Você está na página 1de 94

Projeto

PERGUNtE
E
RESPONDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt. osb
(in mamoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LINE
Diz sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razão da
nossa esperança a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
,'.
.~ ' ..
"
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrArias à fé católica. Somos
assim Ind tados a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste sita Pergunte e
Responderemos propõe aos seus leitores:
aborda questões da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
visla cristão a fim de que as dúvidas se
" dissipem e a vlvênda católica se fortaleça
_1 - no Brasil e no mundo. Queira Deus
abençoar este trabalho assim como a
equipe de Vari1alis Splendor que se
encarrega do respectivo slte ,
Aio d. Janeiro, 30 d. julho d. 2003.
Pe. Estevão BettfHJCOurl, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATlS SPLENDOR

Celebramos convênio com d, Estevão Benencourt a


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergu nte e
Responderemos~ , que conta com mais de 40 anos de publicação.

A d. Estêvão Bettencourt agradecemos a confjaça


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
~. ....... .
--:".'

" Ao Jo~em e 's Jovens do


Mundo"

A Renal/ação carisma. ia.

A Igreja Proibiu . Leitura da


Bfblia?

I "Colóquio Sobre .. FIA"

" O Estado do Vatic.lno"

" Vida Pastoral" - "Mlrii. Mie


de Jesus"

SETEMBRO.()UTUBRO - 1985
PERGUNTE E RESPONDEREMOS Setembro ' Outubro - 1985
Publieaçlo blmetlrll N~2B2

Dlretor-RMpont .....I: SUMÁRIO


D. Es~vao Benencourl osa
Autor e Redator de toda a matéria Na Ano Internacional da JU'NfItude:
pubtielcsa nesle periódico " AOS JOVENS E ÀS JOVENS 00 MUN·
DI~lor-Admlnlltndor 00" por Joio Paulo 11 • . . . . . . . . .. 358
D. Hildebfando P . Martins OSB
5imou Nio7
A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA .. . 372
Admlnktraçlo e dl ltnbu\ç&o:
Ediç ~s l umen Chr ~li No d i"ogo lCu""nlco:
Dom G~uardo ••0 • 5' andar, S I 501 A IGREJA PROIBIU A LEITURA DA
BJ"BLlA1 ..•......... • .•..... 385
Tel.: (021) 291 . 7122
Gli... postll 2666 Franqueza realista!
20001 - Aio de Jln eiro - RJ " COLÓOUIO SOBRE A F~" por Meuori-
Ratzinger • • • •••.••. . • ... •.• . 402
ASSINATURA PARA 1986
- P.R. MENSAL Um folheto polêmico :
"O ESTADO CO VATICANO" .•. . . 420
Cr$100.000 até o mêl de junho
Cr$ 80.000 I quem pagar até 31 de de· Folheando rmsta:
umbro de 1985. " VIDA PASTORAL" - " MARIA, MAE DE
Para . pagamentO d a assinatura de JESUS" . . ... . •.•••..••.•... 436
1986 queira depositar a imponân- Liyros em Estante •... • ...•...• 442
cia no Banco do Brasil para crddito
na Conta Corrente n~ 0031 304-'
em nome do Mosteiro de Silo Bento
do Rio de Janei ro, pag'vel na Agên·
cia da Praça Mau' (nC?043S. ou VA·
LE POSTAL na Agência Central do
Rio de Janeiro.
NO PROXI MO NOMERO
RENOVE QUANTO ANTES 2.83 - Novembro-Dezembro - 1985
A SUA ASSINATURA
Comunit:mo 11 CriRlankmo : deMflo oudIMogo7

CO..UNIQUE-NOS QUALQUER
- o "amem URSS. - O prilMiro Estldo Tnl'-
!UI
do mundo. - Dedereç:lOdl Lei And • •
ateu
- &$,
dIde : mico 1"eIo7 - s. ·~n. Go•• ttl : .. n~ por
MuOANÇA DE ENDEREÇO
• •no7 - A Comunt\lg nl mio. - NotM. Cono.n--
t.nOl.
C:O",~I9Io e Im~kI :
"' Marques saraly."
Sanloll Rodrigues , 20
Rio de Jlnelro
.....................

, ... ............... ._.............


SEMEAR E COLHER . 1;-

-351-
·PERGUNTE E RESPONDEREMOS ..
Ano XXYI - Nt .282 - Setembro-outubro d e 1985

No Ano Inlem,clonal da Juventude:

"Aos Jovens e às Jovens do Mundo"


por João Pau'o 11

Em al"'ese: No Ano Internacional da Juvontude, Joio Paulo 11 e.cr.,


V1IU uma Carla lOS Jovens do mundo Inteiro. abordando de modo .6blo OI
diversos ponto. de Interrogaçlo dos seus desllnalários. O texto consUlul
um manua' completo do refer6nclas capazes de elucidar a Ju...enlude: OIUI,
a lormaçlo moral, I escolha do futuro (sBcerdóclo, Vida Aeliglosa. matri-
mOnlo ... ), a in.'ruçlo prof'ulona', • c ultura, o trabalho, o de.emprego.
o esporte. o amor' "alureza, 1111 obraI dos homens, a amizade, o .ervlÇO
aos semelhante., aI pro.peclivas em relaçAo lO terceiro milênio, a respon-
sabilidade d05 Jovens ancorados na lê • cenas da vitória do Senhor Je-
8US .. . 110 lemas que carecterlzem e enriquecem este precioso documento.

• • •
Por ocasião do Ano Internacional da Juventude (1985), o
Papa João Paulo n quis escrever uma Carta aos jovens de am-
bos os sexos datada de 31 de março de 1985. Este documento
considera os intimos anseios de todo jovem como também as
múltipla (ormas de suas atividades em nossos dias, constituindo
um texto propí:cio para valiosas reflexões. · Em vista disto,
passamos a propor uma sínt(>S(! dos dizeres de tal Carta.

A CARTA
1. Introdução
o documento obre-Ie com o cilaçõo de palovrol da 1 Pd,
Ml:J1a1 Sempre prontos para uma resposta 'Iitorlosa a lodo aquela que
\/0' Int.rrog.r ac.rc. d. e.per.nça que vos 8nlma" (1Pd 3,15).
Estel di~eres da Apóstolo exortam todo cristão CI lomor con,-
ciindo da porqui da suo fi li de suo, expr-euôes de fé. A$lim lão
inte rpelados também OI jovens. . .. e de maneiro particularmente
enfótica no ano que Ihel é dedicado; iuv.nlude e esperança são ler-

-358 -
______________~O~P~A~P~A~~A~O~S~J~O~V~E~N~S'______________ 3

'"OI que se ol' oeiam muito adequadamente, pois aos jovens ÍI con·
fiado o fuluro da humanidade. c o responsabilidade daquilo q"e um
d ia Ie- tornará ohHJI ,. , ti qlle oindo é I",turo:.. Este- futuro temporal
.em que se' preenchido "õo 56 com bens de (!,Ilturo cientifico til tée-
nic:a, mos lombé m com valores óticos, que dispõem o homem P<lfQ (I

fruiçõo do vido eterna (n' 11.


2. Cristo fala com os jovens
No EYon;elho Cristo aporece folando com o iu"'entude. e spe cial-
menl. no d iálogo relatado em Me 10,17-22; MI 19, 16-22; lc: 18,18.25.
Atravé s do iovem oi inte rpe lodo pode.Je diz:er que o SenhOl'" falo
com os iovens e os iovens de lodos OI Raeões e de todos OI tempos:
.ceada um de .,,6. ê um dos U ! US interlocutores potenciais nesle dió·
logo:t. - Por islo OI ,efle.ões lubs@qüenles s@rõo in spirados pelo
lexlo do fvon,gelho olról cilodo.
3. A juventude é uma riqueza singular
o Evangelho dj~ que certo jovem, possuidor de muitos benl, foi
proc;urClr Jesus poro Inl.,,09Ô-lo o r-espeito do vido elerno.
Que «muitos bens» eram esses'?
_ CerlClme nte or<Qm 0$ riquezas moterioi, dos quo!, o jO\lem era
proprietário . Alfm disto, por~m . o jovem poswio oulro riquel.o. q>.Ie
era o do suo pró prio jU\le nlude . Com ofoito; co período do jU\lentude
-ê o momento do umo desc;oberto pgrliculgrmenle intenso do flI humano
• dos propriedades 11 copacidCldes (I ele conjunlcn . .. hlo riqueJ.o
consiste em descobrir e conjuntamente programar, escolher. pre\ler e
olilumir o s pritnelros decisões de maneiro pesioal, que lerõo impor.
tcncia poro o fuluro ». imporlõncia pe noal e. 00 m e~ mo tempo. social
ou comunIIO,io.
MO J ser6 que a riqueza que é o iU\lentude. oroslo de Cristo.
ccmo oe<>"eu CICI jovem do EVClngolho? - Niio; o jovom se otenlou
de Cristo por ellor 4p.oado OI suas riquezos, nõo por lor jovem; 00
contrário, o lUa juvenlude - cheio de ideal e entusiasmo - é que
o tinha levado a Crislo o fim de O interrogar sobre o vida elerno;
como jovem, ele foi pedir o Jesus um projeto de vida , cqv. devo
fo~.r poro que o minha "'do lenho todo o seu valor e pleno sentido?
Qu.o devo fazer poro olcon<a' o \lida eterno? ..

filai pergunto " todo homem a s põe a si melmo ao longo d.


lodo a suo ...ida; no ju.... nlud •• porém, elas imp6om-sfI de manolro
porlkulormente inlenia - e ~ bom que isto .aconteço. Principolm.n ••

-- 359 --
• "PERGUNTE E RFSPONDEREMOS. 282/ 1985

quando a vida' ((Irrogada d. sofrimento, o ser humano vi-I. abri •


.!iJodo a indagar
Q rt$poilo do sontido da sUQ elllistincio, removendo

qualquer formo d. aulo·ilusão.

4. Deus é Amor
Jesul responde li inlerro,ga..Õo do iovem. dizendo-lhe: cNiniju"m
i bollt senõo 16 Deul:' - o que significo , .. S6 Deu$ é o hlndomento
último de lodos o. valores; só Ele d6 um senlido dec;isivo li nosto ...is·
IIncio humano», Sem ~UI o mundo dOI vaiarei criado. fico como
que suspenso num Itozio Ob50lulo; ... o moi oprosenla-se como bem
• o bem fico desqualificado.
e por que é que s6 DeuI , bom?
- Por:que Ele 6 Amor (lJo 4,8.161 • • Com efeilo, Deul omou
Icllnla o mundo que deu o .eu Filho Unigênito :. (Jo 3,161. Este. di. -
r., encerram em si o .olução definiliyo paro o questão do lentldo da
vida. eQvo nfo eu re,;o a fim de que V61, jovenl meuI amigol, oucalt
0110 relposta do Cristo de modo verdadeiramente peuoal. o fim de
que encontreis o cominho inlerlor, para °
compreender, paro a ocel-
lar e poro o '60li,;orl:l,
De relia, responder o DeVI, que é Amor, nõo é lão diflcil co
homem, vido que elle foi criado à imggom e lemelhanco de OeuI.
Elle falo nos dó o enlender q\Je g homem sem Deus nãg pode com-
preender ° si mesmo como lambém nõe se pode realizor. lesu.
Cristo veio 00 Inundo, onlel do mois, poro nos tornar consoenfei
disto.
5. A pergunta sobre a vida eterna
o jo....m pergunlou a Jesus: eQue devo fazer para a lcancar
° vida elerno? Esta perguntg parece pouco significativa poro (I
flomom de hole, culo oteneão e solicitude é sempre mois voltado poro
(I progreno temporol: c A ciência gliodo ô ticnica descobriu, de
mgneilra Incompor6vel, os possibilidadel do hOlllem em relocõo ~
mol4rio; e conseguiu, por oulro lodo, dominar o mundo intorior do
leu pensamento, das luas capacidades, da, SUOI tendênci(j, e da.
suas pahl.ôen.
Todovla Cristo dilalo os horizonles do homem, diz:endo-Iho qH
ele lem uma olmo Imorlal e que o .eu dOl tino úllimo osl6 em Deul,
o Evangelho .q ue Ele anullóaru, foi .elado definili ...amente com G SUa'
Cruz o R.lIurreicão. Qualqul!r I!xpl!cocao du vidu 8 qualqul!r pro·
leta d. futuro que prescinda da além, sufoco a crlalura humana. Dal
o nec.nidod. de que o Criltõo, embora ,e finto çomprornttldo ÇOIII

-360 -
o PAPA AOS JOVENS

.(Ilua voca<60 nelle mundo. deve procurar chegor ao delopego em


relação o .510 riceI e apaixononle realidode que é o mundo. • Pallo
o cenário desle mundo .•• O homem ... nGIU c:om a penpeâivo
do dio da suo morle; 00 mesmo tempo, o homem cuia razão pro-
funda ct. ler .lIó no sup.rgr-se g si mesma, comporlo tamb'm em
si tudo aquilo com que vence ° mundo:..
cO Cristianismo ensino-nos o cOll'lpreender o temporalidad. na
penpediva do Reino de Deus, 11.(1 penpe~liva do vida eferna. Sem
esta, o telnporalidade. me,ma a mais rico e elaborada, não traz 00
homem lenaa a inelulóvel necessldgde da morle:..
Verdade é que 6 juventude pode julgar-se dlstallte da
morte. Todavia, a menos que seja cega, é-lhe impossivel con-
ceber o seu projeto de vida sem levar em conta a pergunta e
a realidade atinentes ao fim desta caminhada terrestre, . ..
fim que na verdade não é senáo a passagem para a vida defi-
nitiva.
6. Sobre a Morol e a consciência
Como caminho para a vida eterna, Jesus indkou aos j0-
vens os mandamentos. Estes determinam o valor moral dos
atos humanos. Estão inscritos (exceto o terceiro, relativo BO
dia do Senhor) na consciência moral da humanidade, de modo
que não somente os judeus e os cristãos, mas também os
outros homens os podem reconhecer, como afinna São Paulo
em Rm 2,14s: cCada um de nós desde a juventude tem a
experiência da voz da consciência:..
Esta fala sempre a respellO dos diferentes atos do homem,
acusando-os ou deCendendo-os. :e necessârio, porém, que cada
individuo procure fonnar em si uma consciência moral reta,
isenta de qualquer derormação proveniente do relativismo ou
do utilitarismo.
cCar05 jov.ns, meus gmigosl ú ilifo •.. pergunto,voI .quol , o
e,todo das voual consd~nci(u . E:ito' o inlerroggção fundomentol
da valSa juventude, que há de contor eM todo o vosso proieto d.
vida ... O valor deu. anda intimamente 'iaado à posi<õo que cada
vm de v6s tem diante da bem e da mal moral».
Tocamos aqui a dimensão mais Importante do tempo e
da história. cA história, de fato, é escrita não só pelos aconte-
cimentos que se desenrolam, em certo sentido, 'de fora'; mas
é escrita, antes do mais. 'de dentro': é e. história das cons-
ciências humanas, das vitórias ou das deITOtas morais». A

-361-
6 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 282/1985

conscJência humana joga não SÓ com o tempo, mas também


com a eternidade; o homem leva para além da tronteira da
morte o depósito de bem e de mal que ele tenha Qcwnulado
para si no decorrer desta vida. Em cada um dos nossoa atos
está presente a dimensão da vida eterna.
7. «Jesus fitou-o com amor»
O jovem respondeu à indicação de Jesus, dizendo-lhe Que
já observava os mandamentos de Deus... Excelente estado
de Animo: ter a consciência tranqüila diante de Deus ou ter
uma personalidade moralmente bem formada. Esta constrol
a farnIlia., a sociedade, a profissão, a polltJca, a comunidade
da Igreja... Entre os valores lQQrais sobressai o do amor,
que leva o homem a abrir-se para Deus e para o próximo;
é ele que cria a fraternidade entre os homens e que o leva a
nio fazer a outrem o que alguém não quer para si mesmo.
A quem assim vive. Jesus fita com amor. Neste olhar
amoroso de Crlstc estA contida, em síntese, toda a Boa·Nova.
cDeseJo ti cada um e a cada uma de vós que descubrais este
olhar de Cristo e que vivais totalmente a sua experiência . ..
talvez no momento do sofrimento, talvez por ocasião do teso
temunho de uma consciência pura, como no caso do jovem do
Evangelho, ou talvez numa situação oposta: quando se impõe
o sentido de culpa com o remorso de consciência. Cristo efeti-
vamente olhou também para Pedro na hora da sua queda:
quando ele tinha renegado por trb vezes o seu Mestre ~. 1;
necessária ao homem a consciência de ser amado eternamente
por um amor que se revelou mais forte do que todo mal e
toda destruição.
8 . «Segue-me»
Continuando o diãlogo com Jesus. O jovem. desejoso de
perfeição, perguntou 8<) Senhor: cQue me falta alnda?~ Esta
pergunta indica. a existencia, no coração do homem, da aspi-
ração a algo que transcende os trâmites habituais da vida
honestà; a busca do Absoluto leva o homem a facanhas
extraordinárias. Esta busca sugere aos não cristãos (budistas,
hlnduístas, maometanos . .. ) a pobreza. materlal e ~ pureza
espiritual ; aos çristãos ela inspira o programa das oito bem·
..aventuranças, o do sermão da montanha (Mt 5-7) e o dos con-
selhos evangélicos, que Jesus fonnuJa em resposta ao jovem
sequioso: cSe queres ser perfeitc, vai, vende tudo o que tens:
dá-o aos pobres e terãs um tesouro no ~u: depois vem e
segue-m.> (Mt 19,21).
-362-
o PAPA AOS JOVENS 7

As palavras de Jesus têm sJgnlficado particular para os


jovens de todas as gerações, inclusive para nossos dias. Elas
traduzem o chamado ao sacerdócio ministerial (que na Igreja
latina implloa o celibato) cu u Vida Religiosa consagrada pelos
votos de pobreza, castidade e obediência.
c E por isto que deseiaria dizer-vos, o todos e a cada um de vós,
iovens . • • : se um 101 chamamento chegor 00 teu coração, nao o .ufo-
que" Deixo que ele se de5envolvo até a Jnoluridode de uma vocaçãol
Colaboro com ele medionte o araçõo e OI fidelidade aos mandamentos!
'A messe, de falo, é abundante' IMI 9 ,37) .. . Há enorme ne<:enidode
de sacerdotes segundo o coração de Deus - e a Igrola e o mundo
de hoje têm enorme neceuidado d. um testemunho de vidas dad.as
som reserva a Deus: do testemunho de um amor espons.al 00 próprio
Cristo, que, dI! modo particular, torne presente onlro os homens o
Reino de Deus e o oiuoxime do mundo:..

9. O pra!Qto de vida e c W)coçõo cristã


O Senhor Deus chama não apenas para o ministério
sacerdotal e a Vida Religiosa; E!e chama também para esta-
dos de vida e tarefas seculares. cPode-se chegar a ser imita·
tador de Cristo de diversos modos:. .. não somente dando tes.-
temunho do reino escatolôgico de verdade e de amor, mas
também apllcando--se na transformação de todas as realida·
des temporais segundo o espirito do Evangelho. ~ aqui que
tem o seu ponto de partida também o apostolado dos leigos,
que é inseparável da própria essência da vocação cristã». Esta,
aliás, está Intimamente associada à recapção dos sacramentos,
que, por sua vez, têm suas ra izes na sacramentalldade da Igreja.

10. «Gronde Sacramenlo Esponsal »


Dentre OS sacramentos hã um que se impõe geralmente
à consideração dos jovens com particular ênfase: o do matri-
mônio. No projete de vida que cada jovem formula, encon·
tra-se multas vezes a experiência do amor COnjugaI, que tem
suas origens na própria obra criadora de Deus; Ele fez homem
e mulher, chamados a se complementar mutuamente. Tal
complementação é rica em valores e bela; ê preciso ClÚdar,
porem, de que não seja falsificada nem deturpada. cAtravês
desse amor que nasce em vôs - e que tem de ser inscrito no
projeto de toda a vida - deveis ver a Deus, que é amor
(cf. 130 4.8.16) •.

-363 -
• cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 282/1985

Precisamente na fase em que os jovens pensam em seu


futuro consórcio matrimonial, é importante que não se "afes-
tem ele Cristo, mas, ao contrárIo, se empenhem mais ainda no
diâlogo com o Senhor. l!: Cristo quem ensina o amor esponsal
e o taz participar da uni.ão de amor maior, que ê o de Cristo
com sua Igreja (d. Ef 5,32) .
.. Penso ,que o futulo do homem se decide, em boa parte, 00 lonvo
do cominhadca desl. amor, in ieiolmente juvenil, que ...ôs, que lu •
ela . . • que lu • 1'1., desCiObris nOI caminhos do vossa juventude. Nisto
hél _ pode-se dizer - uma gUinde oventuroi mos há tombém \olmo
grande Igr.fo (I cumprir • .

c.Hoje em d ia OI principios da Morol conjugal cristã, em muilo.


meios, .ao opreMnlodoJ wb imagl'm deformado. Procura.... impor
o vostos circuIOI .. . um modelo que se ouloptoc:lomo 'progressista'
• 'moderno', Nõo se repalO, qugndo ouim ocontece, que nesle modelo
o homem e, talvez, sobretudo o mulher, de sujeito é trondormCldo
em objeto (objeto de manipulacãe e.paeifica) fi tode o vado ccnlaúdo
do Clmor é reduzido 00 gozo do prazer que, mesmo que e:Jtistiue de
ambos os parlel, não dei:Jtorio de ler ego!sla no lua essência. Por
fi", a criança, 'lu. , o fruto e o encarnoçõo novo do amor dos doi.,
torna-.e cade! ".z: mais ' um Gdjunto incOmodo'. A ci"Wz.ação mat.rlo·
listo. a civitiz:açõo do consumo peneiram .m todo esl. mora"ilhoso
conjunto do amor conjugal, paternal e maternal e despoja-o daquele
I;Onl.údo profundamente humano, que desde o principio foi marcado
por um cunho e "afluo diviM.
Caros io"en., meus amigosl Não permitais que "OS seja subtraído
eslo riqueu.1. .. Nõo tenhais medo do amor que impõe 00 homem
exigéncios precis(ls:t.

11 . H.ranç.o
A hlstória da humanidade passa, desde as suas origens
- e ip<UISaI'â até o fim -, pela familla O homem entra nela
mediante o nascimento, que ele deve aos pais; depois delxari,
no momento oportuno, este primeiro ambiente de vida e de
amor e passará e. um outro novo. Deixando o pai e a mie,
cada qual, em certo sentido, os leva consigo; assume a múl-
tipla herança que tem na famllia a sua Conte. E ele prOprio
- ele e ela - eontinuará a transmitir a mesma herança.
Ora. esta compreende numerosos bens: antes do mais, o
de ser pessoa humana; depois, o de ser membro de uma socie-
dade, que tem seu. idioma, sua cultura, sua nacionalidade. sua
pátria, suo. história . .. ~tes são enormes valores, que tra-

-364-
o PAPA AOS JOVENS

zem consigo um apelo à consciência moral de cada individuo.
cDevemos fazer tudo aquilo de que somos capues para assu-
mir esta herança espiritual, para (.'(tnsolidã~la, para conservã-Ia
e para desenvolvê-Ia».
cAs figuraI eminentes da história, anliga ou contemparÔftéO, de
uma noeão, também "rvem d. guitls para G vosso jtlVentvde e favore·
cem o de.envolvimento daquele amor locior, que moi, freqüentemente
6 chamado 'amor pátrio' .:t.

12. Ta1entos e obrigações


No contexto da família e da sociedade insere·se o tema
do trabalho. Todo jovem procura conhecer sempre melhor a
si mesmo para descobrir os seus talentos pessoais e assim ave-
riguar os tipos de tarefas e atividades que poderá ou deveri
desenvolver durante a sua vida.
Sem dúvida, o trabalho é algo de árduo e penoso, mas
ele fonna e, em cerro sentido, cria a personalidade do homem.
A fim de que isto aconteça devidamente. requer·se a prepa-
nação para o trabalho Ou a escola, que abrange diversos graus,
desde o primário até a Universidade; em todas estas institui~
ções é de enonne importância o papel dos professores, educado-
res e orientadores, a quem particular responsabilidade incumbe
pela tormacão dos jovens. A instrução é um dos bens funda-
mentais da civiUzação humana, de modo que é de se lamentar
a condição daqueles jovens que estão privados da possibilidade
de instrução; esta lacuna constitui um desafio pennanente às
autoridades e pede solução adequada.
Está claro que a instrução e a escola devem estar vol-
tadas para a verdade; esta é a luz da inteligência, da qual todo
homem deve viver. A fome de verdade constitui a aspiração
fundamental de todo ser humano. Por isto também o trabalho
deve servir. verdade, que o homem há de eultivar durante a
vida. inteira.
A este. altura não se poderia deixar de mencionar o pro-
blema do desemprego. que atonnenta as gerações jovens do
mundo Inteiro, disseminando a insegurança em seus corações.
Daf a importância de recordar a todos os governantes e res·
pOnsAveis no campo da economia que o trabalho é um direito
do homem; por isto há de lhe ser assegurado medIante a crIa-
ção de oportunidades de trabalho para todos. dtediante o trll-
-365-
la <PERCUNTE E RESPONDEREMOS) 282/1985

balho, o homem não só transforma a natureza, ... mas tam-


bém se realiza a si mesmo como homem, e até, em certo sen-
tido, se torna mais homem:..
13 . A auto-educ:ação e 05 ameaças
A famllia e a escola exercem importante papel educativo.
Todavia este não basta. R.equer-se a colaboração do próprio
educando num permanente trabalho de auto-educação. Sim: a
estrutura Interior de cada um não pode ser construlda apenas
de fora para dentro; cada um tem lk! a construir por dentro,
pelo esro~ unido à perseverança e à paciência (o que nem
sempre é fãcll para os jovens) .
A auto-educação na juventude põe os alicerces do desen·
volvimento sucessivo da personalidade; a juventude é a CescuJ4
tora que modela toda a vida ~. A tarefa de auto-educacão terá
em mira especial a verdade, a ser cada vez mais penetrada, e
a liberdade; esta não significa cfazer tudo o que me apetece
ou o que sinto o impulso de fazer:t, mas ela implica Q dlscl·
pllna e o 8utodomlnlo; <ser verdadeiramente livre significa ser
um homem de consciência reta, ser responsável, ser um homem
'para os outros':t.
As eJd~clas de auto-educação sofrem ameaças diversas
da parte do mundo contemporâneo. ameaças que podam Impri-
mir no jovem marcas para o resto da vida:
cQuero Clqui Clludir, por exemplo, o lentocão do criticbmo
e)(.(l.perado, que desejClriCl discutir tudo e pôr tudo em questão; ou
li 'en'ClCõo do ceticbmo em rllloçõo aos valores tradicionais, do qual
.e resvalo facilment e poro uma espécie de cinisl"llo petulante, quondo
Je Irolo de e"frenlor OI problemas do trabalho, do profinão e do
próprio motrhn6nio. E u mo deixar em sUando, aindo, a tentocõo
constitulda pela propagaçõo, sobretudo nos paises mois prósperol, de
umo comercioli'lClçlio do divertimenlo, que ofollo de uma opUcoçao
,'rio em vive, bem a vida e arroslo poro o pa ssividade, poro o e,gobmo
• poro o Isolamento?
Constitui tombém omeoço poro vós, eorissimos jovens, o mau uso
da. "enicas publicitórios, que incentivo o tendência 1'I0luro1 paro fugir
00 e.forco, prometendo o sotlsfação imediato d e todos os deseios, 00
mesmo tempo que c consumismo, ligado o eue mau 1,110, insinuo que
.o homem procure reclizor-Ie a si me.. mo sobretudo pelo .gozo .da. bens
molerioi,. Quonlo, e quantos jovens, apanhados pelo falclnio de
miragens e ngClnadoras, se abandonam à farca incontrolada dOI instin·
tas, ou , e aventurom por cominhos opare"'emen'e ricos de prome no,

-366-
o PAPA AOS JOVENS 11

MelS destituidos, no realidade, de p~rspedivol autenticQmenl~ humanOI!


Sinlo a necenidade de repetir aqui tudo aquilo que elcrevi no Me"-
sogem que vos dediquei, o vós prec;ilamente, pelo Dia Mundial da
Paz deste ano: 'A lguns de yOS podem ser tentados a fug ir os re'ponla-
bilidodel: evadir_se no ,"undo ilusório do Ólkool e da droga, nG'
.fêmeros reloções sexuais sem c:ompromissos pe la que respeila ao
motrim6nio e g famUlo, no indiferença, no cinismo e olé na via lindo.
Estai alertas c:onlro o engodo d. um mundo .qUe .quer explorar e
manipular .a voua busca enérgica e generosa de felicidade e de
orientação' ~.
Conclui o S . Padre:
« Escrevo·VOS tudo Isto para ex primir a vivo preocupação que
tenho em relação a yÓs , ., A lodos aqueles que, com vários formas
de 'entoções e ilusões, proc:urom destruir o vauo luvenlude, não pOlia
dei.or de lembrar OI palovros de C,islo, q uoodo se refere ao elâ:indalo
e õqueles que o provocam : •...i daque le por cuja obro os .dndalos
v~ml M. lhor lerio para . Ie le lhe penduraSlem 00 pescoço umu pedro
de moinho e foue lancado ao ",ar, cio .que escandalizar um s6 destes
pequeninos'.
Polawcn ,grond Pa rticularmente graves no boca daquele que
nio revelar o amor. MO$ quem ler co m alontão precisamente ello.
palavrclI do Evangelho, deveró compreender quan to é profunda a
Clntilese .,..t'e o bem e o mal. entre o virtude ti o pecai!o. Deve captar
ainda mais tloromenle o importâncio que a juventude de cada um e d.
eodo uma de vós tem 001 olhos de Crista, Foi verdadeir4mente- o amor
pelos jovens <I'Ie lho dilou ellos polayrOI .gravei. l.verOI :t,
14 . A juventude como «crescimento»
c Jelus c:rescia lou progredial em sob.edoria , em idade . em
gro('o diante de Deul e dos homenl ~ I Lc 2,52}.
AssIm a juventude é também um periodo de crescimento.
~te tem diversas facetas: é. antes do mais. crescimento cr0-
nológico. ao qual está naturalmente ligado o desenvolvimento
psieo-fislco ou o crescimento d e todas as energias. pelas Quais
se constitui a individualidade humana nonnal, Outras dimen-
sões se devem Ainda enunciar como elementos imprescindiveis:
haja a integração gradual de tudo aquilo que é verdadeiro, que
ê bom e que ê belo; e Isto. não só quando a vida é fácil, m as
também quando (e estes são a m.aioria. senão a totalidade>, dos
casos) anda ligada aos sofrimentos. à perda de pessoas queri-
das e a toda a experiência do mal que incessantemente se faz
sentir no mundo em que vivemos,

- 3IIT-
12 ,PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 282/ 1985

o varlegado crescimento da juventude é altamente bene-


ficiado pelo contato com a natureza; este enriquece-nos, pois
nos ajuda a descobrir e acolher o mistério da criação, fazendo-
-nos passar espontaneamente dos valores vlslvels para OS invi-
síveis. Ê bom pare. o homem ler não apenas nos livros impres-
60S, mas também no livro da natureza, através do qual trans-
parece a sabedoria do Criador. Para obter este contato com a
natureza, cada um tem de se esforçar, procurando conseguir
O tempo necessário e aceitando as fadigas que o mesmo com-
porta; esta fadiga é criadora.
A propósito deve-se mencionar também o esporte como
ocasião de crescimento não só físico, mas também Interior, do
ser humano. A prática do esporte proporciona ao homem a
alegria de dominar-se e de superar obstãculos e reslstênclas;
ora Isto (az crescer.
Mais: o crescimento dos jovens pode ser obtido também
mediante o contato COm as obras dos homens e, mais ainda,
com os homens vivos.

