Marrom - 1ª Edição
Preto - rascunho da Edição de 1998
1. Introdução
2. Pós e Granulados
Os pós e granulados apresentam as mesmas vantagens das demais formas sólidas, especialmente aquelas
relacionadas à maior estabilidade, em função da ausência do meio aquoso, no qual ocorrem mais
facilmente as reações de degradação. Além disso, pós e granulados podem ser mais facilmente e
rapidamente preparados, muitas vezes sem necessidade de emprego de equipamentos específicos, como
os comprimidos.
De acordo com a Farmacopéia Brasileira 6ª edição:
“Granulado : É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos,
com ou sem excipientes. Consiste de agregados sólidos e secos de volumes uniformes de partículas de pó
resistentes ao manuseio.
Pó : É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos e com tamanho de
partícula reduzido, com ou sem excipientes.”
Devemos diferenciar, ao nos referirmos a pós, a "forma farmacêutica pó" do estado físico sólido
em que uma substância pode encontrar-se, ou a forma cristalina que uma substância pode apresentar.
Identificaremos, assim, as matérias-primas ou drogas e as preparações acabadas, com finalidades
terapêuticas definidas. O emprego das formas pulverulentas, além de bastante amplo como etapa
intermediária na preparação das demais formas farmacêuticas, é importante na manipulação e indústria
farmacêutica como forma de apresentação, ela própria, de diferentes produtos.
Pode-se relacionar, entre as principais vantagens do emprego dos pós e granulados, algumas que se
somam às vantagens gerais do emprego das formas sólidas, como:
- maior estabilidade em relação às formas que contém soluções aquosas como veículo;
- reduzido volume, facilitando o transporte, embalagem e armazenamento;
- possibilidade de apresentação a granel ou em doses individualizadas;
- maior facilidade de administração, dissolvidos ou suspensos em líquidos, para pacientes com
dificuldades de deglutição de cápsulas e comprimidos.
Como exemplos de produtos apresentados na forma final de pós ou granulados pode-se citar: sais para
reidratação oral; produtos de ação antiácida e misturas efervescentes; produtos antissépticos e secativos
de ação tópica ou local; antibióticos, apresentados em frascos-ampolas para serem dissolvidos ou
suspensos em diluentes adequados à administração injetável; misturas sólidas para preparação de
suspensões extemporâneas, principalmente de antibióticos para administração por via oral; talcos e pós
antissépticos para pés e áreas do corpo expostas a atrito; misturas adesivas para dentaduras;
Destacam-se ainda, na forma de pós, as drogas de origem vegetal, secas e pulverizadas, que constituem
chás ou são ingeridas redispersas em água ou outros meios líquidos apropriados.
Devemos considerar o modo de produção de pós e granulados em escala industrial, que envolve
operações unitárias como mistura, transporte pneumático, alimentação através de funis, nesse sentido,
as características de fluxo destes materiais torna-se questão relevante e pode influenciar fortemente a
eficiência do processo industrial (Emery et al., 2009).
Os pós podem ter de fluxo livre, enquanto outros são coesivos e, portanto, não fluem tão
facilmente sendo necessário recorrer à granulação para facilitar o fluxo e otimizar a produção em escala
(Staniforth, 2005).
A fluidez depende de vários fatores como morfologia, tamanho e distribuição das partículas,
densidade, área e forças de superfície, umidade, presença de ativadores de fluxo, processo produtivo
(Lavoie et al., 2002; Staniforth, 2005) e composição química (Schulze, 2006).
O desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas depende fortemente das propriedades de
fluidez dos pós envolvidos no processo. A fluidez é de fundamental importância quando se tratar de
alimentação eficiente a partir de recipientes de armazenamento a granel ou funis para o mecanismo de
alimentação ou preenchimento de equipamentos. O fluxo adequado permite fracionamento de
partículas uniformes e uma relação de volume de massa constante, o que mantém a uniformidade de
peso das formas farmacêuticas sólidas. Além disso, uma boa fluidez pode garantir o preenchimento
reprodutível e distribuição eficiente dos pós na produção de formas farmacêuticas sólidas (Staniforth,
2005).
