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Guilherme Mucelin
Mestrando em Direito do Consumidor e Concorrencial pela UFRGS. Especialista em
Direito Comparado Francês e Europeu dos Contratos e do Consumo pela Université de
Savoie Mont Blanc/França. Especialista em Direito do Consumidor e Direitos
Fundamentais e em Direito Internacional Público e Privado pela UFRGS. Membro dos
grupos de pesquisa CNPq Direito Privado e Acesso ao Mercado e Mercosul, Direito do
Consumidor e Globalização. Coordenador Acadêmico do Grupo de Estudos em Direito do
Consumidor e Globalização – NUDECON-UFRGS. Bolsista CAPES. mucelin27@gmail.com.
Keywords: Sharing economy – New consumer roles – New supplier roles – New
consumption relationship structure
Loucos são apenas os significados não compartilhados.
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Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
1 Introdução
Para tanto, iniciamos com uma reflexão a respeito da relevância da temática para a
economia e a sua expansão, bem como as delimitações conceituais de consumo
compartilhado. Em um segundo momento, analisamos o funcionamento e os princípios
que envolvem esse modelo de consumo sui generis, para que possamos compreender as
interações entre os consumidores, os fornecedores e os demais agentes que estão
inseridos na relação. Por fim, analisaremos os elementos da pós-modernidade e sua
interação com a mudança estrutural que está ocorrendo na própria relação de consumo
por meio dos arranjos compartilhados, de forma a identificar uma nova maneira
elucidativa de categorizar a cadeia de fornecimento.
O modelo comercial de consumo compartilhado foi definido por Claudia Lima Marques
como “um sistema ‘negocial’ de consumo (collaborative consumption), no qual as
pessoas alugam, usam, trocam, doam, emprestam e compartilham bens, serviços,
recursos ou commodities, de propriedade sua, geralmente com a ajuda de aplicativos e
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tecnologia online” , de forma que se materializam como “relações de confiança,
geralmente contratuais, a maioria onerosa [...], sendo gratuito o uso do aplicativo, mas
11
paga uma porcentagem do ‘contratado’ ao guardião da tecnologia online” .
Bruno Miragem conceitua o termo como sendo “novos modelos de negócio não mais
concentrados na aquisição da propriedade de bens e na formação de patrimônio
individual, mas no uso em comum – por várias pessoas interessadas – das utilidades
oferecidas por um mesmo bem”, que dá conta “de uma redução de custos e otimização
dos recursos em razão do compartilhamento”, comportando também uma interpretação
cultural, já que “se identifica neste novo modelo favorecido pela Internet uma genuína
12
inspiração de reação ao consumismo e adesão ao consumo sustentável” .
Fala-se nesse renovado consumir como redefinido pela internet porque o consumo
compartilhado, em verdade, não é novo. Sustenta-se, inclusive, que esse tipo de
movimento cultural é a gênese do comércio e do consumo primitivo. Já em 1978, o
fenômeno começou a ganhar atenção por Felson e Paeth, que analisavam eventos de
consumo em pequena escala, delimitados espaço-temporalmente, tendo a colaboração
13
como cerne de uma relação entre pessoas próximas . Para esses autores, quando
pessoas vendiam seus itens em garagens ou vizinhos dividiam uma cerveja, por
exemplo, já havia o que denominaram, pela primeira vez na literatura, consumo
colaborativo.
cuja origem remonta aos Estados Unidos, após o colapso da bolha especulativa no
mercado imobiliário devido à falência do banco doméstico de investimentos Lehman
Brothers. A quebra da instituição foi o primeiro passo para que a crise tomasse
16
proporções internacionais, já que a arquitetura financeira internacional é
extremamente interligada e interdependente, com reflexos quase que na totalidade dos
17
países do globo, ocasionando uma “evaporação do crédito” , afetando principalmente o
18
mercado de consumo .
Lamberton critica essa renovada forma de consumir, afirmando que ela, em verdade,
não existe, porque, da maneira como se apresenta hoje no mercado de consumo, é
24
somente mais um tipo de produto comercializado . Até mesmo chega a depreciar esse
fenômeno ao estabelecer que é apenas uma moda, uma fase pós-crise, que desacelerará
e desaparecerá, voltando, mais uma vez, o capitalismo feroz e os arranjos tradicionais
25
de consumo a ser dominantes .
Uma pesquisa realizada pela European Consumer Organization contou com 2.420
pessoas entrevistadas, em quatro países, e apurou que 85% dos entrevistados na
Bélgica estão familiarizadas ou já se utilizaram do consumo compartilhado; em Portugal
e na Espanha, o índice foi de 74%; e, na Itália, 62% das pessoas aderiram a esse
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modelo de consumo . Nos Estados Unidos, a PricewaterhouseCoopers fez o mesmo
levantamento, apontando que 44% da população utiliza habitualmente o consumo
30
compartilhado .
