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Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade de Uberaba.
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Acadêmico do Curso de Psicologia da Universidade de Uberaba.
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Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade de Uberaba.
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Orientadora.
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1. INTRODUÇÃO
4. METODOLOGIA
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Segundo Coste (1992, p.53), o “tempo é, simultaneamente, duração, ordem e sucessão”. O
autor acrescenta, ainda que, “a integração desses três níveis é necessária à estruturação temporal do
indivíduo”. Nesta temática, crianças muito jovens, até cinco anos, são incapazes de associar os
estímulos e avaliar a duração do tempo, utilizando formas rudimentares de referências.
Bruno Castets (1974 apud COSTE, 1992, p.54) assinala que o desenvolvimento da
linguagem na criança é um fator essencial na estruturação temporal, pois o emprego de pronomes
como eu, tu, ele e, sobretudo o uso de verbos auxiliares – ser e ter – e dos tempos verbais, torna
possível que a criança manifeste a aquisição de temporalidade.
Tomando a investigação realizada, notamos que em algumas crianças a noção de dia e
noite é nomeada e não identificada pela criança, sendo que não há organização das fases do dia e os
dias da semana também não são reconhecidos. Em outros casos a noção de dia e noite é organizada
pela luminosidade. Se não há claridade então é “noite e está na hora de dormir”. Havendo
organização da manhã, da tarde e da noite, muitas vezes isto se dá graças à nomeação que alguém
faz para a criança, mas principia a noção de temporalidade.
Como as crianças avaliadas estão em idade escolar, entre os cinco e os nove anos, elas já
deveriam ser capazes de reconhecer um dia da semana, diferenciar a manhã e a tarde e indicar o dia
da semana. Para aquelas que já estão entre os sete e os nove anos a identificação deve ser do mês,
do ano e do dia do mês. (COSTE, 1992).
Quanto à noção de ordem, a maioria, assertivamente, identificava o primeiro e o último das
atividades, porém com dificuldades para a ordenação numérica. Em outras situações, a noção de
ordem foi exercitada também neste momento, com as crianças indicando os primeiros e os últimos a
se apresentarem, o que também se deu de maneira positiva.
Ainda no que tange à estruturação temporal, o acompanhamento de estruturas rítmicas,
utilizadas nas avaliações, objetivam um equilíbrio na adaptação do indivíduo ao meio, no trabalho
de percepção temporal. Ao final das atividades da avaliação eram apresentadas às crianças a
atividade de reprodução de estruturas rítmicas. Grande parte dos alunos identificou a finalidade da
atividade e acompanhavam os ritmos sem qualquer dificuldade, tendo bom desempenho.
A reprodução de estruturas rítmicas é importante por auxiliar no desenvolvimento da
alfabetização das crianças, pois acompanhando os ritmos elas demonstram que são capazes de
acompanhar a formação das palavras e, conseqüentemente, as reproduzem no papel, articulando-as
com ordem em orações. Como afirma Schinca (1991, p.82), “foneticamente, a sílaba, a palavra, as
pausas, a frase ou série de palavras criam na linguagem normal um mundo do ponto de vista
rítmico-sonoro”.
Uma criança de seis anos, no exercício dos ritmos, primeiro alegou ser incapaz de fazê-lo,
em seguida passou ao acompanhamento que aconteceu de maneira superficial e com dificuldades,
porém, com destacada falta de atenção, o que impediu a reprodução e o acompanhamento das
estruturas rítmicas. Esta criança foi encaminhada para avaliação psicomotora por não acompanhar o
compasso da turma, mas identificou-se que se tratava de uma criança canhota que dependia de
abordagens diferenciadas para ser alfabetizada e avaliada.
Avaliando a noção corporal que as crianças possuíam, foi pedido às crianças que pintassem
uma figura do corpo humano. De carteira em carteira avaliamos a noção de corpo que elas possuíam
e foi possível identificar que já conseguiam identificar as partes do corpo. Nesta atividade também
se verificou a coordenação motora fina e a pega do lápis. Alguns apresentavam dificuldades na
coordenação motora fina e uma pega muito forte no lápis, que dificulta a escrita e o traçado.
O esquema corporal é a experiência imediata percebida de um aparte do corpo. Entenda-se
o “percebida” como um processo psíquico, individual e referente ao modo como cada um
experiencia seu corpo. De acordo com Frug (2001), pode-se definir esquema corporal como “uma
tomada de consciência formal do indivíduo no seu mundo das sensações, ou ainda uma maneira de
expressar que ‘meu corpo está no mundo’”. (FRUG, 2001, p.36). Segundo Coste (1992), a evolução
do reconhecimento do próprio corpo marca uma conscientização e distinção entre o eu e a realidade
do meio circundante.
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A música “Cabeça, Ombro, joelho e pé” também foi utilizada em algumas avaliações para
que fosse avaliada não apenas a noção corporal, mas também como se apresenta a harmonia
muscular do corpo. Algumas crianças apresentaram muitas dificuldades, não conseguindo nomear
as partes do corpo e tão pouco acompanhar o ritmo coreografado. Em alguns casos houve um
reconhecimento das partes do corpo em si, com dificuldades mínimas em reconhecê-las no outro,
assim como era adequado o reconhecimento das funções do corpo, contudo cabe ressaltar que,
mesmo reconhecendo as partes do corpo, algumas crianças apresentaram dificuldades em
representá-lo ou identificar suas funções.
Com o objetivo de analisar a tonacidade muscular das crianças, eram realizados
aquecimentos simples, de extensão e flexão corporal. Nestas atividades muitos alunos não
apresentaram qualquer dificuldade, porém outros mostraram dificuldades significativas na
realização dos exercícios. Um aluno de sete anos apresentou os músculos rígidos, com pouca
flexibilidade, baixa capacidade extensora. Sendo seus membros superiores e inferiores rígidos com
pouca extensibilidade. Outra criança, de cinco anos, se apresentou bem flexível, com moderada
rigidez muscular e boa capacidade extensora nos membros inferiores e superiores.
Segundo Schinca (1992) é uma das primeiras etapas do processo de aprendizagem a
exploração de cada músculo e suas funções, bem como do manejo na sua contração e descontração.
Neste sentido, a autora expõe sobre o:
[...] isolar o trabalho de um só músculo e, uma vez independentizado do resto do
corpo, efetuar primeiramente o estudo de suas atividades básicas: contração e
afrouxamento. Para isso é necessário interiorizar as sensações corporais e,
racionalmente, ir tomando consciência delas. (SCHINCA, 1992, p.24).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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