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Estrutura para texto: A Audiovisão - Michel Chion

 1927 - Desde o advento do cinema sonoro, os filmes, a televisão e as mídias não se


dirigem apenas a visão. Um estudo que muito tempo não era valorizado devido a
supervalorização da imagem. O fato de o cinema ter sido concebido, originalmente,
como uma técnica da imagem em movimento nunca serviu de justificativa para
predominância das análises centradas no campo das imagens.
 A necessidade de um estudo sistemático que busca um estudo do som feito a partir
de “palavras rigorosas”, um trabalho de descrição fundado na percepção e que
encontra seu limite nos limites da própria linguagem através da incompletude que a
define, na relação entre som e imagem e a construção da percepção da Audiovisão no
espectador (audioespectador).
 Pensar a relação entre imagem e som como contrato audiovisual em que a percepção
sonora e visual coexistem, somando-se e influenciando uma a outra, cada qual tem
suas particularidades, não é uma relação natural. "Não vemos a mesma coisa quando
ouvimos e não ouvimos a mesma coisa quando vemos"
 Pensando nas diferenças e especificidades estruturais entre imagem e som.
 O porquê da inexistência da "banda sonora", não existe quadro sonoro de sons.
Podemos dizer pista sonora para a montagem de sons em determinado filme.
 Para Chion existe uma centralidade da imagem que é reforçada pelo som.
 Para Chion o cinema tem uma definição ontologicamente visual. A imagem possui um
lugar que é o quadro - A tela. Ela garante as imagens variadas uma estrutura mais
unificadora que inclusive pré existe em relação as imagens projetadas. A imagem
possui como estrutura unitária o plano também. O som não possui tela, o altofalante
projeta o som, não é em si um suporte ou tela. O som se divide entre o visível e o
invisível de acordo com o que está representado no quadro, na imagem, por não há
banda sonora, os sons são construídos de forma sobreposta, o que na imagem não é
possível sem quebrar o realismo, por isso as imagens são justapostas. (Essa é uma
questão que podemos problematizar como sendo um senso comum sobre a
visualidade e será que o som não tem um suporte, não existem outras telas para o
som?)
 A imagem tem como característica puxa o sons para si - Magnetização do som pela
imagem. O som nesse caso projeta valores e sentidos sobre a imagem. O som continua
a ser o que nos faz ver na tela aquilo que ela quer que nela vejamos. Som e imagem
são apenas materiais a trabalhar; e, no cinema, a trabalhar em conjunto.
 Existe uma diversidade dentro do campo sonoro que impossibilita uma unidade pelo
fato de ser composta de linguagem, música (estão dentro de uma escuta semântica,
que associa os sons a códigos estabelecidos culturalmente) e ruído (através de uma
escuta causal quando identificamos sua fonte ou através apenas da escuta reduzida
que trata das qualidades e das formas específicas do som independente da sua causa e
de seu sentido, tem a ver com a sua materialidade, sua especificidade enquanto
verdadeiros objetos enquanto forma e matéria em si.)
 Por isso a impossibilidade de dizer que existe banda sonora, a faixa sonora não pode
ser ouvida sozinha, precisa ser amparada pela imagem que lhe da estrutura. O som
divide a imagem da mesma maneira que a imagem divide o som: é o que eu chamo de
audiodivisual. Os sons vão ser divididos em in, fora de quadro ou off pela imagem.
 Essa diferença de estrutura entre o campo sonoro e visual serve de argumento para
defender a fragilidade do som na percepção. Pois o som seria magnetizado por
acontecimentos retratados na tela. Sendo necessário impor uma separação entre som
e imagem.
 Chion estabelece nas sua introdução a analise do audiovisual um método das mascaras
que consiste em analisar separadamente o som e depois a imagem.
 Pelo fato dessa analise surge uma série de conceitos que sistematizam o resultado
desse encontro entre imagem e som. O contrato audiovisual, a audiovisão.
 Conceitos como Valor Acrescentado que faz menção à alteração de uma percepção da
imagem graças ao som e vice-versa. Dizendo ainda que a maior parte das pessoas
experimenta os efeitos dessa relação sem necessariamente pensá-la como tal, síncrise
(ponto de sincronia que gera uma sintese), contraponto etc.
 Apesar de enfatizarem uma dicotomia entre imagem e som. São estratégias de
valorização do universo sonoro que era necessário em um contexto onde o som era
considerado por muitos como redundante, Chion mostra que ele nunca é redundante,
ele sempre acrescenta algo na imagem.