35
do store in store , que é literalmente uma loja dentro de uma loja, de forma a
compartilhar os custos de manutenção.
De acordo com um levantamento feito pela Mesh Directory, no ano de 2014 existiam
mais de 9.000 plataformas colaborativas, e seu valor era aproximadamente US$ 15
bilhões; em 2015, as plataformas valiam US$ 29 bilhões, e estima-se que, para o ano de
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2025, o montante chegue a US$ 335 bilhões . Esses dados apresentados demonstram
que o consumo compartilhado não é irrelevante aos cenários econômico, social e
jurídico, tampouco se trata apenas de um estilo de vida irrelevante.
Para que se compreenda a nova relação jurídica de consumo compartilhado, bem como
se fundamente a crítica à denominação “cadeia de fornecimento”, sem que se configure
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em mera retórica , neste capítulo serão analisados os sistemas do consumo
compartilhado e os princípios que sustentam essa dinâmica, para, então, analisar os
integrantes desse renovado consumir.
Por último, os estilos de vida colaborativos são marcados pela troca ou partilha de ativos
intangíveis, como tempo, espaço, habilidades e dinheiro, incluindo aqui os conceitos de
45 46 47 48 49
crowdsourcing , crowdfunding , crowdlearning , couchsurfing e coworking .
É vital a massa crítica para esse consumir em dois pontos: primeiro, no que diz respeito
à escolha e, segundo, no que toca à atração de novos usuários. O ato de consumir está
fortemente relacionado com o ato de fazer compras e escolher entre uma enorme
variedade de produtos e serviços. Para que o consumo compartilhado possa competir
com os modelos tradicionais de consumo, deve haver tantas ou mais opções de escolha
55
e de preços para que o consumidor se sinta satisfeito e, assim, repita sua ação . Não
existe um ponto preciso que defina quando determinadas ações atingirão a massa
crítica, já que vai depender do contexto, das necessidades e das expectativas dos
consumidores, de forma que o sistema só será bem-sucedido se as pessoas tiverem
efeitos satisfatórios com suas escolhas, sob pena de insucesso.
Esse princípio é facilmente observado em produtos físicos, mas a eles não se restringe.
Ativos menos tangíveis também possuem capacidade excedente, como tempo,
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economia do compartilhamento
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habilidades, espaço, dinheiro e até mesmo commodities, como a eletricidade . Por si só,
contudo, a capacidade excedente não passa de um valor latente, pois o valor real resulta
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de sua utilização . E é por isso que as plataformas desenvolvidas ganham tamanha
relevância: além de conectar os pares, elas identificam e disponibilizam essa capacidade
excedente de forma aberta (todos têm acesso) ou de forma fechada (alguns têm
acesso), sendo a maneira de tratá-la – a capacidade excedente – essencial ao
funcionamento do sistema.
O terceiro princípio pertine à crença nos bens comuns, que é um “termo aplicado a
recursos que pertencem a todos nós, remonta aos romanos, que definiram determinadas
65
coisas como res publica (que significa “coisas reservadas para o uso público”) , como
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parques, estradas e prédios públicos” , e também “res communis (que significa “coisas
comuns a todos”), como o ar, a água e a vida selvagem, assim como a cultura, os
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idiomas e o conhecimento público” .
Como se verá adiante, um dos papéis principais das plataformas – que, adianta-se, não
são meros intermediários – é criar ferramentas e um ambiente propício para que se
desenvolva familiaridade e confiança, tanto no que diz respeito à prestação em si quanto
72
no tocante aos deveres de lealdade, boa-fé e proteção das expectativas legítimas . Para
as relações de consumo compartilhado, confiança ganha um renovado preenchimento de
conteúdo semântico e de dinâmica, já que ultrapassa a desconfiança normalmente posta
no comércio eletrônico tradicionalmente conhecido, continuando, contudo, a conquista
73
da confiança sendo a chave do sucesso para esse novo comércio eletrônico
pós-moderno.
74
ativos fechados . Esse princípio está relacionado à maneira de utilização da capacidade
excedente por parte das plataformas, que, de certa forma, organizam essa utilidade em
potencial para comercializá-la. Assim, as plataformas poderão dar três tratamentos
distintos aos ativos (aqui entendidos bens tangíveis, intangíveis e commodities) não
usados na totalidade de sua potencialidade: decomposição, agregação e abertura.
A abertura significa disponibilizar esses ativos aos usuários de forma geral. A plataforma
aberta não só oferece a eficiência dos portais de acesso, mas também possibilita a
criação de um novo valor com base nos ativos preexistentes, portanto, são ditas
78
gerativas . Sua estrutura é extremamente minimalista e frugal, devendo haver somente
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o suficiente para organizar o ativo e nada mais. Na era da informação , é muito comum
que as plataformas abertas sejam também plataformas de dados, a exemplo do Waze ou
do Google Maps, que abrem sua base de dados para colaboração e compartilhamento
entre pares. Assim, “quanto menos rígida e estruturada a plataforma, maior é a
80
inovação. Mais estrutura produz menos variação” .
