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Faculdade de Educação

Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática

Licenciatura em Educação Ambiental

Monografia

ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO UMA


FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA
DE GUAVA

Eugênia Bernardo Majeia

Maputo, Setembro de 2018


ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO UMA
FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PRIMÁRIA COMPLETA
DE GUAVA

Monografia apresentada ao Departamento de Educação em


Ciências Naturais e Matemática como requisito final para a
obtenção do grau de Licenciatura em Educação Ambiental

Eugênia Bernardo Majeia

Supervisor: dr. Alcídio Gustavo Tomé Macuácua

Co-supervisor: dr. Pedro Francisco Notisso

Maputo, Setembro de 2018


Declaração de originalidade

Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciado em Educação Ambiental e aprovado na sua forma final pelo Curso de Licenciatura
em Educação Ambiental, Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática, da
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane.

dr. Armindo Raúl Ernesto

(Director do curso de Educação Ambiental)

Júri de avaliação

O presidente do júri

O examinador

O supervisor

i
Agradecimentos

“Dêem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em cristo
Jesus”. 1 Tessalonicenses 5:18

Em primeiro agradeço a Deus pai todo-poderoso pelo dom da vida, por ter-me dado saúde e
força para acreditar que um dia chegaria ao fim do trabalho.

Aos meus pais Bernardo Majeia e Ana Raimundo Uachave, que com todo amor e carinho
incansavelmente sempre lutaram para que nunca me desviasse dos estudos e mesmo no meio de
dificuldades nunca deixaram de apoiar na luta pelos meus objectivos.

Ao meu esposo Félix Arlindo Sulumundine que desempenhou papel de pai durante esse
percurso, apoiando e dando-me força sem condicionalismos, colocando sempre em primeiro os
meus estudos em todos os momentos da nossa vida conjugal.

Aos meus irmãos Jacinta Majeia, Calton Majeia, Sónia Majeia e Aissa Majeia pelos puxões de
orelha, pelos conselhos, apoio que sempre me proporcionaram.

Aos meus Supervisores dr. Alcídio Macuácua e dr. Pedro Notisso pela disponibilidade, e
orientações na elaboração do trabalho.

A minha amada colega da Direcção dos Transportes e Comunicações Anunciação Abílio


Mugabe, pelos conselhos, puxões de orelha que me fortaleceram nos momentos mais difíceis da
elaboração do trabalho.

E a todos os colegas e amigos da turma de Licenciatura em Educação Ambiental 2012, que


juntos partilhamos alegrias, tristezas e aflições mas que na graça de Deus permanecemos unidos,
em especial a Kátia Luís Nhiuane, Joana Afonso Cuambe, Sheila Belquice, Janete Matusse,
Arcélia Armando, Aida Nombora, Lúcia Sueiro (em memória), Albano Sipanela e Henriques
Bila.

ii
Dedicatória

Dedico em especial a minha amada mãe Ana Raimundo Uachave que está sempre do meu lado
me dando as direcções certas, e que orou dia e noite para que eu concluísse o trabalho.

A minha filha Isabel Maria Sulumundine para que cresça tendo orgulho de ter uma mãe formada
e que siga o mesmo caminho.

iii
Declaração de honra

Declaro por minha honra que esta monografia nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer
grau académico e que a mesma constitui o resultado do meu labor individual, estando indicadas
ao longo do texto e nas referências bibliográficas todas as fontes utilizadas.

A candidata:

(Eugênia Bernardo Majeia)

iv
Índice
Declaração de originalidade ............................................................................................................. i

Agradecimentos .............................................................................................................................. ii

Dedicatória ..................................................................................................................................... iii

Declaração de honra ....................................................................................................................... iv

Lista de figuras ........................................................................................................................... viiiii

Lista de abreviaturas e siglas ..................................................................................................... viiix

Resumo .......................................................................................................................................... ix

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

1.1. Introdução............................................................................................................................. 1

1.2. Formulação do problema de estudo ..................................................................................... 2

1.3. Objectivos do Estudo ........................................................................................................... 3

1.3.1 Objectivo geral ............................................................................................................... 3

1.3.2 Objectivos específicos .................................................................................................... 3

1.4. Perguntas de pesquisa........................................................................................................... 4

1.5. Justificativa........................................................................................................................... 4

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 6

2.1.Conceitos Básicos ................................................................................................................. 6

2.1.1. Meio Ambiente .............................................................................................................. 6

2.1.2. Educação Ambiental ...................................................................................................... 6

2.1.3. Resíduos Sólidos............................................................................................................ 8

2.1.4. Gestão de Resíduos Sólidos........................................................................................... 8

2.2. Gestão de Resíduos Sólidos nas escolas .............................................................................. 9

2.4. Estratégias de educação ambiental na gestão de resíduos sólidos nas escolas................... 10

2.5. Contributo das estratégias de GRS como ferramenta da EA ............................................. 12

v
CAPÍTULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 14

3.1. Descrição do local de estudo .............................................................................................. 14

3.2. Abordagem metodológica .................................................................................................. 14

3.3. Amostragem ....................................................................................................................... 14

3.4. Técnicas de recolha e análise de dados .............................................................................. 16

3.4.1. Técnicas de recolha de dados ...................................................................................... 16

3.4.2. Análise de dados .......................................................................................................... 17

3.5. Questões éticas ................................................................................................................... 18

3.6. Limitações do estudo .......................................................................................................... 18

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................ 19

4.1. Estratégias de Gestão dos Resíduos Sólidos na Escola Primária Completa de Guava ...... 19

4.2. Descrição das estratégias de gestão de resíduos sólidos usadas pelos professores da Escola
Primária Completa de Guava no processo de educação ambiental ........................................... 20

4.3. Contributo das estratégias de gestão dos resíduos sólidos como ferramenta de Educação
Ambiental na EPCG .................................................................................................................. 22

CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................... 24

5.1.Conclusões .......................................................................................................................... 24

5.2 Recomendações ................................................................................................................... 25

Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 26

Apêndice A: Resultados da entrevista aplicada aos professores de CN da EPCG ....................... 29

Apêndice B: Resultados das entrevista com os alunos ................................................................. 30

Apêndice C : Grelha de observação .............................................................................................. 32

Apêndice D: Guião de entrevista para os professores .................................................................. 33

Apêndice E: Guião de entrevista para os alunos ........................................................................... 34

Anexo 1- Credencial da Escola Primária Completa de Mateque .................................................. 35

Anexo 2- Credencial da Escola Primária Completa de Guava ..................................................... 36

vi
Lista de figuras

Figura1: Recipientes de resíduos sólidos segundo sua coloração………………………………10

vii
Lista de abreviaturas e siglas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

EA Educação Ambiental

EAF Educação Ambiental Formal


EANF Educação Ambiental Não Formal
EAIF Educação Ambiental Informal
EEA Estratégias de Educação Ambiental

EPCG Escola Primaria Completa de Guava

GRS Gestão dos Resíduos Sólidos

INDE Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação

MA Meio Ambiente
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental

MINEDH Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

RS Resíduos Sólidos

viii
Resumo

Esta pesquisa tem como objectivo analisar as estratégias de gestão dos resíduos sólidos como
ferramenta da EA na Escola Primária Completa de Guava. A sua pertinência deve-se a
propagação dos resíduos sólidos nos centros urbanos, expandido para as escolas devido a
produção excessiva e uso inadequado de objectos descartáveis. A escola sendo difusora de
conhecimentos e formadora de opiniões, deve abordar e orientar os alunos para as mudanças na
separação do lixo de modo a facilitar a implementação das estratégias de GRS. A pesquisa é de
natureza qualitativa e cáracter descritivo. Recorreu-se a uma amostragem não-probabilística por
conveniência, com uma amostra de 7 professores de Ciencias Naturais e 30 alunos do 3˚ ciclo
que esponderam as entrevistas. Para a análise de dados usou-se a técnica de análise de conteúdos.
Os professores adoptam como estratégias de gestão de resíduos sólidos a reciclagem, reutilização
e a compostagem. Os professores ensinam a reciclagem através de resíduos descartados, gerando
outro tipo de materiais, ensinam a reutilização através do uso de resíduos descartados sem alterar
as suas propriedades, e a compostagem é usada para a produção de adubos ou fertilizantes para
hortícolas, plantas no jardim ou nos vasos. Recomenda-se a implantação de colectores que
permitam a separação dos RS de acordo com as suas características para melhor aplicação das
estratégias de GRS.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Resíduos sólidos e Gestão dos Resíduos sólidos.

ix
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras
indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequenas quantidades e constituído essencialmente
de sobras de alimentos, mas a partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir
objectos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando
consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas (Almeida,
Campos & Peixoto, 2005).

