Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
_______________________________
Professora Dra. Cristiani Fontanela
Professora Orientadora
_______________________________
Professora Dra. Andréa de Almeida Leite Marroco
Coordenadora do Curso de Direito
_______________________________
Professora Dra. Cristiani Fontanela
Professora Orientadora
_______________________________
Professor Me. Douglas Braun
Membro da Banca Avaliadora
_______________________________
Professor Me. José Jacir Victovoski
Membro da Banca Avaliadora
Vencer obstáculos é apenas uma parte da luta diária em que buscamos conhecimento, e
para seguirmos adiante, confiantes, precisamos de um valoroso suporte.
Desta forma, agradeço a mim por acreditar em mim. Por acreditar que eu possuía a
capacidade necessária para executar esta pesquisa da maneira mais gratificante possível e, trazer
ao leitor o melhor que eu poderia trazer. Por ter acertado e por ter errado, sem isso eu jamais
seria quem me tornei, e, jamais chegaria aonde estou agora. Muitas vezes, tive que recolher
meu ego (tarefa à qual eu classifico como difícil) e confiar unicamente na minha intuição. Por
fim, agradeço a mim mesma, por nunca desistir de quem Eu Sou.
Ainda:
À Deus, meu guia, que está em mim e que sempre me inspira, conduzindo-me aos
caminhos da Luz (aos caminhos do conhecimento e da utopia), obrigada. Sou parte de sua
criação, por isso, espalho Luz, amor e paz aonde quer que eu esteja. Ayam.
À minha família, alicerce da minha vida, muito do que houver de bom e verdadeiro nas
páginas que seguem. Aqui, dedico parcela do meu amor por vocês.
À professora Dra. Cristiani Fontanela, por me orientar nesta etapa tão importante da
minha jornada acadêmica, e por apresentar a mim, com amor e dedicação, os encantos do estudo
de propriedade intelectual. Sinto uma enorme alegria ao saber que celebramos uma parceria de
pesquisa sem igual, e que muitas outras pesquisas, com toda certeza, eu vos digo, brotarão e
desabrocharão em forma de lindas flores.
Por fim... O caminho é estreito e minhas asas são grandes, muitas vezes as machuquei.
Sorte minha, poder contar com o apoio das pessoas que são queridas por mim, meus amigos, os
quais me incentivaram a lutar e jamais deixar de lado, o que sempre me fez voar.
GABRIEL, Letícia de Cesaro. Direito Autoral e os Limites Técnicos na Proteção da Integridade da Obra
de Arte Plástica. 2019. Monografia (graduação). Curso de Direito da Universidade Comunitária da
Região de Chapecó – Unochapecó.
Introdução: Ao passar dos anos o direito de propriedade intelectual tem se atualizado de maneira
avançada, criando degraus que são indispensáveis e imprescindíveis à evolução cultural, industrial e da
informação. Sendo considerada uma área de pesquisa vasta, entretanto subdividida, a propriedade
intelectual e o direito autoral unem-se e trazem à comunidade das belas artes uma inovadora proposta
de proteção dos direitos do autor e de sua criação de espírito. Essa combinação de preposições instiga o
estudo do direito moral do autor no que se vale à restauração de obras de arte plástica. Nesse sentido, o
objetivo geral da pesquisa é verificar quais os limites de intervenção e possibilidades de prevenção frente
à restauração de obras de arte plástica no que diz respeito ao direito moral do autor e de sua obra.
Metodologia: Trata-se de pesquisa básica explicativa de caráter qualitativo, com emprego de método
dedutivo. Sendo utilizados os procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica e documental.
Resultados e discussão: Os limites à intervenção, no que diz respeito à restauração e conservação de
obras de arte, pendem de demarcações cautelares e prudenciais. A influência oriunda de direitos e
deveres no que se diz respeito ao estudo do direito de propriedade intelectual autoral possibilita a adoção
de práticas e técnicas conscientes à intervenção de obras na contemporaneidade. Em última análise,
verificou-se que é possível estabelecer limites de intervenção para que obras de arte postas à restauração
possam ser tratas de maneira absolutamente técnica e responsável. Vislumbra-se isto enquanto
possibilidade de inclusão na legislação brasileira autoral, grande passo que pode ser tomado como
objetivo de expansão à internacionalidade. Conclusão: Embora tenha demonstrando-se como falha, a
legislação brasileira tem grandes possibilidades de avançar na efetivação de limites técnicos que
representem o interesse e o direito moral do autor na intervenção de obras de arte. A ação convergente
de limites e técnicas a serem impostas impulsionam o resultado do objetivo perseguido.
GABRIEL, Letícia de Cesaro. Copyright and the Technical Limits on the Protection of the Integrity of
the Work of Visual Art. 2019. Monograph (graduation). Law Course of the Community University of
the Region of Chapecó - Unochapecó.
Introduction: As the years passed by, intellectual property rights have been updated in an advanced
way, creating degrees that are indispensable to the evolution of culture, industry and information. It is
considered a wide research area, however it is subdivided, intellectual property and copyrights come
together and deliver to the fine arts community an innovative proposal to protect the creator and their
creation’s rights. This combination of prepositions instigates the study of the creator’s moral right when
it comes to restauration of visual arts. In this regard, the research’s general goal is to verify what the
limits of intervention and the possibility of prevention. Methodology: It is basic explanatory qualitative
character using deductive method. Technical procedure of bibliographic and documental research are
used. Results and discussion: The limits of intervention, regarding restauration and conservation of
works of art, depend on precautionary and prudential demarcations. The influence derived from rights
and duties concerning the study of the right of authorial intellectual property enables the adoption of
conscious practices and techniques to the intervention of contemporary works. Ultimately, it has been
found that it is possible to establish limits of intervention so that works of art put to the restoration can
be treated in an absolutely technical and responsible way. This is seen as a possibility of inclusion in
Brazilian copyright law, a great step that can be taken with the goal of expanding to internationality.
Conclusion: Although the Brazilian legislation has shown to be a failure, it has great possibilities of
advancing the realization of technical limits that represent the interest and moral right of the author in
the intervention of works of art. The convergent action of limits and techniques to be imposed boosts
the result of the objective pursued.
Keywords: Intellectual Property. Copyright. Author's Moral Rights. Restoration of Works of Visual
Art.
LISTA DE SIGLAS
2.2 Violação dos direitos morais do autor no restauro de obras de arte ........................... 56
2.3.1 O caso de violação dos direitos morais do artista plástico Ângelo Roberto em face do
IBAMETRO e do Estado da Bahia ........................................................................................... 64
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 75
ANEXOS ................................................................................................................................. 80
ANEXO I ................................................................................................................................. 81
APÊNDICES ........................................................................................................................... 83
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 84
APÊNDICE B.......................................................................................................................... 86
16
INTRODUÇÃO
Sendo assim, esta monografia está subdividida em dois capítulos, os quais trataram de
maneira aprofundada sobre o alicerce autoral no que diz respeito ao direito de propriedade,
integridade e moralidade. No primeiro capítulo, é abordado os aspectos gerais teóricos da
pesquisa, introduzindo a pesquisa que aqui fora empregada, ou seja, direito autoral, trazendo a
sua evolução histórica no âmbito nacional e internacional de maneira sistêmica e abordando
sobre a tutela dos direitos de propriedade autoral no brasil e no mundo.
Por fim, a linha de pesquisa aqui definida, com base nas linhas existentes que são
definidas pelo Curso de Graduação em Direito da Unochapecó, é a de direito, cidadania e
estado, tendo em vista que, o direito de propriedade intelectual autoral é titular de direitos e
também é oriundo de deveres de uma fonte que ultrapassa os limites de proteção nacional.
18
Com o aumento da orbe artística, novas formas de expressão foram surgindo pelo
mundo, além das artes plásticas, a música, a dança, o teatro, a literatura e também a fotografia
conquistaram seu espaço e mostraram à sociedade que seus direitos de criação devem ser
tutelados de forma expressa, assim como os demais direitos que sobrepuseram à discussão
perante sua demanda.
19
Passando por diversas fases, nasce o direito autoral, e é neste sentindo que Manuella
Santos, nos conta um pouco sobre a história da idade antiga, e escreve sobre o aparecimento da
produção artística na sociedade, salto que nos leva a entender meios em que, aos poucos,
surgiam referentes a propriedade intelectual e o direito autoral em si e sua importância na
sociedade, senão vejamos:
A mesma autora em sua obra supracitada destaca passagens da história mundial como o
início da Idade Média, em 476 d.C., abordando o renascimento como tempo da idade das trevas,
período que nos traz lembranças sobre a queda do Império Romano do Ocidente, assim, se
fazem importantes as considerações da mesma. Afirmando que:
Ainda, sabe-se que as bases que dizem respeito ao direito do autor provém das
civilizações clássicas, assim podemos citar a Grécia e também a Roma antiga, berço de imensos
frutos culturais, que hoje mostram-nos que são verdadeiras as riquezas culturais, sejam elas
20
provenientes de escritores, artistas plásticos e até mesmo a criação de ciências modernas, como
o ramo qual direcionamos este estudo, o Direito.
E é de acordo com José Carlos Costa Netto que a autoria, neste norte, apresenta uma
demarcação (1998, apud JARDES, 2014, s/p) “[...] os gregos Sócrates e Platão, ou os romanos,
como César e Cícero, os primeiros na qualidade de professores, o terceiro como político e o
último, advogado, se consideravam e eram autores.”. Neste sentido, entende-se que a autoria e
a propriedade intelectual ramificada através do direito autoral necessitava de um regramento.