As etapas envolvidas na preparação dos pós são, essencialmente, a redução dos tamanhos das partículas
sólidas e a homogeneização destas partículas, em função de sua tenuidade. De acordo com as finalidades
a que se destinam os produtos, outras operações complementares deverão ser realizadas, como a
mistura, secagem, esterilização, revestimento etc.
A pulverização de substâncias sólidas em pequena escala pode ser realizada pelo seu atrito com um pistilo,
no almofariz - geralmente de ferro - ou gral, de porcelana (com superfície interna mais rugosa) ou de
vidro. Para o processamento de grandes quantidades existem diferentes tipos de moinhos, como o
moinho de bolas e o de facas-e-martelos, e ainda adequados à obtenção de partículas diminutas, como
na micronização. Em alguns casos a obtenção de formas sólidas definidas exige a aplicação de processos
de cristalização especialmente conduzidos, de modo a fornecer características físico-químicas adequadas
aos princípios ativos.
Alguns materiais podem exigir, antes da pulverização, certa dessecação para perda de umidade, assim
como, no caso de drogas de origem vegetal, são necessárias divisões - ou cominuição - para redução do
tamanho das partes da planta e estabilização, por aquecimento, para inativação de enzimas. Os processos
que exigem aquecimento devem ser conduzidos, via de regra, em temperaturas não superiores a 500C, a
fim de evitar degradações químicas que inviabilizem o uso dos produtos.
Para a pulverização de drogas e fármacos difíceis de serem reduzidos a pó ou que apresentam grande
elasticidade, pode-se realizar a pulverização por intermédio. Na pulverização por intermédio lança-se mão
de agentes inertes, sólidos, líquidos ou, gasosos, os quais são adicionados à matéria prima que se deseja
pulverizar, processados juntamente com esta, e eliminados, quando necessário, após a pulverização.
Assim, por exemplo, drogas vegetais moles ou elásticas, como gomas e resinas, são pulverizadas por
intermédio de pós inertes como amilo e sacarose, e sua porcentagem presente no produto deve ser
conhecida e declarada no rótulo; a cânfora é pulverizada por intermédio de álcool ou éter e estes
solventes são eliminados pelo atrito do pistilo contra as paredes do gral; o espermacete é triturado em
presença de óleo. Nos casos em que, durante a trituração as partículas fiquem carregadas de eletricidade
estática (o que ocorre, por exemplo, com o salicilato de fenila, merbromino, clorobutanol, enxofre, sais
de penicilina etc.), para evitar-se a intensa repulsão entre as partículas pode-se acrescentar pequenas
quantidades de óleo.
A porfirização é a redução do tamanho das partículas do material seco através do atrito intenso em
almofariz de fundo plano (de pórfiro ou ágata) ou pedra de mármore, com um pistilo de base chata,
denominado "moleta", o que possibilita a obtenção de pó muito fino. Esta técnica é necessária, por
exemplo, para a trituração de óxido amarelo de mercúrio, produzindo pó muito fino, destinado a
incorporação em pomadas oftálmicas.
A obtenção dos pós com diâmetros de partículas abaixo de 60 micra é denominada "micronização",
realizada em moinhos de alta velocidade e atrito. A pulverização de grandes quantidades de materiais
podem ser realizadas em moinhos industriais, conforme as descrições no item Comprimidos.
O grau de divisão das partículas será definido pelo tipo de material e a finalidade a que se destina. A
tenuidade dos pós - ou tamanho de partículas dos granulados - pode ser determinada por diferentes
métodos, como a tamisação, microscopia ocular (indicada para partículas entre 0,25 e 100 milimicras);
microscopia eletrônica (indicada para partículas de 0,004 a 1 milimicra), sedimentação (indicada para
partículas de I a 50 milimicra), contadores eletrônicos (contador de Coulter, para partículas de 1 a 100
milimicra) etc.
