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CURITIBA
2011
Rogério Lucena Suruagy do Amaral
CURITIBA
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
Rogério Lucena Suruagy do Amaral
Essa monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de bacharel no curso
de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.
Coordenador: ______________________________________
Dr. Eduardo Oliveira Leite
Orientador: _______________________________________
Professora: Patrícia Menezes de Oliveira
______________________________________
Professor (a):
______________________________________
Professor (a):
RESUMO
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 6
1 ASPECTOS GERAIS
1.1 CONCEITO................................................................................................... 9
1.4 OBSTÁCULOS............................................................................................. 22
2 ASPECTOS PROCESSUAIS
3 TÉCNICAS DE CONCILIAÇÃO
3.1 O CONCILIADOR........................................................................................ 49
4 CONCLUSÃO............................................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 64
6
INTRODUÇÃO
apaziguador, que faz com que as partes reaproximem-se, sendo assim, um grande meio
pois dispensa instrução probatória e por não permitir uma infinidade de recursos que
abordado no estudo. É ele quem conduz a conciliação, sem, contudo, fazer qualquer
conflitos, tendo ali, grande êxito. É necessário observar que a celeridade é fundamental
natureza alimentar.
Também nos Juizados Especiais dar-se privilégio a conciliação, já que eles têm
solução rápida e barata estimula a busca pelo Judiciário e evita que os oponentes
âmbito judicial, em razão do impacto que gera no Poder Judiciário, bem como pelo
alcance social que o método de solução de conflitos tem atingido, uma vez que permite
conciliação. Também será feita uma análise sobre as vantagens da conciliação, assim
esclareça como deve agir o conciliador nas fases desse procedimento, ultimando pelas
pacificação social e como instrumento de acesso à Justiça, bem como será reafirmada a
1 ASPECTOS GERAIS
1.1 CONCEITO
legislar, administrar e julgar os conflitos existentes entre as pessoas para que exista
surgidos entre as pessoas. Como ensina Fredie Didier Junior, “jurisdição é a função
(2010, p. 83).
solução da questão. Invariavelmente, uma das partes sairá perdedora e terá que se
Além da jurisdição exercida pelo Estado por meio da atuação dos magistrados,
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uma terceira pessoa escolhida pelas partes é convocada para que, imparcialmente,
solução de conflito pela força. Essa forma de composição é própria dos primórdios da
1
Art. 1.210, CC: O possuidor tem direito a ser mantido na posso em caso de turbação, restituído no
esbulho, e segurado de violência eminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restitui-se por sua própria força, contanto
que o faça logo; os atos de defesa, ou de esforço, não podem ir além do indispensável à manutenção,
ou restituição da posse.
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Como se pode notar, mesmo que a autotutela trate de uma forma primitiva de
conflitos, onde ambas as partes definem a melhor forma de resolver suas pendências.
pretensão reduzida.
a conciliação.
A mediação é o meio pelo qual um terceiro aproxima as partes para que estas
resolvam uma disputa. Como assevera Mauro Schiavi, “mediação é a forma de solução
aproximá-las para que elas próprias cheguem a uma solução consensual do conflito”.
(2010, p. 33).
intensa que a do conciliador, pois aquele toma mais iniciativas que este, não só
adequado a situações nas quais haja continuidade das relações interpessoais. Como
Contudo, não há regra absoluta que determine que para a solução de conflitos
mediação. Tal escolha deve ser feita pelo profissional de solução de conflitos, de
resolverem a pendência, contudo sem poder decisório para substituir a vontades das
partes.
conciliação prevista tanto na justiça tradicional como nos Tribunais Especiais. São
apontam haver diversas teorias para defini-la, dentre as quais a teoria jurisdicionalista
poderes e deveres do juiz, assim, essa teoria equipara os efeitos da conciliação com os
dispositivo das partes é privilegiado, o documento produzido não é uma sentença, mas
um negócio jurídico reconhecido pelo poder público para fazer valer título executivo,
que não produz coisa julgada. Pode ser modificado como os atos jurídicos em geral”.
(2005, p. 113).
voluntária.
