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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

2019/2020

REGENTE: Professor Doutor Hugo Ramos Alves


ASSESSOR: Mestre Mamadú Djaló
Teoria geral do direito civil

II
CASOS PRÁTICOS

N.º 1
[Obrigações naturais]

Alfa pretende obter a condenação de Bacar no pagamento de XOF 500.000.


1. A dívida resulta de um jogo de cartas realizada em casa de um amigo comum.
Quid iuris?
2. A dívida resulta de um jogo de roleta russa realizada em casa de um amigo
comum. Quid iuris?
3. A dívida resulta de uma aposta nos termos do qual Alfa e Bacar acordaram que o
dinheiro pertenceria a quem furtasse mais automóveis no dia 1 de janeiro. Quid
iuris?
4. A dívida resulta de um mútuo celebrado há 21 e um anos, nos termos do qual Alfa
é devedor de Bacar. Quid iuris?
5. A dívida resulta de um mútuo celebrado há 21 e um anos, nos termos do qual Alfa
é devedor de Bacar. No mês passado, este mútuo foi garantido pessoalmente por
Saliu. Quid iuris?
6. A dívida resulta da compra de uma Vespa adquirida por Alfa. No entanto, Bacar
declarou extinta a dívida, pois Alfa devia-lhe igual montante há cerca de 25 anos.
Quid iuris?
7. A dívida resulta de um contrato de compra e venda de um automóvel contendo a
seguinte cáusula: “O cumprimento das obrigações emergentes deste contrato não
poderá ser judicialmente exigido.” Quid iuris?

N.º 2
[Requisitos da prestação]
Catió comprometeu-se a pagar a Bruma XOF 1.000.000 nos seguintes casos:
1. Bruma obrigou-se a correr os 100 metros em 2 segundos Quid iuris?
2. Bruma prometeu vender-lhe a herança da tia Ibna, lenda-vida do mercado do
Bandim. Quid iuris?
3. Bruma obrigou-se a transportar Catió até Marte. Quid iuris?
4. Bruma, aluno do curso de Doutoramento em Direito, obrigou-se a pintar a casa de
Catió. Quid iuris?

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5. Bruma obrigou-se a partir as pernas a Danilo num jogo de futebol. Quid iuris?
6. Bruma obrigou-se a vender 100 kg de caju a Catió. Quid iuris?
7. Bruma, futebolista profissional, obrigou-se a não passar a bola a Danilo, em
virtude de este se ter convertido ao hinduísmo. Quid iuris?

N.º 3
[Modalidades de prestações]
Aliu, mestre-de-obras, obrigou-se perante Saliu a construir-lhe um muro, para separar a
moradia deste de uma moradia confinante, propriedade de Catió, pelo preço de XOF
100.000.
1. No dia acordado, Bacar, sobrinho de Aliu e finalista da FDB, apresentou-se no
domicílio de B para construir o muro, informando que Aliu “caíra de cama”.
Saliu recusa a prestação. Quid iuris?
2. Aliu construiu metade do muro, exigindo o pagamento de XOF 50.000, sob pena
de não mais voltar. Quid iuris?
3. Construído o muro, Ibna, amiga de Saliu, recém-regressada de Paris, prontifica-se
a pagar o montante estipulado em euros, mas Aliu recusa. Quid iuris?
4. Uma vez concluída a construção do muro, Catió, exasperado, exige a Aliu a
demolição do muro, exibindo-lhe um contrato nos termos do qual Saliu se obrigou
a não construir qualquer muro. Aliu, confuso, encolheu os ombros e foi cobrar o
preço a Catió. Quid iuris?

N.º 4
[Modalidades de prestações]
Alfredo, português radicado em Bissau, ficou extasiado com a produção de Saliu, tendo
celebrado um contrato nos termos do qual adquiria, por XOF 76.000, 10 kg de castanha
de caju da colheita acabada de findar. Ficou acordado que Saliu podia substituir a
castanha de Caju por 30 kg de mancarra. A entrega devia ocorrer a 10 de Julho, no
domicílio de Alfredo.
1. Em 9 de Julho, Alfredo envia um SMS a Saliu dizendo optar pela mancarra. Ato
contínuo, Saliu telefona-lhe informando que já vendera toda a mancarra e que,
além disso, o caju estava pronto para entrega. Quid iuris?
2. Na manhã de 10 de Julho, Bacar informa Alfredo que o caju fora comido pelo seu
sobrinho Saliu quando o deixara à entrada de casa. Alfredo retorque que (i) “Há

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muito mais caju aí em casa” e que (ii) “À falta de melhor, há sempre mancarra”.
Quid iuris?

N.º 5
[Modalidades de prestações]
Quemo, jurista desempregado, comprometeu-se perante Catió a tratar-lhe o reumático.
Mediante o pagamento de XOF 100.000, Quemo receitou a Catió infusões à base de
ondjo asseverando: “Cura todos os males!”. Catió não só não ficou curado, como
piorou. Quid iuris?

N.º 6
[Modalidades de prestações]
Artur, médico, obrigou-se a tratar adequadamente Catió, que tinha uma unha do pé
encravada.
1. Artur cortou o pé a Catió.
2. Na sequência de aturado diagnóstico, Catió removeu a unha. Não obstante, a nova
unha cresceu ainda em pior estado.

