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Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

Article · June 2013


DOI: 10.5380/dma.v27i0.32510

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Enrique Leff
Universidad Nacional Autónoma de México
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LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana1


Political Ecology: A Latin America Perspective

Enrique LEFF*

RESUMO
A Ecologia Política explora as relações de poder entre a sociedade e a natureza embutidas nos interesses,
instituições, conhecimento e imaginários sociais que tecem os mundos-da-vida das pessoas. É o campo
em que as estratégias de poder são implantadas de modo a desconstruir a racionalidade insustentável da
modernidade e mobilizar ações sociais no mundo globalizado para a construção de um futuro sustentável
no enlace da natureza material e da cultura simbólica. Ela se funda no pensamento emancipatório e na
ética política para renovar o sentido e a sustentabilidade da vida. A ecologia política cria as raízes da
desconstrução teórica na arena política; além de reconhecer a diversidade cultural, o conhecimento tradi-
cional e os direitos dos povos indígenas, o ambientalismo contesta o poder de unificação hegemônica do
mercado como destino da história humana. A ecologia política na América Latina opera um procedimento
semelhante ao obtido por Marx com o idealismo hegeliano, virando a filosofia da pós-modernidade
(Heidegger, Levinas, Derrida) de ponta-cabeça: territorializando o pensamento sobre o ser, a diferença
e a alteridade na racionalidade ambiental, arraigada na política da diversidade cultural, territórios de
diferença e ética da alteridade. Descolonizar o conhecimento e legitimar outros conhecimentos/savoirs/
sabedorias abre caminhos alternativos para a compreensão da realidade, da natureza, da vida humana e
das relações sociais: modos diferentes de construir a vida humana no planeta.
Palavras-chave: ecologia política; América Latina; crise ambiental; racionalidade ambiental; susten-
tabilidade; apropriação social da natureza; estratégias de poder no conhecimento; descolonização do
conhecimento; epistemologia ambiental; conhecimento tácito/incorporado; diversidade cultural; política
da diferença; ecologia radical; ecofeminismo; ética ambiental; emancipação; alteridade; diálogo entre
conhecimentos

ABSTRACT
Political ecology explores the power relations between society and nature embedded in social interests,
institutions, knowledge and imaginaries that weave the life-worlds of the people. It is the field where
power strategies are deployed to deconstruct the unsustainable modern rationality and to mobilize social

*
 Doutor em Economia do Desenvolvimento (Université Paris-Sorbonne, França). Professor de Ecologia Política e Políticas Ambientais na Pós-Graduação da
Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Email: enrique.leff@gmail.com
1
 Este texto foi inicialmente apresentado no encontro da Latin American Commission of Social Sciences (CLACSO) - Group on Political Ecology na cidade do
Panamá, em 17-19 de março de 2003, e publicado pela Polis, v. II, n. 5, p. 125-145, Santiago do Chile, 2003. O texto foi revisado e incluído no Capítulo 6 do livro
Racionalidad Ambiental, do próprio autor. Com modificações e ampliação, foi então publicado na Encyclopedia of Life Support Systems (EOLSS) <http://www.
eolss.net>. A parte aqui apresentada foi traduzida do inglês por Sigrid de Mendonça Andersen e Adriano Scandolara, com autorização do autor para publicação com
exclusividade nesta revista. Note-se que o resumo, palavras-chave e bibliografia correspondem ao texto em sua íntegra e não apenas a essa tradução.

Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 27, p. 11-20, jan./jun. 2013. Editora UFPR 11


LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

actions in the globalised world for the construction of a sustainable future in the entwining of material
nature and symbolic culture. It is founded in emancipatory thinking and political ethics to renew the
meaning and sustainability of life. Political ecology roots theoretical deconstruction in the political
arena; beyond recognizing cultural diversity, traditional knowledge and indigenous peoples’ rights,
environmentalism contests the hegemonic unification power of the market as the fate of human history.
Political ecology in Latin America is operating a similar procedure as the one achieved by Marx with
Hegelian idealism, turning the philosophy of post-modernity (Heidegger, Levinas, Derrida) on its own
feet: territorializing thinking on being, difference and otherness in environmental rationality, rooted on
the politics of cultural diversity, territories of difference and ethics of otherness. Decolonizing knowledge
and legitimizing other knowledge/savoir/wisdom open alternative ways of understanding reality, nature,
human life and social relations: different ways of constructing human life in the planet.
Keywords: political ecology, Latin America, environmental crisis, environmental rationality, sustai-
nability, social appropriation of nature, power strategies in knowledge, decolonization of knowledge,
environmental epistemology, embodied / embedded knowledge, cultural diversity, politics of difference,
radical ecology, ecofeminism, environmental ethics, emancipation, otherness, dialogue of knowledges.