Fredie Didier Junior (2010, p.115-116) assevera que a doutrina se divide entre
interesses privados, como Frederico Marques, e aqueles que consideram ser atividade
e sim administração pública de interesses provados. Como ensina Fredie Didier Junior:
A consequência para quem adota esta teoria sobre jurisdição voluntária é que a
jurisdicional.
se destacam: a presença de lide; ser exercida por um juiz; desenvolver-se por meio de
decisão conciliada.
e que a jurisdição voluntária não se confunde com tais, sendo função autônoma.
jurisdicionalista.
importante em razão das consequências geradas nos processos judiciais resolvidos por
conciliação pode não fazer coisa julgada, por exemplo. Sobre os aspectos processuais,
processos e seus altos custos, que dificultam o acesso à justiça; a mentalidade dos
justiça está na morosidade da tramitação dos processos judiciais. Isto ocorre, ainda que
a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, LXXVII, determine que, “a todos, no
indivíduos, firmas e grupos de interesses que utilizam a justiça não para pleitear
contrário disso, um número cada vez maior de pessoas conhece seus direitos, mas
de litígios, por trazer à tona a chamada “litigiosidade contida”, ou seja, todos aqueles
litígios que esperavam solução, mas que não eram levados ao Poder Judiciário em
demanda. Kazuo Watanabe afirma que, “o que devemos encarar, sem medo nem
preconceito, é o fato de que o Poder Judiciário, ao menos no Estado de São Paulo, não
mais está capacitado para atender à demanda: se antes se temia a litigiosidade contida,
servidores, mas sim no fato de que cada vez mais indivíduos irão buscar a efetivação
dos seus direitos por meio judicial. Mesmo que se aumentasse a estrutura do Poder
Judiciário, o problema persistiria, pois na mesma escala cresceria a procura pela tutela
jurisdicional.
É nesse contexto que surge a conciliação judicial e toma força, pois por meio
sobre os fatos alegados. Não há uma demorada espera pelo provimento jurisdicional,
pois a solução nasce do próprio encontro das partes. Estes são os aspectos positivos de
Em razão dessas vantagens, a conciliação deve ser vista como instrumento útil
quais se destaca a conciliação, “são de extrema importância para que se torne possível
Isto ocorre porque na autocomposição, não há a substituição da vontade das partes por
questões não expostas diretamente e evitam que novos conflitos surjam entre si.
Nota-se, portanto, que a realização da cidadania tal como, o digno tratamento a pessoa
político, pois permite que haja participação popular na administração da justiça. É que
o sistema processual formal resulta na imposição pelo Estado de uma solução para
uma competição. Nos meios autocompositivos, não há essa imposição, de modo que as
próprias partes criam a solução. Como salienta Ada Pellegrini Grinover, “representa
2
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
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1.4 OBSTÁCULOS
envolvidos no processo.
de resolver o conflito. Muitas vezes o que está presente ao buscar o Poder Judiciário é
justiça.
método eficiente para conclusão de questões litigiosas. Assim, apontam Liliam Maia
de Morais Sales e Cilana Morais Soares Rabelo que deve haver adequação entre o
interesses de seus clientes. André Gomma de Azevedo é quem dita esta questão:
sentenciar as questões que lhe são apresentadas. Essa cultura é alienada pela
especializado nas técnicas conciliatórias. Bem assinala Kazuo Watanabe que “não se
Como por exemplo, o grande obstáculo a ser observado para que a conciliação
consequência, proporcionará sua maior aceitação e utilização por parte dos futuros
profissionais de Direito.
financeiros para que se instale a justiça da conciliação, pois é fundamental que haja
assimilada pelos brasileiros. Para tanto, o problema pode ser contornado se houver
2 ASPECTOS PROCESSUAIS
matérias estão sujeitas ao seu procedimento. Isso porque alguns direitos são
Deste modo, alguns direitos são indisponíveis para o seu titular e sobre eles
não pode haver negociação. Servem, pois, para proteção de certas condições inerentes
ao ser humano.
parte dos direitos que acreditam serem titulares para solucionar uma controvérsia. Por
Dita o artigo 3313 do Código de Processo Civil que quando a causa versar
sobre direitos que admitam transação haverá uma audiência preliminar no intuito de se
alcançar a conciliação. A seu turno, o artigo 447 do mesmo diploma legal determina
que versando o litígio sobre direitos patrimoniais de caráter privado, assim como nas
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Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa
sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de
30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por
procurador ou preposto, com poderes para transigir.
