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Alimentos - Rito Especial

A Ação de Alimentos tem legislação processual própria devido a sua


complexidade, urgência e interesse social. Com essas características
especialíssimas o legislador inovou de forma a tornar a sua tramitação mais ágil e
fácil para o cidadão. Enquanto as demais ações devem ser propostas obedecendo
um sistema de distribuição prévia, quando se trata de alimentos a ação pode ter
início diretamente com o juiz, que posteriormente, determinará a distribuição e
registro do processo.

É a urgência, que está implícita nas ações de cunho alimentar, que exige a
alteração da rotina forense, um rito especial, em benefício da celeridade
processual.

Na mesma esteira, evitando-se que as pessoas deixem de propor suas demandas


alimentícias por falta de recursos, ou até de documentos que comprovem seu
estado de pobreza, foi concedido ao requerente o direito de apenas afirmar esta
condição para ter direito ao benefício da gratuidade.

O importante é que o legislador sequer admite que a impugnação da situação de


pobreza venha prejudicar o andamento do processo, por isto estabeleceu que a
tramitação da impugnação corresse em autos apartados. Isso quer dizer que pode
ser discutida a situação das partes quanto à gratuidade processual, contudo o
processo de alimentos continuará tramitando normalmente, com absoluta
independência em relação a este questionamento paralelo.

Naturalmente que não deverão ser requeridos os benefícios da justiça gratuita


quando a parte não o necessitar, tanto assim que, concluindo que não havia razão
que justificasse a gratuidade, o juiz imporá ao Requerente, como penalidade, o
pagamento das custas em décuplo, ou seja, dez vezes mais que o valor devido.

Lei nº 5.478/68

Art. 1º - A ação de alimentos é de rito especial, independe de prévia


distribuição e de anterior concessão do benefício de gratuidade.

§ 1º A distribuição será determinada posteriormente por ofício do


juízo, inclusive para o fim de registro do feito.

§ 2º A parte que não estiver em condições de pagar as custas do


processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará
do benefício da gratuidade, por simples afirmativa dessas condições
perante o juiz, sob pena de pagamento até o décuplo das custas
judiciais.
§ 3º Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa
condição, nos termos desta Lei.

§ 4º A impugnação do direito à gratuidade não suspende o curso do


processo de alimentos e será feita em autos apartados.

Postulação Direta

Outro aspecto inovador no sistema processual é a possibilidade do próprio


interessado dirigir-se ao juiz para postular alimentos. Também esta figura destina-
se a dar agilidade e eficácia a esse tipo especial de demanda. Se não possuir
condições para contratar um advogado, principalmente nas comarcas onde não
haja defensor público, o próprio interessado apresentará sua postulação
diretamente ao juiz e este, usando da faculdade que a lei lhe concede, indicará
profissional habilitado para assisti-lo.

Provas em Juízo

Pelo próprio texto da lei é possível concluir que todas as facilidades foram
permitidas para que o processo tivesse tramitação rápida e eficiente, inclusive no
que toca a produção de provas ou apresentação de documentos em juízo.

Lei nº 5.478/68

Art. 2º - 0 credor, pessoalmente ou por intermédio de advogado,


dirigir-se-á ao juiz competente, qualificando-se, e exporá suas
necessidades, provando, apenas, o parentesco ou a obrigação de
alimentar do devedor, indicando seu nome e sobrenome, residência
ou local de trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha
aproximadamente ou os recursos de que dispõe.

§ 1º Dispensar-se-á produção inicial de documentos probatórios:

I - quando existente em notas, registros, repartições ou


estabelecimentos públicos e ocorrer impedimento ou demora em
extrair certidões;

II - quando estiverem em poder do obrigado as prestações


alimentícias ou de terceiro residente em lugar incerto ou não sabido.

§ 2º Os documentos públicos ficam isentos de reconhecimento de


firma.
§ 3º Se o credor comparecer pessoalmente e não indicar profissional
que haja concordado em assisti-lo, o juiz designará desde logo quem
o deva fazer

Agilidade Processual

Ainda que a assistência do alimentando seja produzida pelo defensor nomeado


pelo juiz, não haverá paralisação ou atraso no processo, vez que a própria lei já
determina o prazo que o defensor tem para formalizar o pedido nos termos
jurídicos.