N.º 7
[Modalidades de prestações]
Catió, deu de arrendamento a Aliu e Saliu um apartamento em Bissau Velha, mediante o
pagamento de uma renda mensal de XOF 300.000, a qual deve ser paga no dia 5 de cada
mês.
Aliu e Saliu desentenderam-se na sequência de um Benfica-Porto, pelo que, neste mês,
Aliu deslocou-se ao domicílio de Catió para lhe pagar XOF 150.000, o que este recusa
liminarmente. Quid iuris?

N.º 8
[Modalidades de prestações]
Catió emprestou XOF 10.000.000 a Ibna e Djenatu, estando a obrigação vencida.

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1. Catió, sabendo que Ibna é mulher de posses, accionou-a judicialmente, de modo


que esta pague os XOF 10.000.000, Esta diz que “Tal pretensão é disparatada”.
Quid iuris?
2. Ibna e Djenatu tinham acordado que seria sempre Ibna a pagar em primeiro
lugar a Catió. Perante o vencimento da obrigação, Catió executa Djenatu, que
alega ser sempre a última a pagar, por força do contrato celebrado com Ibna.
Quid iuris?
3. Do contrato celebrado com Catió resulta que “O montante em dívida pode ser
exigido, indiscriminadamente, a qualquer uma das devedoras.”. Quid iuris?
4. O mesmo que no número anterior. Catió executa Ibna, mas é confrontado com a
declaração de insolvência desta, pelo que exige a Djenatu o pagamento da
totalidade da dívida. Quid iuris?
5. O mesmo que no número 3. Perante o incumprimento de Ibna e de Djenatu, as
partes alargam o prazo para pagamento e fixam os juros vencidos em XOF
100.000. Um mês antes do prazo expirar, Djenatu paga a totalidade da dívida a
Catió e, de seguida, exige a Ibna o pagamento de XOF 5.050.000, acrescido de
XOF 100.000, relativos aos juros que deixou de receber, alegando que estes
traduzem o prejuízo resultante da antecipação de pagamento.

N.º 9
[Meios de conservação da garantia patrimonial]
Fidjuditerra, lendário produtor de castanha de caju, deve ao Banco Sovina XOF
100.000.000 e tem dívidas a fornecedores no montante de XOF 50.000.000.
1. Fidjuditerra prepara-se para fugir para Portugal, pelo que procura vender uma
valiosa coleção de quadros que tem depositados no Banco Discreto. Quid iuris?
2. Fidjuditerra é credor de Bacar, colega de curso da Faculdade de Direito de Bissau,
em XOF 10.000.000. Apesar de a dívida estar vencida há mais de um ano, por
consideração a Bacar, Fidjuditerra não exige o pagamento. Quid iuris?
3. Fidjuditerra doou, em 2000, um Ferrarri à sua namorada secreta Fatumata. Quid
iuris?
4. Fidjuditerra vendeu três anos antes um apartamento em Bissau a Saliu por metade
do valor de mercado. Quid iuris?
5. Fidjuditerra vendeu três anos antes uma loja em Bissau a Catió pelo dobro do
preço de mercado. Ato contínuo, Catió vendeu a preço de mercado o dito
apartamento a Mariama. Quid iuris?

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N.º 10
[Transmissão das obrigações]
Aliu intentou contra Catió acção judicial em que pediu que Catió fosse condenado a
pagar-lhe XOF 500.000, a título de danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes de
um acidente de viação por ele provocado, mais juros vencidos, no montante de XOF
50,00 euros, e vincendos. Apesar de ter ganho a acção, e antevendo que Catió iria
entabular manobras dilatórias para pagar, Aliu vendeu os créditos emergentes da acção a
Fidjuditerra, pelo preço de XOF 100.000. o que fizeram por acordo verbal.
1. Catió, dias antes do acordo entre Aliu e Fidjuditerra, tinha pago a Aliu, pelo que
recusa fazer qualquer pagamento a Fidjuditerra, que, entretanto, exigiu hoje o
pagamento. Quid iuris?
2. Fidjuditerra viu Catió negar o pagamento, pois, minutos antes de aquele se ter
deslocado à loja de Catió, surgira Bacar, exibindo “Contrato de cessão de
créditos” celebrado com Aliu. Não contestanto a validade do contrato, que
continha assinaturas reconhecidas por notário, Catió pagou Bacar e declina a
pretensão de Fidjuditerra. Quid iuris?

N.º 11
[Transmissão das obrigações]
Aliu deve a Bacar XOF 100.000. Como não tem dinheiro para lhos pagar na data do
vencimento, pede-os emprestados a Catió, seu amigo.
Uma vez emprestado o dinheiro e feito o pagamento a Bacar no dia do vencimento,
Catió reclama de Aliu XOF 100.000, acrescidos de XOF 50.000 a título de juros
remuneratórios contados desde a data do empréstimo
Quid iuris?

