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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

NORTE
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA
PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
DA POLÍCIA MILITAR – CFAPM
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTOS –
CAS 2019.1

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Polícia Comunitária

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Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos 2019.1.
(Turmas Alpha, Bravo e Charlie)

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Natal/RN
2019

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Janildo da Silva Arante

Polícia Comunitária
1Janildo da Silva Arante, 2º Sargento QPMP-0 - PMRN, é formado em Matemática Licenciatura Plena
pela UFRN e pós-graduando em Polícia Comunitária (UNYLEYA). Possui diversos cursos na área de
Segurança Pública. Já ministrou, junto ao CFAPM, além dessa disciplina, as disciplinas de Estatística Aplicada
à segurança Pública (CFS), Sistema e Gestão em Segurança Pública (CAS), Fundamentos da Gestão Pública
Aplicados à Segurança Pública (CFS), Sistemas de Segurança Pública e Gestão Integrada e
Comunitária (CFS) e Didática Aplicada à segurança Pública (CFS).

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Conteúdo apresentado ao CFAPM - UERN para a disciplina
de Polícia Comunitária (10 horas/aula) junto ao Curso de
Aperfeiçoamento de Sargentos – CAS 2019.1 – Turmas
Alpha, Bravo, Charlie, Delta e Echo, como material
complementar e/ou embasador às aulas expositivas dialogadas.

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Natal/RN
2019

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Plano da Disciplina:

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Objetivo: Criar condições para que os discentes do CAS
possam identificar estratégias utilizadas na implantação
da Polícia Comunitária, apontar estratégias de
mobilização da comunidade por meio de ações que
possibilitem a participação da comunidade, utilizar
ferramentas da gestão da qualidade no processo de
resolução de problemas e na melhoria dos processos
realizados, bem como aplicar técnicas de resolução de
conflitos de forma pacífica.
Ementa:
1.Doutrina de polícia comunitária;
2.Origem do PM no seio da sociedade;
3.O PM e os limites da lei;

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4.Experiências de polícia comunitária: internacional e
nacional (ronda cidadã);
5.Planejamento: gestão pela qualidade em segurança
pública;
6.Mobilização social;
7.Técnicas de mediação de conflitos;
8.Noções de projetos de implantação de policiamento
comunitária; e
9.Resposta da sociedade ao modelo de segurança
comunitária.
Metodologia: Aulas expositivas, práticas e simulações.
Bibliografia Básica:
SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA

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PÚBLICA – SENASP. Curso Nacional de Promotor de
Polícia Comunitária / Grupo de Trabalho, Portaria
SENASP nº 002/2007 - Brasília – DF. 2007.
ANDRADE, S. C. O., Mudanças e oportunidade na
Gestão Pública: “ O Novo Cidadão”. RJ, 2001
ARRUDA, L. E. P., O Líder Policial e suas Relações com
os Conselhos Comunitários de Segurança em São Paulo,
SP: A Força Policial, nº 16, out/dez, 1997.
BAYLEY, D. H. Padrões de Policiamento: Uma análise
Internacional Comparativa. Tradução René Alexandre
Belmont. SP. Ed. da Universidade de São Paulo. 2001.
Série Polícia e Sociedade, nº 1
BONONI, J. C.,. Conselhos Comunitários de Segurança e

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o Policiamento Comunitário. SP: Direito Militar, nº 15,
Jan/Fev,1999.
BRAGHIROLLI, E. M., Temas de Psicologia social,
Petrópolis, RJ, Editora Vozes,1994.
Articulação com a Matriz Curricular Nacional: A
presente disciplina leva em conta os princípios da Matriz
Curricular Nacional 2014 e está inserida na área temática
das funções, técnicas e procedimentos em segurança
pública.

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Apresentação
Nancy Cardia 2
O policiamento comunitário, hoje em dia, encontra-se
amplamente disseminado nos países economicamente mais
desenvolvidos. Sem dúvida isso é uma conquista desses países,
pois essa é a forma de policiamento que mais se aproxima das
aspirações da população: ter uma polícia que trabalhe
próxima da comunidade e na qual ela possa crer e confiar.

2CARDIA, Nancy. O Policiamento que a Sociedade Deseja. Relatórios da Pesquisa. São Paulo: Núcleo de
Estudos da Violência, 2003. Relatório Técnico. Disponível em:http://www.nevusp.org/portugues/index. php?
option=com_content&task=category &sectionid=9&id=51&Itemid=124 (último
acesso em 28/08/2008).

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Acreditar e confiar na polícia são considerados elementos
essenciais para que a polícia possa ter legitimidade para
aplicar as leis, isto é, para a polícia ser percebida pela
população como tendo um direito legítimo
de: restringir comportamentos, retirar a liberdade de
cidadãos e, em casos extremos, até mesmo a vida.
Ter legitimidade para aplicar as leis significa poder contar
com o apoio e a colaboração da população para exercer seu
papel. Isso difere da falta de reação da população às ações da
polícia, quer por apatia ou por medo ou, ainda, da reação
daqueles que delínquem. Em qualquer um desses casos a
reação da população já sugere que há um deficit de confiança

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na polícia.

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Nos países economicamente mais desenvolvidos, a adoção do
policiamento comunitário decorreu da constatação de que os
modelos de policiamento em vigência não eram mais eficazes
diante dos novos padrões de violência urbana que emergiram
no fim dos anos 1960 e meados dos anos 1970. Ao longo desse
período, cresceram, em muitos desses países, tanto diferentes
formas de violência criminal como também manifestações
coletivas (pacíficas ou não) por melhor acesso a direitos. O
desempenho das polícias em coibir a violência criminal ou ao
conter (ou reprimir) as manifestações coletivas adquiriu
grande visibilidade e saliência, resultando em muitas críticas.

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Em decorrência disso, houve, em vários países, forte
deterioração da imagem das forças policiais junto à população.
Uma pior imagem tem impacto na credibilidade da população
na polícia. A falta ou baixa credibilidade afeta o
desempenho da polícia no esclarecimento de delitos e, até
mesmo, no registro de ocorrências. De maneira geral, quando
não há confiança, a população hesita em relatar à polícia que
foi vítima de violência ou, até mesmo, de fornecer
informações que poderiam auxiliar a polícia a esclarecer
muitos delitos.

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O policiamento comunitário foi adotado nesses países como
uma forma de melhorar o relacionamento entre a polícia e a
sociedade. Para isso, procurou reconstruir a credibilidade e a
confiança do público na polícia e, desse modo, melhorar o
desempenho dela na contenção da violência urbana.

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A adoção desse tipo de policiamento não só exige empenho das
autoridades e da comunidade, mas, sobretudo, mudança na
cultura policial: requer retreinamento dos envolvidos,
alteração na estrutura de poder de tomada de decisão com
maior autonomia para os policiais que estão nas ruas,
alteração nas rotinas de administração de recursos humanos,
com a fixação de policiais a territórios, mudanças nas práticas
de controle interno e externo e de desempenho, entre outros.
Essas mudanças, por sua vez, exigem também que a decisão de
implementar o policiamento comunitário seja uma política de
governo, entendendo-se que tal decisão

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que atravessará diferentes administrações: o policiamento
comunitário leva anos para ser integrado pelas forças policiais.
No Brasil, ocorreram, ao longo dos últimos 28 anos, várias
tentativas de implementar o policiamento comunitário. Quase
todas as experiências foram, nos diferentes Estados, lideradas
pela Polícia Militar:
a) em 1991, a Polícia Militar de São Paulo promoveu um
Seminário Internacional sobre o Policiamento Comunitário
abordando os obstáculos para esse tipo de policiamento;
b) em 1997, ainda em São Paulo projetos pilotos foram
implantados em algumas áreas da capital;
c) nessa mesma época, no Espírito Santo e em algumas

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cidades do interior do Estado, também houve experimentos
com policiamento comunitário; o mesmo se deu na cidade do
Rio de Janeiro nos morros do Pavão e Pavãozinho com a
experiência do GEPAE.

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Apesar de não ter havido uma avaliação dessas experiências,
os relatos dos envolvidos, tanto de policiais como da
população, revelam satisfação com o processo e com os
resultados e insatisfação com o término das mesmas.
Ao longo desses últimos anos a violência urbana
continuou a crescer e passou a atingir cidades que antes
pareciam menos vulneráveis - aquelas de médio e pequeno
porte. Nesse período, a população continuou a cobrar das
autoridades uma melhora na eficiência das polícias. Essa
melhora não depende só das autoridades, depende
também da crença que a população tem na polícia: crença
que as pessoas podem ajudar a polícia com informações e

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que essas serão usadas para identificar e punir
responsáveis por delitos e não para colocar em risco a
vida daqueles que tentaram ajudar a polícia a cumprir
seu papel.

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Sem a colaboração do público a polícia não pode melhorar seu
desempenho e essa colaboração exige confiança. A experiência
tem demonstrado que o policiamento comunitário é um
caminho seguro para se reconstruir a confiança e credibilidade
do público na polícia.

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1. DOUTRINA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA;
POLÍCIA COMUNITÁRIA

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Com o fenômeno da globalização, a necessidade de
intercâmbio entre países passou a exigir a aplicação da
legislação e de regras internacionais, especialmente no que se
refere ao cumprimento e respeito aos direitos e garantias dos
cidadãos, tornando essencial o conhecimento dos tratados de
Direitos Humanos.

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O Brasil, como país emergente, cujas dimensões e
características ressaltam ao mundo um futuro promissor entre
as nações, se faz presente praticamente em todos os acordos
internacionais de relevância, tornando assim latente a
importância de ter uma Polícia direcionada aos compromissos
de defesa da vida e da integridade física das pessoas, bem
como voltada à defesa da cidadania e ao respeito pelos
cidadãos.

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Voltado a tais objetivos, nos idos do ano de 1992, o Comando
da PMESP, atento a essas evoluções, determinou estudos
sobre formas de atuação que firmassem os conceitos de
respeito à cidadania por meio da atuação do policiamento,
surgindo então a estratégia doutrinária do policiamento
comunitário, a qual em alguns países, como Estados Unidos,
Canadá e Cingapura, já se encontrava em desenvolvimento e
aplicação, tendo como alicerce o exemplo dessa prática no
Japão, com experiência desde o ano de 1868.

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No Japão, pelas próprias características e cultura, o sistema de
policiamento comunitário é baseado em instalações físicas
fixas, denominadas Koban3 e Chuzaisho4, onde os policiais
são fixados em territórios delimitados, passando a fazer parte
integrante da comunidade e exercendo uma polícia de defesa
da cidadania em estreita parceria com a própria comunidade.

3
4

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A principal premissa do policiamento comunitário é o
respeito aos princípios dos Direitos Humanos, norteando
os serviços de polícia em conformidade com as
expectativas da comunidade, sendo necessária a
participação dos cidadãos, além de entidades públicas e
privadas, na identificação e resolução rápida dos
problemas ligados à segurança, com um objetivo maior: a
melhoria da qualidade de vida.

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O embrião no Estado de São Paulo foi, no ano de 1985, a
criação dos Conselhos Comunitários de Segurança
(CONSEG), os quais, apesar de, na época, não se referirem
ao Policiamento Comunitário, tinham e têm como objetivo
a gestão participativa da comunidade nas questões de
segurança pública.
Apesar das poucas experiências e do curto espaço de tempo
entre o conhecimento da teoria e o planejamento de sua
aplicabilidade, no ano de 1999, foram criadas, em todo
Estado de São Paulo, diversas edificações Policiais Militares
em locais onde a maior presença policial militar era
necessária, marcando o início da operacionalidade do
policiamento comunitário. Tais edificações Policiais Militares

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foram denominadas Bases Comunitárias de Segurança
(BCS).
As BCS, apesar de objetivarem a presença policial
militar junto à sociedade, não atenderam todas as
expectativas, principalmente pela falta de sistematização
do emprego do efetivo, do emprego de recursos materiais
e, principalmente, pela ausência de padronização da
forma de atuação.
Diante dessa evolução, em 19 de abril de 2004, foi firmado o
Acordo de Cooperação Técnica entre Brasil e Japão, na busca
fundamental de estudos e planejamento de operacionalização
do sistema de policiamento comunitário, baseado no sistema

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japonês de Koban/Chuzaisho , porém, não como cópia, mas
sim com a adequação dos preceitos utilizados pela Polícia
Nacional do Japão, atendendo às características do Estado e da
população de São Paulo, semelhante ao ocorrido em outros
países, como Cingapura, que, se valendo da experiência
do Japão, pôde desenvolver um sistema próprio para atender
suas necessidades em relação à segurança pública.
Considerando, portanto, o sistema japonês, em consonância
com a realidade paulista e consequentes adequações,
identificou-se as BCS como equivalentes aos Koban e, da
mesma forma, foram idealizadas as Bases Comunitária de
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Segurança Distritais (BCSD), segundo o modelo Chuzaisho;
um local onde o policial reside e trabalha.
A partir de 2005 o Projeto Piloto iniciou a busca de
padronização de procedimentos, onde 08 (oito) Bases
Comunitárias de Segurança (BCS) foram selecionadas e
começaram a passar por um processo
de padronização e sistematização metodológica. Para tanto
tivemos, em São Paulo a presença de um policial japonês para
acompanhar o que consideramos um marco na História do
Policiamento Comunitário. Este policial participou do Grupo
de Trabalho formado pelos Comandantes das Companhias,
das BCS Piloto, por Oficiais do Comando de Policiamento

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da Capital e da Divisão de Polícia Comunitária e de Direitos
Humanos, para adaptar o modelo japonês à realidade de
nossa cultura, da criminalidade do Estado e das condições
operacionais da Polícia Militar, implementando o serviço nas
BCS, padronização da escrituração, equipamentos, formas
de abordagem e contato com a comunidade, incentivo
do desenvolvimento de projetos conjuntos, a criação de
canais de comunicação entre a Polícia e a Comunidade,
buscando eficácia e eficiência na prevenção da criminalidade,
missão constitucional da PM e grande objetivo do
Policiamento Comunitário. No final de 2006, em razão dos
excelentes resultados obtidos, o Projeto Piloto com o apoio
da JICA foi ampliado para mais 12 (doze) Bases

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Comunitárias de Segurança, sendo mais 08 (oito) na capital,
02 (duas) na região metropolitana (Taboão da Serra e Suzano)
e 02 (duas) no interior    (São José dos Campos e Santos).

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Com o final do Acordo de Cooperação Técnica em 2008, em
análise técnica e auditoria ao Projeto, elaborados
conjuntamente entre os integrantes do grupo de trabalho da
PM, integrantes da JICA (Japan International
Cooperation Agency) e integrantes da Polícia Nacional
do Japão, a Polícia Militar do Estado de São Paulo foi
credenciada como polo difusor do policiamento comunitário
no modelo japonês, já adaptado à realidade brasileira, aos
demais estados do Brasil, bem como aos países da América
Latina e África, onde se iniciaram novas tratativas no sentido
de formalizar novo Acordo de Cooperação Técnica.

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Em novembro de 2008 foi firmado o novo Acordo de
Cooperação Técnica, entre a JICA e a PMESP, com duração
de 03 (três) anos, onde a PMESP comprometeu-se a ser o polo
difusor do policiamento comunitário aos demais estados
brasileiros e aos países da América Latina. Para a
concretização de tais objetivos, foram incorporados dois novos
parceiros ao Acordo: a Secretaria Nacional de Segurança
Pública (SENASP), ligado ao Ministério da Justiça e a

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Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério
das Relações Exteriores. Como parte do Acordo,
a SENASP responsabiliza-se a implantar e implementar o
policiamento comunitário no modelo japonês (sistema Koban)
aos estados brasileiros e a ABC responsabiliza-se com relação
aos países da América Latina (Nicarágua, Costa Rica,
Guatemala, Honduras e El Salvador). A PMESP desenvolveu
o material didático e o currículo do Curso Internacional de
Polícia Comunitária (Sistema Koban) para formação de
Oficiais das polícias militares de 11 (onze) estados brasileiros
(Acre, Pará, Alagoas, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas

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Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso
e Goiás) e Oficiais de 05 (cinco) países da América Central
(Nicarágua, Honduras, Guatemala, El Salvador e Costa Rica),
que após formados estarão encarregados de difundir e
implantar a filosofia e doutrina do policiamento comunitário
aos integrantes de suas instituições. O Acordo prevê também a
participação da PMESP na assessoria aos estados brasileiros e
países da América Central, para implantação e implementação
das BCS, BCSD e Bases Comunitárias Móveis (BCM).
É de fundamental importância o entendimento de que
os preceitos doutrinários de Policiamento Comunitário

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visam o atendimento aos cidadãos de bem, pois aos
infratores da lei e arredios às regras sociais, aplicam-se
as normas e legislação vigente. Ressalta-se que o
Policiamento Comunitário não se traduz em forma
branda de aplicabilidade legal, mas sim atuação de uma
Polícia voltada à cidadania e essencialmente
participativa. Diante dessa evolução, em 19 de abril de
2004, foi firmado o Acordo de Cooperação Técnica entre
Brasil e Japão, na busca fundamental de estudos e
planejamento de operacionalização do sistema de
policiamento comunitário, baseado no sistema japonês
de Koban/Chuzaisho, porém, não como cópia, mas sim
com a adequação dos preceitos utilizados pela Polícia

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Nacional do Japão, atendendo às características do
Estado e da população de São Paulo, semelhante ao
ocorrido em outros países, como Cingapura, que, se
valendo da experiência do Japão, pôde desenvolver um
sistema próprio para atender suas necessidades em
relação à segurança pública.

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Considerando, portanto, o sistema japonês, em consonância
com a realidade paulista e consequentes adequações,
identificou-se as BCS como equivalentes aos Koban e, da
mesma forma, foram idealizadas as Bases Comunitária de
Segurança Distritais (BCSD), segundo o modelo Chuzaisho;
um local onde o policial reside e trabalha.

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É de fundamental importância o entendimento de que os
preceitos doutrinários de Policiamento Comunitário visam o
atendimento aos cidadãos de bem, pois aos infratores da lei e
arredios às regras sociais, aplicam-se as normas e legislação
vigente. Ressalta-se que o Policiamento Comunitário não se
traduz em forma branda de aplicabilidade legal, mas sim
atuação de uma Polícia voltada à cidadania e essencialmente
participativa.
Disponível em:
<http://www4.policiamilitar.sp.gov.br/unidades/dpcdh/index.ph
p/policia-comunitaria/>. Acesso em 13 nov 18.

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2. ORIGEM DO PM NO SEIO DA SOCIEDADE;

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Princípios de Robert Peel e a Origem da Polícia Moderna
No início do século XIX, exatamente em 1829, com o aumento
da criminalidade e da violência nas cidades da Grã-Bretanha,
ocorreram várias tentativas por parte do governo de criar uma
força policial capaz de fazer frente a esses problemas. Em
Londres existia uma forte oposição, pois as pessoas não
acreditavam na estrutura de uma força policial, possivelmente
armado. Eles temiam que ela poderia ser usada para reprimir os
protestos com violência e criar um clima impopular para o
Governo.

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Naquela época Paris tinha a mais conhecida, melhor
organizada e mais bem paga força policial na época, dentro de
princípios de proteção da cidade. A chamada Polícia de
Paris. A Grã-Bretanha estava em guerra com
a França (1793-1815), e durante a maior parte desse tempo, a
França tinha uma polícia secreta e políticos ardilosos. Portanto,
muitos londrinos não gostavam da ideia de ter os franceses por
referência, por causa da associação com a França.

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Nesta época o público inglês acreditava que o trabalho da
polícia deveria ter uma participação da sociedade e não
do Governo Nacional. Robert Peel (Primeiro-Ministro do
Reino Unido por duas vezes no século XIX) apresentou em
sua gestão buscou estabelecer princípios de ordem e
organização as cidades londrinas. O conceito de policiamento
baseado em um consenso de apoio que decorre transparência
sobre seus poderes, sua integridade no exercício das suas
competências e da sua responsabilidade por isso.

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6
Pelos princípios policiais, Sir Robert Peel  é considerado o
pai do policiamento moderno. Ajudou a criar o moderno
conceito de força policial, e, por conta disto, os policiais
metropolitanos ingleses são conhecidos como Bobbies.

6Sir Robert Peel - Robert Peel, 2.º Baronete (Bury, 5 de fevereiro de 1788 — Londres, 2 de


julho de 1850) foi um político britânico, primeiro-ministro de seu país de 10 de dezembro de 1834 a 8 de
Abril de 1835 e de 30 de Agosto de 1841 a 29 de Junho de 1846.
Ajudou a criar o conceito moderno da força policial do Reino Unido. Seu pai era um fabricante de têxtil
na Revolução Industrial. Peel foi educado na Escola primária Hipperholme, depois em Harrow School e
finalmente na Christ Church, em Oxford.
Faleceu em Londres em 2 de julho de 1850, a consequência de um acidente de cavalo na
estrada Constitution Hill. Encontra-se sepultado em St Peter
Churchyard, DraytoBassett, Staffordshire na Inglaterra ( Robert Peel ((em inglês) no Find a Grave ).

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O nome de Peel, é evocado não pelo fato de que Robert
Peel tenha elaborado o texto, mas em decorrência de que
enunciou, na conceituação de uma força policial ética, o
“espírito” destes princípios.

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A lista abaixo, princípios norteadores da ação policial, indica,
um caminho ético a qualquer organização de segurança no
mundo, seja nacional, estadual e, principalmente municipal,
sobretudo, aos administradores públicos, eleitos pelo povo, que
têm a responsabilidade da administração também da Segurança
Pública durante o seu mandato.

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PRINCÍPIOS CENTENÁRIOS DE ROBERT PEEL
1.A missão fundamental para a polícia existir é prevenir
o crime e a desordem.
2.A capacidade da polícia para exercer as suas funções
está dependente da aprovação pública das ações policiais.
3.A Polícia deve garantir a cooperação voluntária dos
cidadãos, no cumprimento voluntário da lei, para ser
capaz de garantir e manter o respeito do público.
4.O grau de cooperação do público  pode ser garantido
se diminui proporcionalmente à necessidade do uso de
força física.