1. A emergência da Ecologia Política vera silenciosa). Em seu artigo “Ownership and Political
Ecology” (“Propriedade e Ecologia Política”), Eric Wolf
discutia como as regras locais de propriedade e herança
Alegadamente, o termo “ecologia política” apare-
“mediavam entre as pressões que emanam da sociedade
ceu pela primeira vez na literatura acadêmica em artigo
em geral e as exigências do ecossistema local” (WOLF,
escrito por Frank Throne em 1935 (THRONE, 1935). No
1972, p. 202). Hans Magnus Enzensberger publicou seu
entanto, se a ecologia política se refere às relações de
influente artigo “A Critique of Political Ecology” (“Uma
poder nas interações humano-ambientais, em estruturas
crítica da Ecologia Política”) em 1974. André Gorz
hierárquicas e de classe no processo de produção e apro-
publicou seus primeiros escritos na revista ecologista
priação social da natureza, podemos traçar os precursores
Le Sauvage, fundada por Alain Hervé, criador da seção
deste campo emergente de pesquisa no materialismo
francesa do Friends of the Earth (Amigos da Terra).
histórico e dialético de Karl Marx e Friedrich Engels –
Écologie et politique foi publicado em 1975, seguido
apesar de permanecer oculto sob a primária contradição
por Écologie et liberté em 1977 e Ecologica, em 2008.
entre capital e trabalho – e no anarquismo cooperativo
Como uma nova disciplina – um novo campo de
social de Peter Kropotkin e sua ênfase – contra o Da-
investigação teórico, de pesquisa científica e de ação
rwinismo social – na ajuda mútua na evolução e sobre-
política – a ecologia política surgiu, primeiramente, com
vivência (KROPOTKIN, 2005; ROBBINS, 2012). A
uma abordagem neo-marxista evoluindo em temas que
ecologia política foi forjada no cruzamento da geografia
eram para configurar uma episteme ecológica associada
humana, da ecologia cultural e da etnobiologia para se
à irrupção da crise ambiental. Bookchin, Enzensberger e
referir às relações de poder no que diz respeito à inter-
Gorz inauguraram o campo da ecologia política em uma
venção humana no meio ambiente. Estabeleceu-se como
investigação neo-marxista sobre a condição da relação
disciplina específica e um novo campo de investigação
do homem com a natureza. Enzensberger concebeu a
e conflito social no início dos anos sessenta e setenta,
ecologia política como a prática de desmascarar a ideo-
desencadeada pela irrupção da crise ambiental, com os
logia – os interesses de classe e a apropriação capitalista
escritos pioneiros de autores como Murray Bookchin,
das preocupações ecológicas – existente por trás dos
Eric Wolf, Hans Magnus Enzensberger e André Gorz.
discursos ecológicos emergentes em temas como os
Murray Bookchin publicou Our Synthetic Environ-
limites do crescimento, o crescimento populacional e
ment (Nosso ambiente sintético) em 1962, no momento
a ecologia humana. Apesar desta crítica, Enzensberger
em que Rachel Carson publicava Silent Spring (Prima-
reconhece a crise ambiental como sendo produzida pelo