Os moinhos vibratórios são constituídos por uma câmara de moagem cilíndrica ou esférica que contém
em seu interior por bolas aço ou porcelana . Durante a moagem, o conjunto é submetido a uma vibração
por um conjunto de molas e, pelo impacto repetido provoca a redução de tamanho. O material de
granulometria adequada deixa a câmara de moagem através de uma malha colocada na base do moinho.
A eficiência dos moinhos vibratórios é maior que a eficiência dos moinhos de bolas convencionais.
Métodos por corte
Um moinho de facas é constituído por uma série de facas dispostas uniformemente sobre um rotor
horizontal, girando em uma câmara cilíndrica contendo outras lâminas estacionárias. No fundo da câmara
há uma malha que controla o tamanho do material a ser eliminado da zona de moagem. As elevadas
velocidades de corte dos moinhos de facas são úteis na granulação por via seca, na produção de partículas
de tamanho grosseiro destinadas a fabricação de comprimidos, assim como na preparação de drogas
fibrosas (cascas, raízes e frutos) destinadas à extração.
Moinho de malha . O Moinho de malha reduz o tamanho de partícula do material . As partículas são
reduzidas em tamanho pelo atrito induzido mecanicamente; tela. Esse processo geralmente é chamado
de desaglomeração. Exemplos deste tipo de equipamento são moinhos cônicos e oscilantes.
Energia fluida
Outro método de redução de tamanho é a moagem por energia fluida em moinho de energia fluida
(micronizador por ar comprimido ou moedor a jato). Este tipo de equipamento as partículas a serem
pulverizadas são levadas por uma corrente de ar de alta velocidade e se chocam contra as paredes da
câmara de moagem (20 a 200 mm de diâmetro) e entre si mesmas. A velocidade do ar causa uma
turbulência que assegura a redução substancial do tamanho das partículas por impacto e, em menor
grau por atrito. Um classificador (ciclone) é acoplado ao sistema, fazendo com que o material de
granulometria superior a desejada permaneça na câmara de moagem; depois, as partículas são
carregadas pela corrente de ar que escapa do moinho.
É a operação destinada a separar e classificar as partículas dos sólidos em relação ao seu tamanho. Sendo
um pó um conjunto de partículas sólidas, a primeira característica que se nos apresenta como relevante
definir é a dimensão das partículas. No caso geral, elas não serão todas iguais e terão forma irregular, pelo
que convém começar por definir o que é a dimensão de uma partícula. A Farmacopéia Brasileira 6ª edição
classifica os pós e granulados de acordo com sua granulometria. Segue abaixo a classificação dos pós
segundo a Farm.Bras. VI :
Pó grosso - aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal
de malha de 1,70 mm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura nominal de malha de 355 µm.
Pó moderadamente grosso - aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo tamis com
abertura nominal de malha de 710 µm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura nominal de
malha de 250 µm.
Pó semifino - aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo tamis de abertura nominal
de malha de 355 µm e, no máximo, 40% pelo tamis com abertura nominal de malha de 180 µm.
Pó fino - aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal de
malha de 180 µm.
Pó finíssimo - aquele cujas partículas passam em sua totalidade pelo tamis com abertura nominal
de malha de 125 µm.
A granulometria é determinada com o auxílio de tamises operados por dispositivo mecânico. Este tipo de
dispositivo reproduz os movimentos horizontais e verticais da operação manual, através da ação mecânica
uniforme. Para utilizar este dispositivo, proceda da seguinte forma:
Separar, pelo menos, quatro tamises que estejam descritos na Tabela 1, de acordo com as características
da amostra. Montar o conjunto com o tamis de maior abertura sobre o de abertura menor. Colocar o
conjunto sobre o receptor de tamises.