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5. A Polícia não deve se manter (criar prestígio e
autenticidade) apenas com prisões , não preservando
assim o favor público e abastecendo a opinião pública, mas
pela constante demonstração de absoluto serviço abnegado
à lei.
6. A Polícia usa a força física na medida necessária para
garantir a observância da lei ou para restaurar a ordem
apenas quando o exercício da resolução pacífica,
persuasão e de aviso é considerado insuficiente.
7. A Polícia, em todos os tempos, deve manter um
relacionamento com o público que lhe dá força à tradição
histórica de que a polícia é o público e o público é a
polícia, a polícia é formada por membros do população

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que são pagos para dar atenção em tempo integral aos
deveres que incumbem a cada cidadão, no interesse do
bem-estar da comunidade e a sua existência.
8. A polícia deve sempre dirigir a sua ação no sentido
estritamente de suas funções e nunca parecer que está a
usurpar os poderes do judiciário.
9. O teste de eficiência da polícia é a ausência do crime e
da desordem, não a evidência visível da ação da polícia em
lidar com ele.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 56


O historiador Charles Reith explicou em seu estudo sobre
a História de Polícia (1956) que estes princípios constituem
uma abordagem ao policiamento “único na história e em todo
o mundo”, porque é derivada, não de medo, mas quase
exclusivamente da cooperação entre o público e a polícia,
induzida a partir de um comportamento total de sensação de
segurança que mantém para todos a aprovação, respeito e
carinho do público. É possível implementar essas ideias no Rio
Grande do Norte? Podemos ter uma polícia comunitária cada
vez relacionada com o convívio da sociedade paulistana? -
Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/princ%C3%Adpios-de-robert-

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 57


peel-e-origem-da-pol%C3%Adcia-moderna-miguel-liborio/>. Acesso em 15 nov
2018.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 58


3. O PM E OS LIMITES DA LEI
Alex João Costa Gomes7
 

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 59


A temática é por deveras instigante e relevante ao serviço
policial militar, pois a Lei é quem norteia as ações das Policias
Militares no Brasil, mesmo sendo essas discricionárias,
autoexecutáveis e coercitivas, as Polícias Militares não
podem agir em desacordo com o que determina nosso
ordenamento jurídico, ou seja, como bem entendem. Desta
feita, existe a necessidade da observância das normas e leis que
regulam cada ação do Policial Militar (PM), desde as mais
simples até as mais complexas. O PM é um dos poucos
servidores do Estado que está em quase todo lugar do país,
trabalha diuturnamente para garantir a ordem pública, com o

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 60


intuito de levar a segurança pública ou ao menos a sensação
dessa a cada cidadão brasileiro. Sendo que por diversas vezes
têm segundos para tomar uma decisão em uma ocorrência nas
ruas do país, e essa decisão pode o levá-lo ao banco dos réus
com a sociedade ao lado dele, ou totalmente contra o mesmo. 
 

“Os agentes policiais no exercício de suas funções encontram-


se sujeitos ao limites da lei. A atividade policial possui
aspectos discricionários, que são essenciais para o
cumprimento das funções de segurança  pública.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 61


O  ato  de  polícia  como  ato  administrativo é que fica
sempre sujeito a invalidação pelo Poder Judiciário, quando
praticado com excesso ou desvio de poder.” (Hely Lopes
Meirelles, 1972)

 
 
  
Hely Lopes Meirelles coloca muito bem a questão da
atividade policial de forma geral, mas que está sujeita a
validação ou não da Justiça brasileira. Podemos inferir que

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 62


isso reforça a ideia que o PM deve agir conforme as normas e
leis que norteiam a atividade do mesmo durante o trabalho, e
podemos afirmar que por ser policial militar mesmo estando
de folga, também deve não estando de serviço observar sua
conduta em sociedade respeitando e obedecendo ao
ordenamento jurídico do Brasil. 
A administração pública está sujeita aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência8, logo, os agentes públicos também estão sujeitos a
tais princípios, pois são os executores dos serviços públicos,
são os que vão impor a força para manter a ordem ou
restabelecer essa. É preciso convir que a segurança pública é
8

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 63


um direito fundamental do cidadão brasileiro, dessa maneira,
os operadores da segurança pública devem garantir esse
direito a todos no país, mesmo aos estrangeiros. 

 
“Os limites do poder de polícia exercido pelas forças policiais
são  três:
a) os   direitos do cidadão;  
b)  as prerrogativas individuais;  
c) as liberdades públicas previstas nos dispositivos
constitucionais e nas leis.” (Álvaro Lazzarini, 1988).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 64


 

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 65


Para Álvaro Lazzarini são esses os limites do poder de
polícia, assim, os policiais militares no Brasil devem
considerar tais informações na execução de seus trabalhos
durante o serviço policial militar e durante sua folga, para não
incorrerem em omissão, pois ninguém pode alegar
desconhecimento de lei, principalmente aqueles que operam
direto ou indiretamente, ou seja, aplicam a lei em nome do
Estado em nossa sociedade. 
Pelo exposto pudemos observar o quanto é limitada a
atividade do policial militar, pois várias são as normas e leis
que regulam a conduta dos mesmos. Contudo, isso não
significa que o trabalho desse esteja engessado, pelo
contrário, o operador da segurança pública deve trazer a lei

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 66


para o seu lado, fazendo com essa dê respaldo ao trabalho
desenvolvido nas ruas do Brasil diuturnamente. O uso da
força, do poder de polícia, devem se distanciar do abuso
de poder, bem como do abuso de autoridade,
mas não devem ir ao encontro dos direitos dos cidadãos, na
verdade devem reforçar e garantir a efetivação desses. Não
podemos de maneira alguma entender, ou seja, interpretar o
trabalho do policial militar como sendo algo simples e de
fácil execução, pois não é, visto a complexidade que o
envolve.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 67


Para fixar:
Os limites do poder de polícia exercido pelas forças
policiais são  três:
a ) os   direitos do cidadão;  
b)  as prerrogativas individuais;  
c) as liberdades públicas previstas nos dispositivos
constitucionais e nas leis.” (Álvaro Lazzarini, 1988)

Disponível em: <https://www.viatucuju.com/products/o-


policial-militar-e-os-limites-da-lei/ >. Acesso em 14 nov 18

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 68


4. EXPERIÊNCIAS DE POLÍCIA COMUNITÁRIA:
4.1. INTERNACIONAL E NACIONAL (RONDA
CIDADÃ);
Experiências nacionais e internacionais bem-sucedidas de
gestão comunitária na área de segurança pública.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 69


Em poucas palavras, a polícia comunitária é a modalidade
de trabalho policial preventivo e ostensivo correspondente
ao    exercício da função policial definida pelo
compromisso inalienável com a construção social da paz e
respeito aos direitos humanos. Equivale também a
um aperfeiçoamento profissional, uma vez que implica mais
qualificação e maior eficiência na provisão da segurança
pública. Os exemplos brasileiros e internacionais são ricos em
experiências bem-sucedidas, nas quais decrescem as taxas de
crimes e outras práticas violentas, enquanto cresce, na mesma
proporção, a confiança popular na polícia. A memória da
história recente ajuda a contextualizar a importância e o
sentido desta nova metodologia de gestão. Assim é que, a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 70


noção de “polícia comunitária” se estrutura essencialmente
sobre um modelo “pró-ativo” do provimento de segurança
pública. Suas ações são    resultantes da formação de
parcerias e programas construídos entre o Estado (polícia) e a
Sociedade Organizada (em suas mais    variadas expressões).
A metodologia aqui denominada genericamente como
“comunitária” recebe nomes diferentes, como “de
proximidade” ou “interativa”, conforme os países e as
tradições em que ela seja aplicada. Mas o que realmente
importa, mais que o nome que lhe seja atribuído, é seu
conteúdo e valores. Esses têm, felizmente, atravessado
fronteiras e se expandido no rastro da extensão
da consciência cívica democrática e dos direitos de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 71


cidadania das mais variadas nações.
De acordo com a Associação Internacional dos Chefes de
Polícia [X] (International Association of Chiefs of Police -
IACP), as formas e/ou estratégias de provimento do
“policiamento comunitário” podem ser classificadas em seis
modelos ou estruturas. O primeiro, intitulado modelo
unitário, prevê a existência de um agente de polícia dedicado
exclusivamente ao contato com a comunidade, considerando
uma unidade policial pré-determinada. Este tipo de modelo é
normalmente praticado em pequenas unidades policiais. No
modelo especializado (segundo modelo) há dois ou mais
policiais dedicados ao “policiamento comunitário” e à

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 72


solução de problemas na área de atuação de cada unidade
policial. O terceiro modelo, da força mista, compreende a
designação de um “policial comunitário” para cada área
servida por patrulhamento policial (zona, setor, área). De
acordo com o modelo temporal, os “policiais comunitários”
são designados para trabalho comunitário específico, sempre
que esse tipo de serviço se fizer necessário. Tais policiais não
se separam da função de patrulhamento ostensivo e
desempenham tais funções concomitantemente às de
polícia judiciária, no sentido da formação de parecerias e
busca de “resolução de problemas”. O quinto modelo,
definido como policiamento comunitário total,
frequentemente chamado de modelo generalista, pressupõe

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 73


que todos os policiais da unidade policial considerada estejam
diretamente envolvidos ou apoiando a filosofia do
“policiamento    comunitário”. Por último, o modelo
geográfico (sexto modelo) reflete diferenças de filosofia de
trabalho entre os comandos de área e de vigilância temporal
(plantão), cada qual com seu respectivo supervisor.

Essência e valor da Gestão Comunitária. Disponível em:


<http://www.assor.org.br/wp-content/uploads/2017/06/ESS
%C3%8ANCIA-E-VALOR-DA-GEST%C3%83O-COMUNIT
%C3%81RIA-DA-SEGURAN%C3%87A-P
%C3%9ABLICA.pdf>. Acesso em 15 nov 18.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 74


SENSIBILIZAÇÃO DO PÚBLICO INTERNO E DA
COMUNIDADE

"É preciso educarmo-nos, primeiro a nós mesmos, depois a


comunidade e depois às futuras gerações de policiais e
lideranças comunitárias, para esse trabalho conjunto
realizado em prol do bem comum…"

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 75


Os agentes da segurança pública e/ou defesa social, precisam
inicialmente quebrar paradigmas do papel da polícia na
comunidade, respondendo à seguinte questão: O papel é de
força, que tem como função principal fazer valer as leis
criminais? Ou de serviço, que tem função principal os
problemas sociais?

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 76


Ainda que esses dois papéis sejam distintos, eles são
interdependentes e deriva de um mandato mais fundamental de
manutenção da ordem - a resolução de conflitos através de
meios que mesclam o potencial uso da força e o provimento de
serviços. Esses meios nem sempre precisam ser formais. Isso
vale dizer que o trabalho policial não pode ser conduzido sem
uma colaboração organizada dos cidadãos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 77


A forma mais comum de organização dos cidadãos é a
comunidade.
Para FERDINAND TONIES, “a comunidade pode ser
definida como conjunto de pessoas que compartilham um
território geográfico e algum grau de interdependência, razão
de viverem na mesma área”.

“Comunidade torna-se conceito de sentido


operacional; comunidade é um grupo de pessoas que

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 78


dividem o interesse por um problema: a recuperação
de uma praça, a construção de um centro comunitário,
a prevenção de atos de vandalismo na escola, a
alteração de uma lei ou a ineficiência de um
determinado serviço público. A expectativa é que a
somatória de experiências bem-sucedidas de
mobilização social em torno de problemas possa, ao
longo do tempo, contribuir para melhorar o
relacionamento entre polícia e sociedade e fortalecer
os níveis de organização da sociedade”
(GOLDSTEIN, 1990, p.26).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 79


O ideal de participação não corresponde ao cenário idílico de
uma “comunidade” sem conflitos, mas de uma sociedade capaz
de dar dimensão política aos seus conflitos e viabilizar a
convivência democrática entre distintas expectativas de
autonomia em um mesmo espaço territorial. (DIAS,
THEODOMIRO).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 80


5. PLANEJAMENTO:
5.1. GESTÃO PELA QUALIDADE EM SEGURANÇA
PÚBLICA;
GESTÃO PELA QUALIDADE NA SEGURANÇA
PÚBLICA.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 81


É possível até se discutir o que é qualidade, mas não se pode
negar que os princípios da gestão pela qualidade, utilizados
com êxito na administração de empresas públicas e privadas,
auxiliam muito no planejamento, no acompanhamento e na
avaliação de produtos e serviços. Estes princípios aplicados à
Segurança Pública, principalmente na Polícia Comunitária,
contribuirão para a melhoria da prestação do serviço à
comunidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 82


Estratégias Institucionais para o Policiamento
Discutindo estratégia

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 83


Por isso, é de fundamental importância elaborar
metas e quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos),
estabelecer prazos (tempo) e definir responsabilidades. A
estratégia também orienta a maneira como a instituição irá se
relacionar com seus funcionários, seus parceiros e seus
clientes. Uma estratégia é definida quando um executivo
descobre a melhor forma de usar sua instituição para
enfrentar os desafios ou para explorar as oportunidades do
meio.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 84


Como observa FREITAS (2003), gerenciar a rotina é garantir
meios para que o nível operacional atinja
resultados, esperados, de produtividade e qualidade pelo nível
institucional. Geralmente, as empresas modernas (ou pós-
modernas), utilizam o sistema de gestão para atingir metas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 85


Este processo de gerência envolve os três níveis de uma
instituição/organização:
- Nível Institucional – Responsável pela formulação de
estratégias e metas anuais para a instituição ou empresa;
- Nível Tático – Responsável por desdobrar estas metas
em diretrizes e normas; e
- Nível Operacional – Responsável por atingir as metas.

Observe o diagrama a seguir para compreender melhor:

Figura 1. O Sistema de Gestão para atingir metas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 86


Principais estratégias de policiamento
De acordo com MOREIRA (2005), os policiais brasileiros
que ocupam cargos executivos não costumam considerar as
diferentes estratégias institucionais para o policiamento. Uma
grande parcela prefere repetir aquilo que aprendeu nas
academias, com seus professores policiais, sem considerar
outros modelos policiais. Entretanto, na tentativa de atingir os
objetivos organizacionais, alcançar uma legitimação e apoio
das comunidades acumulou–se, nos últimos 50 anos, diversas
experiências policiais.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 87


Estas experiências podem ser divididas em quatro grandes
grupos:
- Combate profissional do crime ou policiamento
tradicional (Policiamento Focado);
- Policiamento estratégico (Estratégia Tradicional);
- Policiamento Orientado para o Problema; e
- Polícia Comunitária.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 88


Uma estratégia de policiamento orienta, dentre outras
coisas, os objetivos da polícia, seu foco de atuação, como se
relaciona com a comunidade e as suas principais táticas.
Exemplos de estratégias:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 89


Combate profissional do crime e policiamento
estratégico têm como objetivo principal o controle do
crime, pelo esforço em baixar as taxas de crime;
Policiamento Orientado para o Problema e a “Polícia
Comunitária” enfatizam a manutenção da ordem e a redução
do medo dentro de um enfoque mais preventivo.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 90


Enquanto o policiamento tradicional mantém certo
distanciamento da comunidade (os policiais é que são
especialistas), a Polícia Comunitária defende um
relacionamento mais estreito com a comunidade como uma
maneira de controlar o crime, reduzir o medo e garantir uma
melhor qualidade de vida.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 91


As características das quatro estratégias de Policiamento
Veja: https://jus.com.br/artigos/28125/policiamento-
comunitario-a-transicao-da-policia-tradicional-para-
policia-cidada

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 92


- Combate Profissional do Crime ou Policiamento
Tradicional
A estratégia administrativa que orientou mundialmente
o policiamento a partir de 1950 e, no Brasil, ainda orienta
a maioria das polícias, de todas as unidades federativas, é
sintetizada pela frase, que nomeia esta estratégia:
“combate profissional do crime”.
Ela tem como principais características:
- Foco direto sobre o controle do crime como sendo a
missão central da polícia , e só da polícia;
- Unidades centralizadas e definidas mais pela função
(valorização das atividades especializadas), do que
geograficamente (definição de um território de atuação

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 93


para cada um dos policiais); e
- Altos investimentos (orçamentários e de pessoal) em
tecnologia e em treinamento.
O objetivo da estratégia de combate profissional do
crime é criar uma força de combate do tipo militar,
disciplinada e tecnicamente sofisticada. Os principais
objetivos desta estratégia é o controle da criminalidade e
a resolução de crimes.
A limitação deste modelo em controlar a criminalidade é
um dos seus pontos fracos; um outro é o caráter reativo
da ação da polícia, que só atua quando é chamada,
acionada.
- As principais tecnologias operacionais dessa estratégia

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 94


incluem a utilização de patrulhas motorizadas, de
preferência com automóveis, suplementadas com rádio,
atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e
respondendo rapidamente aos chamados, principalmente
aqueles originados pelo telefone 190 ou 911 – no exterior.
- Os valores que dirigem o combate ao crime englobam o
controle do crime como objetivo importante,
investimentos no treinamento policial, aumento do status
e da autonomia da polícia e a eliminação da truculência
policial.
As táticas utilizadas normalmente falham na prevenção
dos crimes, ou seja, não os impedem de acontecer.
Praticamente não há análise das causas do crime e existe

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 95


um grande distanciamento entre a polícia e a comunidade.
Na verdade, o distanciamento é incentivado, pois “quem
entende de policiamento é a polícia”. O isolamento é uma
tentativa institucional de evitar a corrupção.
− Policiamento Estratégico
O conceito de policiamento estratégico tenta resolver os
pontos fracos do policiamento profissional de combate ao
crime,    acrescentando reflexão e energia à missão básica de
controle do crime.
O objetivo básico da polícia permanece o mesmo que é o
controle efetivo do crime. O estilo administrativo continua
centralizado e, através de pesquisas e estudos, a patrulha nas

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 96


ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego.
O policiamento estratégico reconhece que a comunidade
pode ser um importante instrumento de auxílio para a polícia
e enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes
que não estão bem controlados pelo modelo tradicional.
A comunidade é vista como meio auxiliar importante para a
polícia, mas a iniciativa de agir continua centralizada na
polícia, que é quem entende de Segurança Pública.
Os crimes cometidos por delinquentes individuais
sofisticados (crimes em série, por exemplo) e os delitos
praticados por associações criminosas (crime organizado,
redes de distribuição de drogas (narcotráfico), crimes virtuais
de pedofilia, gangues, xenofobia, torcedores de futebol

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 97


violentos – como os hooligans, etc.) recebem ênfase especial.
O policiamento estratégico carece de uma alta capacidade
investigativa. Para esse fim são incrementadas unidades
especializadas de investigação.
− Policiamento orientado para o problema (Era de
resolução de problemas com a comunidade)
O policiamento para (re)solução de problemas, também
conhecido com o policiamento orientado para o problema
(POP),é uma estratégia que tem como objetivo principal
melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexão
e prevenção criminal.
Para diversos autores “[...] o policiamento orientado para a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 98


solução de problemas conota mais do que uma orientação e o
empenho em uma tarefa particular. Ele implica em um
programa, com sugestões sobre o que a polícia precisa fazer”,
segundo Skolnik; Bayley (2002, p.39).
O POP pressupõe que os crimes podem estar sendo
causados por problemas específicos e talvez contínuos na
mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser
minimizado (ou até mesmo extinto) através de ações
preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pública.
Essa estratégia determina o aumento das tarefas da polícia ao
reagir contra o crime na sua causa, muito além do
patrulhamento preventivo, investigação ou ações repressivas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 99


− Policiamento Comunitário (Era de resolução de
problemas com a comunidade)
A estratégia de policiamento comunitário vai, ainda, mais
longe nos esforços para melhorar a capacidade da polícia. O
policiamento comunitário, que é a atividade prática da
filosofia de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação
de uma parceria eficaz e eficiente entre a comunidade e a
polícia.
O policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a
comunidade nomear seus problemas e buscar solucioná-los
em parceria com a polícia. As instituições, como a família, a
escola, a igreja, as associações de bairro e os grupos de
comerciantes, são considerados parceiros imprescindíveis da

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 100


polícia para a criação de um grupo coeso de colaboradores. O
êxito da polícia está não somente em sua capacidade de
combater o crime, mas na habilidade de criar e desenvolver
comunidades competentes para solucionar os seus próprios
problemas.
A polícia comunitária como filosofia muda os fins, os
meios, o estilo administrativo e o relacionamento da polícia
com a comunidade. O objetivo finalístico é para além do
combate ao crime, pois permite a inclusão da redução do
medo do crime, da manutenção da ordem e de alguns tipos de
serviços sociais de emergência.
Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela
resolução de problemas (MÉTODO IARA). O estilo

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 101


administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de
policiais especialistas para generalistas. O papel da
comunidade evolui de meramente informar ou alertar a
polícia, para participante do controle do crime e na criação de
comunidades ordeiras.

Figura 2.Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes.Apostila da


disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de
Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 102


9
CICLO PDCA - UNISUL 

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Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 104
Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 105
Figura 3. O Ciclo PDCA. Disponível em:
< > Acesso em 12 de ago de 2018.
http://pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/restrito/000003/0000036.pdf

O Ciclo PDCA
Entendendo a sigla: o nome PDCA é composto pelas
primeiras letras dos verbos em inglês: 
1.Plan (que significa planejar), 
2.Do (que significa fazer, executar), 
3.Check (que significa checar, conferir) e 
4. Action, Act (que significa agir, no caso, agir
corretivamente).
Esses verbos são a sequência do método PDCA.
O ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 106


decisões para garantir o alcance das metas necessárias à
sobrevivência de uma organização. Pelo
ciclo PDCA consegue-se estabelecer uma estratégia de
melhoria contínua, que ao longo do tempo trará
vantagens substanciais para a organização. Esse método
visa a controlar e atingir resultados eficazes e confiáveis
nas atividades de uma organização.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 107


As etapas que compõem o ciclo PDCA

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 108


Plan – Planejamento
Consiste no estabelecimento de metas e do método para
alcançar essas metas. Três pontos importantes devem ser
considerados:
• Estabelecer os objetivos sobre os itens de controle
• Definir o caminho para atingi-los
• Decidir quais os métodos a serem usados para atingir os
objetivos

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 109


Do - Execução
Compreende a execução das tarefas previstas na etapa
anterior e na coleta dos dados a serem utilizados na próxima
etapa.
Deve-se considerar também três pontos importantes:
• Treinar no trabalho o método a ser empregado;
• Executar o método;
• Coletar os dados para verificação do processo.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 110


Check – Controle
Etapa onde se compara o resultado alcançado com a meta
planejada, considerando-se os pontos a seguir:
• Verificar se o trabalho está sendo realizado conforme o
padrão;
• Verificar se os resultados medidos variam e comparar
com o padrão;
• Verificar se os itens de controle correspondem com as
metas.  

