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Caro aluno,
Seja bem-vindo à Disciplina de Introdução à Ciência dos Materiais.
A pós-graduação representa mais um passo no processo de educação e
formação, tanto pessoal quanto profissional, que é contínuo. Isso significa dizer
que o acúmulo de conhecimento deve ser permanente e assim se tornando
uma grande responsabilidade.
Neste curso temos o objetivo de apresentar a classificação dos materiais,
do ponto de vista da engenharia e ciência dos materiais, como esses materiais
se organizam na natureza, alguns métodos de processamento que modificam
as propriedades, para então entenderemos a tríade estrutura-processamento-
propriedades em que se baseiam os estudos dessa Ciência.
O conteúdo será apresentado em ordem lógica, iniciando em conceitos
básicos e avançando para conteúdos mais complexos.
Estarei aguardando-os durante nosso curso nos tutoriais para
esclarecimento de dúvidas e sugestões de pesquisa e complementos aos
estudos.
Até mais!
1Os materiais ditos frágeis em Ciências dos Materiais estão relacionados ao tipo de fratura
apresentada, e não à resistência mecânica final. Um material frágil apresenta uma fratura de
maneira abrupta e catastrófica com pouca ou nenhuma deformação plástica.
polimerização2. As moléculas de um polímero são formadas basicamente
de C e H podendo haver ou não outros elementos. Sua nomenclatura é
formulada com o prefixo poli, seguido do nome da unidade de repetição: o
PET, sigla de polietileno tereftalato tem como unidade de repetição o
etileno tereftalato, um composto orgânico do tipo éster.
São materiais com menor rigidez, em comparação com cerâmicos e
metais, porém com relação resistência/peso elevada, tornando o uso
deste tipo de material vantajoso em aplicações onde se necessita de bom
desempenho mecânico e baixo peso total da estrutura. Em geral,
possuem nível de cristalinidade mais baixo que metais e cerâmicos,
podendo ser completamente amorfos. Alguns polímeros podem ter
elevados níveis3 de cristalinidade. sendo denominados por isso
semicristalinos.
Os polímeros são subdivididos em termoplásticos e termofixos
(ou termorrígidos). Os termoplásticos são sólidos à temperatura
ambiente e, com o aquecimento acima de seu ponto de fusão tornam-se
líquidos, podendo ser moldados. Eles voltam ao estado sólido com o
resfriamento. Já os termofixos são líquidos à temperatura ambiente, com
a ação de um agente catalizador formam-se ligações intercruzadas entre
suas cadeias, tornando-o rígido. A principal diferença entre estes é que,
mesmo com o aquecimento, os termofixos não apresentam variação na
sua rigidez, até que este aquecimento atinja a temperatura de degradação
do material, e então ele se decompõe em gazes voláteis e cinzas. Já os
termoplásticos diminuem sua rigidez até que se fundem. Uma
consequência destes comportamentos é que os polímeros termoplásticos
podem ser reciclados enquanto que os termofixos não.
Ainda, os polímeros podem ser classificados, segundo seu
comportamento mecânico em: resinas, que são termofixos utilizados
como adesivos; plásticos, que são basicamente termoplásticos;
elastômeros, são as borrachas e fibras, que são corpos poliméricos
2 Medida proporcional à quantidade de monômeros que são unidos entre si para a formação da
molécula polimérica.
3 Nunca será 100% cristalino, na prática.
longilíneos que apresentam maior rigidez que elastômeros e termoplásticos.
Equação 2.4
Tenacidade à
baixa-elevada elevada baixa
fratura
Temperatura de
elevada baixa baixa
trabalho
Resistência à
baixa-média elevada média
corrosão
Ligação química metálica iônica ou covalente covalente
Amorfa ou cristalina Amorfa ou
Estrutura maioria cristalina
complexa semicristalina
Fonte: Callister e Rethwisch (2012).
5 Asa massas dos prótons, nêutrons e elétrons são, respectivamente, 1,672 623 x 10-27 kg
1,674 928 x 10-27 kg e 9,109 389 x 10-31 kg.