Acionar o aparelho, por cerca de 15 minutos, com vibração adequada. Após o término deste tempo,
utilizando um pincel adequado, remover toda a amostra retida na superfície superior de cada malha para
um papel impermeável, e pesar o pó. Pesar também o pó retido no coletor.
em que P1 = peso da amostra retida em cada tamis (em gramas); P2 = soma dos pesos retidos em cada
tamis e no coletor (em gramas);
Mistura de pós
Mistura é uma operação que tem como objetivo tornar o mais homogênea possível uma
associação de vários produtos sólidos. Tem-se como resultado um material (mistura) onde a cada fração
ou dose, coletada ao acaso, contém os mesmos componentes nas mesmas proporções que a preparação
total.
A operação de mistura, entre dois ou mais componentes, estará completa quando a composição em
qualquer ponto do recipiente é igual a composição da amostra total. A uniformidade de uma mistura é
uma medida estatística de quanto uma composição real se desvia da média ideal e é obtido a través da
determinação do desvio padrão para uma série de amostras.
Na mistura de pós é necessário que suas partículas tenham movimentação livre uma em relação às outras.
Existem três mecanismos principais de mistura de pós:
Mistura por convecção: de acordo com o equipamento utilizado, a convecção poderá ocorrer por inversão
de uma camada de material sob ação dos aparatos de mistura (lâmina, pá, etc). Logo, haverá a
movimentação de grandes quantidades de material de uma parte a outra do leito de mistura (leito
pulvéreo).
Mistura por cisalhamento: como resultado das interações entre as partículas do material sólido, podem
ser formados planos de deslocamento. O movimento de planos de composições diferentes, um em
relação a outro (iniciado por convecção, por exemplo), irá resultar na mistura dos componentes. O mesmo
pode ocorrer em misturadores de alto cisalhamento ou de volteradura, nos quais a ação do misturados
leva a formação de gradientes de velocidade dentro do leito pulvéreo, fazendo com que uma camada
deslize sobre a outra.
Mistura por difusão (ou dispersão): quando um pó é forçado a deslizar, sofre uma dilatação, isto é, o
volume ocupado inicialmente pelo leito torna-se maior. As partículas individuais migram (difundem)
através do leito dilatado de pó (onde a capacidade de fluidez e dilatação dependem da força de coesão
das partículas), resultado em uma mistura aleatória.
Com relação ao comportamento da mistura, são observados 3 tipos de misturas :
Misturas positivas: resultam da combinação de materiais como gases e líquidos miscíveis, que se
misturam espontaneamente por difusão de forma espontânea e irreversível (mistura perfeita ou ideal).
Não é necessário o fornecimento de energia para obter uma mistura perfeita quando o tempo é infinito.
Entretanto, o fornecimento de energia irá reduzir significativamente o tempo necessário para a realização
desta operação.
Misturas negativas: são misturas onde se observa uma tendência à separação dos componentes, sendo
necessária a manutenção do fornecimento de energia para que os mesmos mantenham-se dispersos.
Misturas neutras: são preparações de comportamento estável, onde não é verificada a tendência à
mistura espontânea nem à segregação dos componentes (exemplos pós, pastas, ungüentos).
A mistura e incorporação de pós às formulações pode ser realizada de diferentes maneiras, de acordo
com os materiais envolvidos e a finalidade das preparações. Destaca-se a seguir alguns aspectos
importantes, como:
Diluição geométrica - é indicada para os casos em que os pós que compõem a formulação tenham
quantidades muito desiguais ou ainda sejam da mesma cor, dificultando a visualização da mistura.
Segundo a técnica da diluição geométrica deve-se adicionar o pó de menor quantidade a uma
aproximadamente igual quantidade do outro constituinte sólido, misturando-se até
homogeneização. Em seguida adiciona-se o próximo componente em volume também igual a este
resultante, homogeneizando-se novamente a mistura; procede-se assim, sucessivamente, até
alcançar-se o final da preparação.
Diluições decimais, centesimais e milesimais de drogas muito potentes (por exemplo, digitalina),
adicionamos um diluente (por exemplo, a lactose), e, com ajuda de um corante, pode-se visualizar a
homogeneidade da mistura; iniciamos colocando o princípio ativo em mistura com o corante,
adicionando-se, a seguir, quantidades crescentes do diluente, conforme descrito para a diluição
geométrica.