A produção excessiva e a disposição de resíduos sólidos passaram a constituir um dos principais


problemas no que se refere à gestão ambiental devido aos impactos ocasionados, destacando-se a
importância de repensar as práticas de gestão dos mesmos (Almeida et al., 2005).

Uma das alternativas para amenizar a problemática dos resíduos sólidos é a implantação da
colecta selectiva, porém esta deve ter como base o trabalho da Educação Ambiental (EA), e que
deve iniciar nas escolas para depois atingir os demais segmentos da sociedade (Silva, 1995 citado
por Dantas, 2014, p.11).

A escola por ser difusora de conhecimentos e formadora de opiniões, deve abordar e orientar os
alunos para as mudanças na separação do lixo, por meios simples e práticos para enfrentar o
problema do lixo através do desenvolvimento de estratégias que propiciem a reflexão,
participação, propagação das informações e acima de tudo, comprometimento pessoal e mudança
de atitudes em prol de um meio ambiente saudável (Capra, 1996 citado por Dantas 2014, p.11-12).

Em Moçambique, o Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) tem feito


esforços para habilitação dos alunos com vista a preservação do meio ambiente (MA), através da
inclusão de conteúdos de EA nas disciplinas de Ciências Naturais no ensino primário (INDE,
2015).

Na província de Maputo concretamente é notória a necessidade de desenvolver a EA devido a


acumulação dos resíduos sólidos, facto que proporciona vectores que podem afectar negativamente
a saúde pública assim como a preservação da própria natureza (Brito, 2012).

1
O presente trabalho tem como objectivo analisar as estratégias de gestão dos resíduos sólidos
como uma ferramenta da EA na Escola Primária Completa do Guava (EPCG).

1.2. Formulação do problema de estudo

Em tempos livres a pesquisadora frequentava a Escola Primária Completa de Guava, onde lecciona
a sua irmã e durante as visitas a presença de resíduos sólidos chamou atenção para o
desenvolvimento do presente estudo.

O que se verifica é que no interior da escola existe resíduos sólidos espalhados em quase todos
locais, criando diferentes focos de acumulação, como salas de aulas, recinto escolar e casas de
banho, onde é visível ainda à porta resíduos espalhados, alterando negativamente a estética
ambiental e proporcionando a proliferação de vectores de doenças, constituindo assim um atentado
a saúde da comunidade escolar e circunvizinha.

A preocupação aumenta ainda pelo facto da mesma escola leccionar no 3º ciclo, matérias que
incluem nas licções da disciplina de Ciências Naturais conteúdos relacionadas com MA e os
cuidados com o mesmo conforme previsto pelo INDE (2015), acrescentando desta feita mais uma
ferramenta para que o ambiente deste estabelecimento de ensino se torne uma referência na gestão
dos resíduos, pois este facto para além de melhorar a apreciação do MA pelos alunos
impulsionaria o desenvolvimento de boas práticas ambientais pelos mesmos.

A geração de resíduos sólidos em Moçambique no geral é um processo que ocorre diariamente em


quantidades e composições que variam conforme o nível de desenvolvimento económico e seus
diferentes extratos sociais, actividades económicas, localização dos bairros e escolas,
principalmente pelos costumes e hábitos das populações, daí que é necessário na GRS pensar na
Educação Ambiental, para mudar o que se pensa sobre os resíduos sólidos, a colecta e o
afastamento destes, que se materializa na deposição final (Langa, 2014).

A escola pode servir de instrumento de EA para conscientização e fundamental na produção de


conhecimento e na preocupação da formação de indivíduos capazes de entender e ser responsáveis
pelo meio ambiente em que vivem, tendo ainda a possibilidade de promover mudanças no
comportamento dos alunos e fazer com que estes influenciem outras pessoas em relação aos
problemas ambientais, concretamente a situação dos resíduos sólidos (Morales & Da Silva, 2007).

2
Pelas reflexões acima, a deposição inadequada dos resíduos na EPCG no solo, por um lado, supõe-
se que seja pela falta de um sistema de gestão dos resíduos na mesma que parte da separação, do
tratamento e da deposição final adequada aos resíduos produzidos e, por outro lado, pela falta de
uma consciência ambiental nos alunos, em relação ao grande risco que esse acto constitui.

Segundo Buque (2013), a enorme quantidade de lixo produzido pelos humanos,


consequentemente, a sua deficiente gestão resulta no lançamento desses resíduos em destinos
inadequados, podendo causar a contaminação dos solos, rios e águas subterrâneas, além da
proliferação de parasitas e doenças.

Estes factos levantaram a necessidade de proceder a presente pesquisa, de forma a analisar a


participação da escola pela acção dos professores no processo de educação ambiental e aprofundar
sobre a importância de GRS que abranja as dimensões socio-económicas e ambiental, e que nos
leve a sustentabilidade.

A geração excessiva e deposição inadequada dos resíduos sólidos (RS) nas escolas leva a
questionar: Até que ponto as estratégias de gestão de resíduos sólidos (GRS) são levadas a cabo
pelos professores na Escola Primária Completa de Guava como ferramenta da EA?

1.3. Objectivos do Estudo

1.3.1. Objectivo geral:

 Analisar as estratégias de gestão de resíduos sólidos como ferramenta da Educação


Ambiental na Escola Primária Completa de Guava.

1.3.2 Objectivos específicos:

 Identificar as estratégias de gestão de resíduos sólidos usadas pelos professores da Escola


Primária Completa de Guava no processo de ensino e aprendizagem;
 Descrever as estratégias de gestão dos resíduos sólidos usadas pelos professores da Escola
Primária Completa de Guava no processo de ensino e aprendizagem;
 Analisar o contributo das estratégias de GRS como ferramenta da EA na Escola Primária
Completa de Guava.

3
1.4. Perguntas de pesquisa

1. Quais são as estratégias de gestão de resíduos sólidos usadas pelos professores da Escola
Primária Completa de Guava no processo de ensino e aprendizagem?
2. Como os professores da EPCG aplicam as estratégias de gestão dos resíduos sólidos?
3.Qual é o contributo das estratégias de GRS como ferramenta da EA na Escola Primária
Completa de Guava?

1.5. Justificativa

Considerando que não há como deixar de produzir resíduos sólidos, é importante consciencializar
e educar a população para que o problema seja amenizado e que seja alcançado um nível de
consciência que possa reverter o cenário actual bem como estabelecer uma relação de respeito
pelos cuidados ambientais no geral (Souza, 2015).

Segundo INDE (1995), o Ministério da Educação deve educar as comunidades em matéria


ambiental nas escolas, pois é nelas onde existe o grande potencial intelectual, que são os alunos,
estes que facilmente podem servir de difusores de projectos ambientais nas suas famílias. Através
da educação o indivíduo vai assumindo certos comportamentos e interiorizando um determinado
quadro de valores.

Neste contexto, entende-se que a EA formal apresenta-se como uma ferramenta de respostas
satisfatórias, pelo facto de decorrer nas escolas que são consideradas um espaço privilegiado de
transmissão de conhecimentos, socialização do individuo, formação de carácter e ruptura de
paradigmas consolidados culturalmente na população sobre diversas questões do cotidiano, dentre
as quais destaca se a gestão dos resíduos sólidos (Souza, 2015).