Cem as obras dos homens . • . «Vivendo em contato com


elas. no vasto campo de tantas culturas diferentes, de tantas
artes e de tantas ciências, nós aprendemos a verdade sobre o
homem . .. , a verdade que contribui para formar e aprofundar
a humanidade de cada um de nós:..
o contato com outros homens ... Este pode assumir a
forma de amizade e oamaradagcm num âmbito mais vasto do
Que a própria ramilia, exigindo sempre o senso critico e a
capacIdade de discernimento dos verdadeiros valores. .. Pode
igualmente assumir a (orma de serv1co aos outros numa doa-
ção generosa, que nos faz ser mais plenamente homens.
De resto, o múltiplo crescimento dos homens jamais pode
prescindir do contato com Deus, que se obtém especialmente
mediante a. oração. _Rezal e aprendei 8 rezar! Abri os vossos
corações e as vossas consciências diante daquele que vos c0-
nhece melhor do que vós mesmOs. Falai com Ele! Aprofundai
a Pa1avra de Deus vivo, lendo e meditando a Sagrada Escri-
tura . .. Deus responde de modo totalmente gratuito, peJo dom
de si, dom que na linguagem bíblica $C chama 'graça" Procurat
viver na graca de Deus!:.
- 368-
o PAPA AOS JOyENS,_ _ _ _ _ _ _ lJ

15. O grande desafio do futuro


No final do segundo milênio, a Igreja clha para os jovens
como sendo (1$ portadOreS da sua esperança nwn futuro me-
lhor; a 19reja é chamada a ser cO sacramento ou sinal e ins-
tlumento da intima umão com Deus e da unidade de todo o
género humano» tLumen Gea.tium. 0 '1 1), ContempIamos# ~
rem, o mundo dividido e dilacerado pai' múltiplos fatores que
afetam a sensibilidade da própria juventude: cCentcnas de mi-
lhares de homens vi~m em miséria extrema, at.ê morrerem
de fome, enqua.nlo somas enormes ~ empregadas na produ·
ção de armas nucleares, cujos arsenais já estão em condições
de provocar a aulodestl1JlçâO da humanidade». Parece dese-
nhar-se a possibilidade de catástrofes verdadeiramente apoca·
lipticas,
Diante disto, podem os jovens peL'gUntar: Por que é que
chegamos a istó"! Qual:) as causas da injustiça que tanto nos
Impressiona? Por que tantas prisões. tantos campos de con-
centração, tonta violência sistemática, tantas tol'turas",?
CV61, jO\lenl, podeis perguntar ludo isto, ou melhor. deveis
perguntâ.!ol Trala"e .fetivamente do mundo em que viveis hoje e no
'1ual haveis d. viver amanhã, quando a geração atualmente de idade
mais madura tiver passado. Com la:r.ão, pois, perguntais; por ,q ue
ê que um lão grande plogrosso da humanidade no campo da clincia
e da técnica, que não 'em comparação com O de nonh..,mo époça
precedenla da hislória, por que é que o progresso no domínio do
mOléria, por porle do homem, le volla conlro o mesmo homem, em
lantos OIp8<los? Vós pergun'ois também ju,lamenle, e se", dúvida com
um senlimento In'imo de medo , Seró porventula irroversivel este edado
de coisas? Poderá ele ler l1Iudado? Comeguirem05 nõs mudá·lo?

Com ralão \1'61 perguntais isto. Sim, esla é uma per,gunta funda-
mental no 6mbito do vosso geroçõo»,
A estas perguntas responde o S. Padre citando palavras
do Apôstolo Sã.o João: cEscrevo-vos, jovens, que já vencestes
o Maligno. Escrevi-vos, filhinhos, porque conheceis o Pai. . ,
Escrevi·vos, joVêns porqUê sois forles e a Palavra de Deus
permanece em vós» (lJo 2.13s), São palavras antigas e mo-
dernas. que traduzem até"., a fé portadora da vitócla do
bem sobre o mal: cE1ta é a vitória que vence o mundo: a nossa
fé:t rUo 5,4),

-369-
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 282/1985

A fé, que põe o jovem em contato com o Cristo e lhe dá


comWlhâo com a sua Palavra vitoriosa. há de habilitar o cris-
tão a lutar contra o mal e a superá-lo.
c.O ApóstolQ esae...e : 'Venceste, o Mtllignol' E verdade. E pre-
dso remontor constantemente às raí:r.e, do mtll e do pecado na hbt6ria
da humanidade e do uni ...erso. a uim como Cristo remontou a onas
mesmclS fCd:r.es no mistério pcncol do IUO Cru:r. e da Ressurreição. Nao
se há de ler medo d. chamar pelo nome o primeiro ortlfice do ma"
o Maligno. A. tático que ele odoto...a e continua a odotor consiste em
°
não le re .... lor. o fim de qlIe mal por ele inoculado deld. o prindpio
cresctl a "artir do pr6prio homem. dOI pr6prios .idClmal e dOI r.loçÕes
entre OI honuHII. entre OI classe •• entre os nacões ... - paro lO
lornor também cada 'leI. mais pecado 'estruturol' e cada veZ tIIenos
se deixar identificar como pecado 'penoal'. Conseqüentemente, poro
que o homem se sinto de algul'll modo 'liberto ' do pecado e. 00 mesmo
tempo, cada vez moi, se .... nha o enconlrar mergulhado no peoodo.

o Apóstolo diz, 'Jo ...ens, sois 10rle,', é preciso lomente que 'a
Polovro d. Deus permoneco em ...Ós'. Por.q ue sois fortes, poderei. ouim
atingir os mecanismos escondidos do mal, cu lUas roi:r.el; e deste modo
conseguireis groduoJmente modificar o mundo, transformó.lo, torná-lo
lIIois humano, mais fraterno e, 00 mesmo tempo, mais de Deus. Não
se pode de foto leporor ° mundo de Ceus, nem contropô.lo a Deus
no cOfelção dos homens. Nem 108 pode separar ° homem de Deus,
e contrapô·lo a Deui. Isto ,eria conha (I natureza do mundo. cOntra
a natureza do homem - contra a ...erdade intrín seca que constllulloda
o realidadel O coroeão do homem e116 verdadeiramente inquieto
enquonlo não repousa em Deus. Estai palavros do grande Santo
Agostinho nunca perderão a lUa atuolidode:».

16. Mensagem final


c Jo ... enl, maus oml"os: eis que deposito em vossos maos esta
carta; elo acha-.e na esteira do diáloQo evangi-lico d. Cristo Cóm
o (o'tem e promano do testemunho des Ap6stolol e dOI primeiras
geroe5es de cristãos».
c Oe 'tó. depende o fuluro. de VÓI depende o final desl. mlllnio
• O I",ido do no ...o. Não lejois passivos, portanto; procurai assumir
as vouas responsabilidades em lodo OI campol que poro ...ó, se abrem
na nouo mundo! Juntomenle conosco rez.orão 05 Bispo. e os Sacer-
dotes nas di ...ersas portes do mundo pela mesma intenção.

- 370
o PAPA AOS JOVENS IS

E, 00 ,el:ormo. auim lodol, na .gronde comunidade dos loven.


dCl Igreia inteirCl e de todol OI Igreios, volvemol o nouo olhar poro
Mario, poro Aquela que ocompClnho Cristo no início da lua missão
enlre OI homens: Mario de Can6 da Golilêio. que intercede pelos
jovens, pelos .sposos recém-casados, quando começa o faltar o vinho
para os hóspedes no ban,que'e nupciCll, Enlã() o Mãe de Cristo di,i9f:
aos homens que lá elfoYClm para servi r à mesa durante a refeicÕo,
estas palavras: 'Fazoli tudo o que el. Y()I diue,', Ele, Cristo.

Foco minhas eslal paloyras da Mãe de Deus e dirijo-as a y6s,


ioyens, a «Ide um e o cada uma de YÓ s~ 'f'(lI:el ludo o que Cristo YOI
diu. r', E abençOQ·vol em nome da Santi$Sima Trindade, Ambu.

• • •
Esta Carta, como se vê, constitui precioso manual de rer~
rências para os jovens: abrange de maneira sábia e lúcida os
diversos pontos de interesse da juventude. Possa encontrar
profunda ressonância nos corações ávidos daqueles que a lerem,
jovens cronológicos ou jovens que, apesar dos anos, tenham
guardado em si o entusiasmo e as nebres aspirações que devem
caracterizar a juventude!

• ••
ERRATA.

Em PR 281/1985. p. 275. lmha 13, lê-se: c .. , eometldos


cem advertência . ,. :RetiflqlJ&4rC o texto para. ceornetidos com
advertêucIB ... »

• • •
. 0 OCASO DA. NOSSA. VIDA. FIlGAZ" O DESPONTAR
DA. A.lJRORA El'ERNA.
(KarI Ralmer)

• ••
A PARTIR DE JANEIRO 1986 PR VOLTARA. A SAIR
MENSA.LMENTE.

- 371-
Sim ou N60?

A Renova~ão Carismática
Em alntel.: o autor do Irtloo. HIIArIo C&mplon, rel ata. IU&l •• perltn-
ela. n. Renovaçlo Car.millca di Inglaterra e da trlanda: aponta abusOl
a desvios mullo graves, que redundam em tola' desvirtuamento do Id.l' di
Renoveçlo. TI'I erros. devldoe li falta de lormaçlo doulrlnArla a talvel
tamb6m a tend'nelas pslcopakll6glcu de cartos membros da Ranovaçio,
nIo 'lO Inerentes 1 Indole do Movimento. Este tem em mira levar os IeUS
Alluldorea a uma vida da orlçfo mab Intensa. em docllidacle às Inaplreçón
do Esplrlto - o qua contribui (a r..1menlo tem conlribuldol par. 1 I.ntlll·
ClçAo da numerOlos 11",. OI dons exlrlordlnArlos e o carAter espetacular
.ou teatral de certas manifestações "carls:mátlcas" nAo fazem parte necauAria
da unllo com Deus a da &$çansao para a perfelçlo crill.l; Inla., davam
.uscUar suspeita. da parte da quem comlÇa a l)!iperimonlA-\aSi • proclso
provar OI esplrJlos a a)!iatcar discernimento antre autênUcOl dons de Deu.
• alntomo ptIOI611ICOS. SI forem observadas tais flOI'mas - IA mutlll
VHaI lfuIIRcl.du paios Paplls racentes -, a AellOvaçlo Carllmâticl poderA
produzir coplolol lrutol na I lnUflcaçio do povo de Deus.
• • •
A renovacão CarIsmática (RC) tem chamado a atenção
dos fiéis na Igreja. Enquanto muitos lhe aderem entusiastica-
mente, outros a censuram.. Inegavelmente a RC tem feito
enorme bem a numerosos cristãos, levando-os à vida de ora·
ção e ao fervor espiritual; dai a importância que tem na cons-
tnJção do Povo de Deus. Todavia a procura quase obsessiva
de dons extraordi nários, como linguas estranhas e outros, tem
prejudicado muitos dos membros da RC; tais Inconvenientes
não são suficientes para se condenar a RC como tal, mas exi-
gem cautelas da parte dos fiéis; seria para desejar que muitos
Acerdotes se dedicassem à orientacão dos grupos de oraCio a
fim de evitar exageros, mal-entendidos e desvios, que não aio
inerentes aos prlnciplos e aos ideais da Re.
Para Uustrar os abusos ocorrentes na RC, o Sr. RUirio
Camplon, fiei católico leigo Inglês, escreveu um artigo que yaj
tradllZido a seguir I . Frisamos bem que, ao publicá-lo, não
tencionamos destruir, mas, ao contrãrlo. contribuir para o
desenvolvimento sadio e fecundo da RC.

1 A Iraduçlo 101 feita a partir do 10.10 lrancts publicado em "Lo


Chrlsl lO mondo· 1985, n' I (Jan.·lev.', PP. 47-57.

-372-
RENOVAÇAO CARISMATICA 17

OS PENTECOSTAIS CATÓLICOS
A Casa d. meu Pai

Escrevo por ler feito o experiincia do Pentecostoli$mo por dentro.


A mudanco que .ofrl, foi tao sutil que oueditei de todo o cOfoção ter
ro~ões poro seguir os prática s e a espirituolidade do Movimento.
Parece u-me edremamen'e fácil obter que outros Se cOMpromeleuem.
IIto reQ\ler pouco coisa; nõo u.ige nem intelecto nem vontade: beato
que Qlguém selo emotivo. MQ! trOler os pessoas à verdod~ é quedõo
muilo diferonto.
Tomei cornciêndo do grande dificuldode .q ue um individuo isolado
pode experlmentof para se afastar da Penlecastolismo. Desde que
alguém I. enxerle realmente na Movimento, esle 'e torna uma forma
de vida: tudo giro em torno do reunião de orac;ão, dOI ,"Seminárion,
dos grupos de pelquiso, ... atividades às quais lendemo. Cf nOI apegar
fortemenle. NouoI oml90S pertencem aos grupos coris.máticas, faEamo.
todos a me.mo linguagem . As feslos e OI pere,grinaCiSel corilmáticas
pauam à fren'e do mail. A RC comporIa diversos. graus d. compro-
mino; muilo dependem do pOlieão social de cada membro da grupo.
Mos ° compromisso mlnimo iá tem efeito. nocivos poro o fi .
Já há moil de doi. ano. que abandonei lodo relacionamento co'm
CI RC. Se olho paro Irás, velo até que ponlo a minha arrogândo le
elimenlova dessa .Iiberdade de oração:t, como diu=m . As oraçae.
'rodidonoi, do Igreja nao 16m vogo nos reu.,iões de oração corhmÓticol
no S. Mi •• o eram evitados os hino. t;olólicos que eJlpllimem com tonto
aurto o doutrino do Igreio.

Graçlu o Deul e o bem·aventurada Mãe d. Jesus, redeKobri o


Colecismo e, com ele, recupe,ei (I canvic<ão c!e que a l'9rejo, seul
10Cl'Omentos, lUa doutrina. sóo indispe" sóveis 6 lolvoc;õo. Em f;l!rto
momento, live que escolher enlre o Pentecostalismo • o Igreio. Fiz: o
opc;ão e vollei ao klr. Retornei à minha fomilia morClvilhoso, ando
Nossa Se nhoro é CI Mãe, onde os onios: e os Santos são meus irmãos
e minha, irmãs. Tive a f4llicidade de encontrar um sacerdote bom e
obediente, que me proporcionou a leiluro de biografias ~ Sanlos. a
me levou de novo b prálico do torço, que, como ctlonça, eu rec:itova
lodol o. nolle. em fomltio. Eu lenlova ser simullonoomen'e um bom
col61ico o um bom corism6lieo. Islo foi impossível, pois imperceptivel-
menle, quelromo.lo ou n50, nos reuniões carismálkal os ulstõos
perdem o contalo com ° verdadeiro fé.

-373 -
18 .PERGUNTE E RESPONDEREMO& 282/1985

A via mais HgURI: a dos Scm.01


«Eu sou a 11,1% do munde ~ , di:r. o Senhor Jelu,. . Vós sois aluI.
do mundo», disse Ele â sua Igreja. Nada brilltaln gra"des IUlllinores
que Ela colacou sobre o candelabro para que iluminem todos os que
elluo na cosa. São ele. que nÓI chamamos cas Santon. O Concilio
do Vaticano 11 nos di:r. que, considerando como OI Santos vivem, des·
cobrimos as pistas mail seguras que nos levoruo, 41ravés dos vicillltudes
deste mundo, .g perfeito união com Crilto, isto é, à santidade dentro
dOI condicõel próprias do nOl$o eslado d. vida.
Mais: a minha eltperilncia peSlool me ensinou que 0"0 cpislo
,"ois u.guro , dos Santol e o pista da RC IÕO vias bem dif.renle., tania
que a caridade e os peritloS ameacodores me obrigam o falar 0110.
Por conseguiflle, core leitor, eU lhe ofere<o um relatório dos minhas
.xpenlndos.
A expedindo da IC
Entrei poro o RC em 1977, .q uando me aprollimovo dos trinta
anal. Fui à primeiro reunião de orocóo por curiolidode e, o porfir de
enl60, comecei a freqüenlá·lo .eMonalmenle. CheQuei o pen$tlr que
.sso formo de orocão e d. espl,l'ualidode correspondia a uma
neceuidade minha. Como quer que seja, fiquei cercCl de cinco anos
tO'Cllmente comprometido com o RC, Dirigir reuniões de cro'õao, orga·
nÍJ:ar sessões, preparar Jornodos de reno'l(lCõo, impor os mãos sobre
OI d oentes, os deprimidos e os Clbondonodo., tudo i.to tornou-se paro
mim uma formo de vida. Pr.feri OJ Missas carismó,icos com guitarras,
cantos modernas, sermões comovedores, ,"uitos orações em I(nguos, etc.
A minha vida estava centrado sobre a Re, e não sobre CI minha fé
cotóllc01 mas eu não o teria feeonhetido e ntão. Pouco a pouco adotei
atitudes não católicos e obondonei OI minhos devoções onteriorel.
Ainda dava lugar ô Virgem $S., quando Isto me convinha (mos somente
ent60 ) , Eu me '''nllo capaz: de Ir o Deu, por meu. próprios meios.
Eu estova em relacionamento direto com o céu. Os Sontos eram col5as
do panado; também ClI imogens, os bani livros católicos. OI locro-
menlo.. .. Eram substiluldo. por ';mbolos, toi. wmo OI etiq'Uetos
colodos "OS carro.: «Jesus' vivo~ e o sinal do peixe. Minhas leiluras
se redlJ:r.;am 001 livros de bollO pen'eco'lail, de.providos de qualquer
lollro teol6gico, Eu gOltovo muilo de rezar. Quando eu achavo a
leitura difícil, geralmente , ecorrio às Ilnsuos; então eU me ,entio bem;
podia tambim sentar.me no posicão recomendoda, foundo elterclcios
r •• pirot6rios porei recuperar o ellado de euforia .que me poria em
con'oto direto com Deus. 51mlo minha vida mudara de todos OI modos.
Eu ponava par momenlos .ClItOS' e ."ognlficos e. quando sobrevinham
depreuãel, eu pedia o um amigo que In. impu.eue as ,.,aosl logo
tudo ia bem de novo.

-374 -
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA 19

"VOlsoS pakwros caem na .vazloJt, dh: São Paulo


le mbro-me de ter Clssistido 00 CongreSlO Internacional de Dublin.
era o ano de 1978. C.rca d. 30 . 000 lacerdote, lá estavam, junta com
milhores de Irelig iolos_ Ceul sob. quantos penaOJ ue\)Oram n05
últimol trls dlal) talvu umal 30 . 000. Logo que entrei no estádio,
deixei· me invadir pelo entusiasmo geral. Experimentei algo que pano
chamar c:eslado ext6tico_. Quando os pronunciamentos em IInguos
0lin9irOl1l o mail alto grau, lembro·me de qve irreJittivel fluxo de
lógrimos me inundou o foce. Eu me sentia muilo leve, tololmenle
aberto a lodos os dons que Deus me quisesse outar9ar. Sim; eu estava
reolmente aberlo; mels o .q ui? Todos os dias, os Sacerdotes e os Reli-
°
giosos no. estimulavam rexor em IInguol e o .quem nóo o conseguIa
eles moslrovom como faxer. Quando GIgu6m começGVG a balbuclar,
apeno. repetia o nome de Jesus; aos pouco I , er(l e,timulado a proferir
como que um vagido d. erioneinhol. Ao som dCls "nGuas que vibravam,
acrelcentavam-I. sons estronhos e ininteligiveil. AssIm a pessoa era
lida como ogrodlCldlCl para sempre COm o d(lm dOI lingUal, Tivera
pleno I xito.

Enhrs'cumo
Naquela s.emana, vi uma sé rie de coi501 eslranhos. Olhando para
tr61, pClrece-me ler presenciado curas, que eu poderia testemunhar, mCls
apeno. curas de menor vullo. Encontrei entóo o pGdre FrClncil
MocHuU. Lembro·me de que OI penoas o oc:havom parecido com o
Cristo. Hole ainda . . . OI '0111,1 1 livros são em toda porie e sempre
oferecidos aoS mell'lbrol dó Movimento e 001 cClt6licol . Muitos julgam
ler lido curados por ele. AI peuoal deixom-Ie lõo facilmenle dominar
pelo entusiasmol Eu mesmo relei sobre muitos enfermos e julguel lê-Ios
curQdo. aaul lobre mim lI'Iesmo e me dei por eu'odo. Seria longo
demais re f.rir OU"(lS exemplos do que pode produzir o imoginaci5o
super.e xcitada. O perigo 6 reolmenle grande quando algu6m desejo
ler umo doenCCl e consegue por vexes m(lnifesl(lr (lS respedivos .inlo·
mo., o fim de simulor uma cura. Nõa se i se a fa!:em paro chGmar a
atenc;õo. Mas lei que ellOl «Iiscn acontecem, mesmo com pessoas
aparentemenle equil ibradas. O ser humano tem o poder de abusar
de sf melmo.
dego!:iictl-'1os Gntes por Mt '101&01 nomK inscritos no céu.
Ao dom dai curas e.st6 ClnodGda, na momento. o de expulsar
05 demônios e exordr.ar OI possesso.. Conheci muitos penoo. olor·
menfadol por perturbacée. fUI!rVOIOI ou emaclanais, às quaIs Je doYG
a enlender que precisavam de ler libertadas do dem6nio. Em con-
,oqDlncia aconlece que os membros do Movimento considerados

- 375-
20 .PERGUNrE E RESPONDEREMOS. 282/1985

portadore, do dom de exorcizar IÔO cercados por aqueles que precisam


de exorcismo. Dir·fe ·io que os dem6nios se reunem em lorno d.l.s no
intuito de ler expulsos, o, r.sponsóveis não dão atenção às respeç·
tivos presçricães do Direito Conc!inico.
Digo.", de panogem : o grupo de oração de que eu fado parle,
era dirigido por Re'igio:os. inslruidoas e dirigidas por um Religioso
.socerdole, qve le diz:;o 9uru, Ette pormenor lembro naturalmente o
hinduísmo e moslro como lois prólicos podem imped ir que 0lgu4m
°
acolho paloyro do Crbto, que dir. ser a Poria pela quolladas d ....em
e nlror. Continuei os exercleios durante 'odo ° semana, groço, 00 que,
me tornei um uxpert_. Só m e o ssoci.i a carismáticos col6licos, que
me lusteJltorom forlemente. O 9fUpO de oração 00 qual eu pertende,
tornou·se minha ratõa de ... iver.
Indirerens;o
As coisos mudaram lambém do ponlo de visto social. Meu grupo
de oroçõo lornou·se minM romllia. Angliconos, melodi,tos, penlecos·
tois, qualquer que f alie o denominocõo, rerovamos juntos; o denomi·
noção nCio linha importância . .. Todos contávamos o O.us canlo.
populares, segurando os mãos uns dOI outras, unidos no mesmo
Elprrilo, Pouco Importg ...a a nossa reli;iãa; Deus nos amGva, e isto
basloya.
Porta-voz de Deus
Um locerdote nOI dido : . 0 que hil de nlrpreendenfe nessa fleno·
'loção Corismótico, ê que elo nõo exclui o orgulho • . Não é lam entóvel
que se adulem os pe slOos paro fazê· las passar do humildade 00
argulha? Na verdade, esse orgulho 6 a arme da qual Solanós se serve
°
poro d estruir interiormente ~reio, paro oco.b ar com os comunidades
,eligiosos, ai por6quia:, as fomlliol , Onde oulrora havia um corpo
compacto à elCul", de umo autoridade únjça, lInho mos doravanl.
penoas ó esculo de uma \'Oz: interior, que era transmitido ao. oulrol
coma le foue revelação di ... ino . O pre.umido dom de profeda
exercia·se em todo porte I no. reuniões de orOçÕa, durante os Minai
e noultas alNl'l'lbl6ial cariunáticol. Nenas reunloes não ê rato
ouvirem·se mensagens conlrodltóriclI. Alguém, em nome de Cristo,
propõe o silêncio; oulro ponoa, lambém em nomo de Cristo, pede
musico e uma prece de louvor. Ne"e contexlo, um fiel, porlodor da
dom de discernimento, define o que vem de Deus, e é ocolodo pelo.
oulros . Tol lipo d. profecia ocorre em loda porle , faro dOI MiSSal,
das feUnjÕe~ de orocão, dos oSlemb"los ... mensogens ISO dirigidos
em nome de Cristo o uma por6quia, o umCl diocese, a uma r.giõo, aO
mundo inteiro. Militas vete, consistem em convile à oração, 00
Icjum.", que 160 coisol boas;: mal essas indicações lá foram dadG'

-376-
RENOVAÇ!O CARISMÁTICA 21

Jlelo Espírito SClnto mediante a Igreja . Villa que os aulores de «pro'e-


dou lO lul.!ilam diretamente inspirados, legue-se que Q voz da Igreja
le torno supérfluo . As exo rtoções de Moria e dos vide"'" de Fátima
coem doravan'e nos ouvidos de surdos; mal !e ouve o que diz: o Santo
Podre. Mos, quando Keifer e Bourge ois proclomom a mensogem
pentecostol, eues filhos da Igrelo, surdos li V01: de suo Móe, elCUllom
de emoelio.
UM! e Interpreto São do Escritura
Di1:em-nol .que o Reno ...ocão Carismática levou de novo ° povo
cristão à leitura dos li\lfol Sagradas. Néio há dúvida, OI méio. le yol-
torom Jloro a Blblla, mos os cristãos carismático., q,uando (I lêem, nõo
o falem à lul dOI ensinamentos do Igreja. Estimulam as peuoas o usar
a Blblla d. modo IIoIpenticiolo; obrem· na aO aGOfO poro tentar dit·
cernir o que Deulo lhes quer diler ou para oi procurar respostas diretas
a uma situocõo particular. São elolos, paro eles, os duas únicas
moneirOI de utilizar o Escritura.

Um Evangelho cont,ário li Tradiciio


I: verdade, muitos ditêio, como eu mesmo disse muitos y.::tu, que
esse novo Movimento os leyou o reenconlror o fé. Sim; muilos volloram
à pr6tica da lé, mo. nêio por preciscHem do Igreja e de seus ensina-
mento., n50 por obediêndo a fll, mos unicomenle poro responder o
uma elp'cie de daspl!llor espiritual, como ocorre enlre os anglicanos,
05 m.todilh:n, OS luteronel, ete.

Gozam da ,.lo~Õ" direlos com Deus

Creio que é ill'lpoulvel o quem U comprometeu COm o Re. ficar


por muito tempo em pleno acordo com os eminamentos da Igrejo e
com a nona f~ trudicional, teto Cardeal, seja Bispo, seio sacerdoto,
seio leigo. O espirilo do PenleCOllatismo li demosiodo (onll6,io 00
espirilo colólico. Sinlo-me obrigado o a coulelor-me conlro (I idéio de
que o Movimenlo eorismático Cotólico deveria 18, preservado porque
certos peuool 0 1 encontram um grande IQI;Qrro. Chegam 00 ponlo de
presumir que tudo depende dOI dirig entes e .que um bom responI6 .... 1
mantém o seu grupo no fidelidade õ I,greio. No verdade, produz-..
inevitavelmente, enlre OI próprios dirigentel, um delmantelamento do
elpírito do Catolicilmo; produz-se, por~m, tão pouCatinamente qUe I:
preciso lempo considerável paIO que o ...ilimo o percebo, le é que eto
o acabo percebendo. Vem o momento em que o pena0 j6 não foz
porte do Inoel yerdodeiro ou já nõo pertence reolmenle 00 Corpo de

-3Tl-
"PERCUNTE E RESPONDEREMOS~ 282/ 1985

Oi.lo. Já nõo é o irmão ou o irmã dos Sontos da Igreja. Em vel


de os ."ular I aquele-, através dos quais D-eus nos mostro seu sem-
blante e nOI falo de çoiso$ que o nOISO tempo preciMJ de o"virl. a,
peuool se 'an(om êu novidades espirituais, quol,q ue r que s.eia o reli9ião
profetlodo. Gal.ondo de reloções d iretos com Deus, deixam de ser
membros do Corpo cuja Cabeça é o Filho de Deus e o filho de Moria .
A coiso ~ tão real que alguns dirigentes chegam a eltperimentar algum
arrependil1létlla e dium : eOevemos dar lugor o Mario em nauo Movi-
monlo:t. Dal uma quantidade de livraI escritol não por amor 4 Mario,
ma , c;:om o desejo de de fender o Movimento. Pois o Movimento 6
sempre, paro OI seus membros , a lei supremo.

