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Observe agora que, como existem 12 notas e um acorde diminuto corresponde a outros 4 acordes idénticos a cle, podemos concluir que sé existem 3 acordes diminutos diferentes. Sao eles: C°, C# e D®, Os demais acordes diminutos sio consequéncia desses 3 acordes: C? = D#? = FH? = Ae CHe = E° = G° = Axe D° = F°= G#? = B® Muito bem, jé sabemos como se forma o acorde diminuto, entio chegou a hora de analisé-lo do ponto de vista de fungdes harménicas e aplicagdes gerais. Preparado? Ento vamos nessa: Aplicagao O acorde diminuto possui dois tritonos. Eles estiio entre: * O primeiro grau ¢ a quinta diminuta; ¢ * A tera menor ¢ a sétima diminuta. Bom, caso jd no tenha ficado explicit, o acorde diminuto possui fungao dominante! Ter dois tritonos nao é pouca coisa, nao & mesmo?! Logo, podemos utiliza-lo para substituir acordes dominantes (como 0 V7, por exemplo). Nesse caso, podemos trocar 0 acorde V7 pelo acorde diminuto localizado um semitom acima dele. Por exemplo, 0 acorde G7 poderia ser substituido pelo acorde G#° (ou seus equivalentes B°, D° e F°), Fica como exercicio para vocé conferir as notas de G#° e comparar com as notas de G7. Vocé vera que 0 tritono de G7 esté presente no acorde G#°, 0 que possibilita essa substituigaio, Essa é uma das aplicagdes do acorde diminuto, servir como opgao de acorde dominante. Confira abaixo um exemplo de substituigdo do acorde G7 por um acorde diminuto: |Dm7| G7 |C7M| | Dm7 | G# | C7M| tonnycase@hotmsil com Quando 0 acorde diminuto possui o mesmo baixo (nota mais grave) do acorde que ele resolve, ele & chamado de diminuto auxiliar. Exemplos: | G7M | G° | G7M | |C7M |G? | G7] © diminuto auxiliar retarda a resolugdo e confere um minimo movimento harménico, jd que mantém o baixo. Outra aplicagao, e talvez a mais utilizada, é tocar o acorde diminuto para explorar o efeito de aproximagao cromitica. Nesse caso, 0 acorde diminuto costuma ser tocado um semitom acima ou abaixo do acorde que se deseja resolver, sendo chamado, respectivamente, de diminuto ascendente e diminuto descendente. Legal, mas podemos usar o diminuto ascendente e diminuto descendente para resolver em qualquer acorde maior ou menor? Bom, na teoria sim, mas na pratica nem sempre isso vai soar bem. © diminuto descendente ndo atua com fungao dominante, pois néio possui 0 mesmo tritono do acorde V7, ao contrério do diminuto ascendente. Talvez vocé tenha ficado confuso agora, afinal nés ja afirmamos que o acorde diminuto possui dois tritonos, ento como o diminuto descendente nao atua com fungdo dominante? Afinal ele ainda possui dois tritonos! Bom, apenas relembrando, o conceito de tritono se refere a uma necessidade de resolugio. Quando tocamos um tritono, surge a necessidade de que esse intervalo “tenso” se resolva, ¢ a resolugo esperada é fazer cada nota desse tritono se deslocar um semitom. Por exemplo, o tritono do acorde G7 esta entre as notas Fa e Si. Quando a nota Fa caminha um semitom para baixo, vira Sol, ¢ quando a nota Si caminha um semitom para cima, vira Dé. Por isso, 0 acorde esperado para resolver essa tensao ¢ 0 acorde de Dé, que contém essas duas notas encontradas (Dé e Sol, primeiro e quinto graus do acorde, respectivamente). Se 0 acorde G7 resolvesse em outro acorde que nao fosse Dé, teriamos uma resolug’o deceptiva. Até aqui, nenhum conceito novo. Agora, imagine que uma misica est na tonalidade de Si maior e aparece a sequénci tonnycase@hotmsil com G7 — F#7 — B. Nesse caso, 0 acorde F#7 € 0 dominante que resolveu cm Si maior, enquanto 0 acorde G7 atuou como acorde de aproximagao cromitica. Nao estaria incorreto dizer que G7 era um dominante que teve resolugdo deceptiva, mas sua fungao principal nessa musica seria 0 efeito de aproximagao cromatica, até porque a resolugdo esperada de G7 é Dé maior, que nao pertence a tonalidade de Si maior. Ou seja, nao faz muito sentido pensar em G7 como dominante que estava iniciando uma modulagio e¢ sofreu resolugo deceptiva se ele proporcionou outro efeito para a musica independente desse. A mesma coisa ocorre com o diminuto descendente. Os tritonos do acorde diminuto descendente nao resolvem da mesma maneira que o acorde V7, portanto, o diminuto descendente acaba tendo unicamente a fungiio cromitica, e