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Mind Mapping®

Uma técnica alternativa para acelerar a aquisição de conhecimentos


por Paulo Roberto Suzuki

Em tempos de globalização e acirrada competitividade, reter informações e basicamente


aprender, não são suficientes para enfrentar as situações emergentes na escola e no trabalho.
Saber o que é fácil, o básico; memorizar e aplicar receitas de bolo; saber o que todos sabem,
não constitui diferencial e contribuirá somente para alongar as filas de espera da vida. A era
do Conhecimento em que vivemos, requer a capacidade de digerir grande volume de
informações; não somente aprender novos assuntos mas aprender com rapidez pois em uma
sociedade tecno-urbana-industrial, o tempo é muito escasso e se convivemos pelo menos
parcialmente em espaços cibernéticos (como a Internet), o tempo é mais rápido que o regular.
Subsequentemente, precisamos aprender significativamente, ou seja, os assuntos precisam
ser absorvidos e terem um significado, uma importância singela dentro de nossas mentes,
lapidando personalidades, permitindo reflexões e problematizações sob diferentes pontos de
vista: matéria-prima para construir, gerar e reciclar conhecimentos próprios.

Não obstante, técnicas não-cartesianas, oriundas de princípios modernos como a programação


neurolinguística, neurociência, pensamento visual, inteligências múltiplas e emocional, por
exemplo, podem favorecer e conferir dinamismo às questões apresentadas. Conheça uma
dessas técnicas: Mind Mapping® (ou Mapeamento Mental).

O que é e para que serve o Mind Mapping®?


Trata-se de uma técnica gráfica (ou diagramática) muito simples, utilizada para registrar fatos,
idéias e quaisquer tipos de conteúdos. Assim, presta para diversas finalidades, por exemplo:
alunos podem utilizar mind mapping para tomar notas de aula, organizar idéias, preparar
trabalhos, estudar para provas, resumir livros; professores podem confeccionar planejamentos
e projetos pedagógicos, desenvolver planos de aula, estratégias didático-pedagógicas,
preparar roteiros e seminários; executivos podem planejar reuniões e registrar
"brainstormings". A essência do Mind Mapping é favorecer o significado do conteúdo em
pesquisa; portanto, não se trata de técnica de memorização mas de aprendizagem. O
significado é o elemento essencial ou matéria-prima do conhecimento. Então, a capacidade de
retenção é muito maior, pois ao invés de utilizar a memória, que é de curta duração, consolida
o conteúdo na mente (longa duração ou duração indeterminada).

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Características principais do Mind Mapping®
Mind Mapping® não utiliza textos formatados em frases para o registro de conteúdos. Adota
componentes, tais como, palavras-chave pertinentes ao contexto, linhas, associações, imagens
(ícones) e cores, todos integrados em uma única estrutura ramificada (teia). O significado é
resgatado (recall) através da interação da mente do autor do Mind Map com as teias de seu
mapa.

Outro aspecto importante da técnica de Mind Mapping® é que implementa uma estrutura
NÃO-LINEAR, ou seja, exatamente ao contrário dos processos usuais que são lineares - o
texto corrido, da esquerda para a direita, de cima para baixo (cadernos, livros, organização da
lousa de um professor). A estrutura de Mind Maps é radial, com ramificações a partir do
centro.

Respeitando a natureza da mente


Ninguém nega que a mente humana é multisensorial; isto significa que pensamos diversas e
diferentes coisas ao mesmo tempo. Ao pensar sobre determinado assunto, processamos
múltiplos eventos, fazemos comparações, relacionamentos (links), generalizamos e
selecionamos idéias. A mente mais parece um fantástico "caos" organizado do que conjuntos
de textos alinhados e dispostos sequencialmente como em livros e cadernos. Portanto, um
método de documentação que respeita a natureza da mente é mais favorável ao aprendizado.
Quando uma pessoa, com o intuito de estudar/aprender utiliza o formato linear, através de
anotações e escrita corrida, usa a mente prioritariamente para organizar as informações
exigida por ocasião do desenvolvimento do texto; consequentemente, perde o foco no
significado e criatividade, comprometendo o processo de aquisição ou construção de
conhecimentos. O cérebro humano tem um potencial ilimitado para gerar idéias; trabalha
melhor se deixarmos elas fluírem livremente, sem condicionamentos, sem preocuparmos com
a organização das informações.