§ 1º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 2º Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos,
decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando
audiência de instrução e julgamento, se necessário.
§ 3º Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser
improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova,
nos termos do § 2º.
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O citado artigo 331 faz menção aos direitos que admitam transação, instituto
de Direito Civil que se assemelha à conciliação. Pela transação, “cada parte abre mão
de parcela de seus direitos para impedir ou por fim em demanda.” (VENOSA, 2004, p.
315).
sobre direitos patrimoniais de caráter privado. Como explica Sílvio de Salvo Venosa,
transação. De modo geral, pode haver transação sobre direitos que não estão no
limitação posta neste artigo. Ainda que o direito seja indisponível, sobre o aspecto
patrimonial deste direito se pode dispor. É o caso das questões quantitativas que
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Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício,
determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os
fins que a lei consente a transação.
5
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
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sempre a preferida, por ser capaz de resolver questões além das postas em juízo. Isso
porque, quando as próprias partes, por meio de concessões mútuas, criam suas próprias
conciliação.
ações de alimentos, lembrando que “as partes tem ampla liberdade para fixação do
fixação de guarda dos filhos menores, fixação de regime e visitas e pensão para filhos
Neste último quesito, fica nítido que a conciliação também pode atingir
direitos indisponíveis, pois o nome que a pessoa usará após o divórcio também pode
Ainda como exemplo, Daniel Fabretti (2008, p. 81) cita que podem ser objeto
é vista sobre outro enfoque. É que é neste ramo do Direito vige o princípio da
indisponível pode ser relativo ou absoluto. Recorre-se à lição do supracitado autor para
trabalho. (...)
Relativa será a indisponibilidade, do ponto de vista do Direito Individual do
Trabalho, quando o direito enfocado traduzir interesse individual ou bilateral
simples, que não caracterize um padrão civilizatório geral mínimo firmado
pela sociedade política em um dado momento histórico. É o que se passar,
ilustrativamente, com a modalidade de salário paga ao empregado ao longo
da relação de emprego (salário fixo versus salário variável, por exemplo):
essa modalidade salarial pode se alterar, licitamente, desde que a alteração
não produza prejuízo efetivo ao trabalhador. As parcelas de indisponibilidade
relativa podem ser objeto de transação (não de renúncia, obviamente), desde
que a transação não resulte em efetivo prejuízo do empregado. (2010, p.
201).
trabalhista seja relativa, sua alteração nunca pode resultar em prejuízo ao trabalhador.
direito trabalhista, dele não pode dispor se disso resultar em prejuízo, embora na
artificiais, dentre os quais se destaca o dogma da res dubia. Por este dogma, colocam-
se em incerteza os direitos das partes, permitindo que sobre essa dúvida se possa
partir de uma criação artificial, na qual se coloca em dúvida a titularidade dos direitos
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trabalhistas.
normas de ordem pública do Direito do Trabalho não significa dizer que os Direitos
relação de trabalho para que se mantenha o equilíbrio nas ralações. Todavia, cessado o
Em suas palavras:
da subordinação.
pode recorrer a questões não postas em juízo. Sobre esta questão manifesta-se Luiz
Rodrigues Wambier:
eficiente forma de solução de conflitos porque pode abarcar mais questões que as
vezes, os aspectos subjetivos não são trazidos na inicial, e as reais razões que levaram
ao conflito não podem ser analisadas pelo juiz na hora de sentenciar. Assim, a sentença
irá por fim ao processo, mas não irá pacificar as partes. Em consequência, as relações
graduada de modo a se admitir acordos sobre eles, bem como é nítido o caráter
Justiça do Trabalho, para viabilizar a conciliação, são criados mecanismos para que se
Caso não seja cumprido o acordo, pode ensejar procedimento de execução. Tal
é a redação do artigo 475-N, III, do Código de Processo Civil, que determina que a
Uma vez resolvida a lide por meio de acordo entre as partes, havendo
conciliação homologada, portanto, faz coisa julgada material e põe fim a fase de
conhecimento do processo.
atingir inclusive as parcelas que não foram postas no pedido inicial. Como afirma Luiz
Rodrigues Wambier:
6
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de
sentença.