Em outras palavras, “os ativos abertos proporcionam mais valor do que os ativos
fechados por serem utilizados com mais eficiência e por nos permitirem descobrir
81
continuamente novas e valiosas utilizações” . De tal modo, quanto mais abertos forem
os ativos, assim determinados pela estrutura da plataforma, maior é a acessibilidade e a
possibilidade de criação de novos e melhores produtos e serviços aos consumidores.
Apesar de não haver uma definição rígida de consumo compartilhado, podendo ser
93
definido por vários parâmetros , como a prioridade do acesso, a viabilização por
plataformas digitais, o sentimento de altruísmo, a aderência ao consumo sustentável e a
aversão ao capitalismo, a depender da área do conhecimento humano, importa observar
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economia do compartilhamento
que, nessa relação, o consumidor sempre exercerá dois papéis, que são também
provenientes de uma virada da visão econômica sobre o consumo.
A era digital e a expansão das redes sociais impactaram diretamente nas definições
econômicas de consumidor, por enxergá-lo de forma diferente. Antes, o consumidor era
visto como um elemento passivo do mercado de consumo, de forma que a oferta era
baseada na tentativa de criar e adivinhar os desejos dos indivíduos, “empurrando” o
94
escoamento de bens e serviços, o que se denomina de push-economy .
O termo foi criado por Alvin Tofler, em 1980, na sua obra A terceira onda, quando
100
analisava as separações e interações entre consumo e produção , denominando casa
fase de onda. A primeira diz respeito a um período anterior à industrialização, quando
consumo e produção não eram rigidamente separados, embora já existissem contornos
característicos de cada um. A segunda onda se deu com a separação diametral dessas
funções em sociedades já industrializadas, fazendo nascer as noções antagônicas, mas
complementares, de consumidor e de fornecedor que imperam, embora com menor
força, ainda hoje. Na visão do autor, a sociedade contemporânea não conta como forma
principal de economia nem a produção nem o consumo, mas, sim, o prossumo, que
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simboliza a fundição desses conceitos, de forma a caracterizar a terceira onda .
O consumo clássico contrasta com esse panorama porque se caracteriza por ser uma
cadeia de fornecimento de recursos unidirecional que envolve consumidores passivos
(consumidores-usuários somente), aos quais não é possível ter alguma ingerência no
fornecimento (portanto nunca consumidores-provedores), tampouco de produzir seus
bens (jamais prossumidores), limitando o papel de consumidor à aquisição de produtos e
serviços baseado em uma lógica de consumidor-comprador-destruidor.
Para que a sharing economy de escala se estabelecesse e, com isso, ganhasse espaço na
economia mundial, foi preciso uma força motriz que alavancasse e identificasse os ativos
não utilizados em sua potencialidade e garantisse, de alguma forma, a confiança entre
estranhos. Para tanto, são necessários consideráveis investimentos de tempo, talento e
dinheiro – atributos e ativos-chave de grandes entidades organizadas, empresas e
104
instituições que constituem a parte Inc .
Tais plataformas tratam aqui justamente dos gatekeepers, que são o locus onde a
economia do compartilhamento acontece, sem o qual não haveria nenhuma relação de
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consumo – por essa razão, prefere-se referir-lhes como viabilizadores de determinado
modelo de negócio, e não como intermediadores, já que o uso da segunda expressão
109
poderia passar a errônea ideia de que a plataforma seria um mero anúncio ou terceiro
, não fazendo parte dessa relação jurídica, o que não condiz com essa nova dinâmica.
110
estabelece um ambiente de confiança entre os pares . Dessa maneira, as plataformas
exercem controle razoável sobre o que os participantes podem fazer ou não e
geralmente impõem muitas exigências aos Peers para que possam começar a fazer uso
de do serviço oferecido pelo portal, como o preenchimento de cadastros, apresentação
de atestados de antecedentes criminais e apresentação de fotos de acomodações, por
111
exemplo .
Por esses motivos, o gatekeeper não é aquele que somente intermedeia um negócio,
mas, sim, quem o torna possível e estruturado, de forma a fazer com que mais pares
adiram a esse modelo de consumo. Isso tem implicação direta na qualificação da relação
como sendo de consumo e, assim, atrai a incidência do Código de Defesa do Consumidor
a uma relação que, a priori, seria puramente civil, já que se baseia entre dois “iguais”,
isto é, dois consumidores, (aparentemente) sem a presença de um fornecedor
organizado profissionalmente.
