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Breno Brito
DINHEIRO
Do tostão ao milhão
Escolha o melhor
produto financeiro
para investir o seu
dinheiro e aumentar
sua rentabilidade!
E mais:
Dicas
Modelos
Testes
Exercícios
0
O professor Breno
transmite, através
desse livro, sua
experiência prática,
conquistada,
principalmente,
através das
dificuldades
financeiras que viveu
como micro-
empresário, e
atualmente como
diretor financeiro de
uma média empresa,
além de investidor no
mercado financeiro, e
o conhecimento
acadêmico, adquirido
com a graduação em
administração,
especialização em
marketing e mestrado
em planejamento
estratégico,
exercendo a docência
em cursos de
administração,
marketing e finanças,
nos níveis graduação
e pós-graduação, na
Universidade Católica
de Goiás e na
Faculdade Cambury.
1
Supérfluo e Necessário
Chico Xavier
2
Agradecimentos
A Editora da UCG, Prof. Gil Barreto, Lacy, Gabriela, Felix, e todos os demais
colaboradores que me ajudaram a publicar este trabalho.
A minha família, pais, filha, irmãos, namorada e amigos, que estimulam meu
trabalho e contribuem com a minha caminhada.
E, acima de tudo, a Deus, que abençoa cada dia de minha existência com sua
presença constante em meu coração.
3
Introdução
Na década de 90, estava com vinte e poucos anos, e nosso pai resolveu se
afastar, aos poucos, do dia-a-dia da sua micro-empresa, confiando,
principalmente a mim, por ser o filho mais velho, a condução dos negócios,
pois ele já estava bastante cansado e pretendia se aposentar. Nada mais
natural, não é mesmo?
4
Naquele instante fomos apresentados a Lei de Murphy, que nos diz: ¨Se
alguma coisa pode dar errado, com certeza ela dará errado!¨. Pode parecer
pensamento de gente pessimista, mas por incrível que pareça, aprendi que ela
realmente funciona. E vou lhe dizer porque.
Deus nos ajudou, dando-nos força para seguir adiante, e decidimos que aquilo
não era motivo de desespero, pois o aperto financeiro seria momentâneo. O
caminhão ficou pronto e voltou a trabalhar, o problema foi que, uma semana
depois, outro veículo sofreu, também, um capotamento, próximo a cidade de
Araguaína, no estado do Tocantins, desta vez devido às más condições de
conservação da estrada. Neste caso, mesmo com o saque da mercadoria, a
seguradora pagou o conserto do caminhão e a mercadoria, cujo valor foi
repassado a nossos clientes.
Só que, mais uma vez, nosso veículo ficou parado durante dois meses, não
gerando o caixa para o pagamento de suas prestações. Pensamos que era o
fim, mas novamente tivemos forças para continuar. Refizemos o planejamento,
vários cálculos e cenários, e decidimos seguir em frente.
5
continuarmos trabalhando para pagar nossas dívidas. Para piorar, o principal
concorrente subornou a pessoa responsável pelo transporte em nosso melhor
cliente, diminuindo o volume de cargas transportadas. É claro que só ficamos
sabendo disso quando o funcionário foi demitido, mas aí já era tarde.
Você pode pensar: ¨Pôxa vida! Mas que pessoal azarado!¨ Mas esta é só mais
uma história, como tantas outras que já ouvimos por aí, e que, infelizmente,
ainda não acabou. Corria o ano de 1998, e o golpe de misericórdia viria no
início do próximo ano, quando nosso governo desvalorizou o real, fazendo que
as prestações de nossos caminhões, que eram corrigidas pela variação
cambial, dobrassem de valor em poucos dias. Acabou-se! Quebramos! Ou, se
preferir, falimos! Cheques devolvidos, títulos protestados, ameaças de morte,
ou seja, o pacote completo.
Aprendi, nesse período, que nada, ou que nenhuma palavra que se escreva,
seria capaz de descrever a situação que passamos. Entendi porque tantas
pessoas preferem a fuga, ou suicídio, do que encarar esse momento. Acho que
é uma daquelas experiências que somente quem as vive pode imaginar a dor,
a humilhação e o sentimento de impotência de uma pessoa com esse
problema, e que não desejo ao meu pior inimigo.
Mas existe um ditado que diz, que aquilo que não nos mata, nos torna mais
fortes. Mudei meu estilo de vida e aprendi, na prática, a controlar meus
recursos, enxergando o quanto que o dinheiro, gasto no passado, estava me
fazendo falta naquele momento. Passei a comprar somente à vista, a negociar
descontos, a analisar qual era a real necessidade de cada produto que
adquiria. Cancelei TV a cabo, desliguei linha telefônica, vendi o celular, demiti
nossa empregada doméstica, racionei energia elétrica e, finalmente, arrumei
um emprego para gerar uma outra fonte de receita.
6
Pelo meu histórico escolar na graduação, e na pós-graduação, já havia
recebido convites para lecionar em Universidades, mas nunca aceitei, até
mesmo porque não precisava, naquele momento. Mas agora a situação era
outra, e comecei com a disciplina de administração financeira e orçamentária.
Nesse momento descobri minha verdadeira vocação, que venho me dedicando
de corpo e alma, tentando ajudar, com os conhecimentos que adquiri, para que
meus alunos não cometam os erros que eu e meus irmãos cometemos. Minhas
recompensas tem sido enormes, pois já fui homenageado por diversas turmas
de formandos, inclusive nomeando uma delas.
7
SUMÁRIO
8
¨A falta de dinheiro entra pela porta, o amor sai pela janela.¨
Anônimo
1.1 Dinheiro
¨Dinheiro não traz felicidade¨: para as pessoas que utilizam esse ditado,
há mais coisas na vida além do dinheiro. Amor, família, saúde e paz são
valores essenciais que, independente da quantidade de dinheiro que
possuímos, são determinantes na felicidade pessoal. Podemos sintetizar
que felicidade não é ¨ter¨, mas ¨ser¨;
¨Dinheiro não é tudo mas é 100%.¨: esse dito popular reflete, para outras
pessoas, que o dinheiro é a ferramenta capaz de adquirir todas as
coisas necessárias para a satisfação humana e, conseqüentemente,
para a realização de sua felicidade. Temos aqui, o oposto do
pensamento anterior, vinculando-se a felicidade a ¨ter¨ e não a ¨ser¨;
¨Dinheiro na mão é vendaval.¨: esse pensamento reflete a instabilidade
da posse do dinheiro e nossa incapacidade de administrá-lo
adequadamente. Nossas necessidades infinitas em contraposição aos
recursos finitos transbordam em situações que, muitas vezes, poderiam
ser evitadas com um planejamento financeiro adequado.
Sendo assim, algumas pessoas defendem que a riqueza por si só não satisfaz
as necessidades humanas de carinho, amor, atenção e estima, enquanto
outros alegam que as necessidades de saúde, moradia, alimentação, vestuário
e entretenimento, quando não atendidas, contribuem para a infelicidade.
Verifica-se, então, um confronto sem fim que não chega a lugar algum, visto
existirem pessoas ricas e pobres felizes e infelizes. Então, acredito no
pressuposto de que o dinheiro não traz felicidade, mas contribui
consideravelmente para a qualidade de vida do cidadão, ao proporcionar
condições para a aquisição de diversos confortos da vida moderna, além da
segurança que o suporte financeiro proporciona em momentos inesperados de
doença, desemprego ou acidente, propiciando condições, ao menos materiais,
para uma vida mais feliz.
9
Infelizmente, não somos educados adequadamente na gestão de nossos
recursos financeiros. Deveríamos começar, desde criança, a descobrir o valor
do dinheiro, das necessidades que ele ajuda a suprir, o funcionamento da
economia e outros princípios fundamentais, como renda, juros e poupança.
Para que isso aconteça, é preciso existir uma educação rígida no controle de
nossas receitas e despesas, bem como o entendimento dos significados de
cada palavra. Se não consigo essa compreensão, o processo de comunicação
é prejudicado, tornando-se um assunto chato e desgastante.
10
recibo, que passou a ser usado para pagamentos, dispensando o trabalho da
posse e locomoção do dinheiro.
Nasce, então, o papel moeda, cujo valor é extrínseco, ou seja, está escrito
determinado valor em sua face, garantido por alguém (atualmente o governo),
mas que no final das contas é somente um pedaço de papel com um número
impresso.
11
aumento da participação de mercado, a valorização de suas marcas, é o
objetivo principal da administração financeira empresarial, nas finanças
pessoais o retorno financeiro deve estar aliado a qualidade de vida pessoal ou
familiar, pois a poupança que será investida será obtida a partir de sacrifícios,
ou seja, da não aquisição de produtos ou serviços desejados.
1.3 Poupança
¨Caixão não tem gaveta.¨: devo confessar que não é um dos meus
ditados populares prediletos. Simplificando, ele quer dizer o seguinte:
deixe-me gastar o que ganho agora, pois se ficar economizando, quando
partir dessa para a melhor, o resultado de todo meu sacrifício ficará para
outras pessoas desfrutarem. Não deixa de ter um certo sentido. Mas eu
descobri, da pior maneira possível, que as coisas não são bem assim.
12
Já falamos do dinheiro e das finanças pessoais. Vamos tratar, agora, do
conceito de poupança financeira, que é apresentado a seguir.
Daí começam a surgir alguns questionamentos. Para que poupar? Por que
sacrificar a realização de meus desejos? Afinal, é para isso que eu trabalho.
Podemos afirmar que são vários os motivos que levam as pessoas a poupar.
Dentre eles destacamos:
a) menos de 10%.
b) 10% ou mais.
c) Não sei.
d) Nada.
13
alimentos ou contas como telefone, luz e gás. Qual porcentagem da sua
renda mensal suas dívidas representam?
a) Até 35%.
b) 50%.
c) Não sei.
d) 40%.
a) Nada.
b) Sairia para fazer compras.
c) Prometeria para si mesmo que desta vez vai fazer um orçamento.
d) Sairia para jantar ou compraria algo que estivesse querendo há muito tempo.
E poria o resto na poupança.
As férias chegaram.Você:
14
Seu primeiro filho está para chegar. Você:
Questões
Opção 1 2 3 4 5 6 7 8 9
a 3 7 10 10 3 10 5 10 3
b 3 10 5 3 7 5 10 3 3
c 5 3 3 5 10 3 3 3 5
d 10 3 7 7 3 3 3 3 10
Figura ...: Quadro de pontuação do teste de capacidade de poupança
1.4 Juros
15
Mas como acontece a multiplicação do dinheiro? Os bancos podem imprimir
papel moeda? Eles utilizam esses recursos e pagam juros ao investidor? Na
verdade, a instituição empresta o capital dos poupadores para outras pessoas
e empresas, a uma taxa de juros maior, para que os ganhos obtidos sejam
suficientes para garantir o pagamento de seus custos, a geração de lucros e a
remuneração dos poupadores. E não, os bancos não podem imprimir dinheiro,
pois esta é uma atribuição exclusiva do Banco Central do Brasil, por
autorização do Governo da Republica Federativa do Brasil.
Vemos, então, que o primeiro grande desafio a ser vencido é um só: poupar. O
restante vem como conseqüência. Mas porque será que poupar é tão difícil.
Será que o apelo do lançamento de novos produtos através das propagandas
os torna irresistíveis? A necessidade de acompanhar as tendências da moda e
de destacar-mo-nos entre nossos amigos? O desejo de adquirirmos o último
modelo de celular, para poder estar na ¨crista da onda¨ tecnológica? De
mostrar-nos aos vizinhos nosso carro, moto ou qualquer brinquedo novo, que
representam nosso sucesso profissional? São perguntas difíceis, que devem
ser respondidas com sinceridade, para o início da transformação que é tornar-
se um poupador e, posteriormente, um investidor. Então eu te pergunto: já
respondeu?
16
¨O homem vale o que possui¨
Anônimo
A beleza principal deste conceito está em sua simplicidade, ou seja, não existe
espaço para indagações ou suposições, o resultado é igual a receitas menos
despesas, e ele é determinante em sua vida. A poupança nasce a partir do
momento em que ele é positivo, ou que as receitas são maiores que as
despesas. As dores de cabeça começam no instante oposto, fácil assim.
Normalmente, a maioria das pessoas possui o hábito de conhecer
profundamente as suas receitas, principalmente para poder comprometê-las,
não dedicando a mesma preocupação com a análise detalhada de suas
despesas, até mesmo para não aborrecer-se com a antecipação de problemas.
Será que esta é a melhor atitude para quem pretende atingir uma tranqüilidade
financeira a médio e longo prazo? A resposta, com certeza, é não! Para que
possamos iniciar este capítulo plantando sementes que germinarão em bons
frutos, desenvolva o modelo de descrição de receitas e despesas apresentado
abaixo, considerando o mês atual, para que possamos ter a noção da
movimentação financeira deste período, e continuarmos com nosso
aprendizado de investidores.
17
Receita Despesas com transporte
Seu salário Combustível
Salário do seu cônjugue Manutenção/IPVA/Multas
Pró-labore Seguro do carro
Receitas de investimentos Financiamento de carro
Outras Estacionamento
Total de receitas(1) Táxi/ônibus/metrô
Despesas com moradia Outras
Condomínio Subtotal(D)
Aluguel Despesas com saúde
Prestaçao de financiamento Seguro de saúde
Água/Luz/Gás Médico particular
Telefone(fixo e celular) Exames laboratoriais
Empregada doméstica/faxineira Dentista
TV por assinatura Farmácia
Provedor de internet Academia de ginástica
Supermercado/Feira/Padaria Outras
Reparos/manutençao Subtotal(E)
Outras Despesas diversas
Subotal (A) Vestuário
Despesas com educação Presentes
Mensalidades escolares Cabelereiro/barbeiro
Cursos extra-curriculares Hobbies
Outros seguros(vida, residencial
Livros escolares etc)
Gastos com animais de
Seminários/Palestras estimação
Transporte escolar Doações
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software, ou o hardware, mas o entendimento e a intenção de realizar o fluxo
de caixa, que, na pior das hipóteses, pode ser elaborado na folha de um
caderno antigo.
Para que você não precise reinventar a roda, abaixo te apresento um modelo
simplificado (figura ...) de fluxo de caixa pessoal, que pode ser desenvolvido
em uma planilha eletrônica, um caderno de anotações ou até mesmo em um
pedaço de papel de pão usado.
PAGAMENTOS
1 Compras residenciais 0
2 Medicamentos 0
3 Combustível 0
6 Energia 0
7 Água 0
8 Seguros 0
10 Telefone 0
11 Manutenções diversas 0
12 Mesada dos filhos 0
13 Financiamentos 0
14 Plano de saúde 0
15 Aquisição de bens 0
16 Outras despesas 0
B TOTAL DESPESAS 0
B.B Despesas Acumuladas
19
das despesas comuns a maioria das pessoas, que devem ser somadas e,
posteriormente, deduzidos das receitas, quando obteremos o saldo do fluxo de
caixa.
E porque os bens acima não são investimentos? Porque são bens de consumo,
que se desgastam e desvalorizam com o tempo, diminuindo nossa riqueza e,
portanto, não podem ser considerados como investimento.
Tudo isso é meio óbvio, e, por isso mesmo, um pouco cansativo. Mas é
importantíssimo para a mudança de nosso comportamento financeiro.
Passaremos, agora, para exemplos práticos, de nosso dia-a-dia, que geram
desperdício de recursos, impedindo a geração da poupança necessária para a
realização de investimentos:
20
Abasteça sempre à vista. Procure postos de combustíveis confiáveis,
que ofereçam promoções para pagamento em dinheiro. Se você gasta
cinqüenta litros de combustível por semana, e consegue economizar R$
0,06 (seis centavos) por litro, pagará R$ 3,00 (três reais) a menos por
abastecimento, significando R$ 13,00 (treze reais) ao mês, ou R$ 146,00
(cento e quarenta e seis reais) anuais.
Aproveite as promoções das oficinas e concessionárias para fazer a
manutenção preventiva de seu veículo, ou mesmo a troca de óleo e de
filtros.
Você possui TV a cabo? Verifique quem e quais os canais mais
assistidos pelas pessoas de sua casa. Não pague um pacote completo
se ele não é utilizado. Se a maioria de seus familiares trabalha fora,
sobrando pouco tempo para assistir a televisão, veja a viabilidade de
cancelar o contrato, locando filmes, quando der vontade de assisti-los.
Normalmente, pagamos pelo serviço e ainda gastamos com locação e
cinema.
Repense seus hábitos. Uma carteira de cigarro por dia representa R$
63,00 (sessenta e três reais) ao mês, sete cervejas por semana, ou uma
por dia, produzem um desembolso de R$ 81,00 (oitenta e um reais)
mensais, um refrigerante em lata por dia custa R$ 39,00 (trinta e nove
reais) no mesmo período.
Agradeça o crédito oferecido por seus fornecedores, como lanchonetes,
padarias e pequenos supermercados, e não compre mais fiado.
Normalmente, por não ter que pagar no momento da aquisição, o
consumo é maior, aumentando as despesas mensais.
Só compre a vista. Qualquer desconto que você negocie a vista será,
com certeza, maior que o rendimento obtido nas aplicações financeiras
tradicionais. Se você consome R$ 2.000,00 (dois mil reais) anuais com
roupas, sapatos, acessórios, ou quaisquer outros gastos pessoais, e
conseguir uma economia média de 5%, terá deixado de desembolsar R$
100,00 (cem reais), e, de prêmio, economizado no pagamento dos juros
das compras a prazo.
Destrua quase todos os cartões de crédito e cancele suas contas
bancárias. Mantenha um de cada, para emergências, ou recebimentos e
aplicações. Se você possui dois, ou mais, cartões, seu gasto com
manutenção será de, no mínimo, R$ 40,00 (quarenta reais) anuais, mais
juros e multas em caso de atraso. Em contas correntes, o pacote mínimo
de serviços, oferecidos pelas instituições financeiras, custam,
normalmente, R$ 12,00 (doze reais) mensais. Logo, sua economia será
de R$ 144,00 (cento e quarenta e quatro reais) anuais.
Se pretende viajar nas férias, aça uma poupança mensal que pague, à
vista, o pacote de viagens, os gastos no destino e os presentes para os
amigos. Você economizará dinheiro e ganhará qualidade de vida, pois
uma das piores coisas que existem é a dor de cabeça das dívidas
depois da alegria do passeio.
Evite fazer grandes compras mensais (de produtos alimentícios e de
higiene e limpeza pessoais), e vá ao supermercado sempre munido de
lista de compras. Prefira os produtos em promoção. Uma economia de
10% em suas compras mensais fará uma grande diferença no final de
um ano. Experimente novas marcas, de produtos mais baratos, e
21
compare os preços com os produtos que usa tradicionalmente, só pague
mais se o produto realmente oferecer uma qualidade superior que valha
a diferença.