Assim sendo, o presente tema é relevante de forma que poderá:

Introduzir boas práticas ambientais aos alunos, tal como contribuirá para o aperfeiçoamento das
estratégias existentes.

Ajudar os alunos a terem capacidade de observar e analisar factos e situações de todos os tipos, em
relação aos resíduos sólidos, do ponto de vista ambiental, de modo crítico, reconhecendo a
necessidade e as oportunidades de actuarem de modo positivo, para garantir um meio ambiente
saudável e uma boa qualidade de vida.

4
Possibilitar aos alunos oportunidades para que modifiquem atitudes e práticas pessoais através da
utilização do conhecimento sobre a gestão dos resíduos sólidos, adoptando posturas na escola, em
casa e em suas comunidades que os levem as interações construtivas na sociedade modificando
comportamentos sociais em relação ao meio ambiente.

Na escola, contribuirá na ampliação do conhecimento dos próprios gestores, melhorando desta


forma o funcionamento da escola em relação a gestão de resíduos sólidos. Também poderá mostrar
a importância de se empreender um esforço conjunto na GRS, que envolva toda comunidade
escolar, junto a comunidade local e em parceria com outras escolas.

Para a academia, esta pesquisa será importante na medida em que poderá acrescer à bibliografia
existente relativa ao tema em pesquisa.

No âmbito social, a pesquisa beneficiará dando um esclarecimento sobre o envolvimento da


sociedade no geral nas actividades escolares, como uma forma de ajudar no desenvolvimento do
processo educativo dos seus filhos/educandos.

Ao nível do MINEDH poderá contribuir para o desenvolvimento de programas de ensino para a


elevação da sensibilidade dos cidadãos e maior envolvimento na busca de soluções para os
problemas ambientais, consciencialização e formação para uma participação activa e sustentável
em prol do ambiente.

5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo procuramos explorar aspectos relacionados com a Educação Ambiental, Gestão dos
Resíduos Sólidos nas escolas, Estratégias de Gestão de Resíduos Sólidos e o Contributo das
Estratégias de Gestão de Resíduos Sólidos como ferramenta da EA com o objectivo de dar melhor
enquadramento ao estudo.

2.1.Conceitos Básicos

2.1.1. Meio Ambiente

A Lei do ambiente n˚ 20/97, de 1 de Outubro define o termo ambiente como "o meio em que os
seres humanos e outros seres vivem e interagem entre si e com o próprio meio, incluindo:

a) Ar, luz, terra e água;

b) Ecossistemas, biodiversidade e relações ecológicas;

c) Toda a matéria orgânica e inorgânica;

d) Todas as condições socioculturais e económicas que afectam a vida das comunidades."

Com esta definição do conceito de Ambiente entende-se que o Homem é parte integral deste meio,
e por fazer parte dele, deve usar o que o ambiente oferece com a consciência de que a sua acção
pode contribuir para a melhoria da qualidade ambiental ou para a sua destruição, devendo adoptar
atitudes que savalguardem o bem-estar das futuras gerações com a natureza.

2.1.2. Educação Ambiental

A Conferência Intergovernamental de Tbilisi conceituou a Educação Ambiental como uma


dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para resolução de problemas
concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação activa e
responsável de cada indivíduo e da colectividade” (UNESCO, 1977) citado por (Souza, 2003, p.9).

Para o MICOA (2009), a Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e


a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores,
habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir individual e colectivamente a
resolver problemas ambientais presentes e futuros.

6
Os conceitos acima descritos convergem porque apresentam a mesma visão de desenvolver nos
indivíduos uma consciência, conhecimentos e dar valor ao meio ambiente, sendo que o conceito de
MICOA (2009) tem melhor enquadramento por considerar tanto as dimensões individual e
colectiva no processo de tomada de consciência em relação as questões ambientais, e ainda tem
como referência que este processo deve ser contínuo ou constante para a inserção de novos saberes
e valores, frente à relação do ser humano com o ambiente que o cerca e com toda a sua
complexidade.

2.1.2.1. Tipos de Educação Ambiental

Córdula (2014) destaca três tipos de Educação Ambiental, a saber:

 Educação Ambiental Formal (EAF)

É aquela que se processa no âmbito da escola, nas salas de aulas, sendo promovida pelos docentes,
corpo pedagógico e gestores da comunidade escolar.

 Educação Ambiental Não Formal (EANF)

Entende-se por Educação Ambiental não formal as acções e práticas educativas voltadas à
sensibilização da colectividade sobre as questões ambientais e a sua organização e participação na
defesa da qualidade do meio ambiente, ou seja, os processos de sensibilização que ocorrem no
âmbito das comunidades.

 Educação Ambiental Informal (EAIF)

Educação Ambiental informal é aquela que é exercida em diversos espaços da vida social, mas não
necessariamente possui compromisso com a sua continuidade. Portanto, ela tem a função de
utilizar as mídias para sensibilizar a população em uma escala macro, por meio de seus anúncios,
programas televisivos, reportagens, etc. implementados pelo sector privado e público.

Mediante os três tipos de EA citados por Córdula (2014), a EA tratada no presente estudo
enquadra-se na EA formal, pois irá desenvolver-se na EPCG e realiza-se dentro de uma estrutura
pedagógica definida.

7
2.1.3. Resíduos Sólidos

Resíduos sólidos são substâncias, produtos ou objectos, que ficaram incapazes de utilização para
os fins para que foram produzidos, ou são restos de um processo de produção, transformação ou
utilização e em ambos os casos, pressupõem que o detentor se tenha de desfazer deles e a sua
proveniência é muito variada pois está associada a toda a actividade humana (Cavalheiro, Barros,
Formosinho & Pio, 2000).

Segundo Barros (2003), resíduos sólidos são definidos como os resíduos nos estados sólido e
semi-sólido, que resultam de actividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Os conceitos convergem ao elucidar que a geração de resíduos tem várias proveniências, porém o
conceito de Cavalheiro et al., (2000) apresenta elementos como por exemplo: a incapacidade de
utilização dos resíduos para os fins para que foram produzidos, que nos chama atenção para uma
reflexão do conceito de resíduos sólidos. Com esta reflexão pode se entender que resíduos sólidos
são todo material descartado que embora tenha ficado incapaz relativamente ao fim que foi
produzido, ainda possui algum valor, podendo ser reutilizados e reciclados.

2.1.4. Gestão de Resíduos Sólidos

A gestão de resíduos sólidos é definida por Russo (2003), como uma disciplina associada ao
controlo, produção, armazenamento, recolha, transferência e transporte, processamento, tratamento
e destino final dos resíduos sólidos, de acordo com os melhores princípios de preservação da saúde
pública, economia, conservação dos recursos, estética e outros princípios ambientais.

Na visão do MICOA (2006), a GRS é a maneira de conceber, implantar e administrar sistemas de


limpeza pública, considerando uma ampla participação dos munícipes.

Ainda o MICOA (2012), apresenta uma outra definição na qual a GRS é vista como todos os
procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão ambientalmente segura, sustentável e
racional dos resíduos, tendo em conta a necessidade de sua redução, reciclagem e reutilização,
incluindo a separação, recolha, manuseamento, transporte, armazenamento e eliminação de
resíduos bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, de forma a proteger a saúde
humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos.

8
Os conceitos acima descritos mostram de forma clara a definição de gestão de resíduos sólidos,
mas a definição do MICOA (2012) tem melhor enquadramento na pesquisa por englobar aspectos
que vão além daquilo que é a limpeza dos espaços, transporte, separação, recolha, tratamento,
destino final entre outros, focando se numa visão mais estratégica, que olha para o presente e
futuro, ou seja, a visão sustentável, racional e ambientalmente segura, que parte da relação em que
o homem passará a ter com a natureza e ganhará a consciência no acto da produção excessiva de
resíduos, o destino que dá e seu devido tratamento. A perspectiva do MICOA (2012)
complementa-se com a definição do MICOA (2006), pois para que o sistema de gestão de resíduos
seja eficiente é crucial o envolvimento de todas comunidades nesta acção.