35
vencedores.
relação ao seu empregador, o Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula 418 com
o seguinte teor:
Nota-se que o Juiz do Trabalho não fica vinculado ao acordo celebrado entre
de modo motivado.
que o juiz pode negá-la para proteger o trabalhador. Neste caso, o juiz determinará o
material.
Trabalho também são irrecorríveis. Como menciona Carlos Henrique Bezerra Leite,
Elaine Nassif entende que há uma grande diferença entre a atribuição de efeito
pela questão da desigualdade entre as partes que o celebram da Justiça Laboral e que,
Assim, uma grande diferença é que, em tese, enquanto no juízo cível a parte,
em condição de igualdade com sua ex adversa, discute direito patrimonial
disponível e tem o direito de contar com a assistência em um advogado,
profissional, que poderá auxiliá-la na tomada de decisão e mesmo aconselhá-
lo a não celebrar o acordo, no juízo trabalhista, em tese, a parte em condição
de desigualdade econômica com sua ex adversa, discute direito indisponível
(ou relativamente indisponível) sem assistência qualificada, ou seja, um
advogado ( 2005, 163).
831 da Consolidação das Leis do Trabalhado, em seu parágrafo único, que determina
que “no caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível,
salvo para a Previdência Social quanto às condições que lhe forem devidas.7”
Leite, “constata-se que, com relação ao INSS, a decisão que homologa a conciliação
7
Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação.
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível,
salvo para Previdência Social quanto ás condições que lhe forem devidas.
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se aquela autarquia, intimada para tomar ciência da decisão, deixar transcorrer in albis
o prazo judicial que lhe for assinalado para manifestação.” (2007, p. 483).
brasileiro deu ao termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, o
aos efeitos, Elaine Nassif (2005, p.128) explica que a homologação faz coisa julgada
imediatamente, enquanto a sentença pode ser atacada por recurso, para somente então
transitar em julgado.
não postas em juízo, mas abrangidas pelo acordo, podendo ser objeto de procedimento
de decisão irrecorrível, embora se admita que o juiz não fique adstrito ao termo da
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impositiva dada pelo juiz. Vários são os momentos em que o juiz deve estimulá-la,
partes para audiência de conciliação. A doutrina, por sua vez, prefere denominar esta
8
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-
se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo,
determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em
dobro.
§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por
conciliador.
§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos
alegados na petição inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o
juiz, desde logo,
§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com
poderes para transigir.
§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a
natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em
ordinário.
§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior
complexidade.
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caso de sua impossibilidade, outras finalidades serão atendidas. É nesta audiência que
a parte ré, caso não tenha entrado em acordo, apresentará sua resposta.
que a ausência do réu acarreta a revelia, com a presunção relativa da veracidade dos
audiência, se fazer representar por preposto com poderes para transigir ou comparecer
por pessoa com os poderes necessários, os fatos narrados pelo autor reputar-se-ão
conciliação do procedimento sumário, caso não seja obtida a conciliação, deve ser
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postulatória para apresentar sua resposta, então o réu nesta situação é revel.
as consequências não estão pacificadas pela doutrina. Há quem entenda que há revelia,
Processo Civil. A seu turno, há quem entenda que o advogado pode apresentar a defesa
resposta do réu.
comparecimento pessoal da parte que se faz representar por advogado não leva à
ordinário. Sobre este, determina o Código de Processo Civil, em seu artigo 3319. O
partes, mas caso ele não ocorra, não há consequências processuais. Como ensina
Alexandre Freitas Câmara, “a esta audiência deverão, nos termos da lei, comparecer as
partes (que podem se fazer representar por procurador – que pode ser o próprio
partes, que não vá pessoalmente nem se faça representar, implica, tão somente, tornar
estão envolvidos direitos que admitem transação, embora se admita que a mesma
não ocorrerá, conforme redação de § 3º do artigo 331, se a causa versar sobre direito
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Art.331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa
sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de
30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por
procurador ou preposto, com poderes para transigir.