Em outras palavras, estas relações que são de consumo, apesar de poderem estar sendo
realizadas entre duas pessoas leigas e não em forma profissional, deixam-se contaminar
por este outro fornecedor, o fornecedor principal da economia do compartilhamento, que
é organizada e remunerada: o guardião do acesso, o gatekeeper. Isto é, eu só posso
contactar esta pessoa que vai me alugar sua casa ou sofá por uma semana, se usar
aquele famoso aplicativo ou site, só posso conseguir rapidamente um transporte
executivo, se tiver aquele outro aplicativo em meu celular etc. O guardião do acesso
realmente é aquele que abre a porta do negócio de consumo, que muitas vezes ele não
realiza, mas intermedeia e por vezes coordena mesmo o pagamento (paypal, e
eventualmente, os seguros etc.), como incentivos de confiança para ambos os leigos
113
envolvidos no negócio.
toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
114
produtos ou prestação de serviços .
115 116
Do mesmo modo, o artigo 5º , combinado com o artigo 15 , ambos da Lei
12.965/2014 (LGL\2014\3339), o Marco Civil da Internet, coloca que tais plataformas se
enquadram indistintamente como provedores de aplicação de internet, exigindo que se
constituam na forma de pessoa jurídica, exerçam atividade de forma organizada,
117
profissionalmente e com fins econômicos .
Por esses motivos, mesmo que o consumo compartilhado possa se dar entre pares
off-line, esses sujeitos têm preferência por utilizar as plataformas, que informam,
viabilizam e regulam a relação a que vão aderir, já que o gatekeeper “assume o dever,
ao oferecer o serviço de intermediação ou aproximação, de garantir a segurança do
modelo do negócio, despertando a confiança geral ao torná-lo disponível pela Internet”
120
.
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economia do compartilhamento
Para Claudia Lima Marques, “as condutas na sociedade e no mercado de consumo, sejam
atos, dados ou omissões, fazem nascer expectativas (agora) legítimas naqueles em
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quem despertamos a confiança, os receptores de nossas informações ou dados” ,
sendo a confiança “o paradigma novo necessário para realizar este passo adiante, de
125
adaptar nosso atual Direito do Consumidor a este novo modo de comércio” . Na
hipótese de violação, ou na falta de confiança, deverão ser aplicadas sanções e demais
126
consequências .
É nesse cenário que emerge a importância das plataformas colaborativas no que pertine
ao desenvolvimento de uma robusta confiabilidade nesse novo comércio eletrônico,
principalmente por meio dos sistemas reputacionais e outros instrumentos que garantam
a segurança no meio de pagamento e no ambiente virtual em geral, inclusive com
sanções aos usuários que desobedecerem às regras de determinado portal. Por esses
motivos, repise-se, mesmo que o consumo compartilhado possa se dar nos moldes
132 133
antigos , os consumidores-pares preferem utilizar a plataforma .
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economia do compartilhamento
Essa “visão do outro” não é mais do outro como um terceiro, mas como parte de um
projeto conectado global, que facilita a formação de verdadeiras redes, o que faz cultivar
uma “nova estrutura social [...] composta das redes de produção, poder e experiência,
que constrói uma cultura da virtualidade nos fluxos globais que transcende o tempo e o
espaço”, cuja lógica “gradualmente transcende e subjuga formais sociais preexistentes”
146
.
147
O consumo, como prática cultural e social , não está imune a essas mudanças trazidas
pela tecnologia e pela internet: inserção de novos e renovados agentes, servicização de
148 149
produtos , internet das coisas , inteligência artificial, dinâmicas diferenciadas da
confiança e a própria virtualização das relações – tudo determina uma estrutura também
juridicamente diferente à relação de consumo.
É nesse sentido que a definição de comércio eletrônico, como “uma das modalidades de
contratação não presencial à distância para a aquisição de produtos e serviços através
150
de meio eletrônico ou via eletrônica” , qualificado como todas as atividades que
tenham por fim o intercâmbio, por meios virtuais, de bens físicos e digitais ou imateriais
151 152
, estabelecendo-se primordialmente entre fornecedores e consumidores , evidencia
uma visão limitada sobre o fenômeno da sharing economy.
Visto sob outra ótica, esse renovado consumir estrutura-se no modelo mercadológico
157
P2P, ou seja, de consumidor a consumidor , e, para tanto, é imprescindível também
uma multiplicidade de vínculos e de contratos entre os fornecedores, o que se traduz no
158
fenômeno da conexidade contratual . Claudia Lima Marques define a conexidade
contratual como
A conexidade exsurge de uma causa econômica que faz com que uma série de vínculos
160
individuais funcione como um sistema . Nos ensinamentos de Claudia Lima Marques,
174
aplicativos ou outras plataformas de comunicação em rede” .
Por fim, Erik Jayme considera que os direitos humanos são os novos e únicos valores
seguros para se utilizar nesse caos legislativo e desregulador, de múltiplas codificações e
microssistemas, de leis especiais privilegiadoras e de leis gerais ultrapassadas. Os
direitos humanos são, então, considerados valores-guia, normas fundamentais,
consubstanciadas no direito pátrio pelo Constituição Federal (LGL\1988\3), com um
178
papel pro homine , especialmente na proteção do consumidor, seja ele do comércio
tradicional, seja ele componente da economia do compartilhamento.