isso faz com que sua utilizago nem sempre fique agradavel. Vamos analisar agora essas duas abordagens (diminuto ascendente e descendente) e descobrir quais so mais utilizadas quando o acorde que se deseja resolver é maior ou menor. Quando 0 acorde que se deseja resolver ¢ um acorde menor, © diminuto ascendente é, sem diivida, 0 mais utilizado e funciona sempre! Dificilmente no vai ficar bonito. Mas tem muita gente que gosta de utilizar o diminuto descendente também para essa resolugio. Entdo nao se restrinja ao diminuto ascendente! Explore ambos os conceitos. Ja para os acordes maiores, o diminuto ascendente também pode ser utilizado quase sempre pelo fato de ser muito semelhante ao VIIm7(b5) (acorde de sétimo grau do campo harménico maior). Devido a esse fato, 0 diminuto ascendente acaba soando como se fosse tonal. Ja 0 diminuto descendente & muitas vezes substituido pelo SubV7 (falaremos deste acorde no préximo médulo) quando o desejo & explorar esse efeito cromitico para acordes maiores. Cabe a cada um definir seus gostos. tonnycase@hotmsil com Resumindo, o diminuto ascendente, para ambos os acordes maiores ¢ menores, pode ser utilizado sem receios. J4 0 diminuto descendente necesita de mais cautela. Falando de maneira bem genérica, o diminuto ascendente a funcio mais comum do acorde diminuto nas misicas, especialmente para resolugao em acordes menores. Em ambos os casos ascendente e descendente o acorde diminuto aparece como um acorde de passagem. Pratique esse conceito e inclua acordes diminutos nos icas! arranjos de suas m Escala Diminuta Aescala diminutaé uma escala_ simétrica formada pela sequéncia: Tom - Semitom - Tom - Semitom - Tom - Semitom - Tom. Da mesma maneira que observamos para 0 acorde diminuto, a escala diminuta se repete a cada um tom ¢ meio. Isso é muito vantajoso, pois abre um leque de possibilidades muito grande. Veja abaixo um exemplo de digitagao para a escala diminuta de Dé: 64 pe erepel s | Bere i eae == | | Notas: C, D, Di, F, Fi, G#, A, B Ja que essa escala se repete a cada um tom e meio, vamos conferir a escala diminuta de Ré#: tonnycase@hotmsil com 31 Feet: (free Tap: sp T Ts a4 ant 15 Notas: Dit, F, F#, G#, A, B, C Observe que, apesar dessas duas escalas comecarem em notas diferentes (uma comega em Dé e a outra comeca em Ré#), ambas possuem as mesmas notas. Ok, e qual é a vantagem disso? Bom, digamos que vocé estejaimprovisando um solo em Mi menor até que, em determinado momento da musica, aparece 0 acorde B7. Como veremos adiante, vocé pode utilizar a escala Dé diminuta em cima de B7. Mas como essa escala € idéntica 4 escala de Ré#, e RéHt esté muito mais préximo de Mi do que Dé, podemos aproveitar essa pequena distancia ¢ utilizar a escala de Ré# diminuta (em vez de Dé diminuta) para deixar o improviso mais fluente. Essa é uma das vantagens. Outra vantagem esté na repetigio de padrdes. Vocé pode inventar uma frase na escala diminuta e repeti-la a cada um tom e meio, criando um efeito muito interessante, O guitarrista Yngwe Malmsteen explora muito esse recurso. Veremos esse conceito aplicado nos exemplos. Agora é hora de mostrarmos a aplicagao dessa escala, afinal nao adianta ficar de lero lero se o que realmente interessa é saber onde vocé pode usar esses conceitos! Vamos 14: Aplicagao Como vocé ja deve imaginar, a escala diminuta pode ser tocada em cima do acorde diminuto. Isso nao deve ser estranho, afinal é a escala diminuta que forma o acorde diminuto. E nesse ponto que a maioria dos estudantes desiste, afinal 0 acorde diminuto nao aparece com tanta frequéncia na maioria dos estilos tonnycase@hotmsil com musicais; ¢ quando aparece, é quase sempre por um periodo muito curto, nfo dando tempo para que uma "frase" diminuta scja desenvolvida. Entdo 0 estudante pensa: “por que eu vou perder tempo decorando essa escala que nunca vou usar?” E ele tem toda a razio! Nao adianta decorar coisas que no sero aplicadas na pratica, Ainda bem que vocé esta no lugar certo. A equipe Descomplicando a Misica ir mostrar o valor da escala diminuta para voce. A aplicagaio mais comum da escala diminuta esté no acorde dominante. Ela pode ser tocada um semitom acima do acorde dominante em questao. Nesse caso, toca-se a ténica (fundamental) do acorde dominante (ou seja, comega-se a escala