A partir dos tipos móveis, tornou-se mais fácil fazer a afirmação de que um
determinado texto seria a representação estrita do espírito e propriedade de
uma só pessoa, sendo que, através da ideia de fixação, a associação da obra
como uma fonte particular de criação, a qual, através de associação virtual,
poderia reivindicar a propriedade daquela obra, passou a ser mais facilmente
realizada. Essa associação, aliada ao crescimento do mercado de obras
intelectuais, em especial, das obras literárias, fez surgir dentre os autores a
visão de que os mesmos poderiam ser reconhecidos e suas obras valoradas
dependendo da fama que obtivessem. Com isso, os autores, em razão da fama
que buscavam e da valorização de suas criações intelectuais, passam a exigir
que a autoria de suas obras seja apontada e sua propriedade reconhecida.
21
Após períodos de transtorno histórico, idas e vindas nos tempos remotos da idade das
trevas, partimos da tomada de Constantinopla, que foi executada pelos turcos até a queda da
Bastilha, que foi quando o continente Europeu inaugurou seus novos tempos em 1789, assim
sendo, os direitos autorais se destacam e têm grande marco neste período. Pois sabe-se que o
primeiro diploma reconhecendo o direito autoral foi outorgado. É o que nos diz o jurista, Carlos
Alberto Bittar, em uma de suas sábias lições.
Assim, com a expansão dos direitos autorais e as novas criações de espíritos que se
destacavam não eram mais, somente no papel, alvo das requisições de propriedade intelectual,
a televisão mostrou a sua autoria junto com a fotografia, o rádio, obras musicais e até mesmo a
internet, fazendo com que o direito de proteção evoluísse junto com as obras e criações que
22
estavam por vir e que ultrapassavam a evolução pós-moderna e leis esparsas surgem no âmbito
do direito autoral.
Assim, se fez necessária a criação de uma lei universal, que pudesse reger os direitos
autorais e conexos de maneira hierárquica, que amparasse o autor e suas obras mundialmente,
sem que a quantidades de acordos e Tratados firmados interferisse em seus interesses como
autor em cada país e sua proteção perante suas criações de espírito. É o que escreve Plínio
Cabral sobre a universalização dos direitos autorais.
Fonte: Cedido e elaborado por Arthur Brandolt Garcez com base em CNI (2010, p. 21)
24
Por fim, a ata da convenção mostra-se tão eficaz, que, está em vigor até os dias atuais,
com sua última revisão em 24 de julho de 1971, emendas adicionadas em 28 de setembro de
1979. Salto na orbe jurídica mundial, na proteção humanitária das criações de espírito, onde o
Brasil tornou-se signatário da mesma desde e o decreto entrou em vigor, em 06 de maio de
1975. O decreto que tem vigência no país é o de número 75.699, que dispõe em seu caput que
“[...] a Convenção, apensa por cópia ao presente Decreto, seja executada e cumprida tão
inteiramente como nela se contém.”, enfim, um dos marcos efêmeros na história da propriedade
intelectual no mundo, que chegou fervorosamente no Brasil.
No Brasil, a história do Direito Autoral é mais recente, ela inicia-se com a sanção da Lei
nº 1.827 de 11 de agosto de 1827, legislação essa que é regida por onze artigos e dispões sobre
a criação de cursos de ciências jurídicas nas cidades de São Paulo e Olinda, como a própria lei
descreve em seu artigo primeiro1 “Crear-se-ãodous Cursos de sciencias jurídicas e sociais, um
na cidade de S. Paulo, e outro na de Olinda, [...]”.
Além de tratar sobre a criação dos primeiros cursos de Direito no Brasil, a lei dispõe
também sobre o grau de Bacharel que é conferido a todos os estudantes que frequentarem os
cinco anos de quaisquer dos cursos2. Ainda, percebe-se que é feita a primeira menção sobre os
direitos autorais na legislação brasileira, advertindo que o autor terá privilégio exclusivo perante
sua obra, senão vejamos:
1
Art. 1.º - Crear-se-ãodous Cursos de sciencias jurídicas e sociais, um na cidade de S. Paulo, e outro na de Olinda,
e nelles no espaço de cinco annos, e em nove cadeiras, se ensinarão as matérias seguintes:1.º ANNO 1ª Cadeira.
Direito natural, publico, Analyse de Constituição do Império, Direito das gentes, e diplomacia. 2.º ANNO 1ª
Cadeira. Continuação das materias do anno antecedente. 2ª Cadeira. Direito publicoecclesiastico. 3.º ANNO 1ª
Cadeira. Direito patrio civil. 2ª Cadeira. Direito patrio criminal com a theoria do processo criminal. 4.º ANNO
1ª Cadeira. Continuação do direito patrio civil. 2ª Cadeira. Direito mercantil e marítimo. 5.º ANNO 1ª Cadeira.
Economia politica. 2ª Cadeira. Theoria e pratica do processo adoptado pelas leis do Imperio. (BRASIL, 1827,
s/p)
2
Art. 9.º - Os que freqüentarem os cinco annos de qualquer dos Cursos, com approvação, conseguirão o gráo de
Bachareis formados. Haverá tambem o grào de Doutor, que será conferido áquelles que se habilitarem som os
requisitos que se especificarem nos Estatutos, que devem formar-se, e sò os que o obtiverem, poderão ser
escolhidos para Lentes. (BRASIL, 1827, s/p)
25
Sabe-se que os cursos jurídicos foram criados pouco depois da independência do Brasil,
e que aos professores, era conferido o direito autoral sobre suas obras, conforme artigo sétimo,
supracitado. Entretanto, foi mais tarde que, efetivamente, os direitos autorais passaram a ter
vigência no Brasil, através da sanção do Código Criminal Imperial, que punia, através de seu
artigo 2613, quem “Imprimir, gravar, lithographar, ou introduzir quaesquerescriptos, ou
estampas, que tiverem sido feitos, compostos, ou traduzidos por cidadãos brasileiros, emquanto
estes viverem, e dez annos depois da sua morte, se deixarem herdeiros.” E a pena era a perda
dos exemplares ou multa.
Após passos avançados, o Estado brasileiro, através das leis e decretos, buscou amparar
legalmente os autores e ao longo desta trajetória, proporcionaram ao mesmo segurança e defesa
com relação às suas criações de espírito no âmbito civil. Até então, apenas conhecia-se o direito
autoral através das punições que a sua violação proporcionava ao indivíduo. Foi então, que o
direito tornou-se constitucional em 1891, através da declaração de direitos prevista na Carta
Magna em seu artigo 72, parágrafo 26 que estabelecia:
Agora, fortemente amparado, o autor e sua criação de espírito, o que nos mostra ser um
destaque comemorativo a todos, pois o sentimento era de esteio perante o Estado brasileiro,
3
Art. 261. Imprimir, gravar, lithographar, ou introduzir quaesquerescriptos, ou estampas, que tiverem sido feitos,
compostos, ou traduzidos por cidadãos brasileiros, emquanto estes viverem, e dez annos depois da sua morte, se
deixarem herdeiros.Penas - de perda de todos os exemplares para o autor, ou traductor, ou seus herdeiros; ou na
falta delles, do seu valor, e outro tanto, e de multa igual ao tresdobro do valor dos exemplares. Se os escriptos,
ou estampas pertencerem a Corporações, a prohibição de imprimir, gravar, lithographar, ou introduzir, durará
sómente por espaço de dez annos. (BRASIL, 1827, s/p)
26
suas obras estavam legalmente protegidas. Pois além do Direito Civil encontrava-se amparo na
Constituição Federal, com o efeito do artigo 5º, que trata das garantias e direitos do cidadão, o
direito autoral ganha seu espaço no parágrafo XXVII e XXVIII, textualmente:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às
respectivas representações sindicais e associativas. (BRASIL, 1988, s/p)
(grifos nossos)
fossem feitas para que a mesma pudesse adequar-se aos fatos contemporâneos em que a
atualidade da propriedade intelectual subsistia.
Questiona-se diversas vezes sobre a conceituação de direitos autorais, pois tudo o que é
criado pelas próprias mãos do homem, é algo natural. Portanto as obras de cunho autoral podem,
livremente, ser conceituadas como criações de espírito. Algo que vem de dentro e evidencia-se
para a sociedade, ultrapassando as fronteiras do preconceito e mostrando o quão impressionante
pode ser o que vem anexo ao homem, o que está escondido no seu mais profundo interior.
Pressupondo que ao autor pertence a obra, tem-se ali, o direito da propriedade. Um faz
parte do outro, um faz com que o outro exista. O autor precisa da obra para ter o direito de
propriedade e a obra precisa do autor para existir. José de Oliveira Ascensão nos mostra de
maneira humanitária a conceituação de criação de espírito.
Basta dizer que o direito de autor pressupõe uma obra, que não há direito de
autor sem obra, seja essa obra ou não tecnicamente o objeto do direito; ou
dizer, mais vagamente ainda, que a obra é o objeto da proteção no Direito de
Autor. [...] O Direito de Autor tutela necessariamente criações do espírito.
[...] Antes de mais, toda obra relevante é uma obra humana. (ASCENSÃO,
1997, p. 27) (grifos nossos)
28
Fonte: Cedido e elaborado por Arthur Brandolt Garcez com base em CNI (2010, p.18)
O autor, designado como o criador intelectual da obra, pode ser também, o titular atual
da obra e até mesmo seu originário. A tutela dos direitos do autor compreende os direitos
morais, direitos indisponíveis de vinculação de sua autoria à criação e os direitos patrimoniais,
direitos disponíveis na esfera econômica, direitos relativos financiais. José de Oliveira
Ascensão faz uma análise e escreve que o autor é o criador intelectual da obra e discorre sobre
a tutela do nome na criação.