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 111


Action - Atuação Corretiva
Consiste em atuar no processo de função dos resultados
obtidos, verificando os três passos a seguir:
• Se o trabalho desviar do padrão, tomar ações para
corrigi-lo;
• Se um resultado estiver fora do padrão, investigar as
causas e tomar ações para prevenir e corrigi-lo;
• Melhorar o sistema de trabalho e método.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 112


MASP (QC STORY)
O Método de Análise e Solução de Problemas (MASP),
também chamado pelos japoneses de QC10 STORY, é peça
fundamental para a melhoria na produção de bens ou
prestação de serviços. A vasta maioria das decisões que são
tomadas nas empresas, sejam elas de cunho estratégico, tático
ou operacional, são baseadas no bom-senso,
experiência, feeling etc. Vale ressaltar que qualquer decisão
gerencial, em qualquer nível, deve ser conduzida para
solucionar um problema (resultado indesejável de uma
atividade). Se isso for entendido, fica claro que qualquer
decisão gerencial deve ser precedida de uma análise da
10

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 113


atividade, conduzida de maneira sistemática e sequencial pelo
Método de Análise e Solução de Problemas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 114


As empresas possuem problemas que as privam de obter
melhor produtividade e qualidade de seus produtos, além de
prejudicar sua posição competitiva. Nós temos a tendência de
achar que sabemos a solução desses problemas somente
baseados na experiência ou naquilo que julgamos ser o
conhecimento certo. No entanto, o verdadeiro expert é aquele
que alimenta seu conhecimento e experiência com fatos e
dados, dessa maneira, assegura-se de usar esse conhecimento,
experiência e, principalmente, o seu tempo na direção correta.
(CAMPOS, 1992, p.208).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 115


O MASP é uma sequência de procedimentos lógicos, baseada
em fatos e dados, que objetiva:
1. localizar a causa fundamental dos problemas;
2. mapear as soluções possíveis;
3. implantar as soluções;
4. avaliar os resultados das mudanças ocorridas com a
implantação;
5. padronização (no caso da mudança ter sido efetiva) ou
a revisão das ações (caso a mudança não tenha surtido o
efeito desejado).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 116


Método IARA (Igor Araújo Barros
de Morais11 e Thiago Augusto Vieira12)

11
12

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 117


Na resolução de problemas repetitivos de segurança, com
base no POSP, a polícia deve utilizar a seguinte
metodologia: identificar e especificar os problemas, analisar
para descobrir as causas desses problemas, responder
baseada nos dados analisados para eliminar as causas
geradoras dos problemas e avaliar o sucesso de todo esse
processo (CLARKE; ECK, 2013).
As mencionadas etapas de identificar, analisar, responder e
avaliar foram sintetizadas na sigla Iara, traduzida da sigla
inglesa SARA, criada por John Eck e Bill Spelman para
descrever as quatro fases de solução de problemas
correspondentes no
inglês: scanning, analysis, response e assessment (CLARK

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 118


E; ECK, 2013).
Este método foi desenvolvido por policiais e
pesquisadores no projeto Newport News13, na década de
1970 nos EUA, modelo de solução de problemas que pode
ser utilizado para lidar com o problema do crime e da
desordem. Como resultado desse projeto surgiu o método
SARA, que traduzido para a língua portuguesa é
denominado IARA.

Newport News é uma cidade independente localizada no estado americano da Virgínia.


13

Foi incorporada em 1896.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 119


Etapa Português Inglês
1ª FASE IDENTIFICAÇÃO    SCANNING
2ª FASE ANÁLISE     ANALYSIS
3ª FASE RESPOSTA  RESPONSE
 4ª FASE AVALIAÇÃO ASSESSMENT

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 120


É Importante ressaltar que existem diversas variações desta
metodologia, detalhando ainda mais cada uma das fases. O
método IARA é de simples compreensão para os líderes
comunitários e para os policiais que atuam na atividade-fim, e
não compromete a eficiência e eficácia do serviço apresentada
pelo POP, assim como não contradiz outros métodos, por isso,
neste texto resolvemos adotá-la como referência. Observe
como que o processo PDCA (muito utilizado na administração
de empresas), assemelha-se com o próprio método IARA,
utilizado no policiamento orientado para o problema
(POP).Como primeiro passo, o policial deve identificar os

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 121


problemas em sua área e procurar por um padrão ou ocorrência
persistente e repetitiva. A questão que pode ser formulada é: O
QUE É O PROBLEMA?
Para GOLDSTEIN (2001) um problema no policiamento
comunitário pode ser definido como “um grupo de duas ou
mais ocorrências (cluster14 de incidentes) que são similares
em um ou mais aspectos (procedimentos, localização,
pessoas e tempo), que causa danos e, além disso, é
uma preocupação para a polícia e principalmente para a
comunidade.”
CERQUEIRA (2001), conceitua que problema (no
contexto de Polícia Comunitária), “é qualquer situação que
14

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 122


cause alarme, dano ameaça ou medo, ou que possa evoluir
para um distúrbio na comunidade”

Fonte: SENASP

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 123


IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
Para iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um
problema. No contexto do POSP, um problema corresponde a
um grupo de incidentes similares em tempo, modo, lugar e
pessoas, relacionados à segurança pública. Além disso, um
problema deve ser uma preocupação substancial tanto para a
comunidade quanto para a polícia. Assim, tanto polícia como
comunidade devem participar juntos e ter paridade no processo
de identificação do problema (TASCA, 2010). É importante
também nesta etapa a participação da comunidade.
Segundo Marcineiro (2009, p. 119), dar qualidade ao serviço

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 124


policial significa torná-lo mais próximo e acessível ao cidadão
respeitando-lhe as necessidades e desejo e considerando as
díspares peculiaridade de cada comunidade no planejamento
oferta do serviço policial
Além disso, segundo o autor,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 125


Outro aspecto que deve ser levado em conta na identificação
do problema é a necessidade de se eliminar o ‘achismo’, ou
seja, deve-se trabalhar com atos concretos e dados coletados
em fontes de informações confiáveis. A experiência pessoal de
cada um que participa na identificação do problema é
importante, porém, para se evitar desperdício de tempo e
recursos na busca de soluções por um problema erroneamente
identificado ou pouco importante no contexto geral, deve-se
procurar, sempre que possível, comprovar a experiência
pessoal através de dados estatísticos (Marcineiro, 2009, p.
180).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 126


No tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da
inteligência de segurança pública como condição primordial à
identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso,
a inteligência de segurança pública deve ser desenvolvida e
aperfeiçoada constantemente com a integração de diversas
bases de dados e não apenas com dados de instituições de
segurança pública, uma vez que órgãos, como secretarias de
saúde e educação, podem fornecer informações bastante
valiosas à polícia. Nesse cenário, é interessante a utilização de
tecnologias cada vez mais avançadas de análise criminal no

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 127


auxílio à inteligência de segurança pública (SANTA
CATARINA, 2011).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 128


Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 129
Entretanto, segundo ROLIM (2009, p. 41), infelizmente,
muitas vezes só se obtêm: dados compilados partir dos
registros de ocorrência, o que assimila, inequivocamente, uma
maneira ultrapassada de se lidar com indicadores de
criminalidade e violência.
Não por outra razão, o rol de indicadores de problemas
deve ser amplo e diversificado. Do lado policial devem ser
considerados os órgãos da segurança pública no geral
(policiais militares, policiais civis e bombeiros); do lado da
comunidade devem participar, além de moradores,
empresários e lideranças locais representantes de outras
instituições públicas e privadas. Todos devem participar e
conjunto para dar legitimidade ao processo (BRASIL, 2009).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 130


Cabe salientar que, ao se isolar um determinado tipo de
problema, há maior facilidade de resolvê-lo, e é necessário
considerar ainda que um pequeno grupo de problemas se
mostra responsável por um número considerável de
ocorrências policiais. Segundo dados trazidos
por ROLIM (2009, p. 139) de pesquisa realizada
nos ESTADOS UNIDOS cerca de 10% das vítimas estão
envolvidas em 40% dos crimes; 10% dos agressores estão
envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o
ambiente para cerca de 60% das ocorrências infracionais.
Acredita-se que a realidade seja semelhante no Brasil,
seguindo o que se chama de Princípio de Pareto 15, de acordo
15

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 131


com o qual, geralmente, um pequeno número de causas
(20%) é responsável por uma grande proporção de
resultados (80%) (TASCA, 2010).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 132


ANÁLISE DO PROBLEMA
A fase de análise do problema corresponde ao coração do
método IARA. Nesta fase, buscam-se as raízes dos problemas
para, assim, conseguir atacar suas causas e não apena combater
os efeitos dos problemas (HIPÓLITO, TASCA, 2012).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 133


Tentando analisar a gênese do crime, as teorias de criminologia
se concentram em fatores sociais. Simulam causas em fatores
longínquos, como as práticas de educação de crianças,
componentes genéticos e processos psicológicos ou sociais.
Essas constituem teorias difíceis de validação prática e focam
em políticas públicas incertas que estão fora do alcance da
polícia (CLARKE; ECK, 2013).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 134


Ao contrário da criminologia tradicional, as teorias e os
conceitos da ciência do crime são muito mais úteis no trabalho
diário da polícia, pois segundo Clarke e Eck (2013, p.
38), “lidam com as causas situacionais imediatas dos eventos
criminais, incluindo tentações e oportunidades e proteção
insuficiente dos alvos”.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 135


Para esta fase é importante o conhecimento do triângulo de
análise de problema (também conhecido como o triângulo do
crime), originado da teoria da atividade rotineira. Essa teoria,
formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, diz que o
crime ocorre quando um potencial infrator encontra-se com um
potencial alvo (para aquele tipo de infrator) no mesmo tempo e
lugar, sem a presença de um guardião eficaz. Essa formulação
forma o tripé da análise de problema representada por infrator,
alvo e local (CLARKE; ECK, 2013).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 136


RESPOSTAS ÀS CAUSAS DO PROBLEMA
Após a identificação clara e análise detalhada do problema, a
polícia enfrenta o desafio de procurar o meio mais efetivo de
lidar com ele, desenvolver ações adequadas com baixo custo e
o máximo de benefício. Para isso, a polícia deve evitar a
tentação de respostas prematuras não fundamentadas nas fases
anteriores do método Iara (BRASIL, 2009).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 137


Deve haver um equilíbrio nas respostas com a utilização de
táticas tradicionais e não tradicionais. Normalmente as
primeiras estão relacionadas às atividades básicas de
policiamento e sozinhas dificilmente proporcionam soluções
duradouras para os problemas (por exemplo, prisões,
intimações e policiamento fixo no local), ao passo que as
táticas não tradicionais ligam-se às ações comunitárias (como
organização da comunidade, educação da população, alteração
do contexto físico, mudanças no contexto social e da sequência
de eventos, alteração do comportamento das vítimas)
(BRASIL, 2009; HIPÓLITO; TASCA, 2012).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 138


Frisa-se que essas respostas não são limitadas aos esforços para
identificar, prender e oficialmente acusar e julgar infratores.
Expande-se, sem abandonar o uso do direito penal. O
policiamento orientado à solução de problemas procura
descobrir outras respostas potencialmente efetivas (que podem
exigir parcerias), dando grande prioridade à prevenção
(CLARKE; ECK, 2013).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 139


AVALIAÇÃO DO PROCESSO
Nesta etapa, os policiais avaliam a efetividade das respostas
aplicadas na fase anterior. A avaliação é chave para o método
Iara, pois se as respostas implementadas não são efetivas, as
informações reunidas durante a etapa de análise devem ser
revisitadas e novas hipóteses de respostas devem ser
formuladas (BRASIL, 2009).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 140


Esta fase serve também para exportar programas que
funcionaram em determinados locais para serem aplicados em
outras localidades cujos resultados de identificação e análise
do problema sejam semelhantes. Nesse sentido, em 1977, o
Tesouro britânico iniciou uma política de controle e eficiência
nos gastos em segurança pública condicionando o repasse de
verbas à demonstração de capacidade de reduzir o crime. Por
isso, investiu-se em uma grande revisão dos estudos
disponíveis nos EUA, no Reino Unido e na Holanda. Assim,
foi possível identificar programas que, de fato, funcionavam.
Demonstrou-se que os projetos mais eficazes na redução do

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 141


crime, sem aumentar o efetivo policial, utilizavam-se da
abordagem de POSP e firmavam fortes parcerias com as
comunidades (ROLIM, 2009).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 142


As comunidades e as polícias devem compartilha as
experiências bem-sucedidas de prevenção ao crime; aquelas
que geram efetiva segurança a curto e a longo prazo. Devem
compartilhar as ideias específicas de como resolver problemas
de vizinhança. Ao destacar os programas que foram
desenvolvidos, espera-se que esta informação sirva como um
catalisador para desenvolver maneiras eficazes de impedir o
crime e aumentar a participação das comunidades nestes
esforços (DALMARCO, 2004, p. 22).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 143


Segundo Skonieczny (2009), outro fator importante nesta fase
é conhecer o impacto das medidas policiais sobre a população

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 144


Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da 
comunidade.
A gestão e as estratégias de Polícia Comunitária

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 145


Com a adoção da Polícia Comunitária, a polícia tem saído do
isolamento e entendido que a comunidade deve executar um
importante papel na solução dos problemas de segurança e no
combate ao crime. Como enfatizou Robert Peel, em 1829, ao
estabelecer os princípios da polícia moderna, “os policiais são
pessoas públicas que são remunerados para dar atenção
integral ao cidadão no interesse do bem-estar da comunidade”.
A polícia tem percebido que não é possível mais fingir que
sozinha consegue dar conta de todos os problemas de
segurança. A comunidade precisa policiar a si mesma e a
polícia pode (ou deve) ajudar e orientar esta tarefa.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 146


A percepção de que juntas, polícia e comunidade podem
somar esforços na luta contra a violência e a criminalidade
tem possibilitado o fortalecimento de algumas estratégias
utilizadas no âmbito da Polícia Comunitária:
- Mobilização das Lideranças Comunitárias
- Policiamento Comunitário
- Gestão de Serviços
- Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e
na Polícia tradicional

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 147


Estas estratégias serão descritas nas páginas seguintes
Mobilização das Lideranças Comunitárias

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 148


Na década de 80, nos Estados Unidos, cresceu o entendimento
de que os meios formais e informais de controlar o crime e
manter a ordem eram complementares e que a polícia e a
comunidade deveriam trabalhar juntas para definir estratégias
de prevenção do crime. De acordo com MOREIRA (2005),
várias são as teorias sociológicas que comprovam esta
abordagem. E, por acreditar que o medo do crime favorece o
aumento das taxas de crime e a decadência dos bairros,
inúmeros programas de redução do medo foram desenvolvidos
através da parceria polícia-comunidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 149


Estratégias para organizar a comunidade e prover uma resposta
coletiva ao crime têm se tornado o alicerce da prevenção do
crime nos Estados Unidos nos últimos anos. A polícia não pode
lidar sozinha com o problema do crime.
- Para construção de uma estratégia de Polícia Comunitária
devem ser apontados como objetivos: a parceria, o
fortalecimento, a solução de problemas, a prestação de contas e
a orientação para o cliente.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 150


- A polícia deve trabalhar em parceria com a comunidade,
com o governo, outras agências de serviço e com o sistema
de justiça criminal. A palavra de ordem deve ser “como
podemos trabalhar juntos para resolver este problema?” Os
membros da comunidade devem estar envolvidos em todas as
fases do planejamento do policiamento comunitário.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 151


Policiamento Comunitário
Fortalecimento da comunidade
Basicamente, existem dois tipos de fortalecimento:
- dos policiais: poder de decisão, criatividade e inovação
são encorajados em todos os níveis da polícia.
- da própria comunidade: a Polícia Comunitária capacita
e dá competência aos cidadãos para participar das decisões
sobre o policiamento e de outras agências de serviço, visando
prover maior impacto nos problemas de segurança.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 152


No âmbito da Polícia Comunitária, o policiamento representa
um renascimento da abordagem policial pela solução de
problemas. A meta da solução de problemas é realçar a
participação da comunidade através de abordagens para reduzir
as taxas de ocorrências e o medo do crime, através de
planejamentos a curto, médio e longo prazos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 153


O policiamento comunitário encoraja a prestação de contas, as
pesquisas e estratégias entre as lideranças e os executores, a
comunidade e outras agências públicas e privadas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 154


Uma orientação para o cliente é fundamental para que a
polícia preste serviço à comunidade. Isso requer técnicas
inovadoras de solução de problemas de modo a lidar com as
variadas necessidades do cidadão. Estabelecer e manter
confiança mútua é o núcleo da parceria com a comunidade. A
polícia necessita da cooperação das pessoas na luta contra o
crime; os cidadãos necessitam comunicar com a polícia para
transmitir informações relevantes. O processo de parceria
comunitária possui três lados: a CONFIANÇA facilita um
maior CONTATO COM A COMUNIDADE que, por sua
vez, facilita a COMUNICAÇÃO que leva a uma

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 155


maior CONFIANÇA e assim por diante.

Figura 4. Confiança mútua.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 156


As instituições policiais precisam identificar os atores
sociais que atuam nas lideranças comunitárias, como
representantes das pessoas que estão enfrentando ou
“sofrendo” com o(s) problema(s). Organizações públicas e
privadas, grupos de idosos, proprietários de imoveis,
comerciantes, etc. São pessoas importantes para iniciar um
processo de mobilização social e, principalmente, para manter
os públicos envolvidos coesos, em torno da causa social,
durante as demais fases que buscam a sua solução.
Gestão de Serviços na Polícia Comunitária e Polícia
Tradicional

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 157


“Policiamento comunitário e uma filosofia e não uma
tática específica; uma abordagem pró-ativa e
descentralizada, designada para reduzir o crime, a
desordem e o medo do crime através do envolvimento do
mesmo policial em uma mesma comunidade em um
período prolongado de tempo”. MOREIRA Apud PEAK
(1999, p.78).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 158


É fato que não existe um programa único para descrever o
policiamento comunitário, ele tem sido tentado em várias
polícias ao redor do mundo. O policiamento comunitário vai
muito além que simplesmente implementar policiamento a
pé, ciclopatrulha ou postos de policiamento comunitário. Ele
redefine o papel do policial na rua de “combatente” (combate
ao crime), para solucionador de problemas e ombudsman16 do
bairro. Obriga uma transformação cultural da polícia, incluindo
descentralização da estrutura organizacional e mudanças na
seleção, recrutamento, formação, treinamento de sistemas de
recompensas, promoção e muito mais.
16

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 159


Além do mais, essa filosofia pede para que os policiais
escapem da lógica do policiamento dirigido para ocorrências
(rádio atendimento) e busquem uma solução proativa e criativa
para equacionar o crime e a desordem.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 160


POLÍCIA COMUNITÁRIA E POLICIAMENTO
COMUNITÁRIO:
CONCEITOS E INTERPRETAÇÕES BÁSICAS

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 161


A primeira ideia que se tem a respeito do tema Polícia
Comunitária é que ela, por si só, é particularizada, pertinente
a uma ou outra organização policial que a adota, dentro de
critérios peculiares de mera aproximação com a sociedade
sem, contudo, obedecer a critérios técnicos e científicos que
objetivem a melhoria da qualidade de vida da população.
Qualidade de vida da população em um país de complexas
carências e um tema bastante difícil de ser abordado, mas
possível de ser discutido quando a polícia busca assumir o
papel de interlocutor dos anseios sociais.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 162


É preciso deixar claro que “Polícia Comunitária” não tem o
sentido de ASSISTÊNCIA POLICIAL, mas sim o
de PARTICIPAÇÃO SOCIAL.
Nessa condição entendemos que todas as forças vivas da
comunidade devem assumir um papel relevante na sua própria
segurança e nos serviços ligados ao bem comum. Acreditamos
ser necessária esta ressalva, para evitar a interpretação de que
estejamos pretendendo criar uma polícia ou de que
pretendamos credenciar pessoas extras aos quadros da polícia
como policiais comunitários.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 163


O policial é uma referência muito cedo internalizada entre os
componentes da comunidade. A noção de medo da polícia,
erroneamente transmitida na educação e às vezes na mídia,
será revertida desde que, o policial se faça perceber por sua
ação protetora e amiga.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 164


O espírito de Polícia Comunitária que apregoamos se
expressa de acordo com as seguintes ideias:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 165


 A primeira imagem da POLÍCIA é formada na família;
 A POLÍCIA protetora e amiga transmitirá na família,
imagem favorável que será transferida às crianças
desenvolvendo-se um traço na cultura da comunidade que
aproximará as pessoas da organização policial;
 O POLICIAL, junto à comunidade, além de garantir
segurança, deverá exercer função didático-pedagógica,
visando a orientar na educação e no sentido da solidariedade
social;
 A orientação educacional do policial deverá objetivar o
respeito à “Ordem Jurídica” e aos direitos fundamentais
estabelecidos na Constituição Federal;
 A expectativa da comunidade de ter no policial o cidadão

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 166


íntegro, homem interessado na preservação do ambiente, no
socorro em calamidades públicas, nas ações de defesa civil,
na proteção e orientação do trânsito, no transporte de feridos
em acidentes ou vítimas de delitos, nos salvamentos e
combates a incêndios;
 A participação do cidadão se dá de forma permanente,
constante e motivadora, buscando melhorar a qualidade de
vida. Antes, porém, de ser apresentadas definições de Polícia
Comunitária e Policiamento Comunitário vale a pena
verificar os aspectos que auxiliam caracterizar comunidade e
segurança.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 167


a) Comunidade
Para não correr o risco de definições ou conceitos unilaterais,
preferimos apresentar alguns traços que caracterizam uma
comunidade:
 Forte solidariedade social;
 Aproximação dos homens e mulheres em frequentes
relacionamentos interpessoais;
 Discussão e soluções de problemas comuns;
 Sentido de organização possibilitando uma vida social
durável.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 168


b) Segurança
Jorge Wilheim, diz que a segurança do indivíduo envolve:
 Reconhecimento do seu papel na sociedade;
 A autoestima e a autossustentação;
 A clareza dos valores morais que lhe permitam distinguir o
bem do mal;
 O sentimento de que não será perseguido por preconceito
racial, religioso ou de outra natureza;
 A expectativa de que não será vítima de agressão física,
moral ou de seu patrimônio:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 169


 A possibilidade de viver num clima de solidariedade e de
esperança.
Robert Trojanowicz (1994) faz uma definição clara do que é
Polícia Comunitária:
“É uma filosofia e estratégia organizacional que proporciona uma
nova parceria entre a população e a polícia. Baseia-se na premissa
de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas
para identificar, priorizar e resolver problemas contemporâneos
tais como crime, drogas, medo do crime, desordens físicas e morais,
e em geral a decadência do bairro, com o objetivo de melhorar a
qualidade geral da vida na área.”