2.2. Gestão de Resíduos Sólidos nas escolas

Ao abordar a questão da gestão dos resíduos sólidos no ambiente escolar é importante analisar em
primeiro lugar se os alunos têm hábitos e o conhecimento de separar os resíduos sólidos de acordo
com as suas características, pois é essencial tanto para facilitar a colecta pelos catadores e para
reciclagem (Santos, 2015).

Segundo Dantas (2014), a implantação de colectores selectivos de resíduos no ambiente escolar


geralmente no pátio, mostra-se como uma forma de educar para o convívio social e
consciencializar sobre a importância da separação desses materiais para a reciclagem, onde cada
pessoa pode fazer a sua parte no ambiente escolar. O autor afirma ainda que há maior necessidade
de ter no ambiente escolar colector específico principalmente de matéria orgânica uma vez que os
alunos produzem grandes quantidades de sobras de alimentos, para que estes não contaminem os
materiais possíveis de reciclar.

Segundo Santos (2015), a separação deve ser feita através de recipientes que recebam uma
coloração específica para cada classificação: papel (azul claro), papelão (azul escuro), plástico
(vermelho),vidros (verde), sucatas (amarelo), lixo não reciclável (preto), lixo orgânico (castanho),
resíduos perigosos (roxo) e resíduos inerentes (cinza), que fará com que o seu tratamento posterior
seja mais dinâmico e eficiente, consequentemente, causando menos impacto ao meio ambiente.

Porém, importa aqui destacar as cores aprovadas na Resolução CONAMA n° 275/01, conforme
ilustra a Figura 2, de modo a simplificar a ilustração:

9
Figura 2. Recipientes de resíduos sólidos segundo a sua coloração.

Fonte: Resolução CONAMA n° 275/01, p.80.

Pode-se analisar também no meio escolar como é feita a separação, recolha, tratamento
transportes, e se os alunos têm a consciência de onde vão parar os resíduos que produzem, se são
depositados em aterros sanitários, lixeiras ou se são incinerados (Santos, 2015).

Uma das formas de mudar o problema de grande produção de resíduos sólidos é introduzir a
educação ambiental nas escolas, sobre a produção de resíduos sólidos, por meio de estratégias que
estimulem a participação activa dos alunos na gestão destes resíduos e ainda aplicação de medidas
que implicam a mudança nos padrões de produção e consumo da sociedade, de modo a atingir uma
gestão sustentável de RS (Santos, 2015).

2.3. Estratégias de gestão de resíduos sólidos nas escolas

Segundo Russo (2003), as estratégias de GRS associadas a EA são: Redução, Reutilização e


Reciclagem; Compostagem; Incineração; Programas de Educação Ambiental e Programas de
Participação Comunitária.

 Redução, Reutilização e Reciclagem de resíduos (3 R’s)

A redução é a introdução de novas tecnologias na exploração, transporte e armazenamento das


matérias-primas para reduzir ou se possível, eliminar o desperdício dos recursos naturais, retirados
da natureza. A reutilização é a reintrodução no processo produtivo, de produtos não mais

10
apropriados para o consumo, visando a sua recuperação e recolocação no mercado, evitando o seu
encaminhamento para o lixo. A reciclagem constitui a reintrodução de um resíduo, produto usado,
para que possa ser reelaborado gerando um novo produto.

Os 3R’s se propõem a analisar e organizar o ciclo produtivo, de forma que cada vez mais o lixo
seja transformado em insumo, substituindo, até o limite do possível, as preciosas matérias-primas
naturais, preservando nossos recursos naturais e o meio ambiente.

 Compostagem

É um processo controlado de decomposição microbiana de oxidação e oxigenação de uma massa


heterogénea de matéria orgânica, no estado sólido e húmido.

 Incineração

A incineração é considerada uma forma de disposição final e constitui método de tratamento que
se utiliza da decomposição térmica, com o objetivo de tornar um resíduo menos volumoso e menos
tóxico.

 Programas de Educação Ambiental

Estes programas devem cultivar valores positivos acerca da preservação da natureza, despertar o
interesse pela aquisição de conhecimentos voltados as boas práticas de tratamento de resíduos
sólidos que despertem a consciência na produção, deposição dos resíduos em locais adequados e
separação, e ainda desenvolver atitudes positivas e habilidades necessárias que permitam os alunos
participar activamente na resolução de problemas ambientais.

 Programas de Participação Comunitária

Estimulação da população para a sua participação em programas e acções ligados ao tema resíduos
sólidos, onde serão tratadas as causas e consequências na dificuldade do tratamento e destinação
final dos resíduos, incentivando a colecta selectiva e a diminuição dos resíduos de modo a
promover mudanças, hábitos e atitudes para implantação de novos princípios para que todos
alcancem os objectivos através de um trabalho educativo para benefício da própria população.

Tendo em consideração que o principal objectivo da pesquisa é analisar as estratégias de gestão de


resíduos sólidos na realidade escolar, as estratégias citadas pelo Russo (2013), vão ao encontro do
propósito da pesquisa, por se tratar de estratégias que ao serem planeadas a sua execução é de fácil

11
maneio não só por parte dos professores, bem como na assimilação das mesmas e posterior
implementação pelos alunos, e que ajudam a comunidade escolar a tomar consciência de que o
meio ambiente faz parte deles, devendo ser cuidado e respeitado, adoptando atitudes positivas,
saudáveis ao meio ambiente. Acima de tudo são estratégias que os alunos podem praticar não só na
escola, mas também no seu dia-a-dia com as suas famílias.

2.4. Contributo das estratégias de GRS como ferramenta da EA

Os resíduos sólidos constituem um dos grandes problemas da actualidade, pois devido a


urbanização, o crescimento populacional e o consumo exacerbado, traz como consequência um
acréscimo e diversificação no processo de geração dos mesmos, que muitas vezes são dispostos de
maneira completamente inadequada e irregular ocasionando uma intensa degradação do ambiente
(Cavalcante, Medeiros, Pessoa, Silva & Sobrinho, 2016).

Esses autores afirmam ainda que a problemática dos RS faz parte de um contexto económico,
político, social e ecológico, cuja complexidade envolve uma ampla rede de inter-relações que
demandam abordagens abrangentes sobre vários aspectos. Nesse contexto, as ações de educação
ambiental são extremamente importantes na medida que possibilitam conhecimentos, aptidões e
promovem atitudes necessárias para reverter o quadro de degradação ambiental ocasionada pelo
excesso de RS no ambiente.

Segundo Zuben (1998), a GRS na escola é muito importante devendo ser estabelecida no processo
de EA, e requer que sejam traçadas estratégias para diminuir os resíduos de modo a incentivar os
alunos a ter hábitos de separação dos mesmos por meio da colecta selectiva.

A separação dos resíduos é imprescindível para a aplicação de estratégias de GRS pois nos levam
a diminuição dos resíduos nos solos, sendo que as técnicas de controlo de resíduos mais comuns
são a reciclagem e a compostagem que são conhecidas como ferramentas de EA por ajudarem na
consciencialização dos alunos sobre a importância da separação dos resíduos, e por terem o poder
de evitar que muitos materiais sejam encaminhados para incineração (com posteriores emissões de
gases para a atmosfera) ou para aterros sanitários (Macedo & Ramos, 2016).

Para que possa funcionar, a interação escola e Educação Ambiental na GRS, juntamente com o
incentivo didático, pode se adoptar estratégias para GRS tornando a ideia mais prática e
interessante se haver uma junção de reutilização de materiais, criando objectos com material

12
reciclado, que possa ser útil em sala de aula, ajudando no ensino e na didáctica dos alunos
(Macedo & Ramos, 2016).

A educação ambiental deve servir de instrumento de transformação, no que se envolve


consciencialização somada à sensibilização, sendo primordial para o desenvolvimento de uma
consciência crítica em relação as causas dos problemas ambientais, gerando comprometimento e
responsabilidade das pessoas nas suas acções, sendo imprescindível sua utilização como
instrumento para resolver os problemas associados aos resíduos sólidos, desde a geração, colecta,
transporte até a disposição final nas escolas (Cavalcante et al., 2016).

