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Cuidados de sauú de primaú rios

para crianças e jovens

761361 - Cuidador/a de
Crianças e Jovens

UFCD_9641

25 Horas
Cuidados de saúde primários para crianças e jovens UFCD 9641

Índice

Objetivos e conteúdos......................................................................................................................................3

Conceito de saúde............................................................................................................................................5

Abordagem holística da saúde..........................................................................................................................6

Capacitação dos cuidadores.............................................................................................................................8

Saúde mental e prevenção da violência............................................................................................................9

Alimentação saudável.....................................................................................................................................14

Atividade física................................................................................................................................................17

Mobilidade segura e sustentável....................................................................................................................19

Alteração do estado de saúde - sinais.............................................................................................................20

Prevenção de comportamentos aditivos e dependências...............................................................................22

Estratégias de promoção da inclusão de crianças e jovens com necessidades de saúde especiais.................24

Desenvolvimento de competências sociais e emocionais p/ a tomada de decisões responsáveis em saúde. 27

Plano Nacional de Vacinação..........................................................................................................................31

Estratégias de atuação do/a cuidador/a em casos de doenças não transmissíveis e doenças transmissíveis.34

Medidas de prevenção e atuação...................................................................................................................34

Alterações respiratórias..................................................................................................................................36

Alterações gastrointestinais............................................................................................................................37

Casos de desidratação....................................................................................................................................38

Febre/convulsões............................................................................................................................................40

Parasitoses......................................................................................................................................................42

Intoxicações....................................................................................................................................................47

Infeções urinárias...........................................................................................................................................49

Pediculose.......................................................................................................................................................53

Doenças infeto-contagiosas e outras..............................................................................................................55

Medidas de prevenção e atuação para crianças e jovens com necessidades de saúde específicas................57

Criança e jovem com doença crónica complexa.............................................................................................57

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Criança e jovem com doença aguda...............................................................................................................59

Criança e jovem com alergias e intolerâncias alimentares..............................................................................61

Criança e jovem com diabetes........................................................................................................................62

Evicção escolar................................................................................................................................................64

Linhas de aconselhamento de saúde..............................................................................................................66

Linha de saúde 24...........................................................................................................................................66

Outras linhas de apoio e aconselhamento......................................................................................................67

Bibliografia e netgrafia....................................................................................................................................69

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Objetivos:
 Identificar os determinantes da promoçaã o da sauú de e prevençaã o da doença.

 Identificar os principais problemas de sauú de da criança e do jovem.

 Implementar medidas de prevençaã o e atuaçaã o em situaçaã o de doença.

Conteúdos
 Conceito de sauú de

 Abordagem holíústica da sauú de

 Capacitaçaã o dos cuidadores

 Sauú de mental e prevençaã o da violeê ncia

 Alimentaçaã o saudaú vel

 Atividade fíúsica

 Mobilidade segura e sustentaú vel

 Alteraçaã o do estado de sauú de - sinais

 Prevençaã o de comportamentos aditivos e dependeê ncias

 Estrateú gias de promoçaã o da inclusaã o de crianças e jovens com necessidades de sauú de


especiais

 Desenvolvimento de competeê ncias sociais e emocionais para a tomada de decisoã es


responsaú veis em sauú de

 Plano Nacional de Vacinaçaã o

 Estrateú gias de atuaçaã o do/a cuidador/a em casos de doenças naã o transmissíúveis e


doenças transmissíúveis

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 Medidas de prevençaã o e atuaçaã o

 Alteraçoã es respiratoú rias

 Alteraçoã es gastrointestinais

 Casos de desidrataçaã o

 Febre/convulsoã es

 Parasitoses

 Intoxicaçoã es

 Infeçoã es urinaú rias

 Pediculose

 Doenças infetocontagiosas

 Outras

 Medidas de prevençaã o e atuaçaã o para crianças e jovens com necessidades de sauú de


especíúficas

 Criança e jovem com doença croú nica complexa

 Criança e jovem com doença aguda

 Criança e jovem com alergias e intoleraê ncias alimentares

 Criança e jovem com diabetes

 Evicçaã o escolar

 Linhas de aconselhamento de sauú de

 Linha de sauú de 24

 Outras linhas de apoio e aconselhamento

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Conceito de saúde
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a sauú de como sendo o estado de completo
bem-estar fíúsico, mental e social. Ou seja, o conceito de sauú de transcende aà auseê ncia de
doenças e afeçoã es. Por outras palavras, a sauú de pode ser definida como o níúvel de eficaú cia
funcional e metaboú lica de um organismo a níúvel micro (celular) e macro (social).

O estilo de vida, isto eú , o conjunto de comportamentos adotados por uma pessoa, pode ser
beneú fico ou prejudicial aà sauú de. Por exemplo, um indivíúduo que mantem uma alimentaçaã o
equilibrada e que realiza atividades fíúsicas diariamente tem maiores hipoú teses de desfrutar de
uma boa sauú de. Pelo contraú rio, as pessoas que comem e bebem em excesso, que naã o
descansam o suficiente e que fumam correm seú rios riscos de sofrer doenças que poderiam ser
evitadas.

Em linhas gerais, a saúde pode dividir-se em sauú de fíúsica e sauú de mental embora, na
realidade, sejam dois aspetos interrelacionados. Para o cuidado da sauú de fíúsica, eú
recomendada a realizaçaã o frequente e regular de exercíúcios, e uma dieta equilibrada e
saudaú vel, com variedade de nutrientes e proteíúnas.
A saúde mental, por outro lado, faz refereê ncia ao bem-estar emocional e psicoloú gico no qual
um ser humano pode utilizar as suas capacidades cognitivas e emocionais, desenvolver-se
socialmente e resolver as questoã es quotidianas da vida diaú ria.
Conveú m destacar que as cieê ncias da sauú de saã o aquelas que proporcionam os conhecimentos
adequados para a prevençaã o das doenças e a promoçaã o da sauú de e do bem-estar quer do

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individuo quer da comunidade. A bioquíúmica, a bromatologia, a medicina e a psicologia, entre
outras, saã o cieê ncias da sauú de.

Abordagem holística da saúde


Inicialmente, essa palavra assustava os profissionais da aú rea da sauú de, afinal, quando falamos
de visão holística na medicina, imediatamente fazemos associaçaã o com metodologias
distintas da medicina convencional.

Mas afinal, o que significa holismo, e como eú que essa visaã o pode auxiliar os meú dicos do seú culo
XXI?

Holístico ou holista eú um adjetivo que


classifica a alguma coisa relacionada com o holismo, ou seja, que procura compreender os
fenómenos na sua totalidade e globalidade. A palavra holíústico foi criada a partir do termo
holos, que em grego significa “todo” ou “inteiro”.

Quando um problema eú tratado de forma isolada, pode-se esperar um resultado imediato,


poreú m com efeitos colaterais tardios. A visão holística na medicina, pode minimizar esse
efeito, e considera que o paciente deve ser tratado em sua totalidade, unindo a medicina
tradicional, psicologia, cieê ncia, fatores externos e emocionais como parte do problema a ser
solucionado.

O médico do século XXI entende a visão holística naã o apenas como forma terapeê utica
disponibilizada em spas, yoga, reiki, acupuntura, shiatsu etc, mas procura ter uma visaã o global
do paciente, levando em consideraçaã o diversos aspetos. Para isso o médico precisará
aprofundar-se em temas distintos da medicina, especializar-se noutras aú reas e demonstrar
interesse pelo paciente acima de tudo.

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A revoluçaã o da informaçaã o exige um novo posicionamento meú dico. A medicina estaú em
transformaçaã o, o paciente deixou de acreditar sem questionar os argumentos meú dicos, e hoje,
participa ativamente de todo processo. Desde o diagnoú stico ateú aà soluçaã o do problema. O
meú dico com a visaã o holista, sabe lidar com esse paciente, sabe orientaú -lo e consegue entender
seus mais profundos anseios.

O conceito de saúde, a formaçaã o do profissional, e a forma como eú realizada a gestaã o dos


recursos humanos nos hospitais, tambeú m podem influenciar a qualidade da assisteê ncia.

A visão holística favorece o processo de humanizaçaã o influenciando os profissionais, os


usuaú rios, a as relaçoã es entre eles.

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Capacitação dos cuidadores


Diariamente os profissionais de saúde (cuidadores formais) e os cuidadores informais
deparam-se com desafios que saã o percecionados pelos proú prios como constrangimentos aà sua
atividade, e essa perceçaã o acaba por se refletir negativamente na motivaçaã o para o
desempenho das suas tarefas, podendo refletir-se negativamente nos resultados.

No entanto, paulatinamente vão surgindo e sendo desenvolvidas novas ferramentas que os


capacitam para um melhor desempenho, importantes para melhorar os níúveis motivacionais e
para o desenvolvimento de mais Qualidade e Eficiência em “Saúde centrada no utente”.
Essas soluçoã es passam por melhorias na organizaçaã o de processos e nos fluxos de informaçaã o
(comunicaçaã o dentro de uma instituiçaã o ou interinstituiçoã es e entre instituiçoã es/entidades de
sauú de e utentes e seus cuidadores informais), por novos modelos de integraçaã o e de
continuidade de cuidados. Aleú m da atividade assistencial, os cuidadores saã o pontos-chave na
investigaçaã o e inovaçaã o em Sauú de e na capacitaçaã o dos utentes para melhor gerirem a sua
Saúde.

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Saúde mental e prevenção da violência


As crianças e jovens constituem uma das áreas prioritárias de intervenção no contexto
político europeu. A OMS declarou que a saúde mental das crianças e jovens eú uma aú rea-
chave para a qual os profissionais e decisores políúticos devem dirigir a sua atençaã o e
preocupaçoã es. O Pacto Europeu para a Sauú de Mental e Bem-Estar apela a que os Estados
Membros da Uniaã o Europeia intervenham em cinco aú reas prioritaú rias, sendo uma das quais a
Sauú de Mental na Juventude e Educaçaã o. O mesmo acontece a níúvel nacional. O Plano Nacional
para a Sauú de Mental privilegia um conjunto de estrateú gias de prevençaã o e promoçaã o da sauú de
mental, entre as quais, programas de educaçaã o sobre sauú de mental na idade escolar,
prevençaã o da violeê ncia e do abuso de drogas ou programas de desenvolvimento pessoal e
social. O Programa Nacional de Sauú de Infantil e Juvenil tambeú m inclui como uma das
principais linhas de atuaçaã o o investimento na prevençaã o das perturbaçoã es emocionais e do
comportamento.

Estes programas e planos existem porque e apesar de existir um nuú mero cada vez maior de
crianças e adolescentes que experienciam dificuldades em responder aos desafios
desenvolvimentais que enfrentam e que sofrem os efeitos negativos das perturbaçoã es mentais.
A prevaleê ncia das perturbaçoã es mentais entre as crianças e adolescentes aumentou nos
uú ltimos 20 a 30 anos.

De acordo com a Organizaçaã o Mundial de Sauú de, em todo o mundo, cerca de 20% das crianças
e adolescentes sofrem de problemas comportamentais, desenvolvimentais ou emocionais,
sendo que 1 em cada 8 apresenta uma perturbaçaã o mental. Fazendo a traduçaã o desta
prevaleê ncia para a sala de aula e assumindo uma sala de aula “meú dia” com 30 alunos, 6 alunos
em cada turma apresentarão uma perturbação mental.

Segundo a Academia Americana de Psiquiatria da Infaê ncia e da Adolesceê ncia e a OMS-Regiaã o


Europeia, uma em cada cinco crianças apresenta evideê ncia de problemas de sauú de mental. Em
Portugal, sabemos que entre os 5 e os 14 anos, o maior peso da doença na qualidade de vida se

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deve aà s perturbaçoã es mentais e comportamentais (22% do total de DALY associados aà s
doenças naã o transmissíúveis).

As perturbações mentais na infância podem ter níúveis elevados de persisteê ncia: 25% das
crianças com uma perturbaçaã o emocional diagnosticaú vel e 43% com uma perturbaçaã o do
comportamento diagnosticaú vel continuam a apresentar a perturbaçaã o ao fim de treê s anos; os
jovens que experienciam ansiedade na infaê ncia teê m 3,5 vezes mais probabilidade de sofrer de
depressaã o ou perturbaçoã es da ansiedade na idade adulta.