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Mas não só: a visualização dessa nova estrutura da relação de consumo compartilhado
permitirá a evolução da lógica na qual o direito do consumidor foi erigido, da
patrimonialidade, de polos opostos e da perenidade estática dos papéis dos agentes, que
não se mostra mais suficiente para tutelar os consumidores pós-modernos como se
mostrara no passado recente.
6 Considerações finais
O consumo compartilhado, como se apresenta hoje, não é uma mera tendência de nicho
ou uma reação do pós-crise: é uma forma renovada de consumo redefinida pela internet
e que conecta diretamente consumidores, muitos dos quais se tornam ainda mais
vulneráveis pela ambiência virtual e pelo exercício do controle da plataformas sobre a
relação jurídica, as negociações, as condições contratuais, eventuais punições e também
sobre os sistemas de reputação, rankings e avaliações.
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extra da garagem, a churrasqueira do amigo em dia de aniversário), transformando em
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12 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
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18 SILBER, Simão Davi. A economia mundial após a crise financeira de 2007 e 2008.
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vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
xviii.
26 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. p. 561.
27 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
155-165.
31 As cidades nas quais foi realizada a pesquisa foram São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Goiânia, Belém e Manaus
(MARKET ANALYSIS. O consumo colaborativo e o consumidor brasileiro, 2015. Disponível
em:
[http://marketanalysis.com.br/wp-content/uploads/2017/04/2015-Market-Analysis-O-consumo-
olaborativo-e-o-consumidor-rasileiro.pdf]. Acesso em: 05.06.2017).
33 Sobre o tema, Jeremy Rifkin se utiliza de interessante indagação: “Que feições teria o
mundo de hoje se Henry Ford houvesse concebido o automóvel como um serviço – e os
tivesse “alugado”, ao invés de vendê-los como produtos? O automóvel assumiu o
significado do principal indicador de medida do êxito pessoal na sociedade moderna.
Para uma grande maioria, o automóvel representa o batismo de sua introdução no
mundo adulto da era da propriedade. Uma forma de demarcar uma identidade e seu
lugar na sociedade (especialmente para os jovens). Um ícone. Um rito de passagem” e
prossegue afirmando que “as empresas estão revolucionando designs de produto para
refletir a nova ênfase nos serviços” (RIFKIN, Jeremy. A era do acesso: a transição de
Página 26
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
36 MESH DIRECTORY. Interview with Lisa Gansky by Andrew Keen, Sharing Economy,
2014. Disponível em: [http://meshing.it/works]. Acesso em: 30.04.2017.
37 BARNETT, Clive; CLOKE, Paul; CLARKE, Nick; MALPASS, Alice. Consuming ethics:
articulating the subjects and spaces of ethical consumption. Antipode, Reino Unido, v.
37, jan. 2005. p. 39.
38 STEMLER, Abbey. The myth of the sharing economy and its implications for regulating
innovation. emory university school of law, Atlanta. Disponível em:
[http://law.emory.edu/elj/content/volume-67/issue-2/articles/myth-sharing-economy-regulating-innova
Acesso em: 26.06.2017.
39 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
61.
42 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
61.
43 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
61.
48 É uma rede social em escala global para fazer conexões entre viajantes e as
comunidades locais que visitam, fornecendo hospedagem na casa dos moradores do
lugar de destino (ROSEN, Devan; LAFONTAINE, Pascale Roy; HENDRICKSON, Blake.
CouchSurfing: belonging and trust in a globally cooperative online social network. New
Media & Society, Manoa, v. 13, n. 6, 2011. p. 985).
50 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
64.
52 Veja, por todos: BALL, Philip. Critical mass: how one thing leads to another.
Macmillan, 2004.
53 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
64.
55 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
64.
56 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
69.
57 CIALDINI, apud TSUI, Bonnie. Greening with envy. The Atlantic, s.l., jul.-ago. 2009.
Disponível em:
[www.theatlantic.com/magazine/archive/2009/07/greening-with-envy/307498/]. Acesso
em: 15.10.2017.
Página 28
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
58 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
70; no mesmo sentido: CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e
plataformas da Peers Inc. estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p.
35.
60 Veja, sobre o tema: STEFFEN, Alex. Use community: smaller footprints, cooler stuff
and more cash. Web, v. 30, ago. 2007. Disponível em:
[www.worldchanging.com/archives/006082.html]. Acesso em: 17.11.2017.
61 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
70.
63 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
73.
65 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
74.
67 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
74.
68 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
76.
69 Veja em: BOLLIER, David. Viral spiral: build a digital how the commoners republic of
their own. Nova Iorque: New Press, 2008.
70 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
76.
71 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
77.
Página 29
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
83 RIFKIN, Jeremy. Sociedade com custo marginal zero: a internet das coisas, os bens
comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo. São Paulo: M. Books do Brasil, 2016. p.
210.
