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Reducao da Idade Penal: Dig Ti Thom cur WUTC CF Rymrnelcoen ~ Apresenti - Onde comega a violéacia? ~ Quem sofre mais com a violéncia? - Alguém ganha com tanta violéneia? - Prender as pessoas melhora a soeiedade? Diminui a violéneia? - 0 ECA nio esta protegendo demais? Um adolescente ja nio tem di cemimento para saber © que é certo ¢ 0 que ¢ errado’ - Eo tempo de intemagio’ Nao seria melhor sumentar? ~ Entdo, o que « gente pode fazer para melhorar isso tudo? —-—~ ~ Notas _—ALERY Apresentagiaio reducio da idade minima para imputabilidade penal (correntemente chamada de “redugio da maioridade pensl") é um assunto que volta ¢ meia retorna ao centro des debates em nossa sociedade desea aprovagao da Constituigao de 1988 (¢, posteriormente, do Estatuto da Crianga e do Adolescente’ - ECA), principalmente quando urn adolescente comete um ato infractonal grave —ow toma parte emi um erime cometide pormaiores de 18 anos, mesmo que de forma coadjuvante, Mas, pensando um pouco, vocé ja perceheu que mesmo quando este debate especifico nao esta tio em evidéncia, o tema da Seguranga Publica tem recebido um das maiores destaques nas paginas de nossos jomais? No caso dos noticidrios televisivos, alias, parece ser o que tem ocupado 0 maior tempo, nio é? Pois bem: esta cartilha surge no meio de mais um momento de comecao, em que se estudam propostas de endurecimento da legislagao penal, redugio da idade minima para imputabilidade penal, ¢ até snesino 0 patrulhamento ostensive de determinadas dreas da cidade do Rio de Janeiro estes temas, como veremos, estio intimamente ionados, Ela pretende informar, fazer pensar, desconstruir mitos ¢ sbordar 0 probleme da violéncia de um jeito diferente de como nossos “imparciais” meios de comunicagdo tém feito. Até por isso, diferentemente destes comeyaremos por explicitar que ela é eserita a partir de uma posigio: somos contra a redugio da idade minima para imputabilidade penal, € contra 0 aumento do tempo de internacao dos adolescentes autores de ato infracional em relagio ao que jaestd previstono ECA. Leia acartilhae enten porque, Deputado Estadual Marcelo Freixo ‘Geer de tage Fa) 4e hllo= its Tad= Tel ee violéncia tem muitas causas ¢ se materializa de diversas maneiras, Ela pode ser fisica, como um soco ou um chute, Pode ser através de um olhar de desprezo de alguém situado de poder, da discriminagao letal, ¢ no nosso pa numa da humilhagao. Ela pode ser grande parte da violéncia letal esti relacionadas ao uso de armas de fogo" Pra entendera violéncia, ¢ fundamental relacioni-la coms valores da sociedade em que ela ocorre. Vamos pensar um pouco. na nossa sociedade: por aqui¢ alardeado de diversas maneiras que todo mundo digno de respeito e de admiragao deve possuir determinadios bens, 0 dominio de um contetido cultural minimo, se alimentar bem. No caso da mulher, deve usar maguiay ¢ perfumes... Isso sem falar que também se valoriza muito uma pele branca ea heterossexualidade, ndo? Todos os dias a TV, [_ jornais, e mesmo as familias vao ensinando. essas coisas aos poucos, mas por isso. mesmo de forma muito mareante Pois bem, acontece que na vida real grande parte das pessons ndo se encaixa em todos padres ~ muitas ve7es em quase nenhum deles~, mas ¢ ensinado pratode mundo que como nao ha lugarpara todos, como o ser humano é “naturalmente desigual” (e desigual aqui nao tem nem de longe o mesmo significado de diferente...), € necessirio competir para