipótese resulta de um raciocínio abdutivo
(criativo).
• Uma hipótese é uma explicação provisória de dado fenómeno
que exige comprovação.
2. Dedução das consequências
• Depois da hipótese formulada, procura prever o que pode
acontecer se a sua hipótese for verdadeira.

3.Experimentação
• A hipótese será testada, confrontada com a experiencia:
➢ Se for validada pela experiencia, a hipótese é
considerada como credível (teoria corroborada);
➢ Se não for validada, teremos de a abandonar (teoria
refutada).

Critério do falsificacionismo

Para Popper as teoria não são empiricamente verificáveis. Para que ela
venha a ser considerada credível, é preciso procurar falsificá-la. Assim,
propõe o critério da falsificabilidade que diz que uma hipótese será
cientifica se, e só se for falsificável. Uma teoria científica é válida enquanto
for resistindo às tentativas de falsificação, e é tanto mais forte quanto
mais resistir.

Uma teoria que não é falsificável, nada diz sobre os factos.

Quanto mais falsificável uma teoria for, mais possibilidades têm de


descobrir falhas e de propor uma melhor explicação.

Criticas ao método conjetural:


• O processo de refutação não é o processo mais comum entre
os cientistas. Estes procuram afirmar aquilo que propõem.
• Considerando a história da ciência, não parece que ela possa
evoluir por um processo assente nas refutações.

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