Noceuidodo da Igreja

Devo ocrescentar que, durante todo o tempo em que fil perte


do RC, live cont.dênda do Importância de uma orientação seguro.
Observava a COll'lportoméRto de nossol padres e Religiosos Carismá·
ticos o fim de me inspiror néle. 1110 dê nodo me serviu, pai. o seu
entusiasmo no procuro dos daR . extraordinários do Espírito .á mo
desnorteou. Numa reunião de responsáveis realiledo num canvenlo,
ouvi umo Rcll9iosa minimi&ar o neçessidade do Santíssimo Sacramento.
Muitol vel.o ~ ouvi também 05 rcsponsáveis dizer que em nOllos dias jó
não precisamos dOI Santos, pois o Esplrito Santo ogc em todos de modo
espedal. Um dOI dirigentes no Inglaterra Setentrional di:r:io que o
purgolório não existo.
Cen suravam- me por ser demasiado dogm6tko. Aqueles que °
dil.iam, eram católicos. A mor porte dos coisolll .q ue eles diziam era
veridico, mal não pOllovom de tec o,do~ões verbais do pau ado. poi.
0$ palavras que elo. utilil.ovom não e .. primiom o seu verdadeiro moda
de pensor. Este progre uivomonle se ofal toro do conceito de Igreio
eCo,po Místico cfe Crislo:. e, paro todos, neceu6rio iOllrumento de
lo[va~õo.

Os abu505
A mudança ocorrido no modo de pensar dos carÍlmólkol não
transporece necessariamente no s.eu comporlomenlo visíve l. Quando o
.uo atitude poro com ° Igre ja difere da dOI cot61icos propriamenle
dittn, difere por poretêr mais ostensivomenle piedoso. A mudança se
revelo, antes, numo sé,ie de atitudes liberais que levam o graveI erros.
Conheço muilos católicos cultos e até Religiosos que estimulam os não
católicos o receber a Eucoriltio . ConheÇO ministros do Eucaristia que
trazem consigo o Sontllsimo Sacramento poro se de-fender das influ.1-n-

-378 -
____________~R~EN~O~V~A~ÇA~O~C~A~R~I~SM~ÁT~I~C~A~_________ U

cios diabóliecu. Conhec:o eolólieos que não rec:onhecêm diferença entre


a Missa celebroda por um sacerdote cat6lico e (] Missa ct:lebradCl por
um minislto onllli'ono. Em lodos estes casos, tralo·se de católicos
membros do ,",novação Corilmólico, Se flue Movimento c chamols. os
pr • • blterol (I umo autêntico renovocõo:., tais (oisos não deveriom
acontecer. NCi .... rdodCl, par6m, anel desvios não .ão folos exlra-
ordinórios dentro do Movi mento ne~ se limitam (] um sô terril6rio.
Nas Minos c:orismóticas não foro observam-se muitos monif.slo-
çõos ~."fim.nlois . Com que ardor OI devoto. sa COlllpro:r;em nino!
Com ql,le insistência febril c onvidom o s outrol (I participar d. umo
Miua ",tão autenticamente como nunca :. ! M.uitas vezes essas Missas
são multo moi. langol do que OI habituais, pois 16 ocorrem danc;os,
aplausos, cantos, línguoc, profecias .. . Di:r.em OI participanle,: ..
li: licito ulernar a s emocÔf' numa partido de futebol, por que não ai
manife star quando estornos no presença de Deus? Dancei em torna
de santu6rios, de môos dado," (om sacerdotes, Religiosas e 1.lgo,.
I: o que habitualmente lt chamo «dan(or no Esplrilo:t. MuilClI 'o/e:r.es,
ma. não tempr., tal pr6tico ocorre OPÕ$ (I S. Comunhão. Por vez:.s,
pedem Ô ouembléia qoUe reu poro obter (I manifesto(So do Espirito
ou o Bolismo no Espírito; islo o(onlace no sonlu6rio da igreja. Tal
cerimônia pode desenvolver-se lonlo durante como após a Mino.
Muitas ve:r.es vi de:r.enClI de pessoal proltradas lobre o pO'Yimento do
coro . •. Segundo o teologia carismálico, o espetóculo dos corpo'
estendidos li: 11nol segl,lro da presença da Espirito Santa. Por vezes
designam tal manifeslação pelos polavra$ emorlo no Esplrilo ~ .

Advel1'ncia dos Sumos Pontifices

... No dia 3 de setembro de 1969, falando dos c;orismóticos el'll


geral, incluidos os 0'01,1101 de, 'eforMOI lo~i o il, o Popo Paulo VI chamou
a otenc;ão poro fen6me nos que e:nõo somenle estõo em controdic;õo
com Q Direito Canônico, mos ferem o âmogo do cullo 1:;olôlico. poil
vemos que se emancipam dos estruturas institucionl;lis dl;l Igrejo oulln-
tica real e humano, no fala cioso esperanc;o de instl;luro, um Cristianismo
livre, purornente ccnismôlico, mos, na reolidode, amorfo, esvoecenle,
exposto o lodos cu conentes do poh,QO e do modo •. Uma semono
depois, vollou o folor do e:rccurso o idealogi(ls arbitr6rios, g lupofic;õo
gratuito de falos carismáticos, o fim de preencher ° vazio interior
oberto pelo perda da confiança em Deus e 1'105 dirclriz:es do Igrejo »,

Aos 204 de setembro de 1969, Paulo VI 10rnou 00 01$1,11'110: cÃo


falar do Igrejo de I'IOSSOS dias, muilos se di!:em inspirados por espírito

-379 -
24 ",PERGUNTE E RESPONDEREMOS.. 282/1985

profético. Proferem afirmações arriscadas e, às vetes, inadmissíveis;


referem·~ 00 E.pirila Sanlo corno se o Divino Paráclito eslivesse sempre
(I serviço deles, Alguns o fo&em, infeli&menle com a intençéio, nCio
confessoda, d. s. emancipar da magislério da Igreja, que goUl da
auistincia da Elplrita Santo. Oeus permita não caUle grondes dgnos
a presunção etenas peuoos, quo consiste em fazer do seu 11,11%0 ou da
suo expariincla peuool o regra ou o crité rio de doutrina religiola.
Queira Deus impedir que se deixem iludir os peUOQS de boa vontade,
(10 considerarem es!.as opiniões porticulares 1:omo dons c:arism6ticos
• inspirações profêticou.

Âos 26 de outubro de 1974, Paulo VI aludia gS comunidades


corÍlmóticol propriame nte ditas: c Nolomos com sotisfaçõo que aspiram
(I ser movidal pelo E.plrito Sonto. Mas essa aspiração leria frustrado

le o suo vida e<lesial no unidade do ":'nico Corpo do Crislo se apagaue


ou se emancipasse da legftimo autoridade; ou se se entregoue o inspi.
roções f)Orticlllorel e arbitrárias.

o Papo Jooo Paula I muito falou Q respeito ontel do lua olelção.


O curto ,prazo dO I luas func;ões de Vig6rio de Cril to no lerra, 33 dias
apenas, leve o vonlagem de dor a conhe<:er 00 mundo o que ele
redigira onteriormenle. Dirigindo-se o Santa Teresa de Ávila no seu
livro cilluslrin iml ... •• escreveu, ",Em nossos dial tamb6m, Terela,
OUvi"'OI falar de donl carismáticos e de hierarquia. Pai. qve ereis
elpeciolista neste s ossunlol, permili. me extroir dos Val ias obrai CI
seguintes prineipiosl

11 O Espíritc Santo est6 acima de tudo. Os donl corismólicos


como as foculdadel de nonos poslores vêm dele. Ele velo pata que
reinem harmonia e boo vontade enlre o hierarquia e os carismáticos.
Ele auim liIaronht o unidade do Igrela.

2) A. pess oas agraciado s com dons ca,ismálit:ol e a hierarquia


são "ecenários -à Igreja, mos de maneiros diferentes. As primeiros
faum os veres d. aceleradores; contribuem poro O progresso e o
renovClC;õo. A hierarquio deve servir de freio; ela contribui poro o
estabilidade e a prudê ncia .

31 OI cori.máticos e o hierarquia par ve;z:es.e manifeltom lobre


os melmOI Olluntal. Como o hierarquia te m por lorefa re gulamentar
OI principoi. manHetlações do vida do 19reja. 001 carismótico, não
~ lícito apelar para suas visões o fim d. sublrei'-se à s direIJir.es do
ti i.rarClu; a.

-380 -
RENOVAÇAO CARISMATICA 25

4) As experiências carismôticas não são o pri... ilégio de quem


quer que seja. Podem 10' conçedidas a qualquer crbtão: sacerdot.s
• loil)os, homens. mu lh.r... .. Em voss(! divro deu Fundações" . leio:
' U..,o pe nile nt. dizia 00 54U confessor que Nosso Senhoro vinho
freq ü. ntemente visit6-lo, entrelinha'le com a devota durante umo hora,
r..... lando·lhe o fuluro e muilas outras coisas. Dado que olgumo. ver-
dades emergiram deuas 10Uce., o conjunto toma ... a oparincia de
v.rdade. Então eu disse ao conf.sso r que aguardasse o cUfllprimel'lto
dos prof.cias e procurasse conhecer o vida da penitente para v.r se
trazia outrOI sinah de santidad•. Ao final ... ficou compro ...odo que
todas as opregoodas ... isões não possa...am de puro imaÇllnaçóo·. Cara
SOl'lto T.re,o, como sorio bom que penfofs. is em ...oltor a luol..,. ntel
Em lodo parte ou.... ·.e a pala... ro 'corismo', Os mais ...oriados lipo. de
peuoas IÔO conhecidos como profelol, oi' os estudan tes que enfr.ntam
a polido na, ruas ou que praticam o guerrilha no Amét-ica lalino ... 1
Outros lentom opor os cari.mciticas ao, seus pa.slares. Que dirl.i, d.
tudo i,.a? •. Vó, que obedecl.i. ao vosso confessor m.smo qvondo
cn leus conselhos diferiam doquole. que Deus "'01 inspira ...a no oraçôo?

Nosso olual Papa, João Paulo li, quando se dirige (I corismáticos


lenl.ndidol no sentida deite artigo), exprime geralmênte o leu praur
.m recebê· los e em ...e rlficar que qui n ram ir a Rama, pois esta opção
significo que compreendem o imporl6ndo do seu e nroizomento na
unldade católica da Fé e da Caridade, da quol a C':'tedro de Pedro
é o centro visi ...el. A seÇl",ir, ele transmite OI seUl eruiAomenlos, que
conslslem numa série de 'korlações à p,udêncio. dos quais eis as
principais:

11 Fidelidade O: autêntica d outrina da Fé. O que contradigo


o e na doutrino, não vem do Elplrita.

2) Volorizacõo dOI do"s outorgados poro o Je rvlco do bem


comum.

31 Ter sempre em ...isto a cariclode que, só elo, leva o (;tiltõo à


perfeição.

CitemOI ol,gumol do. declaracões que Joõo Poulo 11 julgou


necenários,

cO. locramenlas comun lcom o graça, de acordo com a manifeslo


vontade de Cristo,.

-381-
26 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 282/1985

cO Espíríto Santo que distribui os seus dons em medido ara maior,


(lrQ menor, é o mesm(l qUe inspirou OI ESc;riluro.s e que ossiste 00
mogistério vivo do Igt.ejo, à qual Crist!) 1:01'lfiou o autêntico interpre-
taçõo das Escrilurclt:t,

.Vós quo esloi, Q frente da Renovação, ne1:eni'ois de formoçgo


Icmpt'e moi. profunda (I respeito do qve a Igreja cn,ina, filo elleHO
°
a tarefa bimile1'lar de medito( Palavra de De us, Investigar OI riquezas
da mesmo e d6-lal a conhecer 00 nlUndoll,

cOe acordo com o Providêncio Divina, 005 Bispos toco o rOlpon,o·


bilidode pa sloral do ~uiar todo o Corpo de Cristo " , Apresentorõo
iI Renovaçôo Carlsmótico OI necellárlas di,elrizeu,

«Ao Bispo compet e ti func:ão única e indispensóvel de garantir a


inlegr(lção do Renovação Corismólka na vida da Igreja a fim de que
o Movimento escape à lendendo de crielr estrutureis morginoin,

A import8ncla do. sentimentos

Em outro discurso, 001 23 de novembro de 19B1 , oS, Podre


disso ai1'lda . «Não faltam ';11:05 , Sobei, quais sao: por exemplo, o
ellogerodo importlincio o"ibuído à ellperi8nc10 sentimenlol do divinOj
a procura imoderada da 'espetacular' e do 'extraordinário'; o 90sl0
dos interpretações precipitadas e errónoas da E.crituro j o fechamento
. ohre si mesmo e o fugo dos compromissOI opostôlicos; o nafcisbmo,
que ilolo e 'echo sabre.i. Estu e outras riscos se aprelentom no vosso
cominhoda, e nõo somente na valSo_ A prop61ita dir,vol-ei com São
Paulo : 'Ellomina; tudo, " guarda; cuidadosamente o qUe é bom', Par
conseg";nto. mantenhamo.nOI em constante e grato disponibilidade
frent~ o todo dom qu.e o Espirito queira comunicar-nos. todavia lel'll
esquecermos que todo carisma é dodo em visto do bem comum, Como
quer ,q ue sela, aspirai 001 dons mais elevados. A este propósito sob.i,
que exist. uma via ainda ",oil ellcelen te, Sãio Paulo a aponto numa
p6gina elllroordin6ria : é a via da caridade, que, por si ,6, confere
.ignificodo e valor a lados 01 outros dons, Animados pela caridade,
nõo lamente elCUtar.is espontônea e docilmente aquel •• que o Esplrito
constituiu qualificados administradores da Igreja de Dou., mos •• peri-
menlare's O necenldade de VOI Clbri,des a uma compree1'llõo sempre
mais alento dos vossos lrmao) e de vonol Irmã" ti fim de lerdes com
ele. vm .6 coraç60 e uma sô alma,

- 382-
RENOVACAO CARISMÁTICA 77

Oelle prop6sito decorr.râ a verdadeira fenova~lio da Igreja


almejada pelo Vaticano Il. Vós vos esforçareis por incrementá-Ia me-
diante a Qro~õo. o testemunho e o serviço. Com efeito, Q Exortação
Apostólica 'Catec;h.si Tradondae' o lombro : 'A renovação no Esplrito
nró aut6ntico e procuz.iró frutal copiosos na Igreja, menos por suscitar
carismas extraordinários do que por 101/0r ° moior num.ro posslvol de
fiiil, na lua lu:istência cotidiana, (I um esforço humilde e pacienle o
perseveranto poro conhecer e lesterumhor cado I/ell: melho r ° misti,.io
de Crillos .
esles dizeres todos nos mostram bem quonto o Sonto Padro deseja
desvior leus filhas de caminhas que sejam perigosos para eles.

REFLETI NDO ...


A leitura da artigo de Hilãrio Campion sugere·nos a.&
seguintes ponderações:
1) O autor tem em vista particularmente a RC como se
apresenta na Gri-Bretanha e na Irlanda. Talvez nem tudo o
que ele aponta de negativo, se verifique também no Brasil.
Todavia sabemos que sérios desvios têm ocorrido entre os
membros da RC: obsessão por dons extraordinários. procura
(talvez inconsciente) do cespetacular» e destral», aberrações
psíquicas apresentadas como dons do Espirito Santo,.. Em
outro plano, verIfica-se certa cprotestantização:t do Catolicismo,
poiS há ccarismâtloos:t que julgam ter a iluminação direta do
Esplrito Santo e dispensam o magistério da Igreja e as suas
InstitulcõcS oficiais. A isto associa-se o subjetivismo em maté-
ria de fé : o Credo é alterado, os _iluminadOS:t crêem e vivem
a seu modo .. , Estes e outros males ocorrem realmente na
RC do Brasil, e devem ser francamente apontados para que
os fiéis bem intencionados se acautelem e não sejam levados
para onde não Imaginam nem querem.

2) Jt certo, porém, que e. RC tem feito e continua fazendo


grande bem a muitos dos seus seguidores, levando~s a desco--
brir a união com Deus pela oração, a leitura da Biblla e a. c(m-
versão de seus costumes. Todavia, para que não se deteriore
o Movimento, taz-se mister que

- 383-
28 .. PERGlINTE E RESPONDEREMOS. 262J198S

- consenre sua incondicional fidelidade ao sacramento da


Igreja i este comporta magistério e instituições visiveis. .. _ que
se tornam canais da graça de Cristoj o mistério da Encama·
ção se prolonga no Corpo de Cristo, que é a Igreja (cf. O 1,24),
de modo que é utópico encontrar a plenitude dos dons de Cristo
e do Espirito sem fiel adesão à Igreja fundada pelo Senhor
Jesus;

- a humildade seja cultivada, de modo que ninguém pre·


suma ter facilmente dons extraordinários e inspirações diretas
do Esplrlto;
- OS dons extraordinários sejam considerados com grande
sobriedade. Não são essenciais à santlficacão do cristão. Os
mestres da vida espiritual exortam à desconfiança desde que
alguém julgue estar recebendo dons extraordinários: 8 vaidade.
o amor próprio, tendências psicopatol6gjcas, IgnOrância e outros
fatores podem explicar o cextraordinário. em muitos e muitos
casos. De resto, a procura insistente do extraordinário ê. não
nro, sinal de pouca fé. «O justo vive da fé. diz São Paulo
(Rm 1.17; GI 3,11: Hb 10,38). Isto é. vrve do claro~uro ou
da penumbra e não de milagres ou sinais portentosos.

Cremos que, se forem observados todos estes princlpios,


a RC tem um papei multo salutar a preencher na Igre1a do
Brasil. Que o Espírito Santo oriente o Movimento e o conserve
na pureza de seus ideais!

-384-
No diálogo .cumênlco:

A Igreja Proibiu a Leitura da Bíblia?


Em alnt...: A história da 'gteja INI6encla que esta li tavor'vel 1
lalluu e dlluslo da S, escritura, Palavra de Deus e manancla' da vida
esplril....1. Houve, por6n, aéculos da Idade M6dia • da Modema em que
a Blblla 101 Obj8to de abusos por parta de hereges, que 58 serviam do texto
Agrado para Incutir propo.JçOet çonlr',1u , constante lê d& rg.eja. Ud_
segundo critério. aubjetlvos ou da aco rdo com o "Iiv'a edme-, a Blblla ••
ples,...._, a p'asta ainda hoje, lU mal. esc!'(lIculaa Interpretaçoea, Ele por
que, princlpalmenle no .ikulo XVI, a Igreja emitiu nOMlu que restringiam
o uso das IraduçOea verntculas da elbllai esta ficaria patente, em '1,1'
larma lallna, a lodos 01 IlIudloso"
No ,6culo XX, passadas as dlllcels condlçOes das epoc.. dos Relorma-
dores li do Janlenlamo, a Igreja Incentlv. os lIéla , leitura • , dlful io da
Blblla, como fulam 08 antlgol mellr., do Cristianismo.

• • •
Ouve·se, por vezes, dizer que a Igreja proibiu aos fiéis
católicos a leitura da Biblla, A afirmação, porém, costuma ser
vaga ou destituida de documentação, de modo que geralmente
não se sabe até que ponto possa ser verídica. Eis por que nos
voltaremos para o assunto, percorrendo quatro penodos da
história da Igreja, durante os quais Bispos e mestres se pro-
nunciaram sobre Q leltul'Q elas Escrituras.
1, A época antiga
Nos primeil'Os séculos. ti Escritura era o tema das prega-
ções na Liturgiaj a teologia era cultivada como se fosse sim-
plesmente exegese da Biblla. A vida espiritual dos fiéis se
nutria ricamente do texto sagrado.
Examinemos alguns testemunhos desse uso freqUente.
Nos séculos n/m, TertuUano (t 220) enumeravaJ entre
os males decorrcnt~ dos casamentos mistos, a dificuldade de
se ler a S, Escritura em familia: .tQue será feito do estimulo

- 385-
30 cPERGUNl'E E RESPONDEREMOS. 282/1985

da fê para ler as Escrituras? (Ad Uxorem li. Co 6). Este


texto supõe que era costume ler a Escritura no lar cristão
_ o que dar ia como froto um aumento da fé.
A DhJascalia Apostolonun, capo 2 (inicio do séc. lU) , con-
firma a proposição acima ao dizer; cEsteja (a Escritura)
neste lar, e leia-se na Ui, no livro dos lüis, nos Profetas e no
Evangelho (que ~ o cumprimento das profecias) :t.
S. Ambrósio (t 397) convidava os fiéis a ler a S. E$Cri-
tura e a traduzi-Ia em, vida. Os escritores sagrados não devem
ser personagens esh ·anhos ao leitor, mas, ao contrãrlo, com
eles h aja um diâlogo muito vivo:
c Exe rcile mo- nos d ioriomenle no leitura e procuremos imilor o que
lemos . .. Recorre, como o leus conselheiros, a Moises. baias, Jeremias,
Pedro, Paulo, João e ao Grande Canselheiro: Jesus, Filho de Deus:t
(Enchlridion Asc:.tkum nt "19).

S . Gregório Magno ( t 6(4) assim escreve ao médico Teo-


doro:
«Que ~, pois, a S. Escritura lenão umo corlo provenienle de Deus
(11 criaturat?
SUOIi

Ora todo aquele que recebe uma carta, é curioso por


conhecer o seu conteúdo:
«O Imperador do du, o Senhor dos homens e dos anjos, q'Ue rondo
que vivos, enviou-Ie 'UQI ( orlOI e, nóo obslonte, filho querido, del-
c:uidos-II: de ler essas minivol. Po(o·le, pois, que pro cures meditar
todos os dios os palavrol do le u Criador. Reconh ece (I COfa(ÕO de
Oeul em IIKJI pala vras. o fim de que suspires mais o rdenlemente pelos
c:oisos elernos e Icu c:o.acõo IC a cendo lI"m maio...., d .. sejos dos oleg,iol
caleuliois» I;b. n' 1 . 2U I .

s. Jerônimo (t 420) é, dos escritores latinos, o que mais


insistiu na leitura da Blblia. Assim escrevia a Eustóquio. filha
de Santa Paula:
«li com frequl nd o e aprende o melhor que panos . Que o lono
le enc:ontre com o l1"ro nos mgos e que o PQgino sagrado acolho (I
teu rO l lO vencido pelo so nM IPL 22, "0"1 .

- 386-
LEITURA DA BIBLIA NA [CREJA 31

A outra dirigida sua, Pacâtula, S. Jerônimo escreve, fa-


lando de uma filhinha dessa matrona cristã:
«Quando cOltlpletar .ele anos. . . , aprenda de cor o .oltério e,
duronte o. ono, do .ua adole,dnciCl. faço dbs livros de Salomão, dos
Evangelhos, dos Apóstolo, e Prof~la, o tesouro do seu c:orQCõo~
(EndUridion Asutlann n' :i 151.

Finalmente, dirigindo-se a Fúria, viúva do filho do pro-


cônsul Probo, escrevia:

«Guarda na memó,lo um numera deler,,"nado de versículos do.


Salilrado~
E.crituros: cumpre esle dever que tens paro com Deus e não
di, delcanlo a teu C:OlpO ontes de ter alimentado 'eu ~Iplrito com .sta
delicado larefa:t (ib. nt 5151-
li: notável a insistência rom que S. Jerônimo incute a assi-
duidade na leitura das páginas sagradas.
Entre os mestres gregos, S. João Crisóstomo (t 407) com-
para a Sagrada Esc.r1tura ao paralso terrestre:
cA leitura dOI Sogrodas Escrituras é um prGdo espiritual e um
,paraíso de delicio I. . • Este porolso, Deus o plantou "(ia no terra, mal
noS olmos dos fi'is, de modo ,q ue não est6 confinado em um lugar, mas
se .st.nd~ a todo aterro» IPG 59,871.

o santo doutor recomenda aos fiéis na igreja que, uma


vez tornados à casa, tomem em mãos os livros sagrados e
procurem penetrar no sentido das verdades que lhes foram
propostas.
E qual a finalidade da leitura blbllca? - Eis o que se
pode depreender dos dizeres dos antigos doutores :
1) A Escritura é alimento da vida. espiritual:

S. Beda, O Venerável (f735): cLeite e mel, eis o que são


o AnUgo e o Novo Testamento na Igreja.. (PL 91, 2MD).
S. João Crisóstomo (t 407): «O gosto da palavra de Deus
é não somente mais doce do . que o mel, mas também ê mais
precioso do que ouro e pérolas, mais puro do que a prata:.
(PC 51.2(7).
S. Gregório Magno (t 604): cA Escritura Sagrada ê nosso
alimento e nossa vida» (PL 76,886).
-387-
32 cPERGUNrE E RESPONDEREMOS" 282/1985

2) O oollbeeimento das Eserituras é meio valioso para


venoer as pa.JJOOes:
S. Jerônimo (t 420); cAma a ciência das Escrituras, e
não amarú os vicias da carne" (PL 22,1078).
S. João Crlsóslomo (t4Q7); cA leitura das Sagradas Es-
crituras livra o espírito das chamas de todos OS maus pensa-
mentos. (PG 51,89).
cAssim como os que estão privados da luz não podem
andar bem, asslm os que não gozam dos raios das Divinas Es-
crituras necessariamente pecam e erram com freqüência, visto
que andam em meio a obscuras trevas. (PG 60,3915).
3) A razão mais profunda. é a. seguinte:

S. Jerônimo (t 420): cA ignorância das Escrituras é igno-


rância de Cristo. (PL 24,17).
cBebc das duas taças: a do Antigo e a do Novo Testa-
mento, porque em ambas bebes do Cl"isto. (PL 24,983).

Pal"8 que o contato com as Escrituras seja fecundo, os


mestres anUeos recomendam que seja feito dentro da tradição
viva da Igreja: cLelte e mel, eis o que são o Antigo e o Novo
Testament() dentro da. Igreja.».
Por esta razão, S. João Crisóst()mo, depois de recomendar
a assídua leitura das Escrituras em casa, onde talvez não haja
quem a intel'Prete, acrescenta:
«Por isto n6s, que conhecemos V05501 preocupO\;õel, trobolhol e
muit05 ofozere5, pouco o pOuco vos fazemos peneirar no lenlido da
&criluro, .. com uma e.PQslcão lento procuramas que se fi.e mais
tenamlenle Q memória dos coisas que vos dlzemon (PG 51,90).

Os próprios mestres anUgos procul"avam o contato com a


tradição da Igreja, cientes de que a Escritura é berçada pela
Palavra de Deus 01'8.1, de modo que só pode ser devidamente
entendida &e colocada na linha dessa tradição. :e:
o que Ruflno
de Aquilêla (t 410) refere a respeito de S. Gregól'io de N a-
zianzo (t 390) • S. Basilio (I 379):

-388 -
LEITURA DA BIBLIA NA IGREJA 33

«Durante 'reu Clnos - segundo di&em - , tendo deixada de lado


lodos os livros PQ.9ãos gregos, 4Intrti0ram-$e 00 estudo dos livros do
Escritura Divina, que eles prCKufClvom entender, apoiados não em seu
jul,o próprio, mos nOI elcritos • nQl autoridade dos antepassados»
(Hilló,io da Igreia Pl 21,51881.

Verifica-se, portanto, que na fase antiga da história da


Igreja a leitura da Escritura era grandemente estimada e rec0-
mendada. - Sobreveio

2. A Idcrd. Média

2.1. Continuasâo do UIO dáulco

Nesta época a Escritura conUnuou a ser intensamente


utilizada

- nos mosteiros, cujos monges praticavam a lectlo divina


ou a leitura cspll"ltual. voltada principalmente para n Palavra
de Deus;
.,
- no cultivo da Teologia. Esta ainda no século XIn era
Simplesmente chamada sacra. pagI~ pois era elaborada à guisa.
de comentârlo do texto sagrado.
2 .2 . O onolfabetism~

Todavia um grande mal afligia as populações da Idade


Média: o baixo nivel cultural ou mesmo o analtabetismoj a
queda do Império Romano ocidental em 476 provocou o colapso
da civUlzação antiga e o decllnio dos estudos em geral. O
clero recebia instrução; mas os leigos, quer prlnclpes, quer
camponeses, freqüentemente não sabiam ler. Este lato criou
distAncia entre os fiéis cristãos e a Biblla; a própria piedade
se ressentiu desse afastamento. Toda\ria sempre se ouviram
vozes que atestavam o lISO da S. Escritura. Assim, por exemplo,
S. Anselmo de CantuArIa em 1109 exortava a ler a Escri-
tura, porque cela mostra como devem viver tanto os monges
como aqueles que moram em palácios,.. Ac1'l!9Centava que,
quando os leigos não podem ler ou interpretar a E5crltura por
falta de instnlção, cdevem deixar que sejam eselareddos, como

- 389-
34. "PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 28211985

fazem os reis. pelos bispos e os clérigos do seu relno ~ (trans.


crito da La Lectura de la. Biblia. por Rubén Boada. em BAC
n' 284, p. 771; ver bibliografia no fim deste artigo) .
Ruperto de Deutz (t 1130) considerava dnescusáveis a1·
guns leigos que. por exemplo, não celebravam nenhum dos dias
de festa que consistissem em ler ou ouvir a S. Escritura ou,
por amor a esta, abster-se dos habituais t rabalhos servis.
(lb. p. 771).

Um médico e filósofo conhecido, Antonio Galateo. escrevia


A um amigo: «Se queres ler meus escritos, I'(!comendo-te que
primeiro leias a Sagrada Escritura. a qual é a Contê da santi·
dade e a norma de uma vida reta e feli:l. Depois estudarás os
ensinamentos platênicos e aristotélicos ~ (ib. p. 771) .

o livrinho intitulado SotJentrost (Consolo da Alma) . es-


crito "em 1407, publicado em doze edições sucessivas até 1523,
exprlmia~ do seguinte modo:

«o consolo do olmo e5l6 n05 ensinomentos d i...inos e no medita-


ção do Sagrodo Escri turo. De ...el ler. ou'W'ir com prozer OI livrol do
°
Biblio, porque, assim como corpo ... i .... do alimento terrestre, o olmo
'W'i ... e do mensagem divino; sim, o homom ... i"'e não lomen le do pao
<olidiano, mal tombem da Pola ... ro que sai do boco de De ul ou do
Sagrado Escril uro ~ {ib. p_ 7711.