Elisângela Dias Menezes que temos o seguinte: “[...] os direitos autorais são objetos dos direitos
e garantias fundamentais preconizados na Constituição, onde o fundamento jurídico
constitucional destes direitos baseia-se no interesse de proteger a obra intelectual, como forma
de respeito ao autor.” (MENEZES, 2007, p. 04). Ainda, existem definições que tratam o direito
autoral como um direito de personalidade, é o que Manuella Santos escreve:
E quando dispomos que existem definições que tratam o direito autoral como um direito
de personalidade, além de Santos, compactua-se e escreve sobre o mesmo entendimento Elimar
Szaniawski, dizendo que,
A verificação da atual legislação de direitos autorais no Brasil, a Lei 9.610 de 1998, nos
traz em seu artigo terceiro, que “os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens
móveis.”. O que nos mostra que está ao autor assegurando o direito moral e também patrimonial
de uso, ou seja, para tutelar um direito e resguarda-lo, é necessário que o mesmo esteja disposto.
Neste sentido, temos a definição doutrinária ao nosso lado.
Ainda, se faz interessante que façamos referências no que diz respeito à função social
do direito autoral. Neste norte, titular a sua própria criação intelectual agrega valor à obra e
também ao autor, conquista positivada pelo incentivo de que a cultura seja registrada e
31
ultrapasse fronteiras, criando estímulo para que o autor de continuidade às suas criações de
espírito. Razões e motivações essas que fazem com que o artista, além de sentir-se amparado e
protegido, sente-se estimulado e seguro em registrar uma nova criação.
O fruto da criação é devido a uma necessidade da qual existia, dentro de si, para suprir
seus sentimentos e mostrar aos outros o que pensava e até mesmo sentia com relação a
determinada criação. A destinação desses sentimentos corrompia-se e algumas vezes desviava-
se, fazendo com que o autor criasse seu espírito e o compartilhasse com a sociedade a gama de
seus sentimentos.
O direito autoral sempre teve limites. Tais limites constituem uma construção
jurídica harmoniosa e socialmente necessária. Aliás, a base e o objetivo da lei
é, justamente, manter a harmonia social. Para que o direito autoral seja
respeitado é necessário que ele se situe no âmbito e nos limites do interesse
social. (CABRAL, 2000, p. 146)
Por fim, equivale-se introdutoriamente da evolução histórica dos direitos autorais, até o
momento em que entraram em vigência no brasil, para entendermos o quão rico é o estudo sobre
o mesmo. Foram grandes períodos de pesquisa para que, a garantia em lei, sobre os direitos
autorais e suas criações de espírito, tornassem-se eficazes ao criador. Ainda, se faz necessário
o entendimento histórico para que possamos converter os conflitos, ainda existentes, sobre
algumas situações dispostas pelo direito autoral.
A propriedade intelectual é dividida em três ramificações, que fazem parte dela e são
denominadas como ramos de proteção, que se subdividem em Direitos Autorais, Propriedade
4
Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá
outras providências.
32
Industrial e Proteção Sui Generis5. Os direitos autorais, tema tratado nesta monografia,
compreendem os direitos de autor e os direitos que lhe são conexos. Esta matéria te previsão
no ordenamento jurídico brasileiro e se faz importante à proteção das criações de espírito.
Ainda, se faz necessário discorrer sobre os direitos conexos, pois o mesmo compreende
o ramo do direito autoral, e merece atenção jurídica quando as suas proteções. E é neste sentido
que Diana de Mello Jungmann nos esclarece de maneira simples o que são os direitos conexos
e nos exemplifica a sua aplicação, senão vejamos:
5
Único em seu gênero.
33
Ou seja, os direitos são assegurados aos titulares do direito conexo, é o que dispõe o
artigo 896 da Lei nº 9.610/1998. Conhecidos também como direitos vizinhos ou análogos, os
direitos conexos protegem o profissional, assim como os direitos autorais.
Ainda, sua validade tem previsão legal na Lei nº 9.610/1998, em seu artigo 967, e os
mesmos são assegurados aos seus titulares, possuem direito exclusivo de autorizar e proibi
alguns atos executórios, de acordo com o artigo 90 8da lei supracitada, o direito conexo tem
validade, e novamente Diana de Mello Jungmann nos atenta sobre a validez e sua legitimidade
jurídica.
6
Art. 89. As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes
ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão. Parágrafo único. A proteção desta
Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras
literárias, artísticas ou científicas. (BRASIL, 1998, s/p)
7
Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano
subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à
execução e representação pública, para os demais casos. (BRASIL, 1998, s/p)
8
Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar ou
proibir: I - a fixação de suas interpretações ou execuções; II - a reprodução, a execução pública e a locação das
suas interpretações ou execuções fixadas; III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou
não; IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de maneira que qualquer
pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente escolherem; V - qualquer outra
modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções. § 1º Quando na interpretação ou na execução
participarem vários artistas, seus direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto. § 2º A proteção aos artistas
intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da voz e imagem, quando associadas às suas atuações.
(BRASIL, 1998, s/p)
34
Neste norte, entende-se que os direitos conexos têm grande importância na orbe
intelectual e sua proteção faz-se necessária, pois apresenta-se de maneira específica pela
legislação brasileira, ainda, ela diverge-se em alguns aspectos que tratam o direito do autor, por
este motivo deve ser abordada brevemente, pois sua ênfase se dá no âmbito artístico, através do
canto e interpretação.
O autor, Carlos Alberto Bittar, conceitua os direitos morais como: “[...] vínculos perenes
que unem o criador à sua obra, para a realização da defesa de sua personalidade. [...]” (BITTAR,
2003, p. 47), desta forma, os direitos morais acabam trazendo a todo o ordenamento jurídico
uma vinculação de proteção dos mais íntimos elementos dos mistérios psíquicos do autor.
Desta forma, entende-se que os direitos morais nascem junto com a criação de espírito,
sendo inalienáveis e irrenunciáveis, direitos exclusivos do autor e vinculados às suas obras, de
maneira perpétua.
O direito moral não pode ser cedido, transferido ou até mesmo renunciado, ele
pertencerá ao autor a todo momento, podendo ser utilizado como modo de defesa nos momentos
em que o mesmo sentir-se atingido, pode ser utilizado para opor-se a qualquer modificação em
suas obras, sejam elas artísticas, literárias e de cunho plástico, alterações que possam prejudicar
a sua reputação como autor.
35
Conforme verifica-se, as obras estão seguras quanto suas modificações, com os direitos
morais do autor, desta forma, sempre que a obra for modificada e o autor sentir-se lesado, este
terá o amparo jurídico necessário para preservar a sua honra. É o que nos diz Liane Mählmann
Kipper, Isabel Grunevald e Daiane Ferreira Prestes Neu. Vejamos:
Ademais, a Lei autoral (Lei n.º 9.610 de 1998) determina o que são os direitos morais
do autor 9e Carlos Alberto Bittar acentua que “[...] o direito moral é pressuposto do direito
patrimonial ou ainda, seu fundamento ético. E a base ética é a tônica nos direitos da
personalidade." (BITTAR, 2003, p.47). Desta forma, conforme disposto em lei autoral (Lei n.º
9
Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu
nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua
obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua
reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra
ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta
à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou
audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em
todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. § 1º Por morte do autor,
transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem os incisos I a IV. § 2º Compete ao Estado a defesa
da integridade e autoria da obra caída em domínio público. § 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as
prévias indenizações a terceiros, quando couberem. (BRASIL, 1998, s/p)
36
Por fim, confere a lei a preservação dos direitos morais do autor, preservando o vínculo
do autor à sua criação, podendo o autor tomar as decisões necessárias à preservação de sua
honra (quais dizem respeito às suas obras), podendo-as retirar de circulação, altera-las e até
mesmo suspende-as, prezando sempre a preservação da memoria de suas obras.
10
Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu
nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua
obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua
reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra
ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta
à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou
audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em
todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. § 1º Por morte do autor,
transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem os incisos I a IV. § 2º Compete ao Estado a defesa
da integridade e autoria da obra caída em domínio público. § 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as
prévias indenizações a terceiros, quando couberem. (BRASIL, 1998, s/p)
37
Kipper, Isabel Grunevald e Daiane Ferreira Prestes Neu dispõem sobre os direitos patrimoniais
no contexto nacional.
Além disso, se uma pessoa adquirir uma obra literária, não lhe assegura o
direito de explorá-la comercialmente sem a autorização do autor. Segundo a
Lei 9610/98, artigo 28, cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e
dispor da obra literária, artística ou científica. E, conforme o artigo 41, os
Direitos Patrimoniais do autor perduram por setenta anos, contados de 1° de
janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem
sucessória da lei civil. (KIPPER, GRUNEVALD, NEU, 2011, p. 27)
Por sua vez, é de uso exclusivo do autor a permissão da utilização ou da não utilização
de sua obra por terceiros. E é José de Oliveira Ascensão quem pontua as cessões do direito
patrimonial do autor, nos dizendo que:
Estes elementos estavam previstos na Lei n.º 5.988 de 1973, em seus artigos 52 a 56,
que fora revogada pela nova lei dos direitos autorais, a lei n.º 9.610/1998. Façamos então, uma
comparação dos direitos de cessão, trazendo o que a antiga lei dispôs e o que a nova lei dos
direitos autorais dispõe, confrontando as leis, lado a lado. Vejamos:
38
Fonte: Cedido e elaborado por Arthur Brandolt Garcez com base em BRASIL (1973, s/p) e (1998,
s/p).
Destarte, verifica-se que as mudanças apresentadas pela nova lei dos direitos autorais
são simples, mas evidentes. Trazem diferenças gritantes aos direitos morais e patrimoniais do
autor, que se mostram ser de suma importância em todas as transações efetivadas sejam elas de
39
Fonte: Cedido e elaborado por Arthur Brandolt Garcez com base em BRASIL (1891, s/p), (1934, s/p),
(1937, s/p) e (1946, s/p).