N.º 12
[Transmissão das obrigações]
Ibna devia a Lorena XOF 500.000. Vendo-se impossibilitada de os pagar, pediu ao
seu amigo Mamadú, que adquirisse e pagasse a dívida, o que este aceitou.
Comunicado o acordo entre os dois irmãos a Lorena, esta, atendendo às suas boas
relações com Mamadu, enviou-lhe uma carta dizendo que lhe perdoava 10% da dívida.

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Como Mamadú nada, Lorena demanda Ibna e Mamadú os dois irmãos para que
sejam condenados a pagar-lhe os XOF 500.000, acrescidos des juros moratórios.
Ibna alega que já não era devedora enquanto Mamadú alega que o contrato
celebrado entre Ibna e Lorena era nulo por ilicitude do objecto, além de que, em
qualquer caso, nunca poderia ser condenado a pagar mais do que 90% da dívida
primitiva. Quid iuris?

N.º 13
[Transmissão das obrigações]
Braima vendeu a Idrissa o seu jipe. Por esse motivo, transmitiu também a Idrissa,
verbalmente, a sua qualidade de contraente no contrato que tinha celebrado com Gibrilo
há dois anos, pelo qual este se obrigava a fazer, semestralmente, a manutenção do jipe.
Quando fez a primeira manutenção após a venda, Gibrilo exigiu-lhe logo o
pagamento das 3 manutenções que Braima tinha em atraso, pretensão prontamente
declinada por Idrissa. Quid iuris?

N.º 14
[Realização da prestação]
Fatumata, dona de um precioso anel de rubi, celebrou com Saliu um contrato de
depósito do anel pelo prazo de um ano, com início em 1 de Março, tendo sido acordado
o pagamento de XOF 120.000.
1. Em Janeiro do ano seguinte, Fatumata exige a restituição do anel, mediante o
pagamento de XOF 100.000, pois “não preciso guardar o anel um ano”. Quid
iuris?
2. Suponha que foi acordado o pagamento mensal de XOF 10.000 pelo depósito do
anel. Perante o não pagamento da remuneração de Abril, Saliu exige o pagamento
de todas as remunerações devidas até ao final do contrato. Quid iuris?

N.º 15
[Realização da prestação]
Zebedeu, português recentemente chegado a Bissau e residente em Quinhanel,
numa deslocação a Safim, enquanto almoçava com Idrissa (i) comprou, por XOF
250.000, 500 kg de castanha de Caju, armazenada nas instalações de Idrissa em Gabu e

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(ii) comprou, por XOF 400.000, uma velha mota Famel, igual à da sua juventude nos
anos 1970, guardada num armazém em Bissau.
Ficou acordado que o caju seria pago em 15 de Março e que a Famel seria paga
em 4 prestações, sendo certo que a primeira seria paga em 1 de Abril, aquando da
entrega no domicílio de Zebedeu.
1. Em 15 de Março, Zebedeu quer pagar o preço. Onde deve ser pago e onde
deve Idrissa entregar o Caju. Quid iuris?
2. Em 1 de Abril, Zebedeu pagou a primeira prestação contra a entrega do carro,
mas em 1 de Maio não o fez. Quid iuris?
3. Perante o incumprimento de Zebedeu, Idrissa exige o pagamento de XOF
300.000? Quid iuris?
4. Considerando o disposto na hipótese anterior, suponha que na sequência da
exigência de Idrissa, Zebedeu se prontifica a pagar XOF 250.000. Quid iuris?
5. Considerando o disposto em 3, suponha que na sequência da exigência de
Idrissa, Zebedeu quer saldar a dívida mediante a entrega de um automóvel
Mercedes. Quid iuris?
6. Suponha que tinham sido acordadas 8 prestações mensais de XOF 50.000 para
pagamento da Famel. Zebedeu não paga a segunda prestação e Idrissa exige o
pagamento imediato de XOF 350.000. Quid iuris?

N.º 16
[Reserva da propriedade. Risco]
Aliu vende a sua televisão a Bacar em 1 de Janeiro, tendo-se este comprometido a
pagar o preço em 8 prestações mensais e sucessivas no montante de XOF 50.000. Ficou
igualmente acordado que a propriedade apenas se transmitiria com o pagamento integral
do preço e a entrega teria lugar em 5 de Janeiro.
1. Em 4 de janeiro, Bacar vendeu a televisão a Catió por XOF 600.000. Ufano,
este prontamente reclamou a entrega da televisão a Bacar, que declinou a
pretensão. Quid iuris?
2. Bacar não pagou a segunda prestação, pois a 15 de Janeiro a televisão explodiu.
Bacar exige a devolução do dinheiro, ao passo que Aliu reclama o pagamento
integral do preço. Quid iuris?
3. Como Bacar não pagou a segunda prestação, Aliu vendeu a televisão a Djú,
desconhecendo este o negócio entre Aliu e Bacar. Quid iuris?

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N.º 17
[Cumprimento]
Alfa celebrou com Bacar contrato pelo qual aquele se obrigou a entregar a este, no
dia 15 de Maio, 100 sacos de cimento. No dia 20 de Maio, Alfa entregou a Bacar 80
sacos, mas este disse-lhe logo que mais valia levá-los de volta, porque o combinado
tinha sido 100 sacos. Alfa respondeu que lhe conseguia entregar os outros 20 sacos oito
dias depois e que não compreendia a atitude de Bacar, uma vez que ainda nem sequer
tinha começado a obra. No dia 28 de Maio, Alfa entregou então os 100 sacos a Bacar,
mas Bento veio a saber que 15 sacos tinham sido roubados a Catió. Quid iuris?