Pedro de Blois, por volta de 1200, depois de dizer que a


Sagrada Escritura era para os monges algo de Indispensá.vel,
acrescentava: _Se és leigo, lê a Escritura com mais zclo ~
(lb., p. 771).

o livro Spiegel des krankea. und sterbenden l\(enschen


(Espelho do homem doente e moribundo) recomenda viva·
me nte cler a Escriture» ou, em caso de não sabe r ler, escutá·la:
cTodo hamem que d"eie exercitar-se e progredir /lO amor d,
Deus de.... - Sll conhece os letra. - ler com prazer o SOQroda Escri·
lura; se nõa o é, cf",v, ou";, d, boa vontade a santa e divina Pcliavro
d,.d. que Cilme<:a a UIO da rozõo até D mortu (ib. p. n
11 .

-390-
LEITURA DA BIBLIA NA IGREJA 35

Mais ainda: na [dade Mêdia publicaram·se excertos ou


sínteses de livros bíblicos com imagens a fim de atingir o povo
simples. Tenha-se em vista a Biblia pauperum, provavelmente
do sêculo XUI, e o Speculum huma.na.e redemptlonls do
sécu10 XIV.
No fim da Idade Média foi« difundindo o interesse pelas
Escrituras - o que se deprcende especialmente de traduções
para 8S lInguas vernáculas. Antes de 1500 um catálogo de
códigos mencionava 122 edições completas da Blblla: 94 em
latim, 15 em alemão, 11 em italiano, uma em boêmio, wna em
francês e uma em catalão. Aliás, na Espanha já se lia a Bi·
blia em lingua vernâcula antes Ije Afonso X o Sábio (1252-
·1284). Portanto, muito antes de Lutero (t 154.ó) existiam
traduções da Biblia para as lingu as usuais entre as populacões
de diversos paises.
Além do mais, note-se que a Biblla, não legível pelas mas·
58S analfabetas, era transmitida .1. estas pelos canais da litur-
gia, da catequese e, especialmente, da arte (pintura, escul-
tura ... ); esta última era o livro dos iletrados, pois lhes per-
mitia aprender as coisas que eles não podiam ' depreender dos
livros.
Consciente do valor das Escrituras, o autor da Imitação
do Cristo no sécul<l XV escrevia, 3. respeito das mesmas, pala-
vras que se destinavam a ter enorme penetração no povo de
Deus,

«Oesle-"'6, COMO á 011'1 enfermo, teu sagrado corpo c;omo alimento


da alma e do corpo, • lua divina palavra paro que guiaue, como uma
llimpada, os meus panos, Sem eiloi duos coisai, eu nlio pode,ia viver
bem, porque a Palavra de Deus é a luz da olmo, e leu sacnlmenlo o
pào da vida. Eltal dual coisos podem ler cOfllieleradas como dUOJ
meiOScolocados 110 tesouro do Santo 19,ejoD 11. IV. c. 111.

2 .3 . Nuven. allMOçadoral

Em todos os tempos - tambêm na Idade Média - a


Igreja se viu obrigada a velar para que a S. Escritura nAo
fosse objeto de Interpretações arbitrãrias e fantasiosas; com
efeito, sempre houve faCÇÕeS que procuravam fundamentar
'suas concepções imaginosas mediante a autoridade da BEblia,
afaslando-se assim da autêntica mensagem de Cristo.
- 391-
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 282/1985

Na Idade M&lia, vãrlos pregadores apareceram que, com


a Biblla nas mãos, agitavam OS fiéis e negavam verdades da
fé. Dentre estes, dois merecem especial destaque pela infiuên·
da que exerceram sobre os p6st~ros.

Os Valdenses devem sua origem a Pedro Valdo (Pierre de


Vaux), rico comerdante de Uão (Franca). Profundamente
abalado pela leitura da Bíblia, que ele mandara traduzir pua
o provencal por dois clérigos em 1176, pôs-se a pregar, junta·
mente com alguns companheiros, baseando-se unicamente na
Blblia; esta era. a única nonna de doutrina e vIda que aceita·
vam; os valdenses aprend!am de cor e comentavam a seu modo
trechos: dos Evangelhos e partes eonsiderãvels tanto do Antigo
como do Novo Testamento. Com o tempo. foram·se mais e
mais afastando da Igreja, negando o purgatório. o valor da
oração pelos defuntos, o culto dos santos, o serviço militar, o
juramento. etc.: só admitiam os sacramentos do Batismo, da
Eucaristia e da Pênitêncla. No século XVI aderiram à Re-
fonna protestante.
Jdh.n Wicle! (1320-1384), professor de Filosofia e Tecla--
gia na Universidade de oxtord, estabeleceu também como
única nonoa de fé a Escritura, que, em parte. ele mandou tra·
duzir e, em parte, traduziu pessoalmente do latim para o Inglês.
Em suas pregações, que citavam a Bíblia subjetivamente inter-
pretada. negava a autoridade do Papa, a transubstancIação
eucaristica, Q confissão auricular. o culto dos santos, das reli·
qulas, das Jmagens sagradas ... Segundo WicJef. a Bíblia, espe-
cialmente o Novo Testamento, 4:estã aberta à. compreensão
dos homens mais simples no que toca aos pontos necessários
l!. salvação ...

Sobre este fundo de cena entendem-se as interv~nções do


magistério da Igreja que tentavam coibir o abuso das Escrl·
turu diwIgadas em vernáculo e interpretadas arbitrariamente
por seus arautos. Tenham..se em vista. por exemplo, os pro-
nunciamentos do Papa Inocêncio m (1198.1216) referentes à
diocese de Metz (Alsãcla, França) : o bispo desta cidade comu·
nicara ao Pontífice que um grupo de pessoas da diocese havia
mandado traduzir livros da BlbUa para o francês no intuito de
comentá·los e dlscutl·Jos em grupos fechados,. .. grupos que
não admitiam quem náo estivesse de acordo com eles; admoes.
tadas por alguns sac~rdotes, tais pessoas havlam·lhes resls·

-392 -
LEITURA DA B1BLlA",-,N!!A"-,I",G",REJ",,-,,A~_ _ _--,32!'

tido. O Papa então escreveu duas cartas: uma ao Bispo e ao


seu cabido; e outra, a todos os fiéis da diocese de Meu. Nesta
última observa que
- a pregação do Evangelho não se deve efetuar em grupos
fechados, mas de maneira pública, c cita Mt 10,27 e 30 18,20 I;
- tal é a profundidade das Escrituras que não SÓ os sim-
ples e analfabetos, mas também os prudentes e doutos não
estão habilitados a entendê-Ias plenamente;
- é necessário ter uma emissão» (incumbencia atribuída
pelo bispo) para pregar.
No final o Papa exorta os fiéis a que mudem de atitude e
sigam a fé católica e a disciplina da Igreja. Vê-se que o movi-
mento valdense estava nos horizontes do Pontlfice.
No primeira carta Inocêncio III pe-dia ao Bispo de Metz
que procedesse com prudênCia e Indagasse solicitamente a res-
peito da problemática, para que ele, Papa, pudesse tomar pro-
vidências.
Como se pode observu, estes textos não proibem a lei-
tura da Biblia, mas têm em vista coibir possiveis erros decor-
rentes do indevido uso da mesma e do subjetivismo dos intér-
pretes.
No mesmo século XIII propagou-s<> a seita dos cátaros,
Que eram dualistas, isto ê. avessOS à matéria como se esta fosse.
por si mesma, ma ; já que t~nlavam fundamentar-se t ambém
nas Escrituras lidas sem critérios objetivos, o Concllio de To-
losa (França) em 1229 proibiu o uso de traducOOs vernáeulas
da Biblia. Esta disposição roi confirmada e reiterada pelo Con-
ema de Tarragona (Espanha) em 1233. A mesma proibição
ocorre num decreto do rei Jaime I, o Conquistador, da Espa-
nha, que aos 7 de fevereiro de 1235 estabelecia: «Ninguém
possua em vernáculo OS livros do Antigo e do Novo Testa-
mento. (cf. Mansi, Coneillorum Amplissima Collectio 23,293).

I Ml 10,27: MO que '1'0$ digo nn !' (lV'" di nollo, dlzal-o Im plena


luz; I , o que o uvls e m lagrldo, proclamal-o sobre os terra;os".
Jo '8,20: - Fatel abertamante lO mundo: ensinai •• mpra na .Inagoga
Ino Templo , onda se reunem OIludlu,. Na da disse as oculta.~, d.... Jesu • .

- 393 -
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 282/1985

No século XV, dada a agitação provocada por Wiclef e


sequazes entre os fiéis, as autoridades eclesiásticas da Ingla-
terra l'êunidas no Sínodo de Oxrord (1408) proibiram a publi-
cação e a leitura de textos vernáculos da Biblla não autoriza·
dos. O mesmo se deu no Sínodo jos bispos alemães reunido
em Mogúncia no ano de 1485.
Passemos agora aos séculos XVI/XIX.

3. Do século XVI ao século XIX


1, No século XVI a Reforma protestante apregoou as
seguintes teses t'eferentes às Escrituras Sagradas:
a) a Biblia é 3. única fonte de revelacã,o divina e a única
autoridade decisiva em matéria de fé e de costumes;
b) a única norma de intcrpretação da Bíblia é a intuição
subjetiva que cada crente experimenta ao ler- a Biblla (<<livre
exame,) ;
c) os livros saGrados contêm em si mesmos O testemunho
de que são inspirados; não é necessário que alguma instância,
rora dos livros bíblicos, nos diga que eles são inspirados por
Deus e mais nenhum outro goza desta pn!rrogativa.

Ora tais proposiCóes haveriam de esfacelar o Cristianismo,


entregando-o às intuições subjetivas dos leitores da Bíblia.
Logo três Rerormadores (Lutero, Calvino, Zvlnglio) fundaram
três novas modalidades de CrlsUanismo no século XVI; poste-
riormente as comunidades reformadas foram, por sua vez,
reformadas e reformadas, dcrlvando-se desse processo centenas
de denominações protestantes indcpendE'ntes umas das outras,
porque dependentes da inspiração subjetiva do respecUvo fun-
dador.

Ademais os pr1ncipios da Reforma protestante incutem


violência à própria Escritura Sagrada porque a desligam da
Tradição oral, que lhe é anterior, que a berçou e sem a qual
a Biblla não pode ser devidarnente entendida; cf. 21's 2,5s.
15; 3.6 ...

-394-
LEITURA DA BJBLIA NA IGREJA 39

Eis por que o Concilio de Trento (1543-1565) houve por


bem tomar medidas que preservassem os fiéis católicos dos
males acarretados pelas proposicães dos aeronnadores. Entre
estas, sejam mencionadas:
a) a declaracão de autenticidade da Vulgata latina, tra-
ducão devida a São Jerônimo (f 420) e difundida entre os cris-
tãos. - Entre as multas tradueõe& latinas e vernâculas da Bí-
blia, não raro realizadas tendencJosarnente ou a fun de incutir
doutrinas novas e heréticas. O CoDc1üo proclamou a Vulgata
latina isenta de erros teológlCOSj assJm se dissiparia a contusão
de clérigos e leigos, que já não sabiam onde epcontrar a pura
mensagem blblica. Como se compreende, o Concilio não quis
afirmar que a Vulgata é perfeita como tradução, mas tomou
uma providência válida e necessária em meados do sécu10 XVI;
b} a eondenacão do principio do divre exame» ou da
livre interpretação da Biblia. Esta SÓ pode ser devidamente
entendida se Iluminada por instâncias Objetivas, reconhecíveis
por todos os leitores: entre estas, predomina a Traditão, que o
rnagistêrio da Igreja formula com a assistência do Espirito
santo;
e) a proibição de edições da Biblia sem o nome do autor
responsável pela edição; e proibição de difundir o texto da Bi-
bl1a sem a aprovação do Bispo diocesano;
d) estimulo para o refloresclmento do estudo da S. Es-
critura nos colégios, conventos e mosteiros.
No tocante às traducÕCS da Sibila encontram-se normas
entre as Regolne tridentinae de 6bris prohibltls (Regras tri-
dentinas concernentes aos livros proibidos); tais Regras, ela·
boradas por uma ComissAo de padres conc11iares, foram apro-
vadas pelo Papa Paulo V em 1564. Eis as que interessam no
o.""
Regra lU: c ... (o uso) dOI 'raduçõel dos livrai do Antigo Testo·
me nto poderé. sef concedido, o juft.o do a.i,po, unicamente a homenl
douto, e pl.,dolOl. lob a condicõo de que tais traduçae, seiam u,,:.do,
apenOI poro esclorecer o Vulga'o e melhor entender CI S. Escrlluro . _ .

- 395-
1, 40 _PERGUNTE E RESPONDEREMOS .. 282/ 1985

o uso dos trodu(ôe, do Novo Testamento reali:zadas por autores


da primeira daue I O ninguém seja concedido, porque lua leitura
cOl tuma aca rretar para os leitores pouca utilidade e grande perigo ... I .

_..'a IV: c Te ndo· s. evide nciado pela experiincio que. ' e se


pernlite o teiluro do S. E,crituro em linguo ve rnóculo d. monei,o
ordinório li indiscriminodo, cosi uma originor·se, em virtude do lemeri.
dode dos home ns, mois delrimento do que utilidode, é necenório
nute particular seguir o juízo do Bispo ou do Inquilidor, o fim de que,
ouvido o póroco ou o canfenar, se concedCl o leitura do Bíblia em
Ilnguo vernáculo àquelel que l e pano prever relirorõo de 101 leitura
oumulo de fé e d e piedode sem prejulzo olgum elpirituol» IDenzin"e,•
. Sch6nmetur (OS) , Enchirhfion ti' 18531) .

2 . Estas disposições hão 00 ser entendidas dentro das


circunstãnclas históricas em que Coram promulgadas; visavam
à preservação da fé e ao bem do povo de Deus ameaçados pelo
uso capcioso da Blblla no século XVI. Tiveram por conseqüên.
cia a pouca difusão do texto sagrado entre os católicos e a
falta de contato da piedade posterior com as suas fontes bibli·
cas; tornaram·se, por Isto. ponto nevrâlgico na disciplina da
Igreja, de tal modo que os jansenistas dos séculos XVn/XVI1I
as impugnaram: é o que se deprrende das segUintes proposl-
eôes de Pascásio Qu~sMl. jansenista. eondenadas pelo Papa
Clemente XI em 1113:
,,79 . Em todo tempo, em todo lugor e a todo clelUe de pe i ta0 I,
6 üm e neclll1ó,io estudar e conhecer o etpirito, a piedade e OI
.. i.lório. da $agroda Escritura.

80 . A te ilurCl do Sagrado Escrituro é pClro todo •.

81 . A ob, curidode lonto do PolovrCl de Deus nôo i (adio poro


que OI leigos se dispensem de sua ~ilUfO.
i
82. O dio do Se nhor deve le, santificado pelos cristãos nle·
diante leiluro. piedo los, p,;ncipolmente dos Sagrados EKriluro •. !
nocivo ,q uerer demove, o crillão de toi. le;lurol.
;.
. I Tra..... de lutore, mencionados nominalmente om oulro documento .

'It - 396-
83 . e
LEITURA DA BmUA NA IGREJA

ilulão persuadir-se d. que o nOllda dos miSlério. do


.
religião não deve ler comunicada OI mulheres medianl e a leitura dos
livros sagrados. O abuso dOI Escritura •• os hereliol nos<;ercun nõo
do inGenuidade dos mulhere., mal do ciê ncia loberba dOI homens.

8~ . Retirar a Novo Te$lomenlo das mãos dai cristõol ou mon -


li-lo fe<.hodo poro ele$, privando·os do modo de o en,ender, ó fechar
poro eles a boca de Cristo.

95 . Proibir oos cristãos o leitura da Sagrada Escritura, especial.


mente do Eva""elho, é prOibir o Ufa do luz: oos filhos da 11,1& • fOJ.er
que sofram uma esp~ci. d. excomunhão. lOS 2~79-2~85
[ ''''29·''''3511 ,
Tais proposições, rejeitadas ao menos como ofensivas à
p~de (saltem plarum aurium oflenslvae), exprimem, sem
dúvilla, verdades que em outras épocas seriam. e hoje são, per-
feitamente aceitá veis; acontece, porem, que eram apresenta-
das pelos jan.senis las em época c em ambiente de polêmica - o
que dava a tais scnten~as alcance grave e virulento que hoje
elas não tem.
Ainda em 1794 o Papa Pio VI condenava uma proposição
jansenlsta do Sinodo de Pistola (1786) que, em oulras elrcuns·
tândas, não teria merecido tal censura :
c67 . A doutrino que afirmo que sô urna real inépcia dispensa
da le itura dO$ Sagrados Escriturai, cama também a sentença segundo
a qual ê rnanifeda o ignorônC'Ío das verdades Pf"imátlol da r<l!ligião
oriundo do de"uido da leituta biblicCl, falsol, te",erório,_ perturbCl-
doral do pOI: e do 01",0, condenados entre OI proposições de
Quelnal . lOS,... 2667 (156711.

3 , No século XIX mu1tiplicaram-se as Sociedades Bibll·


cas protestantes cuja finalidade era difundir a Blblia em tra-
duções vernácuJas. Compreende-se que, na base dos principias
adotados no sóculo XVI, a Igreja se opusesse a tais iniciativas,
consideradas como perigosas para a reta fé.

A primeira condenação deu-se em 1816. Ao arcebispo ca~


lieo que recomendava aOS seus fiéis a Sociedade BibUca fim-
dada em São Petersburgo na Russia, escrevia o Papa Pio VU:

-397-
(2 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS:a 282/1985

cA Igreia Romano, segundo as prescri~ões do Condlio de Trenlo,


reconhece (I ediçõo vulgola da 81blia e rejeito tr<:ldu(õ41s f~ilal paro
oulras ;diolnos••e nõo estiverem ocompcnhados de flolol provenienl'.
doI' estritos dos Podres _ dos doutorei t:atólkos, a fim de que tão
ilrand~ lesoUfo não seio exposto OI corruptelas dai nO'Yidodel .. ,

Se nCio poucos V':1es lamentamos que tenham fatt!ado nCl inter·


prelaçõo dai Escriturai homens piedoiJOS e sõbios, como nõo deveremos
receor Slrondes risco, se se entregarem as Escrituras troduúdos em
vernáculo ao povo iSlnoronlo, que, na maioria daI casos, carece d.
discernimento _ iulgo com temeridode?:a IDS 2710s (1603111.

Em 1844, O Papa Gregório XVI escrevia na encíclica Inter


pnMIClpuu maehlnaUoDtrS:

« Não Ignorais quanto diliginda e sabedoria são necessória, para


•• tradvzi, fielmente a Palavra de Deus; em conu.q üência, nado há de
mais fácil do que nos traduções vernáculos, multiplicadas pelas Sacie·
dodal Bíblicas, 10 introduzirem errol gravluimos. seja por imprudlncia,
sela paI fraude de tanlol tradularel; lab erros, aliás. permanecem
ocultos paro o perdiçõo de muitol, dada o multidão e a variedade de
lais Sociedades, A. Sociedades Blblicas pouco ou nada int.rellO' o
falo de ~ue OI homens qlJe 160m o Bfblia em vernéu;ula, caiam om um
ou outro er..o; mais Ihel importo que oc.ostumem aos poucos o exercer
o livre exame a ..espeito do lentido dOI Escrituras e a menosprezar os
trodiçõe, divinos conlidos no doulrina dos Padres e ~uardodos na
Igreio. Col6licCl. repudiando ouim o próprio magilt4rio do Igrejo :a
IDS n f 2771 (163011 .

Ainda em 1846 escrevia Pio IX:


cAs asMas Sociedades Bíblicas. _. não cessam de distribuir
IIratultamente a todas os homel\l, embora rudes, os livros dos Sagradol
EsaJturo,trodu:ddos poro lingual vernáculo, contra os reSlras dG Sanha
ISlr.jG e interprotados, muitos vozo., com perversos expllcoc;õeI', Anim,
rejeitadas a divino Tradiçõo, o doutrino dOI Podre, e o autoridade do
Ivreja Gat6lice, todol hão de interpretar o Palavra de Deus sevundo
o leu juIzo próprio, pervertondo (I senlido da mesmo e de,li:1ondo em
.9rOve, el'l'o •. Tais Sociedades • . , GregóriO XVI as reprovou, e N61
queremos, finalmente, conden6-lol. lOS n' 2784).

-398-
,PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 28211985 43

Ta) posiCão da Igreja se manteve até o começo do sé-


culo XX. Era motivada por circunstâncias contingentes e se
revestia de caráter disciplinar. não dogmático. Era. pois, retor--
mável, desde que desaparecessem as razões que Inspiravam as
apreensões decorrentes da difusão do texto sagrado em lIngua·
gem vernácula. Ora realmente no século XX foi·se alterando
O contexto histórico dos sêcuJos anteriores. O Papa S. Pio X
(19Q3..1914) deu Inicio a uma renovação da piedade da Igreja.
que tora profundamente marcada pela réplIca ao protestan-
tismo, ao jansenis mo e a heresias dos últimos séculos; a ati-
tude defensiva ou preservadora não podia deixar de depaupe-
rar a esplritualidad(' católica; fora necessária, mas não se podJa
manter por mais tempo; nem havia no século XX razões para
manté-la. A volta às fontes. que deve sua inspiração remota
a S. Pio X. compreenderia a restauracão do espirito 1ltúrglco,
o recurso freqüente à S. Escritura e a renovação da catequese.
Conscientes disto. entramos na história do século XX.
4. No 54\",1. XX
Em 1920, 80 comemorar o décimo quinto centenArlo da
morte de S. Jerônimo. o Papa Bento XV promulgou a enclclic8
Spirltus Paraclltus, na qual formulava normas concretas para
o bom uso da S. Escritura. Após haver recordado que o Santo
Doutor recomendava B todos a JeItura diária da Palavra de
Deus, dizia o Pontlflce:
" Pelo que Nos toca, Venerõvelslrmaos, à imltaçao de $. J.r6nlmo,
jamais deixaremos de exorlor lodos os fiéis (rillaos a que leiam todo.
o. dias prindpolmenht OI Sanlo$ Evangelhos de Nono Senhor, o. Alo •
• os .plstolos dos Apóstolol. trotando de converlê·lo. em .elVl:! do
leu e.p/,ilo e em sangue d. IUOI v.iau IEnquhfdJo IIbIlc;a lEal
~~"I. . .
A 5eltU1r. O Papa elOgiava a Sociedade de S. JerOnlmo,
cuja tlnalidade era divulgar o mais posslvel os Evan~hos e
OS Atos dos ApóstOlos, de tal modo que nenhuma famJ1la oarP-
cesse deles e todos se acostumassem à leitura dlAria e ê. medi-
tação dos mesmos.
Quanto às disposições para bem aproveitar a leItura
blbUoa. o Pontlfice as resumia nestes tennos:
«Todo aquele qUe te aDroximo da 81blla com espr,lto pledo.o,
" firme, ânimo humilde e sincero deselo de aproveitor, nela encont,aró
• podará daguslor o pao que desce dOI cfus~ (E8 ..·4S91.

-399 -
.u, .PERGUNTE E RESPONOEREMOS~ 282/1985

Com efeito; é preciso rezar. a exemplo de S. Jerônimo,


para entender as Escrituras. porque «a Eseritura não pode ser
lida nem entendida de maneira dlrerente daquela que exige o
Espirito Santo, pelo qual ela foI escr ita:t. Mais: o Pontífice lem-
brava que é necessãria humildade para submeter-se ã autori-
dade dos mestres e da Igreja. ... Igreja a cuja tradição a Bí.
blla estA intimamente ligada.

A atitude de Bento XV representava algo de novo na Igreja ,


p6s-tridentina. Estava. porém, na linha de conduta pastoral
do Papa anterior - S. Pio X - , que aprovara e animara a
Sociedade de S. JerOnlmo.

Pouco mais de dois decênios decorridos, o Papa Pio XH,


na encíclica DIvino Afflante SI,lrltu, recomendava por sua ve~
a difusão da Bíblia entre os fiéis :
«Os prelados favore(am e p'.,lem ,ua aiuda bquelol piedosos
tUlocio~e5 CUta finalidade é dirundir entre OJ fiéis os eXflmplarel
das SQgradcl$ Letros, principalmente dos Evangelhos, e procurar 'lu.
0.01 fomillas crislãs le foco ordenoda • santament. a leitura di6rla
dos mesmc:I$; recomendem eficazmen te a S. Escritura, traduzida para
as línguo1- v.rnáculas com o aprovacãa da Igreja. IEe n' 566).

A crientação dos Pontifi~ rol finalmente assumida pelo


Concilio do Vaticano n (1962·1965), especialmente em sua
ConstltulCio Del ,V erbwn c. 6, Que trata da S. Escritura na
vida da Igreja: um Corte esUmulo ai é dado à freqüentação
cotidiana da Escritura por parle dos fiéis, como também à
difusão do texto sagrado em línguas vemáculas~
.e preciso que os fiéh tenham aceno potente o Sagrado 'Escrilura.
Por esta razõo, CI Igrela Ioga dosde o. !eU$ comecos fez IiUCI aqu.lo ~
t,aducãa grella antiga do Anligo Testamento chamado dos S.fllft'a,
e sempre le...e em "ronde apreca OI outras traducões, qu.r orientois
quer latina., sobretudo o chamada Vulgata. Mos, visto que a Pal(lvro
de Deus deve !tirar sempre â dilposictia de todos, a Igreia procura -f
1:0", solicitude maternol .que se focam traducães apropriadas c apurada~
na, diVinas língual, sobretudo a partir dos texlos originais dos livfQ1-
Sa.strados. Se essas tradwções, segundo Q oportunidade e com o apro-
vação dI:! owraridad. eclesiástica, ,e ...ie,.m o fazer em colobora~o
com os irmõo••eparodos, poderôo ser usad<ls por todos os cfislõOS.
0.' 221 .

-400- .'
LEITURA DA BtBLIA NA IGREJA

cEsto logrado Concilio ••orlo com ardor • inlÍllênda lodol OI '


fiéil, ",ormenle os Religiosos, a que aprendam a iminente ciência d.
J"UI CrÍtto I fi 3,8) medionle a leitura freqilente dos Oiyinos Escri-
turas, porque a ienorõncio dai Elcrituras é ignoranc.io d. Crillo.
Debrucem·'e, poh, goslosamente lobre o Ieda s.agrado, quer atroyés
da Sagrada liturgia, ri<o de polowo$ divinos, quer pelo leitura .spiri.
luol, quer por oulros meios que se võo espalhando tão IO\JVovelmenle
por todo o porle, com o oprovacão e o estimulo dO$ palIares da
Igreia . Lernbrem·le, porém, de que a leitura do Sagrado Escrituro deY.
ler acompanhado do oro<ão, poro que seio poulv.1 o çalóquio enlre
Oeul e o homem; 'com Ele folomOI quondo rez.omosi a Ele ouvimo.
quando lemol OI divinos oráculos'.

Compele 001 lagradol paslorel, depolitáriol da doulrino opostó.


lica, insfruir oportunamente OI fiiis que lhes foram confiados, no r.to
UIO das Livros divinos, de modo particular no Novo Testamento, e sobre-
tudo nos Evangelhos. E ilto por melo de traduções dOI 'eJcfol Soa9rodol,
que devem ser acompanhados de natal necessários e verdadeiramente
suficiente., paro que OI filho, do Igreja $e familiorizem de modo seguro
e útil com o Sagrado Etcritura e se ernbebom do seu e'pírilo , (n' 25).

Como se vê, não poderia ser mais favorável ao uso da


S. Escritura a atitude da Igreja contemporãnea. As palavras
de S. Jerônimo (t 420) tornam·sc normas da autoridade eclc.
slistlea. As restricões impostas às traduções" vemãeulas eram
devidas a fatores contingentes; n Igreja. como Mãe e Mestra.
sente o dever de zelar pela conservação incólume da fé a Ela
entregue por Cristo c ameaçada pelas interpretações pessoais
de inovadores da pregação; eis por que lhe pareceu oportuno
reservar o uso da Biblia. a pessoas de sólida formação cristã
nos séculos em Que as heresias pretendiam apoiar no texll)
sagrado as suas proposicões perturbadoras. ~ pois, para dcgc...
jar que os estudiosos entendam os porquês da atitude da Igreja
dos séculos XVI·XIX e hoje se sintam convidados a difundir ít
S. Escritura em comunhão com a Igreja e a sua Tradição.
A propósllo:

L Alon,o-Seh(Sket fi outros. eomenl.1rios ... Conslltuel6n Del Verbum


eobro 111 DiYlna ..... 'aci61t. Coleç,la BAC nt 26-4. Mad,ld 1969.
Menuel de Tuy• .JM6 S.lgoII'o, Iltlrodueel6" • Ia 811111a t. Coleçio BAC
n' 262. Medrld 18&1.

-401-
Franqueza realista:

lO Colóquio Sobre a Fé I'

Em .In .... : o jornalista Vlltorlo Menorl entrevistou, dUlante trinta


hore' de agosto ele 15184, o CIIlde.1 Joseph Ralzlnger, Prefeito da S. Con-
Slf8gaçlo para e Doulrlne da Fé, e respello dos problema, de " em no..o,
dlu. S. Emlntncla raspcndeu COM sinceridade e coragem, lendo qua a.
suaa reSposlal foram publicadas no 11\11'0 " Rapporto sulla feda" (ediçlo
Italiana, que aedu aO lado da alemA e da flancesa)j o cardeal Ratzlnge'
reviu o tOldo daa. Ire. odlçOes e O aprovou como sendo tI,l eo seu
pensamento.

o Prelallo da Congreoaçlo e m loco situa o cerne da ploblemiUca d•


.. hoje no concello de ISlleJa; so esla é qUe$t1onada. esté claro que a.
vardade. do CredO proleUldls e ensinadas pera Igreja também vacilam na
mania do. Ih!!,. E a rulo pela qual a Ecleslologla as'. am crl.a, • a
adoçlo absofutlzente, por parte de teólogos, de critérios heterogtneol -
aoclológlcos, economistas, polltleo., taclonati$!as.. . - para conceber a
Im.vem da Igreja. A. mesma admlsslo ab50lutlzante da p'emlssa n'o
teológicas lem ale\.BOa • 8)1agua di S . Escrlturl , a Moral cat6rica. I Llturgll •
• rnlarprellÇ&o do Concilio do VatlcallO 11 •••

Ao 1.lIur. do livro Impr81slona pela clareza a • profundidade que u


auu pAginas exprimem. Pode fonalecer os fiéis católicos que vacilam
perguntando fO, dlenle dos muitos. abusos. doulrlnillos. e disciplinarei ocor-
renles hoJe ne 19,eJI , nlo estio "llraslIdos" ou "errados": o nOmero de
desvios j tio mll,cenle que parecem tomar-se li norma certa. é • a.t.
elJlpelt« que o Card..1 RaUinger r..ponda parll disslpj-Ia ou PI" mostrer
que I 'é • Incon'undlvel com soclologll, pollllca ou ecanomlll: aani eempra
transcenden"', conse .....ando o I8U carill' de "Ioucur. 11 lIIc1ndalo· Jt
apontado por $. Paulo em 1Cor 1,23.