Os problemas de saúde mental na infância e na adolescência constituem ainda um dos


principais preditores dos problemas de sauú de mental na idade adulta: cerca de metade das
doenças mentais tiveram iníúcio antes dos 14 anos de idade. A maior parte das doenças
mentais manifestam-se geralmente antes dos 24 anos de idade. Newman et al. concluíúram que
73,8% dos jovens com 21 anos de idade e uma perturbaçaã o mental tinham uma histoú ria de
doença mental no seu desenvolvimento. Offord et al. demonstraram que 61,3% das crianças
entre os 8 e os 12 anos com um diagnoú stico de perturbaçaã o do comportamento tinham tido
pelo menos uma de treê s doenças mentais nos quatro anos anteriores.

A taxa de prevalência elevada da perturbação mental infantil torna os problemas de sauú de


mental das crianças e adolescentes mais visíúveis em diferentes sectores – sauú de, educaçaã o,
justiça e segurança social.

Sabemos que a falta de saúde mental pode aumentar o risco de delinqueê ncia, problemas
com a justiça, perturbaçoã es de abuso de substaê ncias e gravidez adolescente. Os problemas de
sauú de mental podem ter efeitos muito prejudiciais no desenvolvimento social, intelectual e
emocional das crianças e jovens e, consequentemente, no seu futuro. Em uú ltima instaê ncia,
podem levar aà perda de vida. O suicídio é uma das principais causas de morte nos jovens e
uma preocupação de saúde pública em muitos paíúses europeus.

Para aleú m destas problemaú ticas, a prevaleê ncia das doenças mentais entre os jovens eú
preocupante dado o seu potencial impacto no desempenho escolar. Por exemplo, os jovens

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com perturbaçaã o mental estaã o em risco de apresentarem problemas disciplinares,
absentismo, retençaã o escolar, maú s notas, abandono escolar e/ou delinqueê ncia.

Os problemas de saúde psicológica entre crianças e adolescentes traduzem-se ainda num


impacto econoú mico incomensuraú vel. Soú na Europa, em 2010, o custo anual das perturbaçoã es
da infaê ncia e adolesceê ncia foi de 21,3 bilioã es de euros.

Esta realidade exige um aumento da capacidade de resposta e o desenvolvimento de


novas formas eficazes para servir as necessidades destas crianças e jovens o mais
precocemente possíúvel. A Coordenaçaã o Nacional para a Sauú de Mental – CNSM, com base no
documento da Rede Europeia para a Promoçaã o da Sauú de Mental e a Prevençaã o das
Perturbaçoã es Mentais, definiu como linha privilegiada de prevençaã o a implementaçaã o de
programas de educaçaã o escolar para a sauú de mental, nomeadamente os programas de
desenvolvimento de competeê ncias pessoais e sociais.

EÉ necessaú rio que as escolas adotem uma abordagem mais compreensiva e holística na
qual a promoçaã o da sauú de mental opera de modo consistente ao longo do curríúculo, do
ambiente escolar e dos serviços escolares, sendo integrada em programas e estruturas dentro
da escola.

A missão das escolas eú educar os alunos para se transformarem em cidadaã os responsaú veis e
competentes. Por isso, as escolas asseguram o domíúnio de capacidades de leitura, escrita,
matemaú tica e cieê ncia, tal como promovem uma boa compreensaã o da histoú ria, literatura, arte,
líúnguas estrangeiras e diversas culturas. Contudo, a agenda educativa e a escola bem-sucedida
tambeú m eú aquela que inclui a promoçaã o das competeê ncias sociais e emocionais dos jovens, da
sua sauú de mental enquanto fundamentos da personalidade saudaú vel e do envolvimento cíúvico.

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O bem estar e a saúde mental saã o condiçoã es essenciais para uma aprendizagem bem
sucedida e soú podem ser desenvolvidas em cooperaçaã o com as escolas. Por outro lado, os
resultados acadeú micos contribuem para a sauú de, em geral, e para a sauú de mental, em
particular. O bem-estar mental suporta uma aprendizagem bem-sucedida e esta tambeú m
suporta o bem-estar mental. Se as escolas quiserem atingir resultados educacionais positivos,
eú fundamental que a promoçaã o de uma sauú de mental positiva seja uma parte integral do ethos
escolar.

Deste modo, promovendo a sauú de psicoloú gica e o sucesso educativo, as escolas podem
desempenhar um papel positivo e protetor das crianças e adolescentes:

Criam resilieê ncia, proporcionando aà s crianças e jovens os recursos internos para lidar com os
stressores negativos e ultrapassar desafios e dificuldades. As escolas podem reforçar o
“sistema imunitaú rio” das crianças ao criarem ambientes que promovam o bem-estar e
ofereçam apoio e orientaçaã o;
Contribuem para o desenvolvimento positivo dos jovens numa variedade de domíúnios,
incluindo aumento da satisfaçaã o com a escola e a vida, o envolvimento com a escola e a
qualidade de vida;
Melhoram a regulaçaã o emocional, as estrateú gias de coping e de resoluçaã o de problemas;
melhoram a empatia e o ajustamento psicoloú gico; diminuem o bullying e a agressaã o;
Aumentam o compromisso e o envolvimento com a escola – as crianças investem mais esforço
no trabalho escolar e melhoram as suas atitudes face aà escola; melhoram o desempenho
escolar e diminuem o absentismo;
Aumentam o bem-estar dos jovens, das suas famíúlias e comunidades;

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Oferecem oportunidades para a procura de ajuda – as evideê ncias sugerem que eú mais provaú vel
que as crianças e os adolescentes procurem ajuda quando nas suas escolas existem
oportunidade de aconselhamento psicoloú gico, onde impera a confidencialidade e o anonimato;
Reduzem os problemas de aprendizagem e os problemas disciplinares, o bullying e a violeê ncia
dentro e fora da escola, os problemas emocionais (como a depressaã o e a ansiedade), o
tabagismo, o abuso de aú lcool e de substaê ncias, assim como os comportamentos de risco para a
sauú de e as experieê ncias sexuais precoces;

Favorecem positivamente as perspetivas de futuro no que diz respeito a empregabilidade,


produtividade e perspetivas salariais, integraçaã o social e relacionamento interpessoal;
Diminuem o impacto econoú mico da falta de sauú de mental. As crianças pouco saudaú veis e bem-
sucedidas do ponto de vista social e emocional teê m menor probabilidade de se tornarem
cidadaã s ativas e economicamente produtivas enquanto adultas. Investir no bem-estar mental
da geraçaã o seguinte, em uú ltima instaê ncia, tambeú m se pode traduzir em benefíúcios e poupanças
econoú micas para os contribuintes;
A escola enfrenta, assim, o grande desafio de, por um lado, lidar com um conjunto de
problemas de comportamentos e de sauú de (mental e fíúsica), e por outro, assumir um papel
importante na promoçaã o do bem-estar das crianças e jovens e das suas competeê ncias soú cio
emocionais.

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Alimentação saudável

Adotar uma alimentação saudável naã o eú sinoú nimo de pratos sem sabor ou de refeiçoã es
rotineiras. A variedade eú uma regra a seguir quando se fala de haú bitos alimentares saã os, pois
soú assim teraú acesso a todos os nutrientes que necessita.

Lembre-se que uma alimentação equilibrada deve ser constituíúda maioritariamente por
hidratos de carbono (ateú 65% do total de calorias ingeridas) e por quantidades menores de
gordura e proteíúnas (cada uma naã o deve ultrapassar os 35% do total caloú rico diaú rio).

Posto isto, conheça as 15 regras alimentares que o tornarão mais saudável:

1. Comer, no míúnimo, cinco refeiçoã es por dia. Ficar muitas horas sem comer costuma dar mau
resultado. Se estiver muito tempo em jejum, na refeiçaã o seguinte iraú comer mais e teraú
tendeê ncia para selecionar alimentos menos saudaú veis.

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2. Começar bem o dia com um bom pequeno-almoço. EÉ a refeiçaã o principal pois quebra longas
horas de jejum e fornecer-lhe-aú energia para todo o dia.

3. Quantidade naã o eú sinoú nimo de qualidade. Reduzir o tamanho das porçoã es ingeridas, pois
comer em demasia origina a obesidade e esta traz consigo variadíússimas doenças.

4. Dar prefereê ncia aos vegetais e aà fruta. Saã o ricos em nutrientes essenciais para o organismo,
como as fibras, vitaminas e minerais, e naã o fornecem muitas calorias, visto serem pobres em
gordura e em açuú car. Recomenda-se a ingestaã o de treê s a cinco porçoã es por dia.

5. Comer sopa antes do prato principal. Geralmente, a sua base saã o os legumes e eú pobre em
gordura.

6. Preferir as gorduras insaturadas, como o azeite e as que estaã o presentes no peixe e nos
frutos secos, uma vez que estas teê m propriedades anti-inflamatoú rias e antioxidantes.

Por sua vez, as gorduras saturadas, que existem sobretudo nos enchidos e na carne vermelha,
estaã o relacionadas com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e tambeú m de alguns
tipos de cancro.

Tambeú m muito prejudiciais para a sauú de saã o as gorduras vegetais hidrogenadas ou trans,
presentes nas margarinas, nas bolachas e nos fritos.

7. Escolher laticíúnios magros em vez de gordos ou meio gordos, reduzindo assim a ingestaã o de
gorduras e ingerindo a mesma quantidade de caú lcio.

8. Optar pelas carnes brancas. O peru e o frango teê m menor teor de gordura que as carnes
vermelhas, como a de vaca. Quando estiver a comer retire qualquer gordura que esteja visíúvel.

9. Ingerir peixe branco e azul. Saã o ricos em aú cidos gordos essenciais (oú mega 3), que diminuem
os níúveis elevados de colesterol e saã o fundamentais ao bom funcionamento do ceú rebro. O
salmaã o, a sardinha e o atum saã o uma excelente alternativa.

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10. Evitar os fritos, que saã o muito ricos em gordura. Cozinhar de forma saudaú vel eú faú cil, para
isso basta que aposte em alimentos cozidos, grelhados ou assados no forno ou entaã o
cozinhados a vapor ou escalfados. Nenhuma destas formas de cozinhar necessita de adiçaã o de
gordura na sua confeçaã o.

11. Optar pelos cereais integrais. O paã o, massa, arroz e cereais teê m mais fibra. Esta faz com
que sejam digeridos de forma lenta pelo organismo e induz a saciedade.

12. Substituir as bebidas gaseificadas e bebidas alcooú licas pela aú gua, sumos naturais ou chaú ,
mas sempre sem adicionar açuú car. Assim, ingere menos calorias.

Lembre-se que o açuú car, nutriente no qual saã o ricas as bebidas com gaú s e os doces, provoca
picos altos de glicemia e o aumento de secreçaã o de insulina e transforma-se rapidamente em
gordura no organismo.

13. Reduzir a quantidade de sal que usa para temperar a comida e evite refeiçoã es preú -
cozinhadas, muito ricas em soú dio e, tambeú m, em gordura. A OMS recomenda que naã o se ingira
mais de 5 g por dia.

O sal estaú associado aà hipertensaã o e, consequentemente, aà s doenças cardiovasculares, para


aleú m de provocar a retençaã o de líúquidos, pelo que o seu consumo deve ser moderado.

14. Planear as refeiçoã es atempadamente, sempre que possíúvel. Pode, por exemplo, fazer
menus semanais, assim naã o teraú a tentaçaã o de comer alimentos preú -cozinhados, geralmente
pouco saudaú veis.

15. Mastigar lentamente todos os alimentos. Assim, melhora o processo digestivo e daú tempo
ao ceú rebro de receber a informaçaã o de saciedade. Em meú dia, este processo demora 20
minutos desde o iníúcio da refeiçaã o.

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Atividade física
Os benefícios da atividade física ou desportiva na sauú de estaã o confirmados por vaú rios
estudos epidemioloú gicos. O risco de morte prematura eú mais baixa nas pessoas fisicamente
ativas. A praú tica regular de uma atividade fíúsica moderada reduz em 30% o risco de morte
prematura.

Qual a diferença entre atividade física e desporto?