N.º 18
[Impossibilidade]
Bacar vendeu a Saliu, para quando fossem colhidas, as castanhas de caju da sua
plantação, pelo preço de XOF 700.000,00 euros.
Devido a uma enorme tempestade, a castanha de caju ficou completamente destruídas.
Bacar recusa-se a compensar Saliu, mas este diz que tem direito, pelo menos, ao valor
do seguro que Bacar recebeu pela destruição da colheita. Quid iuris?

N.º 19
[Impossibilidade. Frustração do fim]
Durante uma das costumeiras deslocações de Bissau para Bolama, o motor da piroga de
Braima gripou, ficando esta imobilizada na foz do Rio Geba. Braima telefonou a Idrissa,
incumbindo-o de o rebocar até Bissau, tendo ficado acordado o preço de XOF 80.000.
Mal este chegou ao local, e antes de efetuar qualquer intervenção, o motor da piroga
retomou o funcionamento. Idrissa exige o pagamento de XOF 80.000, ao passo que
Braima nega terminantemente esta pretensão. Quid iuris?

N.º 20
[Não cumprimento]
Na manhã do passado dia 3 de Maio, Gibrilo contratou um electricista para ir, durante a
manhã, resolver um problema com a instalação eléctrica da sua cozinha. Comprou
também à Bissau Cruises um bilhete de piroga para, nessa tarde, viajar para Bolama.

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Adoeceu repentinamente e não abriu a porta ao Gibrilo apesar de estar em casa e não fez
a viagem.
No dia seguinte, dirigiu-se à bilheteira da Bissau Cruises exigindo o reembolso do preço
do bilhete.
Desde esse dia que não tem atendido os telefonemas Gibrilo, pois descobriu que há
outros no mercado mais baratos. Quid iuris?

N.º 21
[Não cumprimento]
Gedson vendeu o seu Mercedes a Alfa pelo preço de XOF 1.00.000,00. O preço não foi
logo pago e ficou acordado que o carro deveria ser entregue até ao dia 30 de Abril.
Paralelamente, Saliu deu de aluguer um carro antigo a Alfa, tendo ficado estabelecido
que o carro deveria ser entregue de maneira a ser utilizado no casamento da filha de
Alfa, marcado para o dia 30 de abril.
1. Em 1 de Maio, perante a não entrega do Mercedes, Alfa comunicou a Gedson que
deveria entregar o carro até 15 de maio, “sob pena de entregar o caso ao seu
advogado e de ter de o indemnizar com os custos com táxis”. Quid iuris?
2. Alfa fez chegar uma carta a Saliu dizendo ser desnecessário entregar o carro e
exigindo o preço pago. Quid iuris?
3. Suponha que, em 30 de Março, Gedson, em telefonema a Alfa, declara “Nunca te
entregarei o Mercedes”. Quid iuris?
4. Suponha que, em 30 de Abril, estando Gedson a preparar a entrega, por descuido
incendiou o Mercedes, que ficou completamente destruído. António alega que se o
Mercedes fosse entregue atempadamente, o teria vendido de imediato a Bacar por
XOF 1.500.000. Quid iuris?
5. Suponha que em 30 de Abril, Gedson entregou o Mercedes a Alfa sem o manual
de instruções em português. Atónito, Alfa recusa-se terminantemente a pagar o
preço. Quid iuris?

N.º 22
[Fixação contratual dos direitos do credor]
Alfa celebrou com Gedson um contrato nos termos do qual este lhe deu de aluguer
uma retroescavadora, pelo prazo de 30 meses, para fazer os trabalhos de terraplanagem
de um conjunto de empreitadas. O contrato contém a seguinte cláusula:

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“Quando o Locador resolver o contrato, terá direito: a) A fazer definitivamente


suas as rendas vencidas e pagas pelo Locatário; b) À restituição imediata da
Retroescavadora; c) Ao pagamento, à data da resolução das rendas vencidas e não
pagas, acrescidas dos respectivos juros de mora e encargos, e de uma indemnização
igual a 20% do valor total do contrato.”
Suponha que Alfa apenas pagou o primeiro aluguer, no montante de XOF
100.000, e que, na sequência de inúmeras interpelações infrutíferas, Gedson resolveu o
contrato e exigiu (i) a totalidade das rendas previstas no contrato [XOF 3.500.000], (ii)
XOF 720.000, bem como XOF 50.000, ao abrigo de cláusula prevendo que o atraso no
pagamento de um aluguer determina tal pagamento, sendo certo que não teve qualquer
prejuízo com o incumprimento de Alfa. Quid iuris?

