Desafios da Educação: Prof. Rui Camaro, os desafios não estão somente na escola, mas
se desloca para escola. Vivemos um intenso desenvolvimento tecnológico, que
“retrocedeu” a imaturidade política e social. Isso é uma consequência social.
Aluno chega à avaliação como um condenado, você tem que provar que é inocente. Ai
você passa e é absolvido.
A necessidade de construir uma escola desse jeito diz respeito a outra necessidade. A
necessidade do desejo dessa sociedade que era produzir passividade, disciplina,
ausência de questionamentos e criticas, repetição e não criação de conteúdos. Onde
os arquitetos estão repensando na estrutura arquitetônica, como corredores imensos,
salas pequenas e isoladas, pátios são vigiados.
Convivência das crianças no pátio como um lugar apertado. Escolas não têm espaços
amplos, não tem arejamento entre os processos.
Mas se a escola é um espaço fragmentado, isolado, voltado para disciplina com uma
hierarquia absurda, onde o aluno deve respeitar o professor e o professor não tem
responsabilidade de respeitar o aluno. Como que esse aluno vai aprender cidadania e
ética? Cidadania não exige que as pessoas vivam em cidades?
A escola não vai a cidade. Escolas não frequentam os museus, os parques. Todas as
escolas deveriam ter um ônibus para levar as crianças para a rua, não precisa ser
museu, parques, estações ecológicas. Levar as crianças para conversar com Sr. Manoel
da padaria ao lado, para ver como é pão, como faz, como vende.
Não é possível que a gente possa aprender a formar um ser humano se ele é isolado
em quatro pare desde uma escola que é fragmentada e passiva.
Detalhe que influencia não é a escola brasileira, mas a marca a produção idealismo
platônico: Quanto mais o conhecimento é abstrato, quanto mais ele é distante do
movimento da vida, dos corpos e processos maior ele é.
Como você vai pedir que uma pessoa perceba que ela jogando papel na rua, no chão,
esse papel vai entupir o esgoto, e a água da chuva vai subir e entrar na casa dela. Que
ela poluindo a água, ela vai interferir na vida dos peixes e vai produzir a miséria dos
pescadores. Ela não vai entender isso. Isso é um processo de complexidade. Porque
ninguém na hora de jogar o papel vai pensar nisso, impossível. Então, é preciso que
sejamos capazes de perceber o todo para falar de meio ambiente, se não, é um
discurso vazio.
Vira um discurso racional, de crianças lineares, mas essa criança que não quer jogar o
canudo no lixo continua pensando segmentando, continua acreditando que ela é um
ser isolado.
A ética não pode ser pensada como vou ser boa para a sociedade. Não vou maltratar
porque sou ético, cuido do outro. Não é isso que é ser ético. Ser ético é cuidar de si
mesmo, o outro é si mesmo.
Ético é o ser humano que entende que cada gesto dele tem um desdobramento
infinito e que esse desdobramento vai em algum momento recair sobre ele; é o ser
humano que entende que não há nada isolado e por isso prestar atenção nas
pequenas coisas.
A escola hoje é uma linha de produção. Todos os conceitos, vai levando o aluno a
alienação. Aluno exercitar sem pensar.
Alienação é uma palavra, conceito interessante, é quando você produz alguma coisa
que esta desvinculada ao seu processo de vida. Por exemplo:
Trabalho metodológico dos professores que fazem sem saber é quanto mais abstrato
mais grandioso o saber.
Primeira coisa que a escola faz é o trabalho com o corpo. Essa coisa militar, depois
afastando a vida daquilo que esta no quadro. O que se produz no final, uma pessoa
alienada, distante dos processos sociais, incapaz de interferir na sociedade. Um
problema é mais fundo no que diz respeito a nossa humanidade, o problema não diz
respeito a escola e não tem politica do governo que vá resolver se nós não
entendermos que a humanidade tem que sair da sua eterna adolescência . Vamos
aprender a perder, sofrer, lidar com as perdas, com as contradições.
Que eu uso a escola porque eu sinto que a escola é centro onde essa inversão pode se
dá, ela é o problema e ela é a solução. Mas a grande questão é conceito que o ser
humano tem de si mesmo e do mundo. O mundo não é um lugar onde a gente veio
para se dar bem. Tem que compartilhar a alegria, alegria é compartilhar. Porque o
isolamento é essa segmentação.
Edgar Morin 1921, o saber que a escola nos dá fragmentado que fica o corpo, na
percepção no modo dever e de viver encontra hoje realidade, problemas e questões
transversais, planetárias e globais. Questão mundial hoje é o aquecimento global.
Questão que trouxe de volta ao mundo. Talvez se não existisse essa questão nós
teríamos perdido completamente a noção do planeta, das galáxias e da totalidade e
cada um viveria vinculado ao seu umbigo e deprimido.
Porque a depressão é a falta de vida, intensidade, diminuição da força, paralisação
‘quase do movimento. Mas se uma pessoa vier deslocada da totalidade, relações
porque ela acredita que ela é um fragmento e ela depende desse fragmento, onde se
da a retroalimentação se uma pessoa não entende que ela pode lidar com os conflitos
e com as contradições porque a nossa linguagem, nosso pensamento não deixa, como
essa pessoa vai se relacionar com o mundo. Enfim, a questão ambiental veio com a
dimensão planetária, falando do modelo cognitivo. Agora nesse modelo tem o planeta
o tempo todo.
