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ANÁLISE MULTISCALA VIA MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO


DUAL DE FUSELAGEM DE AERONAVE SUBMETIDA À FADIGA

THIAGO ARNAUD ABREU DE OLIVEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

FACULDADE DE TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE MULTISCALA VIA MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO


DUAL DE FUSELAGEM DE AERONAVE SUBMETIDA À FADIGA

THIAGO ARNAUD ABREU DE OLIVEIRA

ORIENTADOR: GILBERTO GOMES


CO-ORIENTADOR: FRANCISCO EVANGELISTA JÚNIOR
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

PUBLICAÇÃO: E.DM – 03A/19


BRASÍLIA/DF: FEVEREIRO – 2019

i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE MULTISCALA VIA MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO


DUAL DE FUSELAGEM DE AERONAVE SUBMETIDA À FADIGA

THIAGO ARNAUD ABREU DE OLIVEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO
CIVIL.

APROVADA POR:

_____________________________________________________
Prof. Gilberto Gomes, DSc.
(Orientador)

_____________________________________________________
Prof. Raul Dario Durand Farfan, DSc.
(Examinador Interno)

_____________________________________________________
Prof. Eder Lima de Albuquerque, DSc.
(Examinador Externo)

Brasília/DF, 21 de fevereiro de 2019

ii
FICHA CATALOGRÁFICA
OLIVEIRA, THIAGO ARNAUD ABREU DE
Análise multiscala via Método dos Elementos de Contorno Dual de fuselagem de aeronave
submetida à fadiga. [Brasília, Distrito Federal] 2018.
xxii, 111 p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Estruturas e Construção Civil, 2018).
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
1. Análise multiescala 2. Vida à fadiga
3. Fuselagem de aeronave 4. Método dos Elementos de Contorno Dual

I. ENC/FT/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

OLIVEIRA, T. A. A. (2018). Análise multiscala via Método dos Elementos de Contorno Dual
de fuselagem de aeronave submetida à fadiga. Dissertação de Mestrado em Estruturas e
Construção Civil, Publicação E.DM - 03A/19 Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 111 p.

CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Thiago Arnaud Abreu de Oliveira.


TÍTULO: Análise multiscala via Método dos Elementos de Contorno Dual de fuselagem de
aeronave submetida à fadiga.
GRAU: Mestre em Estruturas e Construção Civil. ANO: 2019

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de


mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

________________________________
Thiago Arnaud Abreu de Oliveira
SQN 406 Bloco K Ap. 208
CEP: 70847-110 Brasília – DF – Brasil
e-mail: eng.thiagoarnaud@hotmail.com

iii
AGRADECIMENTOS

Os pilares são resistentes. São capazes de suportar as situações mais adversas que se pode
imaginar. A seguir, agradeço aos meus pilares.

À Kerginaldo Pinheiro e Rosali Abreu. Meus maiores exemplos, meus Pais. Por onde for estarei
seguindo seus passos. A estes fica difícil a gratidão do quão são importantes. Gratidão essa que
incluem Maryana Louise, Hugo Guimarães e a mais recente Laurinha que trouxe a alegria do
mundo em forma de neném. Estes formam minha família, meu maior pilar.

Ao mestre Gilberto Gomes, meu professor. Muito mais que um orientador de mestrado, um
orientador da vida. Sempre presente dando conselhos e guiando meus passos. Saiba, meu
mestre, que sinto bastante honrado em ter trabalhado ao seu lado. A ti tenho bastante admiração.
Gratidão juntamente ao mestre Evangelista Junior que sempre abriu as portas quando mais
precisei. Estes representam os agradecimentos a todos docentes do PECC.

Aos companheiros do Apartamento 208: Alvaro Martins, Iago Freitas, Davidson França e
Danilo Nunes. Cada momento convivido com vocês ficarão marcados na minha vida. Vivemos
juntos muito do que se passou, mas meus amigos, tem muito mais por vir. Natal/RN está de
portas abertas para vocês.

Aos colegas de turma: Danilo Carvalho, Luciano Lins, Henrique Castro e em especial ao irmão
Rodolfo Palhares que sempre esteve lado a lado incentivando nos estudos (muitas noites sem
dormir para tirar SS). Aos contemporâneos Iarly Vanderley, Jerfson Lima e Jonathas
Iohanathan que representam 2016.2. E amigos do PECC que sempre estiveram presente:
Gabriel Martins, André Augusto, Luiza Rodrigues, Nathaly Sarasty, e Pedro Filipe.

À Felipe Dias, Thiago Alexandre, Roberio Bezerra – o quarteto; à Nicole Arouca, Pedro Linard,
João Victor, Talis Arthur, Daniel Braz, Brenda Vieira, Diego Serafim e Tamil Selvam – da
graduação para a vida. Meus amigos de Natal que mesmo estando longe, sempre estiveram
presentes nesta caminhada.

Aos meus Tios, em especial Zeca e Rosane Abreu, e à vovó Maria de Lourdes que me passam
conforto e acolhem com muito amor.

iv
À Costa Neto, Coya. Meu Tio, não de sangue, mas se mostrou meu segundo pai quando me
recebeu em Brasília. E à toda família Braziliense: Andressa Barros, Munique Monte, Marlene
Lacerda, Michelle Lacerda, Bruno Lacerda e Gabriella Monte, meus sinceros agradecimentos
pelo companheirismo em minha recepção.

Faça algo hoje que te fará sentir orgulho amanhã.

v
“Seja você quem for, seja qual for a posição social
que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa,
tenha sempre como meta muita força, muita determinação
e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus,
que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá.”
Ayrton Senna da Silva

vi
RESUMO

Este trabalho consiste na análise de vida à fadiga de peças de fuselagem de aeronave com danos
iniciais submetidas a diferentes níveis de solicitações externas com objetivo de avaliar
tolerância ao dano. Para isso, a bibliografia clássica estuda a tolerância ao dano com base no
tamanho da trinca. Por outro lado, este estudo se apresenta como inovador ao propor um novo
método para a tolerância ao dano: baseado na análise multiescala é capaz de encontrar uma
relação entre o número de ciclos de fadiga com a respectiva compliance em micro elementos
locais. Desse modo, foram desenvolvidas técnicas computacionais avançadas utilizando o
Método dos Elementos de Contorno Dual que, devido à sua flexibilidade, possibilitou avaliar
diversos modelos. Os resultados foram tratados estatisticamente por meio de simulação de
Monte Carlo a fim de assegurar a integridade e o funcionamento adequado da fuselagem
evitando alcança um Estado Limite durante a vida útil de projeto.

Palavras-chave: análise multiescala, vida à fadiga, fuselagem de aeronave, Método dos


Elementos de Contorno Dual.

vii
ABSTRACT

This paper presents a fatigue life analysis of an aircraft fuselage with pre-established initial
damages subjected to different levels of external loads in order to evaluate damage tolerance.
For this, the classic bibliography studies damage tolerance based on the crack size. On the other
hand, this study is innovative when proposing a new method for damage tolerance: based on
multiscale analysis, it is able to find a relation between the number of fatigue cycles with the
respective compliance in local micro elements. So, advanced computational techniques were
developed using Dual Boundary Element Method, which, due to its flexibility, allowed to
evaluate several models. The results were treated statistically by Monte Carlo simulation to
ensure the integrity and the proper functioning of the fuselage by avoiding reaching a Limit
State during the design lifespan.

Keywords: multiscale analysis, fatigue life, aircraft fuselage, Dual Boundary Element Method.

viii
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

GENERALIDADES .................................................................................................... 1
MOTIVAÇÃO ............................................................................................................. 3
OBJETIVOS ................................................................................................................ 4

Objetivo geral ....................................................................................................... 4


Objetivos específicos............................................................................................ 4

ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO..................................................................... 4

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 6


CAPÍTULO 3 – EMBASAMENTO TEÓRICO.................................................................... 9

MECÂNICA DO CONTÍNUO ................................................................................... 9

Força normal concentrada .................................................................................. 11


Força cisalhante concentrada ............................................................................. 12
Carga distribuída normal e cisalhante ................................................................ 13

MECÂNICA DA FRATURA LINEAR ELÁSTICA ............................................... 15

Tensões na ponta da trinca ................................................................................. 17


O método generalizado de Westergaard............................................................. 18
Compliance......................................................................................................... 21
Energia de fratura ............................................................................................... 22
Taxa de dissipação de energia (Energy Release Rate) ....................................... 23
Instabilidade e curva R ....................................................................................... 24
Integral J ............................................................................................................. 25
Direção de propagação de trinca ........................................................................ 27

FADIGA .................................................................................................................... 28

Tipos de comportamento a fadiga ...................................................................... 28


Estágios de fadiga............................................................................................... 29
Lei de Paris-Erdogan .......................................................................................... 30
Tolerância ao dano ............................................................................................. 31

MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO ................................................... 33


MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO DUAL....................................... 34

ix
Integral de contorno de deslocamento ................................................................ 35
Integral de contorno de força de superfície ........................................................ 35
Sistema de equações algébricas.......................................................................... 36

BEMLAB2D .............................................................................................................. 37
BEMCRACKER2D ................................................................................................... 38
ESTATÍSTICA .......................................................................................................... 41

Simulação Monte Carlo ...................................................................................... 42

CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA ....................................................................................... 43

MODELO .................................................................................................................. 43

Análise macro ..................................................................................................... 44


Análise micro ..................................................................................................... 45

ESTUDO DE CASO 1 .............................................................................................. 50

Considerações para a posição 1 .......................................................................... 53


Considerações para a posição 2 .......................................................................... 55
Considerações para a posição 3 .......................................................................... 58

ESTUDO DE CASO 2 .............................................................................................. 60

Considerações para a posição 1 .......................................................................... 63


Considerações para a posição 2 .......................................................................... 65
Considerações para a posição 3 .......................................................................... 68

CAPÍTULO 5 – RESULTADOS........................................................................................... 71

ANÁLISE 1 ............................................................................................................... 71

Posição 1 (Meio) ................................................................................................ 71


Posição 2 (Superior) ........................................................................................... 72
Posição 3 (Lado)................................................................................................. 73
Tolerância ao dano ............................................................................................. 73

ANÁLISE 2 ............................................................................................................... 77

Posição 1 (Meio) ................................................................................................ 77


Posição 2 (Superior) ........................................................................................... 78
Posição 3 (Lado)................................................................................................. 79

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ... 81

x
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 81
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..................................................... 82

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 83
APÊNDICE A – SÉRIE DE DADOS DA ANÁLISE 1 ....................................................... 88
APÊNDICE B – SÉRIE DE DADOS DA ANÁLISE 2 ....................................................... 91

xi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Falha por fadiga da fuselagem do Boeing 737-200 ............................................... 1


Figura 2.1 - Mapa de co-citation ................................................................................................ 6
Figura 2.2 - coupling .................................................................................................................. 7
Figura 3.1 – Seção transversal de corpo submetido a carregamentos normal e cisalhante ........ 9
Figura 3.2 - Problema da carga normal concentrada ................................................................ 12
Figura 3.3 - Problema da carga cisalhante concentrada ........................................................... 13
Figura 3.4 - Problema do carregamento distribuído normal e cisalhante................................. 14
Figura 3.5 - (a) Tensões para carga normal distribuída uniforme (b) linha das tensões principais
.................................................................................................................................................. 14
Figura 3.6 - Modos de fratura................................................................................................... 16
Figura 3.7 - Modo misto de fraturamento ................................................................................ 16
Figura 3.8 - Tensões na ponta da trinca, FIT da trinca (b) maior que (a) ................................ 17
Figura 3.9 - Placa com trinca central........................................................................................ 18
Figura 3.10 - Definição dos eixos de coordenadas na ponta da trinca. .................................... 19
Figura 3.11 - Double cantilever beam (DCB) espécime solicitada à tração ............................ 21
Figura 3.12 - Medição da compliance em estrutura entalhada ................................................. 21
Figura 3.13 - Curvas R (a) plana, (b) crescente ....................................................................... 25
Figura 3.14 - Comparação de comportamento de materiais elastoplásticos e elástico não-linear
.................................................................................................................................................. 26
Figura 3.15 - Caminho arbitrário em volta da ponta da trinca ................................................. 26
Figura 3.16 - Estágios de fadiga ............................................................................................... 30
Figura 3.17 - Procedimento para análise do crescimento de trinca .......................................... 31
Figura 3.18 – Diagrama de tolerância ao dano de uma estrutura típica de aeronave ............... 32
Figura 3.19 - Diagrama de tolerância no caso de multiple site damage (MSD) ...................... 32
Figura 3.20 - Tipos de elementos de contorno ......................................................................... 33
Figura 3.21 - Discretização do sólido em elementos de contorno ........................................... 34
Figura 3.22 - Representação de novos elementos no sistema de equações a cada incremento 36
Figura 3.23 - Interface do BEMLAB2D .................................................................................. 37
Figura 3.24 - Arquitetura de um sistema de análises de engenharia ........................................ 38
Figura 3.25 - Diagrama de classes do BemCracker2D ............................................................ 39
Figura 3.26 - Diagrama de sequência do crescimento da trinca............................................... 40

xii
Figura 3.27 – Domínio de falha, junção de função densidade de duas variáveis aleatórias 𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇𝒇,
funções densidades resistente e solicitante 𝒇𝒇𝒇𝒇 e 𝒇𝒇𝒇𝒇, respectivamente .................................... 42
Figura 4.1 - Análise multiescala (cm) ...................................................................................... 44
Figura 4.2 - Fluxograma para o cálculo do campo de tensões no elemento macro ................. 44
Figura 4.3 - Geração do modelo micro .................................................................................... 45
Figura 4.4 - Exemplo de modelo micro.................................................................................... 45
Figura 4.5 - Distribuição da malha de MEC ............................................................................ 46
Figura 4.6 – Posições para análise de defeitos iniciais (análise micro) ................................... 46
Figura 4.7 - Fluxograma de análise de cada realização............................................................ 47
Figura 4.8 - Fluxograma para obtenção dos pontos da relação número de ciclos x compliance a
cada incremento........................................................................................................................ 48
Figura 4.9 - Pontos da relação número de ciclos x compliance a cada incremento ................. 48
Figura 4.10 - Curvas número de ciclos x compliance .............................................................. 49
Figura 4.11 - Pontas de trinca................................................................................................... 49
Figura 4.12 - Tensão sigma x ................................................................................................... 51
Figura 4.13 - Tensão sigma y ................................................................................................... 52
Figura 4.14 - Tensão cisalhante................................................................................................ 53
Figura 4.15 - Propagação da trinca para o elemento na posição 1 ........................................... 54
Figura 4.16 - Malha deformada para o elemento na posição 1 ................................................ 54
Figura 4.17 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 1 ........ 55
Figura 4.18 – Propagação de trincas para o elemento na posição 2 ......................................... 56
Figura 4.19 - Malha deformada para o elemento na posição 2 ................................................ 56
Figura 4.20 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 2 ........ 57
Figura 4.21 - Propagação de trincas para a posição 3 .............................................................. 58
Figura 4.22 - Malha deformada para o elemento na posição 3 ................................................ 58
Figura 4.23 - Número de ciclos x Compliance para o elemento na posição 3 ......................... 59
Figura 4.24 - Tensão sigma x ................................................................................................... 61
Figura 4.25 - Tensão sigma y ................................................................................................... 62
Figura 4.26 - Tensão cisalhante................................................................................................ 63
Figura 4.27 - Propagação da trinca para o elemento na posição 1 ........................................... 64
Figura 4.28 - Malha deformada para o elemento na posição 1 ................................................ 64
Figura 4.29 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 1 ........ 65
Figura 4.30 – Propagação de trincas para o elemento na posição 2 ......................................... 66
Figura 4.31 - Malha deformada para o elemento na posição 2 ................................................ 66

xiii
Figura 4.32 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 2 ........ 67
Figura 4.33 - Propagação de trincas para a posição 3 .............................................................. 68
Figura 4.34 - Malha deformada para o elemento na posição 3 ................................................ 68
Figura 4.35 - Número de ciclos x Compliance para o elemento na posição 3 ......................... 69
Figura 5.1 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 1 ..... 71
Figura 5.2 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 2 ..... 72
Figura 5.3 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 3 ..... 73
Figura 5.4 - Frequência Absoluta (AF) das incidências dos valores de Compliances ............. 75
Figura 5.5 - Vida à Fadiga do elemento micro para 3C ........................................................... 75
Figura 5.6 - Vida à Fadiga característica.................................................................................. 76
Figura 5.7 - Probabilidade de falha .......................................................................................... 77
Figura 5.8 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 1 ..... 78
Figura 5.9 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 2 ..... 79
Figura 5.10 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 3 ... 80

xiv
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Campo de tensões próximo à trinca ..................................................................... 19