N.º 23
[Eficácia externa das obrigações]
Fidjuditerra, temido extremo esquerdo do Futebol Clube Leões tinha acabado de
ser contratado pelos Dragões Nortenhos por cinco épocas, tendo a notícia circulado por
todos os jornais e redes sociais.
Alguns dias depois, Semprónio, presidente do Águias Sulistas, ofereceu a Bruma
contrato de igual duração, mas com o triplo do salário, o que este prontamente aceitou.
Na jornada inaugural, dia de Águias Sulistas versus Dragões Nortenhos, para espanto
geral, Bruma equipa pelas Águias e faz o golo da vitória.
O Dragões Nortenhos reclama uma indemnização a Fidjuditerra e às Águias Sulistas.
Fidjuditerra alega ser “a economia de mercado a funcionar”, ao passo que as Águias
Sulistas dizem ignorar o conteúdo dos contratos celebrados por Fidjuditerra, pelo que
declinam qualquer responsabilidade. Quid iuris?

N.º 24
[Responsabilidade pré-contratual]
Fidjuditerra, reputado advogado de Bissau, em conversa com Malam, escultor,
informou-o que gostava de instalar uma estátua de Gaio, “o maior dos juristas” à
entrada da Faculdade de Direito de Bissau. Malam, entusiasmado, lançou mãos à obra e,
semanalmente, enviava fotografias com os avanços da estátua a Fidjuditerra.

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Em 1 de Maio, no Café Imperial, Fidjuditerra informou as forças vivas locais que


a estátua de Malam seria instalada no dia 1 de Junho. A 25 de Maio, Fatumata, mulher
de Fidjuditerra, disse ser preferível uma estátua com o logótipo da Faculdade, que
encomendara ao velho amigo Saliu. Pensando ser uma ideia genial, Fidjuditerra
comunica tal facto a Malam, que pretende ser ressarcido pelas encomendas que
entretanto recusou e simultaneamente, receber honorários de XOF 500.000, que
considera serem os adequados à envergadura do projecto. Malam declina, negando não
haver qualquer documento assinado nem haver prova de que algum dia encomendara a
estátua a Malam. Quid iuris?
N.º 25
[Responsabilidade pós-contratual]
Mariama é proprietária do afamado restaurante “Bianda di kaleron ka ten dunu”,
famoso pelas especialidades da culinária bissau-guineense. Antevendo a reforma,
Mariama trespassou o restaurante a Salimata, para que esta aí explorasse restaurante de
comida italiana. Apesar da frescura dos ingredientes e da excelência da cozinha o
restaurante, entretanto baptizado “Mamma mia”, era um insucesso. Com as contas a
avolumarem-se, Salimata tomou uma medida drástica: rebaptizou o restaurante como
“Bianda di kaleron ka ten dunu” um ano após o trespasse, investiu na culinária bissau-
guineense e, sempre que recebia clientes, dizia: “Foi-se Mariama, ficaram as suas
maravilhosas receitas”. Mariama, sabendo isso, exige agora uma indemnização, pois (i)
o contrato previa a abertura de restaurante italiano, (ii) era abusivo usar o nome dela
quando “nunca servi nenhum desses pratos” e (iii) foram copiar o aspecto gráfico dos
menus, bem como toda a decoração, incluindo umas famosas máscaras bijagós, que
sempre foram destinadas à casa de Salimata. Quid iuris?

N.º 26
[Extinção das obrigações]
Saliu deve a Bacar XOF 20.000.00,00, resultantes de um contrato de mútuo
celebrado entre ambos. Na impossibilidade de solver a sua dívida, S propõe prometer
transmitir a propriedade da sua moradia, contra a extinção da dívida resultante do
contrato de mútuo, proposta que é aceite por Bacar.

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Saliu era igualmente devedor de Fodé e de Botche. Perante a impossibilidade de


pagar-lhe os XOF 100.000, resultantes de um contrato de mútuo celebrado há um ano
atrás com Fodé, Saliu pretende impor a entrega de duas velhas máscaras a Fodé.
Relativamente a Botche, e não dispondo dos XOF 500.000 devidos, Saliu propõe
extinguir a dívida, mediante a obrigação de, na semana seguinte, ir pintar o apartamento
de Botche, o que este aceita. Quid iuris?

N.º 27
[Extinção das obrigações]
Fatumata deve XOF 1.000.000 a Salimata. Vencida a obrigação, Salimata exige o
pagamento a Fatumata, bem como, relativamente a outros contratos, Fidjuditerra e Dju.
Exasperada, Fatumata foge para Lisboa, mandatando Salimatar para vender todo o seu
património e, com o produto da venda, pagar aos credores. Saliu também credor de
Fatumata, desconhecendo este acordo, considera que o mandato é ineficaz. Quid iuris?

N.º 28
[Extinção das obrigações]
Mariama é proprietária de um conhecido restaurante “Bistrô Bissau”.
1. Hoje, Salimata telefonou a Mariama lembrando o pagamento de XOF
500.000, relativos a um contrato de fornecimento. Mariama retorque que
apenas deve XOF 50.000, pois há seis meses ganhou uma acção, condenando
Salimata a pagar a Mariama XOF 450.000 por aquela ter dito “No Bistrô
Bissau, o caldo mancarra é feito em Portugal com amendoim iraniano”. Quid
iuris?
2. Mariama contratou Demba há um mês para reparar as canalizações do
restaurante por XOF 300.000. Não tendo a reparação sido feita, Mariama
telefona exigindo-a, mas Demba retorque que nada deve, pois Mariama nunca
lhe entregara um caldo mancarra encomendado na semana anterior. Quid
iuris?
3. Mariama telefonou a Fidjuditerra, que lhe devia XOF 6.000 de um almoço na
semana passada, para dizer “Não me deves nada.”. Quid iuris?