garantir, custe o que custar, set acesso ao minimo que nossa civilizagio conseguiu criar. Na nossa sociedade poucostémalgumempr regulamentado por lei, muito poucos 1ém um emprego que garanta uma renda apenas remotamente compativel com @ padrio alardeado —€ mesmo quem tem corre o riseo permanente de perdé-lo -, morre-se a torto ea dircito cm filas de hospitais ou em assassinatos perpetrados pelo Estado (0s ricos ndo, ¢ claro), o Saneamento basico nao chega a muitas familias, o Estado ea inictativaprivada diserimi am as pessoas... Explosivo? Sim, é, E as pessoas, mesmo que no se déem mu conta, percebem, sentem isso. Vale a pena um exemplo: um menino de 18 anos, cheio de potencialidades ede sonhos, que esté narua todo dis durante 10, até 12 horas seguidas, num calorde 38°, sob o sol, a poluigao ¢ obarulho do trifego, distribuindo panfletos de“demtistas 25 reais” oude “prostitui 10 reais por 20 minutos”, vé um outro menino de 18 anos passando dentro de um carro do ano, vidros fechados, ar-condicionado ligado, ouvindo miisica com uma bela namorada ao lado, desfrutando um bom pa idade Maravilhosa”, Ou vé outro menino, mesma idade, atravessando a rua com um monte de livros embaixo do brago, Geulos no rosto, descobrindo no estudo coisas fantasticas sobre o mundo, Seri que ele ndo pewebe que muito provavelmente, mesmo trabalhando 24 horas por dia sem des: nig vai ter acesso a nada disso? Ou melhor, cle ja ndo tem, seu pai nio teve. sseio pela seu avé... 1880 niio € violento? Sera que a violencia sé comega quando as pessoas cometem crimes, ou estas situagdes guardam alguma relacio, mesmo que mediada, entre st? A situagdio acima € muito comum nas ruas do Rio ou de outras metrdpoles brasileiras — to comum que estas pessoas se vin tomando Praticamente invisiveis, e muitas vezes quem esté passando, na rua se irrita por haver “tanto panfleteiro atrapalhando a circulagdo”. E amplamente reconhecido, sendo inclusive divulgado pelas Nagoes Unidas ano a ano, que nosso pais tem uma das distribuigdes de renda mais desiguais do mundo’. Acontece que por aqui o acesso a0 lazer, a cultura, a alimentagao, a moradia, e ja hoje em dia em larga medida a saide e a educacio custam dinheiro. Detalhe perverso: 0 acesso a tudo isso & direito garantido a todos, especialmente & crianga © 20 adolescente, vistos enquanto sujeitos em plena formacao, pela Constituigio da Republica’. Nao é violento nao se ter acesso a um direito garantido por lei porque niiose pode pagar porel E importante levantar todas esias bolas porque o rim: entendemos, ndo é algo que avontece em abstrato, no vazio: ele acontece numa determinada sociedade e & fruto, sim, das relagdes sociais concretamente existentes nela, Na nossa sociedade, portunto, podemos dizer que a violéncia é em grande parte motivada pela desigualdade extrema, pela permanente inseguranga quanto ao dia de amanhd, pela privagao de uma parte imensa das pessoas de direitos garantidos a elas por tal como a lei apenas por no terem dinheiro para “comprar seu acesso” a eles, pela intemalizagio da logica de que sb é possivel ter acesso a determinadas coisas s¢ outras pessoas ndo tém, e de que portanto & preciso ser melhor que 08 outros numa corrida pela sobrevivéneia. Se a gente nao pensa um pouco a sociedade em que acontece o crime, tratando-o como um mero fato social a ser combatide ou como um aglomerado de niimeros que queremos legitimamente reduzir, como ¢ que vamos entender que o indice de mortalidades por homicidio