Utilize, ao máximo, a iluminação natural. Substitua lâmpadas
incandescentes por fluorescentes, que consomem menos energia. Cores
escuras, em partes internas da casa, exigem lâmpadas mais fortes para
oferecer uma iluminação mais adequada, que consomem mais energia,
aumentando o valor da fatura no final do mês. Se possível, utilize cores
mais claras nas paredes.
Evite guardar, na geladeira, alimentos ainda quentes, pois isso exige um
maior esforço do motor e maior gasto de energia, ou utilizar a parte
traseira para secar panos, roupas e sapatos. Verifique, ainda, a borracha
de vedação, se não estiver guardando o frio adequadamente, troque-a.
Não durma com o televisor ligado e, se em sua residência tiver mais de
um, evite a sua utilização simultânea. Em último caso, programe a
função de desligamento automático (timer).
Limite o tempo de banho, normalmente, oito minutos são suficientes.
Mantenha, sempre que possível, a chave do chuveiro na posição verão,
economizando 30% do consumo de energia.
Você deve estar pensando, como muitos amigos meus, que ¨esse cara é
louco!¨, ou, no mínimo, paranóico. Então, deixe-me apresentá-lo a verdadeira
mágica das finanças, uma coisa chamada juros compostos.
Os juros compostos nada mais são do que o acúmulo, mês a mês, do capital
investido mais os juros gerados, fazendo que ele cresça a uma velocidade
maior do que se fosse remunerado somente o juro sobre o principal todos os
meses (chamado de juro simples).
22
Figura .....: Calculadora financeira HP 12C
Juro simples
Data Capital Taxa Período Juros Montante
02/05 1000 1,5% 0 0 1000
02/06 1000 1,5% 1 15 1015
02/07 1000 1,5% 2 15 1030
02/08 1000 1,5% 3 15 1045
02/09 1000 1,5% 4 15 1060
Figura 01: cálculo de juros simples de uma aplicação
23
Observe, agora, o mesmo investimento remunerado com juros compostos.
Juros compostos
Data Capital Taxa Período Juros Montante
02/05 1000 1,5% 0 0 1000
02/06 1000 1,5% 1 15 1015
02/07 1015 1,5% 2 15 1030,22
02/08 1030,22 1,5% 3 15 1045,68
02/09 1045,68 1,5% 4 15 1061,36
Figura 02: cálculo de juros compostos de uma aplicação
Tecle CLX
Tecle ¨f¨ e CLX
Digite o valor do capital e tecle CHS e PV
Digite o número de períodos e tecle ¨n¨
Digite a taxa de juros e tecle ¨i¨
Aperte FV e descubra o total no final do período
Novamente você pode estar pensando: ¨Pôxa, estou aqui estudando para
ganhar R$ 1,36 (um real e trinta e seis centavos) a mais, em quatro meses?¨.
Então, lhe mostrarei a diferença que estes valores podem fazer no longo prazo.
10 anos: R$ 14.637,36
20 anos: R$ 62.946,32
30 anos: R$222.384,57 (Duzentos e vinte e dois mil, trezentos e oitenta
e quatro reais e cinqüenta e sete centavos).
Uma cerveja por dia (você pode dizer que não toma uma por dia, mas se
bebe sete no fim de semana, dá no mesmo), no valor de R$ 2,70 (dois
reais e setenta centavos), que representam R$ 81,00 (oitenta e um
reais) mensais, na mesma taxa de juros.
10 anos: R$ 18.819,46
24
20 anos: R$ 80.930,98
30 anos:R$ 285.923,02 (duzentos e oitenta e cinco mil, novecentos e
vinte e três reais e dois centavos)
10 anos: R$ 32.527,47
20 anos: R$ 139.880,71
30 anos: R$ 494.187,93 (quatrocentos e noventa e quatro reais, cento e
oitenta e sete reais e noventa e três centavos)
25
COD RECEBIMENTOS antepenúltimo penúltimo último Total
1 Salário
2 Aluguéis
3 Juros
4 Empréstimos recebidos
5 Outras receitas
A TOTAL RECEITAS
A.A Receitas Acumuladas
Depósito FGTS
PAGAMENTOS
1 Compras residenciais
2 Veículos (manut., IPVA)
3 Salários e encargos
6 Energia
7 Água
8 Seguros
10 Telefone
11 Imposto de Renda
12 INSS
13 Financiamentos
14 Pensão Alimentícia
15 Aquisição de bens
16 Outras despesas
B TOTAL DESPESAS
B.B Despesas Acumuladas
D SALDO CAIXA
E SALDO BANCOS
F SUBTOTAL (C+D+E+F)
G CONTRATAÇÃO EMP.
H MOV. APLICAÇÕES
I SALDO FINAL (F+G-H)
26
¨Os bancos são instituições que lhe
emprestam um guarda-chuva em um dia
de sol, para tomá-lo no dia de chuva.¨
Anônimo
Valores
Carro antigo 18.000,00
Poupança 18.000,00
Financiamento 16.000,00
Total 52.000,00
Figura 04: investimento necessário para compra de um carro importado
Fora isso, ainda adquiriu um seguro, para o carro novo, no valor de R$ 2.600,
(dois mil e seiscentos) reais, para pagamento em 10 vezes. O financiamento,
de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais), seria pago em 24 parcelas de R$ 894,60
(oitocentos e noventa e quatro reais e sessenta centavos), calculados a uma
taxa de juros de 2,5% ao mês.
Ele me contou essa história, pois estava extremamente feliz com a aquisição
do veículo, embora um pouco preocupado com o pagamento das prestações e
do seguro. Comecei, então, a fazer algumas contas comparativas do carro
antigo e o novo para ele, mostrando o impacto que a troca teria em suas
finanças pessoais. Veja que situação interessante:
27
Custo anual
Carro antigo Carro novo Diferença
120%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
28
um ritmo constante de 15% ao ano, sendo vendido, em 2003, por R$
(14.000,00 quatorze mil reais), ou seja, o automóvel perdeu quase 76,7% do
seu valor nesse período. Antes que algum vendedor de veículos reclame com
seus argumentos de venda, é bom sublinhar que o automóvel estava em
excelente estado de conservação.
29
18.000,00 (dezoito mil reais), apresentam um resultado de R$ 3.470,40 (três
mil, quatrocentos e setenta reais e quarenta centavos), em dois anos, sendo,
então, o valor anual este número dividido por dois, já que se não houvesse o
empréstimo, não existiria o pagamento dos juros.
2 anos: R$ 31.046,35
3 anos: R$ 46.581,31
4 anos: R$ 70.466,98 (setenta mil, quatrocentos e sessenta e seis reais
e noventa e oito centavos), e ainda sobrou o carro antigo.
Neste momento seu cérebro pode estar dizendo a você: ¨Este tipo de problema
nunca me acontecerá, afinal, nunca tive vontade de ter um carro importado!¨
Você pode até se achar um espertinho, mas não desistirei de meu propósito de
te mostrar as armadilhas que o mercado cria para todos nós. Preste atenção
neste outro exemplo.
30
¨Formas de pagamento: à vista ou a prazo em até 10x sem juros (quando
assinalado nos produtos), com o 1º pagamento no ato da compra e os demais
de 30 em 30 dias, em até 10x sem entrada com juros de até 5,9% ao mês e
98,95% ao ano, com o 1º pagamento 30 dias após a compra e os demais de 30
em 30 dias, ou em 12x nos cartões de crédito... com juros de 2,9% ao mês e
40,92% ao ano...¨
Pois bem, escolhi para ilustrar nossa análise o refrigerador Electrolux de 351
litros, com 100 peças de disponibilidade (até mesmo por que estou precisando
comprar uma geladeira nova para minha casa), e desenvolvi a análise que
descrevo abaixo. Veja as condições e os preços:
31
5) Informe o número de prestações que serão pagas e tecle ¨n¨;
6) Aperte a tecla ¨i¨.
32
Verifique a demonstração do exemplo, citado anteriormente, na figura 09:
Observe que ao final de sete meses teremos acumulado R$ 1.003,43 (um mil,
três reais e quarenta e três centavos), que serão suficientes para o pagamento
da geladeira à vista, e ainda sobrará um troquinho para a cerveja
comemorativa.
Mas ainda não acabou! Note que, se você aplicar todas as parcelas, ao final
de dez meses terá R$ 1.466,54 (um mil, quatrocentos e sessenta e seis reais e
cinqüenta e quatro centavos), ou seja, R$ 467,54 (quatrocentos e sessenta e
sete reais e cinquenta e quatro centavos) além do valor à vista, ou 47% (quase
a metade), do valor da geladeira.
Você não fez dívidas, não pagou juros, não correu o risco de algum imprevisto
complicar sua vida financeira (pois se atrasar os pagamentos ainda terá que
honrar a multa e, se não pagar, terá o CPF inserido no cadastro do SPC,
Serasa, ou outras empresas de análise de crédito), gerou uma poupança (que
poderia ser utilizada para aquele imprevisto), ganhou juros e ficou muito mais
tranqüilo e satisfeito (apesar de ter usado a geladeira velha por mais dez
meses). Qual é o segredo? Deixar de trabalhar para ganhar dinheiro e comprar
produtos pagando juros, para colocar o dinheiro para trabalhar para você,
ganhar juros e realizar os seus desejos. Eu chamo isso de qualidade de vida!
Continua pensando que sou doido?
33
¨Quem poupa têm!¨
Anônimo
34
empresa em cada operação realizada. Ao final do ano, o balancete é
transformado em um balanço patrimonial, como o retrato da empresa naquele
período.
Nas finanças pessoais, prefiro pensar sempre em forma de ciclo, ou seja, no
período de tempo necessário para que um processo comece, termine e
recomece novamente. Usando uma licença poética, podemos comparar com as
estações do ano, sempre acontecendo na mesma época, permitindo a
preparação para a sua chegada.
Posso, agora, apresentar minha definição de capital de giro pessoal, para sua
apreciação e aprovação.
Isso lhe trará uma tranqüilidade imensa! Poderá aproveitar todas as promoções
do supermercado, pois não precisará fazer as compras no começo do mês
(quando normalmente as mercadorias adquiridas no mês anterior estão
acabando), quitar pagamentos antecipados como água, luz e telefone,
abastecer à vista, enchendo o tanque, aproveitando preços mais baixos e
evitando ir várias vezes ao posto de gasolina, gastando menos combustível, e
negociar descontos para pagamentos antecipados de outras dívidas.
Uma situação financeira favorável não cai do céu. Ela é resultado de muito
esforço e sacrifício gastos na construção de uma poupança que garanta sua
segurança nos momentos de necessidade ou imprevistos. O capital de giro
pessoal é o primeiro passo, seguidos de informações dos produtos financeiros
disponíveis para o investidor, sua rentabilidade e riscos.
Comece a refletir sobre seus gastos. O ideal é que você consiga poupar de
25% a 30% de sua renda mensalmente, para que, em aproximadamente dois
35
anos, possua o equivalente a seis meses de remuneração investidos em
produtos financeiros de alta liquidez (fáceis de se transformar em dinheiro),
como caderneta de poupança, fundos de renda fixa, previdência privada, CDB
(certificado de depósito bancário) ou títulos da dívida pública. As ações de
empresas vendidas em bolsas de valores, apesar de algumas apresentarem
alta liquidez, não são consideradas nesta análise, pois dependem de diversos
fatores, como a decisão do momento ideal de negociação, e será tratado no
próximo capítulo.
É claro que imprevistos sempre podem acontecer (deve ser por isso que se
chamam imprevistos, não é mesmo?), e contribuir para que sua previsão não
se concretize. Mas o planejamento serve para que os objetivos que você
estabeleceu em sua vida sejam alcançados, e as informações que serão
fornecidas pelo fluxo de caixa projetado serão importantíssimas para isto.
Por exemplo. Suponha que você pretenda trocar de veículo ao final de certo
período, e que para isso seja necessário uma certa quantia em dinheiro. Será
que, se mantido meu fluxo de caixa atual, gerarei as reservas necessárias para
concretizar o negócio? Ao analisar as receitas e despesas futuras, poderei
imaginar soluções que me permitam realizar este desejo, caso a minha
situação atual seja desfavorável, poderei pensar em como buscar o aumento
de minhas receitas, seja através de ¨bicos¨ (aulas particulares, serviços nos
fins-de-semana, entre outros), ou da redução de despesas, com medidas de
economia.
Observe, ainda, que entre salários, aluguéis, juros e outras receitas (como
empréstimos recebidos ou resgate de previdência privada), a renda do exemplo
aproxima-se de 25 salários mínimos mensais (utilizando o valor de R$ 240,00),
ou seja, nada mal para os padrões brasileiros.
36
Quanto às despesas, são aquelas que afligem a qualquer cidadão normal, ou
seja, fornecedores de produtos e serviços como supermercado, padaria e
açougue, água, luz, telefone, empregados domésticos e seus encargos sociais,
INSS, imposto de renda e pensão alimentícia.
PAGAMENTOS
1 Compras residenciais 250 250 250 250 250 250
2 Veículos (manut.,IPVA) 200 800 200 750 200 200
3 Salários e encargos 600 600 600 600 600 600
6 Energia 150 150 150 150 150 150
7 Água 80 80 80 80 80 80
8 Seguros 200 200 200 200 200 200
10 Telefone 295 295 295 295 295 295
11 Imposto de Renda 450 450 450 450 450 450
12 INSS 205 205 205 205 205 205
13 Financiamentos 1020 1020 1020 1020 1020 1020
14 Pensão Alimentícia 480 480 480 480 480 480
15 Aquisição de bens 0 0 0 0 0 0
16 Outras despesas 1750 1750 1750 1750 1750 1750
B TOTAL DESPESAS 5680 6280 5680 6230 5680 5680
B.B Despesas Acumuladas 5680 11960 17640 23870 29550 35230
37
Imagine que meu amigo esteja pensando trocar de carro em seis meses,
necessitando, para isso, de uma reserva de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Ele já
possui um imóvel, que aluga, além daquele em que mora, que lhe fornece uma
renda de R$ 500,00 (quinhentos reais) mensais. Tem, ainda, aproximadamente
R$ 10.000,00 (dez mil reais) aplicados em títulos do governo federal (LTN´s),
para uma eventualidade, que lhe rendem aproximadamente R$ 150,00 (cento e
cinqüenta reais) de juros, bem como o resgate de uma previdência privada , no
valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), que resolveu deixar de contribuir e
resgatá-la mês-a-mês em seis parcelas iguais.
No entanto, o que vale a pensa ressaltar é que, se não fosse esse resgate, o
fluxo de caixa projetado do meu amigo estaria negativo, pois se em seis meses
ele vai resgatar o valor total de R$ 3.000,00 (três mil reais), e o seu fluxo de
caixa acumulado, no mesmo período, é de R$ 908,54 (novecentos e oito reais
e cinqüenta e quatro centavos), verificamos que ele está destruindo sua
poupança, e não criando novas reservas financeiras. Ou seja, quando resgatar
todas as parcelas de sua previdência privada, sua renda não será suficiente
para pagar as despesas mensais, fazendo com que seja obrigado a optar entre
duas opções:
38
¨Planejamento financeiro pessoal é o processo de analisar, no presente, os
acontecimentos futuros que poderão afetar meus recursos financeiros,
decidindo, neste momento, as estratégias que deverão ser adotadas para
alcançar meus objetivos, e evitando situações indesejadas.¨
Vamos entender este conceito. Planejar é tomar decisões, hoje, que afetarão a
meu futuro. Para isso, procuro me cercar de todas as informações possíveis, os
chamados parâmetros, que me ajudarão a criar cenários, ou seja, as situações
futuras que poderão acontecer em minha vida. Ao restringir essas decisões ao
aspecto que envolve apenas os recursos monetários, estou desenvolvendo um
planejamento financeiro pessoal.
Estas são situações que classifico como imprevistos que podem ser previstos
e, portanto, amenizados com o planejamento financeiro pessoal. Veja que a
primeira situação, apesar de preocupante, a pessoa ainda consegue
administrar um pouco melhor suas decisões e o seu dia-a-dia. Possuindo,
ainda, um pouco de qualidade de vida. No segundo caso, a situação passou de
preocupante para desesperadora e, nestes momentos, nem mesmo o cérebro
funciona normalmente.
Pois bem, como o planejamento financeiro pessoal pode contribuir nestas duas
situações? Analisemos o primeiro caso. Mesmo que não aplicasse estes
conceitos, a pessoa conseguiu construir uma reserva financeira que a permite
39
sobreviver, por algum tempo, sem as receitas mensais que conseguia
trabalhando. Ao ficar desempregado, pode desenvolver um novo fluxo de caixa
projetado, verificando por quanto tempo suas reservas serão suficientes para
garantir o atual padrão de vida. Se ao elaborar o planejamento, verificar que o
tempo que passará procurando um novo emprego pode ser maior que o
previsto, precisará buscar novas fontes de receitas ou, imediatamente, diminuir
as despesas, para prolongar a duração das reservas, permitindo que suportem
um tempo maior que o inicialmente previsto.
Assim, vamos analisar cada conta do fluxo de caixa de meu amigo, analisando-
a, e propondo ajustes para um melhor funcionamento e, quem sabe, a
aquisição daquele carro que ele tanto almeja.
Verificamos que, após seis meses, ele terá uma queda de R$ 500,00
(quinhentos reais) mensais em sua renda, pois, após esse prazo, já terá
recebido todas as parcelas de resgate de sua previdência, devendo planejar,
desde agora, um novo fluxo de caixa projetado, adaptado a essa nova
situação.
40
Façamos, agora, uma análise de suas despesas.
Vou lhe dar um exemplo. Sempre que vou ao supermercado, me eduquei a não
adquirir logo marcas tradicionais que estão em promoção, longe de outras
marcas concorrentes. Uma estratégia utilizada pelas empresas é a de colocar
seus produtos em ¨ilhas promocionais¨, dificultando a comparação com
produtos de outros fornecedores. Observe também, a relação da quantidade
oferecida e preços dos produtos. É melhor comprar uma embalagem de iogurte
tipo queijo suíço (danoninho) de 520 gramas por R$ 4,20 (quatro reais e vinte
centavos), do que duas de 360 gramas a R$ 3,30 (três reais e trinta centavos)
cada, afinal, você está levando 45% a mais de iogurte por 27% de diferença no
preço, um bom negócio, não é mesmo?
Nas despesas com veículos, constatamos que meu amigo possui, além de um
automóvel, uma motocicleta de 500 cilindradas que, pela sua potência, possui
uma alíquota de IPVA maior do que outras de menor porte. Ele programou
gastos mensais médios de R$ 200,00 (duzentos reais) com a manutenção de
suas conduções. Novamente, cabe a ele negociar à vista a aquisição de peças
e serviços necessários para a conservação de seus veículos, fazendo pesquisa
de preços e solicitando orçamentos, sempre que levá-los a alguma oficina,
preferindo contratar serviços e compras de peças separadamente, a não ser
que o prestador cubra as propostas dos concorrentes. Novamente, se o
desconto médio atingir 10%, terá economizado mais R$ 20,00 (vinte reais)
mensais.