Tabela 3.2 - Campo de deslocamentos próximo à trinca ......................................................... 20
Tabela 3.3 - Tipos de carregamento à fadiga (ciclos) .............................................................. 29
Tabela 3.4 - Exemplos de Estados Limites .............................................................................. 41
Tabela 4.1 - Constantes de Paris (da/dN=CΔKm) para liga de alumínio 2024-T3 ................... 43
Tabela 4.2 – Valores das variáveis do Estudo de Caso 1 ......................................................... 50
Tabela 4.3 - Campo de tensões (MPa) na posição 1 ................................................................ 53
Tabela 4.4 - Campo de tensões (MPa) na posição 2 ................................................................ 56
Tabela 4.5 - Campo de tensões (MPa) na posição 3 ................................................................ 58
Tabela 4.6 – Valores das variáveis do Estudo de Caso 2 ......................................................... 60
Tabela 4.7 - Campo de tensões (MPa) na posição 1 ................................................................ 63
Tabela 4.8 - Campo de tensões (MPa) na posição 2 ................................................................ 65
Tabela 4.9 - Campo de tensões (MPa) na posição 3 ................................................................ 68
Tabela 5.1 – Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 1 ............. 72
Tabela 5.2 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 2 .............. 72
Tabela 5.3 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 3 .............. 73
Tabela 5.4 - Número de ciclos mínimos que leva o elemento micro à instabilidade ............... 74
Tabela 5.5 - Valores estatísticos de Vida à Fadiga para 3C ..................................................... 76
Tabela 5.6 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 1 .............. 78
Tabela 5.7 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 2 .............. 79
Tabela 5.8 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 3 .............. 80

xv
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolo Significado

𝝈𝝈 Vetor de tensões
𝜺𝜺 Vetor de deformações
𝑃𝑃 Solicitação externa normal
𝑄𝑄 Solicitação externa cisalhante
� 𝒙𝒙
𝒖𝒖 Deslocamento tangencial
� 𝒛𝒛
𝒖𝒖 Deslocamento normal
∅ Função tensão de Airy
𝐾𝐾, 𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹𝐹 Fator de Intensidade de Tensão
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅, 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 Parte real e imaginária da função analítica Z
𝐶𝐶 Compliance
𝛱𝛱 Energia potencial
𝛱𝛱0 Energia potencial interna
𝑊𝑊𝑠𝑠 Trabalho requerido para criar novas superfícies
𝛾𝛾𝑠𝑠 Energia elástica de superfície do material
𝛾𝛾𝑝𝑝 Energia plástica
𝑤𝑤𝑓𝑓 Energia de fratura
𝜎𝜎𝑓𝑓 Tensão resistente de fratura
𝐺𝐺 Taxa de dissipação de energia
𝐺𝐺𝑐𝑐 Tenacidade à fratura
𝑎𝑎 Tamanho da trinca
𝑁𝑁 Número de ciclos
𝒖𝒖, 𝒑𝒑 Vetores deslocamento e força de superfície

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 � Valor principal da integral de Cauchy


𝛤𝛤

𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 � Valor principal de Hadamard


𝛤𝛤

𝒄𝒄𝑖𝑖𝑖𝑖 Coeficientes geométricos


𝜹𝜹𝑖𝑖𝑖𝑖 Delta de Kronecker

xvi
𝑻𝑻𝑖𝑖𝑖𝑖 , 𝑼𝑼𝑖𝑖𝑖𝑖 Soluções fundamentais de Kelvin para força de superfície e deslocamento
R Razão de carga de fadiga
r Raio do furo circular central
L1, L2 Tamanho da trinca superior e inferior

xvii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

GENERALIDADES

Este trabalho consiste na análise via Método dos Elementos de Contorno Dual de vida à fadiga
de peças de fuselagem de aeronave com trincas e furos iniciais submetidas a diversos níveis de
solicitações externas de maneira a avaliar a tolerância ao dano. Para isso, foram desenvolvidas
técnicas computacionais avançadas que possibilitaram avaliar diversos modelos e, a partir de
um tratamento estatístico, garantir a integridade e o bom funcionamento das peças evitando
atingir um Estado Limite durante sua vida útil projetada.

Antes de tudo, constata-se uma série de estudos documentados pelo National Transportation
Safety Board (NTSB) para interpretar a causa de acidentes em aviões. Wanhill (2003) destaca
os acidentes com os aviões Comet e Boeing 737-200. No caso do Comet concluiu-se como
motivo principal a falha por fadiga resultando na desintegração da cabine pressurizada. Esta
investigação também relatou que embora projetados para as condições de serviço, sua estrutura
era incapaz de evitar a propagação de trincas, particularmente as trincas instáveis que após
atingirem o comprimento crítico continuariam a propagar até completa ruptura da estrutura.
Quanto ao Boeing 737 da Aloha Airlinhes, assim que se estabilizou a 7000 metros de altitude,
altitude prevista de voo, ouviu-se um forte estrondo e, subitamente, o teto se desintegrou
deixando uma abertura de 6 metros na fuselagem em pleno voo, mas ainda assim foi possível a
aterrissagem do avião com sua estrutura danificada, as perdas são mostradas na Figura 1.1.
Neste caso, as investigações indicaram a iniciação de trincas por fadiga em diversas zonas
(multiple site damage - MSD) que reduziu bastante a resistência da estrutura levando-a ao
colapso.

Figura 1.1 – Falha por fadiga da fuselagem do Boeing 737-200

1
Sanford (2002) afirma que todas estruturas com superfície livre estão sujeitas à fadiga com
trincas começando da superfície e crescendo até atingir dimensão crítica para ruptura frágil, até
mesmo aquelas sujeitas somente a cargas permanentes. Ao contrário de estruturas que são
plasticamente sobrecarregadas, em que se preveem grandes deflexões, ruptura causada por
fadiga ocorre repentinamente sem aviso prévio. Com base nisso, informações relacionando a
carga variável no tempo e particularmente seus efeitos em trincas são de importância
fundamental para a previsão do comportamento da estrutura como um todo. A Mecânica da
Fratura Linear Elástica (MFLE) aparece como uma ferramenta poderosa para avaliar fadiga em
pontas de trinca na condição de Small Scale Yielding (KREJSA et al., 2017).

Em uma chapa metálica de fuselagem de aeronave, para determinar os parâmetros de Mecânica


da Fratura tais como: Fator de Intensidade de Tensão (FIT); número de ciclos de carga; campo
de tensões e deformações; etc., é difícil devido à natureza complexa dos detalhes da armação:
longarinas, clipes de cisalhamento, rebites, etc. Por outro lado, o conhecimento destes
parâmetros é primordial para compreender a natureza do processo de dano especialmente sob
cargas dinâmicas, como fadiga. No caso das estruturas de aeronaves, estima-se que cerca de
70% das fendas de fadiga tem origem nos furos e juntas rebitadas (BAUXBAUM et al., 1987).

Os estudos de (BARTER, MOLENT, et al., 2005) mostraram que o histórico de carga (número
de ciclos) tem uma relação linear direta com o logaritmo do tamanho da trinca. As trincas
crescem de cortes, furos, vazios e descontinuidades do material submetida à fadiga tanto
uniaxial quanto multiaxial. Já Skorupa et al. (2010) apresentam o comportamento das juntas
rebitadas sob carregamento de amplitude constante comparando resultados de ligas de alumínio
utilizadas em fuselagem e rebites de aeronaves. As observações mostraram que o período de
iniciação da trinca se prolonga durante a maior parte da vida à fadiga da junta. Já em 2014, os
mesmos autores observaram que aumentando a tensão de aperto nos rebites, a vida à fadiga das
juntas tem uma substancial melhora mostrando-se como um ponto positivo no projeto de
fuselagens.

Desse modo, os projetistas estão sempre procurando rapidez, confiabilidade e dados médios
precisos de parâmetros de fratura para evitar danos e consequentemente a ocorrência de mais
perdas e acidentes. A automação se mostra como um ponto chave, ao permitir avaliar um
significante número de análises como meio para estudos paramétricos resultando em otimização
de projetos (JISAN et al., 2011). Nesse sentido os métodos numéricos aparecem como uma

2
alternativa para análise de problemas de fratura. Dentre eles destaca-se o Método dos Elementos
de Contorno que possibilita a análise do comportamento de um sólido somente discretizando
seu contorno e assim poder prever seu comportamento à fadiga, em particular ao processo de
dano.

MOTIVAÇÃO

Ao longo dos anos várias filosofias de projeto à fadiga se desenvolveram tentando aliar
segurança estrutural e economia no processo de fabricação e operação das aeronaves. A
primeira abordagem foi denominada safe-life. Esta filosofia consiste em projetar e fabricar uma
estrutura aeronáutica segura durante toda sua vida útil. Para isso, deve-se considerar nos testes
em protótipos as situações mais extremas de solicitações de fadiga, previstas durante operação.
Tal metodologia resulta em fatores que superdimensionam os elementos estruturais de maneira
a impedir a possibilidade de falha. Esta abordagem evidentemente leva a custos de projetos
elevados e não é capaz de garantir a segurança, caso uma falha não prevista em projeto ocorra
durante a vida útil.

De maneira racional, desenvolveu-se uma nova filosofia baseada no conceito de tolerância ao


dano. Nesta, admite-se que a estrutura, mesmo danificada, seja capaz de suportar as ações para
as quais foi projetada até a detecção de uma trinca por fadiga ou outro defeito durante operação.
A unidade é então revisada, o dano reparado, e colocada novamente em operação até o final da
vida útil. Assim, esta abordagem tem como objetivo detectar trincas, por inspeção, antes que
seu crescimento leve a uma falha estrutural grave. Ou seja, implica em conhecer o processo de
propagação da trinca, determinando quantos ciclos de carga à fadiga são necessários para a
trinca atingir um comprimento final, pré-estabelecido como crítico na concepção do projeto.
Do ponto de vista de custos, (BOLLER e BUDERATH , 2007) mostram que o balanço entre o
benefício de uma estrutura mais leve e os custos de inspeção periódica é positivo.

A bibliografia clássica analisa a tolerância ao dano (número de ciclos) com base no tamanho da
trinca. Por outro lado, este estudo se apresenta como inovador ao propor um novo método para
a tolerância ao dano baseado na análise multiescala. Este método é capaz de encontrar uma
relação entre o número de ciclos de fadiga com a respectiva compliance em elementos locais.

3
OBJETIVOS

Objetivo geral

Este trabalho apresenta como objetivo geral a análise multiescala a partir de um elemento macro
e sua influência na vida à fadiga em um elemento micro. Com isso, esta abordagem é capaz de
prever a vida à fadiga sob o ponto de vista da compliance dos microelementos localizados em
vários pontos internos, em substituição à abordagem tradicional que trata a vida à fadiga
relacionando com o tamanho da trinca. Além disso, este estudo traz ainda um tratamento
estatístico dos dados coletados de maneira a avaliar a segurança de tais resultados.

Objetivos específicos

Como objetivos específicos são considerados: avaliação da compliance das bordas do elemento
micro a cada propagação de trinca; cálculo dos ciclos de carregamento para cada incremento
em cada ponta de trinca; avaliação estatística dos resultados estabelecendo um máximo seguro
para a tolerância ao dano a partir da curva número de ciclos x compliance da análise micro.

ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação foi dividida em 6 capítulos. Nesta seção, Capítulo 1, é apresentada uma breve
visão do trabalho, descrevendo generalidades a respeito do tema proposto, a motivação e os
objetivos do que foi abordado.

No Capítulo 2 é abordado o estado da arte atual em base de dados digitais a respeito do tema
“Fadiga em fuselagem de aeronave”, seguida de uma extensa revisão bibliográfica dos
conceitos que levaram ao desenvolvimento da metodologia proposta, Capítulo 3.

O capítulo 4 descreve os passos para o desenvolvimento do método tratando da metodologia


adotada, fluxogramas de implementação e os recursos e ferramentas utilizados. Destaca-se
ainda a apresentação de estudos de caso com a aplicação desta metodologia.

4
No capítulo 5 tem-se o resultado do trabalho, sendo realizadas duas análises: a primeira refere-
se a resultados parciais e a segunda para validação destes resultados e do modelo adotado.

Por fim, no capítulo 6, serão apresentadas as conclusões e as sugestões para trabalhos futuros.

5
CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo apresenta-se o atual estado da arte referente a bases de dados digitais. Utilizando
o software VOSviewer foram obtidos mapas de calor para análise de co-citation e coupling a
partir dos registros na base Scopus do tema “Fadiga em fuselagem de aeronave”. Obtendo como
resultados a Figura 2.1 que ilustra o mapa de co-citation e a Figura 2.2 que ilustra o de coupling.
A seguir é apresentado uma breve característica destes parâmetros que dão suporte às pesquisas
científicas.

O co-citation parte da premissa de que se um artigo cita outros dois sempre juntos indicam que
estes outros tratam da mesma linha de pesquisa – sendo interessante para definir as bases
teóricas já consolidadas a respeito do tema. Já o coupling mostra que quando uma variedade de
artigos cita um mesmo artigo implica que este trata de um front de pesquisa – indicando áreas
novas que estão sendo pesquisadas. Como resultado imediato do co-citation e coupling obtém-
se o estado da arte do tema pesquisado indexado em uma base de dados.