nas metropoles brasileiras venha sendo 0 maior do mundo em paises que nio esto em guerra’? Ou que no Rio de Janeiro, em 2000, apolicia (sim, um braco do Estado que, por let, deveria proteger o cidadio, ¢ no mata-lo) tenia sido respansdvel por nada menos que cerea de 10% dos homicidios, sendo que em 68% destes pelo menos um tiro tenha sido dado pelas castas da vitima"? Ou que esta mesma policia, que éa que tes mais mata no mundo, seja também a que mais morre, sendo seus também vitimas de uma politiga de Estado que s6 aumenta a viol ncia’? Quem sofre mais coma violéncia? 40. contrario do que fica parecendo ultimamente, quando os jomais tm dado tanto destaque aos atos infracionais praticados por criangas © adolescentes, este segmento da populagao é justamente a principal vitima da violéncia, € ndo seu principal nte. Levantamento realizado em janeiro de 2004 mostrou que apenas 0,2% da populagio ée 12 4 18 anos havia cometido algum tipo de ato infracional e estava cumprindo medidas sécio-educativas'. Destes atos infracionais, 73,8% emam crimes contra o patriménio, e ndo contra apessoa /contraa vida A populagao de 0 a 19 anos, no entanto, foi alvo, entre 1980 ¢ 2002 de 110.320 homicidios, 16 % dos homicidios acantecidos no perioda! Isso dé mais de 13 homicidios por dia cometidos contra uma erianga ou um adolescente,.. Esse niimero cresceu 316% neste periodo, sendo que entre a de adolescentes de 15 @ 19 anos 0 homicidio ja é a principal causa ext morte — em 2002, em ES. RJ e SP, mais da metade das criangas e adolescentes que morreram por causas externas foram assassinados (no RI foram 57,8%)! De 1994 a 2004 o nimero de homicidios, tnstemente, a cresceu 48.4% no Brasil —um cr niimero de homicidios em que a vitims foi uma crianga ou um adoleseente, ‘no mesmo periodo, cresceu 64,2%"!!! sta violencia toda de que estamos falando tem também um corte racial claro: suas maiores vitimas sio as criangas € os adolescemtes afrodescendentes, sendo que estes também soa maioria nas unidades de fo do sistema de medidas s6vio- educativas' E possivel, sem nenhum exagero, dizer que hd um genoeidio em € que nossa sociedade esti matando sua juventud principalmente sua juventude negra e pobre ~ ¢ com isso matando seus sonhos e sua capacidade de wransformagai Alguém ganha com MeO Card ranga privada € um rumo que movimenta muito dinheiro, Para se ter uma idéia, em 2006 os bancos, em nosso pais, investiram 6 bilhdes de reais em seguranca privada”, o dobro do investido por eles em 2003 ¢ mais de dez vezes o que o governo investiu em Seguranga Piblica ©2005"! P: mais brutal que seja, tem sim gente zanhando coma violéncia. A ucrativos mercados” jem prisional! isso nae ¢ brincadeira ¢ ja esta acontecendo aqui mesmo no Brasil nas “experiéncias pionciras” de terceirizagiio em todo o cielo de ressoeializagao do preso — por exemplo, da Penitenciaria Industrial de Guarapuava ~PR, e na deCariri- CE, entre outras“. Segundo o jornal Valor Econdmico, em matéria com osu titulo de “Sera que o crime pode compensar?”, a Secretaria de Estado de Sao Paul pretende construgaio ¢ operagao de presidios neste estado pela iniciativa privada’” (no Rio de Janeiro também ja hi projetos nesse sentido). Na mesma maté aparece um nimero que da uma idéia de quanto dinheiro se pode ‘movimentar com isso: apenas duas empresas norte-americanas atuantes no ramo da “correcdo” faturam em temo de USS 1.000,000.000,00 (isso mesmo, | bithio dedélares!) porno. Muito grave, nao? Segundo 