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 170


Na prática Polícia Comunitária (como filosofia de
trabalho)    difere do Policiamento Comunitário (ação de
policiar junto à comunidade). Aquela deve ser interpretada
como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos de
Polícia, esta pertinente às ações efetivas com a comunidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 171


A ideia central da Polícia Comunitária reside na possibilidade
de propiciar uma aproximação dos profissionais de segurança
junto à comunidade onde atua, como um médico, um advogado
local; ou um comerciante da esquina; enfim, dar característica
humana ao profissional de polícia, e não apenas um número de
telefone ou uma instalação física referencial. Para isto realiza
um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 172


Já o Policiamento Comunitário, segundo Wadman (1994), é
uma maneira inovadora e mais poderosa de concentrar as
energias e os talentos do departamento policial na direção
das condições que frequentemente dão origem ao crime e a
repetidas chamadas por auxílio local.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 173


A Polícia Comunitária resgata a essência da arte de polícia,
pois apoia e é apoiada por toda a comunidade, acolhendo
expectativas de uma sociedade democrática e pluralista, onde a
responsabilidade pela mais estreita observância das leis e da
manutenção da paz não incumbem apenas à polícia, mas,
também a todos os cidadãos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 174


À medida que se abrem para a sociedade, congregando lideres
locais, negociantes, residentes e todos quanto puderem
participar da segurança local, a polícia deixa de ser uma
instituição fechada e que, estando aberta às sugestões, permite
que a própria comunidade faça parte de suas deliberações.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 175


Em relação ao Policiamento Comunitário é possível dizer que
conforme Trojanowicz (1994), o Policiamento Comunitário
exige um comprometimento de cada um dos policiais e
funcionários civis do departamento policial com sua
filosofia. Ele também desafia todo o pessoal a encontrar meios
de expressar esta nova filosofia nos seus trabalhos,
compensando assim a necessidade de manter uma resposta
rápida, imediata e efetiva aos crimes individuais e as
emergências, com o objetivo de explorar novas iniciativas
preventivas, visando à resolução de problemas antes que eles
ocorram ou se tornem graves.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 176


O Policiamento Comunitário, portanto, é uma filosofia de
patrulhamento personalizado de serviço completo, onde o
mesmo policial trabalha na mesma área, agindo numa
parceria preventiva com os cidadãos, para identificar e
resolver problemas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 177


Quando não se conhece ou não se prática Polícia Comunitária
é comum se afirmar que esta nova forma ou filosofia de
atuação é de uma “polícia light”, ou uma “polícia frouxa” ou
mesmo uma “polícia que não pode mais agir”.
Na verdade Polícia Comunitária é uma forma técnica e
profissional de atuação perante a sociedade numa época em
que a tecnologia, qualidade no serviço e o adequado preparo
são exigidos em qualquer profissão. Mas no nosso caso existe
ainda muita confusão.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 178


Robert Trojanowicz no livro “Policiamento Comunitário:
Como Começar?” procura mostrar as interpretações errôneas
sobre o que não é Policiamento Comunitário:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 179


a. Policiamento Comunitário não é uma tática, nem um
programa e nem uma técnica
- não é um esforço limitado para ser tentado e depois
abandonado, e sim um novo modo de oferecer o serviço
policial à comunidade;
c. Policiamento Comunitário não é apenas relações-
públicas
- na melhoria das relações com a comunidade é necessária
porém não é o objetivo principal, pois apenas o "QSA" não é
suficiente para demonstrar a comunidade seriedade, técnica e
profissionalismo. Com o tempo os interesseiros ou os "QSA

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 180


5" são desmascarados e passam a ser criticados fortemente
pela sociedade. É preciso, portanto, ser honesto, transparente
e sincero nos seus atos;
c. Policiamento Comunitário não é anti-tecnologia 
– o Policiamento Comunitário pode se beneficiar de novas
tecnologias que podem auxiliar a melhora do serviço e a
segurança dos policiais. Computadores, celulares, sistemas
de monitoramento, veículos com computadores, além de
armamento moderno (inclusive não letal) e coletes
protetores fazem parte da relação de equipamentos
disponíveis e utilizáveis pelo policial comunitário. Aquela
ideia do policial comunitário “desarmado” é pura mentira,
pois até no Japão e Canadá os policiais andam armados com

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 181


equipamentos de ponta. No caso brasileiro a nossa tecnologia
muitas vezes é adaptada, ou seja, trabalhos muito mais com
criatividade do que com tecnologia. Isto com certeza
favorece o reconhecimento da comunidade local;
b. Policiamento Comunitário não é condescendente com
o Crime
- os policiais comunitários respondem às chamadas e fazem
prisões como quaisquer outros policiais: são enérgicos e
agem dentro da lei com os marginais e os agressores da
sociedade. Contudo atuam próximos a sociedade orientando
o cidadão de bem, os jovens e buscam estabelecer ações
preventivas que busquem melhorar a qualidade de vida no
local onde trabalham. Parece utópico, mas inúmeros policiais

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 182


já vem adotando o comportamento preventivo com resultados
excepcionais. Outro ponto importante é que como está
próximo da comunidade, o policial comunitário também é
uma fonte de informações para a polícia de investigação
(Polícia Civil) e para as forças táticas, quando forem
necessárias ações repressivas ou de estabelecimento da
ordem pública;
e. Policiamento Comunitário não é espalhafatoso e nem
camisa "10"
- as ações dramáticas narradas na mídia não podem fazer
parte do dia a dia do policial comunitário. Ele deve    ser
humilde e sincero nos seus propósitos. Nada pode ser feito
para aparecer ou se sobressair sobre seus colegas de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 183


profissão. Ao contrário, ele deve contribuir com o trabalho de
seus companheiros, seja ele do motorizado, a pá, trânsito,
bombeiro, civil, etc. O Policiamento Comunitário deve ser
uma referência a todos, polícia ou comunidade. Afinal,
ninguém gosta de ser tratado por um médico desconhecido,
ou levar seu carro em um mecânico estranho;
f. Policiamento Comunitário não é paternalista
- não privilegia os mais ricos ou os “mais amigos da
polícia”, mas procura dar um senso de justiça e transparência
à ação policial. Nas situações impróprias deverá estar sempre
ao lado da justiça, da lei e dos interesses da comunidade.
Deve sempre priorizar o coletivo em detrimento dos
interesses pessoais de alguns membros da comunidade local;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 184


g. Policiamento Comunitário não é uma modalidade ou
uma ação especializada isolada dentro da Instituição
- os policiais comunitários não devem ser exceção dentro
da organização policial, mas integrados e participantes de
todos os processos desenvolvidos na unidade. São parte
sim de uma grande estratégia organizacional, sendo uma
importante referência para todas as ações desenvolvidas
pela Polícia Militar. O perfil desse profissional é também
o de aproximação e paciência, com capacidade de ouvir,
orientar e participar das decisões comunitárias, sem
perder a qualidade de policial militar forjado para servir
e proteger a sociedade;
h. Policiamento Comunitário não é uma Perfumaria

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 185


- o policial comunitário lida com os principais problemas
locais: drogas, roubos e crimes graves que afetam
diretamente a sensação de segurança. Portanto seu principal
papel, além de melhorar a imagem da polícia, é o de ser um
interlocutor da solução de problemas, inclusive participando
do encaminhamento de problemas que podem interferir
diretamente na melhoria do serviço policial (uma rua mal
iluminada, horário de saída de estudantes diferenciado, etc.);
i. Policiamento Comunitário não pode ser um enfoque
de cima para baixo
- as iniciativas do Policiamento Comunitário começam com
o policial de serviço. Assim admite-se compartilhar poder e
autoridade com o subordinado, pois no seu ambiente de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 186


trabalho ele deve ser respeitado pela sua competência e
conhecimento.
Contudo o policial comunitário também adquire mais
responsabilidade já que seus atos serão prestigiados ou
cobrados pela comunidade e seus superiores;
j. Policiamento Comunitário não é uma fórmula mágica
ou panaceia
- o Policiamento Comunitário não pode ser visto como a
solução para os problemas de insegurança pública, mas uma
forma de facilitar a aproximação da comunidade favorecendo
a participação e demonstrando a sociedade que grande parte
da solução dos problemas de insegurança dependem da
própria sociedade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 187


Sabemos que a filosofia de Polícia Comunitária não pode
ser imediatista, pois depende da reeducação da polícia e dos
próprios cidadãos que devem ver a polícia como uma
instituição    que participa do dia a dia coletivo e não simples
guardas patrimoniais ou "cães de guarda";
k. O Policiamento Comunitário não deve favorecer ricos
e poderosos
- a participação social da polícia deve ser em qualquer
nível social: os mais carentes, os mais humildes, que
residem em periferia ou em áreas menos nobres.
Talvez nestas localidades é que está o grande desafio da
Polícia Comunitária. Com certeza os mais ricos e poderosos
tem mais facilidade em ter segurança particular;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 188


i. Policiamento Comunitário não é uma simples
edificação
- construir ou reformar prédios da Polícia não significa
implantação de Polícia Comunitária. A Polícia
Comunitária depende diretamente do profissional que
acredita e pratica esta filosofia muitas vezes com recursos
mínimos e em comunidades carentes;
m. Policiamento Comunitário não pode ser interpretado
como um instrumento político-partidário mas uma
estratégia da Corporação
- muitos acham que acabou o Governo “acabou a moda”,
pois vem outro governante e cria outra coisa.
Talvez isto seja próprio de organizações não tradicionais ou

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 189


temporárias. A Polícia Comunitária além de filosofia é
também um tipo de ideologia policial aplicada em todo o
mundo, inclusive em países pobres com características
semelhantes às do Brasil. Portanto, talvez seja uma roupagem
para práticas positivas antigas.
Afinal, o que foi que esquecemos?
n. A natureza do policial sempre foi comunitária.
Nascida ao início do século XX com o objetivo de proteger
o cidadão de bem dos malfeitores, anos depois, ao final
deste mesmo século, se busca este retorno às origens.
Referência Bibliográfica:
TROJANOWICZ, Robert e BUCQUEROUX, Bonnie.
Policiamento Comunitário: como começar . Trad. Mina

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 190


Seinfeld de Carakushansky. Rio de Janeiro: Polícia Militar do
Estado do Rio de Janeiro, Editora Parma, 1994.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 191


Diferenças básicas entre a Polícia Tradicional e a Polícia
Comunitária
O que muda na Polícia Comunitária em relação ao que muitos
autores denominam de Polícia Tradicional, por não utilizar a
mesma filosofia?
O quadro a seguir é feita comparação entre as atitudes que
relacionadas ao modelo de Polícia Tradicional e o modelo de
Polícia Comunitária.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 192


POLÍCIA TRADICIONAL
- A polícia é uma agência governamental responsável,
principalmente, pelo cumprimento da lei; - Na relação entre a
polícia e as demais instituições de serviço público, as
prioridades são muitas vezes conflitantes;
•O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do
crime;
•As prioridades são, por exemplo, roubo a banco,
homicídios e todos aqueles envolvendo violência;
•A polícia se ocupa mais com os incidentes;
•O que determina a eficiência da polícia é o tempo de
resposta;  

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 193


•O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas
rápidas aos crimes sérios;
•A função do comando é prover os regulamentos e as
determinações que devam ser cumpridas pelos policiais;
•As informações mais importantes são aquelas relacionadas
a certos crimes em particular;
•O policial trabalha voltado para a marginalidade de sua
área, que representa, no máximo, 2% da população
residente no local onde “todos são inimigos, marginais ou
paisanos folgados, até que se prove o contrário”;
•O policial é o do serviço;
•Emprego da força como técnica de resolução de
problemas;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 194


•Presta contas somente ao seu superior; e
•As patrulhas são distribuídas conforme o pico de
ocorrências

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 195


Policiamento tradicional e comunitário

O policiamento ostensivo tradicional objetivo combater o


crime assim que o delito foi cometido ou pouco antes de ser
praticado, com princípios fundamentados como a utilização do
policiamento fardado, por exemplo.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 196


Vejamos abaixo a diferença básica entre a polícia
tradicional e a polícia comunitária.
Polícia Comunitária 
A comunidade é aliada no planejamento das políticas de
segurança, por meio de campanhas, orientações e mutirões.
Os resultados de todo o procedimento são realizados pela
comunidade e pelos policiais. Sendo assim, segundo o
Código Penal Militar:
•A polícia é o público e o público é a polícia: os policiais
são aqueles membros da população que são pagos para dar
atenção em tempo integral às obrigações dos cidadãos;
•Na relação com as demais instituições de serviço público, a
polícia é apenas uma das instituições governamentais

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 197


responsável pela qualidade de vida da comunidade;
•O papel da polícia é dar um enfoque mais amplo visando à
resolução de problemas, principalmente por meio da
prevenção;
•A eficácia da polícia é medida pela ausência de crime e
desordem;
•A polícia se ocupa mais com os problemas e as
preocupações dos cidadãos;
•O que determina a eficácia da polícia são o apoio e a
cooperação do público;
•O profissionalismo policial se caracteriza pelo estreito
relacionamento com a comunidade;
•A função do comando é incutir valores institucionais;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 198


•As informações mais importantes são aquelas relacionadas
com as atividades delituosas de indivíduos ou grupos;
•As prioridades são qualquer problema que esteja afligindo
a comunidade;
•O policial trabalha voltado para os 98% da população de
sua área, que são pessoas de bem e trabalhadoras;
•O policial emprega a energia e eficiência, dentro da lei, na
solução dos problemas com a marginalidade, que no
máximo chega a 2% dos moradores de sua localidade de
trabalho;
•Os 98% da comunidade devem ser tratados como cidadãos
e clientes da organização policial;
•O policial presta contas de seu trabalho ao seu superior e à

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 199


comunidade;
•As patrulhas são distribuídas conforme a necessidade de
segurança da comunidade, ou seja, 24 (vinte e quatro)
horas por dia;
•O policial é da área.
Polícia Tradicional
É responsável por planejar e implantar os serviços, tarefas
realizadas pelos policiais, podendo haver a parceria com
outras instituições como a polícia investigativa, federal,
bombeiros, etc. 
Sendo assim, segundo o Código Penal Militar: 
•A polícia é uma agência governamental responsável
principalmente pelo cumprimento da lei;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 200


•Na relação entre a polícia e as demais instituições de
serviço público, as prioridades são muitas vezes
conflitantes;
•O papel da polícia é preocupar-se com a resolução do
crime;
•As prioridades são, por exemplo, roubo a banco,
homicídios e todos aqueles atos envolvendo violência;
•A polícia se ocupa mais com os incidentes;
•O que determina a eficiência da polícia é o tempo de
resposta;
•O profissionalismo policial se caracteriza pelas respostas
rápidas aos crimes sérios;
•A função do comando é prover os regulamentos e as

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 201


determinações que devam ser cumpridas pelos policiais;
•As informações mais importantes são aquelas relacionadas
a certos crimes em particular;
•O policial trabalha voltado unicamente para a
marginalidade de sua área, que representa no máximo 2%
da população residente no local;
•Emprego da força como técnica de resolução;
•Presta contas somente ao seu superior;
•As patrulhas são distribuídas conforme o pico de
ocorrências.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 202


Tabela 1. Polícia Comunitária vs Polícia Tradicional.
Gestão de Serviços
Tabela 2. 5W2H
A Polícia Comunitária pede para que os policiais escapem da
logica do policiamento dirigido para ocorrências
(radioatendimento) e busquem uma solução pró-ativa e

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 203


criativa para equacionar o crime e a desordem. O
diagrama 5W2H pode ajudar na gerencia do serviço policial.
Esta metodologia, também conhecida nos países de língua
portuguesa como 4Q1POC (após a tradução), e muito utilizada
na administração de empresas para gerenciar um plano de ação
para elaborar um serviço ou produto.
Este diagrama e composto por 7 perguntas que procuram
orientar a gerência de um plano de ação.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 204


Figura 5. As sete perguntas essenciais

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 205


As sete perguntas essenciais.
Pergunta
Inglês - Português - 4Q1POC Característica
5W2H
What? O que será feito? Etapa a cumprir
Who? Quem vai fazer Definição de Responsável
When? Quando será feito? Cronograna
How Quanto custará? Investimento
much?
Why? Por quê? Razoes para a sua
realização

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 206


Where? Onde será? Local de realização
How? Como será? Como atuar
(operacionalizar)

Tabela 3. As sete perguntas essenciais (notas do autor)


O 4Q1POC é um método para a definição clara de um
problema, causa ou solução, por meio de perguntas simples e
objetivas. Deve ser usado quando necessitar descrever de
maneira completa um problema ou um plano de ação,
assegurando que as informações básicas e fundamentais sejam
definidas, funcionando como uma lista de verificação.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 207


As informações devem ser extraídas por meio das seguintes
questões:
•Quê ? (What) – É o assunto tratado?
•Quem? (Who) – Quem está envolvido?
•Quando? (When) – Em que momento, duração e
frequência?
•Quanto? ( How much) – Custos?
•Por quê? (Why) – Objetivo?
•Onde? (Where) – Onde atuar?
•Como? (How) – Como atuar?

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 208


As respostas para perguntas devem ser anotadas em uma
tabela, resultando um plano com as informações coletadas.
Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e
na Polícia Tradicional
Em oposição ao trabalho de um policial tradicional, que
faz patrulhamento e prende bandidos, em um dia de trabalho
de um policial comunitário, além das tarefas do policial
tradicional, abrange:
- trabalhar em postos comunitários,
- participar de encontros com grupos da comunidade,
- analisar e resolver problemas do bairro,
- realizar pesquisas e entrevistas pessoais,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 209


- encontrar com lideranças locais,
- verificar a segurança das residências e comércios locais,
- lidar com desordeiros, dentre outras.
Veja a seguir o diagrama, adaptado
de MOREIRA Apud PEAK (1999, p.80), para compreender e
comparar com o modelo de Polícia Tradicional e a Polícia
Comunitária.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 210


Diferenças entre a polícia tradicional e a polícia
comunitária - Maurício Futryk Bohn, 17
POLÍCIA TRADICIONAL POLÍCIA COMUNITÁRIA
A polícia é uma agência governamental A polícia é o publico e publico é a polícia: os
responsável, principalmente, pelo policiais são aqueles membros da população
cumprimento da lei que são pagos para dar atenção em tempo
integral às obrigações dos cidadãos;
Na relação entre polícia e as demais Na relação com as demais instituições de
instituições de serviço público, as serviço publico, a polícia é apenas uma das
prioridades são muitas vezes instituições governamentais responsáveis
conflitantes; pela qualidade de vida da comunidade;
O papel da polícia é preocupar-se com O papel da polícia é dar um enfoque mais
a resolução do crime; amplo visando a resolução de problemas,
principalmente por meio da prevenção
As prioridades são, por exemplo, roubo A eficácia da política é medida pela ausência
a banco, homicídios e todos aqueles de crime e de desordem;
17

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 211


envolvendo violências;
A polícia se ocupa mais com os As prioridades são quaisquer problemas que
incidentes; estejam afligindo a comunidade;
O que determina a eficiência da polícia A polícia se ocupa mais com os problemas e
é o tempo de resposta; as preocupações dos cidadãos
O profissionalismo policial se O que determina a eficácia da polícia é o
caracteriza pelas respostas rápidas aos apoio e a cooperação do publico;
crimes sérios;
A função do comando é prover os O profissionalismo policial se caracteriza
regulamentos e as determinações que pelo estreito relacionamento com a
devam ser cumpridas pelos policiais; comunidade
As informações mais importantes são A função do comando é incutir valores
aquelas relacionadas a certos crimes em institucionais;
particular;
O policial trabalha voltado unicamente As informações mais importantes são aquelas
para a marginalidade de sua área, que relacionadas com as atividades delituosas de
representa, no máximo 2% da indivíduos ou grupos;
população residente ali onde “todos são

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 212


inimigos, marginais ou paisano
folgado, até prova um contrário”;
O policial é do serviço; O policial trabalha voltado para os 98% da
população de sua área, que são pessoas de
bem e trabalhadoras;
Emprego da força como técnica de O policial emprega a energia e eficiência,
resolução de problemas; dentro da lei, na solução dos problemas com
a marginalidade, que no máximo chega a 2%
dos moradores de sua localidade de trabalho;
Presta contas somente ao seu superior; Os 98% da comunidade devem ser tratados
como cidadãos e clientes da organização
policial;
As patrulhas são distribuídas conforme O policial presta contas de seu trabalho ao
o pico de ocorrência. superior e à comunidade;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 213


Tabela 4. Diferenças entre a polícia tradicional e a polícia
comunitária - Maurício Futryk Bohn
Disponível em:
<http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/anais/cienciascriminais/IV/54.
pdf> e em <https://jus.com.br/artigos/28125/policiamento-
comunitario-a-transicao-da-policia-tradicional-para-policia-
cidada >. Acesso em 07 de ago de 2018.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 214


Saiba mais:
•A popularização da polícia comunitária pode representar
um risco à sua implementação, em que pese a ocorrência de
desvios em relação ao que a filosofia pressupõe.
•O contexto de surgimento da polícia comunitária foi
marcado por críticas ao sistema policial, em que reformas
institucionais que aproximassem a polícia e a sociedade
eram reivindicadas.
•O modelo tradicional ou profissional de policiamento é
caracterizado pela organização burocrático-legal voltada
para     a aplicação da lei.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 215


•O processo de socialização se confunde com as
características biológicas, pois os comportamentos são
determinados de forma inata.
•O ingresso numa OSP pode ser considerado um
processo de socialização secundária, em que hábitos,
práticas e formas de pensar próprios da instituição
passam a influenciar o indivíduo em sua vida.
•A polícia comunitária estabelece formas de
relacionamento com a comunidade que se encontram
baseadas em pressupostos novos, como a coprodução da
segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade
devem reaprender a se relacionar sob diferentes formas.
•A aproximação do policial comunitário deve ser