Lei nº 5.478/68

Art. 3º - 0 pedido será apresentado por escrito, em 3 (três) vias, e


deverá conter a indicação do juiz a quem for dirigido, os elementos
referidos no artigo anterior e um histórico sumário dos fatos.

§ 1º Se houver sido designado pelo juiz defensor para assistir o


solicitante,

na forma prevista no

Art. 2º, formulará o designado, dentro de 24 (vinte e quatro) horas da


nomeação, o pedido, por escrito, podendo, se achar conveniente,
indicar seja a solicitação verbal reduzida a termo.

§ 2º 0 termo previsto no parágrafo anterior será em 3 (três) vias,


datadas e assinadas pelo escrivão, observado, no que couber, o
disposto no caput do presente artigo.

Alimentos Provisórios

Como o interesse social é a razão mais imperiosa deste tipo de demanda, a lei,
antecipando qualquer alegação das partes, de forma imperativa para não permitir
ao juiz perda de tempo na análise da questão, determina que deverão ser fixados
alimentos provisórios em benefício do requerente, quando despachar o pedido, ou
seja, no primeiro momento em que tiver o processo em mãos.

Então fica claro que não há necessidade sequer do requerente manifestar o


pedido de alimentos provisórios, em se considerando o sentido implícito na norma.
O juiz somente não fixará alimentos provisórios se o alimentando declarar,
expressamente, que não os necessita.
Também, com o objetivo de não estimular qualquer procrastinação no processo,
manda a lei que, no caso de alimentos pedidos pelo cônjuge casado pelo regime
de comunhão universal de bens, juntamente com os alimentos, deverão lhe ser
entregues parte da renda dos bens do casal em que o alimentante,
eventualmente, seja o administrador.

Lei nº 5.478/68

Art. 4º- Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos


provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor
expressamente declarar que deles não necessita.

Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo


cônjuge, casado pelo regime da comunhão universal de bens, o juiz
determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente,
parte da renda liquida dos bens comuns, administrados pelo
devedor.

Citação na Ação de Alimentos

Como visto, a celeridade na tramitação da Ação de Alimentos é requisito


fundamental, tanto que os prazos para todos os atos processuais são
extraordinariamente reduzidos e o processo tem tramitação simplificada, mesmo
quando necessária a citação por edital.

Lei nº 5.478/68

Art. 5º - 0 escrivão, dentro em 48 (quarenta e oito) horas, remeterá


ao devedor a segunda via da petição ou do termo, juntamente com a
cópia do despacho do juiz, e a comunicação do dia e hora da
realização da audiência de conciliação e julgamento.

§ 1º Na designação da audiência, o juiz fixará o prazo razoável que


possibilite ao réu a contestação da ação proposta e a eventualidade
de citação por edital.

§ 2º A comunicação, que será feita mediante registro postal isento de


taxas e com aviso de recebimento, importa em citação, para todos os
efeitos legais.

§ 3º Se o réu criar embaraços ao recebimento da citação, ou não for


encontrado, repetir-se-á a diligência por intermédio do oficial de
justiça, servindo de mandado a terceira via da petição ou do termo.
§ 4º Impossibilitada a citação do réu por qualquer dos modos acima
previstos, será ele citado por edital afixado na sede do juízo e
publicado 3 (três) vezes consecutivas no órgão oficial do Estado,
correndo a despesa por conta do vencido, afinal, sendo previamente
a conta juntada aos autos.

§ 5º 0 edital deverá conter um resumo do pedido inicial, a íntegra do


despacho nele exarado, a data e a hora da audiência.

§ 6º 0 autor será notificado da data e hora da audiência no ato de


recebimento da petição, ou da lavratura do termo.

§ 7º 0 juiz, ao marcar a audiência, oficiará ao empregador do réu, ou,


se o mesmo for funcionário público, ao responsável por sua
repartição, solicitando o envio, no máximo até a data marcada para a
audiência, de informações sobre o salário ou os vencimentos do
devedor, sob as penas previstas no Art. 22 desta Lei.

§ 8º A citação do réu, mesmo no caso dos arts. 200 e 201 do Código


do Processo Civil, far-se-á na forma do § 2º do Art. 5º desta Lei.