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modo de produção capitalista. Sua crítica da “crítica da quina técnico-burocrática impulsionada pela economia
ideologia como ideologia” leva a revisar as visões mar- (GORZ, 1989).
xistas estabelecidas sobre o desenvolvimento das forças A crítica da tecnologia foi o foco de atenção e
produtivas na “abolição da miséria”. Seguindo Marcuse, reflexão de muitos precursores da ecologia política: a
Enzensberger afirma que “as forças produtivas se reve- partir de questionamento da tecno-logia (MARCUSE,
lam serem forças destrutivas [... que] ameaçam toda a 1964) e da megamáquina (MUMFORD, 1970), um
base natural da vida humana [...] O processo industrial, amplo debate foi aberto em torno da adaptação e apro-
na medida em que depende dessas forças produtivas de- priação de tecnologias pequenas e intermediárias, leves
formadoras, ameaça a sua própria existência e a existên- e brandas (SCHUMACHER, 1973), conclamando a uma
cia da sociedade humana”. Ele considerava a “sociedade “mobilização social da tecnologia” (HETMAN, 1973).
da superabundância” como “o resultado de uma onda Ivan Illich distinguiu “tecnologias de convívio”, que
de saque e pilhagem sem precedentes na história; suas propiciam autonomia e autogestão, das “tecnologias
vítimas são, de um lado, os povos do terceiro mundo e, heterônomas”, que as restringem (ILLICH, 1973); Gorz
do outro, os homens e mulheres do futuro. É, portanto, distinguiu “tecnologias abertas” – que favorecem a co-
um tipo de riqueza que produz misérias inimagináveis” municação, cooperação e interação – das “tecnologias
(ENZENSBERGER, 1974, p. 23). de parafuso” (GORZ, 2008, p. 16).
Andre Gorz argumentou que a ecologia política Previamente a essas visões críticas sobre tecno-
nasce da crítica do pensamento econômico: logia, Walter Benjamin havia contestado a concepção
tecnocrática e positivista da história impulsionada pelo
A partir da crítica do capitalismo, chegamos à ecologia desenvolvimento das forças produtivas. Criticou a “de-
política que, com a sua teoria crítica indispensável sobre cadência da aura” de objetos históricos e da natureza
as necessidades, leva a aprofundar e radicalizar ainda (BENJAMIN, 1936/1968), e vislumbrou um tipo de
mais a crítica do capitalismo [...] Ecologia só adquire trabalho que, “longe de explorar a natureza, é capaz
toda a sua carga crítica e ética se as devastações na Terra, de dar à luz as criações que estão adormecidas em seu
a destruição da base natural da vida são entendidas como ventre como potenciais” (BENJAMIN, 1940/1968).
a conseqüência de um modo de produção; e que esse Outros pensadores viram na tecnologia, o núcleo e as
modo de produção exige a maximização dos lucros e
raízes de uma crise da humanidade na modernidade
utiliza técnicas que violentam os equilíbrios biológicos
que se manifestaria mais tarde como crise ambiental: a
(GORZ, 2006).
gaiola de ferro de Weber; o Gestell de Heidegger. Lévi-
-Strauss viu na lei da entropia uma tendência inevitável
Seguindo Karl Polanyi (1944), Andre Gorz ressal- de destruição da natureza e a degradação ecológica que
tou a tendência do mercado de se apropriar de domínios envolve a organização cultural e o destino da humanida-
da vida social e humana que respondem a ordens onto- de, sugerindo que a antropologia deveria se transformar
lógicas e de outros significados, que não a lógica econô- em Entropologia (LÉVI-STRAUSS, 1955). Estes autores
mica. Para Gorz, e contra a doutrina marxista ortodoxa, são precursores da ecologia política por terem apontado
a questão da alienação e separação do trabalhador dos os limites de um processo civilizatório do qual surgiram
meios de produção não era simplesmente o resultado da a crise ambiental e as lutas de poder envolvidas na apro-
divisão social do trabalho. Isso seria ignorar suas causas priação social da natureza.
metafísicas e a diferença ontológica já inscrita na racio- Entre os precursores da ecologia política, Murray
nalidade econômica e carimbada na ordem mundial que Bookchin foi o pensador mais abrangente, radical e po-
determina e organiza a vida humana. Gorz derivou sua lêmico. Foi um dos primeiros a antecipar as mudanças
“technocritique” da desconstrução da razão econômica climáticas já no início dos anos sessenta:
e reconstrução do sujeito, abrindo novos espaços para
a auto-autonomia de vida da comunidade contra a má-
Desde a Revolução Industrial, a massa atmosférica total
de dióxido de carbono aumentou em 13 por cento acima

