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Resumo

sobre tetracordes na Música Clássica Grega



•  O fundamento da organização do espaço de alturas da música grega era o tetracorde que consistia numa sequencia
descendente de quatro notas limitadas ao intervalo de uma quarta justa entre duas alturas fixas.

•  Dentro da quarta os intervalos entre as quatro notas eram variáveis e definidos por três modalidades ou genera
(generos):o gênero enarmônico, o cromático e o diatônico.

•  O tetracorde enarmônico possuía um intervalo de dítono (dois tons) e dois de quarto-de-tom.

•  O tetracorde cromático era formado por um intervalo de semiditono (tom e meio) e dois intervalos de semitom;

•  O tetracorde diatônico variava de acordo com a posição do semitom, formando os subtipos dórico (semitom na base,
de origem grega), frígio (semitom no centro, de origem asiática), e lídio (semitom no alto).

¼ de tom
•  A justaposição de dois tetracordes formava uma harmonia — não no sentido atual de sons simultâneos ou
campo tonal. Os tetracordes podiam, assim, ser conjuntos, se eles tivessem uma nota em comum (por
exemplo ré-la e la-mi), ou, se eram independentes, disjuntos (ré-la e sol-ré). Ao se adicionar a uma harmonia
disjunta um tetracorde conjunto no topo, um outro também conjunto abaixo, e sob este uma nota exedente
mais grave (proslambanómenos), criava-se o sistema téleion, ou perfeito, abrangendo duas oitavas inteiras.

•  características do Sistema teleion, ou Perfeito:

–  ocorre pela fusão do sistema perfeito maior (systema teleion meizon) com o sistema perfeito menor (systema
teleion elation);

•  sistema perfeito maior (systema teleion meizon)

–  constituído por 4 tetracordes: hyperbolain (o tetracorde das notas extremas), diezeugmenon (o da disjunção ou
separação), meson (o do meio) e hypaton (o último), mais a nota proslambanomenos (a nota mais grave)

•  sistema perfeito menor (systema teleion elation)

–  constituído por 3 tetracordes: synemmenon (tetracorde adicional com o correspondente ao atual sib), meson e
hypaton) mais a nota proslambanomenos (total de uma oitava e meia)
Sistema Perfeito Maior
systema teleion meizon

diezeugm
enon

hyperbola proslamba
in nomenos
meson

hypaton
Sistema Perfeito Menor
systema teleion elation

diezeugm
enon

hyperbola proslamba
in nomenos
meson

synemme
non
hypaton
Sistema Perfeito Imutável
systema teleion ametabolon

diezeugm
enon

hyperbola proslamba
in nomenos
meson

synemme
non
hypaton
Sistema Perfeito Maior
systema teleion meizon

diezeugm
enon

hyperbola proslamba
in nomenos
meson

synemme
non
hypaton
Grande sistema perfeito
(systema teleion ametabolon)
•  Características:

– possui ambivalência para notas b e b♭; sua leitura se dá por inflexão cromática de b (exceto
o B grave do sistema).

•  sistema perfeito maior (systema teleion meizon)

– seu tetracorde diezeugmenon (b-c-d-e) fornece um b durum (natural) OBS: b durum é


possível desde que evite um trítono melódico com f

•  sistema perfeito menor (systema teleion elation)

– seu tetracorde synemmenon (a-b♭-c-d) fornece um b molle (bemol)


OBS: b molle é possível desde que evite um trítono melódico com e
Bibliografia

v Bent, M. Counterpoint, Composition and Musica ficta. N.Y.: Routledge,


2002;

v Berger K. The Expanding Universe of Musica ficta in Theory from 1300 to


1550, The Journal of Musicology, Vol. 4, p. 410, 1985;

v Routley, N. A Practical Guide to ‘musica ficta’, EM, Vol. 13, p. 59, 1985

Hexacordes

Sistema de leitura criado por Guido d’Arezzo no século XI e apresentado em uma carta (Epistola de
ignoto cantu) endereçada ao monge beneditino, Michael.

Para que os servos possam, com suas vozes soltas, ressoar as maravilhas de vossos atos, limpa a
culpa do lábio manchado, ó São João!
Sistema de hexacordes, vigente no século XVI:
•  Sistema de seis graus diatônicos que é a base de toda a solmização guidoniana, foi utilizada para o
ensino e prática da música europeia durante mais de seis séculos até o Renascimento no século XVI.

•  Neste sistema a leitura das alturas não tem nomes fixos e uma de suas características é a entonação do
semitom sempre com silabas “mi – fá”.