11
Art. 5º: [...] XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a
proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de
que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIX -
a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção
às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em
vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; [...] (BRASIL, 1988, s/p)
40
Os direitos acima dispostos são apenas uma vertente do que o direito autoral se tornou,
entretanto verifica-se que sempre fora frisada a questão pecuniária do direito, desta forma a
regulamentação do direito autoral patrimonial esteve sempre presente no viés jurídico, direito
protegido por lei e assegurado ao criador da obra.
Artigo 5º, inciso XXVII da CF: Aos autores pertencem o direito exclusivo de
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissíveis aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar. (BRASIL, 1988, s/p)
Verifica-se que o texto não logrou muitas alterações, mas, deixa claro ao detentor do
direito que este é exclusivo, personalíssimo e hereditário. Ainda, pouco trata sobre direitos
autorais a CF, até porque este não é seu propósito. A ideia é resguardar este di reito para que o
mesmo não seja suprimido por lei ordinária, o objetivo é constituir o direito do autor para que
o mesmo sinta-se amparado pela legislação maior.
Por fim, Carlos Alberto Bittar dispõe, de forma genérica sobre a utilização dos direitos
patrimoniais, ensinando que “[...] os direitos patrimoniais são independentes entre si (princípio
da divisibilidade dos direitos patrimoniais, art. 31) podendo cada qual ser utilizado à vontade
do autor e negociado com pessoas diferentes [...]” (BITTAR, 2003, p.50). Trazendo para si,
este direito, a integração do valor pecuniário à obra diz respeito particular ao autor,
possibilitando que isto faça parte do seu patrimônio e produza receitas econômicas através de
suas criações de espíritos.
Fazendo com que esteja clara que a utilização de uma obra cabe apenas ao autor, o
direito autoral patrimonial refere-se exclusivamente ao viés econômico e pecuniário de uma
obra, ainda assim, não podemos deixar de lado que ele e o direito moral autoral se conectam e
juntos englobam a orbe de direitos para amparar o criador de conteúdo de espírito.
Devemos reconhecer que a arte, o criador e a obra ultrapassam fronteiras e sua tendência
é se expandir cada vez mais. Voltada para a humanidade, para o sentimento e principalmente
para as revoltas internas de cada um, a arte denomina-se universal a todos que a admiram, sendo
maior que uma nação, ultrapassando quilômetros de distancia e contagiando diferentes culturas.
Por mais que o autor pudesse estar protegido pelas leis do Estado, fora considerada de
suma importância que estes direitos fossem tutelados no âmbito internacional e comunitário.
Desta forma, visando a proteção da obra de arte e dos direitos do seu criador, a tutela, no que
diz respeito à propriedade intelectual, atua no âmbito do direito interno e também no direito
internacional, com a intenção de auxiliar e proteger todos os direitos de uma obra e de um autor.
Tem como objetivo maior, proteger os direitos morais e patrimoniais do autor e também das
criações de espírito, impondo limites e sintetizando normas.
Que, ainda em vigor (sofreu várias revisões e a última em 1971)12, e, de acordo com
Plínio Cabral (CABRAL, 2003, p. 07) estabelece que: a) O que é obra literária e artística; b)
Critérios para proteção autoral; c) Definição de obra publicada; d) Declara que o “gozo e
12
É o mais antigo tratado internacional em vigor e aplicado. Sofreu varias revisões que tiveram por finalidade
atualizá-lo em face de novas realidades se, contudo, alterar sua espinha dorsal que é a defesa e proteção dos
direitos patrimoniais e morais do autor. Sua última revisão data de 24 de julho de 1971, com emendas de 28 de
setembro de 1979, que é o documento hoje em vigor. (CABRAL, 2003, p. 06)
42
exercício desses direitos não estarão subordinados a nenhuma formalidade”; e) Fixa e define o
país de origem; f) Assegura o direito de adaptação; g) Fixa o prazo de vigência dos direitos do
autor após a sua morte; h) Divide os direitos morais e patrimoniais do autor; i) Garante direito
à paternidade da obra; j) Fixa limitações ao direito do autor; e k) Assegura o direito de suíte.
Este modelo de legislação tem servido como amparo de constante atualidade, e ela
contribuiu para que a legislação brasileira sobre direitos autorais fosse gerada para amparar os
autores também no âmbito nacional. Ademais, a Convenção de Berna conta com mais de 150
(cento e cinquenta) países signatários. E são as afirmações de Denis Borges Barbosa que nos
esclarece brevemente sobre a Convenção.
No Brasil, a atual legislação de direitos autorais é a Lei n.º 9.610/1998, ela é o resultado
de um longo tempo de estudos e discussões sobre os direitos autorais no âmbito nacional. Os
ramos de proteção dos direitos autorais no Brasil se estendem ao autor e sua criação, e essa
proteção é dividida em dois tipos de direito, que já foram tratados, direito moral e patrimonial.
Pode-se enumerar os marcos fundamentais da legislação autoral no brasil, pois ela vem
de longa data, mas, faz-se importante neste momento enumerar o que o direito autoral tutela e
deixa de tutelar no Brasil. Sabe-se que não são objetos de proteção dos direitos autorais, na
legislação atual, de acordo com Diana de Mello Jungmann:
Destarte, uma obra de propriedade intelectual goza das jurisdições de proteção com
relação ao direito de autor, pois a proteção se estende tanto ao autor quanto a sua obra, existem
também, algumas formas de proteção de determinados tipos de criações.
No Brasil, o autor pode obter registro de sua obra através de algumas instituições que
são responsáveis pelo registro de obras literárias, filmes e obras de cunho artístico. Mas o
mesmo depende do interesse total do autor.
Assim, algumas das instituições de registro podem ser citadas, como a Fundação
Biblioteca Nacional13, que registra livros e textos, a Agência Nacional do Cinema14, que registra
filmes, obras artísticas já são registradas pela Escola Belas Artes15 e por fim, as partituras de
música através da Escola de Música16.
13
BN. Biblioteca Nacional. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/> Acesso em 21 de novembro de 2017.
14
ANCINE. Agência Nacional do Cinema. Disponível em: <https://www.ancine.gov.br/> Acesso em 21 de
novembro de 2017.
15
EBA. Escola Belas Artes. Disponível em: <http://www.eba.ufrj.br/> Acesso em 21 de novembro de 2017.
16
MMM. Escola de Música UFRJ. Disponível em <http://www.musica.ufrj.br/> Acesso em 21 de novembro de
2017.
44
Destarte, o registro se faz importante no âmbito jurídico, pois é uma proteção a mais
para o autor no que se diz respeito aos seus direitos e de sua criação, direitos que exclusivamente
são reservados à obra intelectual, pois no Brasil é meramente facultativo o registro, enquanto
em outros países, o registro se faz obrigatório, o mesmo, na prática é imprescindível, para
justamente evitar dúvidas com relação a própria criação.
Ainda, são as palavras de Plínio Cabral que nos esclarecem como é aplicada a legislação
no Brasil.
Com previsão no plano civil e penal, a proteção dos direitos do autor tem como meio
viabilizar a concretização da norma. Ainda assim, conta-se com outros procedimentos de
preservação destes direitos, quais são as associações, órgãos específicos de registro, a
autoridade policial e também o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD). No
âmbito Civil, várias são as formas de tutela dos direitos autorais, como os direitos patrimoniais
e personalíssimos, podendo contar também com a esfera administrativa. Esses são os
ensinamentos de Carlos Alberto Bittar:
Ademais, diversas são as formas de proteção dos direitos autorais no Brasil, e de acordo
com (DUART, PEREIRA, 2009, p. 09), as legislações de Direito Autoral são:
Por fim, chegando à nova lei dos direitos autorais, a qual marcou um avanço
imprescindível na proteção dos direitos autorais no que diz respeito ao lícito e ao ilícito previsto
na legislação brasileira. Desta forma, verifica-se que o direito autoral no Brasil tem muito a se
desenvolver, este é um processo de evolução necessário, tendo em vista que o Brasil ainda é
um país relativamente novo, o qual pode passar por diversas revoluções que trarão ao país novas
vertentes de segurança para os direitos autorais, esta, com certeza é uma esperança que todos
os autores tem, que não é de longe alcance.
Além de contar com a proteção dos direitos, sejam eles, morais e patrimoniais, o autor
merece o respeito e dignidade à proteção de sua obra, desta forma, os limites de intervenção de
restauro de obras de arte devem seguir diversas previsões, para que nenhum direito seja violado,
visando que o autor e a sua obra não sofram danos. Desta forma, no capítulo seguinte, tratar-
se-á, de maneira detalhada, sobre as formas que visam a proteção de obras de arte quando
encaminhadas à restauração.
46
Quando restaura-se uma obra de arte, segue-se apenas critérios éticos e morais por parte
do restaurador para proteger os direitos contidos naquela obra, evitando que ocorram violações
no que diz respeito à obra e ao autor. A partir do momento em que restaurada uma obra de arte,
pode configurar-se a violação dos direitos morais do autor no sentido de proteção às suas
criações de espírito. Ocorre que, inexistem limites técnicos de restauração de obras de arte,
desta forma, apresentar-se-á, neste capítulo, apresentar-se-á quais critérios são necessários e
devem ser observados pelo restaurador para que não ocorra violação dos direitos morais do
autor.
2.1 Intervenção
A partir do momento em que limites técnicos não são postos à disposição do restaurador
de obras de arte o mesmo segue limites pessoais e éticos para evitar que sejam violados os
direitos morais do criador da obra. Toda obra de arte é uma criação de espírito, aonde o autor
cria lações e conexões com a obra que está sendo criada, então, a partir do momento em que
esta nasce, direito a si, são configurados. Com a inexistência de limites técnicos de restauro,
surgem preocupações quanto à proteção dos direitos morais no autor neste cenário.