• • •
- 402 -
cCOLOQUIO SOBRE A Ft, 47

o jornalista Vittorio Messori já é conhecido no Brasil por


seu livro cHlpOteses sobre Jesus:t; nesta obra o autor procura
mostrar que as multas hlpOteses formuladas pelo racionalismo
sobre Jesus nio atingem o âmago da figura do Dlvino Mestre;
somente a mensagem da fé a pode Ilustrar adequadamente.
Mais recentemente Messori publicou o livro cRapporlo sulla
Fede_ (ColÓQuio sobre a F~) 1, volume que contém o teor de
\.UI\8 entrevista de trinta horas fe31izada por Vittorlo Messori
em dJálogo com o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sa·
grada Congregação para a Doutrina da Fé.
O Cardeal Rat2Jnger, por sua poslcão administrativa, é,
após o Papa João Paulo n, a pessoa maIs abalizada na Igreja
para falar sobre a Fé; está ã frente da Congregação (um quase
Ministério) encarregada de acompanhar a fê católica e suas
expressões através da história; tal Congregação é a mais im-
portante da "Cúrla Romana. Nascido na Baviera (Alemanha)
em 1927, Joseph Ratzinger (01 ordenado sacerdote em 1951 e,
tendo obtido o doutorado em Teologia, (oi professor nas mais
célebres Universidades da Alemanha (Müns:ter, Tüblngen, Re-
gensburg). Durante o Concilio do Vaticano n (1962-1965) foi
assessor do episcopado alemão na Qualidade de teólogo aberto
aos problemas atuais. Em 1964 foi um dos fundadores da
revista internacional CoDclUum, da Qual se afastou oportuna-
mente por discordar dos rumos demasiado liberais Quc a revista
foi tomando. Declara Rat2lnger: cSempre procurei pennane-
cer fiel ao Concilio do Vaticano lI, este hoje da Igreja, sem
nostaJgla de um ontem irreversivelmente passado, e sem impa-
ciêncIa por um amanhã. que não é nOSSQlt (p. 15) . _ Nomeado
arcebispo de Munique e, em 1982, Prefeito da S. Congregação
para a Doutrina da Fé. o Cardeal Ratzinger é um homem sim·
pies, ao qual o jornalista V. Messori, numa atitude totalmente
inêdita, pediu uma longa e franca entrevista. Não se furtando
a ta1. o Cardeal Ratzinger recebeu-o no Seminârlo de Bressa-
none (Brixen), de 15 a 18 de agosto de 1984. O jornalista,
como é de seu mister, (01 provocador em suas perguntas; as
respostas. gravadas, tomaram-se o livro em pauta. O texto
final deste foi submetido 80 exame do Cardeal Rat:zin~er não
somente em Italiano, mas nas suas traduções; o prelado reeo-
1 Rapporto .uu. Fed.. VItIorlo Meteort a ~Ioqulo CCln oIIOMpII;
Rat,dngat. Ed. paoUn •• MII.no 19115, 125 JI 200 mm, 218 pp. Saiu .Imul""'..•
Ine"" Im edlçOet llallan., aleml • InIneeta. Aguarda.... par. brave uma
edlç'o brasllelraj • eapenhoJa I' 101 publicada.

-403-
48 t:PERGUN'TE E RESPONDEREMOS. 282/ 1985

nhcceu a fidelidade do trabalho de Messori e apl'OVOU-O, de


modo que o livro exprime realmente o pensamento do Prereilo
da S, Congregação para a Doutrina da Fé.

Ta l obra é de rara coragem e clarividência, pois aborda


as questões de fé c disciplina das Quais todos os fiéis cristãos
têm conhecimento (ao rqenos superficial) e vai ao fundo dos
problemasJ procurando detectar as correntes de pensamento ',=
que estão na raiz dos mesmos. ~ um diagnóstico sincero, por
vezes sombrio, que abre caminhos para uma autêntica reno-
vação da vida católica em nossos tempos. A propósito observa
V, Messori;

c Rotzinger é um homem totolmento imersa em dimensão reli.


tliosa . .. Sendo OStim, nCio têm ,enlido as esq..,em.ol 'conservCldor·
-progressida' ou 'direito.esquerdo', inspiradas por uma dimensão bem
divena, que é a dos ideologias polltietu: tai, eS.quemos não se aplicam
à visão religiosa, que . . . é d. olJlra ardem, superonda em profundidade.
., alluro lodas os demai •.

TGmbêll1 seria errôneo aplicar o ROlzinger o Oulro esquema gro·


lesco ·otimista~pessimilta'. Quanto mais o t!ome m de fé se idenlifico
com o evento que funda o otimismo por excelência - a Ite$lurreição
de Crillo - , tClnto moil pode dar·se GO realismo, g lucidez, (I corGuem
de considerar OI problemas como tais, sem fechor os olhos ou colocar
lentes cor de rOIO Il Ipp. Rs).

Nota ainda o jornalista:

c Um jovem colaborador de Ralzinger em Roma falou - nol de


intenso dimensão de orac;oo com q"'e O Cardeal afasta o pe rigo de
tro.ufo rmor-se em grande burocrato, auinondo decrelos que néia s-
importem com a fibra humano das peuoos atingidas. 'Muito l veltel-
dizio aquele io ...em _ ele nal reune na C:Clpelo do Olcostério poro uma
meditaçêio o uma arocão em comum. Existo ne l. uma necessidade
consfont. de enraizar o nDUD trabalho cotidiGno (muitas vezes ingrClto,
em contato com a patologia do fé I num Cristianismo vivido como ler-
"
viço ao povo de De... 1' 11 I p. 8 J.

Vista a importAncla da livro em foco, percorreremos, •


seguir, alguns de seus tópicos mais salientes, seguindo a
edição Italiana do mesmo.

- 404
_ _ _ __ __ ""."CO""LOQ"""'U"IO"'-'S"O"B"R"E'-"
A~FE
"'.'__ _ _ ~

1. (cAinda há 'hereges e heresias?»


A esta pergunta do jornalista, Ralzinger come;a por res·
ponder citando os cãnones 751 e ] 364 do Código de Direito
Canãnico de 1983 (resultado de vinle e qua.h·o a nos de int enso
trabalho) . E acrescenta:

c Também pora a Igre ja pól-concilio r Iria me dido em que seio


válido O expressão 'pós·tOncilia,', que não aceito .. . t. oxillel'll hereges
e h"resios, rubricados pelo novo C6digo como 'delitos conlra a religião
e a unidade do Igreja '; esta IOnlbém prnisto o modo de d efender
conlro elo$ o comunidade dOI filiu.

Continuo , cA pa lovra do Etctiluto é olual P<HO o Igreja de to dos


OI tempOI, (:0111 0 fico se mpre aluol Q possibilidade, poro O no,"o,", de
coir em erro. Por conseg\tinle, é alua! aindo hoie (I admoe$loçõo do
Wlgundo e pístolo de Pedro a que nOI guardema, d os 'fabos protetos
o dOI ftl!so$ In.s'ros que inlrodu:r.irõo heresio s pe:r n icjo ~os' 12, 11 ...
Não esqueçomos que, poro ° Igrelo, ti fi ê um 'be m comum ', umo
riqueza de lodos, o comecor p elos pobres, os mais indefesos dion'e dos
.rrol : portanto, defe nder a ortodowjtf é, poro o Igreio, obra sacio I em
fovcn de lodos o s fiéis•.. , e tutelar 0$ direifOs do prôprio 1.6logo e os
do comunidade. Naturalmente tudo seio vida à lu:r. do grande adMoes-
tação evangélica: 'pr-alicar a verdade no caridade'. Também por isto
o excomunhõo no quol !;lindo hoje incorre a herege, é considerado
$CIncõo medicinal, isto ê. penalidade que não procuro tanlo «Istigá·lo
quanto co"i,9 i.lo e curÓ· lo. Quem se convence do s.u e rro OI! ore·
conhece, é sempre acolhido de brocas oberlos, como um filho parficulor .
....e n.e coro, no plena comunhão da Igre io :..

Observo o jornalista : c Eslel dizeres pareum simples e dórOI


demais poro corresponder à realidade do nouo tempo, tiío pouco
redut ível o esquemas predefinido n ,

Diz o Cardea l: c e ve rdade. As coisol concretos não são lão


doros quonlo os de fin e Inl'm pode deixor de o fozerl o novo Código.
Aquela ' negação' e oqu e to 'dúvida obslinodo' de que folo esle, hoje
quole nunco o s encontromos d. modo patente. e de presumir que
exislam numa époco .spiritualmente camplexo eomo o nosso; mas não
querem aparecer como lais. Quole sempre os teólogos oparão 00
Magittl rio os ,UOI própriol hipóteses teológicos, dizendo que aquele
não e_prime o fé do 19rejo. mos apenas °
'on:;oko teologia romano ',
01" '1'·6 que não Q Congrl'90cão paro a Fé, mos elel, OI 'hereges',

- 405-
50 ( PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 282J1985

repre~entgm o sentido 'autêntico' do fe transmitida. Onde haja um


vinculo mais forte <om Q Igreja, ocorre um fenômeno diferente, mal
ligodo ao primeiro; fico sempre S\lfpreso pela habilidade de teÓlogos
quo conle,guom IUllentor o.olo",onle o con'rório do que osft! esuilo
011'1 clarOI dOC\lmen'os do IUfeio. Ape5<H de tudo, o inversõo é opr.-
•• ntada com hábeis artifício. dialético. como sendo o verdadeiro len~
lido do documenla em q\lestõo. Ipp. 21-231.

2. A raiz da crise: o conceito de Igre;a

Penetrando logo no cerne da problemâtica. o Cardeal Rat-


zinger afirma repetidamente que o conceito de Igreja é ca ori-
gem de boa parte dos equivocos ou dos erTOS propriamente
ditos que ameaçnm tanto a teologia como a opinião comum
católica.,

Explico ; «Tenho o impressão de :cIue tacitamente UI vai perdendo


o senlido aulenlicomente c.alólico do reolidode 'Igreja' .. _ Multas jó
não acr.ditam q'Uo se trate de realidade intencionada pelo próprio
Senhor. Mesmo o crgunl leólogos a loreia aparece como uma cons-
trutão humana, um instrumento criada por n6s. 'lu., por conleguint_,
podemos reorganizar livremente de acordo com cu ....igências do
momonto. In.inuou ' se de muilas modos no peR.amento calólico , .,
uma concepçõo de Igreja que nem se pode chamar ' proles'ant.' no
""tido cl6.l1co, AlgunJ dos conceitos correntes de Igr'ia lO pr.nd.m.
antes, 00 modela de 'igrejas livres' dos Estados U"idos do América do
Na,te, onde se refugiaram os cre ntes paro escapor ao mod.lo epres,ivo
do ' t.g'eja do Estado' produtida no EtH"opo pela Refonno, Aquele,
refugiodol, nõo aCledilondo mais no I,greio co ....o intencionado por
Cristo • querendo 00 melme tempo fugir da Igrejo do Estado.
a~lom o sua Igreio, uma orgoniõlaçõo estruturada segundo os luas
necellidodosa_

Pergunto o jornoUslo: cE, poro os <olólkos, qual g modelo?a

bplicc O Cardeal! «Para OI catálicos, Q Igreja é, sim, composla


por Itomens, que or.ganizam a sua face ....terna: mas, otr61 desta, OI
eslruturas fundoment.ai. são intencionadas pelo próprio Deus e, por
isto, sêio In'ocoveis. Atrás do face humano acho-se a millfrio d. uma
r.alidade sobre-humana, sobre a qual o reformador, o sqdálogo " o
organizador nõo lim Qlltoridade poro intervir.

-406-
cCOLOQUIO SOBRE A FÊ. 51

Se CI Igreja é l:Clnsiderada COI'IIO constru(ãa humana, como artiflcio


nOSIO, os próprios conteudos do ié flcabam por tornar-se arbitrários:
lim, a fé perde a seu órgão outêfttico e ,garantido, através do qual ,e
posso exprimir. Anim, lem umo visão que seja sobrenatural, e nõO
apenes lociol6gica, do nlisl ~rio da Igrejo, a próprio Cristologia perde
o leu roferendal cem o Divino; a uma estrutura puramente humana
açaba por corresponder um projeto humano. O Evangelho torno-se o
projeto ')OIUS' , o projelo 'Iiborl<u;fio social', ou oulros projetos mera-
mente hist6,icot, que podem pcnecer roligiosos, ma~ que ~ôo atous em
lua substância » I pp . .45s I .

•e preciso criar do novo um clima oUI.enticomente católico, re·


descobrir o 5cotido do Igre ja como Igreja do Senhor, como espaço de
real presença do Deus no mundo. Esto mistério do qual fala o
VatIcano 11 quando escreve Oquc!cu palavras terrivefmenle compromoto-
dorol, que correspondem o lodo o Irodic;õo católico : 'A Igrelo, o
roino de Cristo iá p'e~onto no mislério' I Lum.an Gentium n' 3) >> I p. "9).

Falando do rclaciona.mcnt() dos fiéis com a hierarquia dn


Igreja, diz Ratzingcr :

c A obediência, se(lundo alguns, noo seria umo virtude cril:o, meu


o r"squldo de um pauodo auto rit6rio, dogmótico, quo deva ser supe-
rodo. Sim; se c Igreja ó a nOH O Igreja, se o Igreja somol n6s apeno.,
se OI 'IJOS est{uturol não sôo intencionados por Cristo, nôo se com·
proonderá a e.llistência de tH'IIO hierarq uia como Wirviço aos fiéis boti-
%Odos por insljtuic;ôo do próprio Sonhar. Entôo os fiéis realJarôo o
conceito de oularldode inlendonoda por Dous, autoridade que lem
suo lo.oilimoção om Deus, o não - como oconlece nas eslrulurol poli.
'icos - no con:o"timt:nla do maioria do, membros do orogonb.oç(!io.
Mos a lorejo de Cristo não é- um Portido nem umo cuodoção ...em um
clube; o sua estrulure profundo e iM,liminável nao é democrático. mos
lacramental. ~OI' conleguinte hierórqui«l, poi$ o hierarquia baseado
sobre a sucessõo apostólico é condiçüo indispensãvel poro aloolilar
o forca e a raalidade do sacramento. A autoridade aqui nâo 10
bo$eio sobre votações do maioria; baseia-se sobre o autoridade do
Cristo mesmo, que qVi5 comllnic;u'lo a homens qve fauem IOU5 repre-
sentantes olé a sou retorno definitivo. Só pela reslouroçBa desta con-
oopçao serô poul..... 1 redescobrir o necessidade e (I feo:tJnd idode c;otólica
da obediência à legítimo hierarquia do lare ja» (pp. 49,1.

- 407 -
52 "PERGUNTE E RESPON DEREMOS~ 282/ 1985

Sobre «reforma _ da Igreja pronunc ia-se o Cardeal :

cO que n6s podemos fazer, • infinitamente inferior Àque le que


foz: (o renovação do Igreja) . Por ,onseguinle, 'reformo' autênti,o nãa
lignifka tonto esforçormo'nOI pal a erguer novos rochodal, mos 100
contrário do que ensinom ,ertos fcJe siologiol1 ',eformo ' autêntico sig-
nifico hClbolhormol poro foz:er desaparecer, no maior me dido do
pOllivel, o que ' nouo, de modo quo melhor apareço a que é dele,
do Cristo. E 0110 uma verdade que OI lonl05 bem conheceram; eles
feformaram em pro fundidade o Igreja não por haver cOn«bldo plonol
de novos estruluros, mas reformando-ee (I si mesmos. Já o disse, mos
nunca o ropetir.mos bolfonle: é de santidade, não dI) management
lodminislrocão) que preciso o Igreia pora responder às necessidades
do homem » Ipp, 531),

c Como repeliu freqiientemenle Joõo Poulo li, 'o Ig reja de hoje


nõo preciso d e novos r.formado rel, A Igreja preciso de novos 50nI0$' _
Ip, ~,).

Ainda a respeito da Igreja diz S. Eminência:


« Paro o hom em moderno, I:: mais compreensivel um conceito de
I. Igreio que em linguagem técnico seria dita 'congregacionalislo' ou

,,.
I 'Igreja livre' IFreechurchl. Disto u: legue que a Igreia sOlio uma forma
que poderio variar d e acordo com o mane iro como os homens orgoni.
:r.am o realidade do fê; ouim haveria do corresponde r o mais posslvel
"
I:" in -exigências da situação de (Odo momento, Jó disse mos, mas vale
a pena repe ti,lo: é quase impOlllve l o muitos hoje compreender que
atriu de uma realidade humano esteja presente o misterioso realidade
divino, Este ' o conceito ccll61ico d e Igreja , como sabemos; ê tombém
muito mais dind l d e se oc:e;tar do que o conceito de ' Igre ja livre' »
(p. 165).

3. Fá e Teologia
Sabemos que hoje em dia as sentenças e correntes de teó-
logos são propaladas pela imprensa, causando perplexidade
no grande público, que jâ não sabe o que ensina propriamen te
a doutrina da fé, Na verdade, 8 t eologia é {ides quaercns iutel-
klctum, é a fé que procura compreender ou aprofundar os dados
da Revelaçio Divina.
A propósito observa a Cardeal Ratzinger:

- 408-
..COLóQUIO SOBRE A Ft.. 53

cMuitas correntes tealógicas parecem ter esquecido que o sujeito


que elabora a teologia n(io ê o estudioso individual, mell é a comuni-
dade católica no seu conjunto: ê o Igreja inleiro. Deste esq\lecimellto..
do trabalho leolósico como scrvico eclesial, deriva-se um pluralisrne.
teológico .que na verdade é muitos veles um subieliviamo • Individuo·
lilme., multo distante dos bases da tradição COMum, Codo te610go
pore«l hoje querer ser cliativo; mas a lUa tarefa Qul'nlica , oprofun.
dor, ajudar a compreender e o anunciar o depósilo comum da fê, não
'crIar' . Se não se observo illo, a fé,,1 fragmenlo numa sério de escolas
e de correnlos, muitos vezel, conlrOltontel, com grovel prejulzos. poro
o perplexo povo de Deul. . . Muitos chegarom a se convencer d e que
toh esforçai nõo raro contribuirom mais poro Oglfovor do que poro
,esolver o crise ...
Helio visão lubietivo da teologia, o dogma é muitas veus canil·
dtfodo como uma gaiola Inloler6vel, um otenlodo t!I liberdode dos
eatU<!iolcl, Perdeu-se de visto o folo de que o definição dogm6tica é.
sim, um serviço g verdade, um dom ofereddo aos fi'is pelo auloridode
qUe Deus lnstiluiu. O. dogmol - iã se diSse - não são murolhas
que nos impecom de VIU, mcu, ao conlrório. são ianelos aberlos paro
o infinitO:D Ip. 721.

Se a teologia está em crise, é claro que também a cate-


quese - ou a transmissão das verdades da fé na escola -
estará em crise, cexposta à fragmentação, a experiências que
mudam rontinuamente:t. São palavras do Cardeal:
cAI.g uns catecismos e muitos colequidas já nõo ensln.am a fé
ta'ólica no seu canjunlo hClrlncnioso - em que I::oda verdade supõe
e e "plko ai oulras - , mas procuram lornor humonamenle 'inleres"
santes' IICilundo os corroenl" culturai, do momefllo I olguns elel1\enlol
do patrimônio cristão. Alguns lextol bíblicol sõo pOllol ClM relevo
porque considerod05 'moi, pr6ximo. da sensibilidade contemporôneo':
oulros. por ,oólões opostas, são deÍl!ados de lodo. Por conso,guinle, j6
nlio há uma catequese que sela formoçâo global poro CI fé, mal
reflexos e atenOI de experiências antropolÓ9icas parciais. subjetivos:.
(pp. 72a).

Uma das causas do subi<!tivismo na teOlogia e na cate-


quese é. sem dúvida. o fato de Que a leitura da Biblia foi dis-
sociada da Tradicão da Igreja. A Blblia é lida por muitos eru-
ditos hoje à luz de teorias filosóficas ou dados arqueológicos,
sem que levem em conta o que até hoje a Igreja deduziu do
texto sagrado, Diz S. Eminênda:
-409-
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 282/1985

<o liame enlre Bíblia e Igroia foi rompida. Esla seporação leve
inicio, hó séculos, em ambiente prote:lanle e s. olo.trou recenlemenle
entre estudiosol cot6licos. A interpretação histórico-critico do Escritura,
por certo, abriu muita I e grandiolol pouibilidode, de compreende,
melhor o texto blblico. Mos, por lUa índole mesmo, tol método IÔ pode
ilumlnor o tedo no sua dimenlão histórico e não no .eu 011,101 '1C1lor.
Ip. 7.4 ,_

PergunlCl enliio o iornolilla: cUm católico que deleie es'CI' oluCl-


li:r.ado, pode ter a sua BibliCl sem se preocupar demais com OI com-
plexos queslões exegéticas?

Respondeu o Cardecl: ..Sim, pcr cerlc. Todo fiel católico deve


ler o coragem de crer que o suo fé (em comunhão com o da Igreja,
supera qualquer ' novo magis'6rio' dOI peritol e dOI intelectuais. As
hipótese$ deites podem s.er úteis pClro UI compreender a ori.gem dos
livraI bfblicol. mal há U~ prec;onceito eyoluc;ionillo em 'e dizer quo
só pode entender a lexlo quem estude o nlonelro como ,e desenvolveu
e formou. A regro de fé, hoje c;omo ontem, não é ditado pelos de,-
coherlC1S ( ....erdadeiros ou hipotéticas' dos fontes e das camadas da
Blblia, mas é-nos dcdo pelo Bíblia como hoie exide, como foj lida na
Igreja desde a ipaco polrí1lico 1 até nonos dias. E a fidelidade a esle
modo de ler a Biblia que nos deu os santos, muitos vezes peuoos de
poucas letf(1I e alheias às c:omplexas queslões do exegese. Apesor
de tudo, foram elel .q ue melhor compreenderam Q Biblia :. Ipp. 76s'.

4. O demônio
o diãlogo entre o jornalista e o teôlogo versou também
sobre a existência do demõnio. Esta. embora seja objeto de
fê católica. 6 negada por alguns teólogos. Diz o Cardeal:

c Admilem - nem podem deil(or de o fazer - que Jesus, os


Apóstolos e os E.... ongelistas .. stoltom conltictos do ellisl'ncio dos farcos
demaniaca,. Mas, 00 mesmo lempa, dão por c;erlo que, 00 pensarem
animo Jelus e SOU$ seguidores oram vítimas das catosorios de penSQ-

I t!poca palrfsllca alo os séculos em que viveram OI mestre. e dau-


IOles Ü Igreja 'lu. contrlbulram pera defender e formular a reta 'é contra
os grandes '"I.,1as da antlgllfdede. Estende-se .té S. Gregório
M.gno (t 8(4) no Ocidente (I S. Joio Oamas<:ono (t 749) no Orlents.

- 4.10-
cOOLóQUIO SOBRE A Ft. 55

mento dos iudeus de oullolo . a,a, vislo que aos modernos t.ais cale;o·
rios já não são conciliáveis com nona imo;.m do mundo, 0$ esludiolos
hOje cancelam, como por prestidigit(lçij(l, O que lul;om incompreensível
OQ homem de hoje.

Isto sIgnifica que, para dh:er 'Adeus' ao dioba, nao se ba seiam


sobre a Escrituro (a qual afirma precisomenle a existência do melmol.
mos referem , s8 a nós, à nossa visão do mundo. Paro negar o dem6nio
e qualquer oulro aspecto do fé incõmodo 00 conformismo contem,por6·
neo, não se comporiam (OrnO exegetas, como intélpretes da Escrituro.
IOIQS como homens do noSlo tempo.

A autoridade ,obr. G qual lais especiQlistos da Blbllo fu"domon·


10m o seu juizo, não é o próprio Slblia, mos ° visão do mundo can·
tempor6nea 00 biblista. Este falo então como filósofo ou como
sociólogo e o lUa filosofia consilte opentls numo banal e ocrltlca
adeJão ás sempre pro\'is6rios pel"$uosÕ8s do época ,.

Intervém Manori l «Portanto, le bem compreendi. I.rlomos °


inversão do Irodicional método de Irabalho teológiCO; já não é a
E<icriturQ ,que julga o mundo, mos é o mundo que julgo Q ESCI'iluro.,

Respondeu o Cardeal : cCom efe ito. E (I procuro continuo de u",


onúncio que aprue nte o que lê. labemos ou que de olgum modo I.jo
tlgrodóvelo quem ouye, Ipp. 150s1 .

cHão nos devemos odoptar à menlalidade de lonlos crenl.s da


atualidade, 0$ quais pensam qve baIla comportar·sc mQis ou menos
como se comporto a maioria, e certamente tudo irá bem , Ip, Ijl).

s. O pecado original

Alguns teólOgOS hoje adotam a tese de Jean-Ja cques Roous·


seau (t 1778), segundo a qual o homem seria bom por natu·
reza, corrupto, porém, pela educação errônea e pelas estrutu-
ras sociais. Quem conseguisse retonnar estes fatores, ocasio-
naria ao homem viver em paz consigo e com o s seus seme-
lhantes.

A propi!silo observo Ratúnger , cSe CI Providl nda Url! dia me


libertlr doi meus atuais compromll1os. hei de Ine dedicar ti eSCI'evet
fobrc o 'pc cada ori.ginal' e (I newSlidode de se redescobrir a lua

- 411-
56 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 282/ 1985

reolidadoe out~ntica . Cam efeito; se não se compreende que o hamem


se acha num ..,slado de aUenoção não só ecanômita e social . " 1 iã
nóe HI compreende a neceuidade de Ctislo Redentor. Todo a es!tuluta
da te é allim ameaçada. A incapacidade de compr..,ender e apresentar
o pecado original li realmenle um das mais graves problemas do te o-
logia e da pastoral dos n05l01 tef'llpos.
cE donde pro.,'m tal incopocidode?, pergunta Monori.
Responde Rotdnger : .. Numa hipótese evolucionista do mundo (6
quol correlpande em teologia um cerlo leilhardisrnol obviamente não
há lugor para (I pecado original. Este, ao máximo, seria uma expr.nõo
simbólica, milito, poro indicor os folhas nolurois de umo crioturo c;omo
o homem. que. a partir de origens muito imperfeitas. cominho para o
perfeição ou em demandOl da suo 'eolizaçao completa. Tadavla aceitar
esta visão significo derfubar a estruturo do CtiSlianisma: Cristo' trans-
ferido do paliado para o futuro; redençao significo simplesmente co·
minhar paro o fuluro coma ru,:cess6rla evolução para o melhar. O
homem torna-" openal um produlo ainda não rematado, ne9a"e a
redenção, por,que, em 101 hipótele, nôo howe pecado a expior. maS
openal uma falho decorrente da natureza » (PP. 805).
Em última instância, acr.scenta Raf:r;inger, c o crise do pecado
original 6 Clpenal um ,Intama do noua profundo dificuldade de per-
ceher a realidClde de nós mesmos, do mundo e de Deus. Não bastam
as discussões cOm as tilncias nCllurail, como, por exemplo, o paleonto.
logio, emboro t slt lipo de confronlo seio neceuârio. Devemos eslor
conscientes de que eltomol dlonle de precamprecnsõos ali d. prede-
cisões de Indole filos6fico. I I p. 81) .
Per,gunta, poré m, o jornalislo: cAdõo, Eva, o poroiso, o frllta,
a ",pente . .. QUe di!e, ti resj)eiIO?

Responde a leólogo : cA narrativo do S. Escriturei referente GS


origens nao fala como O historiografio mod.fftCl, mos lerve-H de
imagens. Elo ro.,elOl o oculla 00 mesma tempo. Mos o. elemenlos que
elCl lança, slio roz06vels e a realidade do dogma é sal ... oguordodo, O
crislôo nóo serviria d.vidomenle aos irmãos se nõo onundaue. em
suma, que, poro sermos salvos, lemos quo nos abandonar ao Amor.
Ip. 821 _

1 Com outras pallllfu: o cardeel quer dizer que as obl&Çlle. contra


o pee«do oltglnal !'lia , lO aplnll l i qu e pretenlamente as c16nclu nalur,l.
tl ...entam (objoça.., . am dUvIda, IOtUvIIs), mas se devem a preconceltOl
moa6Hcos da mantalldade modarna, que eoneebe horror ao termo "pecado",

- 412-
...COLóQUIO SOBRE A FÊ,

6. O drama da Mo",1
ObseNo S. Eminêndo: .Num munda como 6 ocidental, em que
a dlnheira e a riqueza sõa o medida de tuda, em que o modelo do
marcada liberal Impõe ai suas Ieil implacáveis a todos os aspedos do
vida, a Etica cat61ica oul6nlico apacece a muitos camo um corpo
eslrgnho. romolo, uma esp6cie de meleoro, que contrasto não ,6 com
os conO'elos h6bilos de vida, mos lambém com o esquel'lla bálico do
penlQr. O liberalismo econômico sc Iraduz., no plono morol, em seu
exato correspond.nt.: o permini ... i,",o:t (p. 831 .

c E quais seriam a, oxpressões desse permi~sivisrno?:t, indagou


° jornolista.