0 professor da LISP Laurindo Dias Minhoto afirma na maténa citada acima, a taxa de presos por 100 mil habitantes nos EUA, pais que adotou este tipo de “gestiio penitencidria pulou de 313, em 1985, para 738, em 2005, Ainda segundo ele, asempresas especializadas em geste penitenciaria teriam constituido poderosos lobbies junto a0 Congresso para leis penais mais duras! Pois é: vé-se que tem gente que se interessa muito pelo aumento da populagio carcersiria.,. Ends, vamos engolir essa? ecole eee Catia a sociedade? Diminui a violéncia? bs 8 numero de presos no Brasil mais do que dobrou na dltima década, Segundo os dados oficiais do Dep amento Penitencidrio Nacional (DEPEN), em dezembro de 2006 ha carceriirio ¢ na policia", Em 19 148.000". O aumento ¢ de 170%! E 2007 este numero pode cheg: adolescentes em inter: os no sistema . segundo © mesmo DEPEN, eram ra 460 = 263% segundo estudo da Secretaria Especial de Direitos Humanos". Ao mesmo tempo a em que vemos o Estado abandonar areas como Satide ¢ Educagio a propria sorte, nos marcos do chamado neoliberalismo, nossa populacio carceriria no para de aumentar, O que estamos vendoé uma mudanga de um tipo de Estado que garante direitos para um tipo de Estado Penal que administra apanela de pressio de uma sociedade to desigual, um Estado que alija, mata ¢ prende aqueles que ndo estio entre os poderosos donos do mundo”. Alias, um Estado que internaliza parte da légica do crime, 20 separar seus presos de acordo com a facco & gual supostamente pertencem, tanto no sistema prisional quanto no de medidas s educativas— ou seja, opreso que ndo esta ligado a nenhuma facgao “ganha” uma pelas maos do Estado! Pois enti, o nimero de presos nao pira de aumentar, ¢ a violéncia também nao. A Lei de Execugio Penal” nao é cumprida, ea prisio, longede proporcionar condigdes para a harmonica integragao social do condenado € do internado” (que & o que esti na lei) acaba trazendo apenas sofrimento e desagregacdo. Para se ter uma idéia, nas prises do Rio de Janeiro nenhum preso ou presa recebe nem papel higignico nem absorvente ha mais de 4 anos! Uma concepgdo apenas punitiva da prisio pode até aceitar isso, € torcer por prises cada vez piores, super lotadas, com comida estragads ¢ condigées degradantes, mas seri que € isso o que queremos? E mais: isso resolve o problema da violencia, ou s60 acentna? O preso ainda por cima deixa a cadeia mareado, com enormes dificuldades para conseguir retomar o convivio social, amumar um emprego... E por isso, inclusive, que é tao importante o debate sobre outras formas de responsabilizagio, muito usadas —e com bons resultados — em outros paises, como as penas alternativas, que além de causarem muito menos sofrimento apresentam um custo muito menor — e que, alids, sio previstas na nossa lei, sendo muito pouco aplicadas por um modelo que vern privilegiando o encarceramento. OR NO Wr Cr eBay demais? Um adolescente ja nao tem discernimento para saber 0 Ca eestn eee Lee c Clr ‘ssa sociedade sabe que a infincia (de 0 a 11 anos) e a adoleseéneia (de 12 a 18 anos) so ctapas muito especiais na vida de uma pessoa. E nestas fises que 0 desenvolvimento das potencialidades humanas é mais intenso, Uma crianga estd assimilando uma nogio de mundo, de sua insergio: de sua relagio. com as pessoas, Isso continua na adolescéncia, que ¢ também um periods muito dificil, cheio de contradigdes incertezas, em que somos muito suscetiveis so ambiente relagdes que estabelécemos. Um periodo em