Aula 12
Introdução
Cremos que a oração é um recurso indispensável para revitalizar nossa vida com
Deus e nos levar a experimentar crescimento e transformação em nossa vida
pessoal, em nossos lares e em nossas igrejas. A prática da oração é a arte de
entrar na presença de Deus e, por meio da fé, com base no sacrifício de Cristo,
falar com Deus.
A tão conhecida “Oração do Pai-Nosso” foi dada por Jesus para nos servir de
modelo, de orientação em nossas orações. Em Mateus 6:9 lemos “Vos orareis
assim...”, mostrando que esta deveria ser uma oração modelo. É preciso aqui
fazer uma advertência - Jesus não deu esta oração para ser simplesmente
1
BUNYAN, John. Um Tratado sobre a Oração. E-book. O Estandarte De Cristo.com. 2014. p.5
(acessado em 27/12/2016)
2
Em resposta à pergunta 88 do Catecismo Menor de Westminster: “Quais são os meios exteriores e
ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos da redenção? ”, lemos: “Os meios exteriores e
ordinários pelos quais Cristo nos comunica as bênçãos são as suas ordenanças, especialmente a Palavra, os
sacramentos e a oração, os quais todos se tornam eficazes aos eleitos para a salvação. ”
Revitalizando nossa vida de oração 2
repetida, mas para servir de bússola para nos orientar nas prioridades que
devem fazer parte de nossa vida de oração.3 No entanto, como disse Timothy
Keller, a Oração do Pai Nosso é um recurso subutilizado, em parte por ser
familiar demais.4 Na aula de hoje vamos estudar essa “oração modelo” e
aprender o que ela significa em nossa comunhão com Deus.
Antes de nos ensinar as seis petições da sua oração, nos versos 5 a 8 de Mateus
6, Jesus apresenta a maneira errada e a certa de orar.
b) Cuidado com a oração mecânica: O segundo alerta que Jesus faz está
no verso 7 é que devemos evitar a oração mecânica, repleta de repetições.
“E orando não useis de vãs repetições, como fazem os gentios, que
presumem que pelo muito falar, serão ouvidos”. Jesus está proibindo
qualquer tipo de oração com a boca, quando a mente e coração não estão
participando.
Agora, em relação à maneira correta de orar, Jesus nos ensina que devemos ter
em mente alguns princípios:
3
R.C. Sproul, Discípulos Hoje. Editora Cultura Cristã. São Paulo. 2008. pg. 94
4
KELLER, Timothy. Oração – experimentando intimidade com Deus. Edições Vida Nova. São Paulo.
2016. p.118
Revitalizando nossa vida de oração 3
De nada adianta entrar no quarto, fechar a porta, se a todo tempo, estou cheio
de mim mesmo, pensando em meu próprio eu, orgulhando-me de minhas
orações. Com igual razão eu poderia estar orando nas ruas e praças5.
1) Pai nosso que estás no céu – v. 9 - "Que estás no céu" abre a oração
modelo lembrando-nos da sua infinita perfeição e da nossa imperfeição e o
abismo que nos separa. Devemos sim, nos aproximar de Deus como Pai, com
intimidade, mas com toda reverência, pois há um elemento de separação entre
nós e Deus. Devemos chegar a Deus com ousadia, porém nunca com arrogância
e pretensão. “Que estás no céu” serve para observar o seguinte: Quando
oramos, devemos lembrar quem somos e a quem estamos nos dirigindo 6. Mas
também, chamar Deus de Pai, nos lembra da nossa posição em Cristo.7
Ninguém pode chamar Deus de pai a menos que esteja certo de sua filiação pela
graça a família da fé.
5
John Stott, A Mensagem do Sermão do Monte. Editora ABU. São José dos Campos. 1997 p. 147
6
R.C. Sproul, Discípulos Hoje, pg. 98
7
KELLER, Timothy. Oração – experimentando intimidade com Deus. Edições Vida Nova. São Paulo.