Figura 2.1 - Mapa de co-citation

Os registros de co-citation mostram os seguintes tópicos que já foram desenvolvidos: Lopez


(2010) apresenta uma extensa revisão de incertezas envolvidas no monitoramento de dano
estrutural em aeronaves abordando os métodos existentes desenvolvidos para o problema da
incerteza nas áreas de diagnóstico, prognóstico e controle de danos. Newman Jr. (1999) prevê
6
a vida à fadiga de vários materiais metálicos sob diferentes condições de carregamento. Este
estudo possibilitou relacionar o crescimento da trinca em função do intervalo de Fator de
Intensidade de Tensão efetivo. Os resultados obtidos foram comparados com experimentos em
espécimes entalhadas e não entalhadas de ligas de alumínio e aço. A fadiga é comumente
representada pelo estudo de (PARIS e ERDOGAN, 1960). Estes autores deram a fundamental
contribuição para a modelagem de trincas em sólidos submetidos a cargas cíclicas a partir da
Lei de Paris Erdogan, também denominada da/dN, que relaciona o número de ciclos de fadiga
com o tamanho da trinca. Já Palmberg (1987) é um dos pioneiros quando se fala em considerar
o conceito de tolerância ao dano. Para isso, este autor realiza uma análise estatística para
controle da propagação de trincas por fadiga e considera intervalos de inspeção de forma a
assegurar que a probabilidade de falha completa da estrutura seja mantida sempre baixa.

Figura 2.2 - coupling

Já os registros de coupling mostram o seguinte: Pyo (1995) trata de um método alternativo para
análise de dano por fadiga em estruturas de aeronave. Este autor desenvolveu uma metodologia
denominada Elastic Finite Element Alternating Method (EFEAM) para prever a máxima
capacidade de carga em painéis com trincas destacando o efeito de Multi Site Damage (MSD).
Ainda neste estudo é desenvolvida uma solução analítica para uma linha de trincas em uma
chapa metálica infinita e como resultado o autor demonstra que a aproximação da MFLE
clássica superestima a capacidade de carga. Jeong (1997), em contrapartida, apresenta um
método para prever o limiar de MSD e de dano generalizado também em fuselagens afirmando
que o problema do dano generalizado é a redução da resistência residual da estrutura abaixo da
tolerante enquanto o limiar do MSD refere-se ao ponto na vida útil quando ocorre linkup por
fadiga de duas trincas adjacentes ainda na tensão admissível. A metodologia apresentada

7
determina um valor de limiar a partir da análise da combinação de resultados de resistência
residual e crescimento de trinca por fadiga avaliado por meio de testes de laboratório. Para o
modelo os resultados para o limiar para dano de fadiga estiveram entre 32.000 e 40.000 ciclos
e para o limiar de MSD cerca de 70.000 ciclos. Platz (2011) destaca que trincas por fadiga em
cascas leves ou estruturas em painel podem levar a grandes falhas quando usadas para vedação
ou transporte de carga. Em sua pesquisa o autor investiga a aplicação de sistemas piezoelétricos
aplicados na superfície de um painel de alumínio fino trincado para reduzir a propagação das
trincas por fadiga. Com a redução da propagação, as incertezas na resistência da estrutura, que
permanecem mesmo quando a estrutura é usada sob condições de tolerância à dano como em
fuselagem de aeronave, podem ser reduzidas. Os piezoelétricos atuam induzindo forças de
compressão na ponta da trinca de modo a reduzir o FIT cíclico. Como resultado é destacado
estatisticamente a partir de amostras experimentais que a taxa de propagação da trinca reduz
significantemente.

Outras referências além das encontradas na base Scopus merecem destaque; em especial: a
pesquisa de (KHAN et al., 2011) que analisou fadiga de baixo ciclo em placas de alumínio Al
2024-T351. A análise experimental foi realizada tanto para carregamento monotônico quanto
cíclico a partir de tecnologia de imagens para detectar o local de início da trinca. Para
demonstrar a validação do modelo adotado para problemas de engenharia complexos utiliza-se
conjuntos de longarinas como utilizadas em fuselagem de avião. Breitbarth (2018), baseado em
testes biaxiais com amostras dispostas em cruz, estudou trincas em seções de fuselagem entre
a asa e a cauda de aeronave obtendo valores máximos de FIT’s para peças metálicas. Os
resultados experimentais foram comparados a partir de imagens digitais com os analíticos
obtendo estudos de FIT’s, Integral J, zona plástica e efeitos de fechamento de trinca. Por fim,
as publicações de (SCHIJVE, 2007) e (BROT et al., 2008) revelaram que uma fuselagem sujeita
a ensaio de compressão até o Estado Limite Último (ELU) e em seguida ensaiada à fadiga, os
resultados à fadiga foram melhorados devido a tensões residuais de compressão. Estas tensões
foram capazes de retardar o desenvolvimento das trincas.

A partir desta extensa análise para a descoberta do estado da arte das contribuições específicas
para fadiga em fuselagem de aeronaves, a seguir apresenta-se toda a revisão bibliográfica que
contribuíram para o desenvolvimento do método proposto.

8
CAPÍTULO 3 – EMBASAMENTO TEÓRICO

Este capítulo aborda a revisão bibliográfica que dá suporte ao desenvolvimento da metodologia


adotada.

MECÂNICA DO CONTÍNUO

A mecânica do contínuo se baseia no campo de tensões e deformações gerados nos corpos


quando submetidos a solicitações. Estes campos têm valores significativos somente em uma
região concentrada em torno do ponto de aplicação da solicitação decrescendo rapidamente na
medida em que se afasta desta região. Em (JOHNSON, 1985) é possível encontrar toda a base
matemática que estabelece os valores destes campos de tensão e deformação em um corpo no
regime elástico submetido à carregamento linear normal e cisalhante de acordo com a Figura
3.1. As cargas p(x) e q(x) agem na superfície do corpo na região x = -b a x = a.

Figura 3.1 – Seção transversal de corpo submetido a carregamentos normal e cisalhante

A partir da teoria da elasticidade, (TIMOSHENKO e GOODIER, 1951) mostram que as


componentes de tensão devem satisfazer as Equações (1) ao logo do sólido.
𝜕𝜕𝜕𝜕𝑥𝑥 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑥𝑥𝑥𝑥
+ =0
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
(1)
𝜕𝜕𝜕𝜕𝑧𝑧 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑥𝑥𝑥𝑥
+ =0
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
E as correspondentes deformações devem corresponder às equações de compatibilidade:
9
𝜕𝜕²𝜀𝜀𝑥𝑥 𝜕𝜕²𝜀𝜀𝑧𝑧 𝜕𝜕²𝛾𝛾𝑥𝑥𝑥𝑥
+ = (2)
𝜕𝜕𝜕𝜕² 𝜕𝜕𝜕𝜕² 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕
Onde,
𝜕𝜕𝜕𝜕𝑥𝑥 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑧𝑧 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑥𝑥 𝜕𝜕𝜕𝜕𝑧𝑧
𝜀𝜀𝑥𝑥 = , 𝜀𝜀𝑧𝑧 = , 𝛾𝛾𝑥𝑥𝑥𝑥 = + (3)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Sendo a Lei de Hooke relacionando tensões e deformações, escrita por:
1
𝜀𝜀𝑥𝑥 = {(1 − 𝑣𝑣 2 )𝜎𝜎𝑥𝑥 − 𝑣𝑣(1 + 𝑣𝑣)𝜎𝜎𝑧𝑧 }
𝐸𝐸
1
𝜀𝜀𝑦𝑦 = {(1 − 𝑣𝑣 2 )𝜎𝜎𝑧𝑧 − 𝑣𝑣(1 + 𝑣𝑣)𝜎𝜎𝑥𝑥 } (4)
𝐸𝐸
2(1 + 𝑣𝑣)
𝛾𝛾𝑥𝑥𝑥𝑥 = 𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥
𝐸𝐸
Se a Função de Airy ∅(𝑥𝑥, 𝑧𝑧) é definida por:
𝜕𝜕²∅ 𝜕𝜕²∅ 𝜕𝜕²∅
𝜎𝜎𝑥𝑥 = , 𝜎𝜎𝑧𝑧 = , 𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = − (5)
𝜕𝜕𝜕𝜕² 𝜕𝜕𝜕𝜕² 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕
Então as equações de equilíbrio (1), compatibilidade (2) e Lei de Hooke (4) são satisfeitas, visto
que ∅(𝑥𝑥, 𝑧𝑧) satisfaz a equação biarmônica:
𝜕𝜕 2 𝜕𝜕 2 𝜕𝜕 2 ∅ 𝜕𝜕 2 ∅
� 2 + 2� � 2 + �=0 (6)
𝜕𝜕𝑥𝑥 𝜕𝜕𝑧𝑧 𝜕𝜕𝑥𝑥 𝜕𝜕𝜕𝜕²
Com as seguintes condições de contorno, em z = 0 fora da região carregada a superfície é livre
de tensão, isto é:
𝜎𝜎�𝑧𝑧 = 𝜏𝜏̅𝑥𝑥𝑥𝑥 = 0, 𝑥𝑥 < −𝑏𝑏 𝑒𝑒 𝑥𝑥 > +𝑎𝑎 (7)
E na região carregada:
𝜎𝜎�𝑧𝑧 = −𝑝𝑝(𝑥𝑥) 𝑒𝑒 𝜏𝜏̅𝑥𝑥𝑥𝑥 = −𝑞𝑞(𝑥𝑥) , − 𝑏𝑏 < 𝑥𝑥 < +𝑎𝑎 (8)
Finalmente, em uma larga distância da região carregada [𝑥𝑥; 𝑧𝑧 → ∞] da Figura 3.1 as tensões
têm valores bem pequenos (𝜎𝜎𝑥𝑥 , 𝜎𝜎𝑧𝑧 𝑒𝑒 𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 → 0).

É necessário conhecer duas das quatro condições de contorno 𝑝𝑝(𝑥𝑥), 𝑞𝑞(𝑥𝑥), 𝑢𝑢�𝑥𝑥 (𝑥𝑥), 𝑢𝑢�𝑧𝑧 (𝑥𝑥) para
resolver os problemas do contínuo. Várias combinações destas condições podem ser obtidas,
por exemplo: se a solicitação for do tipo puncionamento rígido o deslocamento normal 𝑢𝑢�𝑧𝑧 (𝑥𝑥)
tem valor conhecido e, se a interface é livre de atrito, a força cisalhante 𝑞𝑞(𝑥𝑥) é zero. Por outro
lado, se a superfície adere à força puncionante sem escorregar na interface, o deslocamento
tangencial 𝑢𝑢�𝑥𝑥 (𝑥𝑥) é conhecido e 𝑞𝑞(𝑥𝑥) pode ser encontrado. Algumas condições de contorno
especiais podem ocorrer na hipótese de deslizamento entre as superfícies: considerando o
coeficiente de atrito 𝜇𝜇, somente 𝑢𝑢�𝑧𝑧 (𝑥𝑥) é conhecido enquanto a segunda condição de contorno é

10
fornecida pela relação 𝑞𝑞(𝑥𝑥) = ±𝜇𝜇𝜇𝜇(𝑥𝑥). Para facilitar a análise, em algumas circunstâncias é
conveniente adotar coordenadas cilíndrica-polar. Considerando que a Tensão de Airy deve
satisfazer a equação biarmônica:

𝜕𝜕 2 1 𝜕𝜕 1 𝜕𝜕 2 𝜕𝜕 2 ∅ 1 𝜕𝜕∅ 1 𝜕𝜕²∅
� 2+ + 2 2� � 2 + + �=0 (9)
𝜕𝜕𝑟𝑟 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜃𝜃 𝜕𝜕𝑟𝑟 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟² 𝜕𝜕𝜕𝜕²

As correspondentes equações para as componentes de tensão 𝜎𝜎𝑟𝑟 , 𝜎𝜎𝜃𝜃 e 𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 , são definidas em
(10).
1 𝜕𝜕∅ 1 𝜕𝜕²∅
𝜎𝜎𝑟𝑟 = +
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟² 𝜕𝜕𝜕𝜕²
𝜕𝜕 2 ∅
𝜎𝜎𝜃𝜃 = 2 (10)
𝜕𝜕𝑟𝑟
𝜕𝜕 1 𝜕𝜕∅
𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 =− � �
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕
Já as componentes de deformações 𝜀𝜀𝑟𝑟 , 𝜀𝜀𝜃𝜃 e 𝛾𝛾𝑟𝑟𝑟𝑟 são relacionadas com os deslocamentos 𝑢𝑢𝑟𝑟 e
𝑢𝑢𝜃𝜃 a partir de (11).
𝜕𝜕𝑢𝑢𝑟𝑟
𝜀𝜀𝑟𝑟 =
𝜕𝜕𝜕𝜕
𝑢𝑢𝑟𝑟 1 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜃𝜃
𝜀𝜀𝜃𝜃 = + (11)
𝑟𝑟 𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕
1 𝜕𝜕𝑢𝑢𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜃𝜃 𝑢𝑢𝜃𝜃
𝛾𝛾𝑟𝑟𝑟𝑟 = + −
𝑟𝑟 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑟𝑟

Com essa introdução à teoria da elasticidade será discutido agora problemas particulares
relevantes da teoria do contínuo.

Força normal concentrada

Neste primeiro problema investigam-se as tensões decorrentes de uma força normal


concentrada 𝑃𝑃 na origem do problema, conforme Figura 3.2. Este carregamento é similar ao
produzido por uma faca pressionando uma superfície. A solução deste problema é dada pela
Tensão de Airy da Equação (12).
∅(𝑟𝑟, 𝜃𝜃) = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 (12)
Sendo 𝐴𝐴 uma constante arbitrária.

11
Figura 3.2 - Problema da carga normal concentrada

Com base nas Equações (10) as componentes de tensão resultam em:


cos 𝜃𝜃
𝜎𝜎𝑟𝑟 = 2𝐴𝐴
𝑟𝑟 (13)
𝜎𝜎𝜃𝜃 = 𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 = 0
Nota-se que as tensões reduzem de intensidade na proporção 1/𝑟𝑟. A constante 𝐴𝐴 é encontrada
igualando a componente vertical de tensão em um semicírculo de raio 𝑟𝑟 à força aplicada 𝑃𝑃, tal
que:
𝜋𝜋 𝜋𝜋
2 2 𝑃𝑃
−𝑃𝑃 = � 𝜎𝜎𝑟𝑟 cos 𝜃𝜃 𝑟𝑟 𝑑𝑑𝜃𝜃 = � 2𝐴𝐴 cos2 𝜃𝜃 𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝐴𝐴𝐴𝐴 ∴ 𝐴𝐴 = − (14)

𝜋𝜋
0 𝜋𝜋
2

Assim,
2𝑃𝑃 cos 𝜃𝜃
𝜎𝜎𝑟𝑟 = −
𝜋𝜋 𝑟𝑟 (15)
𝜎𝜎𝜃𝜃 = 𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 = 0
𝑧𝑧
Alterando o campo de tensões para coordenadas cartesianas, sendo 𝑟𝑟 2 = 𝑥𝑥 2 + 𝑧𝑧², cos 𝜃𝜃 = 𝑟𝑟 e
𝑥𝑥
sin 𝜃𝜃 = 𝑟𝑟 , resulta em:

2𝑃𝑃 𝑥𝑥²𝑧𝑧
𝜎𝜎𝑥𝑥 = 𝜎𝜎𝑟𝑟 sin² 𝜃𝜃 = −
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 + 𝑧𝑧 2 )²
2

2𝑃𝑃 𝑧𝑧 3
𝜎𝜎𝑧𝑧 = 𝜎𝜎𝑟𝑟 cos2 𝜃𝜃 = − (16)
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 2 + 𝑧𝑧 2 )2
2𝑃𝑃 𝑥𝑥𝑥𝑥²
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = 𝜎𝜎𝑟𝑟 sin 𝜃𝜃 cos 𝜃𝜃 = −
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 2 + 𝑧𝑧 2 )²
Força cisalhante concentrada

Uma força concentrada 𝑄𝑄 que age sobre uma superfície de acordo com a Figura 3.3 produz um
campo de tensão radial 𝜎𝜎𝑟𝑟 semelhante ao produzido pela força normal concentrada, porém

12
rotacionado 90°. Se 𝜃𝜃 for medido na linha de ação da força (na direção do eixo x) as tensões
são as mesmas da força normal, Equações (15).