Com estes factos descritos requer-se novas formas de abordagem, integrando as várias áreas de
conhecimentos e tendo como foco principal o despertar da consciência, principalmente das
crianças e dos adolescentes, para que assim novos hábitos possam ser formados, direccionando a
espécie humana a utilizar os recursos naturais de forma sustentável (Oliveira, Obara & Rodrigues,
2007).

13
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Neste capítulo faz-se a descrição do local de estudo, apresenta-se a abordagem metodológica,


amostragem, técnicas de recolha e análise de dados, questões éticas e limitações.

3.1. Descrição do local de estudo

O presente estudo teve lugar na Escola Primaria Completa de Guava, que localiza- se na província
de Maputo, distrito de Marracuene, Bairro de Guava, leccionando em um regime de três turnos.
Segundo os dados colhidos na EPCG, esta conta com um total de 5987 alunos, dos quais 3623 do
sexo masculino e 2364 femenino, estando estes distribuídos em 64 turmas, sendo que 13 turmas
funcionam ao ar livre, devido a insuficiência de salas de aulas para acomodar a todos. Conta ainda
com 68 funcionários dos quais, oito da área administrativa, dois guardas, uma funcionária
responsável pela limpeza da escola e 57 docentes com formação psicopedagógica.

3.2. Abordagem metodológica

A pesquisa é de natureza qualitativa, que de acordo com Mutimucuio (2008) este método permite,
pela sua natureza, colher sentimentos, opiniões, valores sociais que neste caso são dos professores
e alunos.

O estudo é de carácter descritivo que, segundo Godoy (1995), a descrição é sobre as situações em
estudo, tentando o investigador compreender determinados fenómenos segundo a perspectiva dos
indivíduos que participam na situação em estudo. Optou-se por esta abordagem pois o principal
objectivo é obter dados descritivos sobre as estratégias de GRS usadas pelos professores da Escola
Primaria Completa do Guava no processo de EA para posterior análise.

3.3. Amostragem
O presente estudo teve como população todos os professores e alunos da EPCG indicados na secção
3.1, e serviu-se de amostragem não-probabilística por conveniência, que de acordo com
Mutimucuio (2008, p. 44-45), a “amostragem não probabilística é usada quando os respondentes
são escolhidos pela acessibilidade ou outros critérios julgados representativos pelo pesquisador”

14
que para esta pesquisa foram, o ciclo que os alunos frequentam, e a disciplina que os professores
leccionam.

Segundo o mesmo autor é por conveniência quando “a população designada é muito específica e
de disponibilidade limitada, obtém-se respostas de pessoas que estão disponíveis e dispostas a
participar”. Neste caso a técnica de conveniência deu-se a dificuldade de interagir com os alunos e
a disponibilidade dos mesmos, no entanto ao usar esta técnica foi possível escolher os mais
comunicativos, o que facilitou na obtenção de informações sobre as estratégias de GRS
transmitidas pelos professores no processo da EA.

A amostra foi de 37 representantes, selecionados no 3˚ ciclo (6ᵃ e 7ᵃ classe), dos quais 7


professores da disciplina de Ciências Naturais que somam o total dos que existem na escola, e 30
alunos.

Contou-se com o apoio do Director Pedagógico para a identificação dos professores, e em relação
aos alunos os professores fizeram uma selecção por meio de uma divisão equitativa dos alunos da
6ª e 7ª classe, abrangindo todas as turmas do 3º ciclo sendo 15 alunos para cada classe.

A escolha do 3º ciclo foi feita tendo em conta que a este nível de escolaridade o aluno já é capaz
de satisfazer com clareza os objectivos estabelecidos na pesquisa mediante a aplicação dos
instrumentos de recolha de dados. Segundo o INDE (2015), os alunos do 3º ciclo do ensino
primário dentre as várias competências que lhe são habilitadas, estes resolvem problemas em
diferentes situações da vida de forma activa, interpretam textos orais e escritos de forma crítica,
redigem textos de natureza diversa, previnem as doenças mais comuns na comunidade através da
higiene individual e colectiva, etc., o que lhes habilita a participar da pesquisa.

A escolha da disciplina de Ciências Naturais deve-se ao facto de esta disciplina no seu plano
temático incluir questões ambientais e consequentemente os professores por estes serem
responsáveis pelas turmas em questão na disciplina, presume-se que o nível de conhecimento e as
atitudes dos alunos depende das estratégias de ensino e aprendizagem que os professorem
implementam nas suas práticas educativas para que estes tenham consciência da importância do
meio ambiente, e adoptem atitudes positivas de respeito e harmonia com o mesmo, principalmente
no que concerne a produção e deposição correcta dos resíduos sólidos, ou na adopção das
estratégias de gestão dos resíduos de modo a garantir o equilíbrio natural.

15
3.4. Técnicas de recolha e análise de dados

3.4.1. Técnicas de recolha de dados


As técnicas de recolha de dados usadas para o estudo foram: a entrevista e a observação
sistemática.

 Entrevista

Segundo Mutimucuio (2008) a entrevista semi-estruturada é um roteiro preliminar de perguntas


contendo as ideias principais, que se molda à situação concreta de entrevista. O entrevistador pode
adicionar novas perguntas de seguimento se for necessário.
A entrevista teve como base dois roteiros na qual um para os professores e o outro para os alunos
(vide apêndices D e E) que foram subdivididos de acordo com os objectivos do estudo e consistiu
de tópicos relacionados com as estratégias de GRS e o seu contributo para a escola como
ferramenta da EA, em que foi possível colher os dados com clareza. Para o registo dos dados foi
usado um bloco de notas A4.

Para permitir que haja eficácia e fiabilidade na aplicação dos instrumentos, foi realizado um pré-
teste na Escola Primaria Completa de Mateque, também localizada no distrito de Marracuene, por
esta apresentar características similares ao local de estudo de modo a permitir avalia-los. O
resultado da pré-testagem dos instrumentos foi positivo por verificar-se que havia percepção dos
respondentes em relação as questões dos roteiros das entrevistas (apêndices D e E).

 Observação Sistemática

De acordo com Marconi & Lakatos (2003), a observação sistemática realiza-se em condições
controladas, para responder a propósitos preestabelecidos, o observador sabe o que procura e o que
carece de importância em determinada situação.

No caso em estudo a observação sistemática decorreu no período de cinco dias seguidos, durante o
período de actividades da EPCG, nas salas de aulas num período de 90 min, e nos intervalos, de
modo a colectar dados referentes as estratégias de gestão de resíduos sólidos que os professores
adoptam aos seus alunos no dia-a-dia; sobre o comportamento dos alunos relativo a sua

16
assimilação aos conteúdos de EA e GRS transmitidos principalmente em relação a produção e o
destino final que dão aos seus resíduos.
A observação sistemática realizada teve como referência uma grelha (vide apêndice C). Da grelha
constam as categorias de observação e as orientações da observação.

3.4.2. Análise de dados

Os resultados da pesquisa foram analisados de acordo com a técnica de análise de conteúdo


apresentado por Bardin (2014) e obedeceu as três fases preconizadas na análise de conteúdo (pré-
análise, a exploração do material e a interpretação).

 Na fase de pré-análise, fez-se a leitura, organização do material colhido e selecção das


amostras que iam de acordo com os objectivos da pesquisa para constituir o trabalho. E
ainda fez-se a codificação das amostras dos professores e dos alunos de modo a permitir
uma rápida identificação de cada elemento da amostra das entrevistas e questionários. A
codificação dos professores foi feita da seguinte maneira: P1, P2; P3; P4; P5; P6 e P7; em
que o P significa professor de Ciências Naturais e os números representam a sequência das
entrevistas.

