Você está na página 1de 2

DILÚVIO DE REALIDADE

Com os diversos recursos visuais disponíveis na atualidade, não faltam


ilustrações pedagógicas para nossos professores, especialmente na internet.
Nos últimos dias, por causa dos acontecimentos relacionados à "greve" dos
policiais do estado do Espírito Santo, o jornalismo televisivo, as redes sociais e
o próprio cidadão comum têm contribuído significativamente com um material
ilustrativo pedagógico, só que, especificamente, para a contextualização de
uma passagem bíblica do Velho Testamento.
“Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e
que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;” (Gênesis 6:5)
A experiência que temos vivido o que temos visto e ouvido, vai muito além de
um protesto por reivindicações por melhoras salariais realmente necessárias;
ou da exposição explícita da incompetência administrativa do Estado; ou quem
sabe ainda, dos efeitos colaterais de uma revolução social a muito pretendida,
a qual, inclusive, tem sido alvo da oração de boa parte do povo Deus.
O que temos visto, isto é, o estado de guerra instaurado em nossa terra é muito
mais do que a secreção purulenta de uma ferida sociopolítica. Ele é a
constatação sim, de que a humanidade é TOTALMENTE DEPRAVADA. Mas
acima de tudo é um choque de realidade... Um verdadeiro DILÚVIO DE
REALIDADE.
De uma dura realidade que não surgiu da noite para o dia. Sempre esteve e
está presente, porém sutilmente camuflada. Não vimos apenas bandidos
profissionais oportunistas; vimos homens, mulheres e até crianças
vandalizando e roubando descaradamente em plena luz do dia; vimos corações
petrificados ao bom senso, à coerência e ao amor, contaminados pelo egoísmo
e ambição que se revelam diante da oportunidade do ganho fácil e do lucro
pessoal.
A insensibilidade à causa alheia se estende por todas as esferas: Esposas
"aguerridas" lutando "bravamente" por seus maridos injustiçados, mas
totalmente alheias ao bem maior; Governo intransigente se negando ao diálogo
e se esquivando de suas responsabilidades; Uma parte da sociedade cega
pelo egoísmo engrossando as fileiras das pessoas do mal e as estatísticas dos
prejuízos.
E a igreja?... A verdade é que, conforme o texto bíblico citado, a maldade tem
aumentado, assim como os maus desígnios do coração do homem. Atestando,
no mínimo, nosso insucesso em promover eficazmente o amor no mundo.
Quem sabe a triste realidade que temos assistido nos sensibilize quanto ao fato
de que a igreja, em nosso país, não tem sido lá um grande exemplo de
competência na missão a ela atribuída.
Por vezes, gastamos um tempo excessivo com assuntos "internos" e
burocracia eclesiástica; outras vezes na construção de muros denominacionais,
ou mesmo entre igrejas da mesma denominação, que impedem uma ação
conjunta que se traduza em maior impacto social, ou por que não dizer? Maior
impacto ESPIRITUAL. Pois deveríamos agir como um só corpo e não como
amputados por serras doutrinárias.
A promessa é: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos,
então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua
terra.” (2 Crônicas 7:14)
O choque de realidade a que devemos estar atentos é de que a nossa TERRA
ESTÁ DOENTE, mesmo que tenhamos liberdade para sermos domingueiros
religiosos; ou frequentadores assíduos do entretenimento gospel; ou que
muitos de nós estejamos sendo curados através de milagres; ou ainda
prósperos financeiramente; a realidade travestida ao nosso redor é que nossa
sociedade está na UTI. Carente da revelação de Deus, da religião pura e sem
mácula... Carente de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Alguém já disse que situações extremas exigem medidas extremas, talvez a
dureza de minhas palavras reflitam um pouco esse chavão. E, certamente,
alguns dos leitores desse texto estejam sinceramente se empenhando bastante
para cumprir a contento a missão dada por Jesus, não "merecendo", portanto,
ouvir essa admoestação. Mas convém lembrar a importância da unidade em
Cristo, e que quando o dedo mínimo está doendo, todo corpo manca, embora o
contrário não seja verdadeiro. Ou seja, o dedo mínimo perfeitamente sadio,
sozinho, não promove uma excelente caminhada.
Que o Senhor nos dê discernimento, bom ânimo e autoridade legítima espiritual
em nossa militância no bom combate da fé.

Presbítero Jeferson Campos Ribeiro (IPB Memorial de Itapoã)

Você também pode gostar