Audiência - Presença das Partes

A presença das partes na audiência de conciliação é de extrema importância para


solução do conflito. É que o juiz, ouvindo diretamente às partes e esclarecendo
objetivamente as eventuais dúvidas que possam não ter sido completamente
sanadas com o pedido do alimentando e a resposta do Alimentante, terá melhores
condições de formar seu convencimento aplicando a decisão mais justa face a
situação das partes.

Lei nº 5.478/68

Art. 6º - Na audiência de conciliação e julgamento deverão estar


presentes autor e réu, independentemente de intimação e de
comparecimento de seus representantes.

Quando o requerente não comparece à audiência designada o processo é


arquivado, isto não quer dizer que não mais poderá propor nova Ação de
Alimentos, mas implica na caducidade dos alimentos provisórios fixados.

Por outro lado se não comparece o requerido, o juiz aplicará a pena de revelia e
confissão quanto a matéria de fato. O resultado final é que todas as afirmações do
requerente serão tidas como verdadeiras e a sentença se baseará nelas, já que
não teria havido defesa.
Lei nº 5.478/68

Art. 7º - 0 não-comparecimento do autor determina o arquivamento


do pedido, e a ausência do réu importa em revelia, além de
confissão quanto à matéria de fato.

Testemunhas

Para maior facilidade e conveniência processual, as testemunhas poderão ser


levadas pelas partes até à audiência, mas nada impede que qualquer um dos
demandantes possa arrolar suas testemunhas, previamente, e requerer ao juiz
que sejam intimadas.

Lei nº 5.478/68

Art. 8º - Autor e réu comparecerão à audiência acompanhados de


suas testemunhas, 3 (três) no máximo, apresentando, nessa
ocasião, as demais provas.

Julgamento

Na audiência tudo será simples e rápido. Depois de tentar a conciliação, o juiz, o


promotor e os advogados, ouvirão os interessados, as testemunhas, e até os
peritos, se houverem.

Em alguns casos não haverá necessidade de provas, quando a matéria em


questão for somente de direito e as partes concordarem.

Lei nº 5.478/68

Art. 9º - Aberta a audiência, lida a petição, ou o termo, e a resposta,


se houver, ou dispensada a leitura, o juiz ouvirá as partes litigantes e
o representante do Ministério Público, propondo conciliação.

§ 1º Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo termo, que será


assinado pelo juiz, escrivão, partes e representantes do Ministério
Público.

§ 2º Não havendo acordo, o juiz tomará o depoimento pessoal das


partes e das testemunhas, ouvidos os peritos, se houver, podendo
julgar o feito sem a mencionada produção de provas, se as partes
concordarem.
Reafirmando a importância da celeridade no julgamento das Ações de Alimentos,
o legislador estabeleceu que a audiência de julgamento será contínua e, se por
qualquer motivo não for possível concluí-la no mesmo dia, o juiz marcará sua
continuação para o mais breve possível e as partes já ficarão intimadas para o
comparecimento.

Lei nº 5.478/68

Art. 10 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for


possível por motivo de força maior concluí-la no mesmo dia, o juiz
marcará a sua continuação para o primeiro dia desimpedido
independentemente de novas intimações.

Finda a fase de provas, depois de ouvir os advogados das partes e o


representante do Ministério Público, o juiz tentará mais uma vez conciliar os
litigantes mediante proposta de acordo.

Sentença

Frustrada a conciliação, ainda na mesma audiência, depois de fazer um relato


sucinto das manifestações das partes e do Ministério Público, depois de registrar o
resumo dos depoimentos colhidos, e em seguida a uma breve avaliação das
provas apresentadas, o juiz ditará a sentença.

Lei nº 5.478/68

Art. 11 - Terminada a instrução poderão as partes e o Ministério


Público aduzir alegações finais, em prazo não excedente de 10 (dez)
minutos para cada um.

Parágrafo único. Em seguida, o juiz renovará a proposta de


conciliação e, não sendo aceita, ditará sua sentença, que conterá
sucinto relatório do ocorrido na audiência

As partes deixarão a audiência já intimadas da sentença, portanto com a


responsabilidade de cumpri-la integralmente, sujeitando-se, caso contrário, às
penalidades respectivas.