Para o caso dos alunos, tendo sido estes divididos pela metade das classes, foram atribuídos
os seguintes códigos: A6.1; A6.2, A6.3, A6.4; A6.5; A6.7; A6.8; A6.9; A6.10; A6.11;
A6.12; A6.13; A6.14; A6.15; A7.1; A7.2; A7.3; A7.4; A7.5; A7.6; A7.8; A7.9; A7.10;
A7.11; A7.12; A7.13; A7.14; e A7.15; onde o A6.1 representa o primeiro aluno da 6ª
classe que respondeu a entrevista; assim sucede-se aos restantes códigos de A6 em
sequência, e A7.1 representa a amostra do primeiro aluno da 7ª classe a responder as
perguntas da entrevista, assim procede aos restantes números.

 A exploração do material consistiu na definição de categorias de análise com base nos


objectivos e perguntas de pesquisa, onde foram definidas em três categorias
nomeadamente: Estratégias de GRS, Descrição das estratégias de GRS e o Contributo das
estratégias de GRS como ferramenta da EA.

 Na interpretação dos dados para se dar sentido foi feita a relação dos dados obtidos no
campo e a revisão da literatura anteriormente definida no capítulo II.

17
3.5. Questões éticas

Para que a investigação fosse exequível, foi necessário saber qual a disponibilidade da escola para
participar no estudo. Assim, foram estabelecidos alguns contactos, com os diferentes
intervenientes.

Primeiramente estabeleceu-se um contacto telefónico com o Director, uma vez que sempre que nos
deslocamos ao local de estudo o mesmo encontrava-se ausente, e posteriormente um contacto
pessoal não só com o director, mas também com os professores mediante a apresentação da
Credencial fornecida pela Universidade Eduardo Mondlane (anexo 2), onde obteve-se a permissão
para observar com detalhes a real situação relativa a gestão de resíduos sólidos e concedeu a
oportunidade de explicar se melhor sobre o propósito do estudo, para assim obter-se autorização
para aplicação dos instrumentos de recolha de dados a professores e alunos.

Os entrevistados foram informados que os dados das entrevistas seriam tratados em anonimato,
assim como a questão da confidencialidade de toda informação recolhida no âmbito do estudo.

Para garantia do anonimato usou-se os códigos definidos anteriormente no capítulo III, secção
3.4.2.

3.6. Limitações do estudo

A primeira limitação está relacionada a limitada disponibilidade de estudos sobre as estratégias de


EA na GRS adoptadas nas escolas em Moçambique, o que dificultou uma abordagem exaustiva
sobre o tema a nível nacional e para superar esta limitação foi necessário recorrer a artigos
publicados de abrangência internacional.

A segunda limitação está relacionada às terminologias usadas como RS, GRS, EGRS, separação e
tratamento dos resíduos na elaboração e aplicação dos instrumentos de recolha de dados, que para
o melhor entendimento dos entrevistados foi necessário o uso de uma linguagem mais
simplificadas.

18
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo são apresentados e discutidos os resultados do estudo com base nos
objectivos e perguntas de pesquisas formuladas no capítulo I, confrontando com a revisão da
literatura apresentada no capítulo II.

4.1. Estratégias de Gestão dos Resíduos Sólidos na Escola Primária Completa de Guava

De acordo com os resultados da entrevista e observação realizada na EPCG (vide apêndice D,


pergunta 1 e apêndice C), nesta escola os professores adoptam algumas estratégias de GRS no
processo de EA.

Os professores entrevistados quando questionados que estratégias de GRS tem ensinado aos seus
alunos, afirmaram o seguinte: o P1 afirma que ensina a compostagem; o P2 afirma que ensina a
reciclagem e a reutilização dos materiais; os P3, P6 e P7 afirmam que ensinam a reciclagem dos
resíduos; P4 e P5 afirmam que não ensinam nenhuma estratégia. O P3 e P6 fundamentaram
dizendo que ensinam de acordo com os conteúdos da disciplina de Ciências Naturais e na
disciplina de Ofícios que é uma disciplina que ensina os alunos a produzirem materiais através de
resíduos descartados.

Os alunos entrevistados quando questionados o que faziam para diminuir o lixo na escola de modo
a apurar se adoptavam alguma estratégia transmitida pelos professores (Pergunta 1, apêndice E),
dos 30 entrevistados apenas dois asseguraram a implementação da reciclagem, sendo um deles
através da construção de brinquedos e outros objectos a partir de materiais descartados, e o outro a
reutilização através da recolha de garrafas usadas para posterior venda. E nos restantes 28 alunos
alguns apanham papeis, plásticos e outros resíduos para cova, outros afirmam que participam em
jornadas de limpezas, e outros fazem o plantio de árvores.

Durante o período em observação para colecta de dados, verificou-se que os alunos de facto
recolhiam o lixo para a covas, e nesse processo alguns alunos recolhiam alguns resíduos do seu
interesse e levavam consigo para as aulas, outros para fora da escola, para além de oficinas

19
improvisadas nas aulas de Ciências Naturais de demonstração de reciclagem e reutilização de
resíduos descartados.

Desta forma aliando os dados das entrevistas e observação constata-se que na EPCG os
professores adoptam estratégias como a reutilização, reciclagem e a compostagem, coincidindo
com algumas estratégias apresentadas pelo Russo (2003), na sua abordagem sobre as estratégias de
GRS.

4.2. Descrição das estratégias de gestão de resíduos sólidos usadas pelos professores da
Escola Primária Completa de Guava no processo de educação ambiental

Para a descrição das estratégias de GRS no processo de EA, fez-se entrevistas aos professores de
modo a apurar em que consistiam as estratégias adoptadas (Pergunta 2, apêndice D), onde o P1
afirmou que a compostagem era desenvolvida na base de demonstrações no quadro por meio de
exemplos práticos sobre a importância do lixo orgânico ao complementar o ciclo de decomposição
para fertilização dos solos, para o crescimento de hortícolas, ou mesmo para os seus jardins e
vasos, contribuído para o desenvolvimento dos vegetais.

O P2 afirmou que para a reutilização dos RS tem ensinado aos alunos após o consumo de
refrigerantes para que as garrafas sejam usadas para conservar as águas, as retornáveis devem ser
devolvidas para serem reabastecidas pelas fábricas de modo a evitar que se produzam mais
garrafas que possam virar resíduos. Ensina também que os bidões, as emplamas, tigelas de
iogurtes, manteiga usadas em casa após o esvaziamento do produto são resultado da reutilização.

Na sequência das entrevistas para falar da reciclagem de uma forma generalizada os P2, P3, P6 e
P7, afirmam que ensinam aos seus alunos a produzir novos produtos na base de diversos materiais
descartados, como é o caso da utilização de papéis descartados para a elaboração de artigos para
embelezar ou decorar como: rosas de papel, flores de papel, jatinhos, barcos, criação de vasos na
base de garrafas ou outros recipientes.

Da observação feita pôde-se verificar que de facto a reciclagem era desenvolvida por meio de
materiais descartados para produção de brinquedos e outros objectos para utilização dos próprios
alunos, e a reutilização era a estratégia que mais se desenvolvia, podendo se verificar no uso de

20
sacos, plásticos, papel para encadernação dos livros, uso de caixas de papel nas salas de aula para
deposição dos RS.

Posto isto, pode-se afirmar que as estratégias de GRS apuradas na EPCG adequam-se ao
aprendizado dos alunos do 3º ciclo do ensino primário, pois para além de ser uma componente
educativa no que concerne a EA e GRS, constitui um divertimento para os mesmos pois produzem
materiais que tem um fim interessante para eles, sendo necessário incluir outras estratégias para
que se alcance o nível de redução de descarte de resíduos inadequadamente, tal como sugere a
perspectiva do Russo (2003), que apresenta mais estratégias para esse efeito.

Dando seguimento às questões, interessou saber dos professores como era tratado o lixo na escola
(Pergunta 3, apêndice D), de modo a perceber-se como se fazia a separação para a posterior
aplicação das estratégias, onde todos os professores coincidiram nas respostas afirmando que o
lixo não era tratado, apenas junta-se e mandam os alunos levarem a cova.