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LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

dos níveis anteriores e mais estáveis. Pode-se argumen- mas é também uma ciência integradora e reconstrutiva”
tar, em sólidas bases teóricas, que este cobertor crescente (BOOKCHIN, 1964).
de dióxido de carbono, ao interceptar o calor irradiado Herbert Marcuse pode ser considerado também um
da Terra para o espaço exterior, levará ao aumento das precursor do emergente campo da ecologia política: sua
temperaturas atmosféricas, para uma circulação mais
teoria crítica sobre a tecnologia e o funcionamento do
violenta do ar, a padrões de tempestade mais destrutivos
e, eventualmente, a um derretimento das calotas polares modo de produção capitalista forneceu uma importante
[...] aumentando o nível do mar, e a inundação de vastas base para a compreensão das condições sociais para a
áreas de terra. Por mais distante que possa estar um destruição da natureza. As reflexões de Marcuse sobre a
dilúvio desses, a alteração da proporção de dióxido de natureza, em seus últimos escritos, se alinham às corren-
carbono com outros gases atmosféricos é um aviso dos tes da ecologia política. Assim, na Counterrevolution and
impactos que o homem está produzindo no equilíbrio revolt (Contra Revolução e revolta), na eclosão da crise
da natureza (BOOKCHIN, 1964). ambiental, e num tom que encontra ecos em Bookchin,
afirmou que “O que está acontecendo é a descoberta (ou
Bookchin foi o fundador do movimento da ecologia melhor, redescoberta) da natureza como um aliado na
social emoldurado no pensamento anarquista, socialista luta contra as sociedades exploradoras em que a violação
libertário e ecológico, que derivou no “comunalismo” da natureza agrava a violação do homem. A descoberta
e no “municipalismo libertário”, concebido como des- de forças libertadoras da natureza e seu papel vital na
centralização da sociedade junto a princípios ecológicos construção de uma sociedade livre tornam-se uma nova
e democráticos. Seu ensaio “Ecology and revolutionary força de mudança social” (MARCUSE, 1972, p. 59).
thought” (“Ecologia e pensamento revolucionário”) A natureza é, portanto, integrada ao processo emanci-
(BOOKCHIN, 1964) introduziu a ecologia na política patório de libertação. No entanto, Marcuse privilegia a
radical que evoluiu para The ecology of freedom (Eco- sensibilidade e a qualidade estética da libertação em vez
logia da liberdade) (1982/1991) e para a sua Philosophy da reivindicação de Bookchin por uma racionalidade
of social ecology: essays on dialectical naturalism (Fi- ecológica e um naturalismo dialético para liberar a so-
losofia de ecologia social: ensaios sobre o naturalismo ciedade de seus laços dominadores. Através destas visões
dialético) (BOOKCHIN, 1990) [Para uma discussão da críticas que emergem da ecologia política, o núcleo da
ecologia social de Bookchin ver Light, 1998; para uma questão ecológica desloca o problema da abundância – da
crítica sobre o monismo ontológico de Bookchin e o libertação da necessidade e a sujeição hierárquica de do-
naturalismo dialético, ver Leff, 1998a e Clark, 2008]. minação capitalista – aos imperativos da sobrevivência.
Postulando a hierarquia e a dominação como as princi- A ecologia política surgiu como uma resposta so-
pais relações, históricas e fundadoras de poder – maiores cial ao esquecimento da natureza pela economia política.
em escopo do que as lutas de classe marxista –, ele pro- Na transição do estruturalismo – focado na determinação
clamou a ecologia como crítica e política por natureza, da linguagem, o inconsciente, a ideologia, o discurso,
como o poder organizador que guia o reencontro da as estruturas sociais e de poder, o modo de produção e
natureza com o espírito anarquista – sua espontaneida- a racionalidade econômica – para o pensamento pós-
de social para liberar as potencialidades da sociedade -moderno, o discurso sobre a libertação deslocou-se para
e da humanidade, para dar livre e irrestrito domínio à a sustentabilidade da vida. Enquanto investiga a raiz das
criatividade das pessoas – emancipando a sociedade causas da deterioração ecológica, a ecologia política está
de seus laços dominadores e abrindo o caminho para inscrita nas relações de poder que atravessam o processo
uma sociedade libertária. Ressalta que “As implicações emancipatório para a sustentabilidade com base nas
explosivas de uma abordagem ecológica decorrem não potencialidades da natureza. Neste contexto, o debate
apenas do fato de que a ecologia é intrinsecamente uma da ecologia política abriu caminho para o surgimento do
ciência crítica – em uma escala em que os sistemas mais eco-socialismo e do eco-marxismo (LEFF, 1993, 1995;
radicais da economia política não conseguem alcançar – BENTON, 1996; O’CONNOR, 1998; BELLAMY FOS-
TER, 2000). Ao trazer à tona o conceito de Marx sobre