Mind Mapping® e os dois hemisférios do cérebro


O cérebro humano é divido em dois hemisférios (ou lados), o esquerdo e o direito. Pesquisas
do psicólogo experimental Roger Sperry (California Institute of Technology, 1960) revelam que
cada hemisfério possui qualidades distintas. O esquerdo, atende os processos verbais, lógicos,
de sequenciamento, lineares, determinísticos, previsíveis e racionais. O direito, por sua vez,
atende o emocional, o intuitivo, visual e colorido, abrange o todo, armazena modelos,
sinestésico e musical, multisensorial e não-linear. Portanto, quando organizamos
sistematicamente e aplicamos a lógica como resultado de raciocínio, estamos usando mais o

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hemisfério esquerdo. Quando ouvimos uma música e somos sensibilizados por resgatar algo
triste ou alegre, estamos usando mais o hemisfério direito. Ao constatar o "princípio da
gravidade específica", diz a lenda, Arquimedes encontrava-se dentro de uma banheira e
"vivenciando" o transbordo da água para fora, gritou, "Eureka!" (... entendi!!!, ... caiu a
ficha!). Conforme o enfoque dos dois hemisférios, essa constatação foi primeiramente
suscitada pelo hemisfério direito e subsequentemente sistematizada, reconhecida e descrita
pelo hemisfério esquerdo. O hemisfério esquerdo é o dominante.

Processos convencionais, como a escrita linear, são quase que exclusivamente atendidos pelo
hemisfério esquerdo. A sensação de "coisa chata" é devida ao uso concentrado do hemisfério
esquerdo. No entanto, o uso concentrado do hemisfério direito pode causar divagações e
sensação de não realização, pois o esquerdo confere o foco e os caminhos para a organização
e subsequente materialização de resultados. Mind Mapping® usa os dois lados do cérebro,
favorecendo um enfoque mais integrado, completo e holístico. "Aprender é fazer conexões".

Os elementos e regras básicas para fazer um Mind Map®


• O mapa é desenvolvido sobre uma única folha de papel (A4, branca) na posição
horizontal.
• Utiliza-se canetas coloridas, tipo hidrocor, para fazer as anotações.
• O assunto ou tema principal é escrito no centro da folha.
• As idéias primárias que surgem randomicamente são registradas através de palavras-
chave sobre linhas de ramificações partindo sempre do centro (tema principal).
• Sempre algum ramo irá chamar a atenção e naturalmente, outros atributos ou
propriedades correlacionadas surgirão, gerando sub-tópicos ou sub-ramificações e
assim sucessivamente.
• Cada nível de ramificação poderá ser diferenciado por cores distintas.
• Imagens, símbolos ou ícones com significados pertinentes poderão ser desenhados nas
imediações das ramificações para reforçar o resgate de contexto (recall).

Dicas e orientações gerais


• Um Mind Map® tem significado somente para o próprio autor, portanto, não deverá
preocupar-se com a estética, com desenhos bem feitos ou diagramação bem
distribuída.
• Mapas bonitos serão naturalmente produzidos na medida em que o mapeador ganhe
experiência e hábito. Inicialmente, o essencial é o cumprimento das regras básicas.
• Sinta-se confortável e relaxado, deixe a mente fluir livremente.
• Não tente organizar ou pensar excessivamente. Evite o hábito ou vício dos processos

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lineares.
• Para os primeiros mapas, evite assuntos demasiadamente complexos. Comece com
temas fáceis como: agenda de compromissos, currículo profissional, estrutura de índice
de um determinado livro, as disciplinas que atualmente está cursando na escola e seus
devidos atributos (horário, nome do professor, livros adotados, datas de provas e
entrega de trabalhos, etc.).
• Deixe prevalecer a criatividade.
• Nos primeiros mapas, a técnica não demonstra ser milagrosa e poderá gerar
frustrações; mas como toda técnica, passará a ser milagrosa na medida em que se
pratica.

Resultados e benefícios do Mind Mapping®


• Absorção de grande volume de informações tendo em vista favorecer a aquisição de
novos conhecimentos.
• Redução do tempo de aprendizagem ou maior velocidade de aprendizagem.
• Favorece a aprendizagem significativa.
• Maior poder e qualidade de interpretação.
• Ferramenta alternativa e adequada para conduzir estudos auto-didata, portanto, ideal
para preparatório para provas e concursos.

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• Preparar apresentações e seminários em questão de minutos.
• Registrar fatos e recuperá-los com maior eficácia.
• Lapidação do processo cognitivo individual (modelos e estratégias de aquisição de
conhecimentos).

Concluindo
Mind Mapping® é mais uma alternativa para pessoas que desejam e necessitam lapidar seus
processos de produção intelectual, estando acima de tudo, o ser humano em si, sua
capacitadade criativa, seus infindáveis potenciais.