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 216


antecedida pela confirmação das intenções do
interlocutor nas relações com a comunidade.
•A realização de visitas e reuniões na comunidade
representa uma etapa importante na implantação do
policiamento comunitário, pois possibilita compreender
as formas como as pessoas interagem entre si e com o
espaço geográfico.
•No processo de aproximação com a comunidade, as
diferenças ideológicas entre as pessoas da vizinhança
devem ser consideradas de forma imparcial e objetiva, à
luz da legislação, apesar de que quase sempre se
transformam em conflitos.
•Ao buscar conhecer as realidades locais, o policial

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 217


comunitário deve estar preparado para observar os
direitos dos diversos grupos que compõem a
comunidade, independentemente de preferência
religiosa, orientação sexual ou classe social dos possíveis
envolvidos em um conflito.
•Sobre os grupos em situação de vulnerabilidade social,
julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F)
e para falsos:
•É considerada idosa a pessoa com idade superior a 60
anos de idade, sendo reservado a essa população o
direito de não ser alvo de negligência, discriminação,
violência, crueldade ou opressão. (V)
•Os idosos são frágeis e indefesos, mesmo assim, a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 218


polícia não deve priorizar o atendimento de seus
chamados em detrimento do restante da população. (F)
•Apesar de ser contravenção, morar na rua não deve ser
objeto de ações das OSPs como forma de melhorar a
qualidade de vida das pessoas. (F)
•As pessoas em situação de rua são marcadas pela
pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados e a inexistência de moradia convencional
regular. (V)
•É importante que os PSPs identifiquem as características e
as necessidades dos diferentes grupos da comunidade em
que     trabalham.
•Por buscar reconhecer desigualdades, a polícia comunitária

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 219


representa uma reorientação das OSP para minimizar
injustiças.
•A noção de equidade diz respeito ao estabelecimento de
mecanismos que diminuam desigualdades de
oportunidades ou de acesso a recursos ou direitos no
convívio entre as pessoas em sociedade. (QP)
•O policiamento comunitário tem o potencial de melhorar a
imagem das organizações justamente por se basear em
novas formas de perceber como deve ser o trabalho policial
e como se relacionar com a comunidade, em um mesmo
nível de interação.
•Em termos práticos, a Polícia Comunitária (como filosofia
de trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 220


policiar junto à comunidade). Aquela deve ser interpretada
como filosofia organizacional indistinta a todos os órgãos
de segurança pública, esta permite as ações efetivas com a
comunidade.
•A proposta de Polícia Comunitária oferece uma resposta
tão simples que parece irreal: personalize a polícia, faça
dela uma presença também comum.
•Polícia Comunitária é uma atitude na qual o policial
aparece a serviço da comunidade e não como uma força. É
um serviço público, antes de ser uma força pública.
•A Polícia Comunitária não é caracterizada pelo uniforme
distinto, o que possibilitaria uma maior receptividade pela
comunidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 221


•A consolidação de um projeto político que tenha como
objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa
não pode desconsiderar a segurança de cada cidadão e, ao
mesmo tempo, a segurança da coletividade.
•No que tange à Polícia Comunitária: (QP)
•I - a participação social da polícia deve ser em
qualquer nível social.
•II - construir ou reformar prédios da Polícia não
significa      implantação de Polícia Comunitária.
•III - Em relação ao Policiamento Comunitário é
possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o
Policiamento Comunitário exige um
comprometimento de cada um dos policiais e

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 222


funcionários civis do departamento policial com sua
filosofia.
•Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo
das conferências preparatórias da 1ª Conferência Nacional
de Segurança Pública (CONSEG) , constituíram as
Comissões Organizadoras Municipais (COM). Quanto a
essas comissões podemos afirmar que:
•I - As 27 unidades da Federação instituíram suas
Comissões Organizadoras Estaduais (COE) .
•II - Estes grupos receberam a orientação de manter o
formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras
igualitariamente para a sociedade, os trabalhadores e os
gestores.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 223


•III - A principal atribuição destas comissões foi
mobilizar e auxiliar nos preparativos das etapas
municipais estaduais e distrital.
•"Para que possamos dizer que existe mobilização social de
fato, é preciso que pessoas, comunidades ou sociedades se
aglutinem para decidir e agir em direção a um OBJETIVO
COMUM"
•A primeira etapa do PDCA exige o estabelecimento de
metas e procedimentos técnicos aptos a alcançar os
resultados propostos. (QP)
•O policiamento comunitário surgiu da necessidade de uma
aproximação entre a polícia e a comunidade e “cresceu a
partir da concepção de que a polícia poderia responder de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 224


modo sensível e apropriado aos cidadãos e às
comunidades” (SKOLNICK, 2003:57).
•Tipos de prevenção:
•Prevenção primária: A prevenção não é percebida como
de competência exclusiva das agências de segurança
pública, mas também de famílias, escolas e sociedade
civil.
•Prevenção secundária Esse tipo de prevenção está
fundamentado na noção de risco e proteção.
•Prevenção terciária: Atua quando já houve vitimização,
procurando evitar a reincidência do autor e promover a
reabilitação individual e social da vítima.
•Um município que desejar aderir ao PRONASCI deve

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 225


obrigatoriamente criar um Gabin.ete de Gestao ntegrada
•A fase de execução do planejado também implica a
formação e o treinamento dos funcionários para a
correta realização das     metas estipuladas. (QP)
•O ciclo PDCA visa a melhoria contínua dos processos e
a normalização dos procedimentos mais eficientes. (QP)
•O ciclo de polícia, que inicia o ciclo de persecução
criminal, é composto por:
•1ª fase: Situação normal de paz social. Refere-se ao
trabalho ostensivo realizado pela polícia, de caráter
preventivo, em prol da preservação da ordem pública.
Quando ocorre a quebra da ordem pública, são efetuadas
as demais fases do ciclo policial.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 226


•2ª fase: Restauração da paz social. Consiste no primeiro
contato da polícia com a prática criminal, competindo-
lhe exercer as primeiras providências de polícia
administrativa e judiciária, como realizar prisão em
flagrante, identificar testemunhas, levantar informações
sobre o modo como o crime ocorreu, socorrer vítimas,
dentre outras verificações possíveis que se apresentarem
necessárias de imediato.
•3ª fase: Investigativa. É exercida pela polícia judiciária,
através da escuta do relato das testemunhas arroladas,
realização de perícias, cumprimento de prisões
processuais, exercidas por meio da instauração do
Inquérito Policial.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 227


•4ª fase: Processual. A partir dessa sequência de
procedimentos ocorre a fase processual, que é de
competência do Ministério Público e Poder Judiciário,
sendo a última etapa do ciclo de persecução criminal a
fase de aplicação das penas, responsabilidade do Poder
Judiciário e do Sistema Prisional (LAZZARINI, 1996).
•A divisão da execução das fases da atividade policial em
duas organizações distintas, no ente federativo estadual, de
forma que é atribuída à Polícia Militar o trabalho de
preservação da ordem pública, enquanto compete à Polícia
Civil a realização da investigação e da apuração dos crimes,
caracteriza a estrutura das polícias estaduais brasileiras
como bipartida, dado que ambas apresentam o ciclo

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 228


policial incompleto.
•Nas duas últimas décadas, o
Brasil presenciou uma crescente preocupação com as
questões relativas à segurança pública e à justiça criminal.
Uma verdadeira obsessão securitária refletiu-se num nível
jamais visto de debates públicos, de propostas legislativas e
de produção acadêmica.
•O Bolsa Família pode ser considerado um exemplo de
programa de prevenção social, uma vez que atua para
atenuar determinados fatores de risco e promover a
proteção social. Por meio da transferência direta de renda,
promove o alívio imediato da pobreza; as
condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 229


básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e
as ações e programas complementares objetivam o
desenvolvimento das famílias, de modo que os
beneficiários consigam superar a situação de
vulnerabilidade.      
•A popularização da polícia comunitária pode
representar um risco à sua implementação, em que pese
a ocorrência de desvios em relação ao que a filosofia
pressupõe.
•O contexto de surgimento da polícia comunitária foi
marcado por críticas ao sistema policial, em que reformas
institucionais que aproximassem a polícia e a sociedade
eram reivindicadas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 230


•O modelo tradicional ou profissional de policiamento é
caracterizado pela organização burocrático-legal
voltada para     a aplicação da lei.
•O processo de socialização se confunde com as
características biológicas, pois os comportamentos são
determinados de forma inata. (QP). Na prova é falsa
por causa de um não.
•O ingresso numa OSP pode ser considerado um
processo de socialização secundária, em que hábitos,
práticas e formas de pensar próprios da instituição
passam a influenciar o indivíduo em sua vida. (QP).
•A polícia comunitária estabelece formas de
relacionamento com a comunidade que se encontram

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 231


baseadas em pressupostos novos, como a coprodução da
segurança pública. Por isso, a polícia e a comunidade
devem reaprender a se relacionar sob diferentes formas.
(QP).
•A aproximação do policial comunitário deve ser antecedida
pela confirmação das intenções do interlocutor nas relações
com a comunidade, devendo ser utilizados os recursos de
inteligência policial a todo momento. (F)
•A realização de visitas e reuniões na comunidade
representa uma etapa importante na implantação do
policiamento comunitário, pois possibilita compreender as
formas como as pessoas interagem entre si e com o espaço
geográfico.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 232


•No processo de aproximação com a comunidade, as
diferenças ideológicas entre as pessoas da vizinhança
devem ser consideradas de forma imparcial e objetiva, à luz
da legislação, apesar de que quase sempre se transformam
em conflitos.
•Ao buscar conhecer as realidades locais, o policial
comunitário deve estar preparado para observar os direitos
dos diversos grupos que compõem a comunidade,
independentemente de preferência religiosa, orientação
sexual ou classe social dos possíveis envolvidos em um
conflito.
•Sobre os grupos em situação de vulnerabilidade social,
julgue os itens abaixo, marcando (V) para verdadeiro e (F)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 233


e para falsos:
•É considerada idosa a pessoa com idade superior a 60
anos de idade, sendo reservado a essa população o
direito de não ser alvo de negligência, discriminação,
violência, crueldade ou opressão.
•Os idosos são frágeis e indefesos, mesmo assim, a
polícia não deve priorizar o atendimento de seus
chamados em detrimento do restante da população.
•Apesar de ser contravenção, morar na rua não deve
ser objeto de ações das OSPs como forma de
melhorar a qualidade de vida das pessoas.
•As pessoas em situação de rua são marcadas pela
pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 234


ou fragilizados e a inexistência de moradia
convencional regular.
•É importante que os PSPs identifiquem as características e
as necessidades dos diferentes grupos da comunidade em
que trabalham.
•Por buscar reconhecer desigualdades, a polícia
comunitária representa uma reorientação das OSP para
minimizar injustiças.
•A noção de equidade diz respeito ao estabelecimento de
mecanismos que diminuam desigualdades de
oportunidades ou de acesso a recursos ou direitos no
convívio entre as pessoas em sociedade.
•O policiamento comunitário tem o potencial de melhorar a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 235


imagem das organizações justamente por se basear em
novas formas de perceber como deve ser o trabalho policial
e como se relacionar com a comunidade, em um mesmo
nível de interação.
•Em termos práticos, a Polícia Comunitária (como filosofia
de     trabalho) difere do Policiamento Comunitário (ação
de policiar junto à comunidade). Aquela deve ser
interpretada como filosofia organizacional indistinta a
todos os órgãos de segurança pública, esta permite as ações
efetivas com a comunidade.
•Câmaras técnicas. As Câmaras Técnicas são espaços
permanentes de discussão sobre os assuntos mais
importantes para a segurança pública do município.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 236


•A proposta de Polícia Comunitária oferece uma resposta
tão simples que parece irreal: personalize a polícia, faça
dela uma presença também comum.
•Polícia Comunitária é uma atitude na qual o policial
aparece a serviço da comunidade e não como uma força. É
um serviço público, antes de ser uma força pública.
•A Polícia Comunitária não é caracterizada pelo uniforme
distinto, o que possibilitaria uma maior receptividade pela
comunidade.
•A consolidação de um projeto político que tenha como
objetivo a promoção de uma sociedade igualitária e justa
não pode desconsiderar a segurança de cada cidadão e, ao
mesmo tempo, a segurança da coletividade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 237


•No que tange à Polícia Comunitária:
•I - a participação social da polícia deve ser em
qualquer nível social.
•II - construir ou reformar prédios da Polícia não
significa      implantação de Polícia Comunitária.
•III - Em relação ao Policiamento Comunitário é
possível dizer que conforme Trojanowicz (1994), o
Policiamento Comunitário exige um
comprometimento de cada um dos policiais e
funcionários civis do departamento policial com sua
filosofia.
•Algumas centenas de municípios, ao aderirem ao processo
da conferências preparatórias da 1ª Conferência Nacional

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 238


de Segurança Pública (CONSEG) , constituíram
as Comissões Organizadoras Municipais (COM).
Quanto a essas comissões podemos afirmar que:
•I - As 27 unidades da Federação instituíram
suas Comissões Organizadoras Estaduais (COE) .
•II - Estes grupos receberam a orientação de manter o
formato tripartite, ou seja, reservar cadeiras
igualitariamente para a sociedade, os trabalhadores e os
gestores.
•III - A principal atribuição destas comissões foi
mobilizar e auxiliar nos preparativos das etapas
municipais estaduais e distrital.
•“Para que possamos dizer que existe mobilização social de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 239


fato, é preciso que pessoas, comunidades ou sociedades se
aglutinem para decidir e agir em direção a um OBJETIVO
COMUM”
•A corrupção, o desrespeito aos direitos humanos, a herança
autoritária e a “insistência no modelo da guerra como
metáfora e como referência para as operações de segurança
pública” (CANO, 2006, p. 141), também são alguns outros
exemplos comuns de deficiências relacionadas às polícias
estaduais. A despeito do panorama de deficiências das
polícias estaduais, verificam-se iniciativas recentes de
modernização das instituições policiais que apontam em
direção à mudança de paradigma na gestão da segurança
pública.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 240


Nesse contexto, pode-se citar algumas experiências
relevantes, tais como:
•Tentativas de integração das polícias civil e militar;
•Compatibilização do trabalho policial em áreas
geográficas coincidentes;
•Unificação e informatização dos boletins de ocorrências
criminais;
•Investimentos em tecnologia, em georreferenciamento e
nos sistemas de informações policiais;
•Criação de ouvidorias de polícia.
•Os Gabinetes de Gestão Integrada, de forma geral, se
fundamentam em três eixos:
•I - atuação em rede

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 241


•II - gestão integrada.
•III- perspectiva sistêmica.
•Um município que desejar aderir ao PRONASCI deve
obrigatoriamente criar um Gabinete de Gestão Integrada.
•GGIM - Gabinete de Gestão Integrada Municipal –
GGIM é um instrumento para apoiar os municípios na
gestão do Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania – Pronasci. Trata-se de um conjunto de
informações teóricas e técnicas relativas ao Pronasci e,
em particular, ao Gabinete de Gestão Integrada
Municipal – GGIM, que apresenta desde a concepção,
organização e funções do gabinete, dentre outras,
as informações práticas e relevantes para sua

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 242


implantação e execução.
O que é Isonomia:
Isonomia é o princípio de que todas as pessoas são regidas
pelas mesmas regras, da condição de igualdade. Enquanto
princípio jurídico, é a igualdade entre todos os cidadãos,
independente de classe ou gênero.
A palavra vem do termo igual em grego isonomia, composto
pelos radicais iso, que significa o mesmo, e nomos, que quer
dizer lei. Por sua etimologia, a palavra isonomia significa “de
mesma lei”.
Alguns sinônimos para isonomia são os termos equidade,
paridade, equivalência e igualdade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 243


Isonomia Salarial
Isonomia salarial quer dizer igualdade de salários. A expressão
isonomia de vencimentos também tem o mesmo significado,
em que vencimentos aqui quer dizer o que se ganha.
É um conceito geralmente aplicado à administração pública,
em que a isonomia salarial do servidor público corresponde
que servidores com cargos e funções que se equiparam em
termos de responsabilidades e atuação devem receber a mesma
coisa.
Princípio da Isonomia
O chamado Princípio da Isonomia, ou Princípio da Igualdade,
é o conceito jurídico de igualdade entre as pessoas, de forma a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 244


serem julgadas da mesma maneira e sem distinção ou exclusão.
É utilizado principalmente pelo Direito Constitucional, Direito
Processual, Direito Público, Direito Tributário, entre outras
áreas, e está garantido no artigo quinto da Constituição Federal
Brasileira, em que diz que "todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza".
É um dos principais pontos da democracia, e deve ser
garantido pelo Estado para que haja justiça para e entre todos
os cidadãos. É um conceito primordial dos princípios
constitucionais nas democracias modernas.
O princípio da isonomia influencia diretamente na doutrina
jurídica, em que um legislador não pode propor leis que

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 245


possam violar a igualdade. Assim como atua na conduta do
indivíduo, que também não deve ignorar a isonomia, o que
corresponde a não cometer atos racistas, preconceituosos ou
discriminatórios.
O processo de licitações no setor público, por exemplo, usa do
princípio da isonomia para garantir a neutralidade da
contratação de empresas para executarem serviços para o
Estado.
Saiba mais sobre o significado de Licitação.
Isonomia Material e Isonomia Formal
A isonomia material é a ideia de igualdade entre todos os seres
humanos, que devem ser tratados sem distinção em condições

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 246


iguais, e respeitando as diferenças quando assim forem
aplicadas.
A isonomia formal é também chamada de isonomia
constitucional, é o conceito aplicado à doutrina jurídica de que
todos somos iguais perante a lei, e conforme artigo quinto da
constituição brasileira.
Isonomia Tributária
A isonomia tributária é o princípio da igualdade aplicado ao
contribuinte, em que não deve-se distinguir profissão, função,
ou qualquer que seja a situação para que se aplique a cobrança
devida de impostos. De acordo como detalhado no artigo 150
da Constituição Federal.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 247


Isonomia, Isegoria e Isocracia
O conceito de isonomia, de acordo com a sua origem no grego,
vem da mesma lei aplicada à todos. Diz respeito à igualdade
com que a vida em sociedade é gerenciada.
A Isegoria é o direito que todo cidadão tem de manifestar a sua
opinião, sem distinção. É pelo conceito de isegoria que se
garante uma discussão democrática, em que todos os lados têm
voz.
Enquanto que a isocracia é o direito de participação na
administração pública, em que todo cidadão pode concorrer a
um cargo público, em igualdade de acesso para todos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 248


Os três princípios, a isonomia, isegoria e isocracia, são
fundamentais à manutenção da democracia e são a base da
política ateniense, no período histórico das cidades-estado
gregas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 249


6. MOBILIZAÇÃO SOCIAL
6.1. MOBILIZAÇÃO SOCIAL
Em meio a uma comunidade verificam-se dois termos de
importância fundamental para que a sociedade venha
atingir os seus objetivos em prol da ordem pública e de
uma convivência pacífica entre os seres humanos: a
comunidade geográfica e a comunidade de interesse.
Esses conceitos se confundiam no passado quando ambas as
comunidades se misturavam para abranger a mesma
população. Este fato é extremamente relevante para o uso de
“comunidade” no policiamento comunitário porque o crime, a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 250


desordem e o medo do crime podem criar uma comunidade de
interesse dentro da comunidade geográfica.
Incentivar e enfatizar esta comunidade de interesse dentro de
uma área geográfica pode contribuir para que os residentes
trabalhem em parceria com o policial comunitário para criar
um sentimento positivo na comunidade.
(TROJANOWICZ e BOUCQUEROUX, 1994)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 251


Nesta ótica a mobilização social procura então alertar as
autoridades policiais da necessidade dessa aproximação.
A mobilização social é muitas vezes confundida com
manifestações públicas, com a presença das pessoas em uma
praça, passeata, concentração. Mas isso não caracteriza uma
mobilização. A mobilização ocorre quando um grupo de
pessoas, uma comunidade ou uma sociedade decide e age com
um objetivo comum, buscando, quotidianamente, resultados
decididos e desejados por todos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 252


CONCEITO PROPOSTO:
Mobilizar é convocar vontades para
atuar na busca de um propósito
comum, sob uma interpretação e um
sentido também compartilhados.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 253


Participar ou não de um processo de mobilização social é um
ato de escolha. Por isso sediz convocar, porque a participação é
um ato de liberdade. As pessoas são chamadas, mas participar
ou não é uma decisão de cada um. Essa decisão depende
essencialmente das pessoas se verem ou não como
responsáveis e como capazes de provocar e construir
mudanças.
Fonte:
http://www.aracati.org.br/portal/pdfs/13_Biblioteca/Publicacoe
s/mobilizacao_social.pdf

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 254


6.2 – Envolvimento dos cidadãos
Qualquer tentativa de trabalho ou programa de Polícia
Comunitária deve incluir necessariamente a comunidade.
Embora a primeira vista possa parecer simples, a participação
da comunidade é um fator importante na democratização das
questões de segurança pública e da implementação de
programas comunitários que proporcionam a melhoria de
qualidade de vida e a definição de responsabilidades.
São poucas as comunidades que mostraram serem capazes de
integrar os recursos sociais com os recursos do governo.
Existem tantos problemas sociais, políticos,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 255


e econômicos envolvidos na mobilização comunitária que
muitas comunidades se conformam com soluções parciais,
isoladas ou momentâneas (de caráter paliativo), evitando
mexer com aspectos mais amplos e promover um esforço mais
unificado com resultados mais duradouros e melhores. A
participação do cidadão, muitas vezes, tem-se limitado às
responsabilidades de ser informado das questões públicas
(ações da polícia), votar pelos representantes em conselhos ou
entidades representativas, seguir as normas institucionais ou
legais sem dar sugestões de melhoria do serviço.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 256


Outro problema é o desconhecimento das características da
comunidade local, pois uma comunidade rica tem
comportamento e anseios diferentes de uma comunidade pobre
e comunidades de grandes centros urbanos são diferentes de
comunidades de pequenas cidades do interior, independente de
serem ricas ou pobres agrícolas ou industriais. O que importa é
descobrir seus anseios, seu desejo de participação no processo,
sua motivação para se integrar com a polícia.
Fonte: (SENASP, 2007, P. 253 e 255)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 257


