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A partir das forças ideológicas, estéticas e literárias que constroem a convenção romântica

brasileira no século XIX, estudaremos o modo como José de Alencar imprime seus
posicionamentos críticos e literários, e o modo como manifesta um olhar particularizado
sobre a representação da cultura mítica do índio. Propomos elaborar um percurso das
afirmações românticas brasileiras, fundamentadas por princípios que se opõem à estrutura
clássica. A partir disso, apresentaremos a dupla postura da linguagem alencariana que
envereda por um processo imbricativo com as historiografias brasileiras, uma vez que se,
por um lado, aproxima dos princípios românticos fundamentados pela geração de
Magalhães, por outro, se afasta de tal convenção. Assim, apontaremos, por meio de cartas,
de ensaios literários, e do romance O Guarani, o registro de um projeto literário que
sistematiza a busca de uma literatura nacional calcada na atualização da língua brasileira e
na projeção da cor local. Sob essa égide, Alencar arquiteta um discurso literário para a
tessitura do linguajar indígena através de uma composição mais plástica, sintética e poética
em detrimento do viés gramatical, fato que atesta o seu esforço em atualizar a língua
brasileira com vista de afirmar os conteúdos da brasilidade. Por sua vez, cria uma forma
poética que visa aproximar-se da linguagem expressiva do primitivo. Nesse sentido, nosso
objetivo é revisitar o romantismo brasileiro a fim de registrar a contribuição desse
romancista para elaboração de uma língua brasileira e para a formação de uma literatura
local.

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