que estamos definindo nossos Tumos equem seremos. E por isso que é Goimportante haver uma legislagio especial para criangas eadolescer e, em 1990, 0 ECA Muita gente fala mal dele, diz que ele protege demais, semsequer t@- lo lido, O Estatuto diz que toda criangae todo adolescente tém direito a vida, mentagao, ao lazer, a cultura, & s, e€ em respostaa esta necessidacle que nas & saiide, & educagio, ao esporte, i al profissionalizago, a dignidade, a0 respeito, a liberdade, i convivéncia familiar ¢ comunitiria. Ele diz também que € de ale do poder piblico garantir a efetivagio desies direitos, O que, nisso. & exagern de prote > Ecoerenie com anossa visio da importancia e — SS) ever da sociedade em ge das especificidades destes momentos na vida de uma pessoa? Nao podemos, também, confundir inimputabilidade penal com impunidade, Em nosso pais qualquer adolescente, a partir dos 12 anos, pode ser responsabilizado pelo cometimento de um ato contra a lei. Esta responsahilizagio &, inclusive, vista como parte do processo de aprendizado do adolescemte, de formaa que ele niio volte a fazer isso. A questo é que no seu caso as medidas a serem tomadas tém o objetivo principal de ajudi-lo a recomecar, escolher outros caminhos, prepari-lo para uma vida adulta de acordo com o socialmente estabelecido, O tratamento niio é diferenciado porque alei “acha que ele nao sabe o que est fazendo”, O tratamento, na verdade, é diferenciado devido justamente a sua condigio especial de pessoa em desenvolvimento, e porque 0 objetivo com a medida sécio-educativa nao é fazé-lo sofrer pelos erros que cometeu, ¢ sim ajudi-to a acertar sua vida, a mudar seus rumos para melhor. O ECA, entio, prevé 6 medidas socio-educativas: adverténcia, obrigagao de reparar o dano, prestagdo de servigus 4 comunidade, liberdade assistida, semi-liberdade € internagdo. Ele recomenda, também, que a medida sejaaplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, ascircunstincias do fato ¢ a gravidade da infragdo, e que # internaglo s6.seja aplicada em casos de muita gravidade—o que, infelizmente, nao élevadoa sério por muitos juizes, que ordenam ainternagio de adolescentes por motives banais, o que s6 faz abarrotar as casas de internagao e prejudicar as vidas destas pessoas". Relatorio de2004 daONG Human Rights Watch apontava que de seiscentros de intemagio de adolescentes, pesquisados no Rio de Janciro, cincy estavam E o tempo de internacao? Nao seria melhor aumentar? ata responder a essa pergunta, a gente queremos quando internamos um adolescente. Nosso objetivo ¢ buscar educé-lo, oferecer condiydes a ele de elaborar uma mudanga a vida. Trésanos, para uin adolescente, é muito am tempo mais do que suficiente para que nS OS camminhos que sua vida estd Lomando € possa com outros. O que queremos & que ele possa f tenhs mais miva de uma sociedade g er estas coisas, ¢ of reeea prise? E tem mais: o adolescente pode ficar, na verdade, 09 anos em medidas sdcio-educativas, porque ele pode ficar trés anos internado, saire ficar em semi-liberdade, depois em liberdade assistida, num processo em que o Estado o esti acompanhandoc 6 ajudando a se reinserir na sociedade: Pelo menosé isto o que determina allie é 0 que devemos lutar para que seia cumprido! Temos que mudar esta situago de o Estado s6 endurecer as leis com os cidadaos, mas ficar o tempo todo sem, ele proprio, cumpri-las! Com todos os argumentos que ji apresentamos, esti dando pri perceber que niio boa essa idéia de prender