Aqui ainda cabe mais uma observação. Ele não utiliza a moto para o trabalho,
mas apenas como passatempo. Então, em um momento em que estamos
revendo sua situação financeira, com um planejamento a médio e longo prazo,
podemos considerar a opção de vendê-la, aplicando o valor obtido e
aumentando as receitas com juros, além de diminuir as despesas com
depreciação, manutenção e impostos deste veículo. No momento que ele
reequilibrar suas contas, pode ponderar a aquisição de uma nova motocicleta,
também à vista. Suponhamos que venda a moto pelo seu valor de mercado, de
aproximadamente R$ 10.000,00 (dez mil reais), pois já possui dois anos de
41
uso, e aplique-as em títulos públicos, conseguindo uma rentabilidade de 1,5%
ao mês. Constatamos que terá um incremento de R$ 150,00 (cento e cinqüenta
reais) em receitas com juros, uma diminuição mensal de R$ 50,00 (cinqüenta
reais) com manutenção e a economia de R$ 550,00 de IPVA.
Novamente, ele deve repensar estas despesas. Como sua situação financeira
está deteriorando-se, pode organizar-se para buscar os serviços de uma
diarista, que iria em residência duas vezes por semana, para uma faxina geral,
lavar e passar suas roupas, com um custo médio de R$ 40,00 (quarenta reais),
por visita. Assim, seus gastos mensais cairiam para R$ 360,00 (trezentos e
sessenta reais) mensais, com uma economia de R$ 240,00 (duzentos e
quarenta reais).
42
modo que mostrei a vocês algumas páginas atrás, e quase caí duro. Troquei
meu celular pós-pago por um pré-pago e me reeduquei em sua utilização.
Como? Repetia para mim toda hora que queria fazer uma ligação: ¨Você
precisa fazer esta ligação agora ou pode esperar até chegar a algum lugar com
linha convencional?¨, passei então a utilizar meu celular principalmente para
receber chamadas, planejando minhas ligações de telefones fixos em casa e
no trabalho, consegui reduzir meu gasto para R$ 50,00 (cinqüenta reais) ao
mês. Não é incrível?
O seguro já está feito, não tem como diminuir, não é mesmo? Errado. Você
pode tentar negociar um desconto para pagamento antecipado, diminuindo o
valor do seguro total. O maior cuidado, porém, deve ser na renovação.
Normalmente os corretores incluem na apólice, além do seguro contra acidente
e roubo, danos a terceiros, físicos e materiais, muitos superiores a real
necessidade do cliente, sendo que você paga por isso. Faça um exame de
consciência, se você for o tipo de motorista que às vezes é imprudente, faça
todo tipo de seguro, mas se é daqueles ¨caxias¨, que não fazem nada de
errado, então compre uma apólice somente para danos materiais e roubo do
seu veículo, e conseguirá economizar uma boa grana. Seguro residencial?
Somente se morar em área de risco, pois a probabilidade de alguma coisa
acontecer a sua casa é muito pequena, e é por isso que os seguros para o lar
são relativamente baratos.
Imposto de renda, INSS e pensão alimentícia não tem como correr, então tem
de continuar como está. O financiamento, no caso do apartamento que ele
aluga por R$ 500,00 (quinhentos reais), ainda é bastante longo, mas em muitos
casos é melhor fazer e contas e conferir se o número de prestações que faltam
para ser pagas não é superior ao valor de mercado do imóvel, sendo preferível
vender seu ágio e correr das parcelas com juros, coisas de Brasil, não é
mesmo?
Muitas pessoas que possuem imóveis financiados pela CEF (Caixa Econômica
Federal) encontram-se nessa situação. Isso ocorre porque as taxas de juros
cobradas superam a valorização do apartamento ao longo dos anos, fazendo
com que as prestações sejam incapazes de amortizar o saldo devedor, sendo
suficientes, quando muito, de pagar apenas os juros do montante. Faça as
contas, muitas vezes é melhor pagar de 0,6% a 0,8% do valor de um imóvel em
aluguel, e aplicar seu dinheiro em uma opção de investimento que lhe
remunere acima disso, do que ficar pagando juros superiores a 1,2% ao mês
na concretização do ¨sonho¨ da casa própria que, no final das contas, acaba se
transformando em um verdadeiro pesadelo. Fizemos uma avaliação do valor do
seu apartamento que, se estivesse quitado, seria de R$ 80.000,00 (oitenta mil
reais), e do ágio para a venda, de aproximadamente R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), e projetamos o fluxo de caixa se esse negócio fosse efetuado.
43
Chegamos, finalmente, ao último item das despesas do fluxo de caixa, as
famosas outras despesas, observe no quadro abaixo o valor e a descrição de
cada uma.
Eu costumava ir, no mínimo, duas vezes por mês com a namorada neste lugar.
Cada vez que eu ia, além da raiva na fila, pagava R$ 25,00 (vinte e cinco reais)
por cada entrada, totalizando R$ 100,00 (cem reais) ao mês, verifiquei que,
44
mantida a minha freqüência, em quatro meses e meio meu cartão já teria se
pagado, sobrando sete meses e meio para freqüentar o lugar como uma forma
de ¨lucro¨, além do ¨status¨ de possuir um cartão VIP, das festas exclusivas
para os sócios, dos descontos na aquisição das bebidas e do tratamento
diferenciado dos funcionários, no final do período de um ano renovei meu
cartão por R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), e ainda continuo sócio do
night club até hoje. Meu amigo tornou-se sócio na outra semana!
Vejamos agora, no quadro ...., como ficaria o novo fluxo de caixa projetado de
meu amigo, caso ele tomasse todas as medidas que sugerimos nesse período
de tempo.
45
COD RECEBIMENTOS Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04
1 Salário 4873,09 4873,09 4873,09 4873,09 4873,09 4873,09
2 Aluguéis 0 0 0 0 0 0
3 Juros 600 600 600 600 600 600
4 Empréstimos recebidos 0 0 0 0 0 0
5 Outras receitas 500 500 500 500 500 500
A TOTAL RECEITAS 5973,09 5973,09 5973,09 5973,09 5973,09 5973,09
A.A Receitas Acumuladas 5973,09 11946,18 17919,27 23892,36 29865,45 35838,54
Depósito FGTS 437,8472 437,8472 437,8472 437,8472 437,8472 437,8472
PAGAMENTOS
1 Compras residenciais 225 225 225 225 225 225
2 Veículos (manut.ão,IPVA) 130 730 130 130 130 130
3 Salários e encargos 360 360 360 360 360 360
6 Energia 160 160 160 160 160 160
7 Água 40 40 40 40 40 40
8 Seguros 200 200 200 200 200 200
10 Telefone 145 145 145 145 145 145
11 Imposto de Renda 450 450 450 450 450 450
12 INSS 205 205 205 205 205 205
13 Financiamentos 0 0 0 0 0 0
14 Pensão Alimentícia 0 0 0 0 0 0
15 Aquisição de bens 0 0 0 0 0 0
16 Outras despesas 1500 1500 1500 1500 1500 1500
B TOTAL DESPESAS 3415 4015 3415 3415 3415 3415
B.B Despesas Acumuladas 3415 7430 10845 14260 17675 21090
Mas o melhor da história não é isso. Agora eu tenho certeza que lhe deixarei
verdadeiramente interessado em mudar seu comportamento em relação a
equação gastar versus economizar. Verifique que a geração de caixa média
mensal, ou seja, a diferença entre o total de receitas e despesas, dividido pelo
número de meses analisado, foi de R$ 2.458,09 (dois mil, quatrocentos e
cinqüenta e oito reais e nove centavos), aproximadamente 41% da receita total
46
mensal. Lembram que eu havia recomendado um índice de poupança de 25%
a 30% no mesmo período?
Agora imagine que meu amigo desistiu de trocar seu carro por agora, e está
aplicando este saldo médio de caixa à taxa de 1,5% ao mês, durante 5 anos,
em títulos públicos federais, observe o que acontecerá, fazendo as contas na
HP 12C:
1) Tecle CLX
2) Tecle ¨f¨ e CLX
3) Digite 2.458,09 e tecle CHS e PMT
4) Digite 60 (o número de meses correspondente a 5 anos) e tecle ¨n¨
5) Digite 1,5 e tecle ¨i¨
6) Aperte FV e descubra o total no final do período
Achou o mesmo valor que eu? Está surpreso? Sim, é verdade, o total é
realmente esse mesmo. Mas esquecemos de um detalhe. Lembra que meu
amigo tinha R$ 10.000,00 (dez mil reais), vendeu a moto e o ágio do
apartamento por R$ 30.000,00 (trinta mil reais), alcançando a reserva
financeira de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais)? Vamos descobrir quanto este
capital representará ao final de 5 anos, nas mesmas condições acima? Vamos
lá!
1) Tecle CLX
2) Tecle ¨f¨ e CLX
3) Digite 40.000 e tecle CHS e PV
4) Digite 60 e tecle ¨n¨
5) Digite 1,5 e tecle ¨i¨
6) Aperte FV e descubra (novamente) o total no final do período
47
¨O maior problema de se ter dinheiro é que nunca se possui o bastante.¨
Anônimo
48
poupança, fundos de investimento de renda fixa, títulos públicos federais
e imóveis.
Moderado: também um investidor cauteloso, disposto a correr riscos, em
troca de uma rentabilidade maior, desde que eles sejam pequenos e
administráveis. Suporta a perda de pequenos valores em seus
investimentos, mas não se sente bem e, às vezes, se arrepende de ter
tentado. Sua carteira de investimentos financeiros ideal deve
contemplar, além dos produtos financeiros do investidor conservador,
uma pequena parcela de recursos em fundos de investimento de renda
variável, ações de empresas de primeira linha, como Petrobrás, Vale do
Rio Doce, Telemar e outras companhias líderes de mercado ou
monopolistas.
Agressivo: investidor destemido, disposto a assumir grandes perdas
para obter ganhos maiores, de acordo com as variações econômicas e
do mercado financeiro. Aconselho, mesmo para o mais agressivo
investidor, que mantenha, pelo menos, metade de seus recursos
aplicados em produtos financeiros defensivos, como fundos de
investimento de renda fixa e títulos públicos federais, reservando o
restante para opções como ações, fundos de investimento de renda
variável ou moedas estrangeiras. Não é do perfil deste investidor a
aplicação de recursos em imóveis, por caracterizar-se como um
investimento de baixa liquidez, ou seja, com um grau maior de
dificuldade de se transformar em dinheiro, e rentabilidade.
I – Perfil do investidor:
49
3. Qual o seu nível de conhecimento sobre produtos de investimentos
financeiros?
1 – Mais de 65 anos
2 – Entre 56 e 65 anos
3 – Entre 36 e 55 anos
4 – Menos de 36 anos
Some os pontos e confira, no quadro abaixo (figura ...), qual é o seu perfil de
investidor e, posteriormente, observe a sensibilidade ao risco de cada um
(figura ...).
50
Defensivo Com risco muito baixo
Conservador Com risco baixo
Moderado Com risco médio
Equilibrado Com risco médio/alto
Arrojado Com risco alto
Agressivo Com risco muito alto
Figura ....: Subdivisão e sensibilidade ao risco dos investidores
Para que possamos ter uma idéia melhor do que é um portfólio de aplicações
financeiras, observe, na figura ...., a carteira de investimentos de um investidor
agressivo:
Investimentos pessoais
16% 15%
1%
4%
6%
15%
17%
5% 21%
51
5.1 Produtos disponíveis no mercado financeiro
Mas você pode estar se perguntando: ¨E se eu possuir mais de vinte mil reais e
o banco quebrar?¨, aí, então, dificilmente você verá o resto de seu dinheiro
novamente, pois a venda dos ativos do banco serão, provavelmente,
insuficientes para pagar todos os seus credores.
52
A caderneta de poupança foi instituída, pelo Governo, como um produto
destinado a captar recursos para serem investidos no SFH, sistema financeiro
de habitação, como forma de viabilizar o financiamento, com taxas mais
acessíveis, da aquisição do imóvel próprio pela população brasileira.
Como o Governo não é bobo, normalmente adota aquele índice que, pelas
características de sua metodologia de cálculo, oferece um dos menores
resultados no período pesquisado, chamado de ¨índice oficial¨ de inflação.
53
Atualmente, o escolhido é o IPCA. Vou lhe apresentar, na figura ..., as
variações destes índices em um período de doze meses.
Mas, o que quero realmente te mostrar, com toda esta análise, é o paradoxo do
baixo risco e rentabilidade deste produto financeiro. Lembra-se que esta é a
principal característica da caderneta de poupança? Mas se os juros, são de
0,5% ao mês, e capitalizados totalizam, aproximadamente, 6,l7% ao ano,
somados a correção monetária, representada pela taxa referencial do período,
constatamos que quem estava com seu dinheiro investido recebeu uma
remuneração total de 9,72% ao ano, inferior a todos os índices de inflação
54
mostrados anteriormente, ou seja, você não consegue comprar as mesmas
coisas que conseguia com o dinheiro investido, ou, resumindo, empobreceu.
Seu dinheiro não diminuiu, até mesmo aumentou em quantidade numérica,
mas perdeu o mais importante, o seu valor.
Vamos imaginar uma situação hipotética. Durante alguns meses você gastou
mais do que ganhou, forçando-o a utilizar recursos financeiros de terceiros, ou
seja, endividar-se através de empréstimos.
55
governo terá que pegar mais dinheiro emprestado para pagar estes
juros. Ao fazer isso, aumentará sua dívida e, conseqüentemente, as
despesas com juros, fazendo que seja necessário uma arrecadação
cada vez maior para pagamento de seus credores, ou corte nas
despesas operacionais e nos investimentos públicos.
Se, por outro lado, conseguir estabilizar as contas públicas e retomar a sua
capacidade de pagamento, diminuindo sua necessidade de financiamento, fará
jus à captação de recursos com taxas de juros mais baratas, a famosa Selic,
diminuindo suas despesas com juros e seu endividamento.
Estou lhe dando estas explicações, bastante simplificadas, para que você
possa entender um pouco a dinâmica das contas públicas e os riscos
envolvidos ao emprestar dinheiro para o governo, ou investir em produtos
financeiros cujo destino dos recursos captados é o mesmo, como fundos de
investimento de renda fixa e a maioria das aplicações dos fundos de
previdência privada.
56
documento chamado de título público, que representa uma obrigação do
devedor, no caso a República Federativa do Brasil, com os credores, também
chamados de investidores.
LTN (letras do tesouro nacional): títulos emitidos com taxa de juros pré-
fixada, ou seja, na data de aquisição o investidor já conhece o
rendimento que será obtido com seus investimentos, bem como a data
de seu vencimento. Papel ideal para investidores conservadores e que
devem ser privilegiados em momentos de queda de juros, pois você
possuirá uma aplicação com rentabilidade constante a cada mês,
aumentando seus ganhos. O inverso também é válido, ou seja, deve ser
evitado em momentos de juros em alta, pois o investidor terá, em mãos,
títulos com rentabilidade menor do que os oferecidos ao mercado.
Normalmente, estes papéis são disponibilizados com prazos menores,
principalmente pela instabilidade dos juros no país nos últimos anos;
LFT (letras financeiras do tesouro): são papéis pós-fixados,
remunerados pela famosa taxa Selic, definida em reuniões mensais do
COPOM, comitê de política monetária do Banco Central, de acordo com
o momento econômico do país, mais uma pequena taxa de juros anual.
Investimento adequado em momentos de instabilidade econômica ou
para longo prazo, quando a autoridade monetária, no caso o Banco
Central, deve aumentar a taxa de juros para captar recursos para o
Tesouro Nacional, permitindo maiores ganhos aos investidores. Em
momentos em que a tendência de juros é de queda, deve-se privilegiar
as LTN´s. As opções disponíveis em setembro de 2003 ofereciam
vencimentos até 2007, ou seja, aproximadamente quatro anos de
remuneração;
NTN-C (notas do tesouro nacional tipo C): títulos pós-fixados,
remunerados pela variação do IGP-M (índice geral de preços do
mercado) da Fundação Getúlio Vargas, mais uma taxa de juros que, em
57
setembro de 2003, estava em aproximadamente 9,7% anuais. São os
melhores títulos em momentos de volatilidade cambial, pois é um índice
altamente afetado pela variação da cotação do dólar em relação ao real.
O IGP-M acumulou, de abril de 2002 a março de 2003,
aproximadamente 32,5% de variação que, somados à taxa de juros de
quase 10%, propiciou aos que investiram nesses papéis uma
rentabilidade bruta, ou seja, sem contar o imposto de renda de 20%,
próxima a 43% no período. Por isso repito: não contraia dívidas
corrigidas pelo IGP-M, mas não tenha dúvidas em investir em produtos
financeiros indexados a este índice, principalmente a médio e longo
prazo. Indicado para investidores com conhecimentos básicos em
economia e que procuram opções de investimento a longo ou
longuíssimo prazo, pois possui opções de títulos com vencimento até
2031;
NTN-B (notas do tesouro nacional tipo B): a caçula dos títulos oferecidos
aos investidores. Também é um investimento pós-fixado, sendo que a
diferença básica está no índice utilizado em sua correção, que é o IPCA
(índice de preços ao consumidor amplo), calculado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, e utilizado como índice oficial de
inflação pelo governo. Oferece uma taxa de juros um pouco maior que a
NTN-C, em setembro de 2003 de aproximadamente 10,15% anuais, ou
uma diferença de 0,45% ao ano, pelo fato de, normalmente, este
indicador ficar abaixo do IGP-M. Indicada em momentos de estabilidade
econômica e cambial, com inflação controlada e propiciando um
rendimento com juros 70% superior a caderneta de poupança, sem
contar que o índice de correção é muito mais confiável do que a taxa
referencial. Indicado para investidores altamente conservadores e que
buscam opções de longo prazo, pois possuem vencimentos até 2009.
58
Figura ....: títulos públicos disponíveis para compra em setembro de 2003
59
você deixou seu dinheiro na conta-corrente, e acontecer uma dessas
catástrofes que citei, pode dizer adeus para seu investimento. Viu porque
aconselhei a utilizar o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal?
1
TABELA DE RENTABILIDADE EM PERCENTUAL
60
caso dos títulos públicos, deverão ser pagos IR sobre os juros, e as taxas de
custódia, compra e venda, no caso de não se esperar o resgate no vencimento.
Mas mesmo assim, quando comparamos o ganho líquido de cada um, existe
uma vantagem clara para os títulos públicos, pois os outros investimentos
também possuem custos como IR, taxa de administração e IOF, imposto sobre
operações financeiras.