N.º 29

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[Contrato-promessa]
Alfa prometeu comprar a Gedson, que prometeu vender, um armazém junto da
Praça do Império por XOF 30.000.000 em 1 de fevereiro. Ficou acordado que a
escritura pública seria outorgada dali a 1 de junho. Foram pagos de imediato XOF
5.000.000.
1. O contrato consta de um guardanapo de papel. Quid iuris?
2. Apareceu na casa de Alfa, Fatumata exibindo um contrato-promessa de
compra e venda do mesmo armazém, celebrado em 1 de janeiro. Quid iuris?
3. Saliu apresenta-se junto de Alfa, exibindo um pacto de preferência relativo ao
armazém, celebrado a 15 de janeiro. Quid iuris?
4. Fodé apresenta-se junto de Alfa, exibindo um contrato de compra e venda do
armazém celebrado com Alfa no ano anterior. Quid iuris?
5. Gedson telefonou a Alfa afirmando ter mudado de ideias e exigindo a
devolução dos XOF 5.000.000. Quid iuris?
6. Suponha que, em vez de XOF 5.000.000, Gedson entregou a Alfa uma
motocicleta Ducatti. Quid iuris?
7. Quid iuris se o contrato previsse igualmente que, por cada mês, Alfa pagaria a
Gedson XOF 50.000, de modo que este não vendesse o armazém

N.º 30
[Contrato-promessa]
Bacar prometeu vender Idrissa o seu velho BMW 318 por XOF 2.000.000. O
contrato foi celebrado oralmente, tendo Idrissa entregue XOF 500.000 e ficado na posse
das chaves da viatura, para “dar umas voltinhas”.
Em 1 de junho, dia aprazado para outorga do contrato definitivo, Bacar não
compareceu. Idrissa, irritado, exige XOF 1.000.000 a Bacar, enquanto Saliu, a quem
Bacar vender o automóvel, reclama a entrega das chaves. Quid iuris?

N.º 31
[Contrato-promessa]
Em 1 de Janeiro, Fatumata prometeu vender a Quemo a sua moradia, sita em
Quinhamel, por XOF 5.000.000, através de escritura pública, devidamente registada na
Conservatória. No ato da escritura, Quemo entregou a Fatumata XOF 1.000.000.

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Teoria geral do direito civil

1. Em 1 de Junho, dia aprazado para outorga do contrato definitivo, Fatuamata


não compareceu, pois vendera a moradia a Saliu. Quid iuris?
2. Em 1 de Julho, perante as sucessivas recusas de Fatumata outorgar o contrato
definitivo, Quemo comunica que esta dispõe de 15 dias para a outorga, sob
pena de considerar o contrato extinto. Em 1 de Agosto, frustrado, Quemo
requer a execução específica, pois “Sempre quis a moradia” e “A
comunicação de 1 de Julho apenas pretendia pressionar Fatumata a cumprir.
Fatumata considera que a execução específica é uma enorme ilegalidade. Quid
iuris?

N.º 32
[Pacto de preferência]
Em 2 de Janeiro, Braima enviou a Fodé carta, por ele assinada, na qual afirmou
que, “caso venda a minha moradia de Safim, terás primazia na venda”. Fodé telefonou
de imediato, concordando com a proposta.
Em 30 de Julho, Braima informou Fodé que “Estou a pensar vender a moradia
por XOF 3.000.000. Queres?”, ao que Fodé respondeu negativamente.
Ato contínuo, Braima vendeu a casa a Idrissa por XOF 3.000.000. Quid iuris?

N.º 33
[Pacto de preferência]
Samora celebrou com Pansau pacto de preferência com eficácia real para o caso
de vender a sua casa.
Dois meses mais tarde, Samora vende a casa a Saliu, pelo preço de XOF
5.000.000. Logo que soube da venda, Pansau intentou, contra Samora, acção para
preferir na venda da casa pelo preço de XOF 5.000.000.
Pansau opôs-se com fundamento em que o preço real da venda não foi de XOF
5.000.000, conforme declarado na escritura, mas sim de XOF 10.000.000, e a acção
devia ter sido proposta contra si e contra Samora. Quid iuris?

N.º 34
[Contrato a favor de terceiro]

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Teoria geral do direito civil

Bacar decidiu suportar os encargos que o seu sobrinho Saliu iria ter com um curso
que pretendia tirar no estrangeiro.
Sendo dono de uma casa que tem arrendada a Idrissa por XOF 300.000 mensais,
combina com que este entregará a Saliu a renda mensal durante 12 meses.
Depois de entregue a Idrissa a primeira prestação, Bacar comunica a Idrissa que
não deve pagar as restantes, pois que Saliu “deixou de lhe falar” sem motivo. Saliu
opõe-se e exige o pagamento a Idrissa. Quid iuris?

