Devido a natureza do ensaio, em que a detecção se dá pela localização de “vazamentos”, este ensaio
só detecta descontinuidades passantes, isto é, detecta apenas descontinuidades que atravessam a
abertura de toda a espessura da peça.
Os vazamentos ocorrem basicamente, devido uma diferença de pressão entre a região interna e
externa do componente analisado, o fluido tende a escapar por meio de uma descontinuidade
passante ou uma região de permeabilidade deficiente, para igualar as pressões. Assim, uma
diferença de pressão permite a passagem de fluido tanto de fora para dentro (quando a pressão
externa é maior do que a interna) ou de dentro para fora (pressão interna é maior do que a externa).
• Permeação: consiste na passagem de fluido através de uma barreira sólida. Esse processo
envolve a difusão de um fluído através de um sólido, podendo envolver também outros
fenômenos como a absorção, dissociação, migração e dessorção;
• Molecular: ocorre quando o percurso médio1 do gás (o caminho livre médio) é maior do
que a maior dimensão da descontinuidade. O fluido que vaza é proporcional a diferença de
pressão, dessa maneira, quanto maior for a pressão, maior será o escoamento molecular. Este
tipo de escoamento é comum em teste de vácuo;
• Transitório: o caminho livre médio do gás é aproximadamente igual à dimensão da secção
transversal da descontinuidade. As condições para o escoamento transitório encontram-se
entre o escoamento laminar e molecular;
• Viscoso: ocorre quando o percurso médio do gás é muito menor do que a dimensão da
secção transversal da descontinuidade. Em um escoamento viscoso, o fluido vazado é
proporcional a diferença dos quadrados das pressões. Esse tipo de escoamento ocorre em
sistema submeto a elevadas pressões (dependendo das pressões exercidas, o escoamento
pode ser laminar ou turbulento – são as duas classes possíveis do escoamento viscoso);
• Sônico: ocorrem em condições específicas de configuração e pressão.
1 O percurso médio é a distância média que a molécula viaja antes de colidir com outra molécula.
Técnica do estetoscópio (método acústico)
A técnica, basicamente, consiste em detectar uma descontinuidade com base no som emitido pela
vazão do fluído através de uma descontinuidade. Quando um gás pressurizado escoa de forma
turbulenta através de uma descontinuidade passante, o vazamento produzirá sons na frequência
sônica e ultrassônica.
Vantagens Desvantagem
O ensaio é rápido na detecção de Não é possível determinar com exatidão, tanto a
descontinuidades grosseiras dimensão do vazamento como a sua localização.
Representação do escoamento
turbulento na região próxima a
descontinuidade. Se a abertura do
vazamento for larga o suficiente, é
provável que o som produzido possa
ser detectado pelo ouvido humano.
Observação
Se o recipiente do ensaio é selado na pressão atmosférica, a diferença de pressão pode ser obtida
de duas formas:
Vantagens Desvantagens
• O teste de imersão pode ser realizado em • O ensaio não pode ser empregado em
qualquer componente pressurizado, peças de grandes dimensões, devido à
contanto que o líquido não cause danos; necessidade da sua imersão;
• Método barato; • A peça deve ser submetida a uma
• O operador não necessita de um limpeza adequada para evitar que
treinamento intensivo; sujeiras adsorvam bolhas na superfície,
• O vazamento pode ser localizado com maquiando o resultado do ensaio.
uma certa precisão.
Um ponto importante do teste das bolhas por imersão é que o recomendado é pressurizar primeiro o
recipiente e em seguida colocá-lo no tanque de líquido, isso evita que o líquido por ação da
capilaridade feche a passagem dos gases.
A técnica da bolha também pode utilizar caixas de vácuo, o que permite a realização do ensaio em
regiões inacessíveis, como soldas em ângulos e juntas em T.
Uma variante do teste das bolhas é o teste das bolhas por uso de soluções formadoras de bolhas.
Esse ensaio consiste basicamente na aplicação de soluções formadoras de bolhas, por exemplo, o
sabão, sobre a superfície do componente a ser inspecionado. Em seguida, verifica-se se há formação
de bolhas. Esses ensaios são comumente aplicados sobre vasos pressurizados de grandes dimensões,
nos quais o ensaio por imersão é impossível.
Teste das bolhas por aplicação de soluções formadoras de bolhas
• A sensibilidade menor do que a técnica por imersão;
• A experiência do operador influência o sucesso do ensaio;
• O uso de água ou sabão diminui a sensibilidade do ensaio;
• A aplicação deve ser executada com cuidado para evitar formação de bolhas (nunca
borrifar);
• Método barato;
• Requer baixo treinamento do operador;
• Com esse método é difícil determinar o tamanho da trinca com precisão.
1
E= mv 2 ⋯E=kT
2
1
mV 21
E1 T 1 2
= →
E2 T 2 1
2
mV 22
T V
T2 V2
T
= 1→ 1= 1
T2 √
Para gases diferentes e com temperaturas iguais
1
2
2 1
2
2 V 21 m 2 V 1
m1 V 1= m 2 V 2 → 2 = → =
V 2 m1 V 2
m2
m1 √
Método do hélio
Este é um método de alto custo, devido a utilização do gás hélio e do espectrômetro de massa que é
usado para a detecção da passagem do hélio. Seu uso se justifica em situações que demandam uma
grande precisão na detecção de descontinuidades passantes, como na indústria nuclear.
O hélio é aplicado nesta técnica devido o seu baixo peso molecular, pois dessa forma, é possível a
passagem do gás através de descontinuidades muito pequenas, aumentando a sensibilidade do
ensaio. O hidrogênio, apesar de possui um tamanho atômico menor, não é utilizado devido à
facilidade com que esse gás possa ocasionar uma explosão.
Técnica da acumulação
A técnica consiste na colocação do componente a ser inspecionado dentro de cabines pressurizadas
com hélio sob alta pressão. Após um certo tempo, o componente é retirado da cabine e colocado
dentro de uma outra cabine e submetido ao vácuo, essa segunda cabine é também interligada a um
espectrômetro, de maneira que se algum gás hélio for detectado, constata-se de que o componente
apresenta uma descontinuidade passante. Essa técnica é comumente empregada na indústria nuclear.