Figura 3.3 - Problema da carga cisalhante concentrada

Neste caso, no quadrante positivo x, a tensão radial 𝜎𝜎𝑟𝑟 é de compressão e no quadrante negativo,
de tração. Em coordenadas cartesianas o campo de tensões é representado pelas Equações (17).
2𝑄𝑄 𝑥𝑥³
𝜎𝜎𝑥𝑥 = −
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 + 𝑧𝑧 2 )²
2

2𝑄𝑄 𝑥𝑥𝑧𝑧 2
𝜎𝜎𝑧𝑧 = − (17)
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 2 + 𝑧𝑧 2 )2
2𝑄𝑄 𝑥𝑥²𝑧𝑧
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = −
𝜋𝜋 (𝑥𝑥 + 𝑧𝑧 2 )²
2

Carga distribuída normal e cisalhante

Geralmente, a componente de tensão cisalhante é resultado do atrito entre os corpos devido à


tensão distribuída normal. No regime elástico, um corpo solicitado na região −𝑎𝑎 < 𝑥𝑥 < 𝑏𝑏 por
uma carga normal 𝑝𝑝(𝑥𝑥) e uma cisalhante 𝑞𝑞(𝑥𝑥) distribuída de maneira arbitrária conforme Figura
3.4, o campo de tensões em um ponto A é encontrado a partir da integração das tensões
referentes a carga concentradas normal e cisalhante (Equações (16) e (17), respectivamente)
considerando as solicitações em uma área infinitesimal 𝑑𝑑𝑑𝑑, com posição 𝑠𝑠 variando entre os
limites −𝑎𝑎 < 𝑠𝑠 < 𝑏𝑏. As tensões em A são representadas nas Equações (18).
2𝑦𝑦 𝑏𝑏 𝑝𝑝(𝑠𝑠)(𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 2 𝑏𝑏 𝑞𝑞(𝑠𝑠)(𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)3
𝜎𝜎𝑥𝑥 = − � 𝑑𝑑𝑑𝑑 − � 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦 2 )2 𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦)2
2𝑦𝑦 3 𝑏𝑏 𝑝𝑝(𝑠𝑠) 2𝑦𝑦 2 𝑏𝑏 𝑞𝑞(𝑠𝑠)(𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)
𝜎𝜎𝑦𝑦 = − � 𝑑𝑑𝑑𝑑 − � 𝑑𝑑𝑑𝑑 (18)
𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦 2 )2 𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦 2 )2
2𝑦𝑦 2 𝑏𝑏 𝑝𝑝(𝑠𝑠)(𝑥𝑥 − 𝑠𝑠) 2𝑦𝑦 𝑏𝑏 𝑞𝑞(𝑠𝑠)(𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 =− � 𝑑𝑑𝑑𝑑 − � 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦 2 )2 𝜋𝜋 −𝑎𝑎 ((𝑥𝑥 − 𝑠𝑠)2 + 𝑦𝑦 2 )2

13
Figura 3.4 - Problema do carregamento distribuído normal e cisalhante

3.1.3.1 Carga distribuída normal uniforme

O exemplo mais simples de solicitação distribuída é o caso de somente carga normal uniforme
em uma região −𝑎𝑎 < 𝑥𝑥 < 𝑎𝑎 - Figura 3.5 (a) - e ausência de carga cisalhante. Neste caso,
avaliando as integrais da Equação (18), tem-se o seguinte campo de tensões:
𝑝𝑝
𝜎𝜎𝑥𝑥 = − {2(𝜃𝜃1 − 𝜃𝜃2 ) − (sin 2𝜃𝜃1 − sin 2𝜃𝜃2 )}
2𝜋𝜋
𝑝𝑝
𝜎𝜎𝑦𝑦 = − {2(𝜃𝜃1 − 𝜃𝜃2 ) + (sin 2𝜃𝜃1 − sin 2𝜃𝜃2 )} (19)
2𝜋𝜋
𝑝𝑝
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = − (cos 2𝜃𝜃1 − cos 2𝜃𝜃2 )}
2𝜋𝜋

(a) (b)
Figura 3.5 - (a) Tensões para carga normal distribuída uniforme (b) linha das tensões principais

14
3.1.3.2 Carga distribuída cisalhante uniforme

As tensões devido a carregamento cisalhante uniformemente distribuído em uma região −𝑎𝑎 <
𝑥𝑥 < 𝑎𝑎 podem ser encontradas da mesma forma da integração das Equações (18) considerando
𝑝𝑝(𝑥𝑥) = 0, obtendo-se:
𝑞𝑞 𝑟𝑟1
𝜎𝜎𝑥𝑥 = {4 ln � � − (cos 2𝜃𝜃1 − cos 2𝜃𝜃2 )}
2𝜋𝜋 𝑟𝑟2
𝑞𝑞
𝜎𝜎𝑦𝑦 = (cos 2𝜃𝜃1 − cos 2𝜃𝜃2 ) (20)
2𝜋𝜋
𝑞𝑞
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 =− {2(𝜃𝜃1 − 𝜃𝜃2 ) + (sin 2𝜃𝜃1 − sin 2𝜃𝜃2 )}
2𝜋𝜋

MECÂNICA DA FRATURA LINEAR ELÁSTICA

A Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) é a teoria básica da Fratura originada por
Griffith (1921, 1924) e complementada por Irwin (1956, 1957) e Rice (1967, 1968). Esta é uma
teoria sofisticada que lida com trincas em corpos elásticos. Desse modo, trata-se de uma
situação ideal em que todo o material é elástico exceto em uma pequena região (um ponto) na
ponta da trinca. De fato, as tensões próximas à ponta da trinca são tão altas que algum tipo de
plasticidade deve ser desenvolvido, porém, tal região é tão pequena de forma que no limite, a
perturbação é desprezível e os resultados obtidos da MFLE são satisfatórios (BAZANT et al.,
1998).
Hutchinson (2003) na ASME Timoshenko medal acceptance speech afirma:
… I think I am correct in saying that after fifty years of measuring toughness and
fatigue crack growth rates experimentally, there is probably not a single instance
where a critical application has made use of toughness that has been predicted
theoretically. You have to give the earlier developers a great deal of credit for
understanding this from the start – I’ll single out George Irwin and Paul Paris as two
of our many colleagues who had the great insight to set this into motion. Paris’s early
contribution was not the Paris law … Along with Irwin, his contribution was the
recognition that a truly esoteric quantity from elasticity theory, the stress intensity
factor, could be used to develop a framework to measure crack growth and predict
structural integrity…

15
Existem três principais modos de solicitação da trinca, como pode ser observado na Figura 3.6:
o modo I que está relacionado à abertura da trinca (as superfícies da trinca são tracionadas), o
modo II que está relacionado ao cisalhamento dentro do plano (deslizamento) e o modo III que
está relacionado ao cisalhamento fora do plano (rasgamento).

Figura 3.6 - Modos de fratura


Fonte: adaptado de Anderson (2005)

O termo modo misto implica na presença simultânea de pelo menos dois modos de fratura. Ou
seja, tensões tanto no plano normal quanto cisalhante na região imediatamente à frente da
fratura. Dessa forma, a ponta da trinca bidimensional possui tanto componentes de modo I
quanto de modo II, como pode ser visto na Figura 3.7.

Figura 3.7 - Modo misto de fraturamento


Fonte: Anderson (2005)

Problemas em modo misto ocorrem na maioria das estruturas da engenharia com a presença de
trincas, uma vez que estas não são perfeitamente homogêneas em sua microestrutura
apresentando vazios e geralmente estão sujeitas a carregamentos multiaxiais e mudança brusca
na intensidade de carregamento. Uma falha em uma aeronave estará sujeita a frequentes
mudanças na direção do carregamento, por exemplo.

16
Tensões na ponta da trinca

O Fator de Intensidade de Tensão (FIT) é o parâmetro que define a amplitude da singularidade


na ponta da trinca. Isto é, as tensões próximas a ponta da trinca aumentam na proporção K. A
Figura 3.8 (b) ilustra um FIT maior que em 3.8 (a). Além disso, o FIT define as condições na
ponta da trinca; se K é conhecido, é possível obter todos os componentes de tensão, deformação
e deslocamento. Este é o motivo que torna o FIT como um dos conceitos mais importantes na
Mecânica da Fratura. Pode-se definir K como:
𝐾𝐾 = lim
+
𝜎𝜎𝑦𝑦 �𝜃𝜃=0 . √2𝜋𝜋𝜋𝜋 (21)
𝛿𝛿 →0

Onde 𝛿𝛿 é a distância medida da ponta da trinca e o limite é tomado do lado (+).

(a) (b)
Figura 3.8 - Tensões na ponta da trinca, FIT da trinca (b) maior que (a)

Aplicando a definição de K para a tensão 𝜎𝜎𝑦𝑦 no problema de trinca central (Figura 3.9) encontra-
se para esta geometria:
𝑎𝑎
𝐾𝐾 = 𝜎𝜎√𝜋𝜋𝜋𝜋 𝐹𝐹 � � (22)
𝑊𝑊
𝑎𝑎
onde 𝐾𝐾 é o FIT, 𝑎𝑎 é o tamanho da trinca, 𝜎𝜎 a tensão aplicada e 𝐹𝐹 �𝑊𝑊� uma função que depende

do tamanho da trinca e da geometria da placa.

À medida que a/W se aproxima de zero (isto é, uma trinca em uma placa de largura infinita) o
valor de F se aproxima de 1. Para componentes de dimensões finitas, são utilizadas equações
matemáticas para calcular F(a/W).

17
Figura 3.9 - Placa com trinca central

O método generalizado de Westergaard

Este método introduzido por Westergaard em 1939 aplica o método semi-inverso para a função
de tensão de Airy expressa no domínio complexo. A introdução de variáveis complexas na
formulação de problemas de elasticidade bidimensional oferece significantes vantagens, pois
em contraste com a teoria de função real, onde a escolha de funções que satisfaçam a equação
biarmônica é difícil de se obter, a formulação da teoria da elasticidade em variáveis complexas
assegura que todas as funções que sejam analíticas são potenciais funções de tensão de Airy.

Embora o número de funções analíticas seja infinito, nem todas as funções complexas são
analíticas. Uma função é analítica se, e somente se satisfizer as condições de Cauchy-Riemann:
𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕
=− = −𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼′
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
(23)
𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕𝜕
= = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅′
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝜕𝜕𝜕𝜕
Onde Z representa uma função do tipo complexa.
Considerando uma função de tensão de Airy da forma:
𝐹𝐹(𝑧𝑧) = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑍𝑍�(𝑧𝑧) + 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑍𝑍�(𝑧𝑧) (24)
Em que
𝑑𝑑𝑍𝑍� 𝑑𝑑𝑍𝑍�
= 𝑍𝑍� 𝑒𝑒 = 𝑍𝑍
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
Os componentes de tensão cartesiana são obtidos através da segunda derivada da função de
Airy com respeito às variáveis reais 𝑥𝑥 e 𝑦𝑦. Estas relações ainda são válidas mesmo quando a

18
função de tensão é expressa em termos da coordenada complexa 𝑧𝑧. Utilizando as relações de
Cauchy-Riemann obtém-se a primeira derivada de 𝐹𝐹(𝑧𝑧):
𝑑𝑑𝑑𝑑
= 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑍𝑍� + 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦
𝑑𝑑𝑑𝑑
(25)
𝑑𝑑𝑑𝑑
= −𝐼𝐼𝐼𝐼𝑍𝑍� + 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦 + 𝐼𝐼𝐼𝐼𝑍𝑍� = 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦
𝑑𝑑𝑑𝑑
Repetindo o processo para a segunda derivada, obtém-se as tensões cartesianas:
𝑑𝑑²𝐹𝐹
𝜎𝜎𝑦𝑦 = = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 + 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦′
𝑑𝑑𝑑𝑑²
𝑑𝑑2 𝐹𝐹
𝜎𝜎𝑥𝑥 = = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 − 𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑍𝑍 ′ (26)
𝑑𝑑𝑦𝑦 2
𝑑𝑑2 𝐹𝐹
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = − = −𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑦𝑍𝑍 ′
𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑

Considerando a trinca ao longo do eixo 𝑥𝑥 conforme Figura 3.10, a parte imaginária torna-se
nula e as tensões resultantes tornam-se as da Equação (27).
𝜎𝜎𝑥𝑥 = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅
𝜎𝜎𝑦𝑦 = 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 (27)
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 = 0

Figura 3.10 - Definição dos eixos de coordenadas na ponta da trinca.


Fonte: Anderson (2005)

O campo de tensões nas proximidades da trinca é definido pelo conjunto de equações


apresentado na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Campo de tensões próximo à trinca
Tensão Modo I Modo II Modo III
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃
𝜎𝜎𝑥𝑥 cos �1 − sin sin � − sin �2 + sin sin � 0
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃
𝜎𝜎𝑦𝑦 cos �1 + sin sin � sin �cos cos � 0
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2

19
0 (EPT) 0 (EPT)
𝜎𝜎𝑧𝑧 0
𝜈𝜈(𝜎𝜎𝑥𝑥𝑥𝑥 + 𝜎𝜎𝑦𝑦𝑦𝑦 ) (EPD) 𝜈𝜈(𝜎𝜎𝑥𝑥𝑥𝑥 + 𝜎𝜎𝑦𝑦𝑦𝑦 ) (EPD)
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 sin �cos cos � cos �1 − sin sin � 0
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 0 0 − sin
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2
𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃
𝜏𝜏𝑦𝑦𝑦𝑦 0 0 cos
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2
Nota: 𝜈𝜈 – Coeficiente de Poisson; EPT – Estado Plano de Tensão; EPD - Estado Plano de
Deformação

Já o campo de deslocamento nas proximidades da trinca é representado pelo conjunto de


equações apresentado na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 - Campo de deslocamentos próximo à trinca


Desl. Modo I Modo II Modo III
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝑟𝑟 𝜃𝜃 𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝑟𝑟 𝜃𝜃 𝜃𝜃
𝑢𝑢𝑥𝑥 � cos �𝜅𝜅 − 1 + 2 sin² � � sin �𝜅𝜅 + 1 + 2 cos² � 0
2𝜇𝜇 2𝜋𝜋 2 2 2𝜇𝜇 2𝜋𝜋 2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝑟𝑟 𝜃𝜃 𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝑟𝑟 𝜃𝜃
𝑢𝑢𝑦𝑦 � sin �𝜅𝜅 + 1 − 2 cos² � − � 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 �𝜅𝜅 − 1 − 2 sin² � 0
2𝜇𝜇 2𝜋𝜋 2 2 2𝜇𝜇 2𝜋𝜋 2
2𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 𝑟𝑟 𝜃𝜃
𝑢𝑢𝑧𝑧 0 0 � sin
𝜇𝜇 2𝜋𝜋 2
3−𝜈𝜈
Nota: 𝜇𝜇 – módulo de cisalhamento; 𝜅𝜅 = 3 − 4𝜈𝜈 (EPD) e 𝜅𝜅 = 1+𝜈𝜈 (EPT)

Observa-se então que conhecendo os valores dos FIT’s, é possível determinar tanto as tensões
quanto os deslocamentos na ponta de uma trinca. Na literatura pode-se obter os valores dos
FIT’s para diversos casos já testados numericamente e experimentalmente, porém a maioria
dessas soluções são para geometrias simples e/ou bem específicas (EWALDS, 1984; BROEK,
1988; JANSSEN et al., 2002).