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a natureza (SCHMIDT, 1971) e analisando as causas de conservação e construção de meios de subsistência


capitalistas da decadência ecológica, o eco-marxismo sustentáveis. Na visão de Foucault, o poder não é apenas
descobre uma “segunda contradição do capital”, a uma relação de dominação e uma agência repressiva. O
autodestruição das condições ecológicas da produção poder mobiliza o desejo de se emancipar e de produzir
sustentável (O’CONNOR, 1998). Além disso, um novo novas formas de conhecimento. A ecologia política é o
paradigma de produção foi concebido, integrando as campo onde estratégias de poder são concebidas e lutas
condições eco-tecnológicas e culturais de produção como sociais desenroladas para abrir novos caminhos para a
um potencial ambiental para o desenvolvimento susten- sobrevivência e para a construção de um futuro sustentá-
tável, com o poder político que emerge dos movimentos vel. Envolve a desconstrução da racionalidade moderna e
ambientalistas, guiados por uma racionalidade ambiental a construção de uma racionalidade ambiental alternativa.
(LEFF, 1986, 1995). O campo da ecologia política surgiu a partir da
A ecologia política emergiu como um campo de ecologia cultural, estudos geográficos, economia política
investigação teórico e de ação política em resposta à crise e racionalismo crítico, espalhando-se para as disciplinas
ambiental: à destruição das condições de sustentabilidade vizinhas: sobrepondo-se à sociologia ambiental e à eco-
da civilização humana causada pelo processo econômi- nomia ecológica, expandindo-se da economia política
co e a tecnologização da vida. Partindo de uma crítica do meio ambiente para os estudos pós-coloniais e pós-
radical dos fundamentos metafísicos da epistemologia -desenvolvimento, misturando-se com o eco-marxismo,
moderna, a ecologia política vai além das propostas de a ecologia social e o eco-feminismo, fundindo-se com as
conservação da natureza – promovidas pela União In- teorias da complexidade e com as abordagens pós-estru-
ternacional para a Conservação da Natureza, desde a sua turalistas e pós-construtivistas da natureza. No entanto, o
criação, em 1948 – e das políticas de gestão ambiental seu status científico e abordagens de investigação ainda
– lançadas após a primeira Conferência Mundial sobre estão sendo debatidos e definidos: suas fronteiras e alian-
o Meio Ambiente Humano, Estocolmo, 1972 –, para ças com outras disciplinas; suas genealogias teóricas,
investigar as condições para uma vida sustentável na contornos epistemológicos e estratégias práticas (para
fase ecológica de dominação hegemônica econômica e uma literatura “anglo-saxônica”, consultar Peet & Watts,
tecnológica: em um mundo onde, citando Karl Marx e 2004; Biersarck & Greenberg, 2006; Escobar, 2010; Peet,
Marshal Berman, “tudo que é sólido desmancha no ar”, Watts & Robbins, 2010; Robbins, 2012; para uma visão
gerando o aquecimento global e a morte entrópica do geral das contribuições francesas para a ecologia política,
Planeta Terra. consultar Debeir, Deléage & Hémery, 1986; Ferry, 1995;
A ecologia política é o estudo das relações de poder Latour, 1999; Lipietz, 1999; Whiteside, 2002).
e conflitos políticos sobre a distribuição ecológica e as Estabelecer o campo da ecologia política na ge-
lutas sociais para a apropriação da natureza; é o campo ografia do conhecimento é uma tarefa mais complexa
de controvérsias sobre as formas de compreender as do que apenas delimitar fronteiras paradigmáticas entre
relações entre a humanidade e a natureza, a história da disciplinas vizinhas; fundindo tradições acadêmicas, for-
exploração da natureza e da submissão de culturas, de mando aglomerados de tópicos de pesquisa, desenhando
sua subsunção ao capitalismo e para a racionalidade tipologias de ontologias da natureza, tematizando áreas
do sistema-mundial global; das estratégias de poder problemáticas de intervenção ou mapeando o pensa-
dentro da geopolítica do desenvolvimento sustentável mento ambiental. Implica desconstruir campos teóricos,
e para a construção de uma racionalidade ambiental. ressignificando conceitos e mobilizando estratégias
Assim concebida, Michel Foucault (1980) aparece discursivas para forjar a identidade deste novo território
como um precursor fundamental da ecologia política, epistêmico na configuração de uma racionalidade am-
proporcionando o insight para desembaraçar as relações biental e na construção de um futuro sustentável.
de poder embutidas no conhecimento e nas estruturas Grande parte da ecologia política elaborada no
institucionais que têm restringido, reprimido e subjuga- norte, nas últimas duas décadas, concentra-se em am-
do o conhecimento em busca de caminhos alternativos bientes agrários de terceiro mundo, incluindo práticas