Uma atividade física corresponde “a qualquer movimento produzido pelos muú sculos
esqueleú ticos, responsaú veis por um aumento dos gastos energeú ticos (OMS). Por outras
palavras, mexer-se é uma atividade física: andar, subir escadas, limpar, andar de bicicleta...
Por exemplo: jogar aà bola num jardim eú uma atividade fíúsica. Respeitar as linhas de um campo
de futebol e atirar uma bola aà baliza corresponde mais a um jogo de futebol (desporto).

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Os benefícios de uma prática regular e adaptada de uma atividade física:

Praticar regularmente uma atividade física ou desportiva adaptada reduz o risco de


mortalidade prematura. Quando associada uma alimentaçaã o equilibrada, a atividade fíúsica
melhora a qualidade de vida.

A obesidade, as doenças cardiovasculares, a diabetes e os cancros saã o as principais


consequeê ncias da sedentariedade, que eú o quarto fator de risco de mortalidade aà escala
mundial. Por conseguinte, a praú tica regular de uma atividade fíúsica contribui igualmente para
a reduçaã o dos riscos de aparecimento de certas patologias:
Doenças cardiovasculares: as pessoas fisicamente ativas desenvolvem duas vezes
menos doenças cardiovasculares (aquelas que afetam os vasos sanguíúneos do ceú rebro, a que
chamamos “cerebrovasculares”);
Cancros: A atividade fíúsica reduz o risco de cancro colo rectal (40 a 50%), de cancros
da mama (30 a 40%) e do endomeú trico (30%);
Diabetes: O exercíúcio fíúsico e a alteraçaã o dos haú bitos alimentares podem prevenir o
aparecimento da diabetes em indivíúduos com um elevado risco de contrair esta doença;
Obesidade: Ser ativo reduz o risco de excesso de peso. O sedentarismo explica, em
parte, o aumento dos casos de obesidade nas sociedades modernas. De facto, a cada vez maior
utilizaçaã o de transportes motorizados e de elevadores, bem como a evoluçaã o das atividades
sedentaú rias (televisaã o, jogos víúdeo, trabalho no computador), diminuem as quantidades de
energia utilizada pelo corpo;
Osteoporose: a atividade fíúsica eú determinante na prevençaã o do tratamento da
osteoporose. Na mulher, a atividade fíúsica diminui para metade o risco de fratura do colo do
feú mur e aumenta a resisteê ncia oú ssea;
Stress crónico: A atividade fíúsica causa modificaçoã es bioquíúmicas no organismo. Apoú s
30 m de atividade fíúsica de intensidade moderada ou elevada, o corpo segrega uma substaê ncia,
a endorfina, que tem um efeito ansiolíútico que diminui consideravelmente o stress ou a
ansiedade.

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Mobilidade segura e sustentável


O trânsito excessivo ou o reduzido número de passeios e passadeiras saã o alguns dos
motivos apontados por crianças dos 6 aos 11 anos para explicar por que naã o se sentem
confortaú veis a fazer as suas deslocaçoã es entre a casa e a escola a peú .

Menos de um quarto (24%) dos estudantes vai a pé ou de bicicleta para a escola. Os


restantes alunos usam meios de transporte motorizados, sendo que 50% do total o fazem no
automoú vel particular da famíúlia ou de amigos.

O escasso uso de meios de transporte naã o motorizados nas deslocaçoã es entre casa e escola
tem esta explicaçaã o: as cidades “naã o saã o pensadas para as crianças.

As cidades são projetadas pensando no transporte motorizado. Teê m poucas preocupaçoã es


com os acessos pedonais e são muitas vezes demasiado dispersas, explica a arquiteta
paisagista.

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Alteração do estado de saúde - sinais


Os sinais de alerta saã o sinais identificados na avaliaçaã o da criança que auxiliam no
reconhecimento de situaçoã es de urgeê ncia e emergência pediátrica.
A criança, muitas vezes, naã o consegue manifestar ou descrever o que estaú a sentir e a
identificaçaã o dos sinais de alerta torna-se fundamental. Alguns sinais que devem ser
valorizados saã o:

Pele acinzentada, paú lida ou roxa;


Conscieê ncia alterada, confusaã o mental;
Criança muito sonolenta (dorme mais que o habitual) ou irritada;
Prostraçaã o;
Criança que naã o reconhece os pais;
Extremidades frias e roxas;
Febre alta;
Diminuiçaã o da quantidade de urina;
Respiraçaã o raú pida ou muito lenta para a idade;
Presença de esforço para respirar ou cansaço;
Frequeê ncia cardíúaca aumentada ou diminuíúda para a idade;
Dor de cabeça com uma ou mais das seguintes caracteríústicas: intensa, de iníúcio suú bito;
Aumento na frequeê ncia e intensidade da dor; que naã o passa com analgeú sico comum;
que tem recorreê ncia matinal; ou que desperta a criança;
Voú mitos biliosos, em jato ou persistentes;
Diarreias persistentes;
Dor abdominal intensa e contíúnua.

Na presença de algum destes sinais, a criança deve ser levada imediatamente para uma
avaliação clínica.

A infância e a adolescência saã o fases da vida cheias de desafios e aprendizagens. As crianças


e adolescentes podem ter dificuldade em lidar com as mudanças fíúsicas e emocionais pelas

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quais passam. EÉ normal terem problemas de vez em quando e eú normal expressarem emoçoã es
como zanga, tristeza ou frustraçaã o.

Por tudo isto, ser difícil identificar quando é que as crianças e adolescentes precisam de
ajuda porque teê m um problema de Sauú de Psicoloú gica.

No entanto, quando alguns sinais são intensos e duram vaú rias semanas, interferindo com a
capacidade da criança ou adolescente fazer o seu dia-a-dia e atividades habituais, podem
significar que estaú com problemas e precisa de ajuda.

Os Assistentes Operacionais teê m diversas oportunidades de, ao longo do dia, observar sinais
e mudanças no comportamento das crianças e adolescentes que podem indicar a existeê ncia de
problemas de Saúde Psicológica.

Esteja atento aos seguintes sinais/mudanças:

Comportamento agitado;
Chegar constantemente atrasado e faltar aà s aulas;
Isolamento (parece passar muito tempo sozinho/tem poucos amigos) e falta de
interesse pela interaçaã o com os outros;
Medo, preocupaçaã o ou ansiedade excessivas;
Sentimentos de tristeza duradouros;
Ficar facilmente irritado ou zangado sem razaã o aparente;
Agressividade contra si proú prio ou contra os outros (por exemplo, auto mutilar-se,
envolver-se em lutas e brigas com os colegas, usar armas);
Cansaço, perda de energia e falta de interesse pelas atividades habituais;
Baixa autoestima;
Comportamentos perigosos como ingestaã o abusiva de aú lcool ou drogas.

Não ignore os sinais de alerta ou a sua sensaçaã o de que “alguma coisa naã o estaú bem”. Naã o
desvalorize o problema na esperança que ele desapareça sozinho. Os problemas de Sauú de
Psicoloú gica naã o “passam com a idade” nem se resolvem sozinhos. E podem levar a problemas

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graves: insucesso escolar, conflitos familiares, dificuldades de relaçaã o com os outros,
adiçoã es e agressividade.

Prevenção de comportamentos aditivos e


dependências
A abordagem da prevenção de comportamentos aditivos e dependeê ncias em meio escolar
eú da competeê ncia da Direçaã o-Geral da Educaçaã o.

Objetivos

Melhorar o estado de sauú de global dos jovens;


Contribuir para a definiçaã o de políúticas em mateú ria de comportamentos aditivos e
dependeê ncias;
Prevenir os consumos em meio escolar, atraveú s de debates, sessoã es de sensibilizaçaã o e
outras estrateú gias de trabalho continuado com os alunos e envolvendo toda a comunidade
educativa.

Legislação

Álcool:

Decreto-Lei n.º 106/2015 de 16 de junho, veio criar um novo regime juríúdico de


disponibilizaçaã o, venda e consumo de bebidas alcoólicas em locais puú blicos e em locais
abertos ao puú blico, com fundamento no imperativo constitucional de proteçaã o da sauú de dos
cidadaã os. O presente diploma procede aà primeira alteraçaã o ao Decreto -Lei n.º 50/2013, de 16
de abril.

Decreto-Lei n.º 50/2013, de 16 de abril


Estabelece o regime de disponibilizaçaã o, venda e consumo de bebidas alcooú licas em
locais puú blicos e em locais abertos ao puú blico.
Decreto-Lei n.º 332/2001, de 24 de Dezembro

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Altera o Coú digo da Publicidade, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de
Outubro, artigos 17.º e 39.º.

Tabaco:

Lei n.º 109/2015 de 26 de agosto, Primeira alteraçaã o aà Lei n.º 37/2007, de 14 de


agosto, transpondo a Diretiva 2014/40/EU, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 3 de
abril de 2014, relativa aà aproximaçaã o das disposiçoã es legislativas, regulamentares e
administrativas dos Estados membros no que respeita ao fabrico, apresentaçaã o e venda de
produtos do tabaco e produtos afins.
Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto
A Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, (Lei do Tabaco), que entrou em vigor no dia 1 de
Janeiro de 2008, aprova normas para a proteçaã o dos cidadaã os da exposiçaã o involuntaú ria ao
fumo do tabaco e medidas de reduçaã o da procura relacionadas com a dependeê ncia e a
cessaçaã o do seu consumo. A Lei estabelece a proibição de fumar em determinados lugares,
incluindo os estabelecimentos de ensino.
Decreto n.º 25-A/2005, de 18 de Novembro
O Governo Portugueê s aprova a Convençaã o Quadro da Organizaçaã o Mundial de Sauú de
para o Controlo do Tabaco, adotada em Genebra pela 56.ª Assembleia Mundial de Sauú de, em
21 de Maio de 2003. Texto traduzido na líúngua portuguesa: Paú ginas 19 a 35.

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Estratégias de promoção da inclusão de crianças e


jovens com necessidades de saúde especiais
Definem-se como, as que resultam de problemas de saúde com impacto na
funcionalidade e necessidade de intervenção em meio escolar, como sejam,
irregularidade ou necessidade de condiçoã es especiais na frequeê ncia escolar e impacto
negativo no processo de aprendizagem ou no desenvolvimento individual.

As alterações das funções ou estruturas do corpo (ex: doença croú nica, deficieê ncia,
perturbaçoã es do desenvolvimento, perturbaçoã es emocionais e do comportamento, entre
outras), que teê m impacto no desempenho escolar, necessitam de identificaçaã o e remoçaã o de
barreiras a vaú rios níúveis: aprendizagem, atitudes, comunicaçaã o, relacionamento interpessoal e
social, autonomia, espaço fíúsico e meio socioeconoú mico.

Na Escola, eú crucial identificar a existeê ncia de fatores ambientais “facilitadores” (entendidos


como fatores que influenciam positivamente a realizaçaã o de atividades escolares) ou
“barreira” (entendidos como fatores que impedem ou limitam a participaçaã o da criança na
vida escolar) que interferem com as aprendizagens escolares.

A INTERVENÇÃO PRECOCE NA INFÂNCIA eú dirigida aà s crianças ateú aos 6 anos de idade com
alteraçoã es ou em risco de apresentar alteraçoã es nas estruturas ou funçoã es do corpo, tendo em
conta o seu normal desenvolvimento. Consiste num conjunto de medidas de apoio
integrado centrado na criança e na famíúlia, incluindo açoã es de natureza preventiva e
reabilitativa, designadamente no âmbito da educação, da saúde e da ação social. AÀ Sauú de
compete assegurar a deteçaã o, sinalizaçaã o e acionamento do processo e o encaminhamento de
crianças e jovens para consultas ou centros de desenvolvimento, para efeitos de diagnoú stico,
orientação especializada, entre outros.

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Contribuir para uma resposta adequada às NECESSIDADES DE SAÚDE ESPECIAIS (NSE),


mais do que um desíúgnio da Sauú de Escolar, eú um movimento em prol dos Direitos das Crianças,
da aceitaçaã o da diferença, da promoçaã o de atitudes de respeito, do reconhecimento do valor e
do mérito pessoal.