Lei nº 5.478/68

Art. 12 - Da sentença serão as partes intimadas, pessoalmente ou


através de seus representantes, na própria audiência, ainda quando
ausentes, desde que intimadas de sua realização.
Alimentos - Amplitude da Lei

A Lei de Alimentos, no que couber, também será aplicada nas ações ordinárias de
separação, nulidade e anulação de casamentos, revisões de sentenças de
alimentos e as execuções destas sentenças.

Reafirmando que os alimentos provisórios podem ser revistos a qualquer tempo,


quando houver modificação na situação financeira das partes, a Lei impõe que
estes pedidos, para não tumultuar os processos principais, deverão ser
processados em processo distinto, embora tramitem em apenso, amarrados ao
processo principal.

Lei nº 5.478/68

Art. 13 - 0 disposto nesta Lei aplica-se igualmente, no que couber, às


ações ordinárias de desquite, nulidade e anulação de casamento, à
revisão de sentenças proferidas em pedidos de alimentos e
respectivas execuções.

§ 1º Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a


qualquer tempo, se houver modificação na situação financeira das
partes, mas o pedido será sempre processado em apartado.

§ 2º Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da


citação.

§ 3º Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final,


inclusive o julgamento do recurso extraordinário.

Recurso de Apelação

Deve ser observado que o recurso de apelação não tem efeito suspensivo, mas
somente devolutivo, ou seja, da sentença que condenar em alimentos, mesmo
havendo recurso para a instância superior, o Réu deverá pagar os alimentos, vez
que, a decisão já estará valendo, e o recurso de apelação, se for acolhido e
provido pelo tribunal, somente produzirá efeito a posterior

Lei nº 5.478/68

Art. 14 - Da sentença caberá apelação no efeito devolutivo.


Revisão - Possibilidade

Naturalmente que a Ação de Alimentos é atípica e especial. Tanto que as


decisões não são definitivas quanto aos valores, pois a própria legislação já prevê
expressamente a possibilidade de revisão, desde que, óbvio, haja comprovada
alteração na condição financeira das partes.

Tanto pode ser o empobrecimento como o enriquecimento de qualquer das partes.


É que o espírito da norma tem fundamento no entendimento de que o padrão de
vida do alimentado deve guardar sintonia com o padrão de vida do Alimentante.

Lei nº 5.478/68

Art. 15 - A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e


pode a qualquer tempo ser revista em face da modificação da
situação financeira dos interessados.

Alimentos - Desconto em Folha

Para segurança do cumprimento da decisão pode o juiz, independente de pedido


das partes, determinar que a pensão alimentícia seja descontada na folha de
pagamento do Alimentante e paga diretamente ao Alimentando.

O ofício neste sentido será encaminhado diretamente ao empregador do


Alimentante que não poderá deixar de cumpri-lo, porque, tratando-se de ordem
judicial, poderia ser condenado a pena de prisão por desobediência, e ainda ser
responsabilizado pelo pagamento das parcelas não descontadas.

Lei nº 5.478/68

Art. 16 - Na execução da sentença ou do acordo nas ações de


alimentos será observado o disposto no Art. 734 e seu parágrafo
único do Código de Processo Civil.

Código de Processo Civil

Art. 734 - Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou


gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do
Trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a
importância da pensão alimentícia.

Execução de Alimentos
Para executar esses créditos originários de decisão em Ação de Alimentos, não
sendo possível o desconto em folha, muitas serão as demais formas de
recebimento. Entre elas ficou estabelecido que o juiz poderá determinar que
quaisquer outros eventuais créditos do Alimentante, no limite do valor dos
alimentos, sejam pagos diretamente ao Alimentando.

Não se trata de mera penhora como previsto no Código de Processo Civil, é um


procedimento muito mais ágil, eficiente e objetivo.

Sendo certo, contudo, que não havendo a possibilidade de receber em dinheiro os


créditos suficientes ao pagamento dos Alimentos decretados, poderão ser
penhorados e praceados os bens do Alimentante.

Lei nº 5.478/68

Art. 17 - Quando não for possível a efetivação executiva da sentença


ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as
prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros
rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo
alimentado ou por depositário nomeado pelo juiz.

Art. 18 - Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito,


poderá o credor requerer a execução da sentença, na forma dos
arts. 732. 733 e 735 do Código de Processo Civil.

Código de Processo Civil

Art. 732 - A execução de sentença, que condena ao pagamento de


pensão alimentícia far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste
título.