85 RIFKIN, Jeremy. Sociedade com custo marginal zero: a internet das coisas, os bens
comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo. São Paulo: M. Books do Brasil, 2016. p.
208.
91 Veja: MUCELIN, Guilherme. Sharing economy and the crisis of consumption relation:
a socio-juridical analysis of collaborative consumption. In: MARQUES, Claudia Lima;
PEARSON, Gail; RAMOS, Fabiana D’Andrea (Ed.). Consumer protection: current
challenges and perspectives. Porto Alegre: Orquestra, 2017. p. 702-725.
103 RIFKIN, Jeremy. Sociedade com custo marginal zero: a internet das coisas, os bens
comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo. São Paulo: M. Books do Brasil, 2016. p.
Página 31
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
114.
104 CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e plataformas da Peers Inc.
estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p. 35.
106 CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e plataformas da Peers Inc.
estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p. 37.
107 CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e plataformas da Peers Inc.
estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p. 37.
110 CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e plataformas da Peers Inc.
estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p. 36.
111 CHASE, Robin. Economia compartilhada: como pessoas e plataformas da Peers Inc.
estão reinventando o capitalismo. São Paulo: HSM, 2015. p. 45-46.
114 Art. 3º: Fornecedor é toda a pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (BRASIL. Lei 8.078,
de 11 de setembro de 1990. Planalto. Disponível em:
[www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm]. Acesso em: 12.06.2017).
117 A Lei Federal 12.965/14, que instituiu o Marco Civil da Internet no Brasil, em seus
artigos 5º e 15, define que esse tipo de plataforma, sejam sites, sejam aplicativos, são
provedores de aplicações de internet, devendo se constituir na forma de pessoas
jurídicas e exercerem suas atividades de forma profissional e com fins econômicos.
Naturalmente, as plataformas digitais que sustentam o consumo compartilhado têm
caráter econômico, pois são constituídas de forma organizada: são sofisticadas, prestam
informações e possuem sistemas integrados de pagamento próprios ou de terceiros,
sendo remuneradas de maneira direta ou indireta, e, assim, enquadram-se no conceito
de fornecedor, a teor do que dispõe a legislação de proteção ao consumidor.
121 BOTSMAN, Rachel; ROGERS, Roo. O que é meu é seu: como o consumo colaborativo
vai mudar o nosso mundo. Trad. Rodrigo Sardenberg. Porto Alegre: Bookman, 2011. p.
80.
Página 33
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
122 “Trust is also the ‘social glue’ that facilitates collaborative consumption and the
functioning of collaborative economy platforms. Wihtout the development of trust among
the users of a multi-sided platform, people would not be willing to ler strangers stay in
their apartments or take them along for a ride” (BUSCH, Cristoph. Crowdsourcing
consumer confidence: how to regulate rating and review systems in the collaborative
economy. European Contract Law and the Digital Single Market, Cambridge, jun. 2016..
p. 226).
126 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. p. 254.
127 Nas palavras de Dal Pai Moraes, vulnerabilidade é a qualidade ou condição daquele
sujeito mais fraco da relação de consumo, tendo em vista a possibilidade de que venham
ser ofendidos ou feridos, na incolumidade física ou psíquica, bem como no âmbito
econômico, por parte do sujeito mais potente da relação (MORAES, Paulo Valério Dal Pai.
Código de Defesa do Consumidor – O princípio da vulnerabilidade: no contrato, na
publicidade, nas demais práticas comerciais. Porto Alegre: Síntese, 1999. p. 96).
129 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. p. 254.
130 Sobre o tema, leia: BERGSTEIN, Laís Gomes. conexidade contratual, redes de
contratos e contratos coligados. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 109, p.
159-183, jan.-fev. 2017.
131 Confiança essa que, nas palavras de Schmidt Neto, deve ser reforçada “diante da
despersonalização, desterritorialização, desmaterialização, atemporalidade, entre tantos
outros obstáculos decorrentes desse comércio realizado em um ambiente tão inseguro e
hostil ao consumidor aventureiro que ignora os riscos e enfrenta problemas como a
dificuldade de identificação do ofertante, a forma de pagamento eletrônico, a proteção à
privacidade dos dados pessoais, entre outros (SCHMIDT NETO, André Perin. Contratos
na sociedade de consumo: vontade e confiança. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
p. 214.). Assim também MARQUES, Claudia Lima. Confiança no comércio eletrônico e a
proteção do consumidor: um estudo dos negócios jurídicos de consumo no comércio
eletrônico. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 32.
132 Veja, por todos: HERRMANN, Gretchen M. Garage sales make good neighbors:
building community through neighborhood sales. Human organization, s.l., v. 65, n. 2, p.
181-191, 2006.
133 BARDHI, Fleura; ECKHARDT, Giana. Access-based consumption: the case of car
sharing. Journal of Consumer Research, Reino Unido, v. 39, dez. 2012. p. 884.
ao Comitê Económico e Social Europeu e ao Comitê das Regiões: uma agenda europeia
para a economia colaborativa. Jornal Oficial da União Europeia, Bruxelas, jun. 2016. p.