§ 1º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 2º Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos,
decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando
audiência de instrução e julgamento, se necessário.
§ 3º Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser
improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova,
nos termos do § 2º.
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não pode ser feita com base em critérios puramente subjetivos do juiz. Em suas
palavras:
audiência preliminar não deveria ser dispensada por permitir um diálogo entre o juiz e
(…) a audiência preliminar era extremamente útil mesmo nos casos em que a
causa versa sobre direitos que não admitem transação, eis que permite um
diálogo entre o juiz as partes e seus advogados, o que otimiza a instrução
processual. A possibilidade de as partes e o juiz dialogarem a respeito da
instrução probatória permite evitar a prática de atos processuais
desnecessários para a solução da causa. (2009, 364-353).
a conciliação é tentada antes de haver a substituição da vontade das partes pela do Juiz.
10
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício,
determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único - Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para
os fins em que a lei consente a transação.
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz
mandará tomá-lo por termo.
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.
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celeridade e da simplicidade.
A Lei 9099/1995, que dispões sobre os Juizados Especiais, logo em seu artigo
sempre devem ser buscadas nas causas submetidas à apreciação pelos Juizados
Especiais.12
11
Art. 1º. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela
União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e
execução, nas causas de sua competência.
12
Art. 2º. O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia
processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
44
Juizados Especiais.
conciliação, por ser um método mais célere e de menos custo para a solução de
estímulo da conciliação têm como um de seus objetivos garantir o acesso à justiça por
tentada em dois momentos distintos: por ocasião da abertura da audiência (artigo 831,
CLT) e após o termino da instrução e apresentação de razões finais pelas partes (artigo
850, CLT).
13
Art. 18. A citação far-se-á:
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção,
que será obrigatoriamente identificado;
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e
advertência de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será
proferido julgamento, de plano.
§ 2º Não se fará citação por edital.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.
14
Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da
conciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências do litígio, especialmente quanto ao disposto
no § 3º do artigo 3º desta Lei.
45
Por outro lado, não obstante tenha o juiz o dever de tentar a conciliação das
partes, não há culminação de nulidade para a omissão da providência. Isto
porque o objeto dela é apenas abreviar a solução do litígio, de sorte que, se
houver a instrução completa e o julgamento de mérito, não haverá prejuízo
alguém que a parte possa invocar para justificar a anulação do processo.
(…)
Mormente se as partes nada alegaram na oportunidade, não tem cabimento
que, posteriormente, venham pleitear anulação do processo em grau de
recurso, a pretexto de não ter o juiz tentado a solução conciliatória do litígio.
(2007, p. 551-552).
posturas que devem ser tomadas pelo conciliador, abordas em capítulo distinto.
situações em que a conciliação deve ser tentada, não se proíbe que a mesma seja
determinados momentos nos quais a conciliação deve ser tentada, tanto no processo
acordos, o ordenamento jurídico não determinou a forma como essa conciliação deve
ocorrer, de modo que ficam livres as partes e o juiz para alcançá-la da maneira mais
eficiente.
tem força de sentença e transita em julgado, inclusive sobre as matérias não propostas
no pedido inicial.
Para desconstituir o acordo, portanto, é preciso uma nova ação, que se funde
O artigo 486 do mesmo diploma legal determina que “os atos judiciais, que
não dependem de sentença, ou em que esta for meramente homologatória, podem ser
Em que pese a conciliação ser apenas homologada pelo juiz, não se confunde
som a situação acima descrita, pois a sistemática do Código de Processo Civil deu a
ela força de sentença com resolução de mérito e atribuiu os efeitos da coisa julgada
formal e material.
ser atacadas via ação rescisória, conforme a dinâmica do artigo 486 do Código de
Processo Civil.
mesmo modo, transitada em julgado a sentença, contra ela não cabe ação rescisória
a conciliação também só pode ser atacada por ação rescisória. Neste sentido afirma
Mauro Schiavi que “uma vez homologadas, tanto a transação como a conciliação, em
CLT), e não podem ser atacadas por recurso ordinário, somente por ação rescisória.