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LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

tradicionais de camponeses e povos indígenas, resis- o suporte da existência humana na razão: a coerência
tência e ativismo na reconstrução de seus territórios de do pensamento, o saber de que o mundo nunca será
vida. A ecologia política surge no Sul a partir de uma totalmente conhecido ou controlado pelo pensamento.
política de diferença enraizada nas condições ecológicas A crise ambiental expressa os limites do cresci-
e culturais dos seus povos, a partir de suas estratégias de mento, a insustentabilidade da racionalidade econômica
emancipação para a descolonização do conhecimento, da e da razão tecnológica. Esses são os efeitos da história
reinvenção dos territórios e da reapropriação da natureza da metafísica e do conhecimento ocidental: do logo-
(PORTO-GONÇALVES; LEFF, 2012). centrismo da teoria, da universalidade da ciência e do
pensamento unidimensional; da racionalidade instrumen-
tal entre meios e fins; da lei do valor econômico como
2. Ética, emancipação, sustentabilidade.
equivalente universal para a medida de todas as coisas,
Rumo a um diálogo do conhecimento que sob o signo do dinheiro e das leis do mercado todas
as coisas e as ordens ontológicas foram recodificadas
A ecologia política constrói sua identidade teórica em termos de valores cambiáveis e comercializáveis. A
e política num mundo em mutação, conduzida por uma emancipação humana surge da desconstrução do conhe-
crise ambiental: uma crise do ser-no-mundo-vivo. Os cimento e a abertura da jaula de ferro da racionalidade
conceitos e concepções que guiaram até então nossa moderna. Ela implica dar novos sentidos aos conceitos
inteligibilidade do mundo, o sentido de nossas vidas- emancipatórios de modernidade – liberdade, igualdade e
-no-mundo e das intenções de nossas ações práticas fraternidade –, conforme os princípios de uma ética polí-
parecem ter desaparecido de nossa linguagem cotidiana. tica que acabaram sendo apropriados e corrompidos pelo
No entanto, a ordem mundial estabelecida mantém um liberalismo econômico e jurídico – pela privatização dos
dicionário de significantes e práticas discursivas que direitos individuais e a coação de interesses econômicos
perderam sua capacidade de sustentar a vida: lógica acima de outros valores humanos –, de modo a poder
dialética, princípios universais, unidade das ciências, legitimar os valores de uma política da diferença e uma
essência das coisas, verdades eternas, transcendência ética da alteridade: da convivência na diversidade e na
do pensamento e intencionalidade de ações ou atos en- solidariedade entre seres humanos com culturas distintas
contram ecos e ressonâncias nos resquícios nostálgicos e direitos coletivos.
de um mundo perdido para sempre. Algo novo emerge A ecologia política é uma política da diversificação
neste mundo de incerteza, caos e insustentabilidade. cultural. A diversidade cultural é o ponto de vista para se
Através dos interstícios abertos pela rachadura de uma desconstruir a lógica unitária e a equivalência universal
racionalidade monolítica e pensamento totalitário, a do mercado e reorientar o ser através da diversificação
complexidade ambiental lança novas luzes num futuro de caminhos etno-eco-culturais para a construção de
por-vir. Esse “algo” se expressa como uma necessidade sociedades sustentáveis. A ecologia política cria as
de emancipação e uma vontade de viver. raízes do espírito desconstrutivista no pensamento pós-
Enquanto os jogos de linguagem continuam se -moderno numa política da diferença, que ativa uma
proliferando e girando em torno desse mundo fictício agenda política abolicionista, rumo à democracia direta
e insustentável, eles também servem para ter visões e à sustentabilidade:
de futuros alternativos possíveis, para construir uto-
pias e redirecionar o curso da vida. Se esse processo A agenda política abolicionista propõe comunidades
não sucumbir às “estratégias fatais da hiper-realidade” autogeridas estabelecidas conforme um ideal de orga-
(BAU­DRILLARD, 1983) geradas pelos “simulacros nização espontânea: elos pessoais, relações de trabalho
e simulações” do desenvolvimento sustentável, e for criativas, grupos de afinidade; conselhos comunitários
guiado pelas estratégias de poder de uma racionalidade e de vizinhança com base no respeito e na soberania das
insustentável que o leva rumo à morte entrópica do pessoas humanas, responsabilidade ambiental e o exercí-
planeta, um princípio básico deve continuar fornecendo cio da democracia direta “face a face” para tomadas de

