1 Considere um corpo em movimento retilíneo numa superfície horizontal. Refira o tipo de movimento
que tem o corpo quando sujeito:
a) a uma resultante de forças não nula constante;
Movimento retilíneo uniformemente variado. Se a força resultante tiver o sentido do movimento,
a velocidade do corpo aumenta na direção e no sentido do movimento, e este move-se com movimento
retilíneo uniformemente acelerado. Se a força resultante tiver sentido oposto ao do movimento,
a velocidade do corpo diminui na direção e no sentido do movimento, e este move-se com
movimento retilíneo uniformemente retardado.
b) a uma resultante de forças nula.
Movimento retilíneo uniforme. De acordo com a Lei da Inércia, quando a resultante das forças que
atuam no carrinho é nula, a velocidade deverá manter-se constante, em relação a um referencial.
2 A figura representa um carrinho em movimento numa superfície horizontal, puxado por um fio
que tem suspendido um corpo, C, que cai na vertical até embater no solo. A superfície foi polida
para que o atrito entre a superfície de apoio e o carrinho seja desprezável.
0 xC
x/m
u2p89h2
000724 233-269 RAL.indd 243 18/03/16 12:41
Parte
4
2.1 reproduza a figura no seu caderno e trace os vetores que possam representar as forças que atuam
nos corpos nas situações descritas.
NOTA: tenha em atenção o tamanho relativo dos vetores que representam essas forças.
Relatórios das atividades laboratoriais
Educateca_AL12_P2h1
N
T
Educateca_AL12_P2h2
Educateca_AL12_P2h3
P
2.2 Considere o referencial da figura e represente os vetores aceleração e velocidade em três instantes
distintos: quando o fio está sob tensão; quando o carrinho se encontra na posição xc (instante
imediatamente anterior ao corpo C entrar em contacto com o solo); e após o fio deixar de estar
em tensão.
NOTA: admita que pode aplicar o modelo da partícula material; tenha em atenção o tamanho relativo
Educateca_AL12_P2h4
dos vetores.
0 x1 xC x2
x/m
a1 aC a2 = 0 a1 = aC
a2 = 0
v1 vC v2
v1 < vC = v2
Educateca_AL12_P2h5
4
2.3 Identifique, justificando, os dois tipos de movimento adquirido pelo carrinho ao longo do percurso
considerado, antes e após a colisão do corpo suspenso com o solo.
Antes de o corpo suspenso colidir com o solo, o tipo do movimento do carrinho é uniformemente
t/s t/s
t/s
t/s
Opção C.
u2p90h3
Antes de o corpo suspenso colidir com o solo, o tipo do movimento dou2p90h4
carrinho é uniformemente
acelerado (a velocidade do carrinho aumenta linearmente com o tempo).
Depois de o corpo suspenso embater no solo, a força resultante a atuar no carrinho é nula
e a velocidade deverá manter-se constante. O movimento do carrinho a partir desse instante
deverá ser retilíneo uniforme.
Um método para estudar o movimento de um corpo quando sujeito a uma força resultante não nula
e nula resulta da montagem experimental representada na figura.
Um carrinho é colocado sobre uma calha horizontal, ligado por um fio que tem um corpo suspenso, C,
que cai na vertical. Utiliza-se uma célula fotoelétrica ligada a um cronómetro digital, que será
colocada em diferentes posições do percurso. No cronómetro digital é registado o tempo que demora
um pino acoplado ao carrinho a atravessar a célula e o tempo que demora o carrinho a percorrer
a distância considerada.
4
Relatórios das atividades laboratoriais
xi xC
4
3.1 refira a razão pela qual se deve utilizar uma mesa polida.
Para que o atrito entre o carrinho e a mesa/calha possa ser minimizado e, se possível, desprezado
no estudo do movimento.