«Rompeu-se o liome enlre sexualidade e casamento. Dissociado


do malrimOnio, o sexo ficou sem refer(lnciol; tornou-se umo espécie
de mina fluluonle, um problema e lombém uma pOlindo omnipresente.

Após a dissociação do sexualidade e matrimônio. oquela foi dei •


...inculodC! do procriação. TodQ ...io°mo ...imenlo de ruptura deu-so no
sentido in'fOrIO: prouioçôo sem sexualidade. Em con~eqOência, ocom-
ponhomos OI experlénciol mai5 impressiononte•... da tecnologio. da
Engenharia Gen'lka, em quo o procrio cão é independenle do uso do
lUa. A manipulccão bio lógico edá dosarroigondo da noturna (cuia
conceito é cotlteitadol o homem. Tenlo-se transformar a homom e
manipulá-Ia coma Sê faz com qualquer outra cOlsCl : é equipClrado
simplGsmenle G um produto plonciado o gosto ..•

Nesta marcha quo desfaz coneKõcs fundamentois nalurais (. não


openo. culturai., 1:01110 diõlcm olgun. I, eslaa c:~tida. conseqQ6ncicI
inlmQginó ...." que dori ...om do lógico mClmo .que inspiro tal procedi-
menta . . . Com efoito; torno-so IÔQico que o prazer, o libido do
indi...ldl.lO ...enha .a SCf o único refer.ncial pol$ível poro o sexo. Esle,
sem razão obi l tlva que o justifique, vai procurcndo o 1\10 rGJ.ão suble-
ti'lO na lotisfocão dos desejos, no resposta moi • .s(ltisfatório pou r.... '
.aos instinlos do lndi ... rduo, instinlos aos quais esle não pode opor um
-n-eio rocional. Ctldo qual. livre porCl dClr o conteúdo lubietiyo â lua
libido penoal ... Poro dClr um eumpjo hoje multo attJol, diro! que
,e lorna um dlrello inalien6vel le como negá-lo na base d e lols pre-
missas?) o homoueKuQli,mo; o reconhecimento pleno dcste vem o ser
um o.pedo da 'liberloç6o' do homem» Ipp. 84-8ól.

_ "t: ~_
58 cP ERG UNTE E RESPON DEREMOS. 282/ 1985

Te ndo posto de lado O Evangelho como bale do Elica, o hom.m


procura na sua faJ:êío os principiai do respectivo comporlomento
moral. Em conse qüênçi", concebeu a Moral das fin s ou - como se
prefere nos Estodos Unidos, onde é elaborada e difundido em grau
móximo - C" morol deu conseqüências, o 'conM,q üend alismo': noda
é em si bom ou mau; o bondode ",oral d e u", alo depe nde unico·
menle dl:l SIo'O finolidode e dos suas con seqül ncias previsiveil
• I;l:Ilculóveis, Te ndo tomado conscifncio dos inconve nientes de tal
sislemo, algun s morolislos procurorom olenuof o coni equenclalismo
mediante o ' proporcionolisl1Io': o agir morClI dependeria do confronto
instituido pelo su jeito entre a proparcQo d. bens e a ele males que
asloriom.em jGgo :t (p, 911.
c No s convicções morais d e certos leologiol da liberlacão hó
frequ enteme nte um fundo de Morol proporcionolilla : o 'bem absolulo ',
isto é, a condruçêío da 10ciedClde jUlIo socialisto, lama-se a normo
morol que justifico tudo mais, inclusive - se necessório - a violindo,
o homicidio, a mentiro, Eis um dOI muitos a spectos que mOltrom como,
desvinculando·se de Deu. , os homens M lornom prelO das conseqül n.
cios mais arbitrárias, A ro!.tío do indi ... iduo pode propor ô suo olivi·
dode objelivol sempre mais divenos, mais imprevisiveis. mois perigosos,
E aquilo que parecia liberloção toma o sinol contr6rio , mostrando na
realidade o lUa face diabólico, No verdade, tudo islo jll foi deSl;fito
com precisão nas primeiras põginas do Bíblia :. {P. 921.

7, As mulheres, a MtJrher

o cardeal Ratzinger foi inter rogado também a respeito do


papel da mulheI' na sociedade civil e na Igreja contemporãnea,
Come ntou ;

«I: o mulher que lofre mais du ramente as con.eq üé nclas da con-


fusã o .. da s upe rficialidad e de uma cultura fruto de monto. m01oCulinol
• de ideologia 1 mOleulinos, fstas eng anam o mulhor , " dizendo que
no verdade G que rem liberta,.,

E aborda a questão do sacerdócio das mulheres:


«A p rimeira vista, a. instâncias do fomin ismo radical em fo ...or
de 10101 equiparoçQo entre o homem e a mulher parecem nobilíssimas
ou, 00 monOJ, muilo rQ.&oaveb, E parece lógico qve o reivindicoçllo
de ingresso do mulher em todas OI plotinoes, . em ext:;h,lJõ o de Cllguma,

- 414 -
(COLóQUIO SOBRE A FÊ» 59

se Irantform~, no interior do 19teja , em pedido d~ aceno ao sacerdócio.


A muitos" , o ponibilidode de ter socerdotixos c.alólicol parece nõo
apenol justific:odo, mal inócuo; seria uma simples e indis pe nsóve l
odaptocõo do I,greja o uma situo,ao socia l nov(l •.

.
« Ent<ia por que obstinar.se na recuso ?», perguntou o jornalista.
Relpondeu Rotxinger , «No \lerdede, este tipo de emotlcipoCõo
da ," ulher não é nO\lO, Esquecem que no mundo antigo todol 01
religiões linhom $oce,dolizos. Todas, exc~lo umo: o hebra ico . O
Cristianismo, ",guindo o exemplo escandalosamente ortginal d. JeIUI,
obre ";s mulheru uma siluoçõo novo, rese rva· lhe, um lugar que re·
presento novidod . e m r. loc;õo 00 judoismo. Mas con serva o costume
de só dar o sacerdócio aos hOme1ll. Evide ntllmente a intuiçõo dos
c:riltõos compreendeu que o questõo nõo era ,ecundâria e que d efen·
det o Elcrituro (nem o Al'lligo nel'l1 o No\lo Testamento conhecem
socerdotizos) significa também defende r o pena0 humano, A (:omeçor,
como $e entende, pela pena0 do s.xo feminino •.
O jornalista pediu ulteriores expllcaçóe5 para tal afirma-
tão que náo lhe parecia suricientemente clara. Ao que res-
pondeu o Cardeal:
c:.E preciso irmos 00 fundo da reivindicação que o feminismo rodi·
cal deriva do ,ullura, hoje difundida, de bana lixar a elpedfiddode
sexual, tornando permutõveil Os papéis do homem e do mulher,
Falando do crh. do M.oral tradicional, disse que no roh da crise há
uma série de rupturas fotoil; enlre e slas, por e xe mplo, o que ocorre
enlre sexuolidode • procrioçõo, Oesvinculodo dCl fecundidade, o sexo
já nôo le opresento como coroderi,,;co dele rm inoda ou como oriento-
cão rad ical, tipico da pes.s oa. Homem? Mulher? São pergunlos que,
pare olguns, se lornotom velhas, soem sentido, soe não rocistas, A
respos10 da mentolidade contemporanea é previsível: ' Homem au
mulher, isto pouc:o nOI in 'eren o . Somos todos simplesme nte penoos
humanas' . hlo no v<crdode é IIrove, mesmo que pore<;o belo e gen • •
raso; sillnific;a, sim, que o sexua lidade jô nõo i consid erado c omo
e nraizada no antropologia; significo que a lexo é yido como umo
simples funçÕo p",unuláve l a gOilo:..
- cE doi?
_ 0:001 18 segue lagitomenle que todo o 'er, e todo o a gir da
~IIOO humana são reduz idos o purCl fuociooolidod e ou mero papei:
por exem plo, (I papel de consumidor o u o de Irobolhodor, cooforme
ClI regimo" .. , olgo que nao diz re,peito d iretamente à diversidade
s~xual. Não li por ocaso que, enlre os campanhas de 'libertação'
de$t.s anOJ, Je rog istro u Q d e fugir do 'eJcrovidão da natureza'; rei·
vindic;am o direito de tornor·se home m ou mulher a gosto, lolve x po r

- 415-
cPERGUNTE E RESPONDEREMOS .. 262/1985

via cilúrgico, e exigem que o álada rec<lnheca eslo oul6noma vonlade


do individuo, E nõo .. por aca, o que os leis ,. adoPlaram logCt a
lah exiglndas. Mesmo que e.la 'mudan.ça d. sexo' nada mude na
candiluicCia genilal da peuoa interenada; Ó apeno. um alliflc10
ex'e,ior. cCtm a qual nCia se resolvem as problemas, mas apenas .e
constroem realidades fictldas . Se tudo \\ apenas uma fun<ÇÕO deter-
minado pela cultura, pela hist6ria e nada há de espedfko inseito no.
profundidades do natureza, também a Imaternidade se torna umO
fURtõo casual; cam .'eil a. CA!ltOI movimentos feminislas consideram
injusto que some nte ô mulher loque dor à luz e amamenlar. E o
ciênc;tg, . • lhe OIcode, 'rondormando UIm hOlmem em m..,lhe', • vice·
_vena, como j6 vimo., ou separando da sekualidode a fecundidade,
d. modo o promover o prCKrioção Imedionte manipuloçõo. t'cnicas.
Não somos todol i,guoh? Por conseguinte, se necessgrio, combalamos
as de sigualdades da natureza. Todavia o nature;C!;ll nõo pode ser com-
batido sem .q ue , oframos as conseqüência. mai s d . ...astadoras. A
IOCfossanla igualdade enlre homem e mulher não exclui, anfes exige,
a diversidade. (pp. 93·961.
Solicitado pelo jornalista, o teólogo considera mais direta-
mente o aspecto religioso da questão:
«O Crisllonbmo flÕO li uma e.peculação filosÓ'flca, não é uma
conslrucao da nono ~nte. O Crislionismo nao , nosso, li o Reyelocão
de Deus, , uma menlogem que nOI foi entregue e que nao lemOl o
direito de reconstruir a gaita. Por conseguinte, nôo estamos autorizo·
dos o 'ransformor o ' PaI Nono' em 'Mae Nosso': a simbolismo usado
par ' esul é i"ever..l.... I...
• Enlão elllOria o diólogo encerrado?:.
«Estou convencido de que o feminismo na suo forma radical
levo a alga que não e o Cristianismo . .. , mas uma religlõo diversg.
Mos IlOmbém estou convencido I CQntecomos o vllr OI ro ~ões profundal
do posicCio blblicg) de qve a Igreja Col61ico e as comunidacS.s aria·
dO ltO l, d.fe nd endo o sua fé e a seu conceilo de sace rdócio, defendem
lonlo o homem quanto !;li mulher na sua totalidade, no sua disUnçõo
irroversivel en lre masculino li feminina; por conseguinte, defendem o
suo Irredutibilidade ti simpl.l funça", ou popéiu.
E conclui S. Eminl neja : «Da ,es,o, vale o pena rep.tir aqui o que
nao me canlO de dizer: para o Igreja , o linguOlgem do noturet:a (no
nono coso: dois lexol compl.m.ntores entre si e bem distintos 'lIm do
outrol li também o lin,auogem da Moral: "o~m e mulher são dlamo-
aos a meIos IguolmenTe nODre., e'e-mas, mos por cominhos diverlO~.
e em nome da nahlreza - sabemos que esfe conçeifo ., poflo om

-416-
eCOLOQUIO SOBRE A rn. 61

xeque pelo tradição protestonte e pelo Iluminismo - que a Igreia


'evonta (I YQZ contra a tentação de le fonnularem OI peslOOI e $(lU
destino se5lundo projetos meramente humano. ou d e se apegarem cu
carocterf. ticos individuais fi a respectivo dignidade. Respeitar o bio-
°
10,g io é respeilor próprio Deus e salvaguardar os suos criaturas..
Fruto ",do Ocidente opulenlO e do seu estaluto inleleclOo b , o
feminismo radical eonuncia uma libertoçõo, ilto " uma .Jolvação dife-
rente, se não OPOsta o cri.lãll. MOI etoco aos homen., e principalmenle
.oI mulheres que experimentam os frutos dessa presumida salvação
p61_cristii, interrogar-se com realismo para saber se flU O salvação
implico um oume nlo de felicidade, \Im maior equiUbrio, uma slnlese
vital mCli. rkCl do que o que oballdonClulM !)OI jur"ar" m-no superado:.
Ipp. 97sl .
Para a crise da Moral, da mulher e do conceito de Igreja,
o Cardeal apon ta um remédio que emostrou concretamente a
sua eficácia ao longo de todos os séculos cristãos. Um remédio
cujo prestigio parece hoje ter·se obscurecido entre alguns cató-
licos, mas que ê. mais do que nunca, atual:.. Tal é Maria San-
tisslma.
Em particular a respeito do terceiro segredo de F átima.
o jornaJista pecgunt'Ou ao Cardeal se não scri publicado. Ao
que respondeu S. Eminência:
cO Santo Padre julgo que islo noda a crescentaria 00 que lIm
cristão dev. sober o porli,. dos 'onles do Revelação e tombém a partir
das oparicÕes moriollelS oprovadol pelCl Igrejo; t!sfos confirmo," o
urgência d. penitincio, de conver,õo, de perdão, de jefum. Publkar
o te rceiro segredo H:ria expor-Ie 00 perigo de monipulações s.et'lIO(jo-
nolislas do seu conteúdo » (p. 111.

8. Umo certa «libertação»


A entrevista do Cardeal Ratzlnger, tendo ocorrido em
agosto de 1984, é a nte rior ã Instrucão Llbertatis NlUltlus
(3/9/ 84) e a declarações precisas relativas a Frei Leonardo
Bof!. Por isto não aborda tais docu m entos. Mas refere-se o
Cardeal à Teologia da Ubertação, d izendo:
cO q~ é leo logicamente in a (eitável e socialmente pe r~gola, ,
eno mistUfa de Bíblia, Ú'i5tologio. político, sociologia, economia. Não
é llcilo abusar do Escrituro e do leologia para absolutizor e soeroU.r.or
uma teoria referente à ordem sócio-político. Esta, por 11,10 nalule.r.o,
é sempre reloliyo . Se, por6m, al'iu6m socroli~ o revo!u~õa _ mil lu-

-417 -
62 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 282/1985

fondo Deus, Cristo e ideologias - , crio um fanotismo entusiasta que


pode le ...or âs piorei injultiços e oprosslSes, contradizendo com fal05
àquilo que o toaria propun"a • .
ce dolorosa - em sacerdotes e le610gos! - a ilusõo tõo pouco,
cristõ de podor criar um homem :e um mundo novos nõo pelo apelo à
co,weuóa de cada um, mas atuando apenas sobre os estruturOf focioi ..
e econÓmic.gl . No verdade, , O pecado peuaal que estó na base das.
pr6prias estruluros sociais injustos. I: lobro o raiz, e não sobre o
tronco e OI ramas dai órvores do injustiça, que se dev. 'robolhar se
Se quar uma sociedade reolmenle mols humano. Elias são verdades
O'I,lõ, fundamentais, reieitadtn. pa,êm, (am desp reU) como alienonles
e espiritualistas» (PP. 2025'.
9. Conclusão
Outros tópicos do livro em foco ainda mereceriam desta-
quei tais os que se referem ao «Concilio a redescobrir:», às
Conferencias Episcopais, à Liturgia, ao Ecumenismo, à Evan-
gelização, i. Escatologia . . . Na verdade, a obra. apresenta um
panorama abrangente de toda a problemática da fé hoje.
Os comentadores do livro chamaram a atenção para a
palavra «Restauração,., utilizada pelo Cardeal Ratzinger para
designar o programa do próximo futuro da Igreja. Significaria
uma volta li época pré-conciliar ou um apagamento da reno·
vacão do Concilio do Vaticano II (1962-1965) tido como fra-
cassado? - Tal interpretação foi categoricamente desmentida
peJo Cardeal Pref.elto, que assim se explicou:
.Se por ',eslauratÕO' le entende Um ...oflar otréu, nenhUOIa res·
touroçõo é possível. A I;foja ~oi à frenle, em demando da conSUMa'
tao da hhl6ria; Elo olha pOro o Senhor que vem. Não; paro trô, nôo
voltaremos. nem podemos voltar. PorlOnlO, nóa haverá reslouradio
neste sen tIdo. Mas, te por ' restauração' ente ndemos a pro(ura de um
novo eql,lilíbrio ap6s os exaGeras de abertura indiscriminado poro o
mundo, após cu inlerprelacóos demosladCl positivos de \Im mundo
ognósti(o e Clleu, enlõo o r.sloW"oçõo em 101 senlido I um renovado
equillbria dos orientações 8- dos ~0IO'8S no interior do totalidade
cat61i,o I 'muito delOj6ve I e. d~ relia, jó está-se exercendo na IgreJa.
Neste sentido pode. se dizer que está e ncerrado ° primeiro falO após
o Volicono 11 11 Ip. 361-
Vê-.se, pois, que a posh;:áo do Cardea1 Joseph Ratzinger
nada tem de extremismo ou conservador ou progressista. 1!:
simplesmente a atitude de fjdelidade Incondicional à Igreja e
a Cristo, que vive nesta. Dado que esta fidelidade é contes·
tada ou menos prezada hoje em dJa. o livro em foco pode pare·
- ~ 18-
.. COLOQUIO SOBRE A FÊ,. 63

cer estranho. Todavia ele deve ser tido corno altamente bené-
fico, pois veio dizer explicitamente verdades que se foram rare4
fazendo na linguagem dos cristãos; veio acudir à hesitação de
muitos que, diante do grande número de abusos ou exageros
hodiernos, perguntam se afinal não são os abusos que consti-
tuem a norma certa, de modo que quem nâo os aceita ê mal
infonnado ou antiquado ou errôneo. Não há como vacilar:
quem mantém a autêntica fé com o que ela tem de .. loucura e
escãndalo~ (leor 1.23), está longe da errar; coJ'\Serva-se na
posição certa (embora, humanamente falando. incômoda) para
o bem de seus innãos.

Possa o livro assim apresentado encontrar sempre maior


número de leitores, que náo pOOcrão deixar de reconhecer o
conteúdo lúcido, profundo e sereno das ponderações do Car-
deal Ratzinger! Este nos chama à confiança e 80 otimismo
baseados num sincero diagnóstico da situação da fé em nossos
dias; a partir da reaUdade desafiadora devidamente identifi-
cada se construirá o futuro da Igreja.

-419 -
Um folheio po"mlco:

"O Estado do Vaticano I'


Em alm"': o op':'aculo In til ulado ~ O Estado do Valieano·, de origem
prole.1ante, agflde a Igreja Calóllca ne blte da inverdades fi lU/casmO.
Atendendo ao pedido de 1.llores, lecemos algumas consldaraÇÕeS a res·
peito. O penlleto n60 somente lalslllca a história e a mensagem da Igr,ja
católica, mas Incide Im conlnldlç6es que bem revelam ° despreparo e a
nula autoridade de quem ° redigiu.
• • •
Têm sIdo encaminhadas à rMacã.o de PR sucessivas soli-
citações na sentido de que comente o folheto cO Estado do
Vaticano~, divulgado nas paróquias do Brasil pelo pastor pro-
testante Lauro de Barros Campos, de Campinas (SP). Dada
a ampla difusão desse escrito, perpassado de inverdades estri-
dentes, publicamos. a seguir. a1gumas considerações a respeito.
Anima-nos tão soment~ o des~jo de salvaguardar a verdade.
dissipando graves. eQuivocos.
1. TópiC'Os salientes
Quem lê o opúsculo (e outros semelhantes, que têm sido
disseminados em grande número). tem a impressão de que o
Protestantlsmo precisa de mentlra~ e calúnias para poder pro--
pagar-se entre os fiéis. Com efeitoj o opúsculo é, de ponta·a-
-ponta, a expressão de inverdadcs grosseiras e de 6dio pas-
sional contra a Igreja Católica e suas Instituições.
Com referência direta ao autor do opÚSCUlo (seria o pro-
prlo distribuidor do mesmo?), toma-se evidente que nunca
estudou a Igreja Católica, sua história. sua mensagem e sua
estrutura, pois nio cita documentação ou fontes de primeira
mão. Rcfere-se a cOm~ndlos de história ou de polêmica anti-
católiea, mas sem Indicar exatam~nte o autor. o titulo da obra,
ano de edJção. páginas em foco. .. As citações, quando ocor-
rem, são geralmente Impreclsas, como cJomaI II Glomlo, MI-
lão, (p. 4), cChlnlqul, pâg. 44~ (p. 12). cTaine, infra:» (p. 3.
sem que se veja. esclarecimento infra.) , eVita del Marcelo,
pig. 132, (p. 12). O autor apenas repete, sem espirito cienU-
-420-
_ _ _ _ _--'.~O~ES"T!;A!!!DO~_.!DO~~V~A'lT:!'IC"A~N~O!!'_
. _ _ _ _ _~65

fico, O que jâ !oi escrito, c, visto que não tem conhecimento


pessoal do assunto, incide em erros e contradições, que passa-
mos a recensear:
Pág. 1: O autor traça um paralelo entre as Ordens Reli-
giosas do Catolicismo e as denominações do Protestantismo
(Batistas, Presbiterianos, Metodistas. Luteranos ... l. Ora o
paralelo não existe, pois as Ordens e Congregações Religiosas
do Catolicismo reconhecem um Pastor Supremo comum, que
é o Papa (por conseguinte, não quebram a unidade do Catoli-
cismo), ao passo que as denominações prolestante'J não têm
chefe comum; são independentes e multiplicam-se de modo a
se afastar cada vez mais da doutrina do Noyo Testamento,
tendendo a fazer prevalecer a do Antigo Testamento (c!. Tes-
temunhas de Jeová e seitas derivadas) ; desta maneira Quebram
a unidade do Protestantismo e perdem-se no individualismo
mais arbitrário.
Pág 2: São mencionadas as 4:Pseudas Decretais de !si-
doro do século 2I'~. - Na verdade, as Pseudo-Decretals datam
do século IX (entre 845 e 857). Vêm a ser uma coleçãO de
textos juridicos, o.utênticos e não autênticos, devida a um certo
escritor chamado Isidoro Mercator, provavelmente de Rhelms
(França). Este autor foi confundido nos tempos seguintes
com Santo Isidoro, bispo de Sevilha (560-636) . Por isto a
coleção tomou o nome de cPseudo-Isidorianb ou cPseudo-De-.
eretais de lsidoro de Sevilha" pois se verificou no século XV
Que nâo podia ser de S. Isidoro de Sevilha. - Donde se vê
que, a vArios titulos, é falso falar de cPseudas Decretais de
Isldoro do século 2".. A história não conhece Isldoro do
século 2·.
Pág. $: cAntes do Papa Slxt'l IV ninguém la para o pur-
gatório, porque não existia. . . Surgiu com seu decreto! . A
pág. 6 se lê o mesmo. Todavia à pág. 8 está dito Que o dogma
do Purgatório data de 503 - o que não se coaduna com as
atirmações anteriores, pois o Papa Slxto IV data de 1471-1484.
Na verdade, a crença na existência do purgatório deriva-se dos
princlplos bibllcos (cf. 2Me 12.39-46; lCor 3,l()"16; Mt 5,259)
e é documentada por textos erlstãol dos primeiros séculos. Cf.
E. Bettencourt. cDiálogo Ecumênlco ~ . Ed.. Lumen ChrlsU. Rio
de Janeiro 1984. pp. 141-157.
r-'g. S: ~ mencionado «o Papa João XXIII ano 1410~,
com a advertência: «não confundir com o João XXlU mais J'e-
centej não sabemos porque um papa posterior decide adotar o

- 421-
66 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS ~ 282/1985

nome de um anterior tão Imorah. - Ora João XXIn (1410-


-1415), no caso, não foi Papa, mas anti-Papa.
Pág. 5: São mencionados Ratramno, Rabano Mauro (não
Rabana Mauro, como se lê no opúsculo), São João Crisóstomo,
S. Agostinho como adversários da transubstanciação eucaris-
tica, sem Q indicação das respecUvas tonles. Na verdade, Rã-
tramno (t 868) e Rabano Mauro (t 856) não podem ser ali-
nhados na mesma escola teológica, pois divergem entre si: Ra-
bano Mauro (776-856) professa a real presença de Cristo na
Eu<.'8ristia, com(J também o faziam S. João Crisóstomo (t 407)
e S. AgC6tinho (t 430) . Ratramno, sim. foi dissidente, profes·
sando mero slmoolismo eucarístico.
Pág. 5: cEntre 1305 e 1377 a Igreja foi governada por
dois Papas, um em Avinhão e outro em Roma ~ . - Há 0.1 evl.
dente confusão: dC' 1305 a 1377 os Papas residiram tão SOmente
em Avinhão; não havia titular em Roma; de 1378 a 1415, Eim,
deu-se o grande cisma do Ocidente, que terminou com a eleicão
do Papa Martinho V.
Piig. 5: cAntes de 1215 nenhum cristão aceitava que a
farinha se transformava em Crlstos». - Abstraindo do IIn·
guajar sarcástico E pouco digno, notamos que, desde a época
dos Evangelistas, a Igreja professa que o pão eucarístico se
torna o Corpo de Cristo e o vinho se converte no sangue do
Senhor; cf. Mt 26,26-28; Me 14.22-25; Lc 22,15-20; leor 11.
23-25. A Tradição o professou desde os seus inicias. conforme
a documentacão apresentada em cDlálogo Ecumênico» pp. 103·
-123. A palavra .transubstanciação» foi concebida pela teo-
logia escolástica (medieval) para designar o fato já anterior-
mente professado, ou seja. a real presença eucarística de Jesus
(transubstanciação significa a conversão da realidade do pão
e do vinho no. realidade do corpo e do sangue do Senhor). Tal
voc:ãbu1o parece ter s ido utilizado, pela primeira vez, pelo bispo
Es-tévão de Autun (f 1140); retornou sob a pena de muitos
teólogos e canonistas na segunda metade do século XII e foi
oficialmente reconhecido pela Igreja no Concilio do Latrão IV
(1215); é a este illUmo fato que o opúsculo alude irreverente-
mente. Antes, porém. da palavra «transubstanciação», já 8.
realidade da mesma era professada pelos cristãos, como atesta
o texto dos Evangelhos, que ê de clareza meridiana.
Fig. 7: Em 1215 o Papa Inocêncio lU terá proibido a
leitura da Bíblia. Todavia à p. 8 Isto é atribuldo ao ano de
1229, quando o Papa Inocêncio III já estava morto (faleceu

-422 -
·0 ESTADO 00 VATICANO, 67

em 1216). Na verdade, o autor é impreciso. ou melhor, enga·


nOU-5e. Eis o que na verdade se deu:
O Bispo de Meu (Alsácia) comunicou ao Papa Inocên-
cio tn (1198-1216) que um grupo de pessoas da diocese havia
mandado traduzir livros da Bíblia para o francês 00 íntulto
de comcntfl.-los c discuti-los em circulos fechados. , ., círculos
que não aamlUam quem não estivesse de acordo com eles;
admoestados por a lguns sacerdotes. tais pessoas haviam·lbes
resistido. O Papll então escreveu duas cartas: uma ao Bispo
e ao seu cabido; a outra a todos os fiéis da diocese de Metz.
Nesta ultima observava que
.
_ a pregação do EvangeJho não se deve efetuar em gru-
pos fechados, mas de maneira pública, e cita Mt 18,27 e
Jo 18,20:
- tal é a profundidade das Escrituras que não SÓ os sim·
pIes e anatrabclos, mas também Os prudentes e doutos não
estão habilitados il entendê-Ias plenamente;
- é necessãrlo ter uma emissão. (incumbência a lrlbuida
pelo Bispo) paro p~gar.
No final o Papa elo:Ol'ta os fiéis a que mudem de atitude
e sigam a fé católica e a disciplina eclesiástica.
Na primeira carta Inocêncio m pedia ao Bispo de Melz
que procedesse com prudência e indagasse solicitamente a res-
peito da problemática. para que ele, Papa, pudesse tomar pro--
vidõnclas.
Como se pode observar. estes tc,'!;tos nfio proibcm a leitura
da Biblia, mas tém em vista coibir possíveis erros decorrentes
do Indevido uso da meslna. A Igreja, sim. Cristo confiou n
missão de guardar e transmitir incólume a Pala .... ra de Deus.
P1g. 7: . Em 1534 surgiu uma Ordem sinistra (a dos J e·
sul tas) . .. Propunha varrer da terra protestantes, maçons e
muçulmanosll. Quantos erros não há ai! - Na verdade, a
Maçonaria fiJosófica só começou a existir em 1717! Por con·
seguinte, OS jesuitas não podiam ter originariamente o propó-
silo de o combater.
Pág, 8: cO Imperador- Constantino celebra o l' Concilio
em 313». - Na verdade, o primeiro Concilio universal, o de
Nicéia I, realizou-se em 325, No ano de 313, Constantino, me-
diante o Edito de Milão, concedeu a pu aos cristãos.