12.
135 EINAV, Liran; FARRONATO, Chiara; LEVIN, Jonathan. Peer-to-peer markets. Annual
Review of Economics, s.l., v. 8, 2016, em especial, p. 620 e 630.
136 BUSCH, Cristoph. Crowdsourcing consumer confidence: how to regulate rating and
review systems in the collaborative economy. European Contract Law and the Digital
Single Market, Cambridge, jun. 2016. p. 226.
137 CALO, Ryan; ROSENBLAT, Alex. The taking economy: Uber, information, and power.
2017. Disponível em:
[https://poseidon01.ssrn.com/delivery.php?ID=27116006007097079076010069100085
027&EXT=pdf]. Acesso em: 10.09.2017.
138 Sobre fraudes em avaliações, veja por todos: HU, Nan; LIU, Ling; SAMBAMURTHY,
Vallabh. Fraud detection in online consumer reviews. Decision Support Systems, s.l., v.
50, n. 3, p. 614-626, 2011.
139 BUSCH, Cristoph. Crowdsourcing consumer confidence: how to regulate rating and
review systems in the collaborative economy. European Contract Law and the Digital
Single Market, Cambridge, jun. 2016. p. 223.
141 O aplicativo Uber, por exemplo, pode descredenciar de seu portal tanto o motorista
quanto o usuário, quando se tratar de maus comportamentos ou más avaliações.
Disponível em: [https://
www.uber.com/legal/community-guidelines/br-pt/]. Acesso em: 19.06.2017.
142 LUCA, Michael. Reviews, reputation, and revenue: the case of Yelp. com. Working
Paper of Harvard Business School, 2016. Disponível em:
[www.hbs.edu/faculty/Publication%20Files/12-016_a7e4a5a2-03f9-490d-b093-8f951238dba2.pdf].
Acesso em: 25.05.2017.
143 LEE, Julia Y. Trust and social commerce. University of Pittsburgh Law Review,
Pittsburgh, v. 77, Winter 2015. p. 179.
144 Sobre o tema, leia, entre outros: BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. São
Paulo: Zahar, 2014.
147 NOVA, Luiz Henrique Sá da. Da cultura como mercadoria, ao consumo como prática
cultural. Revista do Centro de Artes, Humanidades e Letras, v. 1, n. 1, 2007. p. 58.
148 GHERSI, Carlos Alberto. La posmodernidad jurídica: una discusión abierta. Ediciones
Gowa Profesionales, 2000. p. 53 e ss.
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Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
149 A expressão Internet das Coisas (IdC) significa uma rede dinâmica global com
capacidades de autoconfiguração, em que as “coisas” físicas e virtuais têm identidades,
atributos físicos e personalidades virtuais com interfaces inteligentes, estando
completamente integrados a uma rede de informação digital. Através da IdC, os bens
físicos tornam-se participantes ativos dos negócios e dos processos informacionais e
sociais com os quais interagem, tudo através de interfaces de serviços (CERP IoT –
Internet of Things European Research Cluster. Internet of things: strategic reserach
roadmap, 2009. Disponível em: [www.internet-of-things
research.eu/pdf/IoT_Cluster_Strategic_Research_Agenda_ 2009.pdf>]. Acesso em:
05.01.2017).
151 LORENZETTI, Ricardo Luis. Comercio electrónico. Buenos Aires: Abeledo Perrot,
2001. p. 53.
152 KLEE, Antonia Espíndola Longoni. Comércio eletrônico. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014. p. 73.
153 Na doutrina de Jayme, a cultura pós-moderna conta com quatro elementos: (a) o
pluralismo de formas e de estilos, segundo o qual cada pessoa escolhe seu próprio estilo
de vida, marcando o direito à diferença; (b) a comunicação sem fronteiras, impulsionada
não só pela tecnologia, mas também pela vontade e pelo desejo de se comunicar,
emergindo de um valor comum; (c) a narração, na medida em que comunicar também é
descrever, contar e narrar; e (d) retorno aos sentimentos, isto é, em relação à
identidade cultural, a defesa da identidade cultural, religião e outras expressões do
individualismo (JAYME, Erik. Direito internacional privado e cultura pós-moderna.
Cadernos de Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – PPGD/UFRGS, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 105-114, mar. 2003).
154 Para Terry Eagleton, a pós-modernidade é uma linha de pensamento que tenta
questionar as noções clássicas de verdade, razão, identidade, objetividade, e a própria
ideia de progresso ou emancipação universal, criticando, inclusive, os sistemas únicos,
as grandes narrativas ou os fundamentos estáticos e definitivos de explicação
(EAGLETON, Terry. As ilusões do pós-modernismo. Rio de Janeiro, Zahar, 1998. p. 7).