(2010, p. 37).
julgado e não pode ser atacada por recurso. Assim, o único meio para atacar a
3 TÉCNICAS DE CONCILIAÇÃO
3.1 O CONCILIADOR
algumas providências devem ser tomadas para que os profissionais do Direito melhor
conciliador.
permite a solução mais célere de conflitos e de forma eficiente. Lembra Daniel Fabretti
que:
partes. Sabe-se que sem sempre isso se mostra uma atividade simples a ser executada,
ajustes entre as partes, precisa ser imparcial e não privilegiar nenhum dos envolvidos;
conciliadores e Juízes leigos no procedimento dos juizados especiais. Podem ser juízes
assim lecionam:
18
Art. 7º. Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da justiça, recrutados, os primeiros,
preferentemente, entra os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco
anos de experiência.
52
Não há, como já mencionado, uma forma pré-definida pela qual se deve
orientar a conciliação. A informalidade que a guia faz com que situações diferentes
determinado, mas sim a obtenção de um acordo entre as partes e o fim de uma disputa
judicial.
que essa separação em etapas tenha apenas fins didáticos, já que “pelo seu próprio
cunho informal, não se pode estipular, com precisão, que o processo irá se desenrolar
É com base na visão desses dois autores que serão explicadas as diversas
etapas do processo de conciliação, sempre lembrando que tais etapas podem ser
conciliação deve iniciar com o preparo do local em que se realizará a audiência e com
familiarização do conciliador com o conflito, para que possa prever as estratégias que
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devem ser empregadas. Este preparo inicial garante o conforto, tanto para as partes
Contudo, os autores lembram que se deve ter me mente que nem sempre o
contato prévio com a situação controversa pode ser realizado, de modo que “é bastante
útil formular-se uma classificação de conflitos usuais, tais como conflito de trânsito,
pois, assim, o conciliador ao menos, antes de chamar as partes e dar início ao processo,
partes deve ser a explicação sobre o procedimento que será observado, esclarecendo-as
É também nesta fase que se deve afirmar o sigilo da conciliação. Para Juliana
Demarchi, “isso significa que as declarações feitas pelas partes ou seus advogados não
documentos mencionados nas tratativas não serão analisados pelo conciliador, que não
assinalam que “é importante dizer às partes que o conciliador não é juiz e, por isso,
não irá proferir julgamento algum em favor de uma ou outra parte. Ademais, deve ele
54
(2009, p. 42).
conjuntamente.
informações sobre o conflito. É fundamental que ambas as partes possam falar e não
Juliana Demarchi,
Portugal Bacellar e André Gomma Azevedo, para quem “pode-se afirmar que ser
ouvido adequadamente significa ser levado a sério e ser respeitado. Nesta fase de
interesses e os sentimentos das partes, mas também deve certifica-se de que estas se
Bacellar e André Gomma Azevedo ensinam que sessões individuais podem ser
pode o próprio conciliador sugerir soluções, ressaltando, ao fazê-lo, que não está
mais propostas forem debatidas, mais seguras ficaram as partes para escolher a que lhe
indicando que a conciliação foi bem desenvolvida, sem esquecer que o melhor consiste
partes ter de executar um acordo obtido em uma conciliação indica que, ao menos uma
ser observadas algumas regras para que haja equidade no tratamento entre as partes e
que estas se sintam confortáveis para falarem sobre suas perspectivas sobre o conflito
abertamente. Somente assim se garante um bom acordo para os oponentes, que será
a ideia de hierarquia entre eles, enquanto que dispô-las lado a lado cria a impressão de
Estado do Paraná Lélia Samardã Giacomet, pode adotar a técnica de Rapport, por meio
da qual se busca estabelecer afinidades com as partes e entre elas, gerando empatia, e a
entender o que está sendo dito, para que a parte sinta-se compreendida e perceba que
Roberto Portugal Bacellar e André Gomma Azevedo, “(...) apenas ouvindo com
dinâmica, pela qual se busca escutar e compreender as partes. Não basta apenas ouvir
o que dizem as partes, e sim entender. Além disso, é importante estar atento à
linguagem não verbal das partes, como gestos e olhares. No dizer da autora:
Ainda ensina a autora, que pode ser usada como estratégia o silêncio, que
provoca na parte uma reflexão, ainda que breve, ou pode representar a desaprovação
positivo para a parte que está contribuindo para obtenção de acordo. (2009, p. 11-13).