N.º 35
[Contrato para pessoa a nomear]
Alfa celebrou com Jacira contrato pelo qual aquele prometeu vender a esta, ou a
quem esta nomeasse até 15 dias antes da data da escritura, e Jacira, ou quem ela
nomeasse até 15 dias antes da data da escritura, prometeu comprar um terreno de Alfa,
pelo preço de XOF 2.000.000.
Quando faltavam 20 dias para a celebração da escritura, Jacira e Mariama
assinaram e enviaram a Alfa carta a informá-lo de que seria Mariama a celebrar o
contrato de compra e venda do terreno a que se reportava o contrato-promessa.
No dia da escritura, Alfa recusa-se a celebrar a escritura alegando que contratou
com Jacira e que não conhece Mariama de lado nenhum. Quid iuris?

N.º 36
[Negócios jurídicos unilaterais]
Na sequência de um acidente de viação, Alfa entrega a Gedson um documento
com o seguinte teor: “Eu, Alfa, prometo pagar ao Gedson XOF 200.000”.
A vem depois a apurar que os danos provocados no automóvel de Gedson não
resultaram do seu acidente, mas de um outro em que Gedson tinha estado envolvido.
Recusou-se, por isso, a pagar-lhe qualquer quantia. Quid iuris?

N.º 37
[Gestão de negócios]
Braima, agricultor, sabendo que Djú, seu vizinho solitário, fora internado de
urgência, decide tratar das vacas de Djú até que este regressasse do hospital.

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Teoria geral do direito civil

Durante dois meses, Braima alimentou as vacas com os seus próprios cereais,
ordenhou-as e, em nome de Djú, contratou Tidjane para lhe fornecer rações
semanalmente.
Regressado do hospital profundamente deprimido, Djú recusa-se a tratar ele
próprio das vacas, o que leva Braima a continuar a tratá-las, até que Djú o proíbe.
Posto isto, Braima exige (i) XOF 100.000,00 pelo seu trabalho; (ii) XOF 50.000
pelos cereais utilizados, ao passo que Tidjane exgie a Djú o valor das rações já
fornecidas.
Djú afiança a Braima que ele fez um bom trabalho na sua ausência, mas que tem
que lhe descontar o custo da reparação do pneu traseiro do seu tractor, que Braima
negligentemente furou no transporte dos cereais, além de que tem de lhe entregar o
valor correspondente ao preço do leite vendido. Relativamente a Tidjane, assevera que
Braima não tinha ordem nenhuma para comprar as rações em nome dele e que, por
conseguinte, não lhe paga as já fornecidas, nem quer que continue a fornecer-lhe mais.
Quid iuris?

N.º 38
[Gestão de negócios]
Saliu, pai de Djenatu, sabendo que a sua filha, de 25 anos, se encontra de Tailândia,
pratica os seguintes actos: (i) celebra um contrato de empreitada para que seja reparado,
antes de começar a época das chuvas, o telhado da casa de Djenatu em péssimo estado e
(ii) vende um quadro pintado por ele que tinha oferecido a Djenatu e que sabia ela
querer vender caso aparecesse uma boa oferta, o que foi o caso.
Regressada da Tailândia, Djenatu retorque que (i) não tendo o pai telefonado para a
Tailândia a avisá-la de que iria mandar reparar o telhado, não se encontra obrigada a
reembolsá-lo das despesas que aquele efectuou e que (ii) não tem de reembolsar o pai
pelas despesas com a venda do quadro, porque ele vendeu-o para se promover a si
próprio como “grande artista”. Quid juris?

N.º 39
[Enriquecimento sem causa]

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Teoria geral do direito civil

Alfa, estando obrigado a entregar 1.000,00 euros à anónima X, entrega-os a


Braima, que se intitulou seu Administrador único. Alfa vem a apurar, porém, que, na
altura em que pagou, Braima já não era administrador da sociedade X e que, por isso,
esta nada recebeu, pelo que exige a restituição a Braima. Quid iuris?

N.º 40
[Enriquecimento sem causa]
Alfa, julgando que era o responsável pela amolgadela feita no carro de Braima,
paga-lhe XOF 10.000.000. Posteriormente, apurou que o responsável fora Camary e não
ele, motivo pelo qual exige a restituição das quantias pagas. Quid iuris?

N.º 41
[Enriquecimento sem causa]
Braima, sabendo que Aliu abandonara há 3 anos atrás um bar na praia do Bruce,
lançou mãos à obra e, na sequência de dispendiosas obras (XOF 1.000.000,00), desde há
dois aos explora o “Bijagós’ Heaven”, bar da moda entre os muitos turistas que afluem
ao arquipélago.
Desejando aproveitar a esplanada do “Bijagós Heaven”, Saliu foi pescar para a
ilha de Bubaque. Aliu queria fazer o mesmo, mas, como não tinha barco nem lhe davam
boleia, seguiu clandestinamente no barco de Saliu. Chegado à ilha, Aliu ficou atónito
com o “Bijagós’ Heaven”, mas nada disse. Na viagem de regresso, acabou por ser
descoberto, exigindo-lhe Saliu o pescado, enquanto Aliu prontamente intentou uma
acção contra Braima exigindo todas as receitas obtidas com “Bijagós’ Heaven”. Quid
iuris?