Proponho que façamos uma análise comparativa entre a média, obtida pela
soma dos índices no período, divididos pelo número de anos, das três
modalidades de títulos públicos, letras do tesouro nacional, letras financeira do
tesouro e notas do tesouro nacional, com a rentabilidade dos certificados de
depósito bancário, certificados de depósito interbancário, só disponíveis para
aplicação através de fundos de investimento de renda fixa DI, e a caderneta de
poupança. Vamos, primeiramente, analisar as taxas anuais e mensais de cada
opção de investimento, conforme figura .....
Rentabilidade média
Investimento Anual Mensal
LTN 20,35% ao ano 1,56% ao mês
LFT 20,25% ao ano 1,55% ao mês
NTN 26,49% ao ano 1,98% ao mês
CDI 19,89% ao ano 1,52% ao mês
CDB 18,98% ao ano 1,46% ao mês
Caderneta de poupança 9,74% ao ano 0,78% ao mês
Figura ...: Comparação entre a rentabilidade de investimentos em renda fixa
Note que, se você simplesmente somar, mês a mês, as taxas obtidas com a
LTN, por exemplo, obteremos o valor de 18,72% ao ano, enquanto a
rentabilidade anual é de 20,35%, uma diferença de 1,63% no período. Isso
ocorre por um fator chamado taxa de juros nominal e real. Enquanto a taxa de
juros nominal representa a rentabilidade no período, no caso de um ano, a taxa
de juros real é aquela que, aplicada mês a mês, no regime de juros compostos,
proporciona a rentabilidade anual da taxa nominal. Complicado? Vamos
exemplificar para ficar mais fácil. Imagine uma aplicação de R$ 1.000,00 (um
mil reais), no período de um ano, a taxa nominal de 20,35%. Você terá, ao final
do período, o valor de R$ 1.203,50 (um mil, duzentos e três reais e cinqüenta
centavos), obtidos através da multiplicação do investimento pela taxa de
retorno anual. Se dividirmos a taxa nominal de 20,35% ao ano, por doze
meses, obteremos o valor de 1,70% ao mês. Vamos conferir?
61
Data Aplicação Juros (1,7% ao mês) Saldo
1/1/2003 R$ 1.000,00 R$ 17,00 R$ 1.017,00
1/2/2003 R$ 1.017,00 R$ 17,29 R$ 1.034,29
1/3/2003 R$ 1.034,29 R$ 17,58 R$ 1.051,87
1/4/2003 R$ 1.051,87 R$ 17,88 R$ 1.069,75
1/5/2003 R$ 1.069,75 R$ 18,19 R$ 1.087,94
1/6/2003 R$ 1.087,94 R$ 18,49 R$ 1.106,43
1/7/2003 R$ 1.106,43 R$ 18,81 R$ 1.125,24
1/8/2003 R$ 1.125,24 R$ 19,13 R$ 1.144,37
1/9/2003 R$ 1.144,37 R$ 19,45 R$ 1.163,83
1/10/2003 R$ 1.163,83 R$ 19,79 R$ 1.183,61
1/11/2003 R$ 1.183,61 R$ 20,12 R$ 1.203,73
1/12/2003 R$ 1.203,73 R$ 20,46 R$ 1.224,20
Figura ...: Rentabilidade de um investimento durante um ano obtido com taxa
de juro nominal
62
São coisas como essa que, na minha opinião, desestimulam as pessoas a
buscarem maiores conhecimentos da área financeira, porque, na verdade, isso
é realmente uma chatice. Se você, por acaso, quiser saber mais
aprofundadamente como funciona a matemática financeira, e a utilização da
calculadora HP 12C, procure em sua cidade. Normalmente são oferecidos mini-
cursos, que variam de 08 a 20 horas, pelo Sebrae, Sesi, Senai e
Universidades, entre outros. E o investimento necessário não é alto,
comparativamente a importância deste conhecimento em nossa vida.
Não! Você não está sonhando! As contas não estão erradas! A verdade pura e
cristalina finalmente aparece diante dos seus olhos! Acabei de lhe mostrar a
verdadeira fonte da riqueza, ou se preferir, o pote de ouro no fim do arco-íris.
Não existe mágica, companheiro! O que existe são somente duas coisas:
poupança e investimento. O resto é conversa para boi dormir.
63
Podemos comparar, ainda, o título público com menor rentabilidade mensal, a
letra financeira do tesouro, que apresenta uma remuneração de 1,55% ao mês,
com o produto de renda fixa do mercado financeiro de maior rentabilidade, os
fundos de renda fixa DI, que procuram obter remuneração próxima ao CDI,
com taxa de juros de 1,52% ao mês. Novamente, você pode me dizer: ¨Como
você é chato, afinal, o que são míseros 0,03% ao mês?¨. Pois eu lhe respondo:
esta diferença tão pequena representa, ao final de 30 anos, a quantia de R$
409.152,71 (quatrocentos e nove mil, cento e cinqüenta e dois reais e setenta e
um centavos), obtidos através da subtração dos rendimentos obtidos com os
dois investimentos ao final do período. Agora te pergunto: Faz diferença para
você?
Vale lembrá-lo de que todo investimento possui riscos. No caso dos títulos
públicos, ele aumenta na medida que o governo gasta mais do que arrecada,
comprometendo sua capacidade de pagamento. Para sua segurança,
acompanhe, mesmo que semestralmente, um indicador chamado ¨taxa de
endividamento¨, que é fornecido dividindo-se a dívida pública pelo PIB, ou
produto interno bruto. Quanto maior este índice, pior a situação financeira do
país e, conseqüentemente, a possibilidade de problemas no resgate de seus
investimentos. Por outro lado, se este indicador está estável, ou até mesmo
diminuindo, demonstra a preocupação dos administradores com o equilíbrio
das contas públicas, diminuindo o risco do investimento, e a sua rentabilidade,
pois o governo conseguirá captar recursos pagando taxas de juros mais
baratas. Outra maneira, ainda mais fácil, é acompanhar os telejornais e,
ouvindo a notícia que os investidores estrangeiros estão saindo do país, com
medo de moratória, calote, ou qualquer palavra do gênero, venda seus títulos e
aplique em ativos fora do mercado financeiro, como imóveis, por exemplo.
É claro que será muito improvável que se consiga uma rentabilidade dessas
durante trinta anos, até mesmo porque, se isso acontecer, o governo acabará
quebrando de vez. Mas isso serve para ilustrar, principalmente, como a escolha
dos seus investimentos impacta o valor que você terá no futuro, devendo ser
64
feita um estudo cuidadoso na hora de realizá-los. Além do mais, várias
declarações, dos diversos presidentes do Banco Central, inclusive o atual,
classificam que a taxa real de juros que deverá ser paga pelo governo
brasileiro situa-se em torno de 9% a 10% anuais acima da inflação,
correspondendo a uma rentabilidade bruta, sem imposto de renda, um pouco
superior a 1% ao mês. Mesmo assim, para um investimento classificado como
muito seguro, não deixa de ser altamente atrativo. Então, o que está
esperando? Vamos as compras!
Esse produto foi criado há algumas décadas nos Estados Unidos, e consiste,
basicamente, na reunião de recursos de vários investidores, na forma de
condomínio, administrados por uma instituição financeira, buscando
oportunidades de ganhos no mercado financeiro. A variedade de fundos que
são oferecidos deriva das características particulares da composição de sua
carteira de investimentos, construídas com ativos financeiros para atender a
todos os tipos de clientes, desde conservadores até os mais agressivos.
Ao abrir uma conta em qualquer uma destas instituições, você está se tornando
mais um participante do sistema financeiro nacional, que constitui-se,
basicamente, no conjunto de todas as instituições financeiras brasileiras que
fazem intermediação, aplicação ou custódia de recursos financeiros próprios ou
de terceiros. Seguradoras, corretoras e distribuidoras de títulos e valores
mobiliários, consórcios, sociedades de capitalização e de arrendamento
mercantil (leasing), cooperativas de crédito, caixas econômicas, bancos de
investimento e de desenvolvimento, são alguns de seus componentes.
65
Então, vamos supor uma situação: Você entrou em uma agência bancária
qualquer, e decidiu alocar um pouco dos seus recursos em outras opções de
investimento, além da caderneta de poupança, escolhendo, por exemplo, um
fundo de renda fixa, pelas suas características conservadoras. Afinal, se você
é correntista de um desses grandes bancos, o risco de perda de seus
investimentos deve ser menor, não é mesmo? Pois vou lhe contar uma coisa.
Quando você adquire um seguro, título de capitalização, cotas de fundo de
investimento ou previdência privada, não é o banco que está lhe vendendo
estes produtos, mas instituições financeiras, nas quais o banco é normalmente
acionista, e que usam as agências como ponto de venda e os correntistas
como clientes em potencial.
Quero que fique claro que não tenho nada contra os bancos, inclusive os
considero a ferramenta mais importante do sistema financeiro, mas devemos
conhecer devidamente o sistema e o seu funcionamento para podermos
realizar uma análise mais aprofundada dos riscos envolvidos em nossos
investimentos e na nossa relação com estas instituições.
66
Política de investimentos: relata os mercados que serão utilizados para a
busca de opções de investimento para os recursos do fundo,
normalmente renda fixa e variável.
Composição básica da carteira: detalha, especificadamente, onde
podem ser aplicados os recursos captados dos investidores. Os mais
utilizados são títulos públicos e privados, ações, opções de ações e
derivativos, que são contratos especulativos de ativos financeiros que
têm um mercado futuro devidamente regulamentado, como taxas de
juros, ações e câmbio. Informa, ainda, quais serão os limites para a
aplicação em determinados papéis, devido às suas características e
riscos.
Forma de apuração do valor das cotas: ao investir em um fundo de
investimento, você deixa de possuir a quantidade nominal de dinheiro,
por exemplo, dez mil reais, para adquirir cotas deste fundo, que
valorizam, ou desvalorizam, de acordo com os ativos escolhidos pelo
gestor, que compõem suas aplicações, determinadas pelo seu valor de
mercado naquela data. Ou seja, as cotas são a representação do
patrimônio do fundo, e você passou a ser um sócio, de acordo com a
quantidade de suas cotas, que ganhará com seus lucros ou perderá com
seus prejuízos, participando de seus resultados. Para fazer esta
apuração, o regulamento apresenta todas as expressões matemáticas e
contábeis utilizadas.
Prazos para resgates e aplicações: há algum tempo atrás, os fundos
apresentavam, como característica, prazos fixos para remuneração e
resgate. Por exemplo, 30, 60 ou 180 dias. Se o resgate fosse efetuado
antes desses prazos, a rentabilidade acumulada era perdida.
Atualmente, todos os fundos apresentam rentabilidade, aplicação e
resgate diários, com exceção de alguns fundos de ações, que só
disponibilizam os recursos de seus aplicadores em até quatro dias após
a solicitação do resgate do investimento.
Periodicidade do crédito dos rendimentos aos investidores: como
descrito anteriormente, são as datas que serão disponibilizados os
ganhos obtidos com o investimento, como, por exemplo, de 30 em 30 ou
60 em 60 dias. Atualmente, de acordo com regulamentação do Banco
Central, todos os fundos tem rentabilidade calculada e creditada de
forma diária;
A taxa de administração ou performance cobrada pelo administrador do
fundo por seus serviços: sabemos que instituições financeiras não fazem
nada de graça para ninguém, não é mesmo? Ou melhor, no sistema
capitalista, qual empresa o faz? Por isso, o regulamento do fundo
apresenta a remuneração do gestor. É interessante observar que as
taxas são aplicadas sobre o patrimônio do fundo, e não somente no
ganho financeiro, e o seu método de desconto é feito de maneira que
você não perceba o seu verdadeiro peso em suas aplicações, ou seja,
diariamente. Então, quando você olha o saldo de seus investimentos,
fica satisfeito ao ver que ganhou mais do que a caderneta de poupança,
por exemplo, e não se interessa em conferir quanto o administrador
ganhou para si com o seu dinheiro. Por isso, confira a taxa de
administração que a instituição cobra para gerir os fundos que participa,
pois esse valor representa um grande impacto em seus investimentos a
67
longo prazo, e nem sempre a instituição que cobra mais oferece a
melhor rentabilidade. Consulte o guia EXAME de melhores fundos de
investimento, que apresenta, todos os anos, os melhores fundos e
gestores do mercado financeiro. A taxa de performance, normalmente, é
utilizada em fundos de renda variável, classificados como agressivos, e
funciona como um prêmio que é dividido entre investidor e gestor, por
superar as metas de rentabilidade acordadas no início do investimento.
Nesse tipo de fundo é cobrada, também, a taxa de administração fixa,
semelhante aos fundos de renda fixa tradicionais.
Assim, existe um regulamento para cada fundo que a instituição oferece, que
apresenta todas as informações necessárias sobre o seu funcionamento. Mas
eu te faço um desafio: pergunte a todas as pessoas que você conhece, que
aplicam em fundos de investimento, se alguma delas, em qualquer momento,
leu algum desses regulamentos. Você sabe por que? Pois vou respondê-lo:
porque sua leitura é chata, difícil e cheia de termos técnicos, e nós preferimos
confiar na palavra e nos conhecimentos do gerente do banco, não é mesmo?
68
Fundo de renda fixa
5,8% 2,7%2,6%
46,8%
42,2%
14% 8% 3%
35% 40%
69
Por isso, procure se informar. As instituições financeiras oferecem panfletos
contendo as linhas gerais dos fundos de investimento disponibilizados para sua
clientela. Normalmente, essas informações são superficiais, tratando as linhas
gerais de cada fundo. Vá ao gerente, pergunte, esclareça suas dúvidas e bom
investimento. Ainda falarei, um pouco adiante, sobre os mercados de ações,
futuros e de opções, para que possa compreender, um pouco mais, os riscos e
as oportunidades de cada opção de investimento.
70
Quadro 4 – Exemplos de produtos e fundos de investimento e suas características
Conservador Moderado Agressivos
Produtos CDB FAQ R.F. FAQ Cambial Fundo Ações FIQ Ações Plus
Investidores que Investidores que
Investidores que
desejam aplicar aceitam as
aceitam variações
recursos em flutuações
Investidores que Investidores que muita elevadas
investimentos de (positivas/negativa
procuram buscam proteção (positivo/negativas
Renda Fixa com s) do mercado
negociar a contra variações ) em seus
Público-Alvo expectativa de acionário, em
rentabilidade e o da taxa de câmbio investimentos, em
risco e retorno busca de uma
prazo de suas (R$ contra US$ busca de uma
superiores aos rentabilidade
aplicações comercial) melhor
fundos DI, no próxima a do
rentabilidade a
médio e longo índice Bovespa
longo prazo
prazo Médio
Composta por Objetivo de
Qutoas de FIF
ações que potencializar a
que tenham
Quotas de FIF integram o índice rentabilidade,
carteira composta
que tenham Bovespa. Não investimento em
Títulos por títulos de
carteira composta será feito o uso de ações de
nominativos pré Renda Fixa com
por títulos ou mercados empresas com
ou pós-fixados de cláusula de
operações de derivativos como alto potencial de
Renda fixa de correção cambial
renda fixa, forma de proteção valorização e em
emissão do ou protegidos pelo
Carteira protegidas ou não das flutuações do operações no
HSBC, em que a uso de
de variação mercado, mercado futuro e
taxa e o prazo são derivativos. Pode
cambial. Pode podendo ser de opções de
negociados no apresentar
apresentar usado com o ações. O
momento da variações
variações objetivo de administrador
aplicação negativas em
negativas nas melhorar a poderá executar
função da taxa de
quotas. aderência em operações de
juros sobre o
relação a do alavancagem do
dólar.
índice Bovespa. fundo.
Mensal, com
Cálculo dos
crédito no Diário Diário Diário Diário
rendimentos
vencimento
prazo mínimo de
30 dias e prazo
Indicado para médio prazo médio prazo longo prazo longo prazo
máximo de 360
dias
Taxa de
não tem 3% ao ano. 3% ao ano. 4% ao ano 4% ao ano
administração
Imposto de Renda
(sobre o 20% 20% 20% 10% 10%
rendimento bruto)
Quando da Quando da
aplicação, o seu aplicação, o seu
Conversão em valor é valor é
não tem Idem Idem
cotas transformado em transformado pelo
quotas pelo valor valor da quota da
da quota da data. data.
Figura ...: Produtos financeiros oferecidos em um panfleto promocional
71
5.1.4 Certificado de Depósito Bancário (CDB)
Todos possuem a mesma função, pois são títulos de crédito emitidos para
garantir uma operação de captação de recursos junto a investidores. A
diferença, em seus nomes, é fruto das características particulares da
remuneração de cada um. Trataremos, aqui, da mais utilizada e
disponibilizada, dentre essas modalidades, pelas instituições financeiras, o
CDB.
Só que, se o banco quebrar, ficaremos a ver navios, pois ele não possuirá, com
quase certeza, os recursos para saldar os empréstimos que fez junto aos
investidores, pois está insolvente. Portanto, surge mais uma regra das
finanças: não existe investimento sem risco.
72
investidor às taxas de mercado, ou seja, se a trajetória das taxas de
juros é ascendente, o valor do título é menor, pois o mercado oferece
papéis com rendimentos superiores, sendo vendido com deságio. A
grande oportunidade é para investidores que acreditam na redução dos
juros. Neste caso, eles manteriam a sua rentabilidade atrelada a juros
previamente estabelecidos.
CDB Pós-Fixado TR: pode ser contratado por até cerca de dois anos e,
como o seu próprio nome já diz, é remunerado por uma taxa de juros e
ajustado pela Taxa Referencial (TR) do período. A TR é o mesmo índice
que corrige a poupança. Como é um pós-fixado, a rentabilidade só é
conhecida no final do contrato. Tem um período de carência de um mês,
ou seja, para o que for resgatado antes de 30 dias, o cliente só tem
direito ao principal investido sem remuneração.
CDB Pós-Fixado IGP-M: tem prazo de cerca de 1080 dias (três anos) e
é remunerado por uma taxa de juros e ajustado pelo Índice Geral de
Preços do Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, uma das
referências que compõem a inflação. Pode-se ganhar bastante num
período de alta de preços, mas é possível perder num caso de IGP-M
negativo no período, ou seja, o valor do IGP-M é multiplicado do saldo
acumulado e seu valor descontado. A carência é de um ano.
CDB Flutuante: e uma boa opção para quem não quer depender de
prazos para resgatar sua aplicação. Com prazo em torno de três anos,
ele tem liquidez e rendimento diários, podendo ser resgatado a qualquer
momento, pois não tem período de carência. O CDB Flutuante é
ajustado diariamente pelo CDI. Mas isso não quer dizer que seja
remunerado integralmente por este índice. Por exemplo, o CDB pode ser
corrigido por 90% ou 95% do CDI (certificado de depósito interbancário).
Prazo mínimo e
Indexador Características
carência
As operações recompradas antes do vencimento
01 dia – sem
Pré-fixado nesta modalidade estão sujeitas às taxas de
carência
mercado.