Existe um valor de FIT crítico denominado Tenacidade à Fratura do material 𝐾𝐾𝑐𝑐 , de forma que
se o valor de 𝐾𝐾 ultrapassar o valor de 𝐾𝐾𝑐𝑐 haverá fratura frágil. Realizando uma analogia com a
resistência dos materiais, assim como não se deseja o escoamento do material, é preciso manter
as tensões abaixo da tensão de escoamento.

20
Compliance

A compliance é a grandeza que representa o inverso da rigidez. Matematicamente é determinada


por:
𝛿𝛿
𝐶𝐶 = (28)
𝑃𝑃
sendo 𝛿𝛿 o deslocamento proveniente de uma carga 𝑃𝑃 aplicada. Na Figura 3.11, 𝛿𝛿 = ∆/2.

Figura 3.11 - Double cantilever beam (DCB) espécime solicitada à tração


Fonte: Anderson (2005)
Aplicando este conceito em estruturas tem-se que a maioria das estruturas estão sujeitas à
condição entre load control e pure displacement control. A situação intermediária pode ser
esquematicamente representada por uma mola em série com uma estrutura entalhada (Figura
3.12). Fixando um deslocamento conhecido ∆ 𝑇𝑇 , a mola representa a compliance do sistema 𝐶𝐶𝑀𝑀 .
A condição de pure displacement control corresponde à uma rigidez infinita, onde 𝐶𝐶𝑀𝑀 = 0. Já
a condição de load control implica uma mola sem rigidez e compliance infinita, 𝐶𝐶𝑀𝑀 = ∞.

Figura 3.12 - Medição da compliance em estrutura entalhada


Fonte: Anderson (2005)

21
Sendo a compliance finita, o ponto de instabilidade de fratura situa-se entre as condições de
load control e pure displacement control.

Energia de fratura

De acordo com a primeira lei da termodinâmica, quando um sistema vai para um estado de não
equilíbrio, há uma redução na energia. Uma trinca pode formar (ou uma trinca existente pode
crescer) somente se tal processo causar a redução na energia total ou permanecer constante
(ANDERSON, 2005). Assim, as condições críticas para fratura podem ser definidas como o
ponto onde o crescimento da trinca ocorre sob condições de equilíbrio, sem mudança na energia
total.

Considere a placa da Figura 3.9, com uma trinca central de tamanho 2𝑎𝑎 submetida à tensão 𝜎𝜎.
Assumindo a placa sendo infinita, ou seja 𝑤𝑤 ≫ 2𝑎𝑎, para que haja o crescimento da trinca, deve
haver energia potencial suficiente para superar a energia de superfície do material. O balanço
energético de Griffith para um crescimento da trinca de área 𝑑𝑑𝑑𝑑, sob condições de equilíbrio
pode ser expressa como:
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑊𝑊𝑠𝑠
= + =0 (29)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
ou
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑊𝑊𝑠𝑠
− = (30)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
Onde 𝐸𝐸 é a energia total, 𝛱𝛱 a energia potencial fornecida pela energia de deformação interna e
forças externas e 𝑊𝑊𝑠𝑠 o trabalho requerido para criar novas superfícies.

Para o problema de trinca central, Griffith usou a análise de tensão de Inglis (1913) para
demonstrar que:
𝜋𝜋𝜋𝜋²𝑎𝑎²𝐵𝐵
𝛱𝛱 = 𝛱𝛱0 − (31)
𝐸𝐸
Onde 𝛱𝛱0 é a energia potencial interna de uma placa sem trinca, 𝜎𝜎 a tensão aplicada, 𝑎𝑎 o tamanho
inicial a trinca, 𝐵𝐵 a espessura da placa e 𝐸𝐸 o módulo de elasticidade.
Para a formação da trinca requer a criação de duas superfícies, portanto, 𝑊𝑊𝑠𝑠 é dado por:

𝑊𝑊𝑠𝑠 = 2 𝑥𝑥 (2𝑎𝑎𝑎𝑎𝛾𝛾𝑠𝑠 ) = 4𝑎𝑎𝑎𝑎𝛾𝛾𝑠𝑠 (32)

22
sendo 2𝑎𝑎𝑎𝑎 a área de uma superfície e 𝛾𝛾𝑠𝑠 a energia elástica de superfície do material. Tem-se
então:
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝜋𝜋𝜋𝜋²𝑎𝑎
− = (33)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐸𝐸
e
𝑑𝑑𝑊𝑊𝑠𝑠
= 2𝛾𝛾𝑠𝑠 (34)
𝑑𝑑𝑑𝑑
Igualando as Equações (33) e (34), tem-se a tensão resistente de fratura dada por:
2𝐸𝐸𝛾𝛾𝑠𝑠 1/2
𝜎𝜎𝑓𝑓 = � � (35)
𝜋𝜋𝜋𝜋
A Equação (35) é válida somente para sólidos idealmente frágeis. Assim, Griffith obteve uma
boa aproximação desta equação a dados experimentais de resistência de fratura de vidro, mas
subestima a resistência de metais. O modelo generalizado de Griffith para qualquer tipo de
energia de dissipação é dado por:
2𝐸𝐸𝑤𝑤𝑓𝑓 1/2
𝜎𝜎𝑓𝑓 = � �
𝜋𝜋𝜋𝜋 (36)
𝑤𝑤𝑓𝑓 = 𝛾𝛾𝑠𝑠 + 𝛾𝛾𝑝𝑝
sendo 𝛾𝛾𝑝𝑝 a parcela de dissipação de energia plástica que ocorre na ponta da trinca em sólidos
dúcteis (metais). Com isso, 𝑤𝑤𝑓𝑓 é a energia de fratura que pode incluir plasticidade,
viscoelasticidade ou efeitos viscoplásticos, dependendo do material.

Embora a adição do novo termo na equação de Griffith possibilitasse o estudo em sólidos


dúcteis, o método ainda possuía limitações para o estudo de instabilidade de uma trinca ideal.
O método também apresentava problemas em várias situações práticas, especialmente em
situações com o crescimento lento estável de uma trinca como, por exemplo, em fadiga e no
crescimento de trinca em meios corrosivos.

Taxa de dissipação de energia (Energy Release Rate)

Irwin (1956) propôs uma aproximação energética para fratura definida como taxa de dissipação
de energia G, que é uma medida da energia necessária para um incremento de extensão de
trinca:
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝜋𝜋𝜎𝜎 2 𝑎𝑎
𝐺𝐺 = − = (37)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝐸𝐸
A propagação da trinca ocorre quando 𝐺𝐺 alcança o valor crítico 𝐺𝐺𝑐𝑐 :
23
𝑑𝑑𝑊𝑊𝑠𝑠
𝐺𝐺𝑐𝑐 = = 2𝑤𝑤𝑓𝑓 (38)
𝑑𝑑𝑑𝑑
sendo 𝐺𝐺𝑐𝑐 a medida de tenacidade à fratura do material.

Assim, os dois parâmetros que descrevem o comportamento da trinca foram introduzidos: a


taxa de dissipação de energia G e o Fator de Intensidade de Tensão K. Enquanto o primeiro
quantifica a mudança na energia potencial necessária para um incremento de trinca, o segundo
caracteriza as tensões, deformações, e deslocamentos próximos à ponta da trinca. Assim, taxa
de dissipação de energia descreve o comportamento global e o FIT é um parâmetro local. Para
material linear elástico K e G são relacionados por:

𝐾𝐾𝐼𝐼2 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
𝐺𝐺𝐼𝐼 = ′ ; 𝐺𝐺𝐼𝐼𝐼𝐼 = ′ ; 𝐺𝐺𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼 = ′ (39)
𝐸𝐸 𝐸𝐸 𝐸𝐸
com os subscritos indicando o modo de fratura, e 𝐸𝐸 ′ = 𝐸𝐸 para estado plano de tensão e 𝐸𝐸 ′ =
𝐸𝐸
1−𝜈𝜈 2
para estado plano de deformação.

Instabilidade e curva R

Ocorre crescimento da trinca quando 𝐺𝐺 = 𝐺𝐺𝑐𝑐 = 2𝑤𝑤𝑓𝑓 , porém tal crescimento deve ser estável ou
instável. Para ilustrar estabilidade ou instabilidade, é conveniente substituir 2𝑤𝑤𝑓𝑓 por 𝑅𝑅, a
resistência do material para o tamanho da trinca. O gráfico 𝑅𝑅 vs. tamanho da trinca é chamado
curva de resistência ou curva R.

Considerando uma placa com uma trinca inicial 2𝑎𝑎 (Figura 3.9). Em uma tensão σ constante, a
taxa de dissipação de energia varia linearmente com o tamanho da trinca conforme
Equação (37). A Figura 3.13 mostra Curva R para dois tipos de materiais.

No primeiro caso (a) tem-se a curva R plana, onde a resistência do material é constante com o
crescimento da trinca. Quando a tensão vale 𝜎𝜎1 , o crescimento é estável, até atingir o valor 𝜎𝜎2
em que a tensão aumenta com o crescimento da trinca, porém a resistência do material
permanece constante, ocasionando propagação instável.

No segundo caso (b) tem-se um material com a curva R crescente. A trinca cresce uma pequena
quantidade quando atinge o valor 𝜎𝜎2 , mas para de crescer pois quando a tensão é fixada em 𝜎𝜎2

24
esta aumenta em uma taxa menor que R. Crescimento de trinca estável continua até atingir o
valor 𝜎𝜎4 , quando finalmente a tensão é tangente à curva R e a partir daí a inclinação é maior
que a da curva R.

Figura 3.13 - Curvas R (a) plana, (b) crescente


Fonte: Anderson (2005)

Condições para crescimento de trinca estável:


𝐺𝐺 = 𝑅𝑅
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 (40)

𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
Crescimento de trinca instável ocorre quando
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
> (41)
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑

Integral J

Enquanto o FIT e taxa de dissipação de energia são parâmetros para análise de materiais
lineares, a Integral J disseminou para análise de materiais não lineares. Com isso Rice (1968)
ampliou a base da Mecânica da Fratura para além dos limites da Mecânica da Fratura Linear
Elástica.

A utilização dos conceitos da MFLE apresenta resultados satisfatórios quando a Zona de


Plasticidade (ZP) na ponta da trinca é relativamente pequena se comparada com as dimensões
da peça estudada, podendo ser desconsiderada nas análises. Quando a ZP apresenta tamanho
considerável, os conceitos da MFLE não se aplicam, uma vez que há deformações plásticas

25
consideráveis atuando, sendo necessária a aplicação de outras metodologias para descrever o
campo de tensões nas redondezas da trinca.

A Figura 3.14 mostra o comportamento da curva tensão-deformação de materiais


elastoplásticos e elástico não-linear. Na fase de carregamento, o comportamento é idêntico, mas
na fase de descarregamento estes apresentam respostas diferentes. O material elastoplástico
segue um caminho linear com a inclinação igual ao Módulo de Elasticidade, enquanto o
material elástico não linear segue o mesmo caminho da fase de carregamento.

Figura 3.14 - Comparação de comportamento de materiais elastoplásticos e elástico não-linear


Fonte: adaptado de Anderson (2005)
Rice (1968) aplicou deformação plástica para análise de trincas em um material não-linear. Ele
mostrou que a Integral J poderia ser escrita como uma integral independente do caminho - path
independent. Hutchison (1968) mostrou que J também pode caracterizar tensões e deformações
na ponta da trinca em materiais não-lineares. Com isso, a Integral J pode tanto ser visto como
parâmetro de energia quanto parâmetro de intensidade de tensão. Rice (1968) ainda mostrou
que o valor da Integral J é equivalente à taxa de dissipação de energia em um material elástico
não linear. Considerando um caminho anti-horário (Γ) em volta da ponta da trinca, conforme
Figura 3.15. A Integral J é dada por:
𝑑𝑑𝑢𝑢𝑖𝑖
𝐽𝐽 = � �𝑤𝑤𝑤𝑤𝑤𝑤 − 𝑇𝑇𝑖𝑖 𝑑𝑑𝑑𝑑� (42)
Γ 𝑑𝑑𝑑𝑑
onde, 𝑤𝑤 = densidade de energia de deformação, 𝑇𝑇𝑖𝑖 = componentes do vetor tração, 𝑢𝑢𝑖𝑖 =
componentes do vetor deslocamento, 𝑑𝑑𝑑𝑑 = incremento de comprimento ao longo do caminho Γ.