-423 -
68 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 282/1985

Pág. 9: Entre os pretensos adversários da virgindade de


Maria, são mencionados S. Ireneu de Lião (t 2(2) e S. Epi-
fãnio (t 403), que foram convictos defensores da mesma. Bem
se vê que o autor do opúsculo fala sem conhecimento de causa.
Ver S. lreneu, Contra as heresias V 2; S. EpifAnio, Panârio 1.
111, t. U, haer. LXXVm, à p. 440 deste fascículo.
O autor acrescenta: cAfinal casar-se e ter filhos não des-
merece . .. O que desmerece, e muito. é a condição de celiba-
tário•. - Estas palavras Injuriam o próprio Jesus e o Após-
tolo São Paulo. que, aos: olhos do autor do opúsculo, já não
merecem crédito. O casamento, sem dúvida, é santo (cf. Ef
5,25--32), mas não exclui o valor da vida celibatária, instituída
pelo próprio Cristo (cf. lCor 7,25-35).
Pág. 9: Em 7m institulram o culto a Maria:t. Ora às
pp. 6 e 8 está dito Que eMana cometOu a ser cultuada em
43h! - Afinal 787 ou 431? - Nenhuma das duas datas! Já
em Lc 1,43 Maria ê chamada «Mãe do meu Senhor" sendo
que 8 palavra «Senhor. traduz o grego Kyrios, que, por sua
sua vez, traduz o hebraico Jahvdl; donde se entende que Ma-
ria ê Mãe de Jave ou Mãe de Deus na medida em que o Se-
nhor Deus quis fazer-se homem e assumir a natureza humana
no seio de Maria Virgem (não na medida em que Ele é Deus
eterno). Ora em 431 o Concilio de ~feso proclamou tal ver-
dade bíblica, designando Maria como «Mâe de Deus:t ('l1teo.
tókos, em grego, era titulo. j6 muito antes de l!;feso, utilizado
pelos escritores da Igreja) .
Pág. 9: O Papa João XII em 1317 terá Introduzido a
recitação da cAve-Marla:t. - Ora o Papa João XU não é de
1317, mas de 955-964. A cAvc-Maria. jâ se acha no Evange-
lho, donde é simplesmente tirada para ser repetida pelOS fiéis:
veja Lc 1,27 (o anjo disse a Maria cAve. che ia de graça, o
Senhor é contigo ... :t) e Lc 1,42 (Isab:!1 saudou Maria com
estas palavras: «Bendita és lu entre as mulheres e bendito é
o fruto do teu ventre!:t).
Pág. 10: eSão Jerõnimo ano 340 dizia o mesmo ... »
- São Jerônimo ainda não n~ra em 340! Ele viveu de
347 • 420.
Fig. 12: Mais uma vez volta a menção de João xx:rn
em 1410. - Jã dissemos que não foi Papa, mas a ntipapa.
Pág. 12: «Francesco Petrarca, humanlsta . ano 1304 des-
creveu o Vaticano ... ~ - Petrarca viveu de 1304 a 1314. Em
1304 não cles<:reveu colsa alguma!

- 4'24-
.r() ESTADO 00 VATICANO, ..
Pág. 13: ..Em 869 a Igreja Oriental separou-se de Roma..
- O cisma de 869, devido ao Patriarca Fócio de Constantino--
pia, não foi definitivo, pois houve reatamento. A ruptura defi-
nitiva deu-se em 1054, sob o Patriarca Miguel Cerulário de
Constantinopla.
Pág. 1S: No § 5 desta página encontram-se afirmações
referentes a Lutero e ao Papa, que são de símploriedade sur-
preendente. O autor do opúsculo fala de vários ternas em ter-
mos sumârias e em tom tão ca teg6rico que só revelam sua
Ignorância e obcecação; a pesquisa da verdade parece não lhe
interessar; dir-se-Ia, antes. com .a devida vênia, ..um macaco
em casa de louças:.: desajeitado. gesticula descabidamente (! faz
estragos, em vez de pór em relevo a verdade.
Pig. 13, § 5: Não se escreva tortalesoer, mas fortalecer.
PiJt. 14: eS. lreneu, bispo de Esmlnna ... » - Dlga-se:
eblspo de Lião (Glilia)>>. Esmlrna fica na Asia Menor. Hã con-
fusão eom S. Policarpo de Esmirna mencionado à p. 17.
Fig. 16: 010 Cardeal Congar de Paris propôs: ... Todo
padre e bispo deve casar·sc ... O Papa não e inralivel. . . Ne-
nhum papa, bispo ou padre é intennediário entre Deus e o
homem a não ser Jesus Cristo». - Antes do mais, observe·
mos: nunca existiu o Can:real Congar; apenas se conhero o
Pe. Yves Congar, frade dominicano. ({';ólogo do ConcIlio do
Vaticano U! Além disto, seria favor indicar em que obras
teológicas do Pe. Congar se encontrnm as proposições a ele
acima atribuídas. Quem conhece o Pc. Congar, sabe que elc
nunca escreveu tais coisas.
Pág. 16: O opúsculo refere que ~no concilio de Cartago
Bno 397 a Igreja ratificou formalmente os vinte e sete livros do
Novo Testamento». - O autor .. esqueceu·se» de dizer que o
mesmo Concilio não somente definiu como canônicos os vinte
e sete livr-os do Novo Testamento. mas tamMm promulgou
como canônicos os escritos do Antigo Testamento, incluindo
neste Tobias, .Judite, 1' /2' Macabeus. Baruque, Sabedoria, Ecle-
siástico, que Lutero nâo quis reconhecer e retirou da Blblla dos
cristãos. O mesmo cAnon amplo (contendo os sete livros cita·
dos) jã Cora promulgado pelo Concilio de Hipona (cãnon 36)
em 393 e haveria de ser repetido pouco depois pelo Concilio de
Cartago XV em 419; tal catálogo tornou-se usual na Tradição
cristã e foi reafirmado solenemente pelos ConeiUos Ecwnênlws
- 425-
10 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS., 282/1985

(universais) de Florença em 1442 e de Trento em 1546. Donde


se vê que não foi o Concilio de Trento que em 1546 acrescen-
tou os sete livros deuterooanõnicos (apócrifos, segundo os pro-
testantes) . mas foi Lutero quem não os quis reconhecer e eli-
minou da Biblia. - Se os protestantes estudassem um pouco
mais. e sem preconceitO$, nio desfigurariam tanto a. verdade!
Após salientar tais Incoerências do opúsculo em foco, deve-
mos voltar-nos para alguns dos principais titulas de contro-
vérsia levantados pelo respectivo autor.

2. O Papadc
1. 5egundo alguns hlst(lrlad(lre!l. São Leão Magno (t 461)
terâ slcJo cO primeiro Papu (p. 21). 1; dindl dizer por que
atinnam isto. Tais asserções provêm geralmente da pena de
pessoas que só estudam superficialmente, e nâo raro guiadas
por preconceitos.

A propósito do Papado enconlram-se longas explanações


no livro cDiãlogo Ecumênlco~ jA citado, pp. 57-101.

Recordaremos aqui apenas o seguinte:


o Papado tem suas origens nos prôprios escritos do Novo
Testamento: Mt 16,16-19; Lc 22,.315; Jo 21,15-17.

Em Mt 16 JesUS promete fundar sua Igreja sobre Pedro


(KeI..) " a Quem o Senhor entrega as chaves do Reino dos
céus e o poder de ligar e desligar. Estes dizeres pertencem à
íntegra do texto evangélico (como reconhecem os próprios pro-
testantes) e têm um sabor aramaico muito puro.
Em Lc 22.31s Jesus outorga n Pedro a missão de canril'-
mar seus irmãos na fé, fortalecido como serã, e ê, por especLal
assistência de Jesus.
Em Jo 21,15-17 o Senhor conllnna a promessa, consti-
tuindo Pedro pastor de suas ovelhas.

1 Nl)lemo! Que o Senhor JIIUI '.Iou em 1t11l'l.loo. Por conNllulnle.


u.ou I palayr. Kef.: -Tu es X,I. e sobre .... K.r. e<lIfICllr.1 I mlnhl
Igr.I.-. - Donde se vt Que' vi I .rgumentaçlo do opOseulo (pé". 8) ,
Que . upa. lenha JIIIUS utilizado •• pal.vr., .,.troe e petnl. e•• ta conheclr
um pouco de IIngQrsllca paRi reMar as propOlllçi5es do opLlsculo.

- 426-
cO ESTADO DO VATICANO, 71

Todas estas palavra$ caleram vivamente no ânimo dos


ApÓStolos e dos cristãos posteriores. Assim Pedro é o mais
citado dos. Apóstolos 1'10$ escritos do Novo Testamento (171
vezes); o segundo é João (46 vezes). Logo I'IOS primeiros sé-
culos da Igreja o sucessor de Pedro em Roma Interveio de
maneira decisória em controvérsias teológicas (quartodeci-
mana, rebatismo, arianismo . .. ). As palavras de Cristo, à
guisa de semente, (oram desabrochando cada vez mais; na me-
dida em que a história se desenrolava, apresentavam-se l'Iovaa
e novas oportunidades para que o Papa exercesse suas funç6es
primaclals; em 451, quando Siio Leão Magno interveio no Con-
cilio de Calcedônia dirimindo um litígio crlstol6gico, nada de
novo ou estranho (azia; apenas continuava a missão que Cristo
havia confiado a seus antecessores e que os sucessores have--
riam de levar adiante. Por conseguinte, não hã por que enfa-
tizar o ano de 451 como se (osse o do surto do Papado.

De modo geral digamos: a Palavra do Evangelho é viva,


cheia de virtualldades, que haveriam de atender aos sucessivos
desafios dos tempos. Por isto ela toma através dos séculos
novas e novas expressões, que não devcm causar estranheza,
. desde que sejam o desdobramento homogêneo das virtual Ida-
des da semente inicial Vê-se, pois, que as formulações e as
prãticas da fé não surgem cpor decreto_ na Igreja, como jul-
gam alguns historiadores, mas vão desabrochando aos poucos
e. partir da semente evangélica até atingir a sua plenitude de
significado e receber a sua confirmação da autoridade da
Igreja. Para avaliar a autenticidade de tais expressões, nAo
hA. outro critério senão o magistério da Igreja, ã qual Cristo
prometeu a sua assistência perene até o fim dos séculos (Mt
28.18-20): não é tal ou tal teólogo ou profeta que ju1ga a
Igreja de Cristo e as suas manifestações, pOis o teólogo não
goza do necessário carisma para. tanto; e somente a Igreja,
por lIeu magistério devidamente assistido por Ctisto e pelo Es-
pírito Santo (Jo 14,16.26; 16,13), quem julga a autenticidade
das expressões da fé e da vida do pOvo de Deus no decorrer
da história.

- 42'7_
72 ePERGUNTE E RESPONDEREMOS:D 282/1985

Todo cristão profere três atos de fé bãslcos, sobre os


quais se constroem a sua teologia e a sua ética:

1) cCreio em Deus Pai Criador do céu e da terra:.;

2) cCreio em Jesus Cristo, Palavra do Pai, Deus feito


homem para nos remir:t;

3) cCreio no Espírito Santo, que vive na Santa Igreja


(11. qual é a Comunhhão dos Santos), para a remissão dos peca·
dos . •. e a v1da etema:t.
IIrto quer dizer que quem crê em Jesus Cristo, cr~ '(am·
bém no Corpo de Cristo que dele se deriva desde Pentecostes,
vivIncad.o pelo Esplrito Santo, o qual ê a alma da Igreja.
eCNio em DeUS it, cCreio em Jesus Cristo_ e eCreio no Espirito
Santo que vive na Igreja:. são três proposições lnseparãvets
entre si, que o erlstAo professa num só ato de fé (té que não
é cega, mas que tem suas credenciais, estudadas no tratado
dito eda Teologia Fundamentab). A partir dessas proposl~
- repita-se - é que o cristão elabora sua teologia e vive a
sua ética.

2 . O fato de ter havido maus Papas nos séculos X e


XVI não invalida a autoridade do Papado; antes, a corrobora.
Sim; verifica-se que tambCm através desses prelados Cristo
quis governar a sua Igreja, pois nenhum deles promulgou d~
creto ou norma Que contrariasse à fé e à Moral da Igreja. O
tato mesmo de Que a Barca de Pedro foi entregue a timoneiros
pouco dignos sem naufragar, corrobora a tese de que é Jesus
mesmo quem guia a sua Igreja. De resto, notemos que as
noticias sobre os Papas transmitidas pelo opOsculo em foco às
pp. 3-5 são tendenciosas e destltuldas de critério cientifico. A
história é o terreno mais explorado pelas ideologias, que pro-
curam intelllretá-Ja a seu modo. a fim de justificar teses poU-
ticas e sociais dos respectivos ideólogos. Por conseeu1nte, é
preciso que o estudioso saiba discernir lucidamente os livros
ou manuais de história que utlllza, pois nem todos reterem os
acOntecimentos passados com objetividade imparcial e cien-
tlfIca.
-428 -
.0 ESTADO 00 VATICANO)

3. A civilização dos países protestantes


A p. 4 O opúsculo compara entre si nações protestantes e
nações catOllcas... Conclui que aquelas estão muito mais
desenvolvidas do que estas; e isto, em virtude da sua fé pro-
testante. O Catolicismo teri. atrasado o progresso dos povos.
- O argumento não é novo. Já foi considerado pelo Pc.
Lronel Franea S .J. em seu dialogo com o Sl". El"nesto Luís de
Oliveira, protestante. Ver a propósito os livros cA Igreja, a
a Reforma e a Civilizacão:D de Leonel Franca, 2t edição. Rio
1928, e ..Catolicismo e Protestantlsmo:D do mesmo, ~ edição,
Rio 1952. Destas obras sejam destacados alguns tOpicos.
cA suposta superioridade das nações protestantes sobre as
católi(:8S tem sido amplamente explorada nos meios de <:ultura
intelectual Inferior, como argumento popular COntra a Igreja»
(Oatolld""", • ProtMlan_. p. 214).
Para elucidar a afirmação dos autores protestantes, pro-
curemos, antes da mais, desfazer algumas ambigüidades;
3 . 1. Os; equivoco! da quHtão

1 . A eiviJiza.ção de um povo é alga de muito complexo.


pois vem a ser tuncão de múltiplas e variadas causas. Reduzir
a grandeza de um povo a algumas cifras de comércio e expli-
cá-Ias pelo fator religioso é simpUCicação pueril.
Com erelto. Perguntemo-nos se existem propriamente na-
ções católicas e nações protestantes. Qual o povo que desde a
Refol"ma esteve sujeito unicamente ã influência católica ou ã
protestante? O intercâmbio de idêias e livros, cada VC".l ma is
acentuado, não permite que um povo seja plasmado por um
só sistema filosófico ou religioso. A própria constituição demo-
grâfica dos povos ditos protestantes mostra que constam, em
proporção respeitAvel, de cidadãos católicos: assIm a Holanda,
a Alemanha Ocidental, a SuiÇ8., a Inglaterra, os Estadas Uni-
dos. .. De modo especial, notemos que tais países protestantes
tém sido &,ovemados também por dil"igentes católicos; tal loi
O caso da Alemanba. que se reergueu das ruinas da segunda
gueIT8. mundial sob 8 administração de Konrad Adcnauer; tal
foi o caso de John Kennedy nos Estados Unidos; tal é atual-
mente o caso da Holanda, cujo Pcimeiro-Ministro é católico ...
-429 -
74 , PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 282/1985

Da mesma forma os paises ditos católicos contam com certo


contingente de não católicos e de livres pensadores, que exer-
cem sua influência sobre a vida pública.

2. Que se entende por «civilização:. de um povo!


Não raro deslgna·se assim o bem-estar material: prospe-
ridade econOmlca, desenvolvimento industrial, poderio militar,
influência politlca. . . Menos se pensa na retidão dos costWDeS,
na dignidade moral da vida.

Ora acontece que nem .sempre os povos desenvolvidos no


plano material sio os mais elevados no plano moral; a riqueza
e o bem-estar são freqüentemente fatores de embotamento da
consciência êtica. Pois bem; a religião ê responsável primei-
ramente pejos valores morais de um povo; quanto aos valores
materiais, ela só indiretamente os atinge; dependem, em grande
parte, não da religião. mas das riquezas naturais, da posição
geogrãflca, das condições cUmatéricas, das facilidades de comu-
nicação, da persplcâcia polltica dos estadistas. .. O historiador
deve examinar a influência destes fatores para explicar a civi-
lização de determinado povo. Isolar uma nação próspera, esque-
cendo os fatores históricos e gecJgráficos que condicionaram o
seu desenvolvimento, e dizer que tal prosperidade se deve aos
fa tores religiosos, é um procedimento que nem a sã razão nem
a ciência histórica apoiamo Quem assim proceda, poderá dizer
que o politefsmo pagão dos gregos e dos romanos era prefe-
rível ao monotc:ismo dos judeus e da Biblia, porque os greco-
-romanos tiveram civilização e poderio militar superiores aos
dos judeus i ..• dlrâ também que o islarnlsrno de Maomé ê pre-
ferivel ao Cristianismo, porque os maometanos dos séculos X
e XI construiram uma clvlli2ação que em certos pontos ultra-
paS90U a dos cristãos da mesma época; estes só mais tarde se
recuperaram. Donde se vê que não se deve fazer da prosperi-
dade material de um povo O critério para avaliar suas crencas
religiosas.

-430-
cO ESTADO DO VATICANO, '15

A superioridade do protestantismo só poderia ser compro--


vada se ficasse evidente a superioridade, no plano moral, dos
povos protestantes desde que e porque abraçaram a Refonna;
$erla preciso tambêm provar que os povos católicos nunca
atingiram igual elevação moral precisamente porque se con-
liervaram fiéis ao Catolicismo. Ora. nunca fizeram nem p0de-
rão fazer seme1hantes demonstrações.
Analisemos agora o caso da evolução de um DU outro país
em particular.
3 .2 . Casos particulares

1 . Espanha.. Este país sofreu notável decadência poli-


tica nos séculos xvm e XIX. Será que isto se deve ã sua for-
mação religiosa? - Francamente não. A Espanha foi vitima
de grandes desastres navais, ... das desvantagens da sua situa-
ção geogrãfica. que a obrigava a combater às vezes simulta-
neamente nos Paises Baixos. na Itália e no U1tnlmar.. . . do.s
erros de politlca econOmica e financeira cometidos por Filipe n
(1580-98) e seus sucessores, ... de guerra Injusta com OS Esta-
dos Unidos. Quando esses fatores ainda não atuavam e o Ca-
tolicismo na Espanha era profundo. a Espanha era uma das
maiores potências do mundo, dotada de uma história que difi-
cilmente será igualada. t: dos paises que mais contribuiram
para fonnar outros povos.
2 . Portugal. Sofreu eVOlução semelhante à da Espanha.
Em ambos os casos houve o mesmo fenômeno: cabeça ou me-
trópole na Europa e corpo esparso por quatro continentes - o
que não se poderia sustentar indefinidamente.
3 . IDglaterra. A Inglaterra, nos seus tempos de católica,
ou seja. antes de 1534, era um país em que a liberdade impe-
I'Bva; tenham-se em vista a Magna Corta Libertatum (o. Magna
Carta das Liberdades ), fundamento da Constituição liberal
inglesa de junho de 1315. O Parlamento britânico, instituição
democrâtica. data de 1268. - A Reforma protestante, porém.
provocou um retrocesso notá.vel no setor da liberdade do povo
inglês: desencadeou-se no pais um regime de opressões e tira-
nias que duraram três séculos com grande intensidade e até
hoje conservam seus resquicios no Norte da Irlanda. Eis algu-
mas das medidas repressoras adotadas pelos mOnarcas ingleses
contra a populacão católica: 1581, pena de morte para o sacer-
-431-
76 "PERGUNTE E RESPONDEREMOSJ 282/1985

dote que ouvisse confissão; 1585, pena de morte ou confiscação


de bens contra todo sacerdote ou seminarista que ousasse per-
manecer ou entrar em território inglês j mesma pena para quem
ousasse hospeda-lo ou protegê--losj 16TI, os católicos foram
privados do direito de votoj 1688, expulsão de todos os cató-
licos do território inglês: 1700, prêmio de mIl libras esterlinas
a quem pl"endesse sacerdote ou bIspo católico ou provnssc que
havia celebrado Missa.
A Irlanda foi e ainda é (no território de Ulster, setentrio-
nal) vitima de leis repressivas dirigidas contra os católicos:
um católico não podia possuir um cavalo cujo valor passasse
de cinco libras esterlinas e, se um protestante pudesse afirmar
que excedia esta quantia, era autorizado a apoderar-se do ani-
mai, pagando cinco libras (1696); nenhum católico podia com-
prar bens fundiários nem arrendar terreno por mais de trinta
anos (l703) j morrendo um católico, $C na descenpéncln havia
algum protestante, este era declarado único herdC!il'O dos bens,
com exclusão de todos os parentes católicos ainda mais próxi-
mOSi havia proibição aos protestantes de instruir católicos e a
estes proibição de abrir escolas ou enviar os filhos ao conti-
nente europeu em busca de instrução e ciência; havia autori-
zação aos magistrados de enviar os filhos das farollias católicas
à Inglaterra para se instruirem nos principias da Reforma; nas
famílias católicas, se a mãe se declarava protest.ante, o pai
perdia o direito de educar os filhos na religiio católica; os
sacerdotes fiéis eram condenados ao exílio, ao passo que os
apOstatas eram amparados otlclalmente com honor6rios anuais
de 20. 30, 40 libras esterlinas (1704-1705) .
Estas atitudes são surpreendentes e inexplicáveis prInci-
palmente num pais que professa o divro exame da Blblia~.
E não só na Inglaterra vigoraram tais med1das; tiveram
seus paralelOS em outros paises protestantes, como registra
o Pc. Leonel Franca. em «Catolicismo e Protestantismo»,
pp. 259s:
.4 . «No esc6cia presbiteri ano, em prineipiol do século XVII elO
severomente proibido olugar cOla o quem fone suspeite de cot6Ii(0;
três ddodõos doe Edimburgo, por hoverem hospedado o um sacerdote,
foram condenodas à morte, mas o sen'enço não foi execulGdG; João
LO!ilon pagou com 5.000 .,t.,linas o 'delito' de ouvir Mino; quem
hOlJVeue cometido o mesmo uime no eslron,geiro, pl!rdia para .1 e
poro OI seul herdeiro. todo. os bens, que passovom para a Coroa,

- 432-
_ _ _ _ __ -"O
"-'ES""T"A""OO DO VATICANO» 'ri

Em 1615, João Ogilvie. por ser sacerdote e jesuíta, foi executado em


GlclSgow.

NQ OincrrnQfCa, Colen, " 1!Cerd a te calólico, foi em 162" expubo


do pois, • um negociante que o havia acolhido em sua casa, justiçado.
Um deaelo rea l de 18 de fevereiro do l'nII l mO ano proibia .a todos OI
sacerdolel • Religiosos o eslado no pois, sob pena de morte, A.,im
se implantou e se defend eu na DinamCl,co o religião do livre exame.

No Holondo renovavom-se periodicomente OI disposiçõe. 'eSQi,


(anhe. os (016Ii(0 •. A luleranos e calvinistas, ongliconos fi anabotillol
reconhecia .s. o d ire ito o .... rdcio público do próprio culto; oos holan-
deses fiéis à religião dOI leus pois, não. Em 1612 OI Estados Gerais
expedira m decretol contra as atividades dos eclesiâsticos (I o freqülndo
de elcol<" cat61i(01) ClOI ofíciol públicol ~rCl em quaSe toda o porte
vedado o acellO 001 calólicos, Quando OI calvinilfc:IS que triunfaram
no s/nodo de Dardredll subiram 00 poder. os antigos edltol penail
conlra OI cal61icos foram renoyados e agravados. A 26 de fevereiro
de 1622 fechava-se a entrado no Holonda a qual,quer edesióstico
estrangeiro e proibia-se, lob OI mais severos multas o curto coMllco,
olndo de cor6ter privodo_ Este edito foi renovado em 1624, em 1629
e ainda em 1641. Em Ulrechl proibia-se sob peno de 50 florins o
antigo costume de põr-Ie um rosário nOI móos dOI defuntos, em 1644
foi vedado CII , ."horas catõlicas que nóo tinham filhos, f(l:ter leslo-
menta. Que regime lib.rol poro propagor e defender uma religião
cujo principio era o direito indiyiduol 00 livre ell.omeb

5_ BrasU e Estados Unidos. Tem-se dito que o Brasil é


naturalmente mais r ico e mais inteligente do que os Estados
Unidos; se não se desenvolveu tanto quanto este pais, deve-se
ao tato de sermos eat6lioos e os norte-americanos, protestantes.
A propósito transcrevemos interessantes ponderações do
mesmo Pe_ Franca em cCatollclsmo e Protestantismo», pági-
nas 267-269:
cTome uma carta .geográfica, precloro professor; esquece o leu
protestantilmo e oblervemOI_

A primeiro dlfere nee, capital perre er civi1imc;ão de um pava, fi


que o lerrilório norle·amerlcano ,e ellende de oceano a oceanal o
trabalho da coloni&Qç(lo e utili:r:ação do solo pôde ler alc;u;ado simulta-
neamente dos dali extremos, estimulado pelo comércio aqui com a
Europa. ali com Q ÁliQ. No BrOITl, o mar só nOI banha a fronte1ra

-433-
78 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 282/l98!5

oriental; (I grande serro que para lago S~ ~Ieva dificultou exlraor.


din<lriamenle a penetro(õa para o interior. As nosSQS cidades rendi·
JhQrom a COito; a populoCão distribuiu·se por uma e.treito faixa marí·
timo, .e qUl;ue lodo o imenso te,rit6rio pátrio, por fClltCl d. comércio
posslvel, ficou « IiGCró ainda, por largo tempo, quase despovoada
• inexplorado.

Moi •. Toda o gente conhece CI relação en"e (I extensóo das linhos


da colla de um país fi o seu desenvolvimento econ6mico. Africa, o
mais atraSado dOI continentes, conta apenas um .q uilômetro de COSia
para 1. -'10 quilômetros quadrados de terra . lapporent oferece-nos
a ,agulnle tabela comparati...o. Por um quilômetro da cosia;

Oull$rnetnrJ
de tem""O
Africa .. ..... . •... • •.. •..• . . .... •. .... .• . _ . •• 1.420
Ásia _ . .. . •.. .• . •. • • • • .•.. . •• ••• • ••• . .. ••• • •• 7d3
América do 5111 . . . . .• ...•. • . .. .•. .• . • • • • •• . . •• .0.
Auslrólla •• • • •. ........•.. .• . . •..•..• • ..•. . •• 534
América do Nor'e ..... ... .. . ... .. .. . •..• . •.• . • '07
Europa . . . .. . .•. . .... .. _ ....... • ...... . .... . . 28.
Enquanto os Estados Unidos vim imediatamente opus Q Europa,
<IAmiriC<l do Sul IÓ I.v(l vantagam à África e à Ásia. 5e n(l continente
sul·(lmlricanos distinguirmos o Br(llil 17.920 km de COIIO, 8 . 307 . 218
.m ~ de órea). encontraremol P<lro cada km de COito umc:l superfície
de 1. 0"8 km 2, o que nos c;oloco no penúltimo lugar, superiOr openos
00 do continente negro, e incomporovelmenle abaixo do posição
nOl"te-o," ericol\o.

Poss~ agora, professor, a ob$Crvor os coordenados geo.gráficos.


O imenso territ6,io do República do Norte esl6 na &ano I.m~rodo;
a qlJose lotolidod. do brolileiro, no xono t6rrida. O que repre-sento
o clhn(l na be lezo 11 saúde do roc;o. no copocidode de trabolho, na
r.,iltê11do à fodigo, no esplrito de iniciotlvO", sobem.no todos os
higienistas e sociólogos, exceto o Sr. Ernesto LuIs.

Oulro paUo. A dvilimção americana não' cnttóclon.; , uma


civilização d. empréstimo, impor1ada do Velho Mundo. Ora o distância
que separo os Estodos Unldol da Europa é, pelo monOI, duas veu,,"
menor que a .q ue medola entre o 8rasll e os grandes foCOI da cultura

-434 -
(() ESTAOO DO VATICANO)

antiga. Rapidu e ecOnomia nas comunicaçÕes muito mois favoráveis


aos do No'hl. POr eua circunstôncia e, mais. pelo semelhança do
clima, as grandes corrente, imigratórias dirigiram-se de preferanda
pClrO (I pátria do dálar. De 1840 (I 1914 moi. do 30 milhões d•
• uropeus d.sembarcoralll nos porlos norte-amencanos. Era o broco
do homem indispensóvel poro valoriz:ar a s riquez.os brutos da natureza.
Entre esl<1$ riquezas, muito superiores ôs nossas, salienlamos as jaz:idal
de carvão d. pedra. d. petróleo, cuia influência preponderante no
desenvolviMento e<onômico (lcobamol há pouco de aninalan.

4. Outros t6picos
Como OS demais panfletos protestantes. também o que exa-
núnamos argüi os catllllcos de certas práticas, que já foram
elucldadas em PR e, de modo especial, no Jlvro 4Dlãlogo Ecumê-
nico, (DE) , cujas pAginas passamos a citar:
1) CUlto das Imagens: DE, pp. 213-224;
2) lndulgências: DE. pp. 159-178:
3) Oração em sufrágio dos mortos: DE, pp. 141-158:
4) O primado de Pedro e seus sucessores: DE, pp. 57-102;
5) A comISSão dos pecados: DE. pp. 129-140.
Fazemos votos para Que os Irmãos separadOS estudem um
pouco mals. e com mais objetividade. a história do Cristia-
nismo e a mensagem do Catolicismo. Se o fizerem. mudarão
de atitude. A agrcsslvidade preconcebida não pode construir o
Reino de Deus; não pode ser veiculo de difusão do verdadeiro
Evangelho.
• • •
ElUU.TA
Em PB 281 .(julIIo-agosW 1985), p. MS, 6 atriboldo ao
S. .Pad.re JIoãIo Pa.uJo D O livro de nOmtlS intitulado «Catequese
ReDovaiia». Na vwcIaàe. é obra da Conferência NadonaJ doi
BIspos do _ _ Agndeoemoo _ pp_ AII_. PlDhelro
_ ( F o _ ) • Natal . . . - . ( _ ) ao _ _
ohgenaçõea que a pl'Op68lto JIOII envla.ram.

-435-
Folheando revista:

"Vida Pastoral "


" Maria, Mãe de Jesus "

Em alat... : A revr.la · Vlda Puloral" malo-]unho, 1985, 6 dedicada a


"Mari., Mia de Jesus", O•• eua cinco ertlgos principais Vill'8am .obre a devo-
çlo a Maria 5.nUlSima considerada do ponto de vista sociológico, igllOrando
qu..e por completo OS j)arlmalrol d. " ou • man.agem da Blblla e di
Tradlçlo a respeito de Maria. De reslo. o lItulo - Mie de Je.us· e . Ignlll-
cativo di Inlançao reduclonlala dos editorei ; e evltada a exPl....o -M"
ele Deus"? muito anU"a e c;:ara 110 Tredlçlo crlslA. Quem conlldera Maria
Sanllaslma e • Igreja, que nela . . . .pelha, do ponto da vl.ta mel1lmante
hutnlno, dasflgura a realldada aobrenal.,ral e nlo pode delx.ar de contundir
OI ielt«e •.