A identificação das condições, das necessidades e das medidas de saúde a implementar


eú baseada na Classificaçaã o Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Sauú de, (CIF), da
Organizaçaã o Mundial de Sauú de (OMS). AÀ Sauú de cabe proporcionar intervençoã es promotoras
do bem-estar fíúsico, psicoloú gico e social, tais como, serviços de promoçaã o da sauú de e de
prevenção de doenças, cuidados primários, cuidados em situaçoã es agudas, serviços de
reabilitaçaã o e de cuidados prolongados, entre outros.

O processo de “referenciação ↔ avaliação ↔ intervenção ↔ monitorização dos


progressos e eventual revisaã o das medidas de sauú de” deve ser operacionalizado atraveú s de
um plano de saúde individual (PSI).

A REFERENCIAÇÃO, aà Equipa de Sauú de Escolar, de crianças e jovens que necessitem de


qualquer tipo de intervençaã o no contexto escolar envolve a articulaçaã o com Equipa de Sauú de
Familiar e pode ser iniciada:

Pelos Serviços de Sauú de (qualquer unidade funcional do Agrupamento de Centros de


Sauú de (ACES),Unidade Local de Sauú de (ULS), Hospital), atraveú s do/a meú dico/a de
famíúlia/assistente, do/a enfermeiro/a de sauú de infantil e juvenil/de famíúlia, de outro/a
profissional de sauú de, incluindo da Sauú de Mental da Infaê ncia e Adolesceê ncia (SMIA);

Pela Escola, pelo/a pai/maã e ou encarregado/a de educaçaã o ou por IPSS com


intervençaã o na aú rea da criança ou jovem com deficieê ncia;

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No aê mbito da Intervençaã o Precoce, a Equipa de Sauú de Escolar referencia as crianças e
jovens para a Equipa Local de Intervençaã o (ELI) e vice-versa.

A AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE deveraú ser feita por uma equipa multidisciplinar da


Escola, que integre a Sauú de e o/a pai/maã e ou encarregado/a de educaçaã o. Esta avaliaçaã o tem
por base as condiçoã es de sauú de da criança ou jovem e o seu impacto nas atividades e na
participaçaã o escolar, tendo como refereê ncia o que eú esperado para o grupo etaú rio. O resultado
da avaliação da funcionalidade deve corresponder a um consenso entre a equipa.

O PLANO DE SAÚDE INDIVIDUAL (PSI), concebido para cada criança ou jovem com
NECESSIDADES DE SAÚDE ESPECIAIS (NSE), avalia o impacto das condiçoã es de sauú de na
funcionalidade (atividades e participaçaã o) e identifica as medidas de sauú de a implementar
(necessidades de sauú de, medidas terapeê uticas e de reabilitaçaã o, entre outras) para melhorar o
seu desempenho escolar, tendo em conta os fatores ambientais, facilitadores ou barreira, do
contexto escolar.».

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Desenvolvimento de competências sociais e emocionais


para a tomada de decisões responsáveis em saúde

A escola deve ensinar competeê ncias sociais e emocionais. A OCDE recomenda que seja dada
mais importaê ncia ao desenvolvimento psíquico das crianças e dos jovens.

Um dos objetivos da OMS para a regiaã o europeia, na proú xima deú cada, eú a melhoria do estado
de sauú de das populaçoã es, especialmente das mais vulneraú veis, para as quais a reduçaã o das
desigualdades é fundamental.

A resposta a este desafio requer


estratégias de capacitação dos cidadãos, desenvolvidas ao longo de todo o ciclo de vida, que
priorizem os determinantes das doenças croú nicas e a criaçaã o de comunidades resilientes e
ambientes promotores da sauú de.

As ações conducentes à implementação destas estratégias necessitam da sinergia entre


vaú rios sectores, estruturas de apoio e mecanismos de colaboraçaã o, para aleú m da Sauú de. Daíú a
importaê ncia da Sauú de em todas as Políúticas.

A Escola eú , por exceleê ncia, um local privilegiado para a melhoria da literacia, que eú muito mais
do que aprender a ler, escrever e contar. A Escola é igualmente um local propício à
promoção da saúde e ao exercíúcio da cidadania plena, assente nos valores da equidade e da
universalidade.

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A Saúde Escolar pode e deve ser parceira da Escola na capacitação da comunidade
educativa e na criaçaã o de escolas resilientes que saã o necessariamente mais seguras, mais
sustentaú veis e mais saudaú veis.

A Saúde Escolar, pelo potencial que tem para responder aos desafios que se colocam aà
saúde da comunidade educativa, eú cada vez mais uma alavanca para a melhoria do níúvel de
literacia em sauú de dos jovens, facilitando a tomada de decisoã es responsaú veis e promovendo
ganhos em sauú de.

Em Portugal, cerca de 1841000 alunos frequentam 10300 estabelecimentos de educaçaã o e


ensino.

A Escola deteú m uma posiçaã o uú nica que permite melhorar a saúde e a educação de
milhares de crianças e jovens.

O PNS, na sua natureza estratégica de maximizar os ganhos em saúde atraveú s do esforço


sustentado de todos os sectores da sociedade, reconhece a importaê ncia da promoçaã o da
cidadania, da equidade, do acesso e da qualidade em todas as política.

Os fatores que influenciam a saúde das crianças e dos jovens, chamados determinantes da
sauú de, podem ser agrupados em quatro categorias: geneú ticos e bioloú gicos, serviços de sauú de,
comportamentos individuais relacionados com a sauú de e carateríústicas sociais. As suas
interrelaçoã es condicionam o estado de saúde individual e coletivo.

Portugal tem atualmente um bom níúvel de saneamento baú sico e uma excelente cobertura
vacinal da populaçaã o infantil e juvenil que, em muito, concorreram para a reduçaã o das
doenças transmissíveis mais frequentes.

As estratégias da promoção da saúde definidas na Carta de Ottawa (1986) consideram


treê s elementos-chave, estilos de vida, ambiente e participaçaã o, organizadas em cinco aú reas
políútica puú blicas de sauú de, ambiente sustentaú vel, reorientaçaã o dos serviços de sauú de,
competências pessoais e sociais, e participação comunitária.

Estas estrateú gias continuam a ser uma refereê ncia apesar da sua implementaçaã o ser muito
diversa, pese embora as muú ltiplas iniciativas da OMS para a consolidaçaã o destes princíúpios.

As Escolas Promotoras da Saúde é uma delas.

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Portugal integra, desde 1994, a Rede Europeia de Escolas Promotoras da Saúde, numa
parceria interinstitucional entre a Saúde e a Educação.

A Saúde é o resultado da interação entre as pessoas e o seu ambiente, contribuindo as


Escolas Promotoras de Sauú de (EPS) para melhorar as condiçoã es de sauú de da comunidade
educativa, o comportamento individual, a qualidade das relaçoã es sociais, a satisfaçaã o no
trabalho, o ambiente escolar e a imagem da escola.

A Saúde é vital para a Educação. A Educaçaã o eú vital para a Sauú de.

Todas as crianças têm direito à educação, aos melhores cuidados de sauú de possíúveis, a viver
num ambiente saudaú vel, a desenvolverem-se com o maú ximo de autonomia e aà proteçaã o dos
seus interesses em todas as decisões que lhes digam respeito.

A Escola desempenha um papel crucial na defesa dos direitos das crianças e na melhoria
da educaçaã o, da sauú de e do bem-estar de todas elas, contribuindo para a reduçaã o das
desigualdades em sauú de.

As intervenções educativas desempenham um papel central no fortalecimento da literacia


em sauú de. A literacia em sauú de eú um recurso para os indivíúduos e para as comunidades.

Comunidades educativas mais saudaú veis teê m níúveis de desempenho acadeú mico mais
elevados e são mais produtivas ao longo da vida.

A Saúde Escolar, ao investir na saúde da comunidade educativa, pretende contribuir para


ganhos em sauú de. Por isso, numa perspetiva holíústica de intervençaã o da Sauú de na Escola,
advoga que nunca como hoje foi taã o importante investir em literacia em sauú de, capacitaçaã o,
promoçaã o da sauú de mental e emocional, desenvolvimento sustentaú vel e ambientes escolares
seguros e saudáveis, promotores da saúde e do bem-estar de todos.

Este eú o nuú cleo central do novo paradigma de intervençaã o da Saúde Escolar. Esta mudança do
paradigma obriga aà promoçaã o de projetos que melhorem as competeê ncias dos alunos nas
relaçoã es interpessoais e em sauú de, na resolução de problemas comportamentais e na
redução dos comportamentos de risco.

A capacitação da comunidade educativa eú um fator de proteçaã o que, a par de outros,


reforçam a açaã o em prol do desenvolvimento comunitaú rio. A evideê ncia cientíúfica identifica
Programas de Competências Sociais e Emocionais (SEL) como dos mais efetivos na

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aquisiçaã o e aplicaçaã o do conhecimento, atitudes e competeê ncias necessaú rias para
compreender e gerir emoçoã es, estabelecer e manter relaçoã es gratificantes e tomar decisoã es
responsaú veis.

Por isso, na Escola, o Projeto Educativo deve consagrar os princíúpios e os valores da


promoçaã o e educaçaã o para a sauú de. O Plano de Atividades (anual e plurianual) dos
Agrupamentos de Escolas deveraú definir os objetivos, a organização e as atividades
conducentes aà execuçaã o do Projeto, numa políútica de continuidade desde o preú -escolar ao
ensino secundário.

As alterações organizativas do Serviço


Nacional de Saúde (SNS) requerem cada vez mais comunicação construtiva entre
profissionais das diversas unidades e entre serviços, favorecendo a partilha de atividades
e as relaçoã es de afetividade. Por isso, eú da maior importaê ncia que o Programa Nacional de
Sauú de Escolar integre o Plano de Atividades dos Agrupamentos de Centros de Saúde
(ACES) e das Unidades Locais de Sauú de (ULS), se desenvolva de forma continuada e envolva
outros sectores da comunidade.

Por sua vez, uma boa comunicação com os media pode reforçar o trabalho desenvolvido e
favorecer a divulgaçaã o das boas praú ticas em sauú de, sendo, por isso, da maior importância
aperfeiçoá-la.

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Plano Nacional de Vacinação


A vacinação é o processo pelo qual a inoculação de um agente no corpo (microrganismo
ou uma substaê ncia) produz imunidade (defesas) para uma determinada doença. Tem a sua
origem histoú rica nos primoú rdios do segundo mileú nio com relatos chineses (varíúola). Contudo a
sua abordagem de experimentaçaã o cientíúfica teve iníúcio em 1798, com a eficaú cia da inoculaçaã o
do víúrus da vacina (varíúola bovina). Louis Pasteur levou a uma explosaã o de conhecimentos,
pela descriçaã o de 2 vacinas (raiva e antraz). A maior parte dos paíúses representados na
Organizaçaã o Mundial de Sauú de (OMS) apresenta programas nacionais de vacinaçaã o
estruturados, estimando-se uma reduçaã o mundial da mortalidade de cerca de 2.5 milhoã es de
crianças por ano.

O Programa Nacional de Vacinação (PNV) foi criado em 1965 e eú um programa nacional,


gratuito e acessíúvel a todas as pessoas presentes em Portugal.

O programa tem sido atualizado regularmente e, desde 2015, inclui recomendaçoã es para
o conjunto de 13 vacinas estrategicamente distribuíúdas de forma a maximizar a proteçaã o
conferida na idade mais adequada e o mais precocemente possíúvel.

As elevadas coberturas vacinais obtidas resultam do empenho mantido dos profissionais


envolvidos e da confiança da populaçaã o no PNV.

O atual desafio para o Programa Nacional de Vacinação centra-se em manter ou elevar as


taxas de cobertura vacinal na infaê ncia superiores a 95%;

Objetivos do Programa Nacional de Vacinação:

Reduzir o nuú mero de casos de doença;

Reduzir a circulaçaã o do agente;

Reduzir o risco de infeçaã o;

Reduzir o nuú mero de indivíúduos suscetíúveis;

Vacinar um elevado nuú mero da populaçaã o de forma a atingir a imunidade de grupo.

