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Caso Prático 1

António possui 5 mil pesetas, em moedas de uma peseta em casa. De acordo com o
Código Penal de 1982, quem guardar moeda estrangeira em valor superior a mil escudos
é punido com pena de multa até 120 dias.

Com a entrada em vigor do Euro entrou em vigor uma nova Lei que alterou o Código
Penal em 2002 e que revogou aquele tipo penal.

Poderá António ser responsabilizado penalmente por ter tido moeda estrangeira em
casa desde 1983 até hoje?

Caso Prático 2

A Assembleia da República publicou uma Lei que indica que durante o período do Euro
2004 quem, sem ter título profissional habilitante, transportar bebidas alcoólicas em
veículos automóveis é punido com pena de prisão até 1 ano ou pena de multa até 300
dias.

Se se descobrir, em Dezembro de 2004 que Alberto, sem título que o habilitasse,


transportou bebidas alcoólicas em Junho desse ano para o Estádio da Luz, poderá aquele
ser responsabilizado penalmente?

Caso Prático 3

Em 15 de Março de 2002, António e Belarmino praticaram crimes de furto qualificado,


uma vez que os objectos furtados eram de valor superior a € 3.500. Em 16 de Maio
ambos foram julgados e condenados a pena de prisão de 4 anos.

António recorreu da decisão mas Belarmino não.

Em 12 de Dezembro, quando ainda não tinha sido proferida decisão sobre o recurso pelo
Tribunal da Relação, entrou em vigor uma Lei que veio considerar que o furto só será
qualificado caso o objecto furtado tenha um valor superior a € 5.000.
A pena de furto simples manteve-se inalterada, tendo um máximo de 3 anos de prisão
em ambos os diplomas.

O que acontecerá a António?


Resolução Caso Prático 1

Não, porque a aplicação da Lei Penal no tempo determina que o facto punível segundo
a Lei vigente no momento da sua prática deixa de o ser se uma nova Lei o eliminar do
número das infracções (artigo 2.º, n.º 2 CP). É o que acontece neste caso: guardar moeda
estrangeira deixou de ser um tipo penal e António não poderá ser responsabilizado
penalmente.

Resolução Caso Prático 2

Poderá – artigo 2.º, n.º 3 do CP.

Resolução Caso Prático 3

António será beneficiado com a redução do período de prisão a que foi condenado.
Pondo de parte a consequência material do recurso, é possível a aplicação do n.º 4 do
artigo 2.º do CP. Ou seja, beneficiará do regime mais favorável que a alteração da Lei
representa para o seu caso. Assim, terá de ser condenado por furto simples e não
qualificado, pelo que a sua pena não poderá ultrapassar os 3 anos de prisão.

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