Parágrafo único - Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento


de embargos não obsta a que o exequente levante mensalmente a
importância da prestação.

Art. 733 - Na execução de sentença ou decisão, que fixa alimentos


provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em três (3) dias,
efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade
de efetuá-lo.

Parágrafo 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz


decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 01 a 03 meses.

Parágrafo 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do


pagamento das prestações vencidas e vincendas.
Parágrafo 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o
cumprimento da ordem de prisão.

Art. 735 - Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi


condenado, pode o credor promover a execução da sentença,
observado o procedimento estabelecido no capítulo IV deste título.

Prisão do Alimentante

O texto que já constava do Código Civil também foi contemplado, de forma mais
enfática e clara, na Lei 6.515/77.

A lei dispõe que o decreto de prisão não libera o Alimentante das prestações
alimentícias não pagas. Isto quer dizer que o crédito do Alimentando permanece e
mesmo depois de ter cumprido pena de prisão poderá o Alimentante ter seus bens
penhorados e leiloados para quitar a dívida.

O recurso que a lei permite para o decreto de prisão, denominado Agravo de


Instrumento, é de tramitação demorada e não suspende a ordem de prisão,
embora, tecnicamente, possa o tribunal conceder-lhe efeito suspensivo,
liminarmente.

Lei nº 5.478/68

Art. 19 - 0 juiz, para instrução da causa, ou na execução da sentença


ou do acordo, poderá tomar todas as providências necessárias para
seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo,
inclusive a decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias.

§ 1º 0 cumprimento integral da pena de prisão não eximirá o devedor


do pagamento das prestações alimentícias, vincendas ou vencidas e
não pagas.

§ 2º Da decisão que decretar a prisão do devedor, caberá agravo de


instrumento.

§ 3º A interposição do agravo não suspende a execução da ordem


de prisão.

Para maior facilidade em obter informações necessárias a instruir as demandas e


para que se consiga efetiva eficácia na execução dos créditos pendentes, a lei
obriga que as repartições públicas, de modo geral, forneçam todas as informações
solicitadas com esta finalidade.
Portando se for necessário saber a Renda declarada pelas partes perante a
Receita Federal, ou qual o soldo do militar parte no processo, bastará que haja a
solicitação, independente de mais formalidades.

Lei nº 5.478/68

Art. 20 - As repartições públicas, civis ou militares, inclusive do


Imposto de Renda, darão todas as informações necessárias à
instrução dos processos previstos nesta Lei e à execução do que for
decidido ou acordado em juízo.

Código Penal - Alteração

Com o objetivo de deixar absolutamente clara a responsabilidade da Prestação de


Alimentos, e estabelecer as penalidades no âmbito criminal, ainda na própria lei
que dispôs sobre os Alimentos, foi inserido artigo alterando o Código Penal.

Assim, a pena de prisão civil por 60 (sessenta dias) em razão do não pagamento
dos Alimentos fixados ou acertados em acordo, pode ser maior.

Criada esta tipicidade penal o devedor de alimentos, além das penalidades


normais previstas no âmbito da Justiça Cível, poderá responder processo criminal
que tem pena de prisão prevista entre o mínimo de 01 (um) e o máximo de 04
(quatro) anos de detenção.

E mais, a mesma pena vale para quem deixa o emprego ou cargo para frustrar o
pagamento de pensão decretada ou fixada mediante acordo.

Lei nº 5.478/68

Art. 21 - 0 Art. 244 do Código Penal passa a vigorar com a seguinte


redação:

"Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do


cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou valetudinário, não lhes
proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento
de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;
deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente,
gravemente enfermo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez


vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente,
frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono
injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada".

Crime de Desobediência

Nos casos em que o empregador, de alguma forma, tenta ajudar o empregado


Réu em Ação de Alimentos, contrariando ordem judicial, pode ocorrer que venha a
ser condenado a até um ano de prisão. Isso vale para sonegação de informações
sobre os rendimentos do Alimentante bem como por deixar de proceder, de
imediato, os descontos da Pensão Alimentícia na folha de pagamentos.