6 Íon é o nome dado a um elemento quando este perde ou ganha elétrons devido à interações
Figura 3.1: Tabela Periódica dos Elementos Fonte: Callister e Rethwisch (2012).
http://www.tabelaperiodicacompleta.co
m/
𝐹𝑡 = 𝐹𝑎 + 𝐹𝑟 Equação 3.1
Romboédrico
a=b=c α=β=γ≠90° a3.
ou Trigonal
Figura 4.1: Relações entre parâmetro de rede (a) e raio atômico (r) para os sistemas cúbicos
(Cúbico Simples , Cúbico de Corpo Centrado e Cúbico de Face Centrada, respectivamente).
Fonte: Askeland, et al. (2011)
http://www.fem.unicamp.br/
~caram/estrutura.pdf
(1/2,-1,0) 2 (1,-2,0)
(1,-2,0) (1-20)
8 Estas relações só são válidas para o sistema cúbico, pois os parâmetros de rede são iguais
(a=b=c). No caso dos sistemas tetragonais, por exemplo, as direções [100] e [010] são
equivalentes, enquanto que as direções [100] e [001] não.
Pontos de
Eixo de interseção Coordenadas convertidas
interseção
X (x,0,0)
Y (0,y,0) (x,y,z)
Z (0,0,z)
(2,-1,0) (2-10)
9Unidade de divisão utilizada em ciências dos materiais. O grão corresponde a uma parte do
material onde suas propriedades, como arranjo cristalino e direção cristalográfica são
constantes. O contorno de grão é a região de fronteira entre dois grãos. Ao contrário do grão, o
contorno não tem ordenação definida sendo, portanto, amorfo.
materiais policristalinos, os grãos se dispõem em direções cristalográficas
diferentes de maneira aleatório de modo que as propriedades do material são
são definidas pelos vetores médios das direções cristalinas destes grãos
Como consequência, os materiais policristalinos tendem a apresentar
comportamento isotrópico, ou seja, que não variam com a direção. Nos
materiais monocristalinos ocorre a tendência de variação de propriedades em
direções cristalográficas diferentes. Neste caso dizemos que o material é
anisotrópico.
Os dois tipos de materiais possuem aplicações diversas. O aços elétricos
podem ter ou grão orientado para utilização em transformadores ou grão não
orientado para hidrogeradores. Monocristais de Silício são utilizados em
circuitos eletrônicos, para que não haja perda de eficiência energética. A
combinação destes materiais também é possível, na turbina do avião, as pás
das hélices são feitas de material monocristalinos, para não se deformar no
sentido de aplicação da força centrifuga., já a base é feita de um material
policristalino, pois o diagrama de tensões aplicado nesta peça é
completamente diferente do das hélices.
A confecção de um material monocristalinos é extremamente complexa e
custosa, o que limita a aplicação destes materiais em situações bem
específicas.
Figura 4.5 Principais defeitos nos polímeros. Fonte: Callister e Rethwisch (2012).
https://www.youtube.com/watch?v=
pRP8dr7zO0E
5. DIFUSÃO
Figura 5.1 Esquematicamente o par difusor Cu-Ni. Fonte: Askeland, et al. (2011)
Em uma liga metálica a difusão pode ocorrer basicamente de duas
maneiras diferentes, a chamada interdifusão, onde os átomos saem da
região mais concentrada e migram para a de menor concentração, ou
autodifusão, que é relacionada à troca de átomos de posições com seus
vizinhos devido ao grau de agitação atômica, que sempre ocorrerá para
temperaturas maiores do que 0 K.
Nas soluções sólidas substitucionais o mecanismo mais factível para
a difusão consiste na troca de lugar do átomo com a lacuna. No caso das
intersticiais, o átomo do soluto muda de um interstício para o vizinho.
Como os átomos solutos intersticiais são menores e as posições dos
interstícios estão vagas, a difusão de solutos intersticiais é mais rápida do
que a de solutos substitucionais.