Deve-se ter em mente que o conciliador, ao interpretar o que ouve, não pode se
conflito, inclusive com a criação de novos paradigmas, de novas formas de lidar com a
situação, o que se dá por meio de escuta atenta, da aceitação dos limites de nossas
Bacellar e André Gomma de Azevedo, separar as pessoas dos problemas. Para eles
“(...) é comum que uma parte, assim que tenha oportunidade de falar, comece a atacar
a outra, ressalte seus defeitos e fale de maneira ríspida ao se dirigir à outra parte.
Nestes casos, é importante que o conciliador busque extrair daquilo que foi dito, os
técnica de resumo, na qual, após a manifestação das duas partes, o conciliador retoma
Azevedo para facilitar o acordo é a normalização, pela qual o conciliador deve mostrar
às partes que estar em conflito é natural nas relações humanas, não sendo motivo para
acordo. Nesta fase, o conciliador pode apresentar sugestões de acordo, mas nunca
e do mediador não pode deixar de considerar que as partes nunca são obrigadas a
celebrar qualquer acordo que não se coadune com a sua vontade.” (2008, p. 61).
Assim como leciona Daniel Fabretti, “são feitas sugestões para a relação de
acordos, que, frise-se, não passam mesmo de meras sugestões, pois, como já
ressaltado, as partes possuem ampla liberdade para definir os termos do acordo e, além
disso, a prática mostra que cada pessoa possui sua particularidade, não havendo
se obtenha uma boa percepção do conflito, buscando resgatar o diálogo entre as partes.
Nota-se que é importante que o conciliador saiba dirigir a audiência de modo a focar
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cumprimento espontâneo.
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4 CONCLUSÃO
judiciais, em sua maioria para discutir direitos de caráter patrimonial. O aumento das
relações de consumo aliados a uma maior informação da população sobre estes direitos
solução para o problema, fazendo concessões mútuas sobre a situação discutida. Sobre
este acordo, observou-se que embora não haja unanimidade na doutrina, a conciliação
tem natureza de jurisdição, uma vez que o ordenamento vigente deu à conciliação
distorcida, pois o que se busca não é uma boa disputa, mas sim uma boa solução para a
processos judiciais e desafogar o Poder Judiciário, já que a maioria das causas versam
grande maioria das lides propostas. Inclusiva na Justiça do Trabalho, que envolve
transitada em julgado, somente podendo ser atacada via ação rescisória. O trânsito em
julgado atinge tanto as matérias descritas na inicial quanto aquelas não explicadas
pelas partes, mas trazidas à tona na discussão. Isso comprova o já dito anteriormente
sobre a capacidade de pacificação social da conciliação, que resolve muito mais que o
conciliador procurar compreender bem o que cada uma diz. É importante fazer com
que o oponente sinta-se ouvido. Por fim, inicia-se a construção de um acordo, caso
seja a intenção das partes. A conciliação, pois, não pode ser forçada.
que somente quando se distingue bem as intenções das partes é que se pode passar a
pensar na fase de acordo, porque assim melhor atenderão as expectativas de cara um.
reflexo também se sente no meio acadêmico, onde ainda não se aborda a conciliação
soluções para os problemas do Poder Judiciário. Os que mais se destacam são o amplo
resolver seus problemas sem a intervenção do juiz, fazendo com que a conciliação
deixe de ser uma alternativa para se tornar um meio frequente no Judiciário brasileiro.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: Lúmen Júris, 2009.
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2010.
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SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 3º ed. São Paulo: Ltr,
2010.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 4a ed. São Paulo: Atlas, 2004.