A levigação é utilizada para evitar a formação de "grumos" e promover melhor pulverização ou
homogeneização da mistura de um componente em multo pequena quantidade a ser incorporado
em determinada preparação. Representa a formação de uma suspensão - ou pasta - do pó em dos
componentes líquidos da formulação denominado agente de levigação - e em seguida sua adição
aos demais componentes, por espatulação ou homogeneização em gral. Como agentes de levigação
mais utilizados podem ser citados a glicerina e óleo mineral.
Misturas eutéticas: deve-se evitar a mistura de substâncias que, em contato, formem misturas
eutéticas e se liquefaçam, como ocorre na associação de cânfora com salicilato de fenila, e misturas
entre si de compostos como o mentol, fenol, cânfora, timol, aspirina etc. A incorporação de sólidos
absorventes, como carbonato de cálcio, carbonato de magnésio, óxido de magnésio, fosfato
tricálcico, lactose, pó de alcaçuz etc., reduz a possibilidade de instabilizar a preparação.
A adição de fases líquidas, como essências, tinturas, extratos vegetais etc., deve ser realizada
inicialmente sobre pós com maior capacidade de adsorção, como por exemplo, pela trituração com
carbonato de cálcio, caulim etc., e em seguida adicionados ao restante da formulação.
Utilização do gral de porcelana ou massa para a trituração e mistura dos pós traz como
inconveniente a possibilidade de adsorção dos componentes nas paredes porosas do gral, o que
pode ser evitado pelo uso do gral de vidro.
Misturadores mecânicos: Misturas de pós em grandes quantidades podem ser realizadas em
misturadores mecânicos, rotativos.
Reações explosivas podem resultar da trituração e mistura de alguns sólidos, como por exemplo, ao
misturar algumas substâncias oxidantes com outras redutoras. Entre as substâncias oxidantes e
redutoras que produzem reações explosivas citam-se os redutores açúcar, carvão, ferro em pó,
hipofosfitos, sulfuratos, taninos, em presença de clorato de potássio, oxidante; açúcar, enxofre ou
glicerol em presença de nitrato de potássio; sulfuretos em presença de permanganato de potássio;
hipofosfitos em presença de dicromato de potássio etc. Nestes casos os constituintes devem ser
pulverizados separadamente e misturados cuidadosamente, por espatulação, empregando espátula de
osso, após tamisação em malhas de musselina.
Deve-se ressaltar que a redução do tamanho das partículas promove o aumento considerável da
área superficial apresentada pela mesma massa do sólido. Isto, além de facilitar reações que podem
provocar degradações químicas, por exemplo, a oxidação, modifica suas propriedades organolépticas.
Serão acentuados, assim, o sabor e odor do produto; em relação à cor, o fenômeno é complexo, pois,
embora a aparência seja de clareamento no produto finamente pulverizado, sua capacidade
pigmentadora ou colorizante do produto onde foi adicionado pode ser aumentada, pela ocorrência de
maior área de contato existente.
Cuidados especiais devem ser observados durante os processos de pulverização e mistura de pós,
ainda mais rígidos nos casos de pós potentes e que apresentem ação terapêutica e tóxica. Deve-se evitar
a ingestão das partículas por inalação, treinando o operador para o uso de máscaras adequadas e filtros
de ar, capazes de reter partículas de todos os tamanhos, especialmente as mais finas, pois estas podem
depositar-se nas partes profundas das vias respiratórias, provocando diversos problemas de saúde ao
operador. Do mesmo modo as salas devem ser preferencialmente providas de filtros de ar, visando-se a
retenção das partículas e evitando-se sua eliminação ao meio ambiente.