Antes do prazo de carência o cliente só faz jus ao
01 mês – carência de
Pós-fixado TR principal. A remuneração somente ocorre após a
1 mês (data-a-data)
carência (Norma do BACEN).
Antes do prazo de carência o cliente só faz jus ao
Pós-fixado IGP-M 01 ano principal. A remuneração somente ocorre após a
carência (Norma do BACEN).
01 dia – sem Rendimento diário pelas taxas de mercado.
CDB Flutuante
carência
Existem, ainda, outras variáveis que precisam ser observadas. Por exemplo,
independente do prazo contratado, resgatar o CDB antes de completar 30 dias
significa prejuízo direto para a rentabilidade pois, segundo regra do Banco
Central, incide uma alíquota regressiva de IOF sobre os juros resgatados antes
de completar um mês de aplicação. Esse efeito é sentido nos CDBs que não
possuem carência. Assim, o imposto a ser pago é inversamente proporcional
ao prazo que faltar para completar o período de um mês.
73
Além disso, o investidor estará sujeito, ainda, à tributação de 20% de Imposto
de Renda sobre a rentabilidade acumulada até o resgate, e a CPMF (0,38%)
no momento da aplicação, ou reaplicação. Por isso, os prazos para aplicação
devem ser escolhidos antecipadamente, para evitar perdas e diminuição dos
rendimentos a cada reaplicação.
Existe uma história, que já li algumas vezes, mas não me lembro aonde, que
atribui ao ex-presidente francês Charles de Gaulle uma frase que se tornou
célebre, que dizia mais ou menos assim: ¨o Brasil, este não é um país sério.¨.
Lógico que existe toda uma contestação sobre sua autoria, ou se teria mesmo
sido dita, mas uma análise de seu significado não deixa de ser interessante.
Vou lhe dar o exemplo, de dois amigos, que ajudam a comprovar minhas
afirmações, principalmente quanto ao nosso sistema previdenciário. O primeiro
é funcionário público, que independente do tempo de serviço, aposentadoria
integral, benefícios, ou qualquer outra variável que possa ser contestada,
pensava que se aposentaria em determinado momento de sua vida,
planejando, antecipadamente, o que faria quando este momento acontecesse.
De repente, no governo Fernando Henrique, uma reforma na previdência social
adiou seus sonhos, aumentando a idade mínima para aposentadoria. Fazer o
quê, não é mesmo? Continuou trabalhando e recomeçou seu planejamento, de
acordo com as novas datas estipuladas, e aí veio o governo Lula, e nova
cacetada. Da última vez que o vi tive até medo de perguntar os efeitos que as
alterações provocariam em sua aposentadoria, para não contribuir com um
ataque cardíaco fulminante.
74
direito não existe. Ou seja, não há mágica. Na medida que pessoas que não
contribuíram, ou o fizeram de modo insuficiente, para a formação do fundo que
será utilizado para o pagamento de seus rendimentos na aposentadoria,
recebem o benefício, a médio e longo prazo esse fundo será insuficiente para
honrar os recebimentos de todos que nele colocaram seus recursos, e terá que
ser coberto com dinheiro de toda a sociedade, através da cobrança de
impostos.
Você pode estar se indagando: ¨O que isso tem a ver com meus investimentos
financeiros?¨ Novamente, eu lhe afirmo, que minha única intenção é a de
demonstrar o funcionamento do sistema, de maneira simples, para que
possamos entender o problema e suas possíveis conseqüências em nossas
vidas. Se a previdência pública quebrar em nossa velhice, como vamos ficar?
Será que ela é a melhor opção para apostar minhas fichas e confiança no
futuro? Eu acho que não, por isso, coloco essas explicações e forneço opções
de investimentos a você.
75
indiferente da classe social, no consumo, na renda, na produção, na
propriedade e, atualmente, até mesmo na movimentação financeira dos nossos
recursos.
Quero que fique claro que não sou contra a aposentadoria integral de juízes,
militares, fiscais ou qualquer outra categoria, ou qualquer outro benefício que
estes servidores possuam. Só estou dizendo que, se quero me aposentar com
meu salário integral, devo contribuir para a formação de um fundo que permita
a realização desse pagamento, para não punir toda a população de um país,
privilegiando uma pequena classe de funcionários públicos.
76
que são efetuados na previdência privada para diminuir o pagamento de
imposto de renda anual.
Verifica-se, então, que as pessoas que possuem uma renda mensal de até R$
1.058,00 (um mil, cento e cinqüenta e oito reais) estão isentas do imposto de
renda. Desse valor até R$ 2.115,00 (dois mil, cento e quinze reais), a alíquota
aplicada é de 15%, e acima de R$ 2.115,00 (dois mil, cento e quinze reais),
sobe para o teto máximo de 27,5%. É importante frisar que qualquer cidadão
tem o direito de isenção até a renda mensal mínima, sendo que o imposto de
renda só começa a ser cobrado a partir do que ultrapassa esse valor, operação
que é chamada de dedução, conforme exemplo abaixo:
77
Além disso, o governo, em sua incrível benevolência, permite aos cidadãos
alguns descontos em sua base de cálculo mensal, conforme abaixo:
Mas não é só isso! Além dessas deduções mensais, podem ser aplicadas,
também, deduções anuais, que são:
Sempre que estou em sala de aula, e começo a falar sobre estes temas, sofro
de um grande mal-estar com a falta de respeito com que nosso governo trata
seus cidadãos. Em minha opinião, sofremos do mal de governantes que acham
muito mais fácil sugar a massa produtiva da sociedade, sejam trabalhadores ou
empresários, ao invés de tomar decisões políticas impopulares para a
contenção de suas despesas. Acredito que, se alguém governa para agradar
78
todo mundo, acaba não satisfazendo a ninguém. Mas, acima de tudo, os
princípios da justiça e integridade devem reinar nas relações entre o governo e
a sociedade. Qual a moral de um governo em cobrar os impostos de seus
cidadãos, quando utiliza de artifícios para aumentar sua arrecadação e diminuir
a renda de sua população? Defendo a tese que o brasileiro tenta ser ¨esperto¨,
não por sua vontade, mas pela pura necessidade de sobreviver a seus
governantes.
79
ao INSS, Instituto Nacional de Serviço Nacional, ou seja, a previdência pública,
que era de R$ 158,18 (cento e cinqüenta e oito reais e dezoito centavos), para
R$ 205,62 (duzentos e cinco reais e sessenta e dois centavos), que é o valor
para o benefício máximo de dez salários mínimos mensais, e as deduções por
dependente, que de R$ 90,00 (noventa reais), aumentaram para R$ 106,00
(cento e seis reais) mensais. Reajustei, ainda, o valor da contribuição da
previdência privada, de R$ 12.000,00 (doze mil reais), para R$ 14.400,00
(quatorze mil e quatrocentos reais), de modo a obter o ganho máximo com o
incentivo fiscal, que é de 12% sobre a renda bruta anual. Finalmente, alterei a
dedução da alíquota de 27,5% de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), para
os atuais R$ 423,08 (quatrocentos e vinte e três reais e oito centavos), para
que pudéssemos obter um valor atualizado do benefício auferido com a
aquisição de um plano de previdência privada do tipo PGBL, ou plano gerador
de benefícios livres. Observe os resultados.
Diferença R$ 3.960,00
Quadro ...: Cálculo do benefício fiscal com a aquisição de um plano PGBL
80
é crime. Vamos mostrar, agora, como ficaria a aplicação, feita em 10/10/2002,
para aproveitar o benefício fiscal para a declaração do ano-base de 2002 e os
resgates mensais em 2003, conforme figura ...
81
Sem previdência privada Com previdência privada
Renda anual R$ 120.000,00 R$ 134.575,13
Contribuição ao INSS (205,62 x 12) R$ (2.467,44) R$ (2.467,44)
Dependentes (3 x 1.272,00) R$ (3.816,00) R$ (3.816,00)
Base de cálculo 1 R$ 113.716,56 R$ 128.291,69
Contribuição a previdência privada R$ - R$ (16.149,02)
A renda bruta anterior era de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), que
continua sendo a mesma para o caso em que não há a aplicação em
previdência privada. Já para a situação em que este investimento existe, soma-
se R$ 14.575,13 (quatorze mil, quinhentos e setenta e cinco reais e treze
centavos) referentes aos resgates mensais, totalizando, então, R$ 134.575,13
(cento e trinta e quatro mil, quinhentos e setenta e cinco reais e treze
centavos). Verificamos que, para que a estratégia de benefício fiscal possa ser
feita novamente, torna-se necessário, agora, um investimento de R$ 16.149,02
(dezesseis mil, cento e quarenta e nove reais e dois centavos), maior em R$
1.749,02 (um mil, setecentos e quarenta e nove reais e dois centavos) aos R$
14.400,00 (quatorze mil e quatrocentos) do ano anterior. Ao final, têm-se um
imposto de renda a pagar, em 2003, de R$ 25.235,09 (vinte e cinco mil,
duzentos e trinta e cinco reais e nove centavos), superiores em R$ 3.527,18
(três mil, quinhentos e vinte e sete reais e dezoito centavos) ao do ano de
2002. O benefício fiscal em 2002 foi de R$ 3.960,00 (três mil, novecentos e
sessenta reais), o ganho com juros de R$ 175,13 (cento e setenta e cinco reais
e treze centavos), totalizando R$ 4.135,13 (quatro mil, cento e trinta e cinco
reais e treze centavos), diminuindo o aumento do imposto de renda em 2003,
no valor de R$ 3.527,18 (três mil, quinhentos e vinte e se reais e dezoito
centavos), obteve-se um ganho de R$ 607,95 (seiscentos e sete reais e
noventa e cinco centavos), ou 4,22% sobre os R$ 14.400,00 (quatorze mil e
quatrocentos reais). Se você tivesse investido esse valor em títulos públicos
federais, a taxa de 1% ao ano, durante doze meses, obteria um ganho de R$
1.826,28 (um mil, oitocentos e vinte e seis reais e vinte e oito centavos), ou três
vezes mais, sem nenhuma dor de cabeça ou acrobacias tributárias. Aí eu te
pergunto, vale a pena?
82
7.968,16 (sete mil, novecentos e sessenta e oito reais e dezesseis centavos),
ou 126% a mais. Você ainda acredita na bondade do governo? E nas
vantagens oferecidas pelas instituições financeiras?
Mas não é só isso, lembra que eu te falei que iríamos nos aprofundar sobre
outros temas a respeito da previdência privada? Então vamos lá. Ao contratar o
plano, contribuir pelo tempo estipulado e começar a fruir o benefício, certifique-
se de que existem cláusulas que garantam que, em caso de morte do
beneficiário, outro membro de sua família continue recebendo o benefício
durante algum tempo. Já imaginou se você começa a receber a aposentadoria
em um mês, no outro acontece uma fatalidade e seu fundo ficar todo para a
instituição financeira? Dá vontade de morrer de novo! O nome dado a isso,
normalmente, é de renda vitalícia com prazo mínimo garantido. Além dessa
modalidade, existe também a renda vitalícia reversível ao beneficiário, em que
caso o participante embarque dessa para a melhor, o beneficiário, seu marido
ou esposa, por exemplo, passará a receber, vitaliciamente, a aposentadoria. É
claro que, quanto maior a probabilidade de tempo que a instituição tiver que
desembolsar os benefícios, mais ela irá te cobrar por isso, afinal, não existe
mágica, não é mesmo?
83
Além disso, vivemos na era do conhecimento, onde necessitamos de
atualização constante, visto a velocidade em que as mudanças estão
ocorrendo. Acredito que precisamos desenvolver o hábito da leitura, como
verdadeiro prazer, e não uma simples obrigação do dia-a-dia.
Digo isso pois, sempre que leio algum material sobre títulos de capitalização,
principalmente aqueles que o classificam como uma modalidade de
investimento, dá vontade de rasgar meu diploma e ir plantar mandioca na
fazenda do meu pai. Vou lhe explicar as razões para essa atitude.
Você já parou para imaginar por que todos os funcionários do banco ficam lhe
oferecendo este produto? Ou como o Sílvio Santos transformou um título de
capitalização, chamado tele-sena, em uma máquina de fazer dinheiro? Então
vamos lá.
84
Mês Percentual para formação do capital
Do 1º. ao 3º. 10%
4º. 30%
Do 5º. ao 60º. 76,18%
Figura ...: percentual das parcelas pagas que formarão o capital
Observe que, nos primeiros três pagamentos, somente 10% do valor que você
realizar serão incorporados ao seu capital, no quarto mês este índice sofre um
aumento para 30%, e do quinto ao sexagésimo meses o percentual é de
76,18%. O índice de correção é o mesmo da caderneta de poupança, ou seja,
taxa referencial, ou TR, mais 6% ao ano. Proponho fazermos uma pequena
simulação, de um plano contratado em março de 2001, no valor de R$ 50,00
(cinqüenta reais) mensais, em que você já pagou 30 parcelas, para que
possamos fazer uma análise comparativa entre os desembolsos e sua
rentabilidade. Verifique o resultado na figura....:
85
Corrija-me, por favor, se eu estiver errado. Será que posso chamar de
investimento uma aplicação que, depois de trinta meses de depósitos
constantes, num total de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), converteu-se
em um saldo de R$ 1.139,41 (um mil, cento e trinta e nove reais e quarenta e
um centavos), inclusive juros? Acho que não, por isso não concordo que títulos
de capitalização sejam classificados como opção de investimento.
Nada melhor do que fazer as contas, não é mesmo? Qual o outro modo de
descobrirmos a realidade dos produtos que as instituições financeiras nos
oferecem, senão desenvolvendo os cálculos apropriados? Você aplicou R$
1.500,00 (um mil e quinhentos reais) durante dois anos e meio, precisou do
dinheiro e irá resgatar R$ 831,43 (oitocentos e trinta e um reais e quarenta e
três centavos), ou 55,4% do total depositado. Você só consegue resgatar o
valor total do capital se aguardar o prazo de 60 meses, estipulados no contrato,
e, ainda assim, no final desse período, contando com uma média da TR, você
terá desembolsado R$ 3.000,00 (três mil reais), referentes a 60 parcelas de R$
50,00 (cinqüenta reais), e reembolsará R$ 2.758,02 (dois mil, setecentos e
cinqüenta e oito reais e dois centavos), ou seja, menos do que o valor
investido, fora a inflação. Mas resta um consolo, você estará concorrendo a
sorteios de prêmios semanais, que podem chegar, no caso de um plano de R$
50,00 (cinqüenta reais) por mês, a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais). Não é maravilhoso? Você sabe quais são as probabilidades de você
ganhar esse valor? Então vamos aprofundar nossa análise.
Em cada série, são emitidos 100.000 (cem mil) títulos, numerados de 00.000 a
99.999. Ao adquirir um desses produtos, você tem um número, por exemplo,
34.910, que será sua seqüência da sorte. Toda a semana são premiados 100
títulos, com valores variados. E como acontece a apuração? Com os números
sorteados, do primeiro ao quinto prêmio, da loteria federal, extraindo-se o
último número para a formação do título premiado. Confira o exemplo na figura
....
86
Resultado da Loteria Federal
1º. Prêmio 21.451
2º. Prêmio 37.625
3º. Prêmio 16.975
4º. Prêmio 97.717
5º. Prêmio 84.254
Figura ....: Exemplo de um título sorteado
Além disso tudo, quero desenvolver mais um pequeno raciocínio com você. E
se ao invés de aplicar mensalmente em um título de capitalização, você tivesse
comprado títulos públicos, remunerados a uma taxa mensal de 1,5%, durante o
mesmo período, qual seria o valor atual do investimento? Confira na figura .....
o resultado.
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Pagt. Ano Mês Valor Juros (1,5% a.m.) Saldo
1 2001 Março R$ 50,00 R$ - R$ 50,00
2 2001 Abril R$ 50,00 R$ 0,75 R$ 100,75
3 2001 Maio R$ 50,00 R$ 1,51 R$ 152,26
4 2001 Junho R$ 50,00 R$ 2,28 R$ 204,55
5 2001 Julho R$ 50,00 R$ 3,07 R$ 257,61
6 2001 Agosto R$ 50,00 R$ 3,86 R$ 311,48
7 2001 Setembro R$ 50,00 R$ 4,67 R$ 366,15
8 2001 Outubro R$ 50,00 R$ 5,49 R$ 421,64
9 2001 Novembro R$ 50,00 R$ 6,32 R$ 477,97
10 2001 Dezembro R$ 50,00 R$ 7,17 R$ 535,14
11 2002 Janeiro R$ 50,00 R$ 8,03 R$ 593,16
12 2002 Fevereiro R$ 50,00 R$ 8,90 R$ 652,06
13 2002 Março R$ 50,00 R$ 9,78 R$ 711,84
14 2002 Abril R$ 50,00 R$ 10,68 R$ 772,52
15 2002 Maio R$ 50,00 R$ 11,59 R$ 834,11
16 2002 Junho R$ 50,00 R$ 12,51 R$ 896,62
17 2002 Julho R$ 50,00 R$ 13,45 R$ 960,07
18 2002 Agosto R$ 50,00 R$ 14,40 R$ 1.024,47
19 2002 Setembro R$ 50,00 R$ 15,37 R$ 1.089,84
20 2002 Outubro R$ 50,00 R$ 16,35 R$ 1.156,18
21 2002 Novembro R$ 50,00 R$ 17,34 R$ 1.223,53
22 2002 Dezembro R$ 50,00 R$ 18,35 R$ 1.291,88
23 2003 Janeiro R$ 50,00 R$ 19,38 R$ 1.361,26
24 2003 Fevereiro R$ 50,00 R$ 20,42 R$ 1.431,68
25 2003 Março R$ 50,00 R$ 21,48 R$ 1.503,15
26 2003 Abril R$ 50,00 R$ 22,55 R$ 1.575,70
27 2003 Maio R$ 50,00 R$ 23,64 R$ 1.649,33
28 2003 Junho R$ 50,00 R$ 24,74 R$ 1.724,07
29 2003 Julho R$ 50,00 R$ 25,86 R$ 1.799,94
30 2003 Agosto R$ 50,00 R$ 27,00 R$ 1.876,93
Total R$ 1.500,00 R$ 376,93
Figura ....: Cálculo de um investimento mensal em títulos públicos federais
Eu usei este produto do HSBC como exemplo por ser cliente do banco, e já ter
adquirido títulos de capitalização de funcionários da instituição, mas o fato é de
existem outros bem piores no mercado. É interessante notar que não o utilizei
como opção de investimento, nem com a pretensão de ser sorteado
semanalmente, mas para contribuir com as metas estipuladas pela organização
aos seus colaboradores, afinal, quem nunca precisou do gerente de seu
88
banco? Para financiar um carro, casa ou um empréstimo pessoal. Mas as
instituições financeiras são como qualquer outra empresa, que precisam
oferecer produtos lucrativos para sua sobrevivência, dependendo,
basicamente, de sua base de clientes. Por isso recomendo, não adquira títulos
de capitalização como opção de investimento, mas como moeda de troca em
seu relacionamento com a instituição financeira.