Figura 3.15 - Caminho arbitrário em volta da ponta da trinca


Fonte: Anderson (2005)

26
Direção de propagação de trinca

Um dos métodos mais utilizados para definir a direção de propagação de trinca é o critério da
Máxima Tensão Circunferencial (ERDOGAN e SIH, 1963). Este critério considera que a
direção de propagação da trinca é perpendicular ao plano da máxima tensão normal. Sabe-se
que as tensões normais máxima e mínima ocorrem em planos onde a tensão cisalhante é nula.
Pelo Princípio da Superposição Linear das equações dos Fatores de Intensidade de Tensão dos
modos I e II apresentadas na Tabela 3.1, no plano cartesiano, tem-se:

𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃


𝜎𝜎𝑥𝑥𝑥𝑥 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = cos �1 − sin sin � − sin �2 + sin sin � (43)
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 (44)
𝜎𝜎𝑦𝑦𝑦𝑦 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = cos �1 + sin sin � + sin �cos cos �
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2
𝐾𝐾𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3𝜃𝜃 (45)
𝜏𝜏𝑥𝑥𝑥𝑥 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 = sin �cos cos � + cos �1 − sin sin �
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 √2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2

Reescrevendo as expressões para coordenadas polares, tem-se:

1 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3 𝜃𝜃
𝜎𝜎𝑟𝑟 = cos �𝐾𝐾𝐼𝐼 �1 + sin2 � + 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃 − 2𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 tan � (46)
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2 2
1 𝜃𝜃 𝜃𝜃 3 (47)
𝜎𝜎𝜃𝜃 = cos �𝐾𝐾𝐼𝐼 cos 2 − 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃�
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2 2 2
1 𝜃𝜃 (48)
𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 = cos �𝐾𝐾𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃 − 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 (3 cos 𝜃𝜃 − 1)�
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2

O critério da Máxima Tensão Circunferencial (MTC) estabelece que a trinca se propagará no


plano perpendicular no qual 𝜎𝜎𝜃𝜃 é máximo. Para isso, a condição que a tensão 𝜏𝜏𝑟𝑟𝑟𝑟 = 0 deve ser
aplicada:
1 𝜃𝜃
cos �𝐾𝐾𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃 − 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 (3 cos 𝜃𝜃 − 1)� = 0 (49)
√2𝜋𝜋𝜋𝜋 2
Assim, há duas soluções:
𝜃𝜃
cos = 0 → 𝜃𝜃 = ±𝜋𝜋 (50)
2
�𝐾𝐾𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃 − 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 (3 cos 𝜃𝜃 − 1)� = 0 (51)
Separando os modos I e II da Equação (51), temos para o modo I (𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 = 0):

27
𝐾𝐾𝐼𝐼 sin 𝜃𝜃 = 0 → sin 𝜃𝜃 = 0 → 𝜃𝜃 = 0 (52)
Para o modo II (𝐾𝐾𝐼𝐼 = 0):
𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 (3 cos 𝜃𝜃 − 1) = 0 → (3 cos 𝜃𝜃 − 1) = 0 → 𝜃𝜃 = ±70,5° (53)

Para o caso de modo misto I e II, da Equação (51), obtém-se:

1 𝐾𝐾𝐼𝐼 1 𝐾𝐾𝐼𝐼 2
𝜃𝜃𝑡𝑡 = 2 arctan � ± �� � + 8� (54)
4 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 4 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼

Com isso, é possível encontrar dois valores para a direção de propagação, geralmente descarta-
se a solução de maior valor pois foge do sentido físico na análise de propagação. Os sinais das
Equações (53) e (54) são dependentes do valor de 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 . Se 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 é positivo, então o valor de 𝜃𝜃𝑡𝑡 é
negativo. Se 𝐾𝐾𝐼𝐼𝐼𝐼 é negativo, então o valor de 𝜃𝜃𝑡𝑡 é positivo.

FADIGA

A fadiga é caracterizada por um processo de carregamento cíclico que causa progressivos danos
cumulativos estruturais internos. Após certo número de ciclos as fissuras podem alcançar
comprimentos críticos que podem tornar a estrutura instável e em alguns casos levar ao colapso.
Segundo Bazant (1998) o crescimento irreversível da trinca é atribuído ao comportamento
inelástico do material na zona de singularidade gerando um dano acumulado que implica no
endurecimento do material na vizinhança desta zona. Assim, o efeito de carregamento cíclico
tem a característica de produzir a falha de um elemento com uma tensão inferior à necessária
para o mesmo elemento sob carregamento estático.

Tipos de comportamento a fadiga

Cargas de fadiga são divididos em duas categorias: baixo ciclo de carregamento e alto ciclo de
carregamento. A principal diferença entre eles é a extensão da deformação plástica do material,
Liu (2008).

• Ciclo baixo de carregamento

A carga é aplicada com poucas repetições, mas com altas tensões que excedem o limite elástico
do material, gerando grandes deformações plásticas em que a relação tensão-deformação não é

28
mais proporcional. Por exemplo, a flexão de um clipe de papel até a ruptura. Nas estruturas,
este tipo de carregamento é gerado por carregamentos sísmicos ou altas cargas de vento os quais
são considerados no Estado Limite Último ou Especiais.

• Ciclo alto de carregamento

A carga é aplicada em um grande número de ciclos, mas as tensões são menores que as
correspondentes ao limite elástico do material, mantendo a relação das tensões e deformações
linear. Embora a estrutura como um todo ainda esteja no regime elástico, deformações plásticas
infinitesimais (associadas com micro trincas internas) acumularão gradualmente com o
crescimento do número de ciclos. Estas mudanças são responsáveis por causar degeneração das
propriedades mecânicas do material, o que leva a falha mesmo quando as cargas aplicadas são
menores que a resistência estática, Liu (2008).

A Tabela 3.3 ilustra alguns exemplos de estruturas classificando de acordo com os ciclos usuais
de carregamentos.
Tabela 3.3 - Tipos de carregamento à fadiga (ciclos)
Carregamento
Carregamento de alto ciclo Carregamento de super-alto ciclo
baixo ciclo
Regime inelástico Regime elástico
Estado Limite
Estado Limite de Serviço (ELS)
Último (ELU)
100 101 102 103 104 105 106 107 108 109
Pavimentos Estruturas de
Estruturas sujeitas de Rodovias e trânsito Estruturas
a terremoto aeroporto e trilhos rápido em marítimas
pontes massa
Fonte: adaptado de Liu et al. (2008)
Estágios de fadiga

• Estágio I: Inicia a fissuração a nível “micro” devido as imperfeições do material sem


variações consideráveis nas tensões. Na Figura 3.16, o valor de ΔKth marca o ponto no
qual abaixo desse valor não há propagação de trinca.
• Estágio II: Formação de uma fissura “macro” que apresenta propagação estável da
trinca, definido pela Lei de Paris.
• Estágio III: Os valores dos FIT’s são próximos ao fator crítico Kc, resultando numa
propagação instável da trinca até ocasionar a fratura.

29
Figura 3.16 - Estágios de fadiga
Fonte: adaptado de Sanford (2002)

Lei de Paris-Erdogan

Esta lei relaciona a taxa de propagação da trinca (da/dN) com a variação do Fator de Intensidade
de Tensão (ΔK):
𝑑𝑑𝑑𝑑
= 𝐶𝐶. ∆𝐾𝐾 𝑚𝑚 (55)
𝑑𝑑𝑑𝑑
onde 𝐶𝐶 e 𝑚𝑚 são constantes do material, determinadas experimentalmente, 𝑎𝑎 é o tamanho da
trinca, 𝑁𝑁 é o número de ciclos de carregamento e ∆𝐾𝐾 a variação do Fator de Intensidade de
Tensão.

Esta lei é válida somente no Estágio 2 de Fadiga, ou seja, estágio com crescimento de trinca
estável. Para isso, usualmente adota-se uma trinca inicial de tamanho 𝑎𝑎0 geralmente na borda
ou superfície do elemento de forma a haver concentração de tensão nesta área.

Usando Equação (55), a condição para comprimento de trinca aceitável 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 é determinado por:
1 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑁𝑁 = � > 𝑁𝑁𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 (56)
𝐶𝐶 𝑎𝑎0 ∆𝐾𝐾 𝑚𝑚
onde 𝑁𝑁 é o número de ciclos necessários para aumentar a trinca do tamanho inicial 𝑎𝑎0 até o
comprimento de trinca aceitável 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 e 𝑁𝑁𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 é o número de ciclos durante toda vida útil.

30
Tolerância ao dano

A análise do crescimento de trincas pode ser feita de duas formas: por meio de um procedimento
analítico ou utilizando softwares. A Figura 3.17 ilustra uma sequência para análise de
crescimento de trincas de acordo com o número de ciclos.

Figura 3.17 - Procedimento para análise do crescimento de trinca


Fonte: Baptista (2016)

A Figura 3.18 mostra esquematicamente a evolução do dano e a correspondente diminuição da


resistência residual. Em aeronaves tolerantes ao dano, o intervalo entre inspeções é definido
baseado no comprimento de trinca aceitável. A partir do tamanho de trinca inicial possível de
ser detectado por métodos convencionais, é calculado o número de ciclos até atingir um
comprimento crítico. Este período de tempo (número de ciclos) aplicado um fator de segurança
é definido como o intervalo de inspeção a ser adotado representado matematicamente por:

𝑁𝑁𝑐𝑐 − 𝑁𝑁𝑑𝑑
(57)
𝐹𝐹𝐹𝐹

31
Figura 3.18 – Diagrama de tolerância ao dano de uma estrutura típica de aeronave
Fonte: Castro (2012)
Quando ocorre a iniciação de trincas em mais de uma zona (MSD) a tolerância é reduzida e os
intervalos de inspeções devem ser reformulados respeitando menor período de tempo conforme
mostrado na Figura 3.19.

Figura 3.19 - Diagrama de tolerância no caso de multiple site damage (MSD)


Fonte: Castro (2012)

32
MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

Se por um lado o Método dos Elementos Finitos (MEF) é provavelmente a principal técnica
utilizada em análises de engenharia, destacando-se devido a sua grande versatilidade, a sua
qualidade de resultados e a sua relativa facilidade de implementação (BATHE, 1976), o Método
dos Elementos de Contorno (MEC) é uma alternativa complementar ao MEF, sendo indicado
particularmente em casos especiais que requerem melhor interpretação e representação dos
dados em problemas com concentração de tensões ou onde o domínio é infinito ou semi-
infinito, por exemplo (BREBBIA, 1978).

O MEC consiste em transformar a equação diferencial parcial, que representa o problema e suas
incógnitas em uma equação integral que relaciona apenas os valores de contorno na busca de
sua solução numérica. O cálculo dos valores das tensões ou deslocamentos nos pontos internos
é feito de forma direta a partir dos dados encontrados primeiramente no contorno do corpo.
Uma vez que todas as aproximações numéricas se dão apenas no contorno, a dimensionalidade
do problema é reduzida em um, o que permite trabalhar com um sistema de equações bem
menor do que aqueles obtidos com métodos diferenciais como MEF (BREBBIA, 1978).

Para aplicação do MEC, discretiza-se o contorno do objeto em estudo em segmentos chamados


de elementos. Quando este elemento possui apenas um nó, é dito como elemento constante e
suas incógnitas também são constantes sobre o elemento. Já os elementos de contorno linear
têm dois nós localizados nas extremidades do elemento, sendo suas incógnitas variando
linearmente. Para a modelagem de geometrias curvas utilizam-se os elementos quadráticos, os
quais possuem três nós e tem suas incógnitas variando sobre uma função de segundo grau ou
quadrática. Estes elementos estão representados na Figura 3.20.

Figura 3.20 - Tipos de elementos de contorno


Fonte: Delgado Neto (2017)

Na Figura 3.21 podemos ver um exemplo de sólido discretizado por elementos de contorno.
33
Figura 3.21 - Discretização do sólido em elementos de contorno

Os deslocamentos e forças de superfícies são representados em uma série de valores nodais. Os


valores fora dos nós são obtidos através de funções de interpolação sobre cada elemento de
contorno. Os deslocamentos e forças de superfície são representados, respectivamente, por:
𝒖𝒖 = ∅𝑇𝑇 𝑢𝑢𝑛𝑛
(58)
𝒑𝒑 = ∅𝑇𝑇 𝑝𝑝𝑛𝑛
onde, 𝑛𝑛 é o número de nós do contorno e ∅ as equações de interpolação.

Ingraffea (1983) foi um dos primeiros a tentar aplicar a técnica dos elementos de contorno a
problemas de análise incremental de extensão de trinca. Entretanto, a solução geral não pode
ser alcançada com a aplicação direta pois a coincidência das superfícies da trinca geram um
sistema de equações singular. As equações para um ponto em um lado da trinca são idênticas
ao do outro ponto com mesma coordenada no outro lado visto que a mesma integral é aplicada
com o mesmo caminho em ambos os pontos. Dentre as técnicas aplicadas para contornar este
problema estão a divisão por subregiões (BLANDFORD, INGRAFFEA e LIGGETT, 1981)
que modela a estrutura em contornos artificiais que conecta as trincas ao contorno de tal maneira
que o domínio é dividido em subregiões sem trincas e o Método dos Elementos de Contorno
Dual, (PORTELA, ALIABADI e ROOKE, 1992).

MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO DUAL

Técnica proposta por Portela et al. (1992) para contornar o problema de trincas na utilização do
MEC. Esta é baseada em duas equações integrais distintas em cada face da trinca (equação de
deslocamento e equação de tração). Desta forma, a degeneração do sistema de equações gerado
pelo MEC não é mais presente e a necessidade de remalhamento na vizinhança da ponta da
trinca não é necessária, gerando apenas novas linhas e colunas à matriz já existente.

34
Integral de contorno de deslocamento

Na ausência de forças de corpo e assumindo continuidade de deslocamentos em um ponto do


contorno 𝑥𝑥′, as componentes de deslocamento da integral de contorno 𝒖𝒖𝑖𝑖 são dadas por:

𝒄𝒄𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ )𝒖𝒖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ ) + 𝐶𝐶𝑃𝑃𝑃𝑃 � 𝑻𝑻𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒖𝒖𝑗𝑗 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) = � 𝑼𝑼𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒕𝒕𝑗𝑗 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) (59)
𝛤𝛤 𝛤𝛤

sendo 𝑖𝑖 e 𝑗𝑗 componentes cartesianas; 𝑻𝑻𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥) e 𝑼𝑼𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥) as soluções fundamentais de Kelvin

para força de superfície e deslocamento, respectivamente, 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ∫𝛤𝛤 o valor principal da


integral de Cauchy e 𝒄𝒄𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ ) coeficientes geométricos dado por 𝜹𝜹𝑖𝑖𝑖𝑖 /2 para contorno suave no
ponto 𝑥𝑥′, sendo 𝜹𝜹𝑖𝑖𝑖𝑖 o Delta de Kronecker.

As integrais na Equação (65) tornam-se regulares para 𝑟𝑟 entre o ponto fonte 𝑥𝑥′ e o ponto campo
𝑥𝑥 não nulo. Quando 𝑟𝑟 tende a zero, as soluções fundamentais apresentam forte singularidade
1
proporcional a 1/𝑟𝑟 para 𝑻𝑻𝑖𝑖𝑖𝑖 e singularidade fraca proporcional a ln �𝑟𝑟 � para 𝑼𝑼𝑖𝑖𝑖𝑖 .

Integral de contorno de força de superfície

Na ausência de forças de corpo e assumindo continuidade de deslocamentos e forças de


superfícies em um ponto de contorno suave 𝑥𝑥′, as componentes de tensão 𝜎𝜎𝑖𝑖𝑖𝑖 são dadas por

1
𝝈𝝈 (𝑥𝑥 ′ ) + 𝐻𝐻𝑃𝑃𝑃𝑃 � 𝑺𝑺𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊𝒊 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒖𝒖𝑘𝑘 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) = 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 � 𝑫𝑫𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒕𝒕𝑘𝑘 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) (60)
2 𝑖𝑖𝑖𝑖
𝛤𝛤 𝛤𝛤

sendo 𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 ∫𝛤𝛤 representa o valor principal de Hadamard. Os tensores 𝑺𝑺𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥) e
𝑫𝑫𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥) contêm derivadas de 𝑻𝑻𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥) e 𝑼𝑼𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥), respectivamente. De maneira similar à
Equação (59), quando 𝑟𝑟 tende a zero, 𝑺𝑺𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 apresenta uma hipersingularidade de ordem 1/𝑟𝑟²
enquanto 𝑫𝑫𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 tem uma singularidade forte de 1/𝑟𝑟. Assim, a componente de força de superfície
𝑡𝑡𝑗𝑗 em contornos suaves é representada por

1
t (𝑥𝑥 ′ ) + 𝑛𝑛𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ )𝐻𝐻𝑃𝑃𝑃𝑃 � 𝑺𝑺𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒖𝒖𝑘𝑘 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) = 𝑛𝑛𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ )𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 � 𝑫𝑫𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (𝑥𝑥 ′ , 𝑥𝑥)𝒕𝒕𝑘𝑘 (𝑥𝑥) 𝑑𝑑𝑑𝑑(𝑥𝑥) (61)
2 𝑗𝑗
𝛤𝛤 𝛤𝛤

Onde 𝑛𝑛𝑖𝑖 representa o 𝑖𝑖ésimo componente da unidade externa normal ao limite no ponto 𝑥𝑥 ′ .