2016. P.119
Revitalizando nossa vida de oração 4
Assim que Pedro e João foram soltos, dirigiram-se aos irmãos e promoveram
uma reunião de oração (At 4.23,24). Se intencional ou não, a igreja seguiu o
padrão da oração do Pai Nosso. Podemos perceber que a oração de Atos 4.23-
31 tem duas grandes divisões: 1ª.) O centro da oração é a pessoa de Deus. O
que eles dizem na sua oração salienta um dos propósitos mais importantes da
oração – glorificar a Deus; 2ª.) Na segunda divisão eles apresentam suas
necessidades.
1.1. Santificado seja teu nome. O nome para o judeu representa a pessoa que
o usa, o seu caráter e a sua atividade. (João 17.1-5; 12.27,28; Sl 115.1).
1.2. Venha a nós o teu Reino. Orar que o seu reino "venha" é orar que ele
cresça à medida que as pessoas se submetam a Jesus através do testemunho
da Igreja, e que logo ele seja consumado com a volta de Jesus em glória para
assumir o seu poder e o seu reino. Estamos na oração “Venha o teu Reino”,
fazendo uma oração missionária. Estamos desejando que o evangelho tenha
sucesso alcançando homens e mulheres, tirando-os do domínio do pecado e do
reino das trevas, para o Reino de Deus (I Co 15:24-28; II Co 4:3-5 ).
1.3. Seja feita tua vontade. A vontade de Deus é "boa, aceitável e perfeita" (Rm
12.2; Mt 26.39 – Jesus no Getsêmane). “Assim na terra como no céu”. O que
8
John R.W. Stott, A Mensagem do Sermão do Monte, ABU Editora, p. 150
Revitalizando nossa vida de oração 5
Jesus nos incita a orar é que a vida na terra se aproxime o mais possível da vida
no céu, pois a expressão na terra como no céu parece aplicar-se igualmente à
santificação do nome de Deus, à propagação do seu reino e à consumação da
sua vontade.
1.1.O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje. O pão (mais simples de todos
os alimentos) representa também que devemos pedir por aquelas coisas
que precisamos para vivermos uma vida saudável, as coisas necessárias.
Esta oração não autoriza a pedirmos coisas para uma vida de luxo e
extravagâncias. O contentamento na vida não é adquirido através dos
bens que possuímos, mas por uma vida submissa a Deus. (Fl. 4: 11).
É sempre uma tragédia para a vida cristã e para a nossa comunhão com Deus
quando caímos em tentação. Por isso, nosso Senhor, na sua oração modelo nos
ensina a orar para não cairmos em tentação. Tentar é induzir ao pecado com o
objetivo de: nos enfraquecer, nos afastar de Deus, nos entristecer, roubar nossa
alegria cristã e gerar endurecimento em nosso coração, dentre outras coisas. A
tentação é universal e inevitável. Todos, sem exceção, em todo o lugar, passam
pelo crivo da tentação (João 17.15).
O melhor dos santos pode ser tentado pelo pior dos pecados. Por isso, não
devemos estimular, mas também não podemos ignorar esta realidade. Ser
tentado não é pecado. O cair é. “Não vos sobreveio tentação que não fosse
humana” (cf. 1Co 10.13). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não
caia” (cf. 1Co 10.12).
Revitalizando nossa vida de oração 7
Quais são algumas áreas de sua vida em que você precisa estar mais atento,
vigiando em oração para não cair diante das tentações?
"Não permitas que sejamos induzidos à tentação que nos possa derrotar,
mas livra-nos do maligno". Assim, por trás dessas palavras que Jesus nos deu
para orar, encontramos a implicação de que o diabo é o tentador. Satanás nos
tenta em momentos oportunos, quando estamos mais vulneráveis. Devemos nos
lembrar de que um dos momentos em que Jesus foi tentado foi quando estava
com fome. Satanás tenta nos momentos de carência, necessidade, onde
podemos estar mais fragilizados. Satanás pode se aproveitar de algum momento
oportuno (Lucas 4.13).
Jesus foi tentado também quando estava só. Nestes momentos, somos mais
tentados. Após um momento de auge espiritual, tendemos a “baixar a guarda”.
Quando estamos debilitados, o inimigo sempre tentará no ponto fraco. Quando
estamos sós, somos mais tentados ainda, pois ninguém está vendo. Satanás
sabe qual é a área em que você será mais fácil de ser tentado.
Conclusão e aplicação