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Imunidade de grupo:

Este eú o efeito indireto de proteção causada pela vacinação. A cobertura vacinal


elevada de muitas vacinas permite um benefíúcio extra ao induzir imunidade de grupo,
protegendo naã o soú os indivíúduos vacinados, mas tambeú m a comunidade que beneficia com a
interrupçaã o da circulaçaã o do agente infecioso. Somente taxas de cobertura vacinal muito
elevadas permitem obter imunidade de grupo por reduçaã o da circulação do agente e da
transmissão da infeção.

Contraindicações à vacinação:

Geralmente, as contraindicaçoã es aà vacinaçaã o saã o raras e temporaú rias. As vacinas, caso


sejam indicadas, requerem sempre prescriçaã o meú dica.

Pessoas com deficiências imunitárias graves, e mulheres graú vidas naã o devem ser
vacinadas com vacinas vivas (BCG, VASPR e vacina Rotavíúrus). As vacinas vivas atenuadas
representam um risco teoú rico para o feto.

Reações adversas:

A administração das vacinas poderaú provocar algumas reaçoã es adversas, sendo as


mais frequentes as reaçoã es ligeiras no local da injeçaã o. Outras reaçoã es, como febre ou
hipersensibilidade, saã o menos frequentes.

A administração preventiva de paracetamol naã o eú recomendada, por rotina, aquando


da vacinaçaã o, jaú que poderaú interferir com a resposta imunoloú gica aà vacina. Contudo, este
poderaú ser administrado como forma de tratamento da febre e de sintomas locais que
ocorram decorrentes da vacinaçaã o.

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Estratégias de atuação do/a cuidador/a em casos de


doenças não transmissíveis e doenças transmissíveis

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Medidas de prevenção e atuação


Alterações respiratórias

As infeções das vias respiratórias nas crianças (constipaçoã es, pneumonias, bronquiolites...)
saã o geralmente provocadas por víúrus. Os víúrus saã o transmitidos de criança a criança, ou do
adulto para a criança, por gotíúculas projetadas para o ar quando se tosse ou espirra. Podem
tambeú m transmitir-se através do contacto com um objeto contaminado.

As infeções por vírus respiratórios nas crianças podem e devem ser prevenidas com
medidas de higiene simples, mas eficazes:

Manter uma higiene pessoal adequada.

Lavar as maã os com regularidade, de modo a manteê -las sempre limpas, em particular:

 apoú s assoar ou tocar o nariz;

 antes de se alimentar ou preparar alimentos;

 depois de usar a casa de banho ou trocar fraldas;

 antes e depois de contactar com uma pessoa doente.

Como lavar as mãos corretamente:

• Utilizar aú gua morna e detergente líúquido/sabaã o;

• Lavar bem entre os dedos, por baixo das unhas e os pulsos;

• Lavar durante 10 a 15 segundos;

• Secar bem com uma toalha limpa.

Cobrir a boca e o nariz sempre que espirrar ou tossir, de prefereê ncia com um lenço de
papel. Se naã o tiver um lenço de papel pode tossir ou espirrar para a parte superior do braço,
naã o para as maã os.

Deitar os lenços de papel no lixo; naã o os deixar perdidos.

Evitar que o seu filho adquira o haú bito de levar a maã o aà boca ou ao nariz.

Evitar os lugares densamente frequentados, as multidoã es e os lugares pouco ventilados.

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Evitar mudanças bruscas de temperatura e locais excessivamente aquecidos.

Escolher uma dieta saudaú vel e equilibrada, mantendo uma hidrataçaã o adequada.

Praticar e incentivar a praú tica de exercíúcio fíúsico regular.

Descansar e fazer o seu filho descansar o suficiente.

Naã o fumar perto das crianças (a inalaçaã o passiva de fumo de cigarro aumenta a
frequeê ncia e a seriedade das constipaçoã es, tosse, infeçoã es de ouvido, infeçoã es dos seios nasais,
laringites e asma).

Evitar contacto proú ximo com pessoas doentes.

Quando estiver doente, manter distaê ncia das outras pessoas para evitar a transmissaã o
dos germes.

Mesmo quando aparentemente saudaú vel, ter cuidado com os "beijinhos e abraços"! Os víúrus e
as bacteú rias podem transmitir-se por contacto proú ximo, por vezes a partir de algueú m
assintomaú tico. Se tiver contacto com bebeú s muito pequenos, lave as maã os antes de pegar neles
e evite um contacto muito proú ximo, principalmente de outras crianças.

Lavar/desinfetar com regularidade os brinquedos.

Naã o partilhar copos nem talheres.

Nota: EÉ importante ensinar aà s crianças estas medidas de higiene e supervisionaú -las.

Naã o se esqueça que mais vale prevenir que remediar!...

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Alterações gastrointestinais

A gastroenterite eú uma inflamaçaã o do trato digestivo que resulta em voê mitos e/ou diarreia e,
aà s vezes, eú acompanhada por febre ou coú licas abdominais.

A gastroenterite é geralmente causada por uma infeção viral, bacteriana ou parasíútica.

A infeção causa uma combinação de voê mitos, diarreia, coú licas abdominais, febre e falta de
apetite que pode levar aà desidrataçaã o.

Os sintomas e o histórico de exposição da


criança ajudam o meú dico a confirmar o diagnoú stico.

A melhor forma de evitar a gastroenterite eú encorajar as crianças a lavarem as maã os e


ensinaú -las a evitar alimentos armazenados inadequadamente.

Líúquidos e soluçoã es de reidrataçaã o saã o administrados, mas aà s vezes as crianças precisam ser
levadas a um meú dico.

A gastroenterite, aà s vezes incorretamente chamada “gripe estomacal”, eú o distuú rbio digestivo


mais comum entre as crianças. A gastroenterite grave causa desidratação e um
desequilíúbrio de substaê ncias quíúmicas (eletroú litos) do sangue devido aà perda de líúquidos
corporais no vómito e nas fezes.

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Casos de desidratação

Os sinais de desidratação infantil, como moleiras deprimidas, olhos fundos e naã o urinar haú
mais de 6 horas podem ocorrer devido ao excesso de calor, febre, episoú dios de diarreia ou
voê mitos, que levam aà perda de aú gua pelo organismo ou pela diminuiçaã o da ingestaã o de
líúquidos pela criança.

Outros sintomas de desidratação em bebeú s ou crianças podem ser:

Pele, boca ou líúngua seca e laú bios rachados;

Choro sem laú grimas;

Fraldas secas haú mais de 6 horas ou com urina amarela e com cheiro forte;

Criança com muita sede;

Comportamento fora do habitual, irritabilidade ou apatia.

Caso alguns destes sinais de desidrataçaã o no bebeú ou na criança estejam presentes, deve-se
reidratar a criança com leite materno, aú gua, aú gua de coco ou sopas para diminuir o risco e a
gravidade da desidratação

A criança ou o bebé deve ser levado ao pronto-socorro ou ao pediatra se:

No dia seguinte continuar apresentando sintomas de desidrataçaã o infantil;

Houver febre associada.

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Nestes casos, o pediatra deverá indicar o tratamento adequado, que pode ser feito com
apenas soro caseiro ou sais de reidrataçaã o em casa ou soro pela veia no hospital, dependendo
do grau de desidratação da criança.

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Febre/convulsões

As convulsoã es febris surgem em menos de 5% das crianças. Saã o mais frequentes nos rapazes,
entre os 6 meses e os 5 anos (com pico aos 18 meses) e nas crianças que teê m antecedentes
familiares de convulsoã es febris. As convulsões podem repetir-se num outro episódio de
doença em cerca de 10 a 50% dos casos, de acordo com a idade da criança (quanto mais
novas, maior a probabilidade de repetiçaã o).

Por que acontecem?

Embora sem mecanismo bem definido, o sistema nervoso das crianças pequenas parece ser
mais suscetíúvel aà febre. EÉ como se, de repente, ocorresse um curto-circuito na atividade
eleú trica do ceú rebro. Muitas vezes, eú a proú pria convulsaã o que leva aà deteçaã o da febre, pois surge
no primeiro dia de febre e na subida teú rmica.

Como são?

Saã o situaçoã es assustadoras para quem assiste. Geralmente a criança fica hirta e depois inicia
movimentos de tremores dos membros superiores e inferiores. Podem tambeú m revirar os
olhos, ficar com olhar fixo e espumar da boca. Por vezes urinam ou defecam durante a
convulsaã o e, se chamarmos por elas, naã o reagem. Apesar de parecer uma eternidade, a
maioria das convulsoã es febris termina espontaneamente em menos de 5 minutos, apoú s a qual
a criança fica sonolenta mas bem, passadas algumas horas.

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Deve-se ir ao hospital?

Uma criança com um primeiro episoú dio de convulsaã o febril deve ser observada no hospital.
Por vezes, justifica-se o internamento por algumas horas para vigilaê ncia e tranquilizaçaã o dos
pais. Caso não seja o primeiro episódio, a criança deve ser observada se a convulsaã o
demorar mais do 5 a 10 minutos, repetir convulsoã es no mesmo episoú dio de doença, naã o
recuperar entre as convulsoã es ou apresentar sensaçaã o de doença.

Quem presencia a convulsão deve:

Olhar para o reloú gio e contar quanto tempo dura a convulsaã o;

Afastar moú veis e objetos que possam magoar a criança;

Naã o colocar nada na boca da criança;

Observar os movimentos que a criança faz;

Medir a temperatura e administrar paracetamol em supositoú rio;

Porque as convulsões podem repetir-se em novos episódios de febre, o meú dico ensina os
pais a administrarem antipireú ticos mesmo se a febre naã o for elevada e a terem em casa um
medicamento que devem administrar em caso de convulsaã o. Mas atençaã o, a possibilidade de
uma criança ter uma convulsaã o febril naã o justifica que os pais tenham paê nico da febre.

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Parasitoses

Os parasitas intestinais incluem diversos tipos de micro-organismos. A principal forma de


contaminaçaã o eú a via fecal-oral a partir da água ou alimentos contaminados.

A sua prevalência é variável consoante a zona geograú fica e depende das condiçoã es sanitaú rias
e climateú ricas. Saã o mais comuns na AÉ frica subsaariana, seguida da AÉ sia e Ameú rica Latina.

Trata-se de um conjunto de doenças muito comuns em todo o planeta. A Organizaçaã o


Mundial de Sauú de estima em cerca de 3,5 bilioã es o nuú mero de pessoas afetadas por parasitas
intestinais, das quais 450 milhoã es saã o crianças.

Em termos mundiais, os parasitas mais frequentes saã o os do grupo dos helmintas nemaú todes,
principalmente o Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os Ancilostomas.

Existem poucos dados relativos aà prevaleê ncia destas infeçoã es em Portugal. Alguns estudos do
final da deú cada de 80 e iníúcio de 90 sugeriam uma diminuiçaã o do nuú mero de casos,
relacionada com a melhoria das condiçoã es de higiene e sanitaú rias. Estudos mais recentes
continuam a mostrar uma importante reduçaã o da prevaleê ncia das parasitoses intestinais,
mantendo-se a Giardia lamblia como o parasita mais prevalente.

Com base nestes dados podemos estimar que em Portugal a taxa de parasitismo intestinal eú
baixa, sendo devida principalmente a Giardia lamblia e alguns helmintas, dos quais o Trichuris
trichiura parece ser o mais prevalente.

Quais as causas das Parasitoses?

EÉ importante referir que existem mais de 100 tipos diferentes de parasitas intestinais, que
podem entrar no corpo atraveú s do nariz, da pele, dos alimentos, da aú gua ou atraveú s de picadas
de insetos.

De um modo geral, os parasitas aproveitam-se da fragilidade do organismo da criança,


instalam-se no intestino, depositam os ovos na margem do aê nus e esses ovos podem depois

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ser disseminados atraveú s das maã os, brinquedos ou outros objetos. Quando uma criança entra
em contacto com outra que estaú infetada, ou com um brinquedo contaminado, e leva as maã os aà
boca, os ovos dos parasitas podem entrar no organismo atraveú s do aparelho digestivo.

Os principais fatores de risco para as parasitoses intestinais são:

Morar ou viajar para aú reas geograú ficas onde os parasitas saã o mais comuns

Maú higiene das maã os e da aú gua

A idade (crianças e idosos saã o mais suscetíúveis)

Institucionalizaçaã o (por exemplo, crianças que frequentam centros de acolhimento)

Diminuiçaã o das defesas (como acontece na infeçaã o pelo VIH/SIDA)

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Como se manifestam as Parasitoses?