NOTA

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 258


Um exemplo bem atual é a REPAS (Rede de Promoção
de Ambientes Seguros) – Guarapari/ES, sendo uma
política adotada pela unidade policial em conjunto com a
Prefeitura do Município de Guarapari (ES) para
implementação do “Batalhão Participativo” com o
objetivo de adotar métodos de gestão participativa
operacional técnico/científicos, a partir da elaboração de
um diagnóstico do ambiente interno e externo da cidade
com a cooperação efetiva dos policiais.
A criação da REPAS teve esse diagnóstico como marco
inicial do trabalho dos policiais militares para fazer frente
às demandas tanto da própria instituição quanto da
comunidade, visto que o balneário de Guarapari era a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 259


região mais afetada pela criminalidade. Combinado às
questões internas, foi diagnosticado que muitos dos
problemas da criminalidade são situações de
complexidades relacionadas a gestão pública municipal.
Nessa perspectiva, o Comando do 10º Batalhão
fomentou a participação do público interno e externo na
cooperação e solução dos problemas identificados no
balneário e criaram ferramentas democráticas de gestão
com apoio dos parceiros: Prefeitura Municipal de
Guarapari e o site popular “Guarapari Virtual”.
O Comando do “Batalhão Participativo” realiza
reuniões com diversas representações sociais e da
administração pública para propor soluções nas questões

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 260


relacionadas à segurança pública e social do município.
Essa rede é autossustentável, constituída por meio de
parcerias com a iniciativa privada e o poder público
municipal, além da participação social de moradores, que
gerou maior celeridade na realização de ações conjuntas,
promovendo o devido equilíbrio para obtenção de
resultados mais satisfatórios à sociedade.
Dentre os resultados atingidos, verificou-se a
diminuição dos principais crimes e elevação do sentimento
de segurança da comunidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 261


Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 262
6.3.Organização comunitária
Espera-se que a intensificação do contato entre a polícia,
a comunidade e os diversos segmentos favoreça uma melhor
integração e participação da comunidade, o reconhecimento
social da atividade policial, o desenvolvimento da cidadania
aos cidadãos e a melhoria da qualidade de vida. A comunicação
intensa e constante propicia a melhora das relações, amplia a
percepção policial e da comunidade no que tange as questões
sociais e possibilita diminuir áreas de conflito que exigem
ações de caráter repressivo das instituições policiais.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 263


Há, contudo, uma série de fatores a serem pesados quando se
avalia o potencial democrático das diversas experiências de
organização comunitária na área de prevenção do crime e da
desordem social.
Fonte: (SENASP, 2007, P. 255)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 264


6.4. A autonomia das organizações em relação à polícia
Um aspecto essencial a ser considerado na avaliação das
experiências de organização comunitária é o nível de
autonomia dos grupos em relação aos interesses político-
partidários, de Governo (federal, estadual ou municipal) ou da
polícia. Em regra, os grupos comunitários, assumem uma
postura passiva e acrítica em relação às ações de governo e da
polícia, respaldando apenas as suas práticas, mesmo quando
claramente impróprias ou ilegais. É preciso respaldar as boas
ações da polícia, de interesse coletivo, de respeito aos direitos
humanos, dentro da legalidade e dos valores morais e éticos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 265


Mas deve-se criticar e vilipendiar ações violentas, ilegítimas,
que desrespeitam a dignidade humana e que fogem ao interesse
coletivo, responsabilizando o mau profissional e não a
instituição como um todo.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 266


Os representantes comunitários frequentemente temem a
polícia e se ressentem da forma como esta exerce sua
autoridade. As ações comunitárias focam mais para o controle
da polícia do que para o controle do crime, pois o medo é
predominante.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 267


Acredita-se que a polícia não sabe os problemas do bairro, pois
só existe para “caçar bandidos”.
Uma organização comunitária que depende do apoio policial
para garantir a mobilização de seus membros e viabilizar as
suas ações acaba convertendo-se em uma mera extensão civil
da instituição policial, e não um instrumento efetivo de
participação comunitária.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 268


Organizações que não dependem da polícia para a sua
existência podem trazer significativos desafios para a polícia.
No pensamento institucional pode significar entraves
administrativos, restringindo a sua discricionariedade; no
pensamento social amplia o controle da polícia; na filosofia de
polícia comunitária amplia e aprimora as ações conjuntas, tanto
da polícia como da sociedade.
Fonte: (SENASP, 2007, P. 219 e 220)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 269


6.5. Fatores intervenientes
Na aproximação da polícia com a comunidade, verificam-se
perigos que necessitam ser debelados, conforme abaixo:
· O planejamento equivocado e sem orientação culminando
no surgimento de alternativas econômicas: segurança privada,
sistema de comunicações entre cidadãos de posse (paralelo a
polícia);
· Membros das comunidades expostos a marginalidade,
colocando em risco suas vidas porque são interlocutores dos
problemas locais;
· A polícia determina tarefas para dissuadir ações
participativas sem nenhum resultado prático;

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 270


· As campanhas têm um forte conteúdo político em
detrimento da prevenção porque é apoiado por um político ou
comerciante;
· Como o apoio governamental é pouco, apenas pequenas
ações fazem surgir lideranças com perfil político e eleitoral,
deturpando o processo;
· A instrumentalização de pequenas tarefas pode causar
apatia da comunidade, favorecendo os marginais da área e
grupos de interesse que desejam o insucesso de ações
coletivas no bairro;
· A polícia não consegue mais atuar na área sem críticas da
comunidade.
O certo é procurar os caminhos que abaixo se apresentam:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 271


· Promover uma ampla participação da comunidade,
discutindo e sugerindo soluções dos problemas;
· Demonstrar a participação da comunidade nas questões,
determinando o que é da polícia e o que é da sociedade;
· Proteger os reais parceiros da polícia, não os utilizando
para ações de risco de vida (não expondo) com ações que são
da    polícia ou demonstrando eventualmente que eles são
informantes;
· As ações de autoajuda são acompanhadas por policiais.
As iniciativas locais são apoiadas. Trabalhos preventivos, não
apenas campanhas devem ser estimuladas.
Fonte: (SENASP, 2007, P. 224 e 225)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 272


7. TÉCNICAS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
O policiamento comunitário constitui uma estratégia
relativamente recente utilizada para tratar dos múltiplos novos
problemas que desafiam as forças policiais de hoje. Antes de
mais nada, é importante, de maneira a estabelecer a validade
dessa nova abordagem do policiamento, avaliar a evolução da
sociedade pósmoderna, a natureza evolutiva do crime nessa
sociedade e até que ponto as atuais estruturas policiais sofrem
limitações diante do crime (FELTES, 2003, p. 109).
Em janeiro de 1985, a revista Newsweek estampava uma
manchete: “Existe algo de novo nas ruas do Brooklyn. A

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 273


polícia voltou a fazer patrulhas a pé”. A Newsweek descreve a
nova linguagem como “em parte cavaleiro azul em parte
assistente social, que tanto pode organizar uma associação de
quarteirão quanto prender um viciado. No fundo, a estratégia
encarna uma ideia que poucos chefes ousaram algum dia
admitir em público: os tiras não podem manter as ruas seguras
sozinhos” (e a lei transferindo uma pseudoideia de que o delito
preocupa e interessa apenas à sistemática vigente).
Contrapondo-se ao modelo tradicional (a exemplo dos EUA),
surgem novas propostas que apresentam uma abordagem
alternativa, enfatizando o caráter 75 interdisciplinar,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 274


transversal (BAYLEY; SKOLNICK, 2006a, p. 223). Com
isso a polícia se volta à comunidade para manter a ordem
pública.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 275


No Brasil, a questão da Segurança Pública (Polícia, Justiça e
Sistema Penitenciário) tem sido entendida restritivamente
como questão de justiça criminal. Equivocada a compreensão
que supõe o crime como um mero enfrentamento simbólico
entre o infrator a comunidade na problemática da segurança.
Esse modelo alternativo partilha a visão de que “segurança”
deixa de ser competência exclusiva das polícias para converter-
se em ação plurigerencial do conjunto das políticas públicas.
É nesse espaço que advém a polícia comunitária, tendo nascido
a partir da concepção de que a polícia poderia responder de
modo sensível e apropriado aos cidadãos e às comunidades.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 276


Esta concepção, através da formação educacional do
profissional de segurança pública, do resgate da sua
autoestima, da sua dignidade como pessoa humana, visa à
humanização do policial, que é estimulado a refletir sobre a
condição humana, sobre a realidade prática da sua atividade,
sobre a existência de conflitos reais escondidos pelos
aparentes. O policial comunitário é orientado para mediar
conflitos, na busca de uma solução resultante da construção do
consenso, incentivando uma iniciativa comunitária de cultura
de paz em prol da defesa dos direitos humanos e do exercício
real da cidadania.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 277


Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 278
A premissa central do policiamento comunitário é que o
público (a população em geral) deve exercer um papel mais
ativo e coordenado na obtenção de segurança. Desse modo, o
policiamento comunitário impõe uma responsabilidade nova
para a polícia, ou seja, criar maneiras apropriadas de associar o
público ao policiamento e à manutenção da lei e da ordem
(BAYLEY; SKOLNICK, 2006b, p.18). Porém, mesmo sendo
bastante discutido atualmente como sendo o modelo ideal a ser
aplicado no combate à violência e à criminalidade, o consenso
acerca de seu significado ainda é pequeno.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 279


As experiências de policiamento comunitário, implantadas em
vários locais do mundo tendem a seguir quatro normas: 1.
Organizar a prevenção do crime tendo como base a
comunidade; 2. Reorientar as atividades de patrulhamento
para enfatizar os serviços não emergenciais; 3. Aumentar a
responsabilização das 76 comunidades locais; e 4.
Descentralizar o comando (BAYLEY; SKOLNICK, 2006b,
p.19).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 280


A polícia comunitária caracteriza-se por ser voltada para a
comunidade, para os problemas por esta vividos, visando à
inclusão social, o desenvolvimento tanto humano como
estrutural. O intuito é de solucionar os conflitos, com a ajuda
dos membros da comunidade, de forma mais pacífica e
harmoniosa possível, por meio do diálogo e,
consequentemente, da transformação do comportamento das
pessoas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 281


Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia
organizacional fundamentadas, principalmente, numa
parceria entre a população e as instituições de segurança
pública e defesa social. Baseia-se na premissa de que tanto as
instituições estatais, quanto à população local, devem trabalhar
juntas para identificar, priorizar e resolver problemas que
afetam a segurança pública, tais como o crime, o medo do
crime, a exclusão e a desigualdade social que acentuam os
problemas relativos à criminalidade e dificultam o propósito de
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. (BRASIL, 2008b).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 282


Esse modelo de policiamento envolve a comunidade e a faz
sentir-se responsável por si e por todos. O fato de o policial
estar perto da comunidade, vivenciado a sua realidade e se
fazendo presente por meio de conversas, conselhos e solução
de problemas, passa ao indivíduo, além da sensação de
segurança, o sentir-se incluído – partícipe de decisões -, o
sentir-se importante para a sociedade. Realizar a atividade da
polícia focada nos direitos humanos, em que há respeito pela
pessoa que vivencia os conflitos diretamente e por aquelas
atingidas indiretamente. Resumidamente, o policiamento

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 283


comunitário adota o aumento da participação civil no
policiamento.
A comunidade auxilia o policiamento, apresentando o que a
comunidade entende como prioridade para aquela área, o que
mais preocupa e o que entende que deve ser feito para a
obtenção de um lugar seguro de se viver. Preserva-se a ordem
com a aproximação entre a comunidade e a polícia,
permitindo-se a maior confiança nas instituições públicas,
estimulando a participação ativa nas mudanças.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 284


Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 285
Dessa forma, a polícia comunitária associa e valoriza dois
fatores, que frequentemente são dissociados e desvalorizados
pelas instituições de segurança pública e defesa social
tradicionais: i) a identificação e resolução de problemas de
defesa social com a participação da comunidade e ii) a
prevenção criminal. Esses pilares gravitam em torno de um
elemento central, que é a parceria com a comunidade,
retroalimentando todo o processo, para melhorar a qualidade
de vida da própria comunidade. Na referida parceria, a
comunidade tem o direito de não apenas ser consultada, ou de
atuar simplesmente como delatora, mas também participar das

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 286


decisões sobre as prioridades das instituições de defesa social,
e as estratégias de gestão, como contrapartida da sua obrigação
de colaborar com o trabalho da polícia no controle da
criminalidade e na preservação da ordem pública e defesa civil.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 287


As estratégias da filosofia de polícia comunitária têm um
caráter preferencialmente preventivo. Mas, além disso, estas
estratégias visam não apenas reduzir o número de crimes, mas
também reduzir o dano da vítima e da comunidade e modificar
os fatores ambientais e comportamentais. Tendo em vista que a
proposta da polícia comunitária implica numa mudança de
paradigma no modo de ser e estar a serviço da comunidade e,
consequentemente, numa mudança de postura profissional
perante o cidadão, este tema também é trabalhado dentro de
uma abordagem transversal, estando presente em todas as
práticas pedagógicas. (BRASIL, 2008b).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 288


Essa mudança de proposta de policiamento, do tradicional para
o comunitário, age na mudança de atitude da polícia com a
comunidade. Os policiais comunitários aconselham, mediam
conflitos, ministram palestras, participam, cooperam,
comunicam-se, são acessíveis e encorajadores, tanto em
lugares públicos como em privados.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 289


O Governo Federal, por meio do Programa Nacional de
Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), está
investindo nesse novo paradigma para a polícia: a associação
entre segurança e cidadania, com o intuito de diminuir os
índices de criminalidade e perpassar para a sociedade um ideal
de inclusão social, de cidadania e de desenvolvimento, sendo
esta última ‘todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento’,
uma das metas do milênio 13 sancionadas pela ONU e
ratificadas pelo Brasil.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 290


Desenvolvido pelo Ministério da Justiça, o Programa Nacional
de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) marca uma
iniciativa inédita no enfrentamento à criminalidade no país. O
projeto articula políticas de segurança com ações sociais;
prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à
violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social
e segurança pública.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 291


Entre os principais eixos do Pronasci destacam-se a
valorização dos profissionais de segurança pública; a
reestruturação do sistema penitenciário; o combate à corrupção
policial e o envolvimento da comunidade na prevenção da
violência. Para o desenvolvimento do Programa, o governo
federal investirá R$ 6,707 bilhões até o fim de 2012.
(BRASIL, 2008a).

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 292


O ideal da construção da segurança a partir da participação da
coletividade, apontando para uma sociedade mais justa e
fraterna, passa pela educação em direitos humanos, ou seja, “os
enfrentamentos atuais para a construção da democracia no
Brasil passam, necessariamente, pela ética e pela educação
para a cidadania” (SOARES, 1997, p. 12). A mediação de
conflitos apresenta-se como instrumento hábil para o
desenvolvimento desta proposta, por ser um mecanismo que
pratica a educação em direitos humanos, pois busca a
resolução de conflitos a partir da participação ativa das
pessoas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 293


A mediação é um procedimento consensual de solução de
conflitos, no qual as pessoas envolvidas resolvem o conflito.
Contam com a participação de um terceiro – escolhido ou
aceito pelas partes – que age no sentido de encorajar e facilitar
o diálogo. As pessoas envolvidas nesse conflito são as
responsáveis pela decisão que melhor as satisfaça.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 294


A mediação possibilita a visualização dos envolvidos de que o
conflito é algo inerente à vida em sociedade, possibilitando a
mudança, o progresso nas relações, sejam elas individuais ou
coletivas. A boa ou má administração de um conflito é que
resultará em desfecho positivo ou negativo. Por meio da
mediação, buscam-se os pontos de convergência entre os
envolvidos na contenda que possam amenizar a discórdia e
facilitar a comunicação. Muitas vezes as pessoas estão de tal
modo ressentidas que não conseguem visualizar nada de bom
no histórico do relacionamento entre elas. A mediação
estimula, através do diálogo, o resgate dos objetivos comuns

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 295


que possam existir entre os indivíduos que estão vivendo o
problema.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 296


Outrossim, a mediação tenta demonstrar que é possível uma
solução de conflito em que ambas as partes ganhem, tentando,
por meio do diálogo, restaurar os bons momentos que fizeram
parte da relação, reconhecer e conhecer os conflitos reais
oriundos dos conflitos aparentes perfilados pelos envolvidos,
suscitar o questionamento da razão real do desentendimento,
provocar a cooperação mútua e o respeito ao próximo ao
analisar que cada pessoa tem a sua forma de visualizar a
questão, facilitar a compreensão da responsabilidade que cada
um possui em face do problema e na sua resolução e, assim,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 297


encontrar uma saída que todos aceitem, concordem e acreditem
que a divergência será solucionada.
A polícia comunitária como uma polícia próxima da população
encontra na mediação de conflitos um forte aliado na
consecução de uma política preventiva de segurança.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 298


Percebe-se, assim, a existência de uma convergência de
objetivos entre a mediação e a segurança pública sob o aspecto
da proposta de uma polícia comunitária, por possuir um
denominador na construção e na vivência dos direitos
humanos, da justiça social, da cultura de paz e do
desenvolvimento humano e social.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 299


Mediação de conflitos: 5 técnicas que você precisa conhecer
Paulo é advogado e acabou de se graduar. Pensa em seguir a
carreira como advogado, mas sabe que, para isso, precisa se
manter atualizado e aprender como funciona o mercado do
Direito.
Assim, encontrou na mediação de conflitos um caminho
que lhe interessa e quer aprender mais sobre o assunto para
tentar oportunidades nessa área.
E aí, se identificou com Paulo? Então, neste capítulo nós
ensinamos o que é a mediação e apresentamos cinco técnicas

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que você precisa conhecer para dominar definitivamente o
assunto. Confira!
O que é e como funciona a mediação de conflitos
Basicamente, a mediação é um procedimento voluntário e
informal de auxílio às pessoas em conflito, para que
identifiquem por si mesmas alternativas de benefício mútuo. É
aplicável no Brasil em relação aos chamados direitos
disponíveis — que admitem transação e se constituem na
esfera patrimonial de seu titular.
A mediação de conflitos possui caráter confidencial e utiliza a
participação ativa e direta das partes, podendo ser judicial ou

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 301


extrajudicial. No primeiro caso, as partes encontram um
terceiro — profissional graduado em Direito (há, pelo menos,
dois anos) e capacitado em cursos especializados.
Já na mediação extrajudicial, contrata-se uma pessoa
com expertise no assunto tratado, e permite-se que ela conduza
o caso utilizando as leis e os costumes, para que dite a solução
que julgue adequada ao caso de forma eficaz, econômica e
sigilosa.

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5 (cinco) técnicas de mediação de conflitos que você precisa
conhecer
Quanto à mediação jurídica, é claro que para se tornar um
profissional capacitado, o advogado deve, obrigatoriamente,
realizar um curso de mediação completo, em que aprenderá
todo o processo da mediação e suas técnicas.
Quer conhecer algumas das mais importantes entre as técnicas
utilizadas na mediação de conflitos? Confira:
7.1. Escuta Ativa
Nessa técnica, o mediador observa a linguagem verbal e não verbal das partes e
tenta compreender informações relevantes, estimulando-as a expressar suas
emoções e instigá-las a ouvir uma à outra.
Assim, tenta estimular a validação dos seus sentimentos e o seu engajamento, a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 303


fim de apoiá-las na busca pela melhor solução para o conflito.
7.2. Rapport
Rapport é uma palavra de origem francesa que diz respeito a uma relação de
empatia com o interlocutor. Portanto, trata-se de uma técnica que visa ganhar a
confiança das partes, propondo um diálogo aberto e construtivo a fim de
influenciar as partes a alcançarem a autocomposição.
7.3. Parafraseamento
A técnica do parafraseamento consiste na reformulação, pelo mediador, de
frases ditas pelas partes, a fim de sintetizá-las ou reformulá-las sem alterar seu
conteúdo. O mediador se esforça em facilitar o entendimento do seu real
significado às próprias partes, que ficam livres para captar novos significados nas
proposições.
7.4. Brainstorming
Semelhante à técnica utilizada frequentemente no marketing jurídico,
no brainstorming o mediador incentiva a criatividade das partes e busca capturar
ideias que sejam viáveis para o caso em questão.
7.5. Caucus

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 304


Com esta técnica, o mediador realiza uma reunião privada com cada uma das
partes separadamente, durante a fase de negociações, para oportunizar o
estabelecimento de proximidade e confiança entre elas e o mediador.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 305


Além disso, essa técnica ainda pode ser usada para acalmar os
ânimos, auxiliar no fluxo de informações, reunir informações
úteis para a negociação e ajudar as partes a rever a força de
seus casos.
Mediar é tendência para o futuro
A mediação pode ser exercida por qualquer pessoa que procure
se capacitar para tanto, mas requer algumas habilidades
específicas, como alto poder de negociação e capacidade de
ouvir. De fato, trata-se da tendência do mundo moderno, já que
permite que a resolução de conflitos se dê de maneira muito
mais rápida e econômica.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 306


Vale destacar ainda que, com a vigência do Novo Código de
Processo Civil, a mediação jurídica passa a ocupar espaço de
destaque nos Tribunais. Assim, o não comparecimento à
audiência de conciliação é considerado ato atentatório à
dignidade da justiça, com fixação de multa de até 2% da
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa.
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Orlando, Estados Unidos. São aulas online e presenciais no
país que melhor desenvolveu a mediação no mundo. Faça parte
desta nova geração de profissionais do direito de sucesso.
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5 (cinco) técnicas de mediação de conflitos que você precisa
conhecer. Disponível em: < http://www.institutodialogo.com.br/mediacao-de-conflitos-5-tecnicas-que-voce-precisa-

>. Acesso em 13 nov 2018.


conhecer/

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 308


8. NOÇÕES DE PROJETOS DE IMPLANTAÇÃO DE
POLICIAMENTO COMUNITÁRIO;
Neste capítulo, mostraremos a importância de registrar a
experiência de implementação dos projetos de policiamento
comunitário e daremos algumas sugestões sobre como esses
registros podem ser realizados. A memória é a forma que
sugerimos para realizar o registro.
O que é?
A memória de um programa de policiamento comunitário
registra as diferentes experiências de um projeto, desde o seu