Otimização das propriedades de fluxo: as propriedades de fluxo de pós são prejudicadas quando as
partículas apresentam diâmetros muito pequenos, formas irregulares e propriedades de superfícies
(forças de atração entre as partículas) intensas;
Menor volume ocupado: grânulos apresentam maior densidade que a mistura de pós, por isso ocupam
menor volume por unidade de peso;
A preparação dos granulados pode ser realizada basicamente por três maneiras:
granulação úmida, gra ou fusão (melt granolation)
Na granulação por via úmida, utiliza-se um líquido de umedecimento, geralmente água ou outros
solventes voláteis. A estes solventes, chamados aqui solventes de processo, podem ser adicionados
agentes aglutinantes. A solução/dispersão resultante é adicionada de maneira gradual à mistura seca
previamente tamisada e homogeneizada. Para garantir boa distribuição da solução de granulação à
mistura seca, o processo deve ocorrer sob agitação, de preferência utilizando misturadores que
promovam torque, agitação e cisalhamento, como misturadores planetários.
A substância aglutinante pode ser alternativamente adicionada parcial ou total à mistura de pós
seca. Em sequência a mistura é umedecida com o solvente de processo.
Secagem do granulado
É realizada em estufa de ar quente circulante, regulada em temperatura que varia entre 30 e 60ºC,
dependendo da labilidade dos compostos, ou pela aplicação dos outros métodos de secagem, como a
liofilização e “spray drying”.
Será feita, após sua secagem, através da passagem por tamises com abertura ligeiramente maiores do
que aquelas empregadas na granulação. Esta operação visa uniformizar o aspecto da forma farmacêutica
granulado. Os bastonetes muito longos que por ventura tenham se formado serão quebrados e
granulados muito pequenos, que podem ser considerados como pó grosso, ou muito pequenos, que
constituam pó fino, se estiverem em elevada proporção, devem ser separados e reprocessados, sendo
então regranulados.
Granulação pelo processo seco
Poderá ser realizada pela compressão dos pós ou posterior quebra ou fragmentação das formas
anteriormente obtidas. E o método mais frequentemente empregado como etapa intermediária na
obtenção das formas farmacêuticas comprimidos, pois exige equipamentos específicos, elevando
desnecessariamente o custo da produção de granulados.
Consiste no aquecimento, em geral entre 90 e 105ºC da mistura de pós, de modo a que os constituintes
se dissolvam parcialmente na sua água de cristalização ou amoleçam, por fusão, aglomerando-se assim,
entre si e aos pós restantes. A massa formada é, após homogeneização, forçada a passar através das
malhas de tamis ou crivos. O método tem emprego limitado, sendo empregado apenas para algumas
substâncias hidratadas ou misturas eutéticas que apresentem ponto de fusão superior à temperatura
ambiente.
Além da definição dos tamanhos das partículas sólidas é muito importante a caracterização dos pós e
granulados quanto aos aspectos reológicos e ao volume ocupado por unidade de massa. Estes parâmetros
são particularmente importantes tendo em vista os processos industriais de produção, que exigem
constância e rapidez nas operações, a fim de manter o ritmo de equipamentos industriais.
Ângulo de repouso é uma determinação que visa evidenciar propriedades de escoamento das partículas
sólidas. Este escoamento uniforme garantirá o perfeito funcionamento de máquinas de enchimento e
embalagem de pós e granulados, por exemplo, evitando-se a interrupção do processo. A melhora na
fluidez pode ser obtida, nos casos em que os produtos sólidos não apresentam boas propriedades
reológicas, pela adição de agentes lubrificantes, que favorecem o deslizamento das partículas.
Denomina-se "ângulo de repouso" o ângulo da base do cone formado pelo escoamento livre de uma certa
quantidade de material sólido sobre uma superfície lisa (mesa, bancada etc.). Este ângulo depende,
portanto, da força de fricção entre as partículas do pó ou granulado, e exprime-se pela equação seguinte,
que define o coeficiente de fricção .
A execução do experimento pode ser realizada fazendo-se escoar, de uma altura determinada, a partir de
um funil com abertura de orifício conhecida, quantidade determinada de pó ou granulado. Medindo-se a
altura do cone formado e o raio da base deste cone, calcula-se o valor da tangente deste ângulo
(coeficiente de fricção), e em seguida o valor do ângulo. Quanto pior o escoamento, mais alto será o cone
formado, significando maior aderência das partículas, e consequentemente maior o valor deste ângulo.