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LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

decisão em assuntos de interesse coletivo. Essa agenda funcionamento de um discurso científico organizado
política visando alterar o nosso curso rumo a uma dentro de uma sociedade como a nossa” (FOUCAULT,
civilização da diversidade, uma ética da frugalidade e 1980, p. 81, 85, 82, 84).
uma cultura de baixa entropia, reinventando valores, A insurreição do conhecimento subjugado conduz
desatando os nós da mente, evitando a homogeneidade
à emancipação a partir do regime dominante da raciona-
cultural com a força de um planeta de vilas, cidades e
povos diversos (BORRERO, 2002, p. 136). lidade moderna que marginalizou e exterminou outras
culturas; que ocluiu outros conhecimentos e impediu que
outros mundos possíveis pudessem vir a ser. Além da
A ecologia política é uma textura política que tece a intencionalidade desconstrutivista do pensamento pós-
natureza material, o significado simbólico e a ação social -moderno que mobilizou debates epistemológicos sobre
com o pensamento emancipatório e a ética política para conhecimento científico, descolonizar o pensamento
renovar as fontes e potenciais para a sustentabilidade da envolve uma luta histórica mais ampla pela legitima-
vida (LEFF Ed., 2002; PNUMA, 2002). Isso constitui ção de outros conhecimentos, modos alternativos de
seu cerne teórico e suas ações estratégicas, acarretando compreender a realidade, a natureza, a vida humana e
a desconstrução do conhecimento totalizador – de para- as relações sociais; modos distintos de construir a vida
digmas estabelecidos e racionalidades instituídas – para humana no planeta.
abrir novos caminhos para uma racionalidade ambiental O que está em jogo na ética emancipatória do
construída sobre os potenciais da natureza, a criatividade ambientalismo é a legitimação dos diferentes conheci-
cultural e a realização de identidades que abrem o ser mentos populares e tradicionais em seu encontro com
para o devir daquilo que ainda não é. A partir de uma o conhecimento erudito e formal. A ecologia política
pulsão pela vida, da intimidade da existência reduzida abrange tais lutas históricas e suas estratégias presentes
pelas teorias totalitárias, emerge o poder emancipatório de poder; ela envolve a genealogia do conhecimento am-
para a sustentabilidade da vida: biental e o estende para considerar não apenas os embates
presentes de conhecimento envolvidos na geopolítica do
Uma certa fragilidade foi descoberta no próprio alicerce desenvolvimento sustentável, mas também nas estra-
da existência – mesmo, e talvez sobre-tudo, naqueles tégias de poder envolvidas nos processos presentes de
aspectos dela que são mais familiares, mais sólidos e hibridização de conhecimento científico e práticas tradi-
com uma relação mais íntima com os nossos corpos e cionais renovadas; na construção de novas identidades
nosso comportamento cotidiano. Mas junto com essa culturais através da incorporação do conhecimento e seu
sensação de instabilidade e essa eficácia incrível de
embutimento em novos territórios e territorialidades, nas
crítica descontínua, particular e local, descobre-se tam-
bém, na verdade […] algo que poderia ser descrito como
lutas do presente pela apropriação da natureza.
precisamente o efeito inibidor das teorias totalitárias A ética ambiental na perspectiva da construção
globais. (FOUCAULT, 1980, p. 80). social da sustentabilidade projeta a genealogia de um
horizonte prospectivo. A ética da alteridade (Levinas)
tem suas raízes no campo da ecologia política como
Ao desconstruir as teorias totalitárias, Foucault um diálogo de conhecimentos. A sustentabilidade é
anteviu “um retorno do conhecimento” onde “não é vista como o resultado histórico da emancipação do
a teoria, mas a vida, que importa”; as genealogias e conhecimento subjugado, das novas compreensões da
a “insurreição de conhecimentos subjugados”; a re- vida no planeta e da vida humana, para a construção de
-emergência do conhecimento desqualificado na luta pela sociedades negentrópicas que internalizem as condições
verdade e a legitimidade do “conhecimento particular, entrópicas da vida. Isso acarreta a construção de uma
local e regional, do conhecimento diferencial incapaz de racionalidade econômica diferente: outros modos de
unanimidade e que deve sua força apenas à dureza com produção e consumo sustentável. A ecologia política
a qual ele se opõe a tudo que o cerca [...] pelos efeitos trata das relações de poder envolvidas nas mudanças
dos poderes centralizadores vinculados à instituição e de paradigma e mudanças sociais na construção de uma