5.1.6 Consórcio
Quem nunca ouviu falar, conhece alguém que possui ou já comprou uma cota
de um consórcio? De eletrodomésticos, motocicletas, automóveis, imóveis, ou
qualquer outro bem. Até mesmo consórcio entre amigos, que formam um grupo
de poupadores mensais, normalmente para aquisição de algum produto, em
que o valor da parcela é o equivalente da divisão do valor do bem naquele mês
pelo número de participantes, e que é administrado por uma pessoa de
confiança de todos os componentes do grupo.
Refleti sobre este tema durante algum tempo e cheguei a algumas conclusões.
Primeiramente, temos que ser realistas e admitir que acompanhar o mercado
financeiro, com seus termos e variações, não é a coisa mais emocionante do
89
mundo, a não ser para quem vive disso e, além do mais, fazer contas não é o
passatempo predileto, não só dos brasileiros, mas acredito que da maioria dos
povos do mundo. Então, se alguém, representando uma grande instituição
financeira, me apresenta uma oportunidade de investimento, que ofereça
prêmios, rentabilidade superior a caderneta de poupança, supostos benefícios
fiscais ou a probabilidade de grandes ganhos, nada mais natural que ouvirmos
o canto da sereia.
Vamos fazer uma análise para aquisição de um Toyota Corolla XLi Automático,
com 60 parcelas mensais de R$ 826,36 (oitocentos e vinte e seis reais e trinta
e seis centavos), reajustáveis de acordo com a tabela de preços do fabricante,
90
que proporcionará um crédito de R$ 42.674,00 (quarenta e dois mil, seiscentos
e setenta e quatro reais) para a compra do bem.
Para quem não gosta de muita complicação, podemos fazer uma conta
simples. Multiplique o valor da parcela, de R$ 826,36 (oitocentos e vinte e seis
reais e trinta e seis centavos), por 60, que é o número de pagamentos que
serão efetuados, e obteremos a quantia de R$ 49.581,60 (quarenta e nove mil,
quinhentos e oitenta e um reais e sessenta centavos), ou R$ 6.907,60 (seis mil,
novecentos e sete reais e sessenta centavos), aproximadamente 16,2% a mais
que o valor da carta de crédito que será obtida.
91
Pagt. Valor Juros (1,3% a.m.) Saldo
1 R$ 826,36 R$ - R$ 826,36
2 R$ 826,36 R$ 10,74 R$ 1.663,46
3 R$ 826,36 R$ 21,63 R$ 2.511,45
4 R$ 826,36 R$ 32,65 R$ 3.370,46
5 R$ 826,36 R$ 43,82 R$ 4.240,63
6 R$ 826,36 R$ 55,13 R$ 5.122,12
7 R$ 826,36 R$ 66,59 R$ 6.015,07
8 R$ 826,36 R$ 78,20 R$ 6.919,62
9 R$ 826,36 R$ 89,96 R$ 7.835,94
10 R$ 826,36 R$ 101,87 R$ 8.764,17
11 R$ 826,36 R$ 113,93 R$ 9.704,46
12 R$ 826,36 R$ 126,16 R$ 10.656,98
13 R$ 826,36 R$ 138,54 R$ 11.621,88
14 R$ 826,36 R$ 151,08 R$ 12.599,32
15 R$ 826,36 R$ 163,79 R$ 13.589,47
16 R$ 826,36 R$ 176,66 R$ 14.592,50
17 R$ 826,36 R$ 189,70 R$ 15.608,56
18 R$ 826,36 R$ 202,91 R$ 16.637,83
19 R$ 826,36 R$ 216,29 R$ 17.680,48
20 R$ 826,36 R$ 229,85 R$ 18.736,69
21 R$ 826,36 R$ 243,58 R$ 19.806,63
22 R$ 826,36 R$ 257,49 R$ 20.890,47
23 R$ 826,36 R$ 271,58 R$ 21.988,41
24 R$ 826,36 R$ 285,85 R$ 23.100,62
25 R$ 826,36 R$ 300,31 R$ 24.227,29
26 R$ 826,36 R$ 314,95 R$ 25.368,60
27 R$ 826,36 R$ 329,79 R$ 26.524,75
28 R$ 826,36 R$ 344,82 R$ 27.695,93
29 R$ 826,36 R$ 360,05 R$ 28.882,34
30 R$ 826,36 R$ 375,47 R$ 30.084,17
31 R$ 826,36 R$ 391,09 R$ 31.301,63
32 R$ 826,36 R$ 406,92 R$ 32.534,91
33 R$ 826,36 R$ 422,95 R$ 33.784,22
34 R$ 826,36 R$ 439,19 R$ 35.049,78
35 R$ 826,36 R$ 455,65 R$ 36.331,78
36 R$ 826,36 R$ 472,31 R$ 37.630,46
37 R$ 826,36 R$ 489,20 R$ 38.946,01
38 R$ 826,36 R$ 506,30 R$ 40.278,67
39 R$ 826,36 R$ 523,62 R$ 41.628,65
40 R$ 826,36 R$ 541,17 R$ 42.996,19
R$ 33.054,40 R$ 9.941,79
Figura ....: Cálculo das prestações necessárias para aquisição de um carro
92
Você pode alegar que, após três anos, o valor do automóvel terá sofrido alguns
reajustes, devido à inflação, e o valor que você juntou em seus investimentos
será insuficiente para adquirir o veículo. Você me pegou? Infelizmente não! No
caso de um consórcio, suas prestações sofreriam aumentos proporcionais,
elevando o valor final desembolsado. Ou seja, se você aplicar, mensalmente, o
valor atualizado do bem, dividido pelo número de prestações equivalentes ao
plano de consórcio que você gostaria de adquirir, o resultado será o mesmo, e
a aquisição do carro, à vista, em menos de três anos e meio.
Você pode me dizer que existem algumas situações que justificam a aquisição
de um consórcio, como, por exemplo, para a compra de veículos para o
trabalho, incluindo caminhões, ônibus, máquinas ou automóveis, em que a
contemplação, principalmente por sorteio, diminui o custo de compra do
veículo, quando comparado a um financiamento. Mas como eu faço essa
conta?
Vamos voltar ao exemplo anterior. Verifique que você irá pagar 60 prestações
de R$ 826,36 (oitocentos e vinte e seis reais e trinta e seis centavos), que
totalizarão R$ 49.581,60 (quarenta e nove mil, quinhentos e oitenta e um reais
e sessenta centavos). Com isso, obteremos uma carta de crédito, para
aquisição de um automóvel, no valor de R$ 42.674,00 (quarenta e dois mil,
seiscentos e setenta e quatro reais) que, se divididas por 60, resultarão em
uma parcela de R$ 711,23 (setecentos e onze reais e vinte e três centavos),
com uma diferença de R$ 115,13 (cento e quinze reais e treze centavos) de
custos que serão pagos para a administradora. Esse valor representa um
percentual de 16,20% em cada prestação, que devem ser comparados ao
custo financeiro do financiamento. Vamos dar um exemplo?
Suponha que você tenha sido sorteado no 15º. mês após a aquisição do
consórcio, restando, ainda, 45 parcelas de R$ 826,36 (oitocentos e vinte e seis
reais e trinta e seis centavos). Se, ao invés de adquirir o consórcio, você
tivesse investido essas prestações em títulos públicos, à taxa de 1,5% ao mês,
você teria R$ 13.785,45 (treze mil, setecentos e oitenta e cinco reais e
quarenta e cinco centavos) que, diminuídos do valor da carta de crédito,
corresponderiam a R$ 28.888,55 (vinte e oito mil, oitocentos e oitenta e oito
reais e cinqüenta e cinco centavos). Optando por um financiamento, desse
valor, à taxa de 2% ao mês, em 45 prestações, o valor a ser pago seria de R$
787,85 (setecentos e oitenta e sete reais e oitenta e cinco centavos), ou seja,
R$ 38,51 (trinta e oito reais e cinqüenta e um centavos) a menos em cada
parcela, totalizando, em 45 pagamentos, a quantia de R$ 1.732,98 (um mil,
setecentos e trinta e dois reais e noventa e oito centavos). Se brincar, dá para
pagar o seguro do automóvel, não é mesmo? Quer aprender a fazer estas
contas na calculadora HP 12C, então observe:
93
Digite 45 (parcelas que faltam) e tecle ¨n¨
Digite 2 (taxa de juros) e tecle ¨i¨
Tecle PMT
Vamos supor que, no cúmulo da sorte, você seja sorteado na primeira parcela.
Quanto seria a taxa de juros equivalente ao custo do consórcio? O resultado é
de 0,51% ao mês. Como cheguei a este valor? Veja os cálculos abaixo:
94
mês. Quando as prestações do financiamento tornam-se, aproximadamente, do
mesmo valor as mensalidades do consórcio. Se você pretende dar um lance de
entrada, até o valor de 14 parcelas, ou não acredita que será contemplado
antes desse período, invista o dinheiro e faça um financiamento. Por outro lado,
se você é uma pessoa de fé, e acha que a contemplação acontecerá antes
disso, ou as taxas de juros são superiores a 2% ao mês, adquira o consórcio e
torça. Na pior das hipóteses, você conseguirá mais um passatempo.
Para termos uma idéia de valores, na época, o dinheiro que investi era
suficiente para adquirir um gol 1.6 zero quilômetro, com ar-condicionado, vidros
elétricos e direção hidráulica. Quando recebi os meus recursos de volta, não
consegui comprar, ao menos, um gol básico. Mas o pior de tudo é pensar que,
se tivesse investido esses recursos em títulos públicos desde o começo, eu
teria a quantia de R$ 184.950,14 (cento e oitenta e quatro mil, novecentos e
cinqüenta reais e quatorze centavos), ou seja, o suficiente para comprar cinco
gols e ainda sobrava troco. Quer conferir as contas comigo? Vamos lá!
95
Digite 1113 (valor da parcela) e tecle CHS e PMT
Digite 12 (número de parcelas) e tecle ¨n¨
Digite 1,5 (taxa de juros) e tecle ¨i¨
Tecle FV (valor no final de doze meses)
Tecle CHS e PV
Digite 72 (número de meses depois que parei de pagar até receber o
dinheiro) e tecle ¨n¨
Digite 1,5 (taxa de juros) e tecle ¨i¨
Tecle FV (valor no final do período)
Está vendo porque eu não gosto de consórcio? E ainda tem vendedores que
me oferecem este produto. Tem que ter muita paciência, não é mesmo? E olha
que nós nem consideramos o risco da administradora quebrar, dar o cano em
todo mundo e a gente ficar a ver navios. Observamos, apenas, os aspectos
financeiros do negócio. Espero ter contribuído para, na próxima vez que você
imaginar em adquirir um consórcio, pense duas vezes antes de tomar esta
decisão.
5.1.7 Ações
Um filósofo poderia dizer: ¨Como esse cara é burro! Nenhuma dessas frases é
de Sócrates!¨. Mas eu te pergunto: Faz alguma diferença de quem elas sejam?
O que me importa é o seu conteúdo, ou seja, o que posso aprender através de
sua análise para aplicá-la em minha vida? Isso é chamado de pragmatismo.
Depois de muitas cabeçadas, pois errar é humano, cometer o mesmo erro duas
vezes que é burrice, e analisando os motivos que me levaram a realizá-las,
desenvolvi também uma filosofia de vida. Está surpreso? Posso ter muitos
defeitos, mas nenhum pensamento me irrita mais do que imaginar que sou
burro. Vou dividir minha análise com você, deixando-o livre para concordar,
discordar ou qualquer outra atitude que queira tomar.
96
Acredito que erramos, basicamente, por dois motivos principais. O primeiro é a
ignorância, pois se não conheço todas as variáveis envolvidas em minhas
decisões, nem possuo o entendimento necessário para avaliá-las, a
probabilidade de fazer uma burrada aumenta consideravelmente. O segundo
motivo, tão importante quanto o primeiro, é a arrogância. Ao imaginar que meu
conhecimento sobre o assunto é superior ao das outras pessoas, superestimo
minha própria inteligência e capacidade, levando-me a tomar decisões que, em
uma análise mais realista, normalmente não tomaria.
Poderia escrever um livro sobre este tema, mas para que complicar, se é mais
fácil simplificar? Na verdade, em nossa vida, muitas pessoas fazem o contrário.
E depois ficam procurando meios de descomplicar o que já deveria ter sido
simples desde o princípio.
Estou lhe dizendo tudo isso para que possamos conversar sobre investimentos
em ações. Pois a cada dia vejo que, por mais que estude, leia, converse ou
acompanhe o mercado, sempre tenho que aprender alguma coisa, e já tive a
oportunidade de acompanhar, nos últimos anos, os maiores investidores terem
prejuízos decorrentes de mudanças abruptas no mercado financeiro local e
mundial.
97
Nossa empresa cresceu solidamente, e o mercado ainda apresenta
possibilidades para um desenvolvimento ainda maior. O problema é que, para
explorá-las, precisamos de recursos que não possuímos, sendo necessário
captá-los no mercado financeiro, pagando juros e correndo o risco de, em uma
mudança econômica, comprometermos a sobrevivência da organização.
98
A partir do momento que nossa empresa apresenta um desempenho positivo,
os acionistas ficam satisfeitos, despertando a cobiça de outras pessoas de
serem nossas sócias. Como a quantidade de ações é limitada, começa a
funcionar a mola-mestra do sistema capitalista, ou a mão invisível do mercado,
chamadas de oferta e procura. Se possuo alguma coisa que muitas pessoas
desejam adquirir, o seu preço aumenta, fazendo com que obtenha lucro com
sua venda, pois ela foi adquirida por um valor menor do que está sendo
negociado agora. Em caso de situação inversa, ou seja, se muitas pessoas
desejam vender as ações, e existem poucos compradores, ou interessados, o
seu valor tende a depreciar-se. A soma de todas as ações da empresa,
utilizando o preço que os investidores estão dispostos a pagar, é chamado de
¨valor de mercado¨ da organização. Esse valor é diferente de seu valor
patrimonial, que é o registrado no balanço, através do capital social
integralizado.
O que isso quer dizer? Que às vezes, a lógica do mercado é ilógica, ou seja,
mesmo que a empresa seja lucrativa e atraente, seu valor pode cair em
determinados períodos do tempo. Atualmente, podemos verificar isso da
melhor maneira possível. Com a possibilidade, e depois a concretização, da
eleição para presidente do candidato Luis Inácio Lula da Silva, os investidores
temeram pelos seus investimentos, principalmente os estrangeiros, vendendo
suas ações e procurando portos mais seguros. Com isso, papéis de empresas
como Petrobrás, Vale do Rio Doce, Telemar, entre outras, consideradas de
primeira linha, desvalorizaram-se acentuadamente, mesmo que alguma delas
tenha obtido lucros extraordinários no período.
99
Figura ....: Variação no preço das ações preferenciais da Petrobrás
100
possui, esses recursos não estão disponíveis em dinheiro, mas representados
pelo valor que ele conseguiria levantar caso vendesse suas ações no mercado
de capitais, só que isso poderia proporcionar a desvalorização desses papéis,
pois um dos motivos do seu valor é a identificação da competência de Gates à
frente da Microsoft, e a sua capacidade de guiar a empresa em seus mercados
de atuação.
101
Verificamos, então, que o mercado de capitais é uma opção de investimento
com inúmeras variáveis a influenciar seu desempenho. Então, porque correr o
risco de investir em ações? Acredito que, a partir do momento que nosso
governo conseguir realmente equilibrar as contas públicas, reduzindo as taxas
de juros pelas quais remunera os investidores em seus títulos, o caminho
natural para quem quiser uma rentabilidade maior para seus investimentos será
o mercado de capitais. Por isso devemos começar a preparação agora, para a
obtenção de um bom desempenho em nossas aplicações.
Vamos iniciar, então, por alguns princípios básicos, mas que a maioria das
pessoas esquece ou ignora. Primeiramente, devemos definir nosso objetivo
com os investimentos que faremos no mercado de capitais. Você busca
retornos de longo ou curto prazo? Se a sua resposta for a segunda opção,
então o adjetivo que melhor se aplica a você é o de ¨especulador¨, ou seja, a
pessoa que fica de olho nas oscilações do mercado, minuto a minuto,
garimpando oportunidades de acordo com os movimentos dos outros
investidores e especuladores.
102
Dentre os diversos negócios que já fiz em minha vida, fora do mercado
financeiro, lembro-me de um em especial. Eu adquiri um carro Puma, que era
um veículo cuja carroceria em fibra de vidro era montada em um chassi do
volkswagem fusca. Meus amigos me chamaram de doido, que eu havia
arrumado um casamento para toda a vida, pois seria impossível achar um
comprador para meu carro quando decidisse vendê-lo. De repente, conheci um
fabricante de caiaques, aqueles barquinhos de descer corredeiras de rios, que
me propôs adquirir o veículo, pagando em pouco em dinheiro e dois caiaques
de sua fabricação. Aceitei o negócio, pendurei os barcos na minha garagem e
comecei a procurar interessados em sua aquisição. Consegui colocá-los em
uma negociação envolvendo a compra de uma motocicleta, e ainda ganhei
dinheiro! Mas o melhor de tudo foi o aprendizado, que adquiri com a
experiência, que me ensinou que tudo pode ser vendido, desde que ao
comprador certo, com o preço justo e tempo para negociar.
103
Figura ...: Variação na cotação das ações ordinárias da Embraer
Por que estou lhe dizendo isso? Para que você aprenda a desconfiar de todas
as informações que escutar de qualquer corretor, banco ou analista de
mercado. Lembre-se, sempre, de que eles são vendedores, vivem disso,
ganham comissão e participação nos resultados e, para isso, precisam do seu
dinheiro investido no mercado. Procure, sempre que possível, informações a
respeito do desempenho das empresas, das decisões políticas, da evolução da
economia nacional e mundial, do comportamento dos investidores, e
desenvolva sua estratégia de investimento, de acordo com os ganhos que
pretenda obter e os riscos que deseja correr.
104
compradores para os seus papéis, e, mesmo que consiga, seja obrigado a
negociá-los sofrendo uma grande perda.
105
ações de segunda ou terceira linha, contratos futuros e de opções de ações,
por acreditar que minha profissão é, antes de tudo, professor, e não,
especulador, para ficar o dia inteiro em frente a um monitor, acompanhando o
sobe-e-desce do mercado para a realização de negócios. A minha estratégia
consiste, basicamente, na aquisição de ações de primeira linha, com um
objetivo de, no mínimo, dois anos. Isso não me impede de acompanhar o
movimento do mercado e, sempre que identifico um movimento de alta,
provocado pelas ações dos especuladores, vender meus papéis e esperar um
novo momento, desta vez de baixa, para voltar a comprar as ações das
empresas que confio.