Camilo Boito, arquiteto discorre, de maneira sistêmica, sobre restaurações em sua obra
“Os Restauradores”, vejamos:
A restauração, até se firmar como ação cultural no século XIX, passou por
lento processo de maturação no decorrer do tempo. Anteriormente, as
intervenções feitas em edifícios preexistentes eram resultado, geralmente, de
exigências práticas voltadas para sua adaptação às necessidades da época.
Mesmo aquelas ações que poderiam ser consideradas tentativas de restauração
eram comumente consequência de algum problema de ordem pragmática, não
tendo a carga cultural que a questão assumiu a partir do século XIX. (BOITO,
2008, p. 15)
José de Oliveira Ascenção, em sua obra “Direito Autoral” nos mostra que não é possível
que ocorra autorização para modificações de obras por terceiros. Diferente de restauração,
entretanto o tema deve ser marcado como importante. Vejamos:
Ainda, no Brasil, em 2007 houveram ações no Senado Federal para que fosse
regulamentada a profissão de conservador e restaurador de obras, essa proposta, fora
apresentada através do projeto de lei n.º 307 de 2007. No projeto de lei, era exigido que os
conservadores e restauradores fossem diplomados no Brasil em curso superior em área de
concentração de conservação-restauração de bens móveis e integrados, reconhecido na forma
48
da lei17. Passo grande para a constituição de direitos no âmbito autoral e fazendo com que a
profissão traga ao mundo das restaurações profissionais aptos e qualificados para exercer esta
função tão delicada.
Acontece que, no dia 19 de setembro de 2013 o projeto fora vetado pelo Presidente da
República, um possível retrocesso para a regulamentação da profissão. Duas razões que
justificam o veto foram apresentadas, a primeira, dispõe que o projeto de lei viola o disposto no
artigo 5º, inciso XIII e o artigo 61, §1º e inciso II, ambos da Constituição Federal de 1988, a
segunda, que o PL é inconstitucional, por ser marcado por vício de iniciativa, conforme dispõe
a publicação datada de 19 de setembro de 2013, disposta no anexo I.
17
Art. 2º O exercício da profissão de Conservador-Restaurador, com as atribuições estabelecidas nesta Lei, é
permitido exclusivamente: I – aos diplomados no Brasil em curso superior em área de concentração de
conservação-restauração de bens móveis e integrados, reconhecido na forma da lei; II – aos diplomados no
exterior em cursos superiores de conservação restauração de bens móveis e integrados, com diplomas
reconhecidos no Brasil, na forma da lei; III – aos diplomados em cursos de pós-graduação, reconhecidos na
forma da lei, observados os seguintes requisitos: a) área de concentração em conservação e restauração de bens
móveis e integrados; b) elaboração de monografia, dissertação ou tese de doutorado versando sobre a área de
conservação-restauração de bens móveis e integrados; IV – aos diplomados em qualquer curso de nível superior
que, na data da publicação desta Lei, comprovem o exercício profissional na atividade de conservação-
restauração de bens móveis e integrados há pelo menos 3 (três) anos; V – aos diplomados em curso técnico na
área de conservação-restauração de bens móveis e integrados, com carga horária mínima de 800 (oitocentas)
horas, reconhecidos na forma da lei; VI – aos que, na data da publicação desta Lei, comprovem no mínimo 5
(cinco) anos de exercício profissional na atividade de conservação-restauração de bens culturais móveis e
integrados. Parágrafo único. No exercício das suas atribuições profissionais, o Conservador-Restaurador
reconhecido em quaisquer dos incisos deste artigo não depende de nenhum outro profissional para dar efetividade
a suas competências. (BRASIL, 2007, s/p)
49
Por fim, por mais que sejam mínimas as intervenções realizadas numa obra de arte,
deve-se atentar o olhar aos danos que podem ser causados na mesma, buscando preservar suas
características e fidelidade histórica. Assim, apresentar-se-á alguns limites que devem ser
observados pelo restaurador no ato de restauração de obras de arte, estes critérios trazem a
diferença entre a criação de uma obra e a restauração de um bem cultural móvel, considerando,
em primeiro lugar, a preeminência do direito moral do autor criador perante sua criação de
espírito.
O passado se faz presente nos dias de hoje por meio da memória, da história, da cultura
e também da arte, com ele, o desenvolvimento temporal e o crescimento avançado da
tecnologia, ciência e das manifestações intelectuais e artísticas, a humanidade preservou a
história para que sua memória estivesse sempre presente. Ao passo em que a civilização dedica-
se à cultivar a memória, a ciência e a história, tem-se acervos de cultivo intelectual que jamais
expiram.
Desta forma, entende-se que documentação exaustiva, é toda aquela que se faz
necessária para que um processo de restauração seja impecável e organizado. Este método
refere-se aos processos de produção de uma obra de arte, se busca o aprofundamento histórico
da obra para que ocorra a percepção de tempo e espaço.
Este método é, nada mais, que um estudo da obra de arte que se deseja restaurar. É a
manifestação dos processos de output18 de uma obra de arte, onde se expõe os danos em que a
obra a ser trabalhada já sofreu e fundir às suas características originais, estudando o período em
que fora produzida e o espaço em que fora encontrada, assim, por escrito, se aponta os
resultados encontrados com relação aos danos temporais, a justificativa dos métodos que serão
utilizados para a restauração, apontando de forma específica o procedimento de restauro que
será adotado e por fim, a juntada de documentos fotográficos para comprovar o estado da obra.
18
Ação ou efeito de produzir.
51
intervenção, seja na esfera biológica seja na física não entra, portanto, sequer
na noção comum de restauro. (BRANDI, 2005, p. 25)
Ademais, outras formas de precaução devem ser utilizadas quando se pesquisa sobre a
obra, sendo que exames organolépticos19 e científicos, luz rasante, exames de raio-X e
infravermelho. Tendo, então, todas as informações necessárias sobre a obra em que se deseja
restaurar, desta forma, toda e qualquer análise deve ser documentada, conforme supracitado,
através de relatórios, fotografia, gráficos e tabelas de análise.
Desta forma, utiliza-se de todos os dados coletados para que o tratamento da obra de
arte seja iniciado, após elaborada esta gama de documentos, os frutos de cunho intelectual do
restaurador, a ele serão atribuídos direitos autorais pelo material de estudo e pesquisa que tenha
produzido.
19
Chamam-se propriedades organolépticas às características dos materiais que podem ser percebidas pelos
sentidos humanos, como a cor, o brilho, a luz, o odor, a textura, o som e o sabor.
52
criação de espírito do autor. O respeito à obra e também à sua autoria é uma questão ética e
moral do restaurador, que nos limites pela mínima intervenção devem ser considerados.
Criar, cabe ao artista, não ao restaurador, ao restaurador, apenas de devolver à obra seus
aspectos originais, quais foram perdidos com o tempo ou danificados. Quando um restaurador
interfere numa obra de arte, esta não deve apresentar características distintas dos originais,
quando operada por um restaurador, a obra de arte não deve conter registros ou meios que
identifiquem que houveram intervenções na mesma. A partir do momento em que um restauro
gera novas características o restaurador passa a criar e não a restaurar, tomando lugar do artista
e gerando até mesmo falsificação.
Abaixo podemos identificar alguns aspectos técnicos que devem ser observados pelo
restaurador no ato da restauração de obras de arte, vejamos:
Ainda:
Reitera-se, que o restaurador não deve intervir de forma criativa na obra em momento
algum, tendo em vista que o criar não é restaurar, podendo acarretar violação nos direitos morais
54
do autor e também atingir o patamar da falsificação quanto à integridade da obra de arte. Por
fim, a propriedade intelectual, dada ao restaurador se classifica apenas à maneira documental
em que ele posiciona-se perante a restauração.
Somente o autor originário de uma obra, tem o poder de modificação de sua criação de
espírito, não cabendo ao restaurador essa opção, quando detectada a falsificação histórica de
20
Etimologia (origem da palavra fidelidade).
55
uma obra de arte, viola-se também os direitos morais do autor, o único que possui poder de
modificação de suas criações de espírito, já dizia ASCENÇÃO (1997, p. 147):
Desde logo, se modificar é alterar a obra como tal, sem dúvida que o autor o
pode fazer. Mas não o faz bi exercício de um direito de autor, mas no poder
geral de criação, constitucionalmente consagrado, que se aplica quer à criação
da obra quer às modificações desta. O poeta que retoca indefinidamente
uma ode exerce o poder de criação. (ASCENÇÃO 1997, p. 147) (grifos
nossos)
como uma solução definitiva para a obra. Considerando que a obra seguirá sua
trajetória temporal, corre-se o risco de que a solução encontrada não tenha
sido a mais adequada, conforme a ação de aspectos físico-químicos,
intrínsecos e extrínsecos ao artefato. (BRANDALISE, WACHOWICZ, 2017,
p. 688) (grifos nossos)
Como já abordado, não considera-se ético toda a modificação que possa ocultar,
dissimular ou até mesmo alterar formas e características da obra quando a mesma for
manipulada por um restaurador, por isso se faz a importante o passo a passo apresentado pelos
limites de intervenção.
Destarte, é necessário ter claro que a norma técnica de reversibilidade não se torne
irreversível, por isso é de suma importância que o limite pele reversão seja minuciosamente
observado, pois assim, a obra ganha a chance de ser restaurada com sucesso sem que sofra
danos vindos de matérias e técnicas empregados por restaurador algum. A obra, que sempre
será o objetivo de restauro ou de conservação, deve permanecer sendo única, evitando a
derivação de obras originárias (obras que são criadas a partir do restauro de outra obra, criação
de modificação visual).
