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Lena Lavinas Liana Maria da Frota Carleial Maria Regina Nabuco Orgemizadoras Integracao, Regido e Regionalismo poio # FINEP Prof Rita de Cassia Espaco Brasileiro Aula O / B Cépias a te a Reciko & po NALISNO Acscala brasileira em questio Ind Elias de CASTRO A discussio do tema proposto se gens. A primeir 0 objetivo dessa démarche € retomar o tema regigo, como base territorial do regionalismo em nivel nacional, tentando superar +s impasses [esn7Hots37aas O problema do paradigma Segundo Thomas Khun, toda ctnea funde-s a pasts de um sodo de conceltuagiocepaz de car unanimidade, ou see, un paradigms Tratse de uma mancira comun de ver au cola de presentlas,c que permite explicara maior parte dos rauladcs das experitncias ou das investigngoes. A cragso eo aprendiosss de um paradigma dio-se como conversio. Essa intelectual ete, tia enfosmoral referee, principalmente, as teovas e consul uma ruptura. le transforma irreversivelmente& abordaygon smodo de ary unentar.f um aprender a ve como, a pastas ay mesmas evidéncis a reconhecer do mesmo modoo.que finder (ou significant) de informagses eo que € apenas Faldo ilga cate, © paradigms ditingue pelo niimero de problems Fesolvidas ou promete prose conhe simento.Porém, quando oparadigma, ee mesino ae torna oben derellextoe discuss, ccs uma Paradigmas subjacentes & perspectiva regional ‘Trata-se aquidediscutirapenas os problemas eoslimites desses. paradigms na Geografia. Primeiro,o paradigma da citncia céssica define sua inteigibil- dade a partir de causalidade clara e objet cionalidade explicativa e de regularidade logica dos processos, tendo como ambigto maior a suposicéo (ou certeza mesmo) de que seria poss. vel estabelecer uma Gnica teoria fundada na razao explicativa do funcionamento do Universo e do comportamento da humanidade, ‘em todas as suas dimens6es e escalas, Outra suposigéo fundamental do paradigma clissico ¢ que 0 sonhecimento cienifico tem por missio dissipar a aparente con, 186 plexidade dos fendmenos, a fim de revelar a ordem simples a que cles obedecem. A complexidade do real é apenas aparé ‘menos complexos, quando submet dem serreduzidoss suas partes mais simples. Port ma microfisica, amicrobiologia ea termodindmica tim subvertido a possibilidade dle simplificagioe de clareza objtiva.& incorporagao do acaso, do paradoxo, da dialdgica & hoje fundamental aos avangos nesses ‘em esséncia deterministae generalizante (ou legiferante, como quer Morin), guiou as pesquisas geopréficas, nto Por sua vertente positivista como pela dialética materialist, ‘Ambas trouxeram avangos e problemas para a pesquise regional Na vertente positivist o primaco da disjungioe da redugio do complexo ao simples impos essa escala como ponto de paride metodol6gico,valorizando a indugio e minimézando as possibil ddades da dedusdo.Na vertente marissa, adeterminacs mater rico-metodolégico, no qual a totaidade se impunha ine bre au spayo ds singularidades es particularidades. De modo esquematica, cada ve ico, oque armou das armadi regional; a perspectiva material submentenco-a a planetéria, a regido era a abordagem fundamental do método 10805 fendmenos podiam ser percebicos Na segunda, nenhuma causalidade o era reconhecida nessa escala; a regigo tornow- tum epifenémeno ou mesmo um mot vide (como declara Rog Brunet). Em sintese, qualquer que fosse, 0 conceito de regito actito Ssubsumia elgum incémoco, Na perspectiva positivista redusio doméiodo geogratico are sistente, confine a disciplin Na perspectiva da Geografia strutura légico-dedutiva con. ‘A pespectiva gional enftenax | scidade ou da sua mone. Com o Jovani inecens de nan lame na Geograia a segunda opsfo fi vitoios. A redo aq podleservisia como ocachorro do paradoxo de Nels Bohor-— “pose estudar todas as interapGes que mantém vivo o organisima dé ame «acherro, ¢ preciso mataro cachorso" A reagfo romantica da corrente humanistatrouxe novo alento para es preocupagtesregionais, mas o dilemma fundedor da ddvids Sobrea sua cienificidadendofol de todo resolvido. As perspectvas vido" eda E afiaintroduziram,paralelamnen- Em