• Mesa polida (ou calha)
• Cronómetro digital + duas células fotoelétricas
Em alternativa: Sistema de aquisição automático de dados
• Carrinho
• Fio
• Roldana fixa
• Corpo de metal
• Suporte universal + garras
4
Tabela 1 Caracterização dos instrumentos de medida
ApARELhOs DE mEDIDA
Craveira* Cronómetro digital
Relatórios das atividades laboratoriais
Dtmovimento Dtpassagem
Grandeza física Largura
(entre as células a e B) (pela célula B)
Menor divisão de leitura/unidade 0,02 mm 0,01 ms 1 ns
Digital/analógico analógico Digital
Incerteza absoluta de leitura/unidade ! 0,02 mm ! 0,01 ms !1 ns
* NOta: a craveira analógica é uma exceção aos instrumentos analógicos; a incerteza absoluta de leitura coincide com a menor divisão
do nónio.
Tabela 2 registo das medições diretas e indiretas que permitem construir o gráfico velocidade-tempo para análise
do movimento
Dtpassagem d máximo d máximo
Dtpassagem médio Dtmovimento Dtmovimento médio
ensaio # 10-3 |Dtpassagem médio - Dti| |Dtmov. médio - Dti| v/m s-1
# 10 /s -3
! 1 # 10 /s
-4
/s
! 1 # 10-6/s # 10-3/s /s
9,995 0,6106
1 9,895 9,963 0,068 0,5920 0,5969 0,0137 0,124
9,999 0,5880
6,678 0,9127
2 6,656 6,657 0,021 0,8848 0,9006 0,0158 0,186
6,637 0,9044
5,525 1,1260
3 5,379 5,423 0,102 1,1363 1,1420 0,0217 0,229
5,365 1,1637
4,599 1,3558
4 4,618 4,613 0,014 1,3368 1,3431 0,0127 0,269
4,621 1,3366
4,114 1,5083
5 4,225 4,184 0,070 1,5130 1,5157 0,0102 0,296
4,214 1,5259
3,812 1,6675
6 3,750 3,784 0,034 1,7184 1,6875 0,0309 0,328
3,791 1,6767
3,515 1,8324
7 3,505 3,514 0,009 1,8905 1,8424 0,0481 0,353
3,523 1,8042
8
3,545
3,543 3,540 0,007
1,9898
1,9879 1,9797 0,0182 0,350
4
v /m s-1
0,400
0,350
0,300
0,250
0,200
0,150
0,100
0,050
5 Infira se, nas condições experimentais, se observam as previsões do modelo teórico, confrontando-as
com os pontos de vista de Aristóteles, Galileu e Newton acerca do movimento dos corpos.
SUGESTÃO: Pesquise sobre as conceções de Aristóteles, Galileu e Newton acerca do movimento dos corpos;
relacione o tipo de movimento com a resultante das forças que atuam no carrinho.
Aristóteles considerava que um corpo só permaneceria em movimento se sobre ele atuasse continuamente
uma força.
Galileu percebeu que ao empurrar um corpo existia uma força de oposição ao movimento designada por
força de atrito. Galileu, contrariamente a Aristóteles, percecionou, através de uma série de experiências
idealizadas, que na ausência de qualquer força atuante sobre um corpo este manteria eternamente a sua
velocidade, ou seja, permaneceria em repouso quando em repouso ou continuaria com movimento
retilíneo uniforme caso estivesse em movimento (Princípio da Inércia).
Com Newton, bom conhecedor dos trabalhos de Galileu, o Princípio da Inércia passou à formulação
de lei (Lei da Inércia), uma vez que Newton através daquele princípio derivaria várias consequências
que confirmou amplamente pela experiência. Newton desenvolveu ainda mais o estudo dos movimentos,
tendo consolidado o conceito de força e formulando mais duas leis (a 2.ª e 3.ª Leis de Newton), que
viriam juntamente com a Lei da Inércia (1.ª Lei de Newton) a formar um todo coerente na interpretação
dos movimentos mais comuns dos corpos à superfície da Terra.