A maioria das parasitoses intestinais eú bem tolerada pelo paciente quando as suas defesas saã o
normais, evoluindo sem queixas ou apenas com sintomas gastrointestinais inespecíúficos (dor
abdominal, voú mitos e diarreia), frequentemente associados a perda de peso.

A infeção causada por cada parasita pode apresentar aspetos particulares que, em muitos
casos, permitem orientar o diagnoú stico.

Por exemplo, no caso da parasitose causada por Giardia lamblia, a infeçaã o pode ocorrer sem
quaisquer sintomas, ou com um quadro de diarreia aguda com ou sem voú mitos e diarreia
croú nica. A diarreia croú nica associa-se frequentemente a sintomas de malabsorçaã o intestinal
(fezes feú tidas, flatuleê ncia, distensaã o abdominal), perda de apetite, maú progressaã o no
crescimento, perda de peso ou anemia.

No caso da infeção por Ascaris lumbricoides, podem ocorrer tambeú m queixas inespecíúficas
de dor ou desconforto abdominal e sintomas de malabsorçaã o quando a infeçaã o eú prolongada.
Na fase de migraçaã o larvar pode haver envolvimento pulmonar, sob a forma de pneumonite
transitoú ria aguda, com febre e alteraçoã es laboratoriais, que pode ocorrer semanas antes das
queixas gastrointestinais.

A obstrução intestinal alta eú a complicaçaã o mais frequente em infeçoã es por um nuú mero
volumoso de parasitas. A migraçaã o dos vermes adultos atraveú s da parede intestinal pode
provocar colecistite, colangite, pancreatite ou peritonite.

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Como se diagnosticam as Parasitoses?

Em alguns casos, eú possíúvel visualizar diretamente os parasitas nas fezes, o que facilita o
diagnoú stico.

Nos restantes casos, eú necessaú rio apoio do laboratoú rio para o diagnoú stico.

A observação ao microscópio de diferentes preparados de fezes permite a deteçaã o dos


ovos, quistos ou dos parasitas. Com frequeê ncia, este tipo de exame tem de ser repetido em
diferentes períúodos de tempo, porque os parasitas apresentam ciclos de vida diversos e
intermitentes.

A colheita de fezes deve ser feita em treê s dias consecutivos.

A colheita de sangue tem pouca utilidade para o diagnoú stico. Pode, em alguns casos, permitir
detetar algumas alteraçoã es laboratoriais.

A radiografia do abdoú men com contraste opaco pode mostrar imagens correspondentes a
Ascaris lumbricoides.

Outros meios de diagnoú stico, como a ecografia, tomografia axial computorizada ou a


ressonaê ncia magneú tica podem ser necessaú rios no estudo de complicaçoã es intestinais ou extra-
intestinais.

A endoscopia pode ter utilidade em casos muito concretos.

Como se tratam as Parasitoses?

As opçoã es terapeê uticas saã o variadas e dependem da causa da infeçaã o.

De um modo geral, saã o medicamentos com elevada eficaú cia e comodidade de administraçaã o.

Como regra, estes medicamentos podem ser utilizados no tratamento das parasitoses
intestinais a partir dos 12 meses, embora deva ser sempre feita uma avaliaçaã o caso a caso.

Intoxicações

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Os sintomas da intoxicação alimentar saã o bem-parecidos com os de uma virose:
indisposiçaã o, dor abdominal, flatuleê ncia, voú mitos, distensaã o abdominal (barriga inchada) e
diarreia. AÀ s vezes, tambeú m pode haver febre. A maú notíúcia eú que naã o haú muito o que fazer aleú m
de ingerir bastante líquido e repousar.

Isso porque, o maior risco da


intoxicação é que a criança fique desidratada, devido aà perda de líúquidos. Diminuiçaã o de
diurese, que eú o volume de urina, olhos encovados e turgor da pele (quando a cuú tis perde a
elasticidade e fica mais marcada, como a de pessoas mais velhas) podem indicar
desidratação. Aleú m disso, quando falta líúquido no organismo, o coraçaã o bate mais raú pido e as
mucosas ficam secas. Nesse caso, os pais precisam dar o soro de hidrataçaã o oral e procurar um
meú dico para receber todas as orientaçoã es. AÀ s vezes, quando a criança vomita tanto que nem
consegue tomar o soro, eú preciso levaú -la a uma unidade de sauú de para receber a soluçaã o pela
veia.

O que causa a intoxicação alimentar

Geralmente, o alimento estragado estaú associado a substaê ncias produzidas por bactérias e
fungos. Quando o corpo reconhece essas substaê ncias, tenta colocaú -las para fora – por isso eú
que voú mito e diarreia estaã o entre os sintomas. O quadro de intoxicaçaã o alimentar dura, no
maú ximo, 14 dias, mas a maioria dos casos se resolve dentro de uma semana.

Como prevenir

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Em casa, o principal cuidado é respeitar a data de validade e manter os alimentos sempre
refrigerados – principalmente os frescos, como derivados de leite e carnes. Se ficar na duú vida
se o alimento estaú bom ou naã o, eú melhor naã o consumi-lo. Qualquer alteração de cor, textura
e odor pode ser um sinal de que algo não vai bem...

Fora de casa, eú importante verificar as condiçoã es de higiene dos restaurantes na medida do


possíúvel.

Fora isso, naã o se esqueça de cuidados básicos que podem prevenir intoxicaçoã es, como
lembrar e relembrar o seu filho de lavar as maã os antes de comer, apoú s brincar e ir ao WC.
Copos, pratos e talheres tambeú m merecem atençaã o na higienizaçaã o.

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Infeções urinárias

A infeção urinária na criança eú frequente na praú tica clíúnica diaú ria ocupando o segundo lugar
entre as situaçoã es infeciosas, logo apoú s as infeçoã es respiratoú rias.

Até ao primeiro ano de vida haú um predomíúnio das infeçoã es urinaú rias no sexo masculino e a
partir desta idade tornam-se mais frequentes no sexo feminino por razoã es anatoú micas, jaú que
as meninas teê m uma uretra mais curta, facilitando a passagem de bacteú rias do exterior para o
interior da bexiga. No sexo masculino, a fimose (aperto do prepuú cio, que eú a pele que
envolve a extremidade do peú nis), ou as adereê ncias do prepuú cio associadas a uma higiene
deficiente desta regiaã o, podem tambeú m favorecer as infeçoã es urinaú rias por via ascendente,
mas em nuú mero inferior aà s que afetam as meninas.

As infeções urinárias englobam um grupo de situaçoã es em que haú um crescimento


significativo de coloú nias de microrganismos no aparelho urinaú rio. Estes agentes saã o, na sua
maioria, bacteú rias que colonizam o intestino e que sobem pelo aparelho urinaú rio ateú aà bexiga
ou ateú ao rim causando infeçaã o. No entanto, as infeçoã es urinaú rias podem surgir de duas
formas distintas, uma atraveú s de bacteú rias que contaminam o sangue e infectam
secundariamente o aparelho urinaú rio (via hematogeú nea), e outra, mais frequente, a partir de
bacteú rias presentes na regiaã o do períúneo (zona que rodeia o aê nus e os genitais), que a partir
da abertura da uretra infetam outras zonas do aparelho urinaú rio (via ascendente).

A primeira forma de infeção (via hematogénea) eú caracteríústica do 1º meê s de vida,


enquanto depois dessa idade a grande maioria das infeçoã es urinaú rias se faz por via
ascendente. A possibilidade de infeçaã o por via ascendente estaú associada naã o soú a deficiente
higiene do períúneo (onde se encontram microrganismos da flora intestinal transportados nas
fezes), como a proliferação de bactérias se existem condiçoã es que facilitam a permaneê ncia
prolongada da urina na bexiga (tais como o esvaziamento pouco frequente ou incompleto da
bexiga ou a existeê ncia de anomalias do aparelho urinaú rio).

Sintomas

Os sintomas saã o variaú veis e frequentemente inespecíúficos, tornando-se mais especíúficos aà


medida que aumenta a idade da criança, nomeadamente na sua capacidade de localizaçaã o da
infeçaã o aà bexiga (cistite) ou ao rim (pielonefrite). Na criança mais velha e no adolescente a

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sintomatologia eú perfeitamente sobreponíúvel aà descrita para o adulto e com alguma facilidade
permite distinguir a localização da infeção.

Assim, no caso de a infeção estar confinada à bexiga os sinais e sintomas mais frequentes
saã o: dor e ardor ao urinar, urinar aà s "pinguinhas”, dor ou desconforto abdominais,
incontineê ncia, emissaã o de urina com cheiro ou impossibilidade de controlar a saíúda da urina
(enurese). Para dificultar o quadro, as meninas teê m frequentemente irritaçaã o da regiaã o genital
(vulva), que pode causar tambeú m ardor durante a micçaã o sem que haja infeçaã o. Se a infeçaã o se
localizar no rim podem estar presentes sintomas como: febre elevada, naú useas e voú mitos, mal-
estar geral, dor lombar e ocasionalmente diarreia.

No recém-nascido e nos lactentes torna-se praticamente impossíúvel


identificar queixas como a dor ou o ardor ao urinar pelo que suspeita-se da infeção urinária
na presença de febre, gemido, voú mitos, recusa alimentar, irritabilidade ou perda de peso.

Fatores de risco

Saã o vaú rios os fatores de risco, sendo o principal o facto de pertencer ao sexo feminino. Nas
raparigas as infeçoã es urinaú rias ocorrem frequentemente no iníúcio do treino vesical, ou seja,
quando a criança começa a deixar as fraldas. Nesta fase haú uma tentativa de reter a urina para
permanecer seca, contudo, a bexiga pode apresentar contraçoã es originando um fluxo urinaú rio
turbulento ou um incompleto esvaziamento da mesma. Deste modo aumenta a probabilidade
de multiplicaçaã o de agentes infeciosos na urina e, portanto, de infeçaã o urinaú ria.

Outros fatores de risco saã o a naã o circuncisaã o dos rapazes, a colocaçaã o de algaú lia ou da
realizaçaã o de exames complementares de diagnoú stico, a obstipaçaã o que causa uma disfunçaã o

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do esvaziamento de urina, higiene dos genitais feita de traú s para a frente nomeadamente nas
raparigas ou a utilizaçaã o de roupa interior apertada.

Tambeú m a patologia do aparelho urinário com obstruçaã o aà passagem do fluxo urinaú rio ou
no refluxo da urina que se encontra na bexiga para o rim, a bexiga neurogeú nica com disfunçaã o
do funcionamento do muú sculo da bexiga.

Diagnóstico

O diagnoú stico eú feito apoú s suspeita clíúnica. A confirmaçaã o faz-se atraveú s da anaú lise da urina
(urina II) e da urocultura. O especialista pode ainda considerar importante a realizaçaã o de
anaú lises de sangue para identificar a localizaçaã o da infeçaã o urinaú ria.

Tratamento

As infeções urinárias tratam-se com a administraçaã o de antibioú tico, aumentando a ingestaã o


de líúquidos e corrigindo os fatores que predispoã em aà infeçaã o.

Teê m indicaçaã o para serem tratadas todas as infeçoã es urinaú rias sintomaú ticas e todos aqueles
em que saã o identificadas bacteú rias na urina, mesmo sem apresentarem quaisquer sintomas, se
existirem doenças nefro-uroloú gicas ou doenças croú nicas que condicionem suscetibilidade
aumentada aà s infeçoã es.

A escolha do fármaco deve ter em conta os agentes infeciosos mais frequentes, a idade e os
antecedentes da criança, as resisteê ncias antibioú ticas locais, a gravidade da situaçaã o clíúnica e se
houve ou naã o tratamento recente com antibioú tico.

Haú situaçoã es em que o especialista pode considerar a hipoú tese de instituir um tratamento
preventivo, nomeadamente quando a infeção urinária ocorre no primeiro ano de vida,
quando haú infeçoã es de repetiçaã o ou foram diagnosticadas anomalias do aparelho urinaú rio (por
ex. refluxo vesico uretral).