Com a mesma intenção procurou-se saber dos alunos se os resíduos eram separados ou
depositados no mesmo recipiente (Pergunta 3, apêndice E), onde todos convergiram ao afirmar que
não havia separação dos resíduos.

Aliado a essa questão, procurou-se saber em que sítios deitavam o lixo na escola (Pergunta 4,
apêndice E), na qual todos alunos afirmaram que deitam na cova.

De acordo com Santos (2015), ao abordar a temática dos RS na escola é importante analisar se os
alunos têm o hábito e o conhecimento de separar os RS de acordo com as suas características, que
nesse caso pôde-se perceber que não é observado nesta escola, pois nenhum dos alunos têm esse
hábito de separar os RS, supostamente pela falta de colectores de RS que ajudariam no despertar
da consciência.

Este facto mostra que na EPCG a EA sobre a produção de RS é muito limitada, não ajuda os
alunos a compreender a importância das estratégias que têm apreendido para praticá-las, tal como
sugere Santos (2015) falando de estratégias que estimulam a participação activa dos alunos.

21
4.3. Contributo das estratégias de gestão dos resíduos sólidos como ferramenta de Educação
Ambiental na EPCG

Para analisar o contributo das estratégias de GRS como ferramenta de EA na EPCG, analisou-se
primeiro as respostas dadas pelos professores e alunos durante as entrevistas.

Os professores quando questionados que contributos tem dado em relação GRS e EA, para a
mudança de comportamento dos alunos (Apêndice D, pergunta 4), responderam o seguinte: P1-
Enfrenta muitas limitações para atingir essa mudança de comportamento devido à falta de baldes
para separação dos resíduos em classe e a falta de um sistema de gestão dos resíduos no geral; P2-
Falta de colaboração do MINEDH nos procedimentos de GRS das escolas; P3- ensina a
necessidade da preservação do MA para as gerações futuras; P4- Contribui ensinando aos alunos a
apanhar papéis, a não deitarem os plásticos e garrafas de qualquer maneira; P5- Exorto a outros
professores a ensinarem a prática da reciclagem para o bem do meio ambiente nas disciplina de
ciências naturais, ofício e educação visual, P6-Contribui ensinando aos meus alunos o uso dos 3rs,
mostrando na prática a reciclagem, P7- diz que torna-se difícil dar uma contribuição nesse aspecto
pois a escola não reúne condições para se praticar a educação ambiental.

Mediante as respostas apresentadas é notável que os professores contribuem para a adopção de boas
práticas ambientais pelos seus alunos, por meio de estratégias alinhadas a EA, apesar de existirem
professores que apresentam limitações na aplicação das estratégias devido as condições da própria
escola.
Por outro lado, os alunos quando questionados qual era o seu sentimento em relação aos alunos que
deitam o lixo no chão do recinto escolar de modo a analisar o contributo das estratégias de GRS
com ferramenta de EA (Apêndice E, pergunta 5).

Dos 30 entrevistados, 17 alunos afirmam que não fazem nada, os A6.4, A6.8 e A6.14 dizem que vão
queixar ao Sr. professor, o A6.2, A6.9 e o A7.13 afirmam que apanham pessoalmente e vão deitar
na cova, e os A7.1, A7.3, A7.4, A6.6, A7.7, A6.13 e o A7.9 afirmam que conversam com os colegas
e chamam atenção para que estes apanhem o lixo para a cova.

A EPCG é um estabelecimento de ensino primário que lecciona no seu currículo a disciplina de


Ciências Naturais que aborda nas suas temáticas conteúdos relacionados com a EA, e que de acordo
com os dados anteriormente colhidos na secção 4.1 os professores adoptam nas suas lições

22
estratégias de GRS usando como ferramentas para EA, mas que, no entanto, não se complementam
com as condições ambientais que a escola apresenta.
Por um lado, temos a escola com focos desordenados de acumulação de RS e, por outro lado temos
as estratégias apresentadas pelos professores como ferramentas utilizadas nas suas actividades. Se
comparado esses dois factos de ponto de vista de Cavalcante et al., (2016) que tem a EA como
principal instrumento de sensibilização, consciencialização e transformação em relação aos
cuidados com o MA, as estratégias de GRS usadas pelos professores não justificam as condições
ambientais da escola uma vez que as mesmas são desenvolvidas conjuntamente com os alunos, no
processo de EA. Em resultado dessa discrepância pode-se constatar que este facto resulta das
dificuldades na interpretação das estratégias pelos alunos, ainda devido ao facto de que estas ou não
são transmitidas numa linguagem percetível ao nível dos alunos, ou as mesmas não são
rigorosamente implementadas.
Como contributo, as estratégias de GRS ao serem desenvolvidas com rigorosidade e numa
linguagem ao nível dos alunos do ensino primário geral e especificamente daquela escola, podem
melhorar o sistema de GRS no recinto escolar e a falta de domínio e interpretação das boas práticas
ambientais.

23
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1.Conclusões

Do estudo realizado apurou-se a reciclagem, reutilização e a compostagem como estratégias de


GRS utilizadas no processo de EA pelos professores da EPCG.
A reciclagem era desenvolvida através da transformação de resíduos descartados que os alunos
apanhavam na escola para produção de outros materiais, a reutilização era feita usando resíduos
descartados para outras finalidades e a abordagem da compostagem era na base do
reaproveitamento de resíduos orgânicos para a produção de fertilizantes para culturas agrícolas, ou
mesmo para as plantas no jardim.

Concluiu-se também que o que esta na origem do problema da pesquisa tem a ver com as formas
de transmissão ou aplicação das ferramentas de EA nos alunos que os leva a não interpretar a
abordagem dos professores o que consequentemente resulta na falta de conservação do espaço
escolar e que as mesmas estratégias quando aplicadas rigorosamente podem melhorar o nível de
entendimento dos alunos para a sua adopção.

24
5.2 Recomendações
Com base nos resultados e nas conclusões do presente estudo, recomenda-se:

Ao Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano

 A continuação na implantação da abordagem das estratégias de GRS por meio de materiais


didáticos nas disciplinas relacionadas com o meio ambiente.
 Provisão de meios práticos de gestão de resíduos sólidos para garantir a implementação dos
conhecimentos teóricos.
 Implantação de centros de reciclagens dos matériais nas escolas.

A Direcção da EPCG recomenda-se:

 Criação de parcerias, programas, ou integração em projectos que abordam sobre GRS e


colecta selectiva para o melhoramento das acções desenvolvidas, por meio da troca de
experiência.
 Implantação de colectores que permitam a separação dos resíduos de acordo com as suas
características, e que facilitem na colecta selectiva e no tratamento dos resíduos gerados.
 Criação de mecanismos de capacitação periódica dos professores em matérias ambientais.

Aos professores da EPCG


 Continuidade em dedicar-se na na criação de mecanismos para implementação das
estratégias de GRS por parte dos alunos, que se for eficaz vê-se como um meio de
transformar a sociedade, pois estes são o elo de ligação entre a escola que transmite os seus
conteúdos com base nos planos curriculares no processo de ensino e aprendizagem com a
sociedade em geral.
Aos alunos da EPCG

 Que assumam com responsabilidade a luta pela salvaguarda do meio ambiente como
garantia de uma vida saudável, praticando sempre que necessário as boas práticas de GRS
aprendidas.