busca de um novo paradigma — ou as possibilidades da complexidade * q@irmsoente importa dagscala planeta na organizagio da economia, das finanges, das redes de poder tem, paraiocalmente, reforgado aimportancia das decisdes nas scaly 4 Reproblematiza a regiso, como objeto de pesquisa, requer: a) superar postulados deterministas e simplificadores;b) incorporas, “ ‘como questo central, complexidade dos fendmenos;c)considerar ‘ escala como problema fenomenclégico eno ‘A Geografia nic estd si em seus impasses. Como f no infcio, 0 delineamento de um novo paradigma € deste as | Primeiras diécadas do nosso século, um probleme da cléncia e nao de uma disciplina particular. Os avangos da microfisicae da biolo- problema recorzente, A de leis ¢ postulados de uma escala a outra ¢ sempre Boudon’ iizago de una esa expe una vr pols, a0 real percebido porque informa a 19 oa a nanan tetas sealidade que nele existe. Daiaimportincia de cada territrio, que independentemente da nossa visibilidade, contémo real. Os even, tes, qualsquer quesejam,serdo sempre deliberados,embora olher possa ser equivocado, Portanto, percebera scala como ‘pertintaciada medida” requer um exercicio conceitualparadar sentidods possibilidadesconcsving + de olhar a realidade. O exerescio matemético para a representagio {réfica no espaco ¢ completamente diferente das possibilidades de {eseala como “unidade de concepsio" na qual se incorporaa reall dade, que ¢ multiescalas Escala nfo supée hierarquia, nio podendo haver qualficagio valorativa para diferentes escalas, Também, a escala no pode confundida com nivel de endlise; uma vez que ela & sebstva encontra-se subsumida no conceit, Na realidade, a escala 5 ¢ problema epistemol6gico enquanto indicadora de conteGdos para a andlise, porque, enquanto medics de proporgdo, ela ¢ um problema matemitico. Nesse sentido, cada recorle espacial ¢ pertinente, porque continente de unidades de soncepsfo, que colocam em evidéncia relagbes,fendmenos,fatos, como um modo de aproximacio do real, Nessa aproximacio, hi uma fragmentagéo apenas aparente, na qual cada objeto percebido PPossul o mesmo valor, porque cada um fez parte do conjunto do gual ee se destaca, apenas como uma projecio particular. "0 real estard sempre entre les, ards deles” Quem tem medo da regio? planetarizagio das selagbes econdmicas,inanceiras e de poder ec, i ilticas que ocorrem em escalas muito ‘farentes, Paralelamente & nogio de plancia’,enquanto merads da humanidade, fortalecesea nogio de teritio, enquanto mors, da de uma sociedade particular, Parece que oconceite de terrtério ampliou-se, Incorporando a perspectiva do recorte também scl, 160 Ie a PEP eat ee ea OOO 4 imas décadas, a impos relagoes supranacionals para a con des econ micas e de poder defro organizado esustentado nas K Jy” Por todos os impasses conceituais ¢ melodelSgicosindicados, a Jeimensio regional dos enémenos debxou des ‘uma parte importante da comunidade geogrs 32605 € certamente, 0 caso de Roger Brunet que considera a re ‘mot vide, acredi ‘sucesso da nova : SF Rata a ri ea its penn plese perompe teoaee ceeerve tne samen la Géographie Universe lo dedicado & regifo, O se metodol6gicos nao se reduzem a a regido, consttuida pelas pritices longe de ser esgotada, mesmo que sim definidas por pertencimentos simbélicos plu- ‘A preocupacio com a regio, enquanto problem de investign- Go, ¢ com o regionalismo, enquanto um dos contetides possiveis dla primeira, deriva das suas ossibilidades explicativas dos pro- c8s8us de transformagio do espago e dos alores mais Gestacacice das mudancas, Na realidad ade s6cio-espacial,o espace so cotidiano, oespago da participacao, da mobilizagao e da devcay politica, o espago da administragéo publica outros nal. Afina,€ possivel “dontidade Unidade territorial brasil aaceitacao das mediacdes ter ae as dificuldades para toriais Qualquer que seja a disciplina ou a démarche coneeitual, 6 evi dente que novas possibilidades se abrem as investigagdes de boss regional. Seguindo Augustin Borque, em suareflexto sobrea fone tenologia da relagéo homem/natureza,o fim da era daa