Lei nº 5.478/68

Art. 22 - Constitui crime contra a administração da justiça deixar o


empregador ou funcionário público de prestar ao juízo competente as
informações necessárias à instrução de processo ou execução de
sentença ou acordo que fixe pensão alimentícia:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, sem prejuízo da


pena acessória de suspensão do emprego de 30 (trinta) a 90
(noventa) dias.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, de qualquer


modo, ajude o devedor a eximir-se ao pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada, ou se
recusa, ou procrastina a executar ordem de descontos em folhas de
pagamento, expedida pelo juiz competente.

Prescrição

A norma civil estabelece que as prestações de pensões alimentícias prescrevem


em 05 anos, contudo, a prescrição incide sobre cada parcela mensal e não sobre
a dívida como um todo. O direito a alimentos não prescreve, ainda que a parte
deixe de reclamá-lo por longos anos. O direito a alimentos é irrenunciável, logo
não terá qualquer valor cláusula de acordo que estabeleça renúncia aos
alimentos, mesmo quando o acordo for homologado judicialmente.

Lei nº 5.478/68
Art. 23 - A prescrição qüinqüenal referida no Art. 178, § 10, inciso I,
do Código Civil só alcança as prestações mensais e não o direito a
alimentos, que, embora irrenunciável, pode ser provisoriamente
dispensado.

Oferta Judicial dos Alimentos

Quando a parte que responde pelo sustento da família, por qualquer motivo,
quiser deixar a companhia dos seus dependentes, poderá informar ao juízo os
seus rendimentos, comprovando-os de preferência, e pedir que sejam arbitrados
os valores das pensões respectivas. O juiz, depois de ouvir os interessados, fixará
a pensão, a forma e dia do seu pagamento ou, ainda, o desconto em folha.

Lei nº 5.478/68

Art. 24 - A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a


residência comum por motivo que não necessitará declarar, poderá
tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que
dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência
de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimentos a que
está obrigada

O devedor de pensão alimentícia não se eximirá da responsabilidade mediante


oferta de moradia e alimentação em sua própria residência para o alimentado. A
lei, com toda clareza estabelece que esta condição só pode ser autorizada pelo
Juiz se o alimentando aceitar a oferta. E mais, para ter condição de aceitar esta
oferta é necessário que o alimentando seja capaz, ou seja, deve ser maior de
idade e apto para os atos da vida civil.

Lei nº 5.478/68

Art. 25 - A prestação não-pecuniária estabelecida no Art. 403 do


Código Civil só pode ser autorizada pelo juiz se a ela anuir o
alimentando capaz.

Legislação Processual Subsidiária

A Lei que rege os alimentos é simples e não contempla todas as hipóteses


processuais possíveis, assim, nos casos em que não houver disposição especial
deverá ser aplicado o Código de Processo Civil.

Lei nº 5.478/68
Art. 27 - Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por
esta Lei as disposições do Código de Processo Civil.

Alimentos para o Companheiro

Na verdade a jurisprudência farta dos tribunais teve influência fundamental no


surgimento de leis destinadas a reconhecer e regularizar as famílias originárias da
união de homem e mulher, quando não protegidas pelo casamento.

O direito a alimentos já há muito vinha sendo contemplado nas decisões judiciais,


quando o interessado, melhor informado, recorria à justiça. Todavia, em razão da
lei ora vigente, já não há discussão a respeito do tema e, na maioria dos casos,
conhecendo os limites da Lei, as partes acertam os valores e as situações em que
podem ou devem prestar e receber alimentos.

O artigo da Lei que estabelece o direito a alimentos para o companheiro, não o


estabelece em situações ou proporções especiais, apenas reconhece que os
companheiros, que convivam há mais de 05 anos ou que tenham filhos, poderão
valer-se da Lei de Alimentos, portanto, na mesma condição e na mesma forma
processual em que seriam devidos os alimentos se casados fossem.

Assim, para efeito de alimentos, o companheiro que se enquadrar nas condições


que a Lei estabelece, estará equiparado ao cônjuge. Ou seja, terá direitos e
obrigações, relativamente a alimentos, como se casado fosse.

Lei 8.971/94

Art. 1º - A companheira comprovada de um homem solteiro,


separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há
mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto
na Lei 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova
união e desde que prove a necessidade.

Parágrafo único - Igual direito e nas mesmas condições é


reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada
judicialmente, divorciada ou viúva.

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