É fácil? Não! Tem que ter sangue de barata? Tem! Existe mágica para saber o
melhor momento de comprar ou de vender? Não! O máximo que conseguimos
é desenvolver uma estratégia envolvendo o quanto queremos ganhar, em qual
prazo, e o risco a ser considerado. Na minha humilde opinião, o movimento de
alta constante do mercado, ocorrido em 2003, apesar de chamar a atenção e
atrair novos investidores para essa modalidade de investimento, aumenta o
risco dos negócios, quer saber porquê?
Existe uma música do Raul Seixas, que gosto muito, com a seguinte frase:
¨Quem não tem colírio, usa óculos escuros. Como Isaac Newton já dizia, se
subiu tem que descer!¨. Ou seja, se a euforia da economia contagia os
investidores, que começam a acreditar que o mercado de ações é a melhor
opção de investimento, alguns papéis tendem a disparar, gerando um
comportamento irracional, movido apenas pela ambição dos especuladores.
Esse movimento dura até o momento que alguém cai na real, e começa o
movimento inverso, de queda no mercado. Isso já aconteceu? Olhe o crash da
bolsa de Nova Iorque em 1929, o estouro da bolha da Nasdaq no final dos
anos 90, ou mesmo a oscilação da bolsa brasileira nos últimos quatro anos. Se
você entra no mercado, no começo ou no meio do movimento altista, as
possibilidades de ganho são realmente atraentes, mas se chega no fim da
festa, só lhe resta apagar as luzes e arcar com os prejuízos, por isso, observe
o movimento da bolsa e muito cuidado com seus investimentos.
106
Particularmente, meu índice predileto é o chamado ¨bom senso¨, ou seja,
ninguém possui bola de cristal para adivinhar o que irá acontecer amanhã, e
qualquer modelo, por mais bem feito que seja, não consegue me fornecer
informações precisas a esse respeito. Para mim, o melhor é analisar o preço de
mercado da empresa em relação a seu valor patrimonial, onde qualquer valor
superior a 5 vezes já me desperta suspeitas. Comparar os dividendos que ela
historicamente tem pago aos acionistas com o preço da ação na bolsa, se o
tempo de retorno for superior a 20 anos, pode começar a desconfiar, pois você
só obterá um bom retorno se a empresa se valorizar no mercado acima da
inflação. Os resultados operacionais, lucro ou prejuízo, dos últimos 3 anos,
para acompanhar sua evolução, positiva ou negativa, e os principais motivos
que possam ter afetado o seu desempenho, como, por exemplo, o mercado
cambial e seu impacto na empresa, bem como as mudanças políticas,
econômicas e de mercado.
107
Observe que, de todas as organizações apresentadas, nenhuma é considerada
uma blue chip. A ação preferencial do Banespa foi a recordista de pagamento
de dividendos no período analisado, oferecendo a seus investidores uma
remuneração de 31,75% sobre o valor do papel, se mantiver esse volume, em
menos de quatro anos o investidor recupera o capital investido na empresa.
Note, ainda, que o investimento realizado, em qualquer uma delas, retorna em
menos de seis anos, desde que os dividendos continuem constantes, além da
possibilidade de ganhos com a valorização da empresa no mercado. Daí, a
importância do acompanhamento dos resultados das organizações que você
investir o seu dinheiro.
Bolsas de valores
108
bons negócios. Algumas informações, como o ano e o modelo, se ainda é
fabricado, o custo de manutenção, a facilidade de revenda, o número de
proprietários que o veículo já teve, se é alienado, as colisões que sofreu, são
algumas variáveis que influenciam profundamente o valor de dois veículos
aparentemente iguais.
Estou dando este exemplo, bastante simples, para que possamos entender o
que são as bolsas de valores. Na verdade, são apenas locais de negociação,
para onde convergem os interesses de compradores e vendedores,
interessados na negociação de ações de empresas, buscando o aumento de
sua riqueza. Ou seja, você não compra as ações da bolsa, mas, simplesmente,
na bolsa. Elas são criadas por corretoras de valores, como associações civis,
sem fins lucrativos, e que reinvestem seus lucros no desenvolvimento da
estrutura do mercado, através de projetos que venham contribuir para o
crescimento e consolidação do mercado de ações. E por que elas fazem isso?
Pelo nobre interesse de contribuir para o desenvolvimento econômico do país?
A resposta é não! A verdade é a de que elas ganham comissões de cada
negociação realizada de compra ou venda de papéis, e operam no ambiente
propício para obtenção do lucro especulativo.
109
descendo, mas que, na média, esse é o desempenho do mercado como um
todo.
110
registrar sua oferta de compra e venda e havendo algum interessado ela
será fechada sem a sua presença.
Mercado a termo
111
expectativa positiva se concretizar, o vendedor é obrigado a entregar a
quantidade de ações no preço negociado. Em caso de desvalorização, o
comprador é que têm de pagar o preço combinado no contrato, sendo que, no
mercado, a ação está com um preço menor.
Para entrar numa posição a futuro, o investidor não paga nada. Ele apenas
deverá fazer um depósito de margem diariamente, de acordo com a flutuação
das cotações, pagar, ou receber, ajustes diários, que nada mais são do que
uma antecipação do resultado. O valor reduzido da margem permite ao
investidor assumir posições com um desembolso inicial menor, suficiente para
cobrir os seus riscos.
112
Mas o que isso quer dizer? Vamos explicar de uma maneira mais simples.
Apesar do valor da operação só ser conhecido no seu vencimento, no ato do
fechamento do contrato o valor atual do ativo já é estabelecido. Por exemplo,
negociei a venda futura, para o próximo mês, de 1000 ações preferenciais da
Petrobrás, identificadas no mercado pelo nome de PETR4, e cotadas, hoje, a
R$ 69,00 (sessenta e nove reais). Não é necessário que eu possua as 1000
ações, ou R$ 69.000,00 (sessenta e nove mil reais), mas as garantias para
honrar, diariamente, as variações que a cotação possa ter. Se, amanhã, o valor
aumentar para R$ 71,00 (setenta e um reais), é efetuada um bloqueio, na
minha conta, no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), correspondentes a
variação de R$ 2,00 (dois reais), em um negócio de 1000 ações. Se o valor cair
para R$ 67,00 (sessenta e sete reais), o bloqueio é feito na conta do
comprador, pois ele se comprometeu a me pagar R$ 69,00 (sessenta e nove
reais) na referida ação. Esses ajustes são feitos diariamente, até o vencimento
do contrato, quando é realizada a apuração final, descobrindo-se quem lucrou
ou perdeu com o negócio, mas posso realizar uma operação inversa antes
disso, saindo da aplicação, e colhendo seus resultados. Novamente, o que
tenho, é uma aposta, que posso fazer com valores menores do que os
necessários para comprar, efetivamente, as 1000 ações. Não é incrível?
O mesmo ocorre com o vendedor a futuro, que para sair de sua posição
vendedora descoberta, tem que realizar uma operação de compra a futuro, da
mesma ação, para a mesma data (operação inversa), zerando a sua posição e
apurando lucro ou prejuízo na operação.
113
Mercado de opções de ações
O nome, que é dado no mercado, para quem oferece uma opção de compra,
ou de venda, é o de lançador, que pode ser coberta, no caso de realmente
possuir os papéis que estou oferecendo, ou descoberta, onde devo possuir os
recursos necessários, depositados na corretora, para garantir o negócio.
114
exercício da opção, do que exercer o direito de compra, pagando R$ 87.500,00
(oitenta e sete mil e quinhentos reais), referentes ao prêmio, e as ações. Existe,
ainda, outra possibilidade. Imagine que a ação valorizou-se a R$ 87,00 (oitenta
e sete reais), nesse caso, é mais vantajoso para o comprador da opção exercer
o seu direito, pois diminuirá seu prejuízo, desembolsando R$ 87.500,00 (oitenta
e sete mil e quinhentos reais), e vendendo as ações por R$ 87.000,00 (oitenta
e sete mil reais), perdendo R$ 500,00 (quinhentos reais), ao invés dos R$
1.500,00 (um mil e quinhentos reais), que perderia se não tomasse essa
atitude. Novamente, percebemos que o segredo do investimento está na
realização de cálculos, e de estratégias bem elaboradas, para o incremento
dos lucros, ou a diminuição das perdas.
Vamos imaginar, agora, outra situação. Você lançou, e vendeu, a opção por R$
1,50 (um real e cinqüenta centavos), pois a tendência do mercado era de alta,
com a possibilidade da ação romper a cotação de R$ 86,00 (oitenta e seis
reais). De repente, sem nenhum aviso, os investidores acreditam que está na
hora de realizarem seus lucros, ou seja, venderem os papéis, que adquiriram
por um valor menor, e apurarem seus ganhos. Sabemos que, sempre que a
ponta vendedora é maior que a compradora, a tendência é de queda,
invertendo a situação. Com isso, a opção, que chegou a ser negociada a quase
R$ 2,00 (dois reais), com você se lamentando por ter vendido a R$ 1,50 (um e
cinqüenta reais), cai para R$ 0,07 (sete centavos). O que pode ser feito?
Compre uma opção de compra, na mesma quantidade de ações que vendeu,
pela nova cotação, e apure um ganho de R$ 1,43 (um real e quarenta e três
centavos), pois, mesmo que a tendência se inverta novamente, e o seu
comprador exerça a opção, você, também, poderá exercer a que comprou, no
mesmo valor da ação, pagando menos pela opção.
115
centavos), para os portadores de ações da empresa. A partir da data
combinada para a verificação de quem são os proprietários das ações, como o
dia 19 de novembro de 2003, no outro dia elas já são negociadas, no mercado
de opções, como ¨ex-dividendos¨, ou seja, se você lançar uma opção de
compra, com o código PETRL70, que significa que você se comprometeu a
vender ações preferenciais da Petrobrás, em dezembro, por R$ 70,00 (setenta
reais), e elas forem exercidas, o comprador pagará R$ 67,55 (sessenta e sete
reais e cinqüenta e cinco centavos), que é o valor combinado, menos os
dividendos que as ações pagaram no período, mesmo que não tenha sido você
que recebeu. Sabe como eu aprendi? Depois que fiz um negócio e não ganhei
o quanto eu esperava, lucrando, somente, a experiência, e o aprendizado. Pelo
menos não tive prejuízo, o que já é uma grande coisa.
Existem especuladores, até mesmo em minha cidade, que ficam o dia inteiro
de olho em monitores, acompanhando o comportamento do mercado
financeiro, e emitindo ordens de compra e venda de opções de ações, em
operações chamadas de ¨intraday¨, ou, mesmo dia. Às vezes, quando vou a
sala de ações da corretora que me atende, que é pequena, vejo sempre cinco
ou seis investidores, discutindo estratégias de negócios, as tendências dos
mercados mundiais e realizando suas apostas, se é que posso chamar assim.
É um clima interessante, com uma televisão ligada, constantemente, em um
canal de notícias financeiras, o Bloomberg, se não me engano, e jornais de
negócios, como Gazeta Mercantil, e Valor Econômico, juntamente com
relatórios com análises do mercado, disponibilizados, nas mesas, para os
clientes, com dois operadores para transmitirem as ordens de compra ou
venda, de qualquer ativo negociado na bolsa de valores. Me policio
constantemente, para não me deixar levar pela emoção do negócio, pois a
possibilidade de vício, mesmo negada por todos, é muito maior do que
realmente admitimos, como em todo jogo.
116
seguro de vida, por exemplo. Afinal, como disse Benjamin Franklin, as únicas
certezas da vida são a morte e os impostos.
Acredito que o seguro não deva ser visto como um investimento, mas como
uma maneira de diminuir os riscos de suas aplicações, ou patrimônio, dos
imprevistos que a vida nos reserva. Em algumas situações, prefiro correr o
risco de não possuí-lo, por achar que é uma despesa que proporciona uma
melhor rentabilidade investida no mercado financeiro. Vamos explicar melhor.
Imagine que uma pessoa trabalhou vários meses, ou anos, para adquirir um
automóvel, e ele é o maior patrimônio que ela possui. Em caso de um acidente,
furto ou roubo, o impacto nas finanças pessoais é tremendo, ainda maior se o
veículo foi financiado. Nesse caso, possuir seguro é uma condição
imprescindível.
Mas, sempre que me perguntam, qual o veículo ideal para cada pessoa,
respondo que carro não é investimento, mas bem de consumo, e que, em
minha opinião, seu valor não pode representar mais do que 15% dos seus
investimentos. Quer ter um carro de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais)?
Construa, primeiro, um conjunto de investimentos de, pelo menos, R$
500.000,00 (quinhentos mil reais). Note que não me refiro a patrimônio, pois se
minha residência está avaliada em R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil
reais), ela não me proporciona nenhuma receita, somente despesas.
117
Ao final da graduação, conseguiu arranjar uma colocação ainda melhor, e
passou a receber quase vinte salários mínimos, e ainda não sobrava dinheiro.
Carro novo financiado, lote à prestação, compras no cartão de crédito,
utilização do limite do cheque especial, são algumas das despesas que faziam
parte de seu fluxo de caixa.
Note que, em nenhum momento, estou afirmando que você deva abrir mão de
seus sonhos, mas, simplesmente, planejar para que seus sonhos aconteçam, e
não se transformem em pesadelos. Eu só consegui esta transformação depois
de passar por problemas financeiros profundos, que me aconteceram e que
ainda me afetarão por muitos anos, para mudar a idéia que tinha das coisas.
Existe um ditado popular que afirma que se conselho fosse bom, não era dado,
e sim vendido. Se você está lendo este livro, então estes conselhos não são de
graça, pois ele teve um custo. Por outro lado, costumo usar um exemplo em
sala de aula que, se não é o melhor, foi o que passei a utilizar em minha vida.
Imagine-se em uma guerra, daquelas que assistimos em vários filmes
americanos, e presenciou um soldado, que nem era seu conhecido, tropeçar
em um fio, que é ligado a uma bomba, e boom, explodiu. Você não precisou
explodir para aprender a ter mais cuidado e olhar melhor por onde anda, pois
corre o mesmo risco que ele. Eu explodi, por sorte sobrevivi, mesmo que com
algumas seqüelas, mas aprendi com a experiência, que é o mais importante, e
estou tentando compartilhar este aprendizado, para que outras pessoas não
precisem passar por tudo aquilo que sofri.
É lógico que, para a maioria das pessoas, esta situação não é fácil de ser
alcançada. Poupar cem mil reais, resistindo às tentações consumistas, e
possuindo um carro de, no máximo, quinze mil, não é uma tarefa fácil, mas é a
sua realização que diferencia as pessoas que possuem resultados em seus
investimentos a longo prazo, daquelas que estão sempre com a corda no
pescoço.
Então eu recomendo que, enquanto você não consegue enquadrar seu carro,
moto, lancha e jet ski nessa condição, ou seja, de representarem, somados, no
máximo 20% dos seus investimentos, continue a adquirir seguros. Na hora que
118
alcançar este objetivo, não precisa renová-los, pois se perder, mesmo que
totalmente, qualquer um desses bens, o impacto será dolorido, mas não o
levará à falência.
Mas aqui vai outra recomendação, não adianta não fazer o seguro e gastar o
dinheiro. É necessário que os recursos que seriam gastos sejam direcionados
para investimentos, para que você não seja surpreendido em um momento de
imprevisto, e fique sem ambos, o carro e a grana, e ainda jogue a culpa em
mim.
119
quantia de recursos, além da probabilidade de roubo, o seguro, de todos eles,
ficavam em valores superiores a 10%, chegando, até mesmo, a quase 20%, no
caso da S-10 e do Golf, do seu valor de mercado. Sendo assim, decidimos que,
ao invés da aquisição da apólice de seguro para cada veículo, investiríamos,
mês a mês, os valores referentes as parcelas em um fundo de investimento em
nome de nosso pai, que seria utilizado para o pagamento de qualquer sinistro
envolvendo os carros de nossa família. Nós poupávamos o equivalente ao
valor de um dos carros a cada dois anos, ou seja, o investimento cobria o risco
de perder metade de um carro por ano. O acordo durou dois anos, um dos
carros sofreu um pequeno acidente, e juntamos uma boa reserva, que foi
dividida, pois meus irmãos decidiram se mudar para o Japão.
Não concorda comigo? Pois vou lhe dar outro exemplo, desta vez com um
plano de saúde. Novamente vou utilizar minha família, mas você pode adaptá-
lo a sua realidade sem nenhum problema.
Meu pai está, atualmente, com sessenta e sete anos, minha mãe com
cinqüenta e dois, eu tenho trinta e três e minha filha treze. Durante muitos anos
nenhum de nós apresentou qualquer problema de saúde, até que, no ano
passado, minha mãe começou a não se sentir bem, e teve que procurar
diversos especialistas, realizando exames para o coração, pulmões e rins,
todos pagos em dinheiro, pois não possuímos nenhum plano de saúde. Depois
disso, procurei uma cooperativa de saúde, talvez a mais conhecida do Brasil,
para fazer um orçamento e verificar a viabilidade de contratar um plano para
nossa família, veja os preços que consegui:
Modalidade Preço
Homem de 33 e filha de 13 anos R$ 150,00
Homem de 33, filha de 13 e mãe de 52 anos R$ 270,00
Homem de 33, filha de 13, mãe de 52 e pai de 67 anos R$ 410,00
Figura....: Orçamento para aquisição de um plano de saúde
É preciso salientar que, para a contratação do plano para meus pais, eles
deveriam se submeter a uma bateria de exames, sendo que, qualquer
problema pré-existente, estaria isento de cobertura pelo plano. Os preços
acima referem-se a acomodações em enfermaria, sendo que em apartamento
o valor a ser cobrado é maior.
120
Como tenho o hábito de fazer contas, construí os seguintes cenários,
imaginando aplicações com taxa de juros mensais de 1%:
Você é adepto de planos de saúde? Está em dúvida do que fazer? Vou lhe dar
o meu conselho, segui-lo, é escolha sua. Enquanto não possuir uma reserva
substancial de recursos investidos, equivalentes a, pelo menos, vinte meses de
salário, que garantam uma certa tranqüilidade em momentos de imprevistos,
continue usuário desses produtos. A partir daí, já não considero vantajoso, e
prefiro correr o risco a desembolsar um recurso que não volta mais.
121
mínima para ele, e lhe pergunta se existe alguma chance de ser correspondido,
e a resposta é não. Em seguida, refaz a pergunta, desta vez diminuindo a
probabilidade, de uma para mil, e a resposta continua negativa. Nova tentativa,
de uma para cem mil, e outra resposta negativa. Finalmente, pergunta se existe
uma chance em um milhão, a garota pensa um pouco e responde que, nesse
caso, existe uma chance. Ele sai dando pulos de alegria, pois existe uma
probabilidade, mesmo que remotíssima, de ser correspondido.