O objetivo do tratamento profilático eú evitar as reinfeçoã es, que podem deixar cicatrizes
renais e causar complicaçoã es tardias graves, como a hipertensaã o arterial de causa renal ou a
insuficieê ncia renal.

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Isto porque embora a maioria das infeçoã es urinaú rias precocemente diagnosticadas e
corretamente tratadas evoluam para a cura sem complicações, sabe-se 5 a 10 por cento
das crianças com infeçaã o urinaú ria sintomaú tica acompanhada de febre ficam com cicatrizes
renais.

As infeçoã es repetidas, incorretamente tratadas ou de maior gravidade, podem originar


complicaçoã es tardias e as que teê m envolvimento renal (pielonefrite) podem provocar uma
disseminaçaã o das bacteú rias atraveú s do sangue causando uma infeçaã o generalizada e grave
(sepsis). A probabilidade de isto suceder eú bastante superior nos treê s primeiros meses de
vida.

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Pediculose

A pediculose da cabeça eú uma doença parasitaú ria, causada pelo Pediculus humanus var.
capitis, vulgarmente chamado de piolho da cabeça.

Atinge todas as classes sociais, afetando principalmente crianças em idade escolar e mulheres.

EÉ transmitida pelo contacto direto interpessoal ou pelo uso de objetos como boneú s, gorros,
escovas de cabelo ou pentes de pessoas contaminadas.

A doença tem como característica principal a comichaã o intensa no couro cabeludo,


principalmente na parte de traú s da cabeça e que pode atingir tambeú m o pescoço e a regiaã o
superior do tronco, onde se observam pontos avermelhados semelhantes a picadas de
mosquitos.

Com o coçar das lesoã es pode ocorrer a infeçaã o secundaú ria por bacteú rias, levando, inclusive, ao
surgimento de gaê nglios no pescoço.

Geralmente a doença eú causada por poucos parasitas, o que torna difíúcil encontraú -los, mas em
alguns casos, principalmente em pessoas com maus hábitos higiénicos, a infestaçaã o
ocorre em grande quantidade.

O tratamento da pediculose da cabeça consiste na aplicaçaã o local de medicamentos


especíúficos para o extermíúnio dos parasitas sob a forma de shampoos ou loçoã es.

Existe tambeú m um tratamento em comprimidos, cuja dose varia de acordo com o peso da
pessoa acometida. Ambos os tratamentos devem ser repetidos após 7 dias. Em casos de
difíúcil tratamento, os melhores resultados saã o obtidos com a associaçaã o dos tratamentos oral e
local.

A lavagem da cabeça e utilização de pente fino saã o importantes para a remoçaã o dos piolhos
e leê ndeas, que devem ser removidas em sua totalidade, jaú que os medicamentos muitas vezes
naã o eliminam os ovos. Se as leê ndeas naã o forem retiradas, daraã o origem a novos piolhos.

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Para facilitar a remoçaã o das leê ndeas, pode ser usada uma mistura de vinagre e aú gua em partes
iguais, embebendo os cabelos por meia hora antes de proceder a retirada com a passagem do
pente fino ou manualmente, uma a uma.

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Doenças infeto-contagiosas e outras

Doenças infeciosas saã o doenças causadas por microrganismos como vírus, bactérias,
protozoários ou fungos. Algumas espeú cies de bacteú rias e fungos, por exemplo, estaã o
presente no organismo sem causar qualquer dano ao organismo, no entanto quando haú
alguma alteraçaã o no sistema imune, principalmente, esses microrganismos podem proliferar,
causando doença, ou facilitar a entrada de outros microrganismos causadores de
doenças.

As doenças infeciosas podem ser adquiridas por meio do contato direto com o agente
infecioso, contacto com água ou alimentos contaminados, atraveú s da via respiratoú ria,
sexual ou por meio de ferimentos causados por animais. Muitas vezes as doenças infeciosas
tambeú m podem ser transmitidas para outras pessoas, sendo denominadas doenças
infectocontagiosas.

As principais doenças infectocontagiosas são:

Doenças infeciosas causadas por víúrus: virose, Zika, ebola, caxumba, HPV e sarampo;

Doenças infeciosas causadas por bacteú rias: tuberculose, vaginose, clamíúdia, escarlatina
e hanseníúase;

Doenças infeciosas causadas por fungos: candidíúase e micoses;

Doenças infeciosas causadas por parasitas: doença de Chagas, leishmaniose,


toxoplasmose.

A depender do microrganismo causador da doença haú o aparecimento de sinais e sintomas


caracteríústicos da doença, sendo os mais comuns dor de cabeça, febre, naú useas, fraqueza e
cansaço. Para que seja feito o diagnoú stico, eú importante ter atençaã o aos sintomas e ir ao
meú dico para que seja solicitado a realização de exames laboratoriais de acordo com os
sinais e sintomas apresentados pela pessoa e se possa identificar a causa para, assim, poder
ser feito o tratamento.

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Como evitar:

Os microrganismos estão por todo lado, e especialmente em eú pocas de pandemias, eú


necessaú rio aprender a se proteger contra as doenças, por isso eú importante:

Lavar as maã os com frequeê ncia, principalmente antes e apoú s as refeiçoã es e apoú s utilizar
o wc.

Evitar usar o sistema de ar quente para secar as maã os, pois favorece o crescimento dos
germes nas maã os;

Possuir a vacinaçaã o atualizada;

Conservar os alimentos no frigorifico e manter os alimentos crus guardados bem


separados dos alimentos cozidos;

Manter a cozinha e o wc limpos, pois saã o os lugares em que podem ser encontrados
microrganismos com mais frequeê ncia;

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Medidas de prevenção e atuação para crianças e


jovens com necessidades de saúde específicas

Criança e jovem com doença crónica complexa

A doença crónica na criança traz alteraçoã es no dia-a-dia, com repercussoã es psicoloú gicas
como: anguú stia, sentimento de anormalidade em relaçaã o a outras crianças, culpa sobre os pais,
ou mesmo depressaã o. Com efeito, toda a doença croú nica, na criança ou no adulto, coloca
questoã es psicoloú gicas importantes que influenciam e tambeú m saã o influenciadas pelo somaú tico
(corpo).

Na doença crónica o corpo torna-se lugar de sofrimento e menos de prazer. EÉ objeto de


preocupaçaã o e vigilaê ncia constantes que implicam alteraçoã es de haú bitos quotidianos e de
qualidade de vida, impacto financeiro, social, escolar, ocupacional e, mais ansiogeú nico,
emineê ncia de morte.

Aquando do diagnóstico da doença, as crianças podem ter diferentes reações:

Dissociam-se da doença no seu conjunto;

Dissociam-se do que estaú doente no seu corpo;

Revoltam-se contra a situaçaã o que estaã o a viver e recusam os cuidados (muitas vezes,
em negaçaã o do seu estado de sauú de);

Recebem a terapeê utica passivamente, refugiando-se ateú no sono e mesmo na falta de


açaã o;

Tornam-se mais dependentes dos pais e dos teú cnicos de sauú de;

Assumem a doença, integrando tanto as causas como os efeitos e o respectivo


tratamento.

O que de um modo geral se acaba por verificar eú que todos estes mecanismos de defesa ou
estrateú gias tendem a atenuar-se aos poucos e estas crianças acabam por encontrar um
equilíúbrio entre a aceitaçaã o do seu estado inevitaú vel e a adaptaçaã o (o menos dependente
possíúvel), a um elemento novo.

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Em termos cognitivos e afetivos verifica-se tambeú m empobrecimento da capacidade
imaginativa e intelectualidade mais diminuíúda, o que deriva essencialmente de:

-maior agressividade e dependeê ncia por desejo de retorno aà figura materna;

A figura masculina (habitualmente identificada com a autoridade) tende a causar maior


ansiedade e inibiçaã o na criança;

Relaçaã o menos concisa com a imagem corporal;

Incerteza relativamente ao futuro.

A primeira rede de acolhimento, de suporte e de alíúvio da dor, seraã o os pais. A criança


esperaraú dos seus progenitores elos de segurança, presença fíúsica, amor, toleraê ncia,
capacidade de escuta, contençaã o para a sua anguú stia.

Entaã o, eú expectaú vel que a doença croú nica na criança atinja naã o soú esta mas tambeú m a sua
famíúlia. E surgem assim modificaçoã es e novas exigeê ncias no contexto familiar. Daíú que a
terapeê utica deva prever as relaçoã es entre criança – famíúlia – teú cnicos de sauú de.

Na criança, a doença crónica (seja ela qual for) pode ser sentida pelos pais como agressaã o,
culpa e ateú potencial elemento reativador de (outros) problemas pessoais. Decorre daqui,
frequentemente, estados depressivos relacionados com essa deceçaã o, auto acusaçaã o, falha
narcíúsica (o bebeú / criança imaginaú rio para os pais eú substituíúdo pelo bebeú / criança real
comprometendo, nas suas crenças, a transgeracionalidade).

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Criança e jovem com doença aguda

As doenças agudas saã o aquelas que teê m um curso acelerado, terminando com convalescença
ou morte em menos de treê s meses.

A maioria das doenças agudas caracteriza-se em vaú rias fases. O iníúcio dos sintomas pode ser
abrupto ou insidioso, seguindo-se uma fase de deterioraçaã o ateú um maú ximo de sintomas e
danos, fase de plateau, com manutençaã o dos sintomas e possivelmente novos picos, uma longa
recuperaçaã o com desaparecimento gradual dos sintomas, e a coalesceê ncia, em que jaú naã o haú
sintomas especíúficos da doença mas o indivíúduo ainda naã o recuperou totalmente as suas
forças. A fase de recuperaçaã o podem ocorrer as recrudesceê ncias, que saã o exacerbamentos dos
sintomas de volta a um maú ximo ou plateau, e na fase de convalesceê ncia as recaíúdas, devido aà
presença continuada do fator desencadeante e do estado debilitado do indivíúduo, aleú m de
(novas) infeçoã es.

As doenças agudas distinguem-se dos episoú dios agudos das doenças croú nicas, que saã o
exacerbaçaã o de sintomas normalmente menos intensos nessas condiçoã es.

Exemplos de doenças agudas:

A maioria das infeçoã es por víúrus, bacteú rias, como por exemplo Constipaçaã o/Resfriado,
gripe, infeçoã es gastrointestinais, pneumonia, meningite.

Trauma fíúsico

Enfartes, hemorragias e outras condiçoã es cardiovasculares.

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Criança e jovem com alergias e intolerâncias alimentares

A intolerância alimentar manifesta-se pela dificuldade do organismo na digestaã o ou


assimilaçaã o de um determinado alimento. Ocorre quando organismo eú incapaz de digerir ou
"processar" corretamente o alimento, ou ingrediente ingerido, naã o existindo a intervençaã o
do sistema imunoloú gico.

A alergia alimentar é uma


resposta do sistema imunitário a um componente de um alimento, geralmente uma
proteíúna. EÉ uma reaçaã o imunoloú gica a algo considerado estranho pelo organismo, ao qual
reage como se fosse um "inimigo". Os alimentos que conteê m esse componente teê m que ser
eliminados do regime alimentar.

Dito de outro modo, a intoleraê ncia alimentar aparece geralmente associada aà auseê ncia de uma
enzima necessaú ria para a digestaã o do alimento e os sintomas iniciam-se quando o alimento
atinge o estoê mago ou o intestino; a alergia estaú associada a um componente do alimento, com
resposta direta do sistema imunitário.

As intoleraê ncias alimentares manifestam-se atraveú s de problemas digestivos (azia, naú useas,
diarreia, refluxo gastroesofaú gico, sensaçaã o de enfartamento); reaçoã es inflamatoú rias
intestinais; doenças de pele, podendo ainda causar ainda transtornos psicoloú gicos secundaú rios
aà patologia.

As intolerâncias mais comuns são aà lactose, gluú ten, aditivos alimentares (glutamato de
soú dio, tartrazina, sulfitos...), vinho, queijo e chocolate.

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Criança e jovem com diabetes

Todos nós já ouvimos falar sobre os benefícios de praticar desporto e de ter uma
alimentaçaã o saudaú vel. Mas o que vemos todos os dias mostra bem a diferença entre a teoria e
a praú tica. A falta de tempo livre e as condiçoã es financeiras das famíúlias naã o lhes permitem uma
praú tica regular desportiva e o desporto eú cada vez mais visto como uma obrigaçaã o em vez de
um prazer.