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LEFF, E. Ecologia Política: uma perspectiva latino-americana

racionalidade ambiental e ao longo da construção de um por sujeitos individuais num processo de “modernização
mundo sustentável. reflexiva” (GIDDENS; BECK; LASH, 1994). A constru-
A ecologia política renova as reflexões da ética para ção de um mundo sustentável exige o controle social da
emancipação. As necessidades emancipatórias não são degradação ambiental: desacelerar as tendências rumo à
limitadas à “redução do trabalho alienado”, à geração morte por entropia do planeta e fortalecer os princípios
do “tempo livre autônomo”, ao “fim da fantasia” e à da vida. Implica a reinvenção de identidades comuns,
promoção da receptividade, tranquilidade e abundância formas coletivas do ser e do viver-no-mundo culturais
de alegria em vez do “ruído da produção” (MARCUSE, para apoderar os processos negentrópicos que sustentam
1992, p. 35). A emancipação de nosso mundo globalizado a vida no planeta.
convulsivo e da sociedade de risco vai além da busca A sustentabilidade é o horizonte de um tal modo re-
pela “segurança ontológica” do ego. A emancipação da soluto de viver, um objetivo inatingível pela restauração
vida implica a afirmação de novas identidades, os direitos da racionalidade hegemônica insustentável, a iluminação
dos seres culturais e de novas formas de conhecimento/ da razão e do pensamento científico. A viagem rumo ao
savoir para se desvincular da constritiva racionalidade horizonte da vida sustentável, guiada pela racionalidade
hegemônica. A ecologia política abre novos caminhos ambiental, abre o mundo à reconstrução de diversos seres
para a sustentabilidade através de um diálogo do conheci- culturais, dos seres reconstituídos pelo conhecimento do
mento, para construir um mundo global em que diversas “outro”, pelos seus savoirs ambientais e imaginários
formas de ser e viver possam coexistir, apoiadas por uma sociais de sustentabilidade (LEFF, 2010). A sustentabi-
política da diferença e uma ética da alteridade. lidade será o resultado de um diálogo de conhecimentos:
Esse processo de emancipação da sujeição do ser do encontro de seres culturais instituídos pelos seus
pela racionalidade hegemônica imposta sobre o mundo savoirs com poderes tecno-científico-econômicos e suas
não pode vir da agentividade do indivíduo, uma escolha estratégias para a apropriação capitalista do planeta,
racional entre as alternativas oferecidas pelo mundo ra- das alianças com outros seres/savoirs, com suas dife-
cionalizado. A emancipação do mundo insustentável do renças e desconhecidos. A ecologia política é o campo
presente exige a desconstrução da racionalidade tecno- para a implementação dessa odisseia rumo a um futuro
econômica moderna. Ela implica repensar, re-conhecer sustentável, atravessado pelas estratégias de poder para
e re-apreender as condições de vida, a organização eco- a sobrevivência e sustentabilidade, para a reinvenção
lógica da vida no planeta e as condições da existência humana da vida em nosso planeta vivo.
humana. Não é uma tarefa que possa ser conquistada

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Recebido em 1 de abril de 2013.


Aceito em 11 de junho de 2013.
Publicado em junho de 2013.

20 Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 27, p. 11-20, jan./jun. 2013. Editora UFPR

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