Como fica fácil de imaginar, com a ausência de átomos barrando o
elemento que está sendo difundido, o processo é facilitado. A presença
de defeitos e descontinuidades, como a superfície externa do cristal, os
contornos de grão, lacunas e discordâncias, facilitam o processo de
difusão. Em situações específicas a difusão em defeitos são os principais
mecanismos de difusão
𝑄
𝑉 = 𝐶𝑒 (−𝑅𝑇) Equação 5.1
𝑑𝐶 Equação 5.2
𝐽 = −𝐷
𝑑𝑥
𝑄𝑑
𝐷 = 𝐷0 𝑒 (−𝑅𝑇 ) Equação 5.3
𝜕𝐶 𝜕 𝜕𝐶 Equação 5.4
= 𝐷
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥
Nos casos em que essa simplificação não é possível o coeficiente é
determinado por um método proposto por Matano, com o coeficiente dado pela
expressão (Equação 5.5):
𝑐
1 𝜕𝑥 Equação 5.5
𝐷= 𝑥 𝑑𝐶
2𝑡 𝜕𝑐 𝑐0
Figura 5.5: Par difusor Au-Ni, com perfil de concentração e interfaces de Matano e Kirkendall.
Godefroid (2011)
O valor do raio crítico pode ser encontrado como função da energia livre a
superfície (γ), a temperatura de fusão (Tm), o calor latente de solidificação (ΔHs)
e a variação de temperatura (∆𝑇 = 𝑇𝐹 − 𝑇). Logo (Equação 6.1):
−2𝛾𝑇𝐹
𝑟∗ = Equação 6.1
∆𝐻𝑠 (𝑇𝐹 −𝑇)
𝑛
𝑦 = 1 − 𝑒 −𝑘𝑡 Equação 6.2
1 Equação 6.3
𝑟=
𝑡0,5
𝑄
𝑟 = 𝐴𝑒 −𝑅𝑇 Equação 6.4
12 Não confundir fase cristalina com fase de um material compósito. As fases cristalinas são
cristais que possuem estrutura, e propriedades únicas. Um material polifásico pode apresentar
fases com estruturas cristalinas diferentes como é o caso dos aços ao carbono que, em
temperatura ambiente apresentam fase ferrita com estrutura CCC e cementita de estrutura
cristalina ortorrômbica.
13 Os aços de baixa liga possuem pouca quantidade de elementos de liga dissolvidos em sua
rede.
14 Aços ao carbono são aços em que o principal elemento de liga é o carbono. Nestas ligas os
demais elementos são encontradas em quantidades da ordem de partes por milhão (ppm) e
são, portanto irrelevantes em termos de percentual dissolvido.
15 A perlita não é uma fase, e sim um componente microestrutural (microconstituinte) que
O aço pode ainda formar outras fases como a ferrita delta (Fe-δ)
com estrutura CCC, com parâmetro de rede diferente da ferrita alfa em
temperaturas elevadas (acima de 1394 ºC). Com a adição de elementos
de ligas, estas fases que seriam instáveis a temperatura ambiente podem
aparecer em quantidades abundantes nessas temperaturas. Na verdade,
de maneira geral, a microestrutura dos materiais é alterada dependendo
da quantidade de elemento de liga dissolvido na rede do solvente e será
tão diferentes quanto os tipos de interações que estes realizam entre si.
7.1.1. Lingotamento.
Figura 7.2 Diferentes microestruturas em um lingote, equiaxial fina (EF), a zona colunar (C) e a
zona equiaquicial central (EC). Colpaert (2008)
17 Diz-se que um grão é equiaxial quando este possui uma geometria próxima a de um
tetracaidecaedro (forma tridimensional que preenche o espaço completamente e deixaria o
grão termodinamicamente mais estável).
Na zona equiaxial fina (EF) o resfriamento é rápido e propicia a
formação de muitos grãos de diâmetro médio pequeno. Assim, ela é
caracterizada por muitos grãos pequenos e equiaxiais.
A zona colunar (C) é formada pelos grãos do final da zona equiaxial
fina que possuem orientação cristalográfica favorável à extração de calor,
eles crescem mais rapido formando colunas em direção ao centro mais
quente. O sistema de solidificação dendritico é muito comum na zona
colunar. Nele os solutos são rejeitados para o espaço entre as dendritas
gerando uma segregação interdendrítica.
A zona equiaquicial central (EC), por sua vez, ocorre porque no
centro do lingote é dificil a trasferência de calor do interior para as
paredes da ligoteira. Desta forma, os cristais nucleiam e crescem sem
direção preferencial. De maneira equiaxial como na zona EC, porém, com
um diâmetro médio maior.