35
Sistema de equações algébricas

Equações (59) e (65) são a base do Método dos Elementos de Contorno Dual e são
transformadas em um sistema de equações algébricas lineares. As condições de contorno
desconhecidas de forças de superfície e deslocamentos podem ser obtidas a partir da solução
deste sistema de equações. Como o ponto fonte passa através de todos os nós do contorno,
obtém-se o seguinte sistema:
𝑯𝑯𝑯𝑯 = 𝑮𝑮𝑮𝑮 (62)
onde 𝐻𝐻 e 𝐺𝐺 são matrizes que contém as integrais das soluções fundamentais 𝑇𝑇𝑖𝑖𝑖𝑖 e 𝑈𝑈𝑖𝑖𝑖𝑖 ,
respectivamente, no caso da Equação (59), ou integrais de 𝑆𝑆𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 e 𝐷𝐷𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 , respectivamente, no caso
da Equação (61). Os vetores 𝑡𝑡 e 𝑢𝑢 contêm componentes das forças de superfícies e deslocamento
nos nós de contorno, respectivamente. O sistema da Equação (62) pode ser representado por:
𝑨𝑨𝑨𝑨 = 𝑩𝑩𝑩𝑩 = 𝒇𝒇 (63)
sendo 𝑥𝑥 o vetor contendo os valores desconhecidos de 𝑡𝑡𝑖𝑖 e 𝑢𝑢𝑖𝑖 , e 𝑦𝑦 o vetor contendo as condições
de contorno 𝑡𝑡𝑖𝑖̅ e 𝑢𝑢�𝑖𝑖 . As matrizes 𝐴𝐴 e 𝐵𝐵 resultam do rearranjo de 𝐻𝐻 e 𝐺𝐺. Com isso, uma solução
única pode ser obtida a partir deste sistema de equações.

A aplicação deste método tem a grande vantagem de não necessitar de remalhamento quando
ocorre incremento de trinca pois os incrementos são modelados com novos elementos gerando
somente linhas e colunas à matriz existente. Sabendo que em volta da trinca há a traction-free
zone, o lado direito do sistema de equações é somente estendido com os elementos
correspondentes às variáveis introduzidas, como mostrado na Figura 3.22. Adotando o método
da decomposição LU, a cada novo incremento de trinca somente as novas linhas e colunas
necessitam ser decompostas, as já existentes previamente decompostas em iterações anteriores
permanecem, mostrando-se dessa forma como um poderoso método para análise computacional
de fratura.

Figura 3.22 - Representação de novos elementos no sistema de equações a cada incremento

36
BEMLAB2D

O software BEMLAB2D é uma interface gráfica para manipulação de modelos bidimensionais


de elementos de contorno, permitindo que informações geométricas, condições de contorno e
atributos físicos possam ser gerenciados de forma eficiente e amigável evitando, assim, a
tediosa tarefa do uso de arquivos de dados (DELGADO NETO, 2017). Este programa é
totalmente implementado no ambiente de software Matrix Laboratory (MATLAB) e utilizou
do módulo GUIA (Ambiente Gráfico de Desenvolvimento de Interface de Usuário) que foi
usado para criar uma Interface Gráfica de Usuário (GUI) amigável. A interface do software é
mostrada na Figura 3.23.

Figura 3.23 - Interface do BEMLAB2D

Como resultado o BemLab2D permite a geração de malha para Elementos de Contorno. As


informações da malha e dos atributos são então passadas a um processador através de um
arquivo de dados gerados na fase de pré-processamento.

37
O BemLab2D trabalha tanto como pré-processador quando na definição do modelo geométrico
do problema, pela associação de atributos físicos à geometria e pela geração da malha de
elementos de contorno, quanto como pós-processador quando utilizado para interpretar os
dados fornecidos através de um arquivo de saída gerado pelo processador na análise numérica.
A Figura 3.24 mostra a arquitetura de um sistema de análises de engenharia.

Figura 3.24 - Arquitetura de um sistema de análises de engenharia


Fonte: Gomes (2006)

Esta interface gráfica para pré- e pós-processamentos é capaz de representar modelos


bidimensionais de elementos de contorno com as seguintes características (DELGADO NETO,
2017):
• Desenho do modelo 2D;
• Geração da malha (MEC/MEF) e MESHLESS;
• Atributos físicos e condições de contorno para MEC;
• Geração automática de arquivos de dados para analise com MEC, de informações de
malha (coordenadas e topologia) para MEF e de coordenadas para métodos sem malha;
• Visualização de resultados diversos extraídos da analise com MEC;
• Interface com o programa BemCracker2D para análise via MEC.

BEMCRACKER2D

O BemCracker2D é o programa processador para análise elastostática de problemas 2D. Ele é


escrito em linguagem C++ e todo estruturado nos conceitos da Programação Orientada à Objeto
(POO) com objetivo de realizar análises por meio do Método dos Elementos de Contorno.
O BemCracker2D é solicitado através do BemLab2D em que o usuário informa qual tipo de
processamento será realizado no solver que se compõe de três módulos de processamento:
1. MEC padrão (módulo I);
2. MECD Sem Propagação (módulo II);

38
3. MECD Com Propagação (módulo III)
• Análise de Tensão com MEC
• Avaliação de FITs (Integral J)
• Avaliação da Direção/Correção do Crescimento da Trinca (Critério de Tensão
Máxima)
• Avaliação de Vida à Fadiga (Lei de Paris)
• Coalescência ou linkup de múltiplas trincas
Este software foi desenvolvido por Gomes (2006) a partir da modelagem do MEC padrão
(equação de deslocamento e uso de elementos quadráticos contínuos) e Gomes (2016) na
estratégia da análise incremental desenvolvida por Portela (1993) e Aliabadi (2002) para
problemas envolvendo trincas. Baseado no diagrama de classes ilustrado na Figura 3.25, onde
BemCrk_BEMSYS é a classe motora do programa e principal elo de ligação com a interface
BEMLAB2D.

Figura 3.25 - Diagrama de classes do BemCracker2D


Fonte: Gomes (2016)

Outras classes implementadas no BemCracker2D são interligadas a classe descrita


anteriormente. Dentre elas tem-se a classe BemCrk_GENRL, responsável pela montagem do
sistema de equações 𝑨𝑨𝑨𝑨 = 𝑩𝑩𝑩𝑩 = 𝒇𝒇; a classe BemCrk_ELEMENT desenvolve a montagem do
elemento quadrático contínuo e descontínuo (C/D) do modelo gerado no BEMLAB2D;
BemCrk_MESH é a classe que monta a malha do elemento (C/D) a partir dos elementos
39
montados na classe anterior; a classe BemCrk_QUADJAC responsável por gerar os pontos de
Gauss, o Jacobiano e as funções de forma (C/D) e ainda a BemCrk_SYS que é responsável pela
alocação das matrizes e vetores e por resolver o sistema por LU.

As Classes relacionadas com modelos de propagação de trinca são as classes BemCrk_CRACKS


e BemCrk_JINTGR, em que a primeira é responsável pela montagem do incremento de
crescimento de trinca e a segunda é responsável por gerar os fatores de intensidade de tensão
baseados na integral J. Para melhor esclarecer o entendimento da estratégia da análise
incremental do crescimento da trinca tem-se a implementação do diagrama de sequências que
pode ser visualizado na Figura 3.26.

Figura 3.26 - Diagrama de sequência do crescimento da trinca


Fonte: Gomes (2016)

Para análise de problemas de Mecânica da Fratura, o BemCracker2D calcula tensões elásticas


pelo MEC convencional e realiza análises incrementais da extensão da trinca por meio do
MECD. Os fatores de intensidade de tensão (FIT) são computados para cada incremento através
da integral-J, a direção de propagação pelo critério da máxima tensão circunferencial e a taxa

40
de crescimento da trinca por uma equação modificada de Paris, que utiliza um FIT equivalente
considerando os modos I e II de fratura.

A utilização dos programas BEMLAB2D e BemCracker2D pode ser verificada em diversos


trabalhos desde 2016, a saber Leite (2016), Rodrigues (2018), Oliveira (2018) e Gomes (2018).

ESTATÍSTICA

As estruturas responderão ao carregamento de acordo com o tipo e a magnitude da carga


aplicada e sua resistência e rigidez. Para estabelecer se a resposta é considerada satisfatória
depende dos requisitos que devem ser satisfeitos. Isso inclui segurança da estrutura contra o
colapso, limitações do dano ou de deflexão, ou outros critérios. Cada requisito é considerado
um estado limite. A violação de um estado limite é considerada como uma condição indesejada
da estrutura. Alguns exemplos de Estado Limite são apresentados na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Exemplos de Estados Limites


Estado Limite Descrição Exemplos
Último Colapso de todo ou parte da Ruptura, colapso progressivo, rótula plástica,
estrutura instabilidade, corrosão, fadiga, incêndio
Dano Trincas excessivas ou prematuras, deformação
plástica permanente
Serviço Perda do uso normal Deflexões excessivas, vibrações, dano local, etc
Fonte: Melchers (1999)

O estudo da confiabilidade estrutural considera o cálculo e predição da probabilidade da


violação de um estado limite para um sistema estrutural em algum estágio durante a vida útil.
Em particular, a segurança estrutural está relacionada com a violação do Estado Limite Último.

Considerando os carregamentos 𝑆𝑆 resistido por uma resistência 𝑅𝑅, considera-se falha do


elemento estrutural quando 𝑆𝑆 > 𝑅𝑅. A probabilidade de falha 𝑝𝑝𝑓𝑓 é então calculada como:
𝑝𝑝𝑓𝑓 = 𝑃𝑃(𝑅𝑅 ≤ 𝑆𝑆) = 𝑃𝑃(𝑅𝑅 − 𝑆𝑆 ≤ 0) = 𝑃𝑃[𝐺𝐺(𝑅𝑅, 𝑆𝑆) ≤ 0] (64)
onde 𝐺𝐺( ) é definida como uma função estado limite tal que a probabilidade de falha é igual à
probabilidade da violação do estado limite.

41
Como exemplo, considerando as funções densidade 𝑓𝑓𝑅𝑅 e 𝑓𝑓𝑆𝑆 para 𝑅𝑅 e 𝑆𝑆, respectivamente
mostradas na Figura 3.27, tem-se o domínio de falha definido no domínio 𝐺𝐺 < 0 e o domínio
seguro definido em 𝐺𝐺 > 0.

Figura 3.27 – Domínio de falha, junção de função densidade de duas variáveis aleatórias 𝒇𝒇𝑹𝑹𝑹𝑹 , funções
densidades resistente e solicitante 𝒇𝒇𝑹𝑹 e 𝒇𝒇𝑺𝑺 , respectivamente
Fonte: Melchers (1999)

Simulação Monte Carlo

A simulação Monte Carlo envolve amostragem e aleatoriedade para simular um grande número
de experimentos e observar um resultado. No caso da análise de confiabilidade estrutural, tal
experimento é repetido inúmeras vezes, com um vetor 𝒙𝒙
� escolhido aleatoriamente de 𝑥𝑥�𝑖𝑖 valores.
Nestas tentativas, ocorrerá falha do elemento estrutural se houver violação do estado limite (isto
é 𝐺𝐺(𝑥𝑥�) ≤ 0). Assim, se 𝑁𝑁 experimentos são conduzidos a probabilidade de falha é dada
aproximadamente por:
𝑛𝑛(𝐺𝐺(𝑥𝑥�𝑖𝑖 ) ≤ 0)
𝑝𝑝𝑓𝑓 ≈ (65)
𝑁𝑁
Onde 𝑛𝑛(𝐺𝐺(𝑥𝑥�𝑖𝑖 ) ≤ 0) significa o número de tentativas 𝑛𝑛 que 𝐺𝐺(𝑥𝑥�𝑖𝑖 ) ≤ 0.

Desse modo, a simulação de Monte Carlo representa um jogo de chance de propriedades


probabilísticas conhecidas de maneira a deduzir um resultado requerido. Podendo assim ser
utilizada como meio para avaliação da segurança estrutural, mais especificamente a
probabilidade de falha.

42
CAPÍTULO 4 - METODOLOGIA

Neste capítulo apresenta-se o método para tratar vida à fadiga de peças de fuselagem de
aeronave com diferentes distribuições de trincas e furos iniciais via Método dos Elementos de
Contorno Dual. Para isso, foram automatizados dados de painéis de forma a obter diversos
modelos para análise via MECD utilizando-se o BemCracker2D. A seguir é apresentado o
modelo adotado.

MODELO

Estruturas de aviões, especificamente a fuselagem, utilizam a liga de alumínio 2024 como


material base devido a sua alta capacidade de suportar danos, boa resistência mecânica e à
corrosão (LIN et al. 2013). O material considerado para a placa foi a liga de alumínio 2024-
T3, limite de escoamento e limite de resistência 338 MPa e 476 MPa, respectivamente, módulo
de Young e coeficiente de Poisson de 74 GPa e 0.33, respectivamente, e tenacidade à fratura
(Kc) 34 MPa√m (Dowling, 2012). Para análise de fadiga via Lei de Paris, os coeficientes C e m
estão representados na Tabela 4.1 com base em Broek e Schijve (1963), onde R é a razão entre
a carga máxima e mínima de fadiga.

Tabela 4.1 - Constantes de Paris (da/dN=CΔKm) para liga de alumínio 2024-T3


R C (𝑚𝑚/𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐, 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀√𝑚𝑚) m
0.66 2.00 x 10-10 3.00
0.57 2.00 x 10-10 2.80
0.5 7.00 x 10-11 3.20
0.38 1.00 x 10-10 2.90
0.29 2.00 x 10-10 2.60
0.17 2.00 x 10-10 2.60
0.06 2.00 x 10-10 2.50
Fonte: Broek e Schijve (1963)

A automação possibilitou criar variáveis aleatórias para os parâmetros C e m da Lei de Paris


tendo como base os valores de razão de carga R = 0.5 da Tabela 4.1 (C = 7.00e-11 e m = 3.20),
as solicitações externas P e Q, o raio do furo e o tamanho das trincas. As distribuições das
variáveis estão mostradas nos Apêndices A e B.

43
Análise macro

Submetendo o modelo macro a uma gama de carregamentos variando os seguintes dados: carga
normal 𝑃𝑃 e carga cisalhante 𝑄𝑄, obtêm-se diferentes campos de tensões na placa a partir da
análise da mecânica do contínuo tendo como referência as Equações (18). A plotagem do campo
de tensões foi restrita à região de 20 x 40 cm da peça para poder prever os locais de máximo
campo de tensões, Figura 4.1. Logo após é mostrado o fluxograma (Figura 4.2) da
implementação em Matlab do código computacional para o cálculo do campo de tensões.

Figura 4.1 - Análise multiescala (cm)

Figura 4.2 - Fluxograma para o cálculo do campo de tensões no elemento macro

Com o campo de tensões obtido no modelo macro, realiza-se as análises no modelo micro
mostradas no item a seguir.