Teoria dualista, com origem na doutrina francesa, aborda que o direito autoral reconhece
dois elementos de ordens distintas, sendo a primeira pautada na vinculação entre o autor e sua
criatividade, a maneira circunstancial de explorar seus conhecimentos e trazê-los à uma nova
criação de espírito, e a segunda, dispondo sobre sua utilização econômica. Assim, é o que
Eduardo Salles Pimenta, em sua obra “A Jurisdição voluntária nos Direitos Autorais” nos
ensina:
A nomenclatura usual é direito moral, que foi usada pela primeira vez por
André Morillt, na França, em 1872, para indicar as prerrogativas, que tem a
personalidade de autor, sobre sua criação intelectual – a obra. O que fez no
livro intitulado De la Persinalité du Droit de Copie qui Appartient à um Auteur
Vivant. Motillot entendia que: “o direito moral origina-se antes do direito
natural que do direito positivo. Na sua opinião, o direito moral não tem
necessidade de ser especialmente consagrado por nenhum texto.”.
(PIMENTA, 2002, p. 71) (grifos nossos)
21
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis. (BRASIL, 1998, s/p)
57
Sendo que os direitos morais do autor são de caráter personalíssimo, deve-se respeitar
seus direitos no que se tange à pessoa, à suas criações e sua criatividade, pois é a partir de uma
linha de raciocínio lógica untada ao espírito do criador que surgem as criações espirituais dos
artistas e autores no âmbito autoral, impedido que o autor sofra danos morais e intelectuais no
que diz respeito aos seus direitos.
A aplicabilidade dos direitos morais do autor no que diz respeito à restauração de obras
de arte independe da extensão dos direitos morais e sua aplicabilidade, pois muitas vezes o autor
não pode opor-se à sua modificação, pois ela é realizada por questões de conservação de
patrimônio histórico, já, a modificação de obra é alterá-la mas manter a mesma essência.
É o que nos ensina ASCENSÃO (1980, p. 180) “A modificação não arreda a obra
primitiva. Antes, representa como que acrescentar à obra primitiva outra obra, cuja essência
criadora é, todavia, idêntica, e que vai, portanto ser sujeita pela ordem jurídica a um regime
similar ao da primeira.” Este direito consiste no direito de fazer, conforme João Henrique da
Rocha Fragoso doutrina:
ASCENÇÃO (1997, p. 150) “[...] Se a obra não for prejudicada e a personalidade não for
afetada já as modificações não estão vetadas.” (grifos nossos)
Desta forma, o direito de modificação, tem apenas uma base ética, no que se diz respeito
à integridade da obra, sendo que o atual estado da obra não é imposto ao autor, sendo que o
mesmo pode realizar modificações nela e também pode autorizar que terceiro faça modificações
em suas obras, sem que seus direitos personalíssimos sejam infringidos.
Ademais, sabe-se que o direito autoral nos apresenta de diversas maneiras suas
naturezas, sendo elas pertencentes ao Autor, no que se diz respeito aos direitos morais e direitos
patrimoniais, sobre si e suas criações de espírito (obras). Sendo assim, a partir do momento em
que a legislação brasileira trata do tema “direitos autorais” entende-se que são mais de um. De
acordo com (HAMMES, 1998, p. 59) são três: De personalidade, de nominação e de exploração,
vejamos:
Quando falamos em violação dos direitos autorais, diversas consequências podem ser
sanadas através da legislação brasileira, seja através de sansões cíveis, penais suspensões,
retificações, retirada de obras de circulação/mercado, prescrição, proibições e até mesmo
responsabilizações solidárias. Entretanto, quando trata-se de direito moral autoral no que se diz
respeito à sua violação no restauro de obras os prejuízos, nem sempre, podem ser reparados
juridicamente, desta forma, deve-se buscar critérios para a solução de conflitos.
Vamos partir do princípio, relembrando que uma obra, para ter seus direitos tutelados,
deve ser uma criação de espírito exclusiva, não deixando de lado, o fato de que a capacidade
criativa do homem é limitada, fazendo com que torne-se importante a distinção entre criação,
59
Mensurando a compensação que o autor recebe por todos os atributos sociais e criativos
que, com a obra, são trazidos a sociedade, desta forma, junto com essa “reciprocidade” vem a
proteção de seus direitos. Sejam eles patrimoniais, e também os direitos morais, conhecidos
como os direitos não patrimoniais, quais tratam-se do dano em matéria autoral.
22
Do latim, “eis o homem”.
60
Ecce Homo, na primeira imagem, a obra de arte original, na segunda, deteriorado pela passagem do
tempo e na terceira, após a restauração. (Fonte: G1/Foto: AFP)
Direitos que aqui foram violados, podem ser destacados como: Direito à integridade da
obra23, por terem sido feitas algumas alterações na originalidade da mesma e o direito à
modificação24, qual diz respeito a infração cometida pela restauradora ao intervir na obra e fazer
com que ela deixe de tornar-se original.
A obra supracitada, fica exposta no Santuário de Nossa Senhora das Mercês, este é um
dos exemplos que podemos citar de restauro realizado de maneira amadora, ainda assim, as
intenções da senhora, octogenária, que se prontificou a “restaurar” a Ecce Homo, por mais bem-
intencionadas que possam ter sido, a reação que sua restauração causou no âmbito dos direitos
morais do autor é bastante questionável.
23
Art. 92. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas interpretações, inclusive
depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução, compactação, edição ou dublagem da obra
de que tenham participado, sob a responsabilidade do produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do
artista. (BRASIL, 1998, s/p)
24
Art. 24. São direitos morais do autor: [...] IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua
reputação ou honra; [...] (BRASIL, 1998, s/p)
25
Do latim, “dos livros de”.
61
artesão local, o qual utilizou de material inapropriado para restaurar a obra. O objetivo da
restauração, segundo os representantes do Arcebispo26, era limpar o que se parecia sujo. Ainda,
aqui também destaca-se a violação dos primordiais direitos correlacionados à integridade e
moral da obra, direito à integridade e modificação. Vejamos então, o resultado de uma
restauração de obra de arte plástica amadora.
Escultura de São Jorge, em madeira, à esquerda antes da restauração e à direita, depois. (Fonte: BBC)
E pela terceira vez, na Espanha, também no ano de 2018, um restauro amador realizado
por María Luisa Menéndez, em Rañadorio, nas Astúrias, foi alvo de críticas. A escultura,
também feita em madeira, a qual representava a imagem de Maria e de Jesus, foi “repintada”
pela paroquiana María, com a autorização do padre da igreja detentora da imagem. Ainda, a
paroquiana se defende, dizendo a um jornalista do El Comercio que "Yo no soy una pintora
profesional, pero siempre me gustó, y las imágenes tenían mucha falta de pintarse. Así que las
pinté como pude, con los colores que me parecieron, y a los vecinos les gustó. Pregunta en el
pueblo y verás." 27.
26
BBC. Restauração amadora de obra de arte histórica causa revolta na Espanha - de novo. Disponível em
<https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44618307>. Acesso em 22 de maio de 2019.
27
EL COMERCIO. La autora del 'Ecce Homo' de Rañadorio: Tenían mucha falta de pintarse.
<https://www.elcomercio.es/asturias/ecce-homo-ranadoiro-tineo-20180907035407-nt.html>. Acesso em 22 de
maio de 2019.
62
A imagem esculpida em madeira antes e depois da intervenção feita por María Luisa Menéndez.
(Fonte: El Comercio)
Ocorre que, esta obra já havia sido restaurada uma vez, em 2003, intervenção realizada
por Luis Suárez Saro, o qual, também em entrevista ao jornal El Comercio, discorre que a
amadora não utilizou sequer alguma técnica de restauração e que o material utilizado por ela
era uma espécie de tinta industrial, não recomendada para aquele tipo de escultura, disse
também que “ni la técnica ni los colores tienen nada que ver con los originales”.
Aldrabar uma obra consiste na remoção de qualquer característica original que faça com
que ela perca sua essência, um exemplo claro disto, é a restauração realizada na cidade de
Sudbury, em Ontario, no Canadá, no ano de 2015, pela artista plástica amadora Heather Wise,
63
de forma voluntária para a paróquia da cidade. A obra que fora restaurada fica localizada no
cemitério da igreja de Sainte-Anne des Pins e trata-se de uma escultura de Virgem Maria e
Menino Jesus e esta também teve seus direitos morais de integridade de modificação violados.
Escultura original de Virgem Maria e Menino Jesus à esquerda, e a intervenção realizada por
Heather Wise à direita. (Fonte: Incrível).
Conforme observa-se, a intervenção restou desastrosa, motivo pela qual a mesma fora
considerada temporária. Tal insucesso restou marcado, preliminarmente pelo o material
utilizado pela restauradora, pois apresentava cor diversa da original, a qual deixava evidente a
intervenção, fazendo com que suas características originais fossem perdidas.
Ainda podemos observar que a restauração realizada por Heather Wise teve uma
repercussão gigantesca, a qual fora comparada com uma das obras em vidro de Joseph
Cavalieri, na qual ele retrata a imagem de Maggie Simpson em ato de iluminação, marcada por
64
A restauração realizada pela canadense à esquerda e Maggie Simpson retratada em vidro, por Joseph
Cavalieri (Fonte: BBC)
Esses são alguns dos diversos casos de violação de direitos que ocorrem na esfera
autoral, sendo eles os mais conhecidos internacionalmente, pois tiveram grande repercussão,
desta forma, não poderiam ser deixados de lado. Ao observar as obras acima apresentadas, em
cada uma delas podemos perceber que a analise primordial de caso, pelos restauradores não
fora realizada. Desta forma, fica claro em que os limites de intervenção, pelos restauradores,
eram desconhecidos. E casos práticos ocorrem toda hora, conforme já observados. Agora,
atenta-se o presente estudo ao julgamento de litígios, dos quais versam sobre o direito à
integridade da obra de arte plástica, onde podemos analisar o caso de Ângelo Roberto (1938-
2018) em face do Instituto Baiano De Metrologia E Qualidade (IBAMETRO) e do Estado da
Bahia.