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 309


início. Na memória, não é relatado apenas o que deu certo, mas
todo o caminho trilhado, inclusive as dificuldades enfrentadas.
Nesse sentido, uma boa memória de um projeto de
policiamento comunitário deve responder às seguintes
questões:
Importância
A memória permite transmitir os conhecimentos aprendidos
no desenvolvimento de um projeto. Assim, outros grupos
interessados em desenvolver projetos semelhantes podem não
só se inspirar nas experiências já existentes, como também
aprender com os acertos e erros de cada uma delas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 310


1- Qual foi o problema que deu origem ao projeto?
2- Quais eram as possíveis causas desse problema?
(antecedentes)
3- Como o problema foi enfrentado? (objetivos)
4- Quais foram o público-alvo, o local e duração da ação, e a
estratégia utilizada para o enfrentamento do problema?
5- Quais foram os obstáculos encontrados e como eles foram
superados?
(listar recursos empregados, avaliação, resultados, etc.)Além
disso, a memória possibilita que um projeto, uma vez iniciado,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 311


tenha maior chances de continuidade. Destacamos esse ponto
porque a experiência tem mostrado que há, muitas vezes, uma
grande rotatividade de pessoas nos grupos envolvidos em um
projeto de policiamento comunitário e a ausência de um
registro completo das atividades, ou a perda de informações,
dificulta a retomada dos trabalhos pelos novos participantes.
A memória permite, em parte, contornar esse problema. Como
registro de um trabalho coletivo, permite a todos os membros
do grupo o acesso e controle das informações. Além de ser um
processo mais democrático, ao evitar que informações fiquem

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 312


concentradas em apenas algumas pessoas, impede que elas se
percam com a eventual saída de membros do grupo.
Outro aspecto a ser destacado é que a memória facilita a
integração e o diálogo entre novos membros. Isso porque, ao
ser facilmente acessada e compartilhada, possibilita a qualquer
pessoa conhecer os detalhes do caminho já trilhado e,
consequentemente, ter uma melhor compreensão sobre o
momento em que o projeto se encontra.
Por fim, a memória também permite que os conhecimentos
gerados se acumulem ao longo do tempo, formando um banco
de informações, experiências e ideias que podem ser

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 313


retomadas, aprimoradas, ou até mesmo desdobradas em outras
iniciativas de policiamento comunitário.
É por isso que a memória também significa um material
essencial não somente aos futuros participantes e interessados
em criar outros projetos, mas também aos presentemente
envolvidos, que podem utilizá-la como material de referência,
acompanhamento e base para revisões e alterações no
andamento do programa.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 314


O que registrar?
Tão importante quanto registrar as realizações do projeto é
registrar as dificuldades enfrentadas e as medidas que foram
adotadas para superá-las. Em primeiro lugar, esse registro
permite que as pessoas interessadas em projetos de
policiamento comunitário saibam, de antemão, que se
depararão com alguns obstáculos em seu percurso. Em
segundo lugar, quando os participantes de novas iniciativas
conhecem os obstáculos enfrentados por outras experiências,
eles já podem planejar, previamente, estratégias para contorná-
los. Nesse sentido, manter um registro sobre os obstáculos e

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 315


como eles foram enfrentados vai além da ideia de ter um
histórico do projeto. A função desse registro é acumular
os conhecimentos gerados no enfrentamento das dificuldades,
sendo, ao mesmo tempo, resultado do projeto e fonte
privilegiada de consulta para novas iniciativas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 316


Além dessas informações, nomes e formas de participação das
pessoas e entidades envolvidas com o programa também
devem ser registrados. No início de um projeto, essas
referências indicam, por exemplo, quais os principais atores e
potenciais parceiros locais que podem auxiliar em sua
elaboração e/ou execução.
Outra informação importante de ser registrada é o contato das
pessoas ou entidades que deram início ao projeto, pois
facilitam a comunicação com os novos grupos ou interessados
para a troca de experiências e informações. Esse contato
possibilita que outros grupos, ao desenvolver projetos

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 317


similares, possam ter algum tipo de consultoria por aqueles que
já trabalharam com a iniciativa. Procedimentos como esses
favorecem uma efetiva troca de ideias, informações e
experiências que contribuirão tanto para as iniciativas locais
como também para o fortalecimento das práticas de
policiamento comunitário.
Como fazer?
Para registrar a memória de um projeto, alguns passos
podem ser seguidos.
Abaixo, discutiremos alguns deles, com indicações do que
se deve registrar em cada um e de como organizar as
informações colhidas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 318


Responsáveis: registrar o nome, telefones, endereços e e-
mails dos principais responsáveis pelo projeto. Essas
informações podem ajudar muito para que outras pessoas
interessadas possam obter mais informações sobre o projeto.
Para isso, é importante informar, além dos nomes, algum
meio de contato (celular, e-mail, telefone, endereço, etc.).
Resumo: é um breve relato do projeto. Tem como função
apresentar suas principais informações. Para isso, deve relatar
o problema a ser enfrentado, os resultados esperados e a
estratégia utilizada.
Objetivo: informa o que o projeto busca alcançar. Além
disso, fornece também informações sobre o local onde o
projeto será implementado, o tempo de duração e qual seu

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 319


público-alvo. Essas informações ajudam a localizar
rapidamente o foco principal do projeto e a compreender de
que forma as ações foram organizadas para atingir os
resultados.
Problema: relata as situações que, ao serem percebidas
como    dificuldades ou oportunidades, motivaram a criação
do projeto. Quanto mais claro e delimitado for o problema,
maiores serão as    chances de compreender os
desdobramentos do projeto, as estratégias adotadas, as
dificuldades encontradas e os resultados.
Antecedentes: são as informações sobre como era a
situação local antes das iniciativas tomadas pelo projeto. Nos
antecedentes, pode-se também relatar a ocorrência de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 320


tentativas anteriores para enfrentar o problema e quais foram
seus resultados.
Área e público-alvo: definem qual a área de atuação do
programa e o público a quem ele se destina. Essa demarcação
é importante para que, a partir da área de abrangência do
projeto, seja possível avaliar seus resultados. Em relação ao
público-alvo, é interessante também identificar o número e o
perfil das pessoas beneficiadas pelo programa.
Planejamento: é um dos itens mais importantes da
memória, pois apresenta como, partindo do problema, as
ações foram planejadas e executadas para sua resolução.
Nesse item, deve-se fazer uma descrição detalhada do
planejamento, das estratégias e meios escolhidos, dos atores

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envolvidos e de como as responsabilidades foram divididas
na execução do projeto. As mudanças na metodologia,
decorrentes de obstáculos encontrados na execução do
projeto, devem ser também aqui registradas.
Cronograma: lista, em ordem cronológica, as tarefas
definidas na metodologia para cada um dos atores envolvidos
no programa. Esse item demonstra o tempo de duração de
cada uma das etapas do programa.
Resultados: lista os principais resultados alcançados pelo
projeto, tanto os positivos e negativos, bem como aqueles que
não haviam sido previstos inicialmente, mas que, durante a
execução, tornaram-se objetivos e foram também atingidos.
Recursos: descreve os recursos materiais e humanos

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 322


utilizados, suas fontes e em que medida se deu o
envolvimento de cada ator durante a implementação do
programa. Essas informações são essenciais para aqueles que
pretendem dar continuidade a ele e para outros que buscam
referências para implementar seus próprios projetos.
Obstáculos: lista os principais obstáculos enfrentados para
a realização do projeto e relata como essas dificuldades foram
enfrentadas.
Avaliação: faz tanto um balanço geral entre os objetivos
iniciais e os resultados alcançados, como também relata se
houve ou não outros processos de avaliação ao longo do
projeto, como foram essas avaliações, em que períodos e
como as informações geradas foram usadas.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 323


Organização das informações: tem grande importância
para facilitar a leitura e a compreensão do projeto. Para isso,
as informações devem ser escritas de maneira clara e
ordenadas de forma lógica. Esses cuidados colaborarão tanto
para a boa apresentação do projeto, como também para que as
boas ideias sejam devidamente destacadas. O quadro abaixo
apresenta um formato que pode ser seguido para a realização
do registro da memória, tendo como exemplo de
preenchimento o projeto Prédios Antenados.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 324


9. RESPOSTA DA SOCIEDADE AO MODELO DE
SEGURANÇA COMUNITÁRIA
Polícia Militar e Comunidade: Uma parceria eficaz no
enfrentamento à criminalidade no Estado da Bahia18
Leonardo Freire
Resumo: Este artigo tem como principal objetivo expor o
problema social da segurança pública no Estado da Bahia sob
diferentes óticas: Da população de modo geral; do
comportamento do policial em serviço durante o exercício das
suas funções; dos cidadãos que observam tais funções. A
análise ótica do abordado, do policial e do cidadão que
18

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 325


presencia tal abordagem. A diferença na abordagem policial de
acordo com a região social em que ela ocorra e qual o método
mais eficaz de policiamento a ser executado para prevenção do
crime e redução dos índices de criminalidade - o policiamento
comunitário. Falar de policiamento comunitário é falar de
ações policiais inteligentes, eficientes e qualificadas. Uma
aliança com a comunidade construindo uma Corrente do Bem,
transmitindo paz, segurança e cidadania Infelizmente, a
maioria dos cidadãos não confia na Polícia Militar, por isso há
a dificuldade do trabalho conjunto que seria muito eficaz no
combate ao crime. A filosofia de polícia comunitária, de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 326


origem norte-americana é incompatível com os níveis de
educação e cultura do povo brasileiro de modo geral. O que
ocorre na prática é o policiamento orientado para o problema,
de maneira superficial, para passar a sensação de polícia
amigável, desmistificando o militarismo da era ditatorial no
país, onde se registrava uma polícia hostil e inconfiável.
Identificando os principais problemas que impedem a aliança
entre polícia e comunidade, surgem ideias de como resolvê-los,
em busca de um objetivo em comum, principalmente na
redução dos índices de CVLI - Crimes violentos letais
intencionais e consequentemente os demais crimes de menor

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 327


potencial ofensivo, fazendo perdurar por mais tempo a
sensação de segurança, paz social e ordem pública.
Palavras-chave: polícia comunitária, policiamento,
comunidade, sociabilidade, abordagem.
Abstract: This article aims to expose the social problem of
public security in the State of Bahia under different
perspectives: From the general population; police behavior in
service during the course of their duties; citizens who observe
such functions. Optical approached the analysis, the police and
the citizen who witnesses such an approach. The difference in
police approach according to social area in which it occurs and

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 328


what the most effective method of policing to be executed for
crime prevention and reduction of crime rates - community
policing. Speaking of community policing is to speak of
intelligent police actions, efficient and qualified. An alliance
with the community by building a chain well, transmitting
peace, security and citizenship unfortunately, most citizens do
not trust the military police, so there is the difficulty of
working together that would be very effective in fighting
crime. The philosophy of community policing, of US origin is
incompatible with the levels of education and culture of the
Brazilian people in general. What happens in practice is

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 329


oriented policing the problem, superficially, to spend the
feeling of friendly police, demystifying the dictatorial
militarism it was in the country, where it recorded a hostile and
unreliable police.
Identifying the main problems that hinder the alliance between
police and community, there are ideas of how to solve them, in
search of a common goal, especially in reducing CVLI rates -
intentional lethal violent crimes and consequently the other
crimes of lesser offensive potential making endure longer the
sense of security, social peace and public order.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 330


Keywords: community policing, policing, community,
sociability, approach.
9.1.Polícia Comunitária
Para entender os objetivos, são necessárias algumas breves
conceituações e comparações entre a filosofia “Polícia
Comunitária” e o modelo “Policiamento Comunitário”:
“Polícia Comunitária é uma filosofia e uma estratégia
organizacional que proporciona uma parceria entre população e
a polícia, baseada na premissa de que tanto a polícia quanto a
comunidade devem trabalhar (juntos) para identificar, priorizar
e resolver os problemas contemporâneos, como crimes, drogas,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 331


medos, desordens físicas, morais, com o objetivo de melhorar a
qualidade geral de vida da cidade. Tudo isso baseado na crença
de que os problemas sociais terão soluções cada vez mais
efetivas, na medida em que haja a participação de todos na sua
identificação, análise e discussão”. (TROJANOWICZ, Robert;
BUCQUEROUX, Bonnie. Policiamento Comunitário: Como
Começar. RJ: POLICIALERJ, 1994, p.04).

Policiamento Comunitário é o modelo colocado em


prática de acordo com a filosofia de polícia comunitária.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 332


No período compreendido de 1985 a 1995, houve uma série
de estudos, propostas e projetos de reforma da polícia que
promoviam a implantação de policiamento comunitário, em
diversos municípios e estados, mas, geralmente sem apoio
governamental e da própria polícia. Somente em 1996 este
tipo de reforma da polícia, passou a receber maior apoio
governamental. No Estado da Bahia, através da Polícia
Militar de forma pioneira e ostensiva, o policiamento
comunitário promove uma série de mudanças sistêmicas, as
quais têm buscado tratar a Instituição como empresa e a
Sociedade como cliente, que exige e merece um serviço de
qualidade. No policiamento comunitário as questões de
segurança são tratadas junto com a população, tanto na

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 333


definição de quais devem ser as prioridades da polícia, como
as estratégias de policiamento que desejam ver
implementadas. Nesse modo de policiamento, a polícia, além
de prestar contas de suas atividades e resultados às
autoridades legais, presta contas também aos cidadãos a quem
atende.
A filosofia da Polícia Comunitária visa a participação
social, de forma que envolva todas as forças vivas da
comunidade, na busca de mais segurança e nos serviços
ligados ao bem comum.

9.1.1. Polícia Militar e Comunidade em parceria

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 334


Para atender aos anseios de uma comunidade carente de
segurança pública, é necessária a contribuição da mesma.
Não compete exclusivamente às polícias a função de prevenir
e reprimir o crime. A contribuição do cidadão como um
aliado, é de suma importância para o conhecimento de um
fato pelas autoridades, para que estas em suas competências
possam agir de acordo com a técnica a fim de elucidar o
problema.
A missão da Polícia também não se restringe a prestar
segurança. Há a preocupação em fazer com que as pessoas se
sintam seguras. É muito mais interessante, viável e
satisfatório evitar que um crime aconteça do que tentar
corrigir ou reprimir a consequência.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 335


O sucesso na segurança pública depende da parceria entre o
Estado e o cidadão. A Polícia Militar age de forma a conhecer
os problemas de insegurança e promover estratégias de se
aproximar da comunidade. Por outro lado, cada cidadão deve
se conscientizar de que também é responsável pela
segurança, evitando assim que a sensação de insegurança
venha possibilitar um ato pior do que aquele que se pretendia
prevenir.
9.1.2. As consequências da união ou desunião
A aproximação entre a polícia e a comunidade depende do
esforço e responsabilidade de cada cidadão e cada policial,
sendo que, na polícia militar, o serviço deve ser prestado de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 336


forma padronizada e regida conforme os preceitos da
hierarquia e disciplina, geridos por unidade de comando. A
consequência de uma polícia unida com a sociedade é o
aumento da confiança recíproca e o fortalecimento dos elos
de uma corrente que objetiva a redução da criminalidade,
principalmente em relação aos CVLI (Crimes Violentos
Letais Intencionais), CVP (Crimes Violentos Patrimoniais) e
o Narcotráfico (principal motivador dos CVLI e CVP).
Por outro lado, o afastamento, rejeição mútua e desunião
entre polícia e comunidade, em nada contribuem para que
haja a confiança necessária para a promoção da paz social e
manutenção da ordem pública. Neste caso, polícia e
comunidade    podem ser comparadas como ímãs de mesmo

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 337


polo: vislumbram o mesmo objetivo de reduzir a
criminalidade, porém não se unem (não há confiança), logo,
tendem a se afastar, e este espaço que se forma entre ambos, é
o caminho livre que o criminoso encontra para a prática do
delito.
A união gera confiança, torna as entidades mais próximas e
isso só traz benefícios. A confiança da população na polícia é
um elemento essencial para a prática do policiamento
comunitário, estreitando o caminho do crime, prevenindo a
prática de delitos e aproximando as instituições sociais
Polícia e Comunidade.
9.2. Credibilidade e Confiança

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 338


Alguns atos de violência e repressão protagonizados por
alguns policiais militares maculam a imagem de toda a
corporação. Um simples desvio de conduta decorrente de
uma atitude isolada de um policial ou guarnição prejudica a
confiabilidade da população na corporação como um todo.
Por vezes, o cidadão é portador de informações valiosíssimas,
que poderiam ajudar a evitar a prática de delitos, porém, não
as repassam, devido à incredibilidade na Polícia Militar, por
não saber em quem confiar. Por outro lado, o policial, por
muitas vezes não confia no cidadão por acreditar que ele seja
conivente com o criminoso que mora no mesmo bairro e
proteja aquele que infringe a Lei, quando na maioria dos
casos, o cidadão tem medo do meliante e resolve se omitir,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 339


resultando na impunidade do meliante e o desconhecimento
dos fatos pelas autoridades.
A relação de confiança deve ser conquistada de forma
paciente e atenciosa, a Polícia Militar deve agir com
cordialidade e não visar apenas o interesse na informação,
pois esta chegará aos poucos, quando menos se espera. O
objetivo principal é ter uma relação de proximidade com a
comunidade.
9.2.1. Do ponto de vista do cidadão
Por que confiar na Polícia Militar?
A desconfiança na polícia é um problema sério. Ela eleva a
sensação de insegurança e também faz com que as pessoas

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 340


evitem procurar a instituição quando são vítimas de crimes.
Isto abre espaço para que queiram resolver os seus problemas
por conta própria, o que pode gerar mais violência. Além
disso, a baixa confiança na polícia, combinada à desconfiança
nas instituições da Justiça, eleva a percepção de que o crime
compensa e a impunidade existe.
O cidadão enxerga um mundo diferente daquele que é
vivido pelo policial militar. O policial é um ser humano que
possui peculiaridades ao lidar com o público, pessoas de
diferentes anseios e classes sociais. O policial tem uma noção
bem mais aprofundada quanto ao crime e as suas motivações
em diferentes    localidades. Durante o serviço, o policial
militar visita diversas localidades. O cidadão comum, que

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 341


exerce ocupação lícita e não se envolve com a criminalidade,
em sua maioria, tem como referência a mídia tendenciosa e
boatos que se propagam nas redes sociais que em grande
parte deturpam a realidade e culminam por afastar a
confiabilidade da polícia. A comunidade precisa enxergar a
polícia como uma prestadora de serviço e aliada, ambos
quebrarem a barreira do estranhamento e discutir, conversar,
esclarecer pontos, ambos conhecendo um ao outro o seu
funcionamento.
9.2.2. Do ponto de vista do policial militar
Por que confiar no cidadão?
É necessária a confiança no cidadão para transmitir a

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 342


sensação de segurança. O cidadão vivencia o ambiente, a rua
em que mora, os problemas do bairro. Ao saber desses
problemas, o policial deve agir com a técnica a fim de
desenvolver estratégias de policiamento. O cidadão é a
melhor fonte de informação para o trabalho eficaz da polícia a
fim de efetuar abordagens e prevenir a ocorrência de delitos
em determinadas áreas bem como efetuar prisões em
flagrante delito. O trabalho da polícia deve ser técnico e o
tratamento com todo cidadão deve ser feito de forma cortês e
respeitosa. Quando um policial é atencioso e executa gestos
de cidadania com a comunidade, ele será bem visto e
reconhecido pelos seus bons atos.
9.3. Aspectos Jurídicos da Abordagem Policial

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 343


A abordagem policial é o ato de uma guarnição de Polícia
Militar aproximar-se e interpelar pessoa que apresente
conduta suspeita, a fim de identificá-la e proceder à busca
pessoal, de cuja ação poderá resultar a prisão, (ou a
apreensão, em caso de menor de idade) ou uma simples
advertência ou orientação. É uma das principais atividades
realizadas pelos Policiais Militares em seu trabalho diário,
visando a prevenção de crimes e contravenções.
Está amparada legalmente no art. 244 do Código de
Processo Penal – “A busca pessoal independerá de
mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida
ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 344


quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar”.
9.3.1. A segurança e a necessidade da abordagem policial
A abordagem policial é a principal ferramenta para coibir a
prática de crimes e contravenções penais. O policial em
serviço deve proceder com abordagens sempre que notar
alguma movimentação ou intenção suspeita em transeuntes,
veículos particulares, transportes coletivos e
estabelecimentos. Ao realizar uma abordagem em via pública,
todas as atenções se voltam para a mesma, transmitindo uma
sensação de segurança para a comunidade. Somente através
da abordagem e revista pessoal é que podem ser encontradas

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 345


provas que materializem algum crime ou contravenção.
Durante a abordagem e revista pessoal, cada policial é
responsável pela sua própria segurança e dos demais
componentes da guarnição, bem como a do suspeito e dos
demais cidadãos no perímetro.
9.3.2. A abordagem sob as óticas: do policial, do abordado e
do espectador
Normalmente realizada em público, é recomendado ao
policial proceder a abordagem somente quando estiver em
vantagem numérica em relação aos abordados, prezando
sempre pela segurança a modo geral, embora nem sempre
isso seja possível. Desse modo, a vulnerabilidade existe e o

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 346


momento é tenso para todos os envolvidos, sejam eles
policiais, suspeitos ou demais transeuntes. Sob a ótica
policial, uma guarnição entrosada já sabe se posicionar de
modo a garantir a segurança de todos. Caso seja encontrado
algo que configure crime ou contravenção, deve-se dar a voz
de prisão em flagrante e conduzir o cidadão infrator à
delegacia competente para registro do fato e lavratura de
termo. Caso não seja encontrado nada, o policial pode
inclusive explicar ao cidadão o motivo pelo qual fora
interpelado pela guarnição, demonstrando respeito e
cordialidade ao próximo, amenizando o possível
constrangimento que venha a ser percebido naturalmente pelo
abordado, nos padrões em que são realizados.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 347


Sob a ótica do abordado, é natural que este se sinta
constrangido. Ninguém gosta de ser revistado, porém, um
simples autoquestionamento é suficiente para entender o
trabalho da polícia e a necessidade fundamental da
abordagem. O policial não tem como saber se aquele cidadão
é um transgressor da Lei, portanto, somente realizando a
abordagem e revista pessoal é que se eliminará a dúvida.
Sob a ótica dos espectadores é comum que a ação policial
desperte a curiosidade dos que estão à volta. As atenções se
voltam para o local da abordagem. A situação durante o
procedimento é tensa, porém, ao término, fica evidente a
sensação de segurança transmitida àqueles que presenciaram
o fato.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 348