adolescentes junto com adultos, nao €? Quase todos os paises do mundo, inclusive, também perceberam isso, e tratam de forma diferenciada adolescentes ¢ adultos, Alids, o argumento que tem cireuludo de que pouquissimos paises assim 0 fazem émentiroso baseado numa confusdo entre as formas dos sistemas de justiga de cada pais, que podem ser separados para adolescentes ¢ adultos {como € 0 caso do Brasil) ou ser um s6 para tode mundo, mas aplicando iratamento diferenciado a adolescentes ¢ adultos. No caso, a gente sb pode determinar a “maioridade penal” de um pais como 0 momento a partir do qual o tratamento é uniforme para qualquer infrator da lei, Se a gente ndo pensar assim, aliés, poderemos dizer que o Brasil jd tem uma “maioridade penal” de 12 anos, idade limite para aplicagio das medidas previstas no Estatuto da Crianga e do Adolescente. Inclusive, a Convengio sobre os Direitos da Crianga de 1989", ratificada pelo Brasil, determina em seu artigo 40 que os Estados estabelegam uma idade minima abaixo da qual se presume que as criangas nio tém capacidade para infringira leipenal. Nesse sentido, 0 Comité sobre os Direitos da Crianga da ONU ja deliberou indicativo sugerindo que a idade minima para imputabilidade penal a ser adotadapelos -parte sejade 18 anos Entdo, o que é que a gente pode fazer pra melhorar isso ar alei, no caso do ECA, endurecendo as medidas sicio-educativas, 6 vaipiorar ascoisas, Alids, vale lembrar que li brasileira ja foi muito jor no tocante erianga e ao adolescente, e que o ECA é uma grande conquista, fruto de muita tuta, A lei anterior, 0 Cédigo de Menores de 1979, substituido pelo ECA, traiava apenas do menor infrator (0 menor ent alguém que tivesse entre ]4e | 8 anos), ndoenumerava nenhum direito fundamenial de crian¢a eadole mais: permitia aojuiz,apsa detengao de um menor, avaliar se ele deveria ser solto aun, comobem entendesse, Depois, se ele chegasse ans 2 anos ainda internado (poderia ficar dos 14 aos 21, se tomando aculto encarceraco!) ia automaticamente para 0 “Iuizo meumbido das Execugoes Penais”, fieando emt .queestejulgasse extintoo motivo que olevoua ser mos retormar? ‘estabelecimentoadequade’ internado, Seri que éaistoque qu pode fazer, no caso da situago de criangas adolescentes no Brasil, é lutar para que a lei seja cumpride, © nao para muda-la! O ECA nio diz quea crianca eo adolescente tém todos aqueles direitos — satide, educagao, alimentagiio... — ¢ que isso é responsubilidade do proprio Estado € da soviedade? Pois bem! Temos que nos organizar e lutar para que isso seja cumprido, e para que possamos oferecer um outro projeto de pais ¢ de sociedade para as nossas criangas ¢ 03 nossos adolescents. Pode ser em um partido politico, em uma associagao de moradores, em um grémio estudantil, um CA, no nosso sindicato, em uma organizacio de defesa dos direitos humanos, numa campanha (como a Campanha Contra 0 Caveirdo, por exemplo), em qualquer destesespagos de lutae de organizagdo popular. O que a gente precisa fazer ¢ lutar por um pais que garanta a todos o que a Constituigio da Republica, em seu artigo 6”, diz que é direito de todos, ¢ niu apenas dos que podem pay ' educagdo, a satide, o trabalho, o lazer, a seguranca, a previdéncia social, a protegio A maternidade e & infincia, a assisténcia aos desamparados”. Um pais queao invés de prender mais, consiga substituir o medo pela esperanga, a raiva pela solidariedade, a intolerdncia pelo respeito, a desigualdade pela diferenga. E dai