2.3.1 O caso violação dos direitos morais do artista plástico Ângelo Roberto em face do
IBAMETRO e do Estado da Bahia
Ângelo Roberto é um artista baiano, e no ano de 1976 fora celebrou contrato para a
criação de um mural na entrada da instituição do IPEMBA, foram seis meses de trabalho até
que sua criação intelectual fosse conclusa, o mural fora extremamente elogiado pelo público e
65
pela imprensa à época dos fatos. Ocorre que, meados aos anos 2000, a obra do artista plástico
havia sofrido uma restauração sem sua autorização, a qual fez com que sua assinatura fosse
coberta pelas intervenções.
O IBAMETRO (autarquia que sucedeu o antigo IPEMBA) fora notificado pelo artista,
primeiramente, de maneira extrajudicial e não alcançou esclarecimento algum, fazendo com
que ingressasse judicialmente contra a instituição em abril de 2000, ajuizando a Ação
Indenizatória sob o n.º 140.00.748692-5, o Estado da Bahia sustentou sua defesa no artigo 111
da lei n.º 8.666/199328, a qual mantém a tese de que os direitos patrimoniais do autor, quando
contratado pela administração pública, são cedidos.
Ocorre que, se observarmos a Lei dos Direitos Autorais, n.º 9.610/1998, no artigo 2729,
está disposto que os direitos morais do autor, além de serem irrenunciáveis, são inalienáveis.
Desta forma, entende-se que os direitos morais do autor têm natureza jurídica híbrida com os
direitos patrimoniais do autor, e não podem ser cedidos desta maneira. Assim, apresentou-se a
réplica da contestação e um perito, pelo juiz, foi nomeado. José Dirson Argolo, professor de
restauração da Escola Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, foi o perito nomeado e
comprovou-se que o mural havia sofrido alterações.
Ainda, uma testemunha que foi arrolada no processo judicial pelo IBAMETRO, Sr.
Benjamim de Albuquerque Silva, prestou depoimento junto ao juiz e disse, às folhas 252 dos
autos de n.º 140.00.748692-5 que “[...] os serviços referidos foram prestados pelos executores
da pintura geral”. Desta forma, verifica-se que, o IBAMETRO realizou uma restauração, sem
se quer saber nas suas consequências jurídicas. Por fim, não fora possível ter acesso à sentença
prolatada, tendo em vista de que trata-se de processo físico, julgado no Tribunal de Justiça do
Estado da Bahia, fora de difícil acesso todas as informações colhidas, tendo em vista que trata-
se de um processo antigo, o qual ocorreu no ano de 2000. Mas pode-se fazer prévia analise dos
direitos morais que aqui foram violados.
Como já sabido, a legislação brasileira ampara os direitos morais do autor como sendo
inalienáveis e irrenunciáveis30, ou seja, o criador da obra de espírito a tem como uma forma de
28
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, premiar ou receber projeto ou serviço técnico
especializado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e a Administração possa utilizá-lo
de acordo com o previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua elaboração. (BRASIL, 1998, s/p)
29
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis. (BRASIL, 1998, s/p)
30
Art. 24. São direitos morais do autor: I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu
nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua
66
paternidade, não podendo reivindicar desses direitos. Destarte, a violação dos direitos morais
ocorrida no caso do artista plástico Ângelo Roberto em face do IBAMETRO são as seguintes:
Direito à modificação: Direito exclusivo do autor de modificar sua obra, não cabendo
a outro modifica-la e sim, conserva-la ou restaura-la. Ou seja, entende-se que qualquer
modificação realizada numa obra fere a integridade dela e o direito moral do autor. No caso em
tela, a assinatura do artista plástico fora coberta por tinta, o que fez com que sua obra perdesse
a originalidade, pois toda e qualquer restauração não pode ser seguida de uma criação. Somente
quem cria é o autor.
Da mesma forma, podemos nos indagar sobre diversas outras violações que podem
ocorrer em casos como este e como os apresentados anteriormente. Ocorre que, os casos
práticos nos atentam também às falhas existentes na legislação, seja ela nacional ou
internacional, pois com relação à restauração de obras de arte, a lei não preceitua e não impõe
limites que devem ser observados e posteriormente cumpridos pelos profissionais
restauradores. Por mais apto que esteja à desenvolver esse tipo de trabalho, um amador ou um
profissional, seja de restauração ou conservação (por mais distintos que sejam, tem uma
vertente em comum: o resultado), deve ter, para si, e para os outros, uma corda guia.
Tal corda, refere-se aos limites de prevenção, os quais não estão, atualmente, elencados
em legislação, seja ela nacional ou internacional, tornando-se uma espécie de acompanhamento,
obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer
modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua
reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra
ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta
à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre
legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou
audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em
todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. § 1º Por morte do autor,
transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem os incisos I a IV. § 2º Compete ao Estado a defesa
da integridade e autoria da obra caída em domínio público. § 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as
prévias indenizações a terceiros, quando couberem. (BRASIL, 1998, s/p)
67
Ainda, o criador de espírito, conta com o amparo constitucional, civil e penal no que se
refere aos seus direitos. Já no que tange a esfera autoral de suas criações intelectuais, quando
postas à restauração ou conservação, não encontra-se muito amparo nas legislações especificas,
entretanto, pode-se observar alguns critérios para que a mínima intervenção, em uma obra de
arte plástica, seja aplicada, visando que toda e qualquer característica de uma obra jamais seja
violada.
Também se faz importante destacar as diferenças entre restauro de obras de arte plástica
e conservação de obras de arte plástica. A primeira, trata-se de analisar todas as características
da obra, verificar quais os aspectos originais que perderam-se e então aplicar técnicas efetivas
68
para realizar o seu reparo e trazer, novamente, originalidade à obra sem interferir na criação
original da mesma. A segunda, a conservação de obras de arte plástica, diz respeito à prevenção
de danos que uma obra pode obter, a conservação de uma obra de arte diz respeito às maneiras
em que ela é armazenada em determinados locais, a maneira e as técnicas que são empregadas
para sua limpeza. Nesta seara, o arquiteto e restaurador Camillo Boito, é breve em nos dizer
que:
31
MIP - GOVERNO DA ITÁLIA, Carta do Restauro, 1972. CARTA DO RESTAURO 1972, MINISTÉRIO
DE INSTRUÇÃO PÚBLICA GOVERNO DA ITÁLIA, CIRCULAR Nº 117 DE 6 DE ABRIL DE 1972.
Cadernos de Sociomuseologia, [S.l.], v. 15, n. 15, june 2009. ISSN 1646-3714. Disponível em:
<http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/337>. Acesso em: 31 de maio de
2019.
69
No que tange a reavaliação dos critérios, entende-se que, os limites pela documentação
exaustiva são um dos principais, e orienta-se que seja o primeiro critério a ser observado em
um ato de restauração ou conservação de obras de arte. Isso parte-se da investigativa de que,
quando sabemos quais os materiais que podem ser utilizados em determinadas obras de arte,
quais técnicas são ideais a serem utilizadas no restauro/conservação.
E que, quando realiza-se uma intervenção, todos os atos devem estar dispostos em ata,
as chances de dano caem para um número considerável. É de suma importância que seja
respeitada a documentação, relatórios e analises para que, no futuro, um próximo conservador
ou restaurador não utilize de materiais que tenham reagentes lesivos à obra, não utilize de
técnicas não condizentes ao trabalho e também tenha ciência das intervenções que, naquela obra
já foram realizadas.
Os limites pela mínima intervenção procedem na mesma linha cautelar, no que se diz
respeito à restauração, reparação e até mesmo conservação de uma obra de arte. Trata-se de
intervir numa obra de arte de maneira reduzida, somente se faz as intervenções necessárias na
obra. Neste contexto, podemos trazer como exemplo a restauração da escultura de madeira
realizada por María Luisa Menéndez. Se por ventura, à época dos fatos, limites de prevenção
fossem respeitados, e um desses limites fosse o critério de mínima intervenção, a imagem de
Maria e de Jesus, esculpida em madeira, jamais teria resultado desastroso.
essa condição passa a ser parte dela. E quando restaurada, essa condição de tempo não deve ser
perdida. O que pouco se viu nos exemplos que foram acima apresentados.
Ademais, como poderíamos apreciar uma obra datada de 1.500, a qual o tempo já faz
parte de sua originalidade, se, após uma intervenção, essa característica se perdesse?
Decepcionados estaríamos, pois os questionamentos sobre o tempo da obra fariam com que ela
se perdesse em uma das principais características que adquiriu ao decorrer dos anos, a fidelidade
histórica da mesma, fazendo com que suas características intrínsecas desapareçam e ocorra
dano moral de modificação no ato do restauro.
E por fim, o último limite abordado na pesquisa, pela reversibilidade, a qual traz à tona
a importância da reversão, as quais tem como objetivo prevenir que as técnicas e materiais
utilizados na restauração ou conservação da obra de arte não venham a inferir a originalidade
da obra de maneira definitiva.
Pois bem. Já foram trazidos à essa pesquisa alguns casos concretos e alguns critérios de
prevenção de conflitos. Ocorre que, em face da escassez de dispositivos legais na legislação
brasileira, das quais tratam sobre o direito moral do autor e a integridade da obra de arte plástica
para reparar o dano que pode ser sofrido, se faz necessário o estabelecimento de normas,
critérios e limites na legislação brasileira, para que se evite julgamentos arbitrários e
contraditórios nas lides.
CONCLUSÃO
Verificou-se que, ainda no primeiro capítulo, a legislação não era suficiente para acatar
as medidas que desenvolviam-se na orbe artística, pois esta, sempre foi e sempre será uma área
que possui um crescimento rápido e vasto, tendo em vista que não trata-se apenas de arte, e sim
de história, cultura e muitas vezes, lazer. Posto isto, fora analisada a legislação e também os
aspectos gerais que regem os princípios do direito autoral, como sendo a sua evolução histórica,
em ambos os âmbitos (nacional e internacional), as manifestações em que se subdividem as
ramificações do direito autoral e seus sistemas de tutela, de maneira sistemática mas profunda.