 Sobre realismo sonoro, fidelidade. Mas a minha opção por falar em expressão sonora
se deve ao fato bem concreto pelo qual a noção de realismo dentro do cinema se dá
pela nossa experiência com os próprios filmes. E os sons que nós escutamos nos filmes
não correspondem em grande parte àquilo que escutamos fora do cinema, na vida
cotidiana.
 A separação que Chion faz do som e imagem é tanto no sentido ontológico como
também analítico. (Podemos dizer que essa leitura entende o filme com uma soma
de sons e imagens e a totalidade é uma soma, consequência do contrato
audiovisual.)
 Em relação Um elemento que o autor evoca acerca da especificidade do som é o poder
dele de avocar outra dimensão, quando nada na imagem lhe corresponde ou realça. E
só podemos fazer uma análise melhor ao fazer o método das mascaras. Existe o
mundo da tela que podemos nomear e existe o som de outro mundo que não é
designado, o que ele chama de audiovisão oca, uma outra forma de realidade e
combinação que não é valor acrescentado nem contraponto. Alem de existir o
personagem acúsmetro que a imagem da sua fonte não esta incluída.
 Outra noção importante que o autor aborda é o sentido de trans-sensorialidade que
entende que existe percepções que não são de nenhum sentido em particular, podem
buscar o canal de outro sentido para ser percebida. Não estão fechados nos domínios
do 5 sentidos, eles são apenas passagens e canais. Um exemplo é o ritmo, o textual e o
espacial. O que transforma completamente a noção da percepção do sendo comum: a
percepção atraves de sentidos determinados. O conceito aparece a partir de uma
argumentação sobre questões temporais apresentadas a imagem que são percebidas
como auditivas e questões espaciais expressas no som percebidas como visuais. O
ritmo esta em um terreno da percepção que transcende visão e escuta. (Se a
percepção é transensorial qual é a relevância de se enfatizar uma primazia do visual
para o cinema?)
 O Som é símbolo de uma percepção que atravessa nos sentidos e da impressão de
continuar em algum lugar além... Será que a imagem também não evoca esse fora de
campo conceitual, será que a imagem com outras formas de vida não ultrapassa o
quadro em que ela esta delimitada?
 Quando sensações cinéticas são transmitidas por um único canal de sensorial podem
traduzir atraves desse canal outros sentidos por ex:
 No "cinema mudo", dando a entender que os sons estavam lá, mas nós não os
escutávamos. O cinema mudo na sua ausência de som síncrono exprimia os sons por
vezes melhor do que o próprio som e a musica acusmática na sua rejeição consciente
do visual acarreta visões imagéticas.
 Chion se utiliza do termo "off" para se referir aos sons não diegéticos, por exemplo.
Que seria tanto uma música de fosso ou uma fala de um narrador. Para se referir aos
sons diegéticos, utiliza os termo "in" e "fora de campo". Sendo "in" aqueles sons que
conseguimos identificar sua causa originária dentro do enquadramento da imagem. E
"fora de campo" os sons que são escutados mas que sua causa permanece invisível.
 Mas basicamente em qualquer situação de um filme você tem sons in, dentro do
quadro, onde a fonte sonora é presente na imagem, e sons fora de quadro ou off .
Esses sons podem ser escutados isoladamente se você decide não olhar a imagem.
Mas dentro do filme eles existem através da relação com ela, produzindo uma série de
efeitos oriundos dessa relação. Então, dizer que a pista sonora não existe significa na
verdade dizer que o estudo do som de um filme como uma entidade autônoma,
independente da imagem, não tem sentido algum.. A pista sonora não existe na
medida em que ela não é no filme uma estrutura independente. É na sua relação com
a imagem que os sons acham o seu lugar no filme e, reciprocamente, a percepção da
imagem também é influenciada pelo som. Então a pista sonora permanece como um
termo técnico, mas que por si só não faz nenhum sentido desde o momento em que
nós misturamos as duas coisas.
 Quando nós estamos na rua, percebemos a realidade com todos os nossos sentidos.
Além de adotarmos uma postura ativa, nós podemos interagir com ela a qualquer
momento. No cinema, nós estamos em uma postura passiva diante de uma realidade
que, a princípio, só existe a partir das imagens que vemos e dos sons que escutamos.
Então é normal que o cinema procure através desses sons e imagens despertar no
espectador toda uma outra série de sensações. O que a interação entre som e imagem
produz são representações de espaço, a instauração de uma temporalidade.

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