com essa nota) e entdo toca-se a escala diminuta um semitom acima dessa t6nica. Vamos explicar esse conceito. Acompanhe o seguinte raciocinio: Como essa escala se repete a cada um tom ¢ meio, podemos pensar em tocd-la comegando de outros graus. Por exemplo, 0 acorde G7 ¢ um dominante que resolve em Dé maior. A escala diminuta utilizada em cima de G7 é a escala de G# diminuta (meio tom acima do dominante). Como essa escala se repete a cada um tom e meio, podemos tocar também a escala de Si diminuta (um tom e meio acima de G#). Como Si esté a um semitom abaixo de Dé, podemos pensar que a escala diminuta a ser utilizada se localiza um semitom abaixo do acorde que o dominante vai resolver. Ou seja, & como se_ estivéssemos “criando” um diminuto de passagem ascendente. Essa ¢ apenas uma forma se de pensar, e pode ser muito util na pratica. Imagine que vocé est4 improvisando um solo numa misica que esté em Dé maior, ou seja, esté usando a escala de Dé maior. Se aparecesse o acorde G7 em algum momento, seria muito pratico pensar em utilizar a escala diminuta um semitom abaixo de Do, pois ela esté bem proxima da regio onde vocé esta fazendo o seu solo. Pensar na escala um semitom acima de G7 pode retardar um pouco nossa resposta na hora do improviso. Mas cada pessoa tem suas preferéncias. Adote um ponto de referéncia que faga vocé se sentir confortavel e pratique bastante a utilizagdo dessa escala em um contexto musical. tonnycase@hotmsil com Muitos autores reforgam que existem duas escalas diminutas: a diminuta que j4 mostramos ¢ a diminuta dominante (ou escala dom-dim). Essa escala dom-dim nada mais é do que desenho da escala diminuta que mostramos comegando do segundo grau em vez do primeiro, Ou seja, em vez da sequéncia ser: tom-semitom-tom-semitom, ete; comegando do segundo grau, teremos: semitom-tom-semitom-tom, etc. Repare agora que nés utilizamos exatamente essa segunda sequéncia em cima dos acordes dominantes, pois tocamos, no exemplo anterior, a escala G# diminuta partindo da nota G, ou seja, a estrutura ficou semitom-tom-semitom-tom, etc. Moral da historia: a escala dom-dim é a escala diminuta aplicada em cima do acorde dominante. Portanto, nio pense que sao escalas diferentes, considere apenas que é a mesma escala diminuta, s6 que aplicada em cima do dominante (tocada um semitom acima dele). Isso vai facilitar 0 raciocinio. Nés mostraremos aqui (como de costume) alguns exemplos de aplicagdo da escala diminuta. Crie também suas préprias frases e obtenha fluéncia nesse tema. Vale muito a pena investir tempo nesse estudo. A escala diminuta é um recurso fantastico; possui uma sonoridade tinica ¢ encanta qualquer ouvinte. Uma outra aplicagao dessa escala, além de poder ser tocada em cima do acorde diminuto ¢ do acorde dominante como j4 vimos, é a aplicagio em cima de um acorde diminuto virtual Isso mesmo, nfo se assuste! Estamos chamando de diminuto virtual um acorde diminuto que nao existe na musica, mas que poderia existir. Parece coisa de maluco, mas é bem simples. Imagine que sua banda est tocando uma miisica que contém os acordes | C | D | Em |, repetidos nessa sequéncia. Depois do acorde Ré vem 0 acorde Mi menor, mas j4 comentamos em outro artigo que 0 acorde diminuto cai muito bem como diminuto de passagem entre um acorde maior e um menor (nesse caso, teriamos a sequéncia Maior - Diminuto - Menor, ficando: D, D#°, Em). Obviamente, nao estamos criando outro compasso, o acorde diminuto estd apenas dividindo o mesmo compasso que Ré. tonnycase@hotmsil com Muito bem, essa musica no possui este acorde diminuto, mas poderfamos tocar sem problemas a sequéncia: Ic D D#° | Em| ao invés de tocar somente | C | D | Em |, ou até | D#? | Em | (suprimindo totalmente acorde de Ré). O legal é que esse diminuto de passagem é tdo bem aceito nesse contexto que podemos fazer um solo como se esse acorde estivesse ali, mesmo que ele nao esteja. Nesse caso, estamos enganando © ouvinte, fazendo-o acreditar que existe um acorde diminuto naquele ponto. E 0 ouvinte aceita, pois essa cadéncia ¢ muito agradavel! Recomendamos principalmente que vocé toque 0 arpejo diminuto nesse caso, para fortalecer essa impressio de que hd 0 acorde diminuto ali. tonnycase@hotmsil com

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