25
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28
Apêndice A: Resultados da entrevista aplicada aos professores de CN da EPCG
Perguntas Respostas dos professores
P1, P4 e P5 – Nenhuma.
P2 – A reciclagem e o reuso dos materiais, na disciplina de ofícios.
Pergunta 1 P3, P6 e P7- Ensino a reciclagem.
P1- Tenho ensinado a transformar a matéria orgânica em inorgânica para as hortas.
P2- Ensino a fazer regadores, vasos, copos, com garrafas.
P3, P4, P5, P6, e P7 - Nenhuma.
Pergunta 2
P1- O lixo não recebe nenhum tratamento nessa escola, e a sua gestão esta sob a responsabilidade de uma e
única funcionária o que torna difícil o processo. O que se faz apenas é mandar os alunos varrerem e recolher
o lixo para a cova onde é queimado.
Pergunta 3 P2, P3, P4, P5, P6, e P7 – O lixo não recebe nenhum tratamento, infelizmente. Apenas colecciona-se todo o
lixo e queima-se na cova.
P1- Enfrento muitas limitações para atingir essa mudança de comportamento devido a falta de baldes para
separação dos resíduos em classe e a falta de um sistema de gestão dos resíduos no geral
P2- Acho que a acção dos professores faria sentido se o próprio ministério da educação colabora-se, pois
Pergunta 4 eles colocam 1 agente de limpeza para uma escola, o que torna impossível tornar a escola limpa, e de abrir
espaço para os professores lutarem contra tanto lixo que existe na escola.
P3- Tenho ensinado a eles que existirão gerações futuras que vão precisar desse meio ambiente, por isso há
uma grande necessidade de cuidar bem do mesmo, e preserva-lo.
P4- Contribuo ensinando aos meus alunos a apanhar papeis, a não deitarem os plásticos e garrafas de
qualquer maneira.
P5- Exorto a outros professores a ensinarem a prática da reciclagem para o bem do meio ambiente nas
disciplinas de ofício e educação visual.
P6- Eu contribui ensinando aos meus alunos o uso dos 3rs, mostrando na prática a reciclagem.
P7- Torna se difícil dar uma contribuição nesse aspecto pois a escola não reúne condições para se praticar a
educação ambiental.

29
Apêndice B: Resultados das entrevista com os alunos
Ord. Alunos da 6ª Classe Alunos da 7ª Classe
A6.1- Recolho garrafas para vender, para A7.1- Participo nas jornadas de limpeza daqui da
aproveitarem para outras coisas. escola.
A6.2- Apanho papéis aqui na escola, garrafas, A7.2- Reaproveito o papel que deitamos para fazer
cascas secas e deito na cova brinquedos como mascaras, espadas, com as garrafas
faço canecas e vasos.
A6.3- Varro a sala e o pátio, depois apanho o A7.3- Participo nas jornadas de limpeza da escola.
Pergunta 1 lixo vou deitar na cova.
A6.4- Apanho papeis e deito na cova. A7.4- Abrir covas e meter o lixo que se produz aqui na
escola.
A6.5- Apanhar papeis na sala e no pátio, meter A7.5- Apanhar papeis e plásticos para a cova.
os papeis na cova e depois queimar.
A6.6- Apanhar papeis, juntar e deitar na cova A7.6- Apanhar papeis na sala.
para queimar.
A6.7- Apanhar o lixo e deitar na cova A7.7- Apanhar o lixo e deitar na cova.
A6.8- Apanhar papeis na escola e deitar na cova. A7.8- Apanhar papeis, plásticos, garrafas, deitar na
cova para queimar.
A6.9-Não espalho lixo na escola, e quando vejo A7.9- Faço limpeza na escola, apanho e lixo e vou
apanho e vou deitar na cova. deitar na cova.
A6.10- Apanho o lixo na sala e no pátio da A7.10- Evito deitar o lixo no chão.
escola.
A6.11- Apanho papeis para deitar. A7.11- Apanho papeis para deitar na cova.
A6.12- Apanhar papeis juntar e deitar no lixo. A7.12- Apanho o lixo e deito na cova.
A6.13- Apanhar o lixo na escola, não rasgar A7.13- Apanhar papeis na sala e no pátio e deitar na
papeis de qualquer maneira. cova.
A6.14- Apanho papeis no fim da aula. A7.14- Apanho papeis na sala e meto na cova para
queimar.
A6.15- Apanho papeis na sala, plásticos no pátio A7.15-Apanho o lixo e faço limpeza na escola com os
e folhas secas para a cova. meus colegas.
Pergunta 2
Pergunta 3 Todos alunos- Na cova. Todos alunos- Na cova.
Pergunta 4 Todos alunos- Não separamos. Todos alunos- Não separamos.
A6.1, A6.3, A6.5, A6.7, A6.10, A6.11, A6.12 e A7.2, A7.5, A7.6, A7.8, A7.10, A7.11, A7.12, A7.13,
A6.15- Não faço nada. A7.14 e A7.15- Não faço nada
A6.2 e A6.9- Apanho e vou deitar. -

30
A6.4, A6.8 e A6.14- Vou queixar no senhor -
professor.
Pergunta 5
A6.6, A6.13- Chamo atenção. A7.1, A7.3, A7.4, A7.7 e A7.9 – Chamo atenção.

31
Apêndice C : Grelha de observação

Categorias de observação Orientadores da observação Observação

Abordagem de conteúdos EA Os professores falam sobre as Observou-se.


formas de preservação e
conservação do MA.
Preocupação dos professores e
alunos frente ao problemas de RS. Observou-se

Abordagem de conteúdos Estratégias de GRS que os Observou-se a reciclagem dos


relacionados a GRS no processo professores ensinam aos alunos. materiais já descartados.
da EA
O que os professores ensinam Os professores mandam os alunos
sobre as estratégias de GRS ou os traserem materiais de casa
cuidados que devem ter com os descartados, para a reutilização e
mesmos. a reciclagem.
Os alunos depositam os resíduos
nos depósitos de RS de forma Não se observou.
classificada.

Os alunos participam activamente


na GRS. Não se observou.

32
Apêndice D: Guião de entrevista para os professores

Faculdade de Educação

Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática

Licenciatura em Educação Ambiental

Código____

Guião de entrevista para os professores

Chamo-me Eugênia Bernardo Majeia, Estudante do curso de Licenciatura em Educação Ambiental


na Universidade Eduardo Mondlane, no 5˚ ano, regime Pós Laboral, o tema da pesquisa é Análise
das estratégias de gestão dos resíduos sólidos como ferramenta de EA.
A entrevista é de caracter confidencial, na qual o seu nome não será divulgado, por isso sinta-se a
vontade e responda as questões abertamente e com sinceridade, pois me ajudara na realização do
trabalho, de acordo com os requisitos exigidos na faculdade.

1. Quais são as estratégias de GRS que tem ensinado aos alunos no processo de ensino e
aprendizagem?
2. Em que consistem as estratégias de GRS com os alunos que foram mencionadas?
3. Como é tratado o lixo na escola?
4. Como professor, que contributos têm dado em relação a GRS e EA para a mudança de
comportamento dos alunos?
Fico muito agradecida pela sua gentileza e colaboração

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Apêndice E: Guião de entrevista para os alunos

Faculdade de Educação

Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática

Licenciatura em Educação Ambiental

Código____

Guião de entrevista para os alunos

Chamo me Eugênia Bernardo Majeia, Estudante do curso de Licenciatura em Educação Ambiental


na Universidade Eduardo Mondlane, no 5 ano, regime Pós Laboral, o tema da pesquisa é Análise
das estratégias de gestão dos resíduos sólidos como ferramenta de EA.
A entrevista é de caracter confidencial, na qual o seu nome não será divulgado, por isso sinta se a
vontade e responda as questões abertamente e com sinceridade, pois me ajudara na realização do
trabalho, de acordo com os requisitos exigidos na faculdade.

1.O que tens feito para diminuir o lixo na escola de modo a manté-la sempre limpa?
2. Como os professores vos ensinam a cuidar do lixo na escola?
3. Em que sítio deitam o lixo aqui na escola?
4.Os pacotes de bolachas, restos de comidas, papel sujo e as garrafas de sumo plásticas ou de
vidro, latas de refresco e lápis partidos jogam no mesmo recipiente ou separam?
5.Qual é a sua reacção em relação aos alunos que jogam o lixo no recinto escolar?

Fico muito agradecida pela sua gentileza e colaboração

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Anexo 1- Credencial da Escola Primária Completa de Mateque

35
Anexo 2- Credencial da Escola Primária Completa de Guava

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