A diabetes tipo 2 (DT2) e


a obesidade proliferam pelos paíúses desenvolvidos e a sua escalada garantiu-lhes o tíútulo de
epidemia!

A prevenção da DT2 eú um grande estandarte de batalha a favor da praú tica desportiva. Mas
alguns casos de diabetes tipo 2 surgem de causas hereditaú rias e os casos de diabetes tipo 1
(DT1), que saã o diagnosticados geralmente em crianças e adolescentes, naã o podem ser
prevenidos.

A diabetes é uma condição provocada pela produção insuficiente ou inexistente de


insulina pelo paê ncreas, que leva a uma acumulaçaã o de glicose na corrente sanguíúnea. E apoú s o
diagnoú stico, o dia a que muitos chamam o “Dia D”, eú necessaú rio manter os valores de gliceú mia
o mais proú ximo possíúvel de um intervalo que vai de 80 a 120 mg/dl.

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Este controlo é feito essencialmente através de medicação (anti-diabeú ticos orais para DT2
e aplicaçoã es de insulina para DT1), do desporto e de uma alimentaçaã o equilibrada, mas fatores
como as emoçoã es, as doenças ou ateú o clima tambeú m influenciam a gliceú mia.

O nuú mero de diagnoú sticos de diabetes tipo 1 tem vindo a aumentar nos uú ltimos anos, sem que
se descortine a razaã o para esse aumento. Com o aumento de crianças e jovens com DT1, eú
necessaú rio que a sociedade se mantenha bem informada e preparada para lidar com estes
casos, sobretudo a níúvel escolar.

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Evicção escolar
Este eú se calhar um tema mais do que conhecido de muitos pais, mas tambeú m ao mesmo
tempo, desconhecido de tantos outros.

Em Portugal, estão legisladas (várias) doenças que pela sua gravidade e risco de contaú gio
para terceiros, tiveram uma regulamentaçaã o especíúfica que inclui o nuú mero de dias de evicçaã o
escolar a serem cumpridos (Decreto regulamentar n.º 3/95 de 27 de janeiro).

Assim, as crianças e/ou pessoal que trabalhe num estabelecimento de educaçaã o/ensino que
tenham alguma das doenças referidas neste decreto devem ser temporariamente afastadas da
sua atividade escolar e de outras que condicionem contacto de grupo.

No caso de a doenças em causa ser a difteria, a poliomielite, a tosse convulsa ou uma doença
meningocoú cica, aleú m das crianças afetadas, tambeú m os seus coabitantes ou pessoas que
tenham contacto proú ximo com a criança doente e que trabalhem ou frequentem um
estabelecimento de educaçaã o/ensino saã o também obrigadas a um período de evicção.

Estas doenças saã o de tal maneira preocupantes a níúvel da sauú de puú blica, que das 15 da lista,
apenas 4 (o impetigo, a escarlatina, a tinha e a varicela) naã o pertencem tambeú m aà lista de
doenças transmissíúveis de notificaçaã o obrigatoú ria – doenças que os meú dicos saã o obrigados a
notificar aà s entidades de sauú de puú blica.

Felizmente, vaú rias destas doenças saã o uma raridade nos nossos dias, nomeadamente a difteria,
a rubeú ola ou a poliomielite. E este fenoú meno soú foi possíúvel que acontecesse graças aà
vacinação. Quase todas estas doenças que referi teê m vacina e quase todas estaã o integradas no
plano nacional de vacinaçaã o. Nunca eú de mais lembrar que naã o haú muitas deú cadas atraú s, o
sarampo matava muitas crianças; mais recentemente, devido a clusters de pais que optam por
naã o vacinar os seus filhos, esta eú uma doença que tem reaparecido e que jaú voltou a fazer
vítimas mortais, nomeadamente crianças.

Uma questaã o que se pode levantar depois de ver esta lista, eú o motivo pelo qual entaã o as
crianças saã o “obrigadas” pelo meú dico a ficar em casa quando a doença que teê m naã o eú nenhuma
destas listadas?

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Apesar de estarem nesta lista doenças infectocontagiosas importantes, haú muitas mais que
tambeú m o saã o e que naã o constam dela, mas que nem por isso deixam de representar um risco
para terceiros, pelo que “manda o bom senso” que uma criança doente, naã o deva ir aà escola,
para proteger os outros, mas tambeú m para a proteger a ela. Por exemplo, as conjuntivites saã o
altamente contagiosas e obrigam a que a criança naã o vaú aà escola. Tambeú m se pode argumentar
que muitas doenças teê m o iníúcio do seu períúodo de contaú gio antes de se iniciarem sintomas (a
varicela ou o sarampo saã o bons exemplos) – eú verdade, mas aíú estamos todos de “maã os atadas”
pois (ainda) naã o podemos prever o futuro. Podemos apenas tentar prevenir o contaú gio de
outros apoú s conhecimento de que haú uma primeira pessoa doente, jaú que em algumas doenças
por exemplo, pode estar indicado fazer tratamento profilaú tico.

Se há febre, ou vómitos ou diarreia ou outro sintoma de doença, a criança naã o deve ir aà


escola. Qualquer um destes sinais/sintomas nos dizem que algo naã o estaú bem; felizmente, a
maior parte das vezes seraú uma situaçaã o benigna e o nosso corpo consegue resolver o
problema sozinho em 3 a 5 dias; contudo, qualquer um destes sinais/sintomas pode tambeú m
significar que vem por aíú uma doença mais grave. Assim, quando uma criança naã o estaú a 100%
por doença ou suspeita dela, mesmo naã o sabendo exatamente do que se trata e mesmo
presumindo que seraú benigna, haú sempre necessidade de uma vigilaê ncia mais atenta. Uma
criança com febre ou que vomita implica cuidados e implica atençaã o redobrada. Portanto, uma
sala com outras crianças que brincam, correm e gritam naã o parece ser de todo o local ideal
para quem estaú doente, ateú porque por muito boa que seja a relaçaã o em nuú mero da parelha
criança-cuidador num qualquer estabelecimento de ensino, esta nunca eú de 1:1 e aleú m disso
naã o temos o direito de colocar as outras crianças em risco. Assim, seja a febre, os voú mitos ou a
diarreia (ou outra “coisa” qualquer), soú apoú s 24h livres dos mesmos deveraú a criança retornar
aà s suas atividades habituais, sejam a escola ou outras atividades de grupo.

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Linhas de aconselhamento de saúde


Linha de saúde 24

De forma a responder aà s necessidades manifestadas pelos cidadaã os em mateú ria de sauú de, a
Sauú de 24 disponibiliza os seguintes Serviços:

Triagem, Aconselhamento e Encaminhamento: Consiste num serviço de


atendimento de contactos de teor clíúnico que disponibiliza aos Utentes o acesso a um
profissional de sauú de que avalia o níúvel de risco sobre os sintomas descritos pelo Utente,
presta aconselhamento, incluindo o auto tratamento e, caso se verifique necessaú rio,
encaminha o doente para a instituiçaã o da Rede de prestaçaã o de cuidados de sauú de mais
apropriada aà sua condiçaã o do momento. Este serviço estaú acessíúvel atraveú s do telefone 808 24
24 24 (custo chamada local), ou via chat para pessoas com necessidades especiais;

Aconselhamento Terapêutico: serviço de atendimento de contactos que disponibiliza


o acesso a um profissional de sauú de para esclarecimento de questoã es e apoio em mateú rias de
aconselhamento terapeê utico. Este serviço estaú acessíúvel atraveú s do telefone 808 24 24 24
(custo chamada local);

Assistência em Saúde Pública: Consiste num serviço de atendimento de contactos de


teor clíúnico que disponibiliza aos Utentes o acesso a um profissional de sauú de para
esclarecimento de questoã es e apoio em mateú rias de sauú de puú blica. Este serviço estaú acessíúvel
atraveú s do telefone 808 24 24 24 (custo chamada local), formulaú rio de contacto, correio
eletroú nico ou fax;

Informação Geral de Saúde: Consiste num serviço de atendimento de contactos de


teor naã o clíúnico que disponibiliza, de forma raú pida e faú cil, aos Utentes, informaçaã o geral
relacionada com a temaú tica da sauú de e serviços de sauú de. Este serviço estaú acessíúvel atraveú s
do telefone 808 24 24 24 (custo chamada local), formulaú rio de contacto, correio eletroú nico ou
fax.

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Outras linhas de apoio e aconselhamento

Linhas de Atendimento Gerais

SNS 24 (808 24 24 24):

O SNS 24 disponibiliza:

Triagem, aconselhamento e encaminhamento em situaçaã o de doença;

Aconselhamento terapeê utico para esclarecimento de questoã es e apoio em mateú rias


relacionadas com medicaçaã o;

Assisteê ncia em sauú de puú blica, nomeadamente temas relacionados com a gripe,
veraã o/calor e emergeê ncias/intoxicaçoã es.

Número Europeu de Emergência (112):

Em caso de emergeê ncia em situaçoã es de sauú de, inceê ndios, assaltos, etc., ligue 112.

A chamada é gratuita e estaú acessíúvel de qualquer ponto do paíús a qualquer hora do dia.

Intoxicações (808 250 143):

O Centro de Informaçaã o Antivenenos (CIAV) eú um centro meú dico de consulta telefoú nica na aú rea
da toxicologia, responsaú vel pela prestaçaã o, em tempo uú til, das informaçoã es necessaú rias e
adequadas a profissionais de sauú de ou ao puú blico em geral, visando uma abordagem correta e
eficaz a víútimas de intoxicaçaã o

Funciona ao longo das 24 horas do dia, 7 dias por semana, sendo o serviço assegurado por
pessoal meú dico especializado.

Linha Cancro (808 255 255):

A Linha Cancro eú uma linha de apoio aà pessoa com cancro da Liga Portuguesa Contra o
Cancro, que visa informar e apoiar a pessoa com cancro e a sua famíúlia ou amigos, em aspetos
que digam respeito aà doença, associaçoã es de doentes, direitos dos doentes e instituiçoã es ou
centros de tratamento.

Horaú rio: Dias uú teis das 9h aà s 18h. Saber mais

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Linha Contra o Cancro (213 619 542):

A Linha Conta o Cancro eú uma linha de apoio psicoloú gico, aconselhamento e informaçaã o a
doentes com cancro e seus familiares.

Horaú rio: Dias uú teis das 9h aà s 18h. Saber mais

Linha de Apoio à Vítima (707 200 077):

A APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – tem como missaã o o apoio aà víútima
prestando-lhe serviços de qualidade e rege-se, entre outros, pelo princíúpio da NAÃ O
DISCRIMINAÇAÃ O em funçaã o do geú nero, raça ou etnia, religiaã o, orientaçaã o sexual, idade,
condiçaã o soú cio econoú mica, níúvel de escolaridade, ideologia ou outros. Os serviços prestados
saã o gratuitos e confidenciais.

Horaú rio: Todos os dias, das 9h aà s 19h e Saú bados das 10h aà s 13h.

Linha SOS SIDA (800 201 040)

A Linha SOS SIDA eú um serviço de aconselhamento telefoú nico gratuito que funciona a níúvel
nacional. O atendimento eú realizado por teú cnicos com formaçaã o especíúfica na aú rea do VIH/Sida
e do aconselhamento telefoú nico.

Horaú rio: Todos os dias, das 17:30h aà s 21:30h.

Bibliografia e netgrafia

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 FARIA, A. R. de. O desenvolvimento da criança e do adolescente segundo Piaget. 4. ed.
Saã o Paulo, 1998.

 GARRISON, K. C.; KINGSTON, A. J.; BERNARD, H. W. Psicologia da criança: estudo geral e


meticuloso do desenvolvimento e da socializaçaã o. Saã o Paulo: IBRASA, 1971.

 GRIFFA, M. C.; MORENO, J. E. Chaves para a psicologia do desenvolvimento, tomo 1: vida


preú -natal, etapas da infaê ncia. Saã o Paulo: Paulinas, 2001.

 JERSILD, A.T. Psicologia da criança. Belo Horizonte: Itatiaia Limitada, 1973.

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