Assim sendo, conclui-se que, o primeiro capitulo que fora abordado nesta monografia é
de caráter técnico e de profundo estudo analítico, pois nos ensina sobre a história, os marcos
iniciais e mais importantes da história do direito autoral no mundo. Pode ser considerado como
uma específica introdução de normas e conhecimentos tangíveis ao direito autoral e suas
preposições de lei. Destarte, percebe-se que todo e qualquer direito correlacionado à criação de
espírito está previsto na Lei dos Direitos Autorais, e que ela, encarecidamente, merece
prosperar.
73
Inicia-se então, o estudo partindo do pressuposto de o que é uma intervenção e como ela
procede-se. Visto isso, descobriu-se que esta interferência ocorre somente quando alguma lesão
na obra de arte plástica é detectada. Pois, de nada adianta intervir numa obra da qual seu estado
seja perfeito. Logo então, que os conflitos passam a surgir, pois, nem sempre uma obra é tratada
com técnica e profissionalismo, muitas vezes as restaurações de obras de arte são feitas por
pessoas amadoras que se voluntariam a prestar o serviço em prol da igreja ou comunidade.
Critérios descobertos, resta saber de que maneira eles serão melhores aplicados.
Destarte, buscou-se alguns casos práticos de violação dos direitos morais do autor e da obra no
ato de intervenção, onde foram encontrados quatro casos extremamente absurdos de
restauração. E também, um caso brasileiro, de um artista baiano, o qual teve sua obra restaurada
sem sequer sua autorização. Quando se tem todos os pressupostos lançados, resta buscar a
solução para os conflitos que mostram-se existentes na sociedade como um todo. Então, os
critérios de solução são apresentados, para que, todo e qualquer julgamento de lide possa se
valer de justiça.
Desta forma, concluímos que o objetivo da pesquisa fora alcançado, que os critérios
foram analisados e que sim, a legislação brasileira no que se trata de direito autoral merece ser
reavaliada, critérios de prevenção devem sim ser inseridos em seu texto e os protagonistas da
restauração também devem contribuir de maneira pessoal, deixando de lado a ignorância e
pondo a técnica em primor para que, cada dia que se passa, uma obra a mais esteja amparada e
protegida pela legislação brasileira.
75
REFERÊNCIAS
ASCENSÃO. José de Oliveira. Direito Autoral. 1.ed. Rio de Janeiro. Editora Forense, 1980.
ASCENSÃO. José de Oliveira. Direito Autoral. 2.ed. Rio de Janeiro. Editora Renovar, 1997.
BARBOSA, Denis Borges. Uma introdução à propriedade intelectual. 2. ed. Rio de Janeiro:
Lúmen Juris, 2003. Disponível em:
<http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/livros/umaintro2.pdf>. Acesso em 28 de outubro
de 2018.
BBC. Restauração amadora de obra de arte histórica causa revolta na Espanha - de novo.
Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-44618307>. Acesso em 22 de
maio de 2019.
BBC. Restauração polêmica no Canadá deixa imagem de menino Jesus com aparência de
Maggie Simpson. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-37753704>.
Acesso em: 23 de maio de 2019.
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de autor. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de autor. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
BITTAR, Carlos Alberto. Direito de autor. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
BITTAR, Carlos Alberto. BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Tutela dos direitos da
personalidade e dos direitos autorais nas atividades empresariais. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2ª ed. 2002.
BRAGA, Márcia. Conservação e restauro: pedra, pintura mural, pintura em tela. Rio de
Janeiro Rio, 2003.
BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. 2. ed. Cotia, SP: Ateliê Editorial. 2005.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm> Acesso em 13 de
novembro de 2017.
CABRAL, Plinio. A Nova Lei de Direitos Autorais: Comentários. 4. ed. São Paulo. Harbra.
2003.
CABRAL, Plinio. Direito Autoral – Dúvidas & Controvérsias. São Paulo. Harbra. 2000.
COSTA NETTO, José Carlos. Estudos e pareceres de direito autoral. Rio de Janeiro:
Forense. 2015.
<http://arquivos.portaldaindustria.com.br/app/conteudo_24/2013/05/24/404/20130524150112
242823i.pdf>. Acesso 03 de dezembro de 2017.
COSTA NETTO, José Carlos. Estudos e pareceres de direito autoral. Rio de Janeiro, RJ:
Forense. 2015.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS. "Não sei se hei de rir ou chorar." Restauro amador de peça do
século XV choca espanhóis. Disponível em < https://www.dn.pt/cultura/interior/nao-se-hei-
de-rir-ou-chorar-restauro-amador-de-peca-do-seculo-xv-choca-espanhois-9818345.html>.
Acesso em 22 de maio de 2019.
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÇÃO. Ano CL N.º 182: Brasília - DF, quinta-feira, 19 de setembro
de 2013. 2013. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.js
p?jornal=1&pagina=1&data=19/09/2013>. Acesso em: 03 de janeiro de 2019.
ECCE HOMO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ecce_homo&oldid=53970172>.
Acesso em: 23 de janeiro de 2018.
EQUIPE que vai restaurar 'Ecce Homo' quer salvar 'obra' de idosa espanhola. G1, São
Paulo, 31 de agosto de 2012. Disponível em <http://g1.globo.com/planeta-
bizarro/noticia/2012/08/equipe-que-vai-restaurar-ecce-homo-quer-salvar-obra-de-idosa-
espanhola.html> Acesso em: 22 de dezembro de 2018.
EX-LÍBRIS. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: Graus, 2018. Disponível em:
< https://www.dicio.com.br/ex-libris/>. Acesso em: 22 de maio de 2019.
FIDELIDADE. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: Graus, 2018. Disponível
em: <https://www.dicio.com.br/fidelidade/>. Acesso em: 23 de janeiro de 2019.
78
FOLHA DE SÃO PAULO. Artigo do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Publicado no jornal
Folha de São Paulo, p.10, ed. 16 em setembro de 2017. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1409200720.htm>. Acesso em: 01 de junho de
2019.
HAMMES, Bruno Jorge. O direito de propriedade intelectual: subsídios para o ensino. São
Leopoldo: Editora Unisinos, 1998.
JARDES, Thamara. A evolução histórica dos direitos autorais. 2014. Disponível em:
<https://thajardes.jusbrasil.com.br/artigos/163165791/a-evolucao-historica-dos-direitos-
autorais> Acesso em 11 de novembro de 2017.
KIPPER, Liane Mählmann, GRUNEVALD, Isabel. NEU, Daiane Ferreira Prestes. Manual de
propriedade intelectual. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2011.
LEITE, Eduardo Lycurgo. Direito de Autor. Brasília: Brasília Jurídica, 2004. A História do
Direito de Autor no Ocidente e os Tipos Móveis de Gutenberg. In: Revista de Direito Autoral,
São Paulo, Ano I, n. II, fevereiro de 2005.
MARÍN LÓPEZ, Juan José. El Conflicto entre el Derecho Moral del Autor Plástico y el
Derecho de Propiedad sobre la Obra. Navarra: Editorial Aranzadi, SA, 2006.
MARTINS FILHO, Plínio. Direitos autorais na Internet. Ci. Inf. [online]. 1998, vol.27.
Disponível em < http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/800/831>. Acesso em 19/10/2018.
MENEZES, Elisângela Dias. Curso de direito autoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.
MORAES. Rodrigo. Conflito entre direito moral à integridade da obra de arte plástica e
direito de propriedade do dono do suporte. Casos práticos e critérios de solução. Jornal A
TARDE. 2002. Disponível em: <
http://www.rodrigomoraes.adv.br/arquivos/downloads/O_direito_moral_do_artista_plastico_e
m_conflito_com_o_direito_de_propriedade_do_dono_do_suporte___versao_final_5B1_5D.p
df>. Acesso em 28 de maio de 2019.
NETTO, José Carlos Costa. Direito Autoral no Brasil. São Paulo: FTD. 1998.
OUTPUT. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2018. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br/output/>. Acesso em: 23 de janeiro de 2019.
PEREIRA, Mariana. Ecce Homo. Um restauro desastroso feito milagre. Diário de Notícias
Lisboa, 22 ago. 2016. Disponível em <https://www.dn.pt/artes/interior/ecce-homo-um-
restauro-desastroso-feito-milagre-5349833.html> Acesso em 22 de dezembro de 2018.
PIMENTA, Eduardo Salles; PIMENTA FILHO, Eduardo Salles (Org.) A limitação dos
direitos autorais e a sua função social. Direitos autorais: estudos em homenagem a Otávio
Afonso dos Santos. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
PIMENTA, Eduardo Salles, A Jurisdição Voluntária nos Direitos Autorais. Rio de Janeiro:
Editora Freitas Bastos, 2002.
SUI GENERIS. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2018. Disponível
em: <https://www.dicio.com.br/sui-generis/>. Acesso em: 23 de janeiro de 2019.
TELLES JUNIOR, Goffredo. Iniciação na ciência do direito. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
ANEXOS
81
ANEXO I
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, PUBLICAÇÃO DE 19 DE SETEMBRO DE 2013
82
83
APÊNDICES
84
APÊNDICE A
ATESTADO DE AUTENTICIDADE DA MONOGRAFIA
85
________________________________
Letícia de Cesaro Gabriel
86
APÊNDICE B
TERMO DE SOLICITAÇÃO DE BANCA
87
Em relação ao trabalho, considero-a apta a ser submetida à Banca Examinadora, vez que
preenche os requisitos metodológicos e científicos exigidos em trabalhos da espécie. Para tanto,
solicito as providências cabíveis para a realização da defesa regulamentar.
________________________________
Prof.ª Dra. Cristiani Fontanela