que vir a paz que todos queremos, ¢ nao do medo de cada um de ficar mais tempo preso ou de sofrer penalidadesmaiores. ee 1A idade mini de 18 ano Repiblica, artigo 228. Disponivel e id 102408 para imputabili 5, fixada pela Consituigio da 2 Disponivel em sw brflogisineaa’L istaPublicusoes.uction?id=1024 14 anizagio Mundial de Sade, viotéacia ¢ 0 uso intenclonal da forga fisicn ov em am iy que resulte ou tenbi alta probabilidade de resultar em lesio, mo ou ‘ontra si proprio, contre outra pessoa ou con: Relatirie “Homicidios de 2006), duno psicoldgico, deFieléneia de lento ou privagé criangas 2 jovens no Brasil 1980’ — 2002" (NEV. b g/conteudo index.php ?conteudh Violéncia 2006 (OEI, 2006). Disponivel em ‘: ly 2 pvinl aE Ancig%i2 apd 5. De acordo com » Relalétio do Des Programa das Naydes Unidas para o Desenvolvim mundo, sendo que até 2005 0 Brasil ocupava também a penuitima posigio aa Ame ina, methor apenas que a Guatemala, Este relaxorio esti disponivel em hitp/iyeww poud.er.brrdh, Tamém vale a pena ler a ilustrativa reportagem da Revist sobre a qualidade de viels em Ipanema, que tinks wi Indice de Dese lumano (IDH) no ano 2000 enxe os Suéeia, enquinto © IDH do Bras! hntnziseww-terra com hfs 06, publica, pe a décima pior de lo, superior aox de Noruega ¢ ocupava a 65° posigio, disponivel em 6, Comstituigao da Repablics, ver NEV-USP,2006,piging 15 8. Relatério Execupdes Sudrias no Brasil - 1997/2003 (Justiga Global © Néicleo de Estudos Negros, 2003) nd 16. Disponivel em Jntp:/www global org br/petyn wus gulf nb 10.081, 2006 11. Ver 0 SINASE, Si Imps aww. gov rises Nacional de Atetclimento Sécio-Falieativo, disponivel ety wisinase Sinase pal ee br Arquive/ Des quesshow.nsptid_ destuque=S4} 13, htp:!icontusabertas.uol.com,brinoucias/demathes_notcias.asp!usto= 1476. 14. Para conhecer um pouco mais sobre PPPs no sistema prisional, segue a sugestiode dois sitios na intemet, com textos que expressam pontos de vista com os quais no jnocessariainente concordames, mas que sio bastante infurmativos Ip: jus. comb dota textos 83, 15, Disponivelem Int /clinping.planeiamento gov bt Noticis aun NOTCad=309013, 16. hup://www.nj. gov. be/depen sistem Pesquisa’.20( Desembro-2006),pdf- 17. bps gov benoit 2003 ub RLS230603-presos tam, 18, Cadonosito hups/wwy. 5» br 20030) 009. agpACD_CHAVE 6837 19, A itulo exemplifieaivo, para além do nlimiro akissimo d= homicidios perpetrados por Policiais, registra-se cm NEV-USP, 2006, que 38.94% dos casas de violéncia policial ‘corr om focal Fachud tove lugar ns residéncin da vitimal www0 senso gov br/legislaeuo ListaPublieacoes,setionfid=102391 21. Artigo escrito pelo Instituto das Nagdes Unidas para Prevencio do Delite ¢ Tratamen de Delingdente (ILANUD), disponivel em ‘ntpsiiwwwsisolideria org br/estatis‘siew grafico jsp?id-200S01280026stab1, mostra «que, et 2002, 42% dos adolesceniesinternadasem MSE o forum por robo, 2. hinLhnworg portuguesespansbraeil 20%, pigina 44, 23. Disponivel em hipy//www.enu-brasil org. byidoe erianca 24, 18 bone informagées exatamente sabre este assinto no Blog da Revista Epocs, tualizadoem 10 demaio, disponivel em hips Avwwepoca468,globolog.com. bo. Cant prude coletwamente eu Gabi de Dept Matt Fey Vitue Nees ltd Andre Antal Dagramaghe Paro Ke Colavorarde” Tomas Ramoe, Liliana. Maiqves, Marcelo Iyradecen ap CEDECA Caath gue geioene diel wa wets ose Maw dade pon 0 tut na pve aber poled a liste ao exiopucto, olubonnde fea

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