𝐺 = 𝐺1 + 𝐺 2 + ⋯ + 𝐺 𝐹 = ∑ 𝐺𝑓 Equação 8.1
𝑓
𝐺 = 𝐻 − 𝑇𝑆 Equação 8.2
𝑇
Equação 8.5
0 (𝑇) 0 (298,15𝐾)
∆𝐻 = ∆𝐻 + 𝐶𝑃 𝑑𝑇
298,15
https://www.youtube.com/watch?v=
chM7vw6RwPI
Os sistemas binários são suficientemente simples para permitir a
compreensão das principais transformações de fases presentes nos
materiais tecnológicos e normalmente possuem três ou mais
componentes (em alguns casos, apresentarão muitos componentes,
como o latão). A regra das fases de Gibbs permite afirmar que até quatro
fases podem coexistir simultaneamente, quando o grau de liberdade é
zerado (Equação 8.8)
𝑋𝑙 − 𝑋 Equação 8.9
𝑊𝑠 =
𝑋𝑙 − 𝑋𝑠
𝑋𝛽 − 𝑋 Equação 8.10
𝑊𝛼 =
𝑋𝛽 − 𝑋𝛼
Figura 8.4 Diagrama Esquemático Liga A-B e compostos entermediários formados. Chiaverini
(1985)
8.5. Influência da Pressão nas Fases em Estado Sólido
20A cementita é um composto intermetálico metaestável e, por isso o diagrama compilado com
o programa ThermoCalc apresenta o grafite como fase estável do carbono
predominante numa região e são muito utilizados em processos que
envolvem eletrolise e corrosão em meio ácido por exemplo.
Em diagramas com mais de 3 elementos a apresentação gráfica
destes não é simples. Assim, a análise destes sistemas é feito apenas
com auxílio de computadores onde são capturados os dados finais de
interesse. Uma alternativa, ainda é se fixar uma quantidade de certos
elementos de modo que apenas 2 irão variar, então o diagrama pode ser
estudado como um digrama binário: Por exemplo: diagrama de fases do
sistema A-B em liga de ABCD. Neste caso é estudado apenas a influência
da variação dos elementos A e B no sistema.
Nos materiais cerâmicos, é usual utilizar diagrama de fases de
óxidos no lugar dos elementos químicos. Esse é o caso do diagrama
SiO2-Al2O3. A análise do diagrama e as interpretações são realizadas da
mesma maneira que em um diagrama binário de dois elementos
químicos.
Acesse o material
complementar sobre
diagramas de fase:
http://www.labh2.coppe.ufrj.
br/disciplinas/pcm/pcm11.2/d
ocumentos/DiagramadeFases.
pdf
www.cienciadosmateriais.org
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Askeland, D.R.; Fulay, P.P.; Wright, W.J. The Science and Engineering of
Materials. 6ª ed. Cengage Learning. 2011.
Bhadeshia, H.K.D.H. Bainite in Steels. Transformations, Microstructure and
Properties. 2ª ed. Michigan. IOM Comunications. 2001
Callister, Jr., W.D.; Rethwisch, D.G. Materials science and engineering: an
Introduction. 8ª ed. Hoboken Wiley. 2012.
CIMM – Centro de Informação Metal Mecânica. Sistemas Isomorfos.
Disponível em: < http://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6431-
sistemas-isomorfos#.WZH1blWGNpg > Acesso em 10 de agosto de 2017.
Chiaverini, V. Tecnologia Mecânica. 2ª ed. São Paulo. McGraw-Hill. 1986.
Colpaert, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. 8ª ed. São
Paulo, Blücher. 2012.
Da Costa, H.N. Tratamento térmico aplicado – Materiais. Disponível em : <
http://moldesinjecaoplasticos.com.br/tratamento-termico-aplicado-materiais/ >.
Acesso em 10 de agosto de 2017.
Godefroid, L.B. Souza, S.J. Estrutura dos Materiais. Apostila. Ouro Preto.
2011.
Silva. D.C.M. Mundo Educação. Diagrama de Fases. Disponível em <
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/diagrama-fases.htm > Acesso em
10 de agosto de 2017.