N.º 42
[Responsabilidade civil]
Samora odiava o Bobi, o cão de Ansumane, por ladrar alto com muita frequência
noite dentro. Por isso, deitou veneno num prato de arroz com carne que Ansumane tinha
deixado ao Bobi. Foi porém um cão vadio — abandonado por Fodé há umas semanas
— que comeu todo o arroz e que morreu envenenado. Ansumane veio a saber de tudo

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Teoria geral do direito civil

através de uma vizinha observadora e pretende exigir a Samora uma reparação pelo
ilícito praticado. Quid juris?

N.º 42
[Responsabilidade civil]
Na zona em que mora Mariama, há inúmeros cães vadios que sujam as ruas e
fazem barulho durante a noite. Mariama decidiu envenená-los, deixando acessível
comida envenenada. Mariama pensou que algum cão com dono também comeria do
veneno, apesar de esperar que tal não acontecesse. Sucede que acabou por morrer o cão
da D. Nunu. Mariama está disposta a indemnizar, até ao momento em descobre tratar-se
de canídeo de raça Grand Danois, com o preço de XOF 600.000, quantia que os seus
magros rendimentos não permitem pagar. Quid iuris?

N.º 43
[Responsabilidade civil]
X, iniciou-se recentemente na atividade política, com funções governativas.
1. Em 1 de janeiro deste ano, o Jornal “Bissau News” publicou a seguinte notícia:
“X SUBORNA FUNCIONÁRIOS MINISTERIAIS”. Não contestando a
veracidade da notícia, X alega que, por força da notícia, foi exonerado e, pior,
ninguém o contrata, pelo que pretende ser ressarcido pelos proventos que deixou
de obter.
2. X, sempre tomou decisões amparado no sábio conselho de Z. Num importante
contrato de financiamento, Z aconselhou X a optar por taxas fixas de 20% ao
ano. A decisão foi ruinosa, pois a taxa mais alta praticada pela banca é de 5%,
motivo pelo qual X quer ser indemnizado, alegando que “um advogado de
negócios como Z tem de conhecer a lei em vigor e a prática comercial”. Quid
iuris?
3. Z, consultor de X, sabendo que este se preparava para concessionar a exploração
da rede elétrica, aconselhou-o a adjudicar o contrato a Y, seu amigo de infância,
de modo que este pudesse ter grandes lucros.

N.º 44
[Responsabilidade civil]

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Teoria geral do direito civil

Samora, caçador, enquanto perseguia um bando de perdizes pelo terreno de


Braima, caiu num poço, invisível por causa da vegetação que o cobria.
Ao cair, disparou a sua arma sem querer, matando um dos cães do seu colega de
caça Demba, e fracturou uma perna.
Samora vem agora pedir indemnização a Braima pelas despesas de tratamento da
perna, com fundamento em não ter tapado o poço. Braima alega que, à frente do local
onde está estacionado o jipe dos caçadores, existe um letreiro, dizendo, em letras
garrafais: “CUIDADO! POÇOS!”, ao passo que Demba exige uma indemnização pela
morte do seu melhor cão. Quid iuris?

N.º 45
[Responsabilidade civil]
Certo docente de uma universidade privada, a pretexto de resolver dúvidas,
convenceu uma aluna a ir ao seu gabinete nas instalações da faculdade pelas 22.00
horas, sendo certo que a universidade fecha Às 20.00. Aí, abusando da sua posição de
docente e de um certo temor reverencial da aluna, constrangeu-a a ter relações sexuais
consigo. Quid iuris?

N.º 46
[Responsabilidade civil]
Em 7 de Janeiro do presente ano, Braima incumbiu Saliu, seu funcionário, de
transportar um conjunto audiviosual (televisão, leitor DVD e projector) topo de gama
para a casa de uma cliente, Ibna, em Quinhamel. Braima confiou na lendária reputação
de Saliu, condutor que nunca tivera acidentes de viação. Nessa manhã, Ernesto, que
falava ao telemóvel com um amigo de longa data, colidiu com Mariama, que decidira
sentar-se na estrada a pensar na vida. Mariama reclama uma indemnização de XOF
5.000.000 a Braima e a Saliu, relativaàs despesas hospitalares em que incorreu, bem
como XOF 1.000 relativos ao incómodo causado por ter de ficar imobilizada em casa
durante cerca de um mês. Braima declina pagar qualquer indemnização, alegando que
Saliu não seguiu pela rota que lhe transmitira. Quid iuris?

N.º 47

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Teoria geral do direito civil

[Concurso]
Braima contratou com Idrissa a pintura interior e exterior da sua moradia de
Quinhamel. Consciente da dimensão da empreitada, Idrissa incumbiu Fidjuditerra de
fazer a dita pintura. Aquando da chegada ao local, Fidjuditerra (i) partiu uma preciosa
jarra, que estava na sala de jantar de Braima, (ii) deixou cair um balde de tinta branca
sobre o carro vermelho de Braima e (iii) colocou deficientemente os andaimes, que
caíram sobre o terreno da vizinha Fatumata, destruindo a sua motocicleta. Quid iuris?

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