Há controvérsias quanto ao método da abordagem, que é
questionado quanto ao padrão de segurança. O policial deve
avaliar as condições de segurança do local da abordagem a
fim de evitar confrontos.
9.4. Redução da criminalidade
O trabalho conjunto da polícia com a comunidade é eficaz
contra o aumento da criminalidade. A redução dos índices
de CVLI e CVP é benéfica para todos e enfraquece o crime
organizado. A ação de presença policial inibe a prática de
crimes e contravenções. O criminoso não sente confiança
para consumar um roubo ou homicídio quando percebe que
existe policiamento no local onde ele planejava atuar.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 349


9.4.1. A missão de cada instituição e de cada indivíduo
É preciso um debate sincero, aberto e amplo sobre o
problema da violência no país e sobre como cada segmento
deve participar,    interferir e ajudar no processo, refletindo
sobre todos os seus posicionamentos, colocando abertamente
os prós e contra.
É necessário que cada instituição social saiba qual é seu
papel    no contexto de um problema que afeta todo o país,
problema que    nos tem gerado tantas perdas. Costuma-se
atribuir a responsabilidade à polícia quando esta executa uma
ação definitiva, a exemplo de um auto de resistência. Quando
a situação chega a este ponto, é comum esta instituição

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 350


representante do Estado ser rechaçada pela sociedade.
Infelizmente, na situação atual no Brasil, as instituições
basilares: Família, Nação, Governo, Escola e Religião não
cumprem seus papéis ou o fazem, na maioria, de forma
inadequada, influenciando negativamente na educação de
toda uma nação, em aspectos gerais, recaindo sobre a polícia
militar a responsabilidade de interagir e exercer por um papel
que não é de sua alçada, mas tem interesse em contribuir de
alguma forma para que se mantenha a ordem.
À Polícia Militar compete à execução, com exclusividade,
do policiamento ostensivo fardado com vistas à preservação
da Ordem Pública. Sua ação é tipicamente preventiva, ou
seja, atua no sentido de evitar que ocorra o delito. Para tanto,

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 351


sua ostensividade caracteriza-se por ações de fiscalização de
polícia sobre matéria de ordem pública, onde o policial é de
imediato identificado, quer pela farda, armamento,
equipamento ou viatura.
9.4.2. “A paz queremos com fervor”
Intitulando este tópico, um trecho da Canção do Exército
Brasileiro, ou hino do Soldado, que traduz a esperança de um
servidor público e sua missão para o sucesso da ordem e da
paz. Tudo que um cidadão de bem deseja e quer para o seu
país. O militar é um cidadão fardado e compartilha dos
mesmos anseios na sua missão como agente do Estado.
Assegura o cumprimento das leis, e a manutenção dos direitos

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 352


e deveres de cada indivíduo de acordo com os princípios
constitucionais. O soldado da Polícia Militar é a peça humana
que está nas ruas diariamente e interage com a comunidade,
deve criar laços de parceria a fim de evitar que se instale o
caos e a desordem, seguindo ambos em parceria em prol de
um interesse comum.
Quando um policial calça o coturno e vai às ruas, ele deve
ter em mente sempre a possibilidade de prevenção. Sem
falsos heroísmos, ele deve usar a técnica, a legalidade e a
criatividade para evitar violências. A sociedade que lhe
confiou esse mandato deve torcer para que tudo dê certo, sem
lhe exigir o inevitável, sem permitir intervenções que anulem
a sociabilidade.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 353


Ao final do serviço, o policial deve se sentir orgulhoso, e a
sociedade agradecida, pois o resultado do conjunto de ações
preventivas realizadas por aquele homem ou mulher é um
coletivo de sofrimentos que deixou de existir. Fora disso, há a
vida e a natureza humana, que sempre nos reservará
momentos de sofrimento.
9.4.3. Ações de aproximação com a comunidade
Dentre as ações, de aproximação da Polícia Militar,
desempenhadas com a Comunidade no Estado da Bahia,
merecem destaque: o incentivo em parceria com a Secretaria
Nacional de Segurança Pública – SENASP, em capacitar os
policiais militares com o Curso de Polícia Comunitária na

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 354


formação do policial; a criação e atuação efetiva das Bases
Comunitárias de Segurança – BCS nos bairros mais carentes;
participação da Polícia Militar nos Conselhos Comunitários
de Segurança – CONSEG e o Programa de Educação e
Resistência às Drogas – PROERD.
9.4.3.1. Base Comunitária de Segurança – BCS
A BCS – Base Comunitária de Segurança é uma ferramenta
adotada pelo governo e pela Policia Militar que tem como
filosofia o policiamento comunitário. Tem como objetivo a
redução da violência e criminalidade em localidades
identificadas como críticas, promovendo assim uma
convivência pacífica e harmoniosa, servir como referência

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 355


aos moradores da região, além de melhorar e estreitar os
laços que integram as instituições de segurança pública com
as comunidades locais.
As BCS devem ser o endereço de referência profissional
dos policiais militares encarregados da prevenção
comunitária e do policiamento ostensivo e também deve ser
amplamente divulgado. Os policiais militares que estiverem
lotados na BCS, procederão ao atendimento normal de
ocorrências e prestação de    informações e outros serviços,
atuando conjuntamente com as diversas modalidades de
policiamento desenvolvidos pela Corporação.
Dentre as atividades de integração e projetos sociais das
BCS, destacam-se:

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 356


a) CDC – Centro Digital de Cidadania (BCS Fazenda
Coutos / 19ª CIPM - Paripe)
O curso é uma ação que promove a Inclusão Digital através
de aulas práticas e teóricas de uso da tecnologia através do
Centro Digital, implantado na Base Comunitária de
Segurança de Fazenda Coutos.
A Polícia Militar do Estado da Bahia – PMBA, através da
Base Comunitária de Segurança – BCS de Fazenda Coutos,
com o fito de mobilizar e interagir com a comunidade local,
pôs em prática o Projeto Vida Leve, que busca promover a
melhoria da qualidade de vida das pessoas que compõem a
melhor idade através da prática da atividade física. Para
tanto, fora estabelecida a parceria entre as Unidades de Saúde

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 357


locais para que fossem atendidos idosos já acompanhados e
que tenham, dessa forma, orientação médica para prática da
atividade sem riscos à saúde. O projeto é desenvolvido por
policiais militares com formação acadêmica em Educação
Física e profissionais dos Postos de Saúde, configurando-se
num serviço voluntário que beneficia moradores da
comunidade e dos bairros do Subúrbio Ferroviário.
b) Projeto Vida Leve (BCS Fazenda Coutos / 19ª CIPM –
Paripe)
Este curso aborda ainda, de forma interdisciplinar o tema
Cidadania e Prevenção à Violência, promovendo a
disseminação de valores que fomentem a reflexão e
mobilizem os indivíduos à transformação de suas realidades

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 358


sociais.
c) Projeto Primeiro Som (BCS Fazenda Coutos / 19ª
CIPM – Paripe)
A música é uma linguagem universal, capaz de expressar e
comunicar sensações, sentimentos e pensamentos. É por
meio da música que habilidades e sentimentos são aflorados
e colocados à disposição da aprendizagem nas diversas áreas
do conhecimento. A música, além de fazer parte do rol das
inteligências múltiplas (H. Gardner, 1985), desenvolve
habilidades no aluno que o ajudarão a conhecer diversas
culturas e a criar possibilidades de ação em busca de um
mundo melhor.
O projeto Primeiro Som visa formar uma turma com um

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 359


número máximo de 100 (cem) crianças e adolescentes,
moradores da região do Subúrbio de Fazenda Coutos,
divididos inicialmente por turmas de prática de instrumentos
musicais, sendo: teclado, violão, percussão e flauta doce. O
curso se desenvolverá com aulas teóricas e práticas de
música e conhecimento específico no instrumento musical.
As aulas serão ministradas na sede do PIM (Projeto de
Iniciação Musical) localizada na Rua localizada na Rua 26 C,
quadra 75, 118-E, Fazenda Coutos, parceira desse projeto
junto a BCS Fazenda Coutos, 19ª CIPM e PMBA.
O projeto será dividido em 03 (três) períodos,
sendo: iniciação musical, formação básica de música, e
formação técnica de música; com duração de cada período de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 360


02 (dois) anos, totalizando 06 (seis) anos de formação
completa, podendo, o músico formado pelo projeto,
continuar, por tempo indeterminado, participando dos grupos
instrumentais que serão criados no decorrer do projeto. No
último período será implantada a prática de Banda de Música
e Orquestra.
A Base Comunitária de Segurança/Fazenda Coutos deverá
divulgar as inscrições do projeto para toda a comunidade,
conforme for necessário para a divulgação, orientando os
interessados no que for necessário, inclusive os critérios de
participação. Havendo procura do projeto, além das vagas
oferecidas, caberá ao comando da BCS/Fazenda Coutos criar
os    critérios para selecionar os reais participantes.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 361


Ao final de cada período, o aluno receberá em cerimônia
pública um certificado de conclusão.
d) Projeto Karatê do Saber (BCS Fazenda Coutos / 19ª
CIPM – Paripe)
O Projeto Karatê do Saber beneficia 110 pessoas entre
crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, tendo como requisito
para permanência desses alunos a matrícula e a assiduidade
na escola ou colégio.
Criado e coordenado pelos Soldados PM Alisson
Guimarães e Renan Jesus dos Santos, ambos faixa preta, o
projeto Karatê do Saber teve início em Fazenda Coutos na
metade do ano de 2012, com o objetivo de, junto à BCS,
reforçar ou ajudar a criar um elo entre a polícia e a

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comunidade.
e) Projeto de Manutenção de Microcomputador (BCS
Rio Sena / 18ª CIPM – Periperi).
A realização de manutenção de microcomputador visa a
integração entre a Polícia Militar e a comunidade do Rio
Sena e Alto da Terezinha. As aulas são destinadas a jovens e
adolescentes da comunidade, com idade entre 14 a 20 anos,
em situação de vulnerabilidade social. Funciona no Espaço
Criança e Família, na Rua da Bomba, próximo ao curso de
mecânica da associação, desde o dia 8 de Maio de 2013.
f) Multiplicadores de Turismo (BCS Itinga / 81ª CIPM –
Itinga)
O principal objetivo desta oficina é a compreensão clara de

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 363


que a atividade turística constitui-se uma das maiores
possibilidades de resgate e promoção dos valores culturais,
de preservação do meio ambiente e geração de renda.
Salvador e sua região metropolitana são repletas de
atrativos que todos os anos encantam milhares de turistas.
Estes, sempre saem daqui espalhando aos quatro cantos que a
cidade possui muito a se admirar.
É por esse motivo que foi criado o projeto intitulado
“Multiplicadores de Turismo”. Com ele pretende-se
sensibilizar e incentivar a comunidade, através de visitações e
exposições, a valorização do Turismo na cidade de Salvador e
Região Metropolitana com o intuito de evidenciar os atrativos
histórico-culturais, religiosos e naturais. Os alunos têm aula

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 364


teórica e aula prática (aula viva) que consiste na visita aos
principais pontos turísticos de Salvador e conhecimento de
sua história.
Esse projeto-piloto foi realizado com 31 alunos da Escola
Solange Coelho e, devido à resposta positiva, estuda-se uma
forma de expandi-lo para incluir outras escolas e alunos.
g) Curso de Informática (BCS Calabar / 41ª CIPM –
Federação)
Após inauguração no dia 27/04/2011, a Base Comunitária
de Segurança do Calabar, cuja área de atuação compreende as
comunidades do Calabar e Alto das Pombas, foi a primeira
base a ser instalada na cidade de Salvador/BA, e desde a sua
implantação o número de ocorrências foi reduzido em 90%.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 365


Além dos serviços de segurança pública, a BCS Calabar
promove cursos de capacitação, pré-vestibular, alfabetização
para jovens e adultos e eventos que visam à promoção e
valorização das comunidades e seus moradores. Por esse
motivo, o CALABAR.NET, traz aos cidadãos do Alto das
Pombas e Calabar, bem como os moradores de comunidades
que circundam a área de atuação desta Base Comunitária,
curso de capacitação em informática, tendo como escopo
principal que os alunos aprendam a operar um computador de
forma a elaborar trabalhos escolares, currículos, planilhas,
apresentações de slides e acessar a Internet.
h) Concurso Garota Comunidade BCS (BCS Chapada
do Rio Vermelho, BCS Vale das Pedrinhas e BCS Santa

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 366


Cruz / 40ª CIPM – Nordeste de Amaralina).
A ideia do concurso surgiu em uma reunião para pensar em
ações que beneficiassem a região do complexo do Nordeste
de Amaralina. Na visão da segurança pública, este é um
trabalho preventivo, porque a partir do momento em que
aproximam estas meninas, suas famílias e a comunidade da
Polícia Militar, deixamos de perder estas pessoas para o
tráfico de drogas e para a marginalidade, aumentando sua
autoestima.
9.4.3.2. PROERD
A Polícia Militar desenvolve, desde o ano passado, na rede
de    ensino da Bahia, o Programa Educacional de Resistência

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 367


às Drogas e à Violência (Proerd), que oferece atividades
educacionais voltadas à prevenção ao uso de drogas e à
violência nas instituições de ensino. O programa já foi
aplicado em diversas escolas de Salvador, tendo inclusive
extensão ao município de Feira de Santana, onde
estabelecimentos de 17 bairros foram beneficiados.
O Proerd é a versão brasileira do programa DARE (Drug
Abuse Resistence Education), implantado inicialmente nos
Estados Unidos e, atualmente, desenvolvido em mais de
quarenta países conveniados. A iniciativa é considerada pela
ONU como um dos maiores programas de prevenção as
drogas e a violência do mundo.
No Brasil, o programa teve início em 1992 e já foi

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 368


implantado em 20 estados da Federação. O Proerd visa,
sobretudo, estabelecer uma relação de confiança entre o
policial militar e o cidadão. Após quatro meses de curso as
crianças recebem o certificado PROERD, ocasião que
prestam o compromisso de manterem-se afastados e longe
das drogas e da violência.
Policiais das CIPMs são capacitados para desenvolver
atividades lúdicas em sala de aula entre os estudantes.
Técnicas e métodos de ensino infantil, tratamento de
dependência de drogas e noções de toxicologia aprendidos no
treinamento, capacitaram os policiais a abordar questões tão
delicadas entre os estudantes. Em 17 lições, os alunos
aprendem a incrementar a autoestima, a responsabilidade, o

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 369


bem-estar social e a cidadania.
Dezenas de policiais militares já concluíram o curso de
Formação de Instrutores do Proerd, que consiste na
capacitação de oficiais para atuarem em conjunto com
educadores, estudantes, pais e a comunidade em ações
voltadas à prevenção ao uso de drogas e redução da violência
entre crianças e adolescentes.
De acordo com a metodologia do curso, o policial deve
comparecer fardado à escola uma vez por semana,
acompanhado do professor da turma. Cada encontro com os
estudantes têm uma hora de duração. Todo o material
apresentado foi compilado numa cartilha em 17 lições de 60
minutos para distribuição entre os alunos.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 370


9.5. Considerações Finais
Polícia é instituição fundamental para qualquer democracia
e os dados sobre a desconfiança da população nestas
instituições são a evidência de que o modelo, de segurança
pública brasileiro, precisa de reformas urgentes, tornando-as
instituições efetivamente transparentes e garantidoras de
direitos.
A Polícia Comunitária é a alternativa que melhor
se adequaao Estado Democrático de Direito. Ela é uma
alternativa ao modelo tradicional de polícia, cujo enfoque é
combater ao criminoso depois que ele tenha vitimado alguém
e gerado um dano moral ou material. É preciso antecipar-se

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 371


ao crime, agindo sobre as suas causas, para que ninguém
sofra dano algum. A segurança deve ser construída por todos.
A integração entre polícia e comunidade possibilita a
percepção de segurança pública como responsabilidade de
todos e estabelece uma relação de confiança entre o policial e
o cidadão.
A Constituição Federal no seu Art. 144 define as cinco
Polícias que tem existência legal, não deixando qualquer
dúvida a respeito.
O mesmo Art. 144, diz que a segurança pública é direito e
responsabilidade de todos, o que nos leva a inferir que além
dos policiais, cabe a qualquer cidadão uma parcela de
responsabilidade pela segurança.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 372


O cidadão na medida de sua capacidade, competência, e da
natureza de seu trabalho, bem como, em função das
solicitações da própria comunidade, deve colaborar no que
puder, na segurança e no bem-estar coletivo. A pretensão é
procurar congregar todos os cidadãos da comunidade através
do trabalho da Polícia, no esforço da segurança.
O modelo de policiamento deve ser colocado em prática
através da divulgação de informações e ações, de
comunicação social, voltadas para os públicos interno e
externo da corporação da Polícia Militar, a fim de
conscientizar os cidadãos e os policiais, de forma a
acreditarem na parceria e internalizarem a ideia.
Referências

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 373


ALCADIPANI, Rafael. Respeito e (Des) confiança na
Polícia. Anuário Brasileiro de Segurança Pública, São
Paulo, n. 7, p.106-106, ano 2013.
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Pública: “ O Novo    Cidadão”. RJ, 2001
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Conselhos Comunitários de Segurança em São Paulo, SP: A
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BAHIA. Departamento de Polícia Comunitária e Direitos
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PÚBLICA, MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E POLÍCIA
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PORTAL NORDESTeuSOU: Concurso Garota
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TROJANOWICZ, Robert; BUCQUEROUX,
Bonnie. Policiamento Comunitário: Como Começar. RJ:
POLICIAL E RJ, 1994, p.04.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 377


 
Os kobans (sistema de policiamento japonês) eram vistos
como bases fixas de patrulhamento - recebiam queixas e
solicitações de serviço, realizavam o patrulhamento a pé, de
bicicletas, e de patinetes motorizados, respondendo, quando
fosse viável, achamadas de serviços de emergência e dando
atenção especial para a ligação com a comunidade e para a
prevenção do crime. (Cf. SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY,
David H. Policiamento Comunitário: Questões e Práticas
através do Mundo. p. 89). Os Kobans, localizam-se

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 378


normalmente nos locais onde haja grande fluxo de pessoas,
como zonas comerciais,
turísticas, deserviço,próximo às estações de metrô, etc.,
sendo que, nesse tipo de posto trabalham equipes
compostas por 03 ou mais policiais, conforme o fluxo de
pessoas na área delimitada como circunscrição do posto,
funcionando 24 horas por dia, existindo atualmente mais de
6.500 Kobans em todo o país. (Cf. CAVALCANTE NETO,
Miguel Libório. A Polícia Comunitária no Japão: Uma Visão
Brasileira. Encontro Nacional de Polícia Comunitária,
realizado em Brasília/DF, de 13 a 16 de dezembro de 2001.
Disponível em: p.1).
http://www.estacaodocomputador.com.br.

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 379


É uma casa que serve de posto policial 24 (vinte e quatro)
horas, onde o policial reside com seus familiares, e na
sua ausência a esposa atende aqueles que procuram o posto.
Localiza-se normalmente nos bairros residenciais e conta
atualmente com mais de 8.500 postos nesta modalidade. (Cf.
CAVALCANTE NETO, Miguel Libório. A Polícia
Comunitária no Japão: Uma Visão Brasileira.p.1
Antigamente, havia no Japão pequenos postos policiais,
chamados “Kobansho”, que em 1881 foram denominados
“Hashutsusho” e, em 1994, a pedido da população, tornaram-
se “Koban”, em que “Ko” significa troca e “Ban” vigilância.
Logo, “sistema de vigilância por troca”, em que a instalação

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 380


física do Koban é referência para a comunidade procurar a
polícia, enquanto a polícia oferece atenção à comunidade. Em
1888, nascia o “Chuzaisho”. “Chuzai” é a residência onde
trabalha e “sho” é o local. Ou seja: “instalação em que o
policial mora e trabalha” com a família, geralmente situada
em áreas rurais ou cidades menores. Na ausência do policial, a
esposa, remunerada para tal, atende aos solicitantes.

Alex João Costa Gomes – Bacharelado e Licenciatura Plena


em História (UNIFAP 2001), Policial Militar (Aluno Oficial)

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 381


Saiba mais
em:https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con198
8_12.07.2016/art_37_.asp
 PACHECO. Giovanni Cardoso e Marcineiro, Nazareno
Polícia Comunitária e Segurança Pública. Tópicos
Emergentes em Segurança Pública III. UnisulVirtual.
Palhoça, 2013
QC = Quality Control ou Controle de Qualidade
 Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN. Especialista em Gestão da

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 382


Segurança Pública pela Faculdade Barddal. Aspirante a
oficial da Polícia Militar de Santa Catarina.
igor4444@gmail.com

 Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa


Catarina - UFSC. Bacharel em Segurança Pública pela
Universidade do Vale do Itajaí. Especialista em Ciências
Penais pela Universidade Anhanguera. Capitão da Polícia
Militar de Santa Catarina. thiagoaugusto.vieira@gmail.com
Um cluster (do inglês TESTE: '‘grupo, aglomerado’) consiste
em computadores fracamente ou fortemente ligados que

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 383


trabalham em conjunto, de modo que, em muitos aspectos,
podem ser considerados como um único sistema.
Diferentemente dos computadores em grade, computadores
em cluster têm cada conjunto de nós, para executar a mesma
tarefa, controlado e programado por software.
 O princípio de Pareto (também conhecido como regra do
80/20, lei dos poucos vitais ou princípio de escassez do
fator afirma que, para muitos eventos, aproximadamente 80%
dos efeitos vêm de 20% das causas. 

substantivo de dois gêneros. 1. pessoa encarregada pelo Estado


de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando

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queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por
parte de funcionários ou instituições públicas. 2.POR
EXTENSÃO em empresas públicas ou privadas, indivíduo
encarregado do estabelecimento de um canal de comunicação
entre consumidores, empregados e diretores.

 Maurício Futryk Bohn, Mestrando em Ciências Criminais


pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS). Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Dispoível em: < https://leonardofreirejus.jusbrasil.com.br/artigos/492848904/policia-militar-e-comunidade-uma-parceria-eficaz-no-

>. Acesso em 16 nov 18


enfrentamento-a-criminalidade-no-estado-da-bahia

Professor Janildo da Silva Arante – Polícia Comunitária – Página 385


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