Este risco pode ser maior ou menor. Ao contratar um plano de saúde, você
está tentando anulá-lo, mesmo sabendo que podem acontecer dissabores,
como estamos cansados de ouvir falar, da empresa negar-se a efetuar o
pagamento do tratamento, com uma série de alegações. Isso é um risco. Por
outro lado, ao construir uma reserva de recursos, investidos não para esse fim,
mas podendo ser utilizados, em caso de necessidade, é também uma tentativa
de diminuir esse risco. A única coisa que não podemos fazer é ficarmos na
chuva, sem plano e sem recursos, pois aí seremos uma presa fácil da vida e
dos imprevistos que ela nos reserva.
122
No decorrer dos séculos, sempre surgem momentos em que alguma mudança
tecnológica, política, demográfica ou econômica, faz a riqueza de alguns, e a
pobreza de muitos. As navegações, a exploração de ouro nas Américas, a
revolução industrial, as bolsas de valores, a revolução da Internet, são alguns
exemplos que a maioria das pessoas conhecem.
123
Como já disse neste livro, a perda da inocência, muitas vezes, não é uma coisa
boa. Passamos a desconfiar de tudo e de todos, imaginando se não seremos
vítimas de uma nova situação que traga-nos resultados desagradáveis. Em
meu caso, os problemas financeiros que atravessei mostraram-me, da maneira
mais clara possível, que o tratamento das pessoas quando você tem dinheiro é
um, e quando está quebrado, é outro, portanto, não existe mágica, é tudo uma
questão de receita e despesa, lucro ou prejuízo, déficit ou superávit, o resto é
conversa para boi dormir.
Estou dizendo isso para que possamos entender a lógica dos negócios em que
investimos. Qual era a lógica do investimento da empresa Boi Gordo? Você
colocava seus recursos em dinheiro, que eram transformados em arrobas de
gado bovino, após certo tempo, equivalente ao período de crescimento e
engorda dos animais, a quantidade de arrobas aumentava, sendo vendidas a
preço de mercado, proporcionando ganhos aos investidores. Na verdade, a sua
idéia é muita parecida com um fundo de investimentos, só que os ativos, neste
caso, eram os bois.
124
processo, a pesagem das carcaças dos animais, chamados de traseiros e
dianteiros, para posterior recebimento.
125
1. Risco financeiro: enquanto os investidores confiam na instituição,
colocam seu dinheiro e recomendam a outras pessoas que façam o
mesmo, existe um círculo virtuoso que garante um fluxo de caixa robusto
para a empresa, permitindo que a saída de alguns seja garantida pela
entrada de outros, sem maiores problemas financeiros. A partir do
momento que a organização utilizou recursos em outros investimentos
de menor liquidez, em comparação com o gado bovino, como
frigoríficos, e a situação econômica muda, fazendo com que os
aplicadores não renovem seus investimentos, a empresa corre o risco
de não possuir capacidade financeira para liquidar seus compromissos,
caminhando para a insolvência, como realmente aconteceu.
2. Risco de mercado: existe um ditado popular, muito conhecido, que diz
¨cada macaco no seu galho¨, ou seja, cada um deve fazer aquilo que
entende. Isso quer dizer que cada negócio possui uma dinâmica própria,
expressada pelos seus fornecedores, credores e clientes, que reagem
de modo diferente a cada mudança do mercado. Se a cotação da carne
caísse, o prejuízo seria do investidor, e a empresa continuaria
recebendo sua taxa de administração normalmente, já se as taxas de
inadimplência do frigorífico aumentassem, a venda da carne caísse, ou
qualquer outro fator que o empurrasse ao prejuízo, este resultado seria
bancado pela empresa, além dessas notícias influenciarem a opinião
dos investidores a respeito dos outros negócios da organização.
3. Risco operacional: ao vender seu gado para o abate em suas próprias
unidades, a empresa pode ceder a tentação de ¨caprichar¨ um pouco
mais na limpeza do animal, diminuindo seu peso e, conseqüentemente,
a remuneração do investidor, prejudicando seu negócio principal.
Tenho que deixar claro que administrar empresas no Brasil é uma tarefa sobre-
humana, que exige, além de competência e conhecimento, um pouco de sorte.
Nos últimos nove anos, fomos submetidos a uma série de crises, como as do
México, Ásia, Rússia, ataque especulativo contra o Real e sua posterior
desvalorização, racionamento de energia, quebra da Argentina, atentados
terroristas nos Estados Unidos e eleição presidencial de 2002, para citar as
mais famosas, e que afetaram profundamente a nossa economia.
126
de pagamento. A partir do momento que atrasa o primeiro, a notícia corre como
um rastilho de pólvora, ocorrendo o chamado ¨efeito manada¨, ou seja, cada
um querendo salvar o puder, antes que a empresa quebre, acelerando, ainda
mais, esse processo. O restante é história, e todo mundo conhece.
Contei tudo isso para que possamos voltar ao exemplo das avestruzes. A
empresa oferece um negócio, como meu pai dizia, da China, comprovado por
diversas informações, como a figura abaixo:
Avestruz Boi
Vida reprodutiva 40 anos 12 anos
Incubação/gestação 42 dias 270 dias
Tempo de engorda 12 meses 24 a 36 meses
Carne 240 Kg/2 anos
Um casal de avestruzes vai produzir 1.350 Kg/ano Regime de pasto
30 avestruzes x 45 kg de carne
Couro – 30 avestruzes 30,9 m²/ano 3 m² ano
Plumas – 30 avestruzes 30 kg/ano -
Espaço para criação 2.000 m² p/ 25 cabeças 1 hectare/cabeça
Figura .....: Características dos animais
Mas isso não é tudo, o material promocional diz, ainda, que o quilo da carne é
comercializado, no Brasil, por preços que variam de R$ 60,00 (sessenta reais)
a R$ 80,00 (oitenta reais). Se um casal produz 30 avestruzes, que geram 45
quilos de carne cada, vendidos a esse preço, receberei R$ 94.500,00 (noventa
e quatro mil e quinhentos reais) no período de um ano, se o casal custa R$
24.000,00 (vinte e quatro mil reais), terei obtido um lucro de R$ 70.500,00
(setenta mil e quinhentos reais), ou 294%, não é incrível? E ainda não
contamos o couro, as plumas, e os ovos, que não eclodiram, e que podem ser
utilizados para artesanato! Fala sério!
127
Filhotes de 90
27,78% em
dias, com
R$ 1.680,00 R$ 2.146,70 R$ 466,70 três meses, ou
recompra em 90 9,26% ao mês
dias
Filhote de 90 dias, 16,24% em
com recompra em dois meses,
R$ 1.680,00 R$ 1.952,83 R$ 272,83
60 dias ou 8,12% ao
mês
Casal 1ª. postura, 61,7% em
recompra em 7 sete meses,
R$14.100,00 R$ 22.800,00 R$ 8.700,00
meses ou 8,81% ao
mês
Trio 1ª. postura, 55,94% em
recompra em 7 sete meses,
R$ 23.150,00 R$ 36.100,00 R$ 12.950,00
meses ou 7,99% ao
mês
Figura ...: Alternativas para aquisição de avestruzes
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comprador não me pareceu bastante agradável, pois o poder está todo em
suas mãos.
Não pude deixar de pensar que, em um país onde as instituições que são
fiscalizadas, como consórcios, por exemplo, vivem dando prejuízo aos
investidores, imagine as que são baseadas, apenas, na honestidade de seus
donos. Tem que possuir muita fé no ser humano e nas pessoas para colocar
seu dinheiro ali, ou muita ambição, que também serve como motivação.
Como dizemos em minha terra, matutei por alguns dias e, finalmente, acredito
que encontrei a resposta. O negócio, por enquanto, não era a criação, a
engorda e o abate dos animais, mas, simplesmente, a sua venda. Uma pessoa
comum não sabe qual o custo de aquisição das avestruzes, somente o preço
que a empresa vendia. Por exemplo, enquanto o investidor adquire um casal
de avestruzes, com idade entre 30 a 36 meses, por R$ 24.000,00 (vinte e
quatro mil reais), a organização poderia tê-los importado pela metade desse
valor, obtendo o seu lucro com essa operação.
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Mas tem um problema. Com o compromisso de recompra, o dinheiro do lucro
do investidor tem que vir de algum lugar. Como as aves ainda não são
abatidas, esses recursos tem que vir do lucro que foi obtido com a venda dos
animais, pois não existe outra fonte de receita, não é mesmo? Além disso,
esses sobra, se realmente existe, precisa custear os custos, as despesas e os
investimentos que a empresa está efetuando, além dos aplicadores.
Outra fonte de receita seriam os filhotes das aves da empresa, vendidos, com
noventa dias, ao valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) cada, mas,
mesmo nesse caso, existe o compromisso de recompra, caracterizando a
mesma situação de origem dos recursos para o pagamento dos lucros dos
investidores.
Quero deixar claro que não tenho nada contra os empreendedores deste
negócio, e que espero que ganhem muito dinheiro, fiquem ricos juntos com
seus clientes, gerem emprego, renda, tributos, e todos os benefícios vinculados
a qualquer empresa de sucesso. Simplesmente não concordo em colocar meu
dinheiro em um investimento que considero com um risco maior do que posso
suportar, mesmo com taxas de retorno extremamente atrativas.
6.1.10 Imóveis
130
Meu pai sempre afirmava que, na primeira oportunidade, construiria nossa
casa, do jeito que ele sempre sonhara. Para mim, na verdade, não fazia muita
diferença, pois não possuía, ainda, o entendimento necessário para diferenciar
uma casa própria de uma alugada, o que importava era ter um lugar para
chamar de lar.
Passaram-se os anos e meu pai conseguiu, realmente, construir a casa que ele
desejava, com três quartos, sendo uma suíte, banheiros, sala, copa, cozinha,
garagem e uma área de lazer para os filhos, em um bairro próximo onde já
morávamos anteriormente, dava para ver que ele sentia-se realizado.
Estou dando esse exemplo porque acredito que se encaixa com a maioria das
famílias brasileiras, que é o sonho de possuir a casa própria. Note que isso é
um ¨sonho¨, e que algumas vezes transforma-se em um pesadelo. Não é por
outro motivo que o Sílvio Santos, em seus programas, sempre oferece, entre
os prêmios, casas para os participantes, ou várias empresas, quando querem
aumentar ou promover suas vendas, façam o mesmo. O único problema é que,
pelo fato de ser sonho, ele associa-se ao nosso lado emocional, impedindo que
a racionalidade ajude a, algumas vezes, tomar a melhor decisão.
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de 1,5% ao mês, em 20 anos, para o financiamento, e o aluguel com várias
taxas sobre seu valor de mercado, considerando um imóvel de R$ 70.000,00
(setenta mil reais).
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para seus clientes. Foram realizados diversos leilões, em que os bancos
garantiam aos investidores contratos de aluguel de 10 anos, renováveis por
mais 10, com uma taxa próxima a 0,5% ao mês. Por exemplo, por um imóvel
de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), a instituição pagaria R$ 3.000,00 (três
mil reais) por mês de aluguel, uma mixaria, não é mesmo? Será que alguém se
interessaria por um negócio assim? Pois houveram imóveis que foram
vendidos até por, aproximadamente, 80% do lance mínimo inicial, sendo que o
valor do aluguel continuava o mesmo, diminuindo, ainda mais, a rentabilidade
do investimento. A única resposta para uma aplicação como esta é que o
investidor espera, além do aluguel, uma valorização do imóvel, principalmente
por se tratar de um estabelecimento comercial.
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já estava oferecendo, propondo o parcelamento do pagamento. A primeira
proposta foi de uma entrada de 20% do valor do imóvel, mais vinte e quatro
parcelas, com juros de 1% ao mês, mais INCC, ou índice nacional da
construção civil, calculado pela Fundação Getúlio Vargas e que mede a
variação nos preços dos insumos deste mercado. Avisamos que não
estávamos dispostos a pagar nenhum centavo de juros, pois o comprador
possuía recursos para efetuar o pagamento no ato da compra, e solicitamos
propostas de parcelamento do valor de R$ 74.000,00 (setenta e quatro mil
reais).
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90.000,00 (noventa mil reais). Utilizando este valor como base, vamos analisar
a rentabilidade do investimento com o pagamento à vista e parcelado.
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títulos públicos, que naquela época proporcionava um rendimento líquido de
1,6% ao mês, o resultado, após dois anos, seria de um montante de R$
105.385,65 (cento e cinco mil, trezentos e oitenta e cinco reais, e sessenta e
cinco centavos), sem contar que o resgate dos títulos pode ser efetuado todas
as quartas-feiras, com excelente liquidez. A diferença de quem faz um bom
negócio eventual, para uma pessoa que fica realmente rica, é conseguir
maximizar a rentabilidade que obtêm dos investimentos que faz. Não podemos
deixar de mostrar que, em janeiro de 2003, a rentabilidade dos títulos caiu para
1,13% ao mês, com tendência de diminuir ainda mais. Mas a análise ainda é
simples. Compare a retorno mensal líquido dos investimentos do mercado
financeiro com a aquisição do imóvel, conforme fizemos acima, e tome sua
decisão.
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29.500,00 (vinte e nove mil e quinhentos reais), em um imóvel de preço mínimo
de R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais), ou seja, um ágio de 5,36%. Você pode
perguntar o porque de não arredondar logo para 5%, mas foi essa pequena
diferença que garantiu a vitória para minha amiga, ou seja, a maioria das
pessoas que conheço tem o costume de arredondar os números, e essa foi a
estratégia vencedora.
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de caixa, constituídas pelo aluguel e a venda do imóvel depois de cinco anos e
meio. Algumas teclas da calculadora possuem, até mesmo, três funções,
identificadas pelas cores branca, laranja e azul. Ao selecionarmos a tecla ¨f¨,
estamos informando que utilizaremos as funções descritas pela cor laranja, e a
tecla ¨g¨ é responsável pelas funções azuis, fora isso, são utilizadas as funções
brancas, que não precisam ser selecionadas.
Vamos, agora, para outra hipótese. E se minha amiga considerasse o valor que
ela pagaria de aluguel, quanto esse dinheiro representaria ao final de cinco
anos e meio, considerando os mesmos valores utilizados para a rentabilidade
do imóvel? Observe o resultado na figura ....
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próprio, do ponto de vista do retorno do investimento, seria melhor pagar
aluguel e aplicar o dinheiro em oportunidades no mercado financeiro, neste
exemplo da minha amiga.
Estou lhe dando estes exemplos para análise, mas na verdade, o que desejo
realmente, não é que você aplique-os literalmente nos negócios imobiliários
que for realizar, mas que adapte o raciocínio para cada situação que aparecer.
O mercado imobiliário oferece, a cada dia, uma gama maior de produtos para
investimentos, como flats, apartamentos em hotéis, fundos imobiliários, e
condomínios fechados, além dos tradicionais apartamentos, casas, lojas, lotes,
áreas, galpões, armazéns, galerias, lojas em shopping e escritórios. Pense
sempre no modelo de fluxo de caixa, onde a aquisição, reforma, impostos
iniciais, escritura e outros gastos que podem aparecer são os desembolsos, e
os aluguéis, juntamente com o valor de venda do imóvel, depois de
determinado período, correspondem as entradas de caixa.
Conheço várias pessoas que deixam de realizar bons negócios por apego a
seus imóveis, tratando-os como membros ¨honorários¨ de sua família. Lembro-
me de um ex-patrão, extremamente inteligente, e muito rico, conversando com
um amigo em seu escritório, em uma cena que tive a oportunidade de
presenciar. Naquela ocasião, ele afirmou que ¨tudo que é seu, eu compro, e
tudo que é meu, eu vendo¨, não sei se é ele o autor da frase, mas fiquei
pensando sobre o seu significado e aprendi com ele que o importante, em se
tratando de negócios, é ganhar dinheiro, e, normalmente, nosso lado afetivo
não costuma ser um bom conselheiro em assuntos financeiros.
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instalada. Procure as avenidas, e, principalmente, qual será o trajeto da
linha de ônibus, que proporcionam uma maior valorização do imóvel;
2. Em caso de apartamentos na planta, verifique se o empreendimento
possui seguro de obra, ou seja, se a construtora quebrar, outra assume
sem nenhum ônus para o investidor. Em um país que a maior empresa
deste segmento quebrou, deixando um monte de gente a ver navios,
cuidado nunca é demais;
3. Verifique nos cartórios se os imóveis não estão penhorados ou em litígio
judicial, ou se os proprietários possuem as certidões negativas de débito
fornecidas pelo cartório local;
4. Visite o órgão responsável pelo planejamento de sua cidade, estude as
áreas que sofrerão mudanças drásticas com obras públicas, como
saneamento, avenidas, hospitais ou escolas, dentro do prazo que está
disposto a investir, e procure imóveis nestas regiões;
5. Fique de olho em leilões de imóveis recebidos como pagamento de
dívidas por instituições financeiras, você pode encontrar boas
oportunidades de negócios nestes eventos;
6. Acompanhe os editais de leilões da CEF, visite os imóveis, faça uma
avaliação e ofereça seu lance, na pior das hipóteses, você vai perder um
pouco do seu tempo, mas ganhará o aprendizado com a experiência;
7. Não confie, somente, na avaliação dos corretores. Converse com
vizinhos, síndicos, porteiros, pergunte se alguém vendeu algum imóvel
naquela região recentemente, quem foi o comprador, quanto pagou, ou
qualquer outra informação que possa lhe ajudar na avaliação do
investimento que irá realizar.
Essas são apenas algumas dicas. Se você quer saber mais sobre
investimentos em imóveis, leia Seu Imóvel, de Mauro Halfeld, onde ele
apresenta uma série de observações sobre as vantagens e desvantagens em
cada modalidade de investimentos imobiliários, e lembre-se, conhecimento
nunca é demais.
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6 Conclusão
Não acredito que a quantidade de dinheiro que cada um possui possa
influenciar em seu caráter, ou justificar suas atitudes. Cada um constrói a sua
história, deixando boas ou más lembranças nas pessoas que tiveram a
oportunidade de cruzar em seu caminho.
Não existe fórmula mágica, ou atalho, para quem deseja ser ético, praticar a
honestidade e contribuir para o avanço da sociedade. Não há nada de errado
em ter dinheiro, mas lembre-se: dinheiro é um meio, não um fim. Devo buscar
conquistá-lo para que, através dele, melhore a qualidade de vida de quem amo,
e contribua com aqueles que necessitam. Se pensar que dinheiro é um fim,
serei capaz de qualquer coisa para tê-lo, e esse é o primeiro passo para a
infelicidade.
Finalmente, digo-lhe a palavra final: não enriqueça com a pobreza dos outros.
Lute para que todos tenham condições dignas de sobrevivência, ensine,
compartilhe seus conhecimentos, socialize suas experiências, pois, somente
assim, construiremos um lugar melhor para nós e nossos filhos. Boa sorte!!!
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Contatos:
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Leituras Recomendadas
KIYOSAKI, Robert T.; LECHTER, Sharon L. Pai rico, pai pobre. São Paulo: Ed.
Campus. 2000.
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