44
Análise micro

O modelo micro representa defeitos iniciais na peça. Este foi modelado no BemLab2D,
seguindo os passos da Figura 4.3. O output da malha inicial do modelo micro é representado
por um quadrado de lado unitário com carga nas bordas direita e superior e apoiada nas bordas
esquerda e inferior, com um furo central e duas trincas inclinadas 45° conforme Figura 4.4.
Sendo as tensões 𝜎𝜎𝑥𝑥 , 𝜎𝜎𝑦𝑦 e 𝜏𝜏 provenientes da análise macro, aplicadas na razão de carga 𝑅𝑅 =
0.5.

Figura 4.3 - Geração do modelo micro

Figura 4.4 - Exemplo de modelo micro

45
Para representar a malha de MEC foram considerados 60 elementos e 120 nós geométricos.
Com elementos contínuos quadráticos dispostos nas bordas e no furo circular central da placa
e elementos descontínuos quadráticos representando as trincas com razão de 0.2, 0.3, 0.3, 0.2.
Os elementos foram distribuídos da seguinte forma: 10 em cada borda externa somando 40,
com distância 0.05 entre eles; 8 no furo circular central e 8 em cada trinca, somando 16, de
acordo com a Figura 4.5.

Figura 4.5 - Distribuição da malha de MEC

A análise micro foi realizada em 3 diferentes posições da análise macro. A posição 1 considera
o elemento micro no centro da placa com coordenadas (0,10); a posição 2 considera este
elemento na origem do eixo do sistema (0,0); e a posição 3, no limite da aplicação da solicitação
externa (8,0), tais posições estão ilustradas na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Posições para análise de defeitos iniciais – análise micro (cm)

46
Definindo realização como o conjunto de dados utilizados nos inputs (das mil analisadas), a
cada realização, altera-se os seguintes parâmetros de entrada: as constantes C e m da Lei de
Paris, o tamanho inicial das trincas (superior e inferior), o furo central e o campo de tensões
para cada posição (1, 2 e 3). Seguindo a sequência da Figura 4.7.

Figura 4.7 - Fluxograma de análise de cada realização

No BEMLAB2D consideram-se as seguintes taxas de crescimento de trinca: 1 – 25% do


tamanho inicial da trinca, 2 – 50%, 3 – 75%, 4 – incremento do tamanho inicial da trinca. Nesta
análise foi adotado incremento de 0.02 cm até o último incremento antes de atingir uma borda.
O número de ciclos é calculado com base na Equação (56), sendo 𝑎𝑎0 o tamanho inicial e 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 o
tamanho após a propagação. Ao executar cada realização, o BemCracker2D traz como resultado
o número de ciclos e deslocamento da malha de contorno. Com estes resultados, calcula-se a
Compliance a partir da média dos deslocamentos de cada borda e a respectiva tensão na borda
considerada (direita ou superior) seguindo os passos da Figura 4.8, obtendo-se então os pontos
para a formação do gráfico número de ciclos x compliance (Figura 4.9).

47
Figura 4.8 - Fluxograma para obtenção dos pontos da relação número de ciclos x compliance a cada
incremento

(a) borda superior (b) borda direita


Figura 4.9 - Pontos da relação número de ciclos x compliance a cada incremento

Cada ponto (da esquerda para direita) representa um incremento de trinca. A compliance inicial
está no eixo das abcissas. Com a propagação das trincas a placa vai perdendo rigidez
aumentando exponencialmente a relação compliance x ciclos. A partir destes pontos, cria-se
um curvefit correspondente ao spline no Matlab resultando nas curvas (Figura 4.10). Com as
curvas, obtém-se o número de ciclos que corresponde a 2 x Compliance inicial e 3 x Compliance
inicial.

48
(a) borda superior (b) borda direita

Figura 4.10 - Curvas número de ciclos x compliance

Estes resultados se referem à Ponta 1 da Trinca 1 (Crack 1 Tip 1) de acordo com a Figura 4.11.
Nas realizações analisadas foram avaliados os resultados dos números de ciclos para as 4 pontas
de trincas, em que C1 T1 significa Trinca 1 Ponta 1; C2 T2, Trinca 2 Ponta 2, e assim
sucessivamente, sendo considerado o menor número de ciclos para atingir os resultados
referentes à 2 x Compliance inicial e 3 x Compliance inicial.

Figura 4.11 - Pontas de trinca

49
ESTUDO DE CASO 1

O Estudo de Caso 1 refere-se à primeira simulação das mil realizações. As Figuras 4.12, 4.13 e
4.14, mostram o campo de tensões da região delimitada para análise do modelo macro (Figura
4.1) gerado nesta realização; composta dos seguintes dados representados na Tabela 4.2:
Tabela 4.2 – Valores das variáveis do Estudo de Caso 1
P (MPa) 360.47
Q (MPa) 92.78
C 7.20e-11
m 3.52
r (cm) 0.093
L1 (cm) 0.086
L2 (cm) 0.093
sendo P e Q as solicitações normal e cisalhante, respectivamente, C e m as constantes de Paris,
r o raio do furo central, L1 e L2 o tamanho das trincas superior e inferior, respectivamente.

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

50
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.12 - Tensão sigma x (MPa)

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

51
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.13 - Tensão sigma y (MPa)

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

52
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.14 - Tensão cisalhante (MPa)

A seguir são mostradas as análises dos elementos micro em cada posição (1, 2 e 3) referente à
esta realização do modelo macro.

Considerações para a posição 1

A Tabela 4.3 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 1 (Tabela
4.2) considerando o elemento micro na posição 1 da Figura 4.1.

Tabela 4.3 - Campo de tensões (MPa) na posição 1


𝝈𝝈𝒙𝒙 42,90
𝝈𝝈𝒚𝒚 266,78
𝝉𝝉 11,04

A Figura 4.15 ilustra os incrementos de trinca. Para esta análise resultou em 10 propagações.
Em seguida, a Figura 4.16 representa a malha deformada após todos os incrementos. A cada
incremento têm-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga (N) x compliance
média das bordas, Figura 4.17.

53
Figura 4.15 - Propagação da trinca para o elemento na posição 1

Figura 4.16 - Malha deformada para o elemento na posição 1

A Figura 4.16 apresenta dois detalhes:


1) Como a tensão normal 𝜎𝜎𝑦𝑦 tem magnitude bem superior à 𝜎𝜎𝑥𝑥 (ver Tabela 4.3), as
deformações em y foram bem superiores à em x, ocorrendo ainda deformação contrária
à direção da tensão aplicada (𝜎𝜎𝑥𝑥 tração e deformação no sentido negativo do eixo x).
Isto implica na desconsideração desta compliance visto que a consideração seria uma
incoerência (𝜎𝜎𝑥𝑥 tração e deformação negativa resultaria em compliance negativa).
Portanto, a Figura 4.17 considera somente a análise para a borda superior.

54
2) A análise foi capaz de detectar a perda de rigidez local da placa perto das zonas de
trinca. Na borda superior, a malha perto da trinca superior teve um deslocamento bem
maior que nos outros pontos; o mesmo ocorrendo na borda lateral próximo à trinca
inferior.
Como resultado, o menor número de ciclos para atingir 2 x Cy e 3 x Cy tem-se N(2C) =
1.3635e+04 e N(3C) = 1.3811e+04.

Figura 4.17 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 1

Considerações para a posição 2

A Tabela 4.4 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 1 (Tabela
4.2) considerando o elemento micro na posição 2 da Figura 4.1.

55
Tabela 4.4 - Campo de tensões (MPa) na posição 2
𝝈𝝈𝒙𝒙 349,00
𝝈𝝈𝒚𝒚 360,47
𝝉𝝉 89,83

A Figura 4.18 ilustra os incrementos de trinca. Esta análise também resultou em 10


propagações. Em seguida, a Figura 4.19 representa a malha deformada após todos os
incrementos. A cada incremento tem-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga
(N) x compliance média das bordas, Figura 4.20.

Figura 4.18 – Propagação de trincas para o elemento na posição 2

Figura 4.19 - Malha deformada para o elemento na posição 2

56
Como resultado, pode-se perceber que como as tensões possuem magnitude semelhantes (𝜎𝜎𝑥𝑥 =
349,00 MPa e 𝜎𝜎𝑦𝑦 = 360,47 MPa) as deformações no elemento apresentam uma certa simetria.
Com isso, as duas bordas apresentam compliance, devendo-se avaliar o menor número de ciclos
para cada ponta de trinca que resulta no primeiro valor de 2 x C e 3 x C. O resultado aponta
N(2C) = 1.8601e+03 e N(3C) = 1.8636e+03.

Figura 4.20 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 2

57
Considerações para a posição 3

A Tabela 4.5 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 1 (Tabela
4.2) considerando o elemento micro na posição 3 da Figura 4.1.
Tabela 4.5 - Campo de tensões (MPa) na posição 3
𝝈𝝈𝒙𝒙 406,67
𝝈𝝈𝒚𝒚 209,76
𝝉𝝉 160,38
A Figura 4.21 ilustra os incrementos de trinca. Esta análise também resultou em 10
propagações. Em seguida, a Figura 4.22 representa a malha deformada após todos os
incrementos. A cada incremento tem-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga
(N) x compliance média das bordas, Figura 4.23.

Figura 4.21 - Propagação de trincas para a posição 3

Figura 4.22 - Malha deformada para o elemento na posição 3

58
Como resultado, percebe-se que como 𝜎𝜎𝑥𝑥 possui magnitude bem maior que
𝜎𝜎𝑦𝑦 , o elemento possui deformação mais proeminente na borda direita. Nesta análise, as duas
bordas também apresentam compliance, devendo-se avaliar o menor número de ciclos para cada
ponta de trinca que resulta no primeiro valor de 2 x C e 3 x C. O resultado aponta N(2C) =
1.2467e+03 e N(3C) = 1.2521e+03.

Figura 4.23 - Número de ciclos x Compliance para o elemento na posição 3

59
ESTUDO DE CASO 2

O Estudo de Caso 2 refere-se à terceira simulação das mil realizações. As Figuras 4.24, 4.25 e
4.26, mostram o campo de tensões da região delimitada para análise do modelo macro (Figura
4.1) gerado nesta realização; composta dos seguintes dados na Tabela 4.6:
Tabela 4.6 – Valores das variáveis do Estudo de Caso 2
P (MPa) 246.16
Q (MPa) 113,54
C 7.91e-11
m 2.70
r (cm) 0.12
L1 (cm) 0.10
L2 (cm) 0.11
Sendo P e Q as solicitações normal e cisalhante, respectivamente, C e m as constantes de Paris,
r o raio do furo central, L1 e L2 o tamanho das trincas superior e inferior, respectivamente.

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

60
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.24 - Tensão sigma x

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

61
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.25 - Tensão sigma y

(i) Vista superior

(ii) Vista frontal

62
(iii) Vista panorâmica
Figura 4.26 - Tensão cisalhante

A seguir são mostradas as análises dos elementos micro em cada posição (1, 2 e 3) referente à
esta realização do modelo macro.

Considerações para a posição 1

A Tabela 4.7 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 2 (Tabela
4.6) considerando o elemento micro na posição 1 da Figura 4.1.

Tabela 4.7 - Campo de tensões (MPa) na posição 1


𝝈𝝈𝒙𝒙 29,30
𝝈𝝈𝒚𝒚 182,18
𝝉𝝉 13,51

A Figura 4.27 ilustra os incrementos de trinca. Para esta análise resultou em 8 propagações. Em
seguida, a Figura 4.28 representa a malha deformada após todos os incrementos. A cada
incremento tem-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga (N) x compliance
média das bordas, Figura 4.29.

63
Figura 4.27 - Propagação da trinca para o elemento na posição 1

Figura 4.28 - Malha deformada para o elemento na posição 1

A Figura 4.28 mostra que novamente, com a tensão normal 𝜎𝜎𝑦𝑦 bem superior à 𝜎𝜎𝑥𝑥 (ver Tabela
4.7), as deformações em y foram bem superiores às em x, ocorrendo novamente deformação
contrária à direção da tensão aplicada (𝜎𝜎𝑥𝑥 tração e deformação no sentido negativo do eixo x).
Isto implica na desconsideração desta compliance visto que a consideração seria uma
incoerência (𝜎𝜎𝑥𝑥 tração e deformação negativa resultaria em compliance negativa). Portanto, a
Figura 4.29 considera somente a análise para a borda superior. Como resultado, o menor

64
número de ciclos para atingir 2 x Cy e 3 x Cy tem-se N(2C) = 1.0976e+05 e N(3C) =
1.1537e+05.

Figura 4.29 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 1

Considerações para a posição 2

A Tabela 4.8 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 2 (Tabela
4.6) considerando o elemento micro na posição 2 da Figura 4.1.
Tabela 4.8 - Campo de tensões (MPa) na posição 2
𝝈𝝈𝒙𝒙 238,33
𝝈𝝈𝒚𝒚 246,16
𝝉𝝉 109,93

65
A Figura 4.30 ilustra os incrementos de trinca. Esta análise também resultou em 8 propagações.
Em seguida, a Figura 4.31 representa a malha deformada após todos os incrementos. A cada
incremento tem-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga (N) x compliance
média das bordas, Figura 4.32.

Figura 4.30 – Propagação de trincas para o elemento na posição 2

Figura 4.31 - Malha deformada para o elemento na posição 2

Como resultado, pode-se perceber que como as tensões possuem magnitude semelhantes (𝜎𝜎𝑥𝑥 =
238,33 MPa e 𝜎𝜎𝑦𝑦 = 246,16 MPa) as deformações no elemento apresentam uma certa simetria.
Com isso, as duas bordas apresentam compliance, devendo-se avaliar o menor número de ciclos

66
para cada ponta de trinca que resulta no primeiro valor de 2 x C e 3 x C. O resultado aponta
N(2C) = 1. e+03 e N(3C) = 1.8636e+03.

Figura 4.32 - Número de ciclos x compliance das bordas para o elemento na posição 2

67
Considerações para a posição 3

A Tabela 4.9 mostra o campo de tesões resultante das variáveis do Estudo de Caso 2 (Tabela
4.6) considerando o elemento micro na posição 3 da Figura 4.1.
Tabela 4.9 - Campo de tensões (MPa) na posição 3
𝝈𝝈𝒙𝒙 401,74
𝝈𝝈𝒚𝒚 159,22
𝝉𝝉 134,21
A Figura 4.33 ilustra os incrementos de trinca. Esta análise também resultou em 8 propagações.
Em seguida, a Figura 4.34 representa a malha deformada após todos os incrementos. A cada
incremento tem-se os pontos para a construção da curva de vida à fadiga (N) x compliance
média das bordas, Figura 4.35.

Figura 4.33 - Propagação de trincas para a posição 3

Figura 4.34 - Malha deformada para o elemento na posição 3

68
Como resultado, percebe-se que como 𝜎𝜎𝑥𝑥 possui magnitude bem maior que
𝜎𝜎𝑦𝑦 , o elemento possui deformação maior na borda direita. Nesta análise, as duas bordas também
apresentam compliance, devendo-se avaliar o menor número de ciclos