Hoje temos também a internet, que esta discutindo esse encontro. Facebook
relacionando o contato com as pessoas do mundo inteiro.
Exemplo: Meu filho não pode sair de casa porque é violento, todos acham um horror o
que esta acontecendo pensando somente em si, porque individualmente é muito ruim.
Pensar globalmente, temos crianças pensando no meio ambiente, o mundo esta
caminhando para um processo de consciência que nunca existiu. Hoje temos a internet
que democratizou o pensamento, ela gera uma crise na escola.
Atitude é ser uma pessoas mas será que somo umas pessoa ou pedaços colados?
Talvez eu seja, matemática, português, química, historia... mas quando me deparo com
um problema não sei a que pedaço recorrer. Querem vai pensar é minha cabeça, meus
olhos, boca. A gente não tem como ter uma atitude.
Essa escola foi baseada na linha de montagem na disciplina e na ausência de vida tinha
uma função preparar pessoas para o mercado, não podemos preparar para o mercado,
temos que preparar para a vida e para o mercado também. Vivemos para a sociedade
que produz, compra e vende. Claro o mercado existe.
Alguém hoje esta preparado para o mercado? Não. A nossa escola não prepara para o
mercado. Nós vivemos uma crise de liderança, pessoas que sabem fazer o trabalho
mandado. Mas não temos pessoas que saibam liderar. Liderar não é oprimir, diminuir,
liderar é liderar um processo que pode ser ético e respeitoso. Mas não temos essa
categoria, no sentido das empresas. Existe essa carência. Então, a nossa escola não
esta preparando o ser para a sociedade, para os desafios que ela vive, somos imaturos
sociais. A escola não esta preparando para o afeto, para viver individualmente por
causa do fenômeno da depressão, existencialmente a nossa escola nunca fala de
morte, de alegria, de perda, de vida. Afeto não é razão é muito racionalismo, afeto
você cuida na igreja ou em casa. A escola não prepara para o mercado. Então, a escola
nos desprepara. Escola é responsável por essa coisa fraca que nos ornamos, coisa
débil.
O que nós somos? Somos medrosos, angustiados, medo de sofrer, odiamos obstáculos,
odiamos pensar. Gostamos do que vem pronto, do que vem mastigado, não sabemos
nos relacionar, perdemos a noção do corpo (não temos capacidade do toque).de visão,
de audição, perdemos a noção de solidão (essencial para a vida), capacidade de existir
como pessoa, dignidade (que perde o sentido) perdermos a noção de que você nasce e
tem processo de vida. A escola veio como desculpa, ela já passa por transformação,
precisamos de uma mudança conceitual, precisamos reaprender a ver, ouvir e pensar.
Porque o pensamento fragmentado afasta o ser humano da única coisa que existe que
é a vida.
Edgar Morin trata a educação como formação do novo cidadão, politica, atuação na
sociedade. Educação para atuar na sociedade. Temos que aprender a aprender.
Inverter uma logica o que faz a escola? E o aluno aprende. Ele diz não. A escola tem
que aprender, o professor tem que aprender e a escola não pode mais ensinar a
palavra ensinar, ela pode sair do nosso vocabulário por várias razões, o professor não
é aquele que ensina, o professor é aquele que estimula a aprendizagem. Ninguém
ensina, o que o outro de algum modo não perceba, não intua, seja estimulado porque
ele pode decorar mas aprender a gente só aprende aquilo que nos toca, afetivamente,
humanamente, o que nos move.
Então ninguém ensina o que o outro já esteja de algum modo pronto para saber, o que
saber, ou tem interesse em saber.
Segundo: quando o professor ensina ele é o centro da questão, poder hierárquico que
atrapalha a relação de conhecimento. Abismo ente prof. e aluno.
Exemplo: entrou um bicho na sala e a prof. foi conversar sobre o bicho só que ela não
sabia direito. Ai um aluno começou a falar do bicho libélula e por ai vai. Criança de seis
anos. Temos que parar de ser prof. e ser educadores.
Papel do prof. é aquele que estimula o aprendizado, prof. não é aquele que sabe tudo
mas tem interesse por tudo, esse é educador.
O que alivia como prof. É não ter obrigação de dar conta do conteúdo. Ninguém tem.
Porque principio de instabilidade: todo saber é provisório.
A internet acabou com o gueto do conhecimento e quem vai estar no gueto é aquele
que busca, pesquisa
Quem acumula conteúdo não pensa. Pensar exige o vazio e não saber. Se eu sei, eu
não aprendo, estou cheia. Escola tem que ter princípio de estabilidade, aprender a
aprender, retomar a reflexão e o vazio, construí um ambiente democrático.
Politica na escola e prof. tem dificuldades, discutir a morte na escola, ex uma criança
morreu assunto no jornal, mostrando o obvio. Como falar da morte? Traz um poema,
traz a questão.
Pessoas sensíveis esteticamente são mais ética sensível ao sofrimento também é uma
pessoa respeitosa. Escola não é problema da escola ou criamos uma cidade educativa
ou nos não teremos nem cidade, nem sociedade, nem ser humano.