No intervalo de valores de ângulo entre 300 e 600 pode-se dizer que houve escoamento adequado. Abaixo
destes valores os pós provavelmente são muito pouco aderentes e acima destes, aderentes em excesso,
dificultando o escoamento livre e rápido das partículas. Recomenda-se a realização de um número
relativamente grande de experimentos, pelo menos de 10 a 20 repetições, a fim de os resultados médios
sejam estatisticamente representativos.
tg =
tg = h/r (2)
Observa-se que os valores de ângulo de repouso variam em função do tamanho das partículas. De modo
geral, em certo intervalo, há aumento no valor do ângulo de repouso de uma mesma substância pela
diminuição do tamanho da partícula; a definição da tenuidade das partículas e do tipo e quantidade de
agentes lubrificantes capazes de melhorar a reologia dos pós e granulados são, porém, observações que
devem ser realizadas para cada caso especial, não se podendo generalizar os comportamentos das
substâncias, que interagirão diferentemente, em função de suas características individuais.
A determinação do volume aparente dos pós e granulados é muito importante para a escolha dos
recipientes para seu acondicionamento e, especialmente, define a escolha das cápsulas que os conterão.
Ainda, quando for o caso, orientam a escolha do tipo e tamanho de matrizes e punções adequados à
produção de comprimidos.
Liofilização: através da liofilização a secagem do material ocorre pela sublimação da água, ou seja, ocorre
a passagem direta da água do estado sólido (obtido pelo congelamento) ao estado de vapor ou estado
gasoso (em presença de pressão reduzida a vácuo). O processo, também denominado criodessecação é,
em língua inglesa conhecido como "freeze-drying”.
Sólidos como o caulim, óxido de magnésio ou de zinco e talco resistem à esterilização realizada a seco,
pela exposição à temperatura de 140ºC durante 4 horas ou a 150ºC durante 1 hora. Para fármacos que se
alteram por este processo, em que as temperaturas são mais elevadas, como por exemplo, a
sulfanilamida, pode-se acondicionar o pó num tubo cilíndrico com as duas extremidades vedadas por
algodão e levado à autoclave (calor úmido), a 121ºC, e assim mantidos durante 30 minutos.
Os pós e granulados podem ser dispensados a granel ou subdivididos em doses individualizadas. Em todos
os casos deverá haver a preocupação com a proteção contra presença de umidade, da luz e calor.
Os pós a granel podem ser acondicionados em frascos de vidro, potes plásticos, ou caixas de papelão,
metal ou plástico, preferencialmente de "boca larga", de modo a facilitar a administração. Quando
se destinam ao uso interno (via oral), deverá haver indicação da posologia em colheres ou será
fornecida uma "colher-medida", geralmente de plástico. Os frascos devem ser bem cheios e
fechados, para melhor proteção contra o contato com partículas do ambiente, a influência do
oxigênio, dióxido de carbono, luz, umidade etc.
Os pós dispensados em doses individuais podem ser envoltos por papel impermeável, papel
celofane, papel aluminizado ou "sachês".
Papéis medicamentosos são formas de apresentação individualizada de pós, obtidas pelo invólucro
de modo adequado em papel impermeável - papel manteiga - de quantidades exatamente pesadas
da mistura preparada. A prescrição médica poderá descrever ou a quantidade total do medicamento
na forma de pó a ser subdividida por certo número de papéis ou a quantidade individual do pó a ser
incluído no papel, seguida do número total de papeis iguais a serem preparados. Os papéis, por sua
vez, serão embalados em caixas de papelão rotulados, descrevendo as indicações e demais
especificações do produto.
Pós efervescentes
Outros?