Os resultados experimentais obtidos comprovam que num primeiro intervalo de tempo a velocidade
do carrinho varia, logo, o corpo sofre uma aceleração. Como a velocidade aumenta do mesmo valor para
intervalos de tempo iguais, então, a aceleração é constante. Assim, de acordo com a 2.ª Lei de Newton,
a resultante das forças não é nula, entre o instante inicial e o instante em que o corpo suspenso embate no
solo, e é constante. Se o atrito puder ser desprezado, as forças a atuar no carrinho são a força de reação
normal, o peso e a tensão exercida pelo fio. A força resultante é igual à força de tensão que atua no sentido
do movimento do carrinho e é constante. O carrinho tem movimento retilíneo uniformemente acelerado.
Num segundo intervalo de tempo, a partir do instante em que o corpo suspenso atinge o solo, e se as
forças de atrito forem minimizadas ao ponto de poderem ser desprezadas, não há variação de velocidade,
o movimento é retilíneo e uniforme. Analisando as forças que atuam no corpo, sabe-se que a força
de tensão deixa de atuar no instante em que o corpo suspenso atinge o solo; as únicas forças a atuar no
carrinho são a força de reação normal e o peso, que se anulam. Conclui-se que a resultante das forças
é nula. Experimentalmente, verifica-se que, a partir do instante em que o corpo suspenso atinge o solo
e nas condições de as forças de atrito poderem ser desprezadas, o carrinho continua em movimento,
apesar de a resultante das forças ser nula, e que a sua velocidade é constante. Este resultado experimental
está de acordo com o Princípio de Inércia de Galileu e, consequentemente, com a Primeira Lei de Newton,
e em total desacordo com a conceção de Aristóteles sobre o movimento.
6 Diga de que modo os resultados experimentais obtidos permitem prever qual é o movimento
que a bola adquire, quando é abandonada no topo do plano inclinado e segue a trajetória descrita
na figura.
4
Tendo por base os resultados experimentais e a sua análise, poderemos inferir que durante o movimento
da bola no plano inclinado a velocidade da mesma deverá aumentar, estando, assim, sujeita a uma aceleração.
De acordo com a 2.ª Lei de Newton, a resultante das forças não é nula. Neste caso, a força de reação normal
7 Elabore um relatório (ou síntese, oralmente ou por escrito, ou noutros formatos) sobre a atividade
laboratorial realizada.
Parte IV Saber +
Na figura está esquematizada uma experiência idealizada por Galileu para contrariar as ideias
de Aristóteles sobre a necessidade de existir permanentemente uma força para que um corpo permaneça
em movimento. Galileu idealizou duas rampas unidas entre si, onde colocaria em movimento uma
bola. Uma das rampas tinha uma inclinação fixa; a inclinação da segunda rampa poderia ser alterada.
Na rampa de inclinação fixa era abandonada, a uma dada altura, h, uma bola que desceria essa rampa
para depois subir a segunda rampa até parar, podendo atingir a altura inicial em condições ideais,
ou seja, numa realidade sem atrito. Diminuindo a inclinação da segunda rampa, até que esta ficasse
na horizontal, a distância percorrida pela bola nesta rampa seria cada vez maior.
1 Refira, justificando, em que medida esta experiência pode contrariar as ideias de Aristóteles
sobre o movimento dos corpos.
4 N
Relatórios das atividades laboratoriais
Px
v
Py
Ao subir a segunda rampa, a velocidade da bola vai diminuindo até se anular. A força resultante
(a componente do peso Px) é constante e tem sentido oposto ao do movimento. A aceleração é constante,
no sentido oposto ao do movimento, e a bola tem movimento retilíneo uniformemente retardado.
Educateca_AL12_P11h1
N
Px
v
Py
A bola, ao ser abandonada à altura h, na primeira rampa, subirá na segunda rampa até uma altura igual
à inicial, pois na ausência de atrito não há dissipação de energia mecânica.
À medida que a inclinação da segunda rampa diminui, a distância percorrida pela bola sobre a rampa
é cada vez maior, na procura de atingir a mesma altura inicial. Quando a segunda rampa está na
Educateca_AL12_P11h2
horizontal, a força resultante é nula, pois o peso e a força de reação normal são vetores simétricos
e de igual intensidade. A bola continuará em movimento retilíneo, com a velocidade com que atinge
a base do plano inclinado (a força resultante é nula).