157 Contratos celebrados pelo modelo de negócio P2P “são aqueles concluídos entre
sujeitos de mesmo grau” (BALLARINO, Tito. A internet e a conclusão dos contratos. In:
POSENATO, Naiara (Org.). Contratos internacionais: tendências e perspectivas. Estudos
de direito internacional privado e direito comparado. Ijuí: Unijuí, 2006. p. 203.), ou, em
outras palavras, “entre pessoas não profissionais” (MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do
consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. p. 561).
158 Marques assevera que, com a conexidade contratual com sua multiplicidade de
vínculos e a complexidade que envolvem a economia do compartilhamento, a noção de
cadeia de fornecimento parece ser inadequada, devendo atualmente ser considerada
como uma rede de fornecimento (MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de
Página 36
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 8. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016 (e-book)).
159 MARQUES, Claudia Lima. Proposta de uma teoria geral dos serviços com base no
novo Código de Defesa do Consumidor: a evolução das obrigações envolvendo serviços
remunerados direta ou indiretamente. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto
Alegre, v. 18, jan. 2000. p. 63.
162 Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato
principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que
lhe garantam o financiamento, quando o fornecedor de crédito:
I – recorre aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a
conclusão do contrato de crédito;
165 KLEE, Antonia Espíndola Longoni. O diálogo das fontes nos contratos pela internet:
do vínculo contratual ao conceito de estabelecimento empresarial virtual e a proteção do
consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima (Coord.). Diálogo das fontes: do conflito à
coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p.
420-421.
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Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
166 KLEE, Antonia Espíndola Longoni. O diálogo das fontes nos contratos pela internet:
do vínculo contratual ao conceito de estabelecimento empresarial virtual e a proteção do
consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima (Coord.). Diálogo das fontes: do conflito à
coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p.
420.
168 MOTTA, Fernando Previdi; GUELMANN, Karine Rose; CASTILHO, William Moreira.
Reflexões sobre o direito do consumidor e a internet. In: CAPAVERDE, Aldaci do Carmo;
CONRADO, Marcelo (Org.). Repensando o direito do consumidor – 15 anos do CDC:
1990-2005. Curitiba: OAB, 2005. p. 246.
171 MIRAGEM, Bruno. Curso de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016. p. 563.
172 Diálogo das fontes que, no direito brasileiro, significa a aplicação simultânea,
coerente e coordenada das plúrimas fontes legislativas, leis especiais (como o Código de
Defesa do Consumidor e a lei de planos de saúde) e leis gerais (como o Código Civil de
2002), de origem internacional (como a Convenção de Varsóvia e Montreal) e nacional
(como o Código aeronáutico e as mudanças do Código de Defesa do Consumidor), que,
como afirma o mestre de Heidelberg (aqui a se autora refere ao Prof. Erik Jayme), tem
campos de aplicação convergentes, mas não mais totalmente coincidentes ou iguais
(MARQUES, Claudia Lima. O “diálogo das fontes” como método da nova teoria geral do
direito: um tributo a Erik Jayme. In: MARQUES, Claudia Lima (Coord.). Diálogo das
fontes: do conflito à coordenação de normas do direito brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2012. p. 20).
173 “Note-se que o art. 4º do CDC é um dos artigos mais citados deste Código,
justamente porque resume todos os direitos do consumidor e sua principiologia em um
só artigo valorativo e que traz os objetivos do CDC. As ‘normas narrativas’, como o art.
4º, são usadas para interpretar e guiar, melhor dizendo, ‘iluminar’ todas as outras
normas do microssistema” (MARQUES, Claudia Lima. A Lei 8.078/1990 e os direitos
básicos do consumidor. In: MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman V.;
BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014. p. 73).
174 BRASIL. Lei Federal 13.640, de 26 de março de 2018. Altera a Lei 12.587, de 03 de
janeiro de 2012, para regulamentar o transporte remunerado privado individual de
passageiros, Brasília/DF, mar. 2018. Disponível em:
[http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=26382098&id=26382118&idBinario
Acesso em: 12.06.2018.
175 BRASIL. Lei Federal 13.640, de 26 de março de 2018. Altera a Lei 12.587, de 03 de
janeiro de 2012, para regulamentar o transporte remunerado privado individual de
passageiros, Brasília/DF, mar. 2018. Disponível em:
[http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaTextoSigen.action?norma=26382098&id=26382118&idBinario
Acesso em: 12.06.2018.
Página 38
Peers Inc.: a nova estrutura da relação de consumo na
economia do compartilhamento
177 Sobre o termo, leia: McLUHAN, Herbert Marshall. The Gutenberg galaxy: the making
of typographic man. Toronto: University of Toronto Press, 1962.
182 Veja: BARBIERI, José Carlos; DIAS, Marcio. Logística reversa como instrumento de
programas de produção e consumo sustentáveis. Revista Tecnologística, São Paulo, ano
VI, n. 77, s.p., 2002.
Página 39