Pós e granulados são preparações farmacêuticas constituídas por fármacos e excipientes em forma sólida
de tamanho de partícula adequado que são misturados para produzir o produto final. Podem se apresentar
na forma de granel, quando foram manipulados e misturados , aguardando o fracionamento e pós
fracionados (produtos acabados) que são formulações semelhantes aos pós a granel, porém
acondicionados (em saches ou frascos para reconstituição) em doses unitárias. (Summers, 2005). Os
pós representam uma forma de administração direta ou destinam-se à obtenção de outras formas
farmacêuticas, como comprimidos , por exemplo. (Thompson, 2006).
De acordo com a Farmacopéia Brasileira 6ª edição: “Granulado É a forma farmacêutica
sólida contendo uma dose única de um ou mais princípios ativos, com ou sem
excipientes. Consiste de agregados sólidos e secos de volumes uniformes de partículas
de pó resistentes ao manuseio. Pó É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais
princípios ativos secos e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes.”
O emprego dos pós como forma farmacêutica apresenta vantagens. De maneira geral, os pós
administrados pela via oral, apresentam velocidade de dissolução mais rápida do que comprimidos ou
cápsulas, uma vez que estes precisam desintegrar-se antes para que o fármaco se dissolva. A absorção
de fármacos a partir de pós e grânulos é mais rápida, principalmente quando a velocidade de dissolução
é o fator limitante da absorção do ativo. Outra vantagem é que preparações sólidas são quimicamente
mais estáveis que as líquidas. Pós e grânulos também são convenientes para administrar altas doses de
fármacos. (Summers, 2005).
Devemos considerar o modo de produção de pós em escala industrial, que envolve operações
unitárias como mistura, transporte pneumático, alimentação através de funis, nesse sentido, as
características de fluxo destes materiais torna-se questão relevante e pode influenciar fortemente a
eficiência do processo industrial (Emery et al., 2009).
Os pós podem ter de fluxo livre, enquanto outros são coesivos e, portanto, não fluem tão
facilmente sendo
necessário recorrer à granulação para facilitar o fluxo e otimizar a produção em escala (Staniforth, 2005).
A fluidez depende de vários fatores como morfologia, tamanho e distribuição das partículas, densidade,
área e forças de superfície, umidade, presença de ativadores de fluxo, processo produtivo (Lavoie et al.,
2002; Staniforth, 2005) e composição química (Schulze, 2006).
O desenvolvimento de formas farmacêuticas sólidas depende fortemente das propriedades de
fluidez dos pós envolvidos no processo. A fluidez é de fundamental importância quando se tratar de
alimentação eficiente a partir de recipientes de armazenamento a granel ou funis para o mecanismo de
alimentação ou preenchimento de equipamentos. O fluxo adequado permite fracionamento de partículas
uniformes e uma relação de volume de massa constante, o que mantém a uniformidade de peso das
formas farmacêuticas sólidas. Além disso, uma boa fluidez pode garantir o preenchimento reprodutível
e distribuição eficiente dos pós na produção de formas farmacêuticas sólidas (Staniforth, 2005).
A produção de pós requer análise prévia e avaliação das principais características dos excipientes e
fármacos envolvidos no processo, dentre elas destacam a determinação da densidade dos componentes,
propriedades de fluxo e compatibilidade. O conhecimento dos princípios que
regem cada etapa de produção da forma farmacêutica pó e operações unitárias como pesagem, trituração,
mistura e acondicionamento, também são bastante relevantes.
As características da formulação, as mudanças provocadas pelos excipientes e fatores como uso de doses
muito altas ou baixas de fármacos, fluxo pobre, falta de lubrificação, aderência, higroscopicidade e falta
de uniformidade podem ser usados como ferramentas para proposta de formulações mais robustas.
Ou seja, a reação entre o par ácido-base vai ter início ainda dentro do
material de embalagem e consequentemente, aquando da sua
administração, o produto encontra-se alterado o que se pode caracterizar
por alterações nas propriedades organolépticas (como cor ou sabor) e
também pela redução da reação de efervescência. A sua instabilidade faz
com que a forma farmacêutica efervescente tenda a apresentar um
reduzido prazo de validade, além de exigir condições de fabrico /
embalagem diferenciados e dispendiosos. 1,2,16,21