• • •
A revista .Vida Pastoral a n' l.22 (malo·junho de 1985)
vem dedicada a cMaria. Mãe de JesW:t. Ê de lamentar, porém.
que, em vez de partir das premissas das Escritures e da Tra-
dição, os artigos deste fascículo sejam inspirados por categorias
de sociologia e antropologia. que deturpam o significado da
devoção a Maria. De modo especial, merecem sérios reparos
os artl.gQs de (1) João Rezende Costa (cA questão mariol6-
gica b , pp, 2-8) e (2) LuIz Roberto Benedettl (c.A devoção a
Nossa Senhora e as translonnaçÕes sociaisl', pp. 29..a5).

Para não alongar este artigo. observamos que o fio central


de tais estudos consiste em atinnar que a devoção a Maria foi
orientada pelo magistério no decorrer dos &éculos a fim de
atender a interesses pollticos e temporais da Igreja. Um espé--
c1men desta tese é o seguinte trecho da autoria de L. R.
Benedettl:
cO Ú"iltianllmo com Constantino (306·337) torno-se.,. o
religião dominante, associodo i!t eltn.lhlro e n.ncionamento do Estado,
Clcobando por cu:eltor de forma atenuadg e camuflada os princlpios
contra os quais lutara, no exprenão feliz de Gramld.

-436 -
cMARlA, MÃE DE JESUS» 81

Nauo odoploCiío do Cristianismo c) sociedade apareq o eVito


à Virgem Mario. Na realidade é o Criltionismo obsorvendo na tv.
vida institucional os c;J'enÇOJ populoreJ qve animUorom à Virgem Mario
todos OI tftulos associado. às Viriens Mões Id. Loonardo Boff. Dimert-o
são T_I6gica da feminino, Rovista do Cultura VOZH, 1977/ 10, p . .41).

o dogma' definida, a culto ofidalh::ado, os manas incorporados;


ostos contribuem poro o fortalecimento da instituiçõo reliiloso, tornado
roli9ião oficial de Estodo, ,ofo(\;o, portanto, do poder polflico. media-
dor do dominoção d. umo clone sobre o conjunlo da sociedade»
Ip. 311.

A propósito observamos:

1) L. R. Benedettl pode estar tent8nclo fazer um estudo


de Sociologia da Religljo oa.tólica - o que é bem diferente de
wn artigo de Teologia. A sociologia prescinde da fé e procura
enquadrar todos os fenômenos sociais dentro de supostas leis
ou nonnas do comportamento humano concebidas segundo as
premissas filosóficas do estudioso. Ora a Igreja, para o crjs-
tão, não é sociedade meramente humana, mas ó o sacramento
da união dos homens com Deus e entre si (c!. LwneD GentilBD
n' 1) ; se ela apresenta uma face humana, esta é assumida den·
tro de um plano divino de salvação, regido pelo Espirito Santo;
é este, em última anAlise, que, penetrando o corpo da Igreja,
faz que seus elementos humanos sirvam à manifestação da
graça e da sabedoria de Deus; d. Ef 2.20-22; 3,3,12. Diz expli-
dtamente o Apóstolo: cOou a conhecer ... por melo da Igreja
a multifonne sabedoria de Deus, segundo o desígnio preesta-
belecido desde a eternidade:. (Ef 3,10s). Por conseguinte. quem
foeallza a Igreja exclusivamente do ponto de vista das ciências
humanas, nio pode deIxar de conceber uma visão W1Uateral
ou mesmo falsa, como ocorre no artigo em pauta. A devoção
a Maria vem a ser o desdobramento legitimo de verdades con-
tidas na Palavra de Deus a nós transmitida por via oral (Tra-
dicão oral) e por vIa escrita (Biblia Sagrada); tal desdobl'a-
mento, se foi catalisado por acontecimentos históricos concre-
tos, deve-se, em última instância, à ação do Esplrito na Igreja.
2) Ficando apenas no plano sócio-histórico e prescin-
dindo da fé, podemos apontar fatos que evidenciam quanto a
Igreja foi pouco cpoUtica» e essendalmente fiel à sua missão
pastoral a Ela confiada pol' Cristo:
-437-
82 ..PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 282/1985

- Em janeiro de 1077, no castelo de CMossa, o Papa Gre-


gório VII houve por bem absolver da excomunhão o Imperador'
Henrique IV da AJemanha. propugnador da investidura leiga
(nomeaçáo de bispos segundo os interesses do monarca.). O
Pontífice confiou na atitude penitente do Imperador e. por isto,
absolveu-o, oorrenda a risco «politico:t de ver seu adversário
.reabilitado na luta contra a Igreja. Ora foi preclsarnente isto
o que se deu: Henrique N, absolvido, voltou a Impugnar o Pon-
tltice. a tal ponto Que este morreu no exílio em Salermo (1085),
exclamando, segundo alguns: «Amei a justiça e odiei a inlqUl-
dade. Por isto morro no exillo ~ .
- Em 1531. O Papa Clemente VII recusou, segundo o
Evangelho, o divórcJo ao rei Henrique vn da Inglaterra. Dsta
atitude de fidelidade a Cristo acarretou para a Igreja a perda
do reIno da Inglaterra, pois o monarca, em conseqüência, se
declarou «Chefe Supremo da Igreja na Inglaterra».
- Em 649 o Papa Martinho I, no Concilio do Latrão,
opôs-se à vontade do Imperador, defendendo a reta fé contra
as teorias monotelétlcas e monergéticas propugnadas pelo mo-
narca. Este, indignado, mandou prender o Pontífice, que foi
levado para Constantinopla (653), condenado por' motivo de
«alta traição:t, vergonhosamente maltratado e, por fim. exilado
na. CrlméJa, onde sucumbiu a~ sofrimentos (655).
Numerosos outros casos se poderiam citar que desmentem
a tese, & priori concebida, de que a devoção e os dogmas da
fé foram condicionados por Interesses sócio-poliUcos.
3) L. R. Benedetli enquadra seu artigo dentro de cita-
ções de textos do Papa Paulo VI corno se OS dizeres do arti-
culista não fossem senão o comentário do pensamento do Pon·
tl!ice (ver pp. 29 e 35). - Na verdade, Paulo VI na sua cExol'-
tação sobre o Culto â Virgem Maria », aduzida por BenedettJ,
retoma e reafinna os temas clássicos da teologia e da piedade
marianas, a~ntando-lhes a observação de que Maria tem
significado pleno para os fiéis de nossos dJas, pois foi .mulher
forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga
e o exlllo. (p. 35-). Isto, por certo, não quer dizer que se deva
reduzir a Ogura de Maria à de uma heroina no campo sócio-
-politlco.
4) Os demais artigos do fasc(culo - da lavra do Pe.
Francisco ,Viana Pires, de Paulo Fernando Carneiro de An-
drade e Ione Buyst - são menos cagressivot3» do que os dois

-438-
<MARIA, MÃE DE JESUS, OI

citados no irúc10 desta nota; mas infelizmente limitam-se a coo~


siderar aspectos sociolôgicos das peregrinações ou da devo;ão
a Maria ss. Esta seria slmbolo de certas atitudes da mulher
apregoadas pelo machismo como também de certas outras ati-
tudes preconizadas pelo !emlnlsmo (cf. especialmente pp. 24-
-28). O enfoque secularista predomina assim numa publicação
que se destina a fornecer subsidios para a Pastoral do povo
de Deus! Verifica-se Que os nomes tradicionais ainda subsis-
tem em tais artigos, mas o seu conteüdo e o seu significado
são profundamente alterados: a visão da fé, as referências ao
plano de salvação divina, o papel da graça ... são empalide-
cidos ou mesmo silenclados, com sério prejuizo para a genuína
compreensão da temática.
5) Notemos ainda que a expressão «Mâe de Jesus_, no
titulo do fasciculo, tem substituido ultimamente o titulo «Mãe
de Deus» (ftoot6kos) cláss1co nos escritos marianos (ver, por
exemplo, â p. 28 o titulo cMarla, Mãe de Jesus» de wna obra
de C. Mesters). A p-adução brasileira do Missal Romano usa
constaritemente OS tennos «Mãe de Jesus, em lugar de cMãe
de Deus» mesmo quando em latim so lê Dal. Genltrix. - Os
tradutores que assim procedem, não querem negar a Divin-
dade de Jesus (jã não seriam cristâ(ls), mas querem evitar
uma expressão que os protestanles não empregam.
Diante destes fatos, (lbservamos que o titulo Tbeot6kos foi
sempre muito caro à tradicão cristã. como reconhece o Pe.
J(lão Rezende Costa à p. 6 do fasc1culo. São Cirilo de Jerusa-
lém e o ConcíJlo de :eIeso (431) quiseram, mediante a afir-
mação da Maternldad!! Dlvtna de Maria, professar a Divindade
do Senhor Jesus; com efeito, toda mãe gera uma pessoa; ora
em Jesus havia uma SÓ pessoa (8 divina ou a segunda Pessoa
da SS. Trindade) em duas natur:!2aS; portanto, se Maria. gerou
Jesus, gerou a pessoa do Filho de Deus na medida em que se
fez homem no selo de Maria ou na medida em que assumiu a
natureza. humana. Está claro que Maria não é mãe da Divin-
dade ou de Deus em sua eternidade. - Em conseqUência, é
de estranhar a omissão do titulo cMãe de Deus», que se entra-
nhou na piedade do povo católico; tenha-se em vista especial-
mente a recitacão da. [ónnula que se deve ao Concilio de ~eso :
c:Santa Maria. Mãe de Deus. rogai por nós, pecadores. agora e
na hora da nossa morte. Amém». Tal fônnuJa, bem explicada,
longe de derrogar às verdades da fé, só contriblÚ para reafir-
má·Jas.
EBtêvio Bettenoourt • O. S. B·

- 439-
,
NOTAS
.0 DOMINGO.
O lolbeoo litúrgico .0 DOMINGO., editado pela Pia Socie-
dade de 810 Paulo, costuma trazer em sua quarta pAgina wna
reflexão que não raro é lida depois da Comunhão da Missa
dominical Ê nosso dever de consciência chamar a atencão dos
fiêls para a lndole secularista e deletéria desses comentários:
têm criticado a autoridade da Igreja e suas instituições, pondo
em relevo quase exdusivo os valores sociais, como se o Cristia-
nismo se reallzasse somente através destes. Assim veritica-se
11. poUUzaçio total da existência cristã que o Documento de
Puebla rejeita: é preciso não ddentificar a mensagem cristã
com uma ideologia nem fazer relelturas do Evangelho a partir
de uma opçAo política; faz-se mister ler o politico 11. partir do
Evangelho e não o Evangelho li. partir da politica» cI. n' 559).
Entre outros, seja mencionado o folheto D9 35 (21/07/85),
onde se lê um artigo sobre cO Congresso do PãO», designação
grosseira do XI Congresso Eucaristico Nacional. O autor tala
sobre a Eucaristia como pão do cé,u. pão da fé, pão do amor ... ,
dizendo-nos que ela exJge a distribuição do pão da terra entre
os homens. Todavia não menciona uma Só vez Jesus Cristo
(como é posslvellsto. quando se fala de Eucaristia?); a Deus
só se relere quatro vezes, ao passo que de pão fala doze vezes!
Nada se lê ai sobre o sacrlficlo d.e Cristo no Calvário perpetuado
sacramentalmente sobre OS nossos altares para que o ofereçamos
com Cristo ao Pai. Isto é grnvissimo, pois a Eucaristia. é antes
do mais, a perpetuação da oferta de Cristo na Cruz. para que
• Igreja (os fiéis) dela possam. participar; a Missa jamais poderá
ser' reduzida ao tipo de uma ceia religiosa que transborda na
vida civU. Mesmo que não os negue explicitamente. quem silen-
cia certos aspectos da doutrina católica, comete erro.
Os demais folhetos pod.em. em sua quarta pâgina. estar
apontando problemas de ordem social que merecam atenção.
Fazem-no, porém, de maneira passional e lronlca, que nãQ
ediflca os fléls, mas dissemina o azedume... e isto logo apó!l
a Comunhão Eucaristlca. quando a piedade dos fiéis se deve
deter em Intima oração ao Senhor Jesus. A Liturgia é assim
manipulada para íms espúrios ou politicOs. cOmo aliás ela O foi
multas vezes na história da Igreja: os hereges arianos. jan.se--
Distas. gallcanos . .. utilizaram as fórmulas da Uturgla para
incutir ao povo simples as suas concepções errôneas. Algo de
semelhante se diea a respeito dos comentários às leituras blbli-
cas e dos clnUcos propostos pelo folheto para cada domlngo.

-440-
NOTAS 85

São textos que desviam a atenção dos valores transcendentais


e rdlglosos para recair em «chavões:. provocadores, já muito
batidos; não atendem às presct"içi5es da Constituição do
Vaticano n sobre a S. Lituri1a: «Os textos destinados aos
cantos sacros sejam confonnes à doutrina católica. e sejam
tirados principalmente da Sagrada EscrItura e das fontes
litOrgicaS:t (n9121) .
Lamentamos tais tatos. :Jt assim que se vai esvaziando a
fê do povo de Deus sob o pretexto de a alimentar.
• • •
«AMAD EUS.

DO cinema.
o filme «Amadeus. de MiJas Forman é tido come obra-
-prima da cinematografia contemporânea. Apresenta, entre
outras, uma questão teológica, a saber: por que Deus distribui
diversamente as sortes dos homens? - Esta questão já foi repe.-
tidamente abordada em PR; cf. 247/1980, pp.304-306.
Em sintejie, diremos: Deus nada deve a criatura alguma;
tudo o que Ele dá, dâ~ gratuitamente, pois nada é anterior a
Deus (cf. Rm 11,35s; lCor 4,7). O Criador, portanto, derrama
seus dons de acordo com os seus livres e soberanos designlos.
:e certo. porém. que Deus não trato. mal nenhuma de suas cria-
turas; em caso contrário, não seria Deus. Se Ele pennite o
sofrimento (e todos os homens sofrem, sem exceção). Ele o faz
em vista de um bem maior; com efeito, a dor é uma verdadeira
escola para os homens, como já notavam os pensadores gregos
formulando o trocadilho Pa.thos-'Ia.tbQS (sofrimento = apren-
dizagem). A ProvIdência Divina, ao pennitir a provacão dos
homens, tem sempre em mira tirar dos males bens ainda maio-
res, como observa S. Agostinho: «Deus nunca pennltlria o mal
se Ele não soubesse tirar do mal bens ainda maiores».
As orações das pessoas que sofrem e que anseiam por
algum bem, nunca. deixam de ser atendidas, desde que realiza-
das com fê e humildade (em nome de Cristo ou com Cristo, diz
o Evangelho, el. lo 16,23; Lc 11,9--13). Dew, pOrém, que vê
mals amplamente do que nós, sabe melhor o que nos convém;
em conseqüência, quando não nos dá o que lhe sugerimos em
vista de nosso bem, concede-nos outros valores, que realmente
correspondem ao que, em última lnstãnela. desejamos.
-441-
86 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 28211985

Eis o Que a reflexão teológica pode diz(!f sobre o problema


lançado pelo filme cAmadeus... '€ necessário que o cristão
ultrapasse os limites de suas categorias humanas para consl·
derer a temática como I>m1s a considera, e compreendem com
alegria. que não há Injustiça em Deus, mas, ao contrário, a
de deslgnlos muito mais sâ.bios do que os nossos e, por isto,
aparentemente absurdos à nossa exígua compreensão.

livros em estante
As Continha, de Santo AIIOItinho. Valslio do latim e notas de Jorge
Pimentel Clntra. - Ed. Ouadrante, Rua lp8rolg 604, 05016 SAo Peulo (SP1,
123 X 188 mm.

S. Agostinho (f 430) ti um dos grandes gênios da humanidade, culo


pensamenlo ti &6mpra alual. Escraveu sua autoblograna sob lorma de con·
tlsa6n. ou seja. de oraçlo e lou ... or a Deus pelos grandes Mneflclos
recebidos da parto do Sanhor numa Irajetória muito acidentada; Agostinho
lnllu • I)Orla de diversas escolas, chegando 8 cair no ceticismo, antes de
ençomra, deflnltl ...amente o Cristianismo.

A. "ConflssOEl!" de S. Agosllnho slo uma obra do t3 volumal , dOll


quais OI nO\18 primeiros conlêm 0$ traços blogr6.11coa do aulor desde a
Inllncla até a conversio; os qUltro reslantes abordam a crl8çlo do mundo,
do homem e as noçOe. de tempo a eternidade ... - JQ(ge Pimentel Clnlr.
hOt.l'0'8 por bem selecionar das p'gll\as autobiogréllcas du "ConlIssOes-
.. PlSsagens mais ,lgnUicallvas e Iraduzlu.as em linguagem .Implea, qUI
conserva a beleza e a profundldede dos originai.; aCIa,;centou ao texto uma
Apresenlaç&o e nota. expllçaU...... Apenas IlUTIenlamoe que nlo leAn.
Indicado quais volumes e eapltulos vlo assim entregues ao p(.Ibtlco. - O
11"10 ti aliam ante recomeM ......el como laltura de formaçlo e Blplrltualldade:
manl1811a o ardor de um homem que conl\ecou Iod-J.' .1 ml16rlll Ilumanl'
e loube IInalmente luper,.las com a graça de Deus.

MIuaJ Cotidiana. Traduçio e edlçlo brasileiras a cargo de tAanoel


ç . Quinta e H. Dalbosco. Ed. Paulln... Slo Pauto 1985, 113 X 1915 mm,
LU a 1.816 pp.

As Y8Z8Iil os Ilêls lamentam i" nlo ler num sÓ Minai portAtU o.


lal(\OI de IOdn as MISSIU como outrora O tinham. Na wrdada, a reforma
IIICWglca do Concilio do Vaticano 11 enriqueceu eonslderavelmenle a S.
Uturgl., tomando Impoul....1 • edlçio da lelluras, oraç6e. e dntlcot. de
toda u MIIISI& num 50 volume port6111. Por Islo. após o COncilio pIe--
parou. . o novo Mlsul dOi "6~ em mais de um 'IOluma. M EdlçOel
Paullnal oferecem dois ... oluml': um ra.ervado As Minas da lodos OI
domingo. do ano (M!:ssal Dominlcal),. outro com os domais dias IMlStt'
Cotidiano) . Eate ÍlIUmo, qua lamOl ante os olhos, foi multo culdadOU-

-442 -
LIVROS EM ES
"-T"A"NT'-"E'--_ _ _ __ ---.!!8'l

mente preparado pero Centro CatequétiCO $aleslano da Turlm-leumaM


(llálla>. ""presen" 'Iallosa Inlroduçio aos t1yros da 81blla na Llturgie, ao
cutlo da Virgem Maria e dOI Santos, ao calandirlo ::Ia Igreja_ .. As leltur..
blbllcas da cada Missa alo acompatlhadaa de adeq\Jado. co mentários , qua
permitem compreendf.-lu e meelllâ-Ias. Cid....nto é apresentado em bre'l1l
••boço blogr'"co. Com estes ' l.Ibsldlos a parlicipaçlo dos 1I61s na S.
Missa tor", __ mais conaclente e IruluOSl_ Ouem tem o Missal Dominical
e o CoUdlano, pode preparar sua S. MI"a na vés.pera e realizar sua OfíIçlo
PIIIrtlcular .obre os re spec!l\lOS le)l;I08.

Mail "rde comproenelerú, por A. M. Ca"é, O.P. Traduçio de Maria


Prudência de Vasconcelos AM.ende. - Ed. Santuário, flua Pedre Ctaro
Monteiro 342, 12570 Apaoreçlda (6P) . 135 x 2UI mm, 158 pp.

o P• . Clrr6 é membro da Academia Francesa e famoso pregador


dominicano. Publica em traduçlo por1uguesa uma série da comantArlos ao
EYlngelho sob forma de medltaçAo. proeurando pór em retavo o senlldo
profundo do teKlo sagrado. O mulo ten ciona sallenlar a atualidade
permanente do Evangelho: aó poderemos compreender plenamenle muita.
da lual passagens na Yislo lace-a-faca d4; Deus_ O 9$1110 do livro t
acasar.,.r ao grande publico.

VI"r ele Amor, por Elisabete da Trindade. Traduçlo de AtUlI() Cenclan.


Coleçio " Clbslcos de Espirltultldade". - E. Ciclacle NO'Ia, em c~dlç'o
com Cermelo Descelço do Brasil, Rua Coronel Pa\Jlino Carlol 29, 04008 610
Paulo (SPI, 105 X 157mm, 135 pp.

A. Ir. EIi.abelEl da Trindade viyeu no C.rme lo Oe Dljon ( França) am


lama de ... ntidade, passando par. a C.sa do PaI com 26 anos de Idade;
foi beatlllcada 80s 25'/ 111'984. Fez profunda expsrlênCl' da unllo com
Deus, dedicandO sua piedad e especlatmenta ao mistério da 5S. Trindad e,
que habita nas atmas justas. Frei Patrlclo 5ciadini, O .C. O. apresenla no
opúsculo acima registrado uma stlleçio de lexlos deua grande RellglOla
reunido. tob três tltulos: Mtdllações, Pensamentos. Progr ama de Vida. A
teltura dessas passagens IlImanta a esplrltl.lstidade e abra ao teitor n _
horlzontel da 16: MMinn. klllcldade jamais Ioi têo grande, 110 verdadalra
como depoIS Que Deus", dignou associar-me As dores do Oi\llno Cru<:lllcado,
para que eu complete na mll,t.a carne o que falta ls trltlultlço-es de Crlllo·.
como dizia S. Pa\Jlo (O 1,24 '" (p. 112 1. "NAo posso dizer que amo
o sofrimento em II mesmo, mas amo-o porque mo lorna .. melhanle Aquele
que , ~e u esposo e meu Amor· (pp. 112s) .

AnUopologia e PfUII no .........nlo de "010 P .... .., tl CO"flr..ao


Internacional. - Ed. Lumen Chrisli 1985. 140 X 210 mm, 219 pp.

Eale lI'1ro contém a. coolerências proferidas no Congresso realizado


lobre o Pensamenlo do Papa Joio Pa ulo \I no Rio de Janeiro de 18 a 22
da outubro de 198-4, sob o palroclnlo d. Arqu ldlocese ISO Rio de Janeifo
• do Pontilfc lo Conselho para 8 Cullura. AI 8KposlÇÕfls veraam enencial-
mente sobre o &Ir humano visto pelo Cristianlsmo e o MarltillTlO, fazendo
sempre relerAneia ls obra, lliosolico--teológleas de Joio Paulo 11, outrora
!Carol Wojtyla. Na Yllrdade, o pensamon!o do S. Padre merea: ser aJudadO,
poli 6 profundamente alicerçado 18nlo n. lilQt.olia como nas premtSSN da

-443-
as cPERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 282/l985

16: quem o penetra, c ompreanda melho r as atitudes !Se Joio Pauto 11 fre nte
1110111 problema ético. e taológlco. dI nossos d ias: 010 110 darlvada da
elttelMa de mlnte , mas, eo contrArio, resultam de ,,'llxAo concatanada
a partir <M s6l1das pnm lull. A bibliografia dI Ksrol Wojtyla publicada no
livro em loco (PP. 251-266) compreenda 215 Ululos de IiVl'OI, artigos, ,e-
etn,., pI.'ielos, enclellcu, Exonações Aposl611cas e outros documentos
!$a 'em da S. Santidade - qu.nlla esta grandemente respeJlivel. Dentre
OI ..tudOll cfa que canSla 111 obra em loco, eobressaam OI da Pa. Ney AIIonl O
de Si Earp, Roeeo Buttlgllone, Jose' SllteM, Jotal Tlschnlf ... : alo trabrllhOl
de elto nlval, que poderio Intaressar a lIIóso:os, sociÓlogos , anlropOloQol,
polltólogOll .. . Também d lgnol de nota 110 os depolmentol prolarldOl pelos
arceblspOI cfa Brasllla, Meden'n e Sen Sro lvador sobre a atuaçlo da Igraja
no penaram. da América Lal1na.
catedamo EeHnela' (Sublldlo ealflquélico-vocaclonal·devoelonal) , um
op(Mculo de 63 página. (120 X 180mm ) publicado pelo InslllukJ Diocesano
MI..lonulo dos Sarvos da Igrala, Cfllxa poltal "", 77100 Anipoli. (GO) . Em
brevn 11ç&n expõe OI p rlnclPf. ls ponlOt da 141 calóUca, ao qua la ..gue
um devoc/ooirlo ( oraça.. da manha, da noite, Terça, S . Missa ... , . Til
. utJ.ldlo catequ6tlco. da bom eontalido, podar' Nr ulll • muU.. In,Utulça..;
wndldo a preço mOdiço, prlnclpelmenla e m calOS de encomendas de m.lor
mo"".
E. 8 .
• • •
A MAIS ANTIGA ORAÇ.\O A MARIA
Em 1917 foi desenterrado das areias do Eg ito e em 1938
editado um papiro grego do século 111, que continha, um pouco
devastada, a mais antiga oração da Igreja a Maria 55. Eis o
seu texto:
"SOB A VOSSA MISERICóRDIA NOS REFUG IAMOS, MAE
DE DEUSI NÃO DESPREZEIS OS NOSSOS PEDIDOS NA
ANGúSTIA, MAS LIVRAI-NOS DO PERIGO, VOS QUE SOIS A
ÚNICA PURA E BENDITAI"
Esta oração depressa se espalhou por toda a Igreja e na
Idade Média recebeu um acréscimo. O Concilio do Vaticano 11
a ela alude na Constituição Lumen Gentlum 09 66 : ~'Desde
remotraslmos tempos a Bem-aventurada Virgem é venerada sob
o titulo de Mãe de Deus, sob cuja proteção os lIéls se refu-
giam suplicanles em todos oS seus perigos e necessIdades".
Tal li também 8 nossa oração: liA vossa proteção recor-
remos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súpli-
cas em nossas necessidades. mas livrai-nos sempre de todos
os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!"
(As informações acima se devem 80 Pe. Baldulno Kllp-
per $ ,J., no boletim NOTICIAS, 16/07/1985, p. 16).
-444 -
P.R. NO VAM ENTE MENSAL.

Dado o crescente interesse de nu018ro$OS leitores, a penir do


pr{ucimo ano - 1986 - PERGUNTE E RESPONDEREMOS apare-
cerá novamente uma vez por mas.
Como conseqüência aumentarão nossos compromi5$O$ finan -
ceiros, ainda que seja muzido I 48 o número de suas páginas.
Como é notório sobem periodicamente o custo do papel de
imprensa, os salários dos funcionários, as tarifas postais e os trans-
portes. Tudo iuo nos obriga a novos reajustes.
ru assinaturas via de janeiro. dezembro. No segundo semes-
tre, poré m, a partir de 19 de julho, haverá automaticamente novo
pequeno reajuste.
A título de promoçio, o primeiro pagamento da assinatura
para o ano d e 1986 (jsn.-jun.) que for saldado até 31 de dezembro
de 1985 gozará de um desconto de 20% sobre o preço total: ou
seja, Cr$ 80 ,000 em vaz de Cr$ 100,000.

• APOFTEOMAS (16c. I VIVI


A hbedoria doi Antigos Monges. 8.!IYft sentença proferld. pelos Mon;n do
dano. 262 pialnlll impreuas . • . . . . . . . . .. •.. . . . . . . . . . Cr$ 10.000

• A REGRA DE SÃO 8ENTO hlc. VII


Ed. bilineue. 210 p.jgin • . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . • Cr$ 11.000
Ed. Klem portll1lué. 75 ptgin • . . . • . . . . . . . . . . . . . : • . . . . Cf$ 6..000

• INIC'AÇÃO Ã HI5TOft lA MONÁSTICA,. (Mosteiro d a Virvem. Pellópoll, 1


\~ vol. I..,tado) -l mprecsio-xerografadL
'zt! '101. 26 capllulos : Onde o Mo~ul lmo Ce!t. Itt! • RefOfmI d e eisltr _ 124
~in.ltommap.e 3A",,"os) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 0-$1 5.000

• VIDA MONÁSTICA. Ellm.ntOI Disieoc - !XI ' O. Agult(n Robliru, 192~ . tradul;-
doem6 1(ngu" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . : .. . . Cr$ '0.000

• VIDA E MILAGRES DE S. BENTO (111i1l,odos Oi"ogoJ de S. Grwgó,io ~"ol .


3~ .-:I, COfnemortlliYa do IV CcntllÚrio ct. lund~ do Mosteiro dCl 510 BenlO do
Rio di J...iro (16861. com 5 limlnalhntrac jy• . (A nirl .

• ~OÃO PAULO 11 E O ESI'IRITO IIENEDITINo.


Cart. ApoctÓIica. Homilia, AIoo,oç6at, " t ~na . . . . • . . . • . • . O-S 7.000

• OS MO"'GES BENEDITINOS NO BRASIL. D. Jo8quim Gr.....iro da L..... OS8


EIboço hlnôrioo, 1947 - 162 piein. , . , • . • . ..•. . . . . . . . . • Cr$ 10.000

• O HUMilDE E N08RE SERViÇO 00 MONGE. D . Abade ~brill 8,...6 OS8.


Trtd. de Ak:f:u AmolOlQ Uma I .UIS 111"-. 232 pigina ... . . .•. . Cr$ 17.000

"TENDE-8B PELO BEEMIIOLSO POSTA.L


Texto completo das 11 conferência, por ocasilo do
Congresso patrocinado pela Arquidiocese do Rio de
Janeiro e p~o Pontifício Conselho para a Cultura,
do Vaticano.

Que a presente publicaçlo seja o in ício de um


renovado intensse, em nosso paes, pelo pensamento
pontiffcio . E contribua para solidificar a unidade
afetiva.8 efetiva com o Sucessor de Pedro.
-cC
=
=

antroP91pgia .-
epraxls
no pensamento
de Joao Paulo 11
Pedidos à " lumen Christi" ou ao
Ed . Joio Paulo li, Rua Benjamin

lume" Christi Cons1ant 23 ou CP. 1362120001


RJ.

Você também pode gostar