O sistema hexacordal apresenta três tipos:

•  O hexacorde natural que parte de C (ut) que é nosso atual dó l;


•  O hexacorde mole que se inicia sobre F (fá 1 moderno).
•  O hexacorde duro que se inicia pela nota grave G da notação alfabética (nosso atual sol 1);

Tipos de hexacorde:
Solmização

•  Solmização é o processo de assinalar nomes às notas de acordo com o seu posicionamento no hexacorde.

•  Mutação: Para se alcançar toda a gama de notas diatônicas são realizadas mudanças (mutação) como as indicadas
mais à frente. Deste modo numa linha melódica em que o âmbito é maior que uma sexta é necessário mudar de
hexacorde (Mutação). Não há uma sílaba para indicar nome para o moderno ‘si’. O sib sempre é entoado como Fá
pela utilização do hexacorde mole e o si ♮ (sempre entoado como Mi) é alcançado com o hexacorde duro.

•  Os hexacordes são repetidos em uma sequência sobreposta que cobrem uma tessitura entre G e ee’’, o que
constitui o que foi conhecido como gamut.

•  O sistema de hexacordes é o predecessor do nosso sistema de solfejo (sol-fa), possuindo somente seis nomes de
notas ao invés de sete, uma diferença crucial para o seu entendimento e uso.
A mutação de hexacorde

•  Se a frase exceder a extensão de um hexacorde é necessário “mutar” para outro;


•  A mutação é realizada em uma nota comum a ambos hexacordes;

•  A mutação entre hexacordes durum e molle deve ser evitada o quanto possível;

•  A pausa sugere a mudança para um novo hexacorde (mas não é uma regra).
Gamut

Letra grega gama = G = sol

Notar que a junção dos três tipos de hexacordes resulta em oito alturas distintas em três registros. No grave as alturas
são representadas por letras maiúsculas, no médio por minúsculas e no agudo por minúsculas dobradas.
QUADRO DAS MUTAÇÕES DOS HEXACORDES DURUM (COM SI♮) E NATURAL (SEM o SÍ♮)
durum
natural

durum natural durum

durum
natural

natural durum
durum
QUADRO DA MUTAÇÕES MOLL E NATURAL EM CLAVE MOLL (SIb)
natural moll

moll

moll natural

moll natural

natural
moll
moll
Solmização de musica sem bemol na clave – Mutação sempre entre hexacorde natural e durum
Solmização de musica com bemol na clave – Mutação sempre entre hexacorde natural e molle
Na idade média e Renascimento o cultivo
da memória era muito estimulado: todo o
Gamut era representado na palma da mão
para facilitar a memorização (mão
guidoniana).
Musica recta e Musica ficta
•  O gamut foi conhecido como o sistema da musica recta;

•  Todas as notas não presentes no gamut foram conhecidas como musica ficta;

•  O sistema de musica recta é análogo ao da escala diatônica do sistema tonal,


mas não idêntica, pois possui tanto o Si bemol quanto Si natural (hexacorde
molle e durum, respectivamente);

•  Era esperado do cantor que permanecesse dentro do sistema musica recta, ao


menos que uma ou mais regras indicassem para cantar musica ficta.
Recta: inflexão não cromática Inflexões cromáticas

Ficta – notas (alteradas) dos


hexacordes
São as notas alcançadas pela solmização dos
hexacordes e por mutação entre eles •  - Causa necessitatis (por necessidade):
mi contra fa (evitar o trítono)
•  fa super la (sib acima do lá)

•  Causa pulchritudines (causadas por embelezamento


melódico):
•  cadentia (para embelezar ou fortalecer uma cadência)
•  subsemitonum modi (alteração do sétimo grau (sensível) do
modo
•  picardie (finalizar com terça maior)

•  Imitação estrita (alteração de nota do motivo melódico


para manter relação intervalar da imitação)
Clausula causa necessitatis
mi contra fa
Clausula pulchritudines
cadentia

Consonâncias perfeitas devem ser aproximadas pela consonância imperfeita mais próxima:
Clausula causa necessitatis
fa super la
Ao final do século XVI a música torna-se cada vez mais cromática principalmente para representar a dramaticidade dos
textos. A característica mais forte do cromatismo modal é essencialmente ligada à pintura de palavras e aos afetos.

Cipriano de Rore: Tutti i madrigal a quattro voci


Edição de Angelo Gardano
(1577)

“Calami sonum ferentes Siculo levem numero “Os sopros que ressoam a leve canção siciliana
non pellunt gemitus pectore ab imo nimium graves;” Não conseguem impedir as lagrimas pesadas que vem das
profundezas do meu peito;”

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