cortensy © tema regionalism ¢ ainda pouco reconhecido pela comuni dade académica dopais.Con: mais a heransa de-um ima hnacionais do que a falta de relevincia de problema. Esse imagindrio tem origem no mito fundador do Eftado no tbufdo a estratégia colonial portuguesa da con) ara Lia Machado, esse mito estabelece que = te | sro eranes cu sia umarealidadeevidente enioum © | arteato politicoa ser constcuido epreservado pelo Bstadon independéncia,o territirio brasileiro eta un nleiras definidas por acord a soberania sobre oterrt6rio, Ne oem nome desea unidade i ata a defnicto do expaco nacional | A realidad, que complex, coloc-nos dianedopasticularque nidade conti no todo edo singias xa © espago gcogriico¢ consdrar ade ndincia, pars preservaro mito fundador ‘uma questio que pudesse ‘mais conseqtiente. A unidade: para muitos idedlogos do Estado bras to, abasenecesséra de coesdo social ga da nacionalidade, Narealldade,ahistériadaformasio territorial no pate fezcom acratlaglo politica das oligarquias regionals por melo de san {apasto, direta ow indizeta, no governo central. No periods Parrinachendéncia nenhuma das regioestinhaforgaccondmicnes ida pelaadeséo.aopacty le _defesa de interesses “da regtio”, \realidade, de uma mobilizagio politica dlia-orga posse ser sociedade regional 6 regional supe anda Ee quase sempre é exp io de condigdes mais vani base fundamental para o ex No século 9, Geografianasce no Brasil vincdlada a Histriae remiaoim functo desenvolver oconhecimentosistemstico sore de Nene: ,Paraestabelecer as bases da construcdo da nacioralcee de. No inicio do século 20, a primeira di or base as diferengas n, Sta 1a Geografis nesse periodo, parece que os ols dee sis responsiveis pelo “desenho” do tenitério nacbnat Si capazes de perceber as diterencas das paisagens deseshades | Bele natureza.Reconhecer outras diferengas sigaifcaia alan s mito consagrado da unidadk como suporte da unidade Poltica¢da coesto social donacionalismype ‘© meio e com seus simbolos, Al reelaborando-os ideologicamente na ide dovisblidede¢valorsimbSlicoaos rasossingulaee sotaque, terminologia, hal bélicos como recurso Revendo o mito. O regionalismo nordestino i alfrencas regonais do Brasil so vsiveis, eas expresses Particlares do regionalism, também. As pesquisas, poute mane ‘osas, tem privilegiadoos casos mais evidentes como k do Sul ou a Regito Nordeste. Antes, porém de rater dey tamente, representados Considerando ca deixaram de oe: iodos os niveis do governo, « segunda rece sermais bemanaliseda Fdemeuase idados alguma forme de 2 8 7 Keam em defesa de interesses especticos rants a outrasregioes ou ao proprio Estado, Esse Cumoeewen Poltce, porém vineulado a identidadeterstorial. Se dlninnene 164 disparidades regionals nfo si0 casualida {gente jamais €inocente, ocontesdo ter cima, convém lembrar que a destaca-se doconjunto brasileiro comao teri concentracio de renda do pats es piores indicadores soviaisI ssa também aregiéoonde, desdea década de720,houve maiorredugio ddo tamanho médio das menores proprieda (excetuando as regibes que eram fronteira ulu recuperar, nas décadas de 60 e 70, 0 tamanh Iaiores propriedades possufam em 1920)|Com relagdo as finangas pblicas, a regito tem recebido parcela do bolo nacio ‘maior do que aquela com que presentou,em viriosindicadores economcos taxas decrescimen. toque acompanharam ou mesmo superaram as médias nacionais, ‘indicandoasconcretas possibilidades da sua economia em diferen. tes setores. 'Na arena politica, a regio possui também sua especificidade, 16 central, Deve ser esclarecido, por configuram 0 regionalismo nore A gulsa de conelusso 0, regionalism, localisma sto valo- iano tempo e no espago,cujaesséncia Finalmente, a8 velhas formas de inteligbilidace nfo respondem ojo aos diferentes planos da realidad, A regizo eo local. portag Uez. Sto cbjetos empiricos que nés tomamos progressivamseteens Stabe experimental. Seguindo Jean-Paul Perrier se acitamos que © territério consttul um mediador privilegiade pars andes ton projeto de conhecimento, dedu, lidede propria 168

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