A educação e a pedagogia são áreas de abrangência científicas louváveis. Pesquisas


incessantes, cada vez mais, criam e propõe métodos que procuram nortear as dificuldades dos
aprendizes colocando-os como elementos importantes e centrais no cenário acadêmico. Muitas
escolas e professores dedicam-se em produzir aulas adequadas, estabelecer corretamente os
objetivos pedagógicos, enriquecer apresentações através de projeções e aulas eletrônicas;
fornecer aos alunos materiais de apoio, cópias de transparências e resumos disponibilizados na
Internet, enfim, "facilitando a vida do aluno e deixando as coisas mais fáceis". Essas condutas
não têm demonstrado eficiência e produtividade na questão da aprendizagem significativa
considerando a grande massa estudantil do Brasil, levando-nos a uma reflexão: será que
estamos fazendo parte do trabalho mental do aluno, reduzindo o seu investimento intelectual e
consequentemente compromentendo o seu desempenho?

Não constatamos disciplinas e conteúdos destinados ao ensino e prática do pensar, do


aprender, da aquisição e lapidação de conhecimentos, da reflexão, da paixão. Disciplinas como
Filosofia, Sociologia, Cultura Brasileira, Cidadania previstas em muitos currículos deveriam
endereçar tais questões, no entanto, não atingem a realidade dos alunos; são ministradas de
forma tradicional, com linguagem inadequada, não passando de "perfumarias" quando
deveriam constituir os conteúdos mais importantes dos cursos. Nas instituições de ensino, o
enfoque de temas transversais, atividades complementares e extra-curriculares incluindo
sessões de teatro, cinema, visita à museus e exposições de arte, tem conotado mais como
entretenimento aos alunos, não atingindo os objetivos pedagógicos originais devido a ausência
de foco e acompanhamento. Estão tapando o sol com a peneira aqueles que posicionam a
origem desses problemas no ensino Fundamental e Médio. O Fundamental cumpre o seu papel
- é o segmento onde podemos mais constatar a prática pedagógica com resultados
mensuráveis, mas, os demais níveis acabam pervertendo os alunos ensinando-os a repetir
fórmulas e frases como papagaios. Não queremos aqui denunciar a incompetência dos
professores, embora exista, e sem dúvida existem também os bons. Tem o outro lado da
moeda: estudar e aprender é tudo o que a grande maioria dos alunos dessa geração Net

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("Copiar/Colar") não querem. Na expectativa que a moderna pedagogia tem se preocupado
com enfoques humanistas, construtivista e educação centrada no aluno, deveriamos então,
atacar com rigor técnico e mais frontalmente essas questões críticas - e não de forma
indireta, paradidática, com resultados a longo prazo.
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Sobre o autor
Paulo Roberto Suzuki (suzuki@pobox.com) é graduado em Computação pela Universidade
Mackenzie, com mais de 20 anos na área de tecnologia de informação e magistério superior.
Atua como consultor e facilitador na Voice Technology, no Portal de Educação eAprender e no
Centro Universitário FMU. Além de praticante, ministra capacitações de Mind Mapping® para
estudantes, professores, empresas e público em geral.

Informações
Mind Mapping® foi criado por Tony Buzan (Inglaterra, anos 70).
Existem outras interpretações e extensões da mesma técnica, com destaque ao trabalho de
Nancy Margulies, denominado Mindscape.
A técnica de Mind Mapping® é pouco divulgada no Brasil, contudo, é possível constatar
praticantes, facilitadores, cursos e seminários. Neste cenário, podemos destacar a facilitadora
Liz Narumi Kimura (S.Paulo, SP), certificada e licenciada pelo Buzan Centre.
Alguns livros básicos sobre Mind Mapping® encontram-se relacionados na bibliografia abaixo.
A obra de Paulo Roberto Suzuki, denominada "Mind· Sketching", encontra-se em
desenvolvimento, sem data prevista para publicação.

Bibliografia
BUZAN, Tony - The Mind Map Book, Plume/Penguin.
WYCOFF, Joyce - Mindmapping Your Personal Guide to Exploring Creativity and Problem-
Solving, Berkley Books, New York (NY).
MARGULIES, Nancy - Mapping Inner Space, Zephyr Press, Tucson, AZ (USA).
GELB, Michael J. - Mind Mapping: How to Liberate Your Natural Genius, Simon & Schuster
Audio, New York (NY).
BUZAN, Tony e KEENE, Raymond - Buzan's Book of Genius, Stanley Paul (London).
WURMAN, Richard Saul - Ansiedade de Informação, Cultura Editores Associados.
KIMURA, Liz Narumi - Apostila Mind Mapping Básico, RM International, 1999, S.Paulo, SP.
SUZUKI, Paulo Roberto - Apostila Mind· Sketching: Favorecendo a Cognição e a Síntese,
eAprender, 2001, S.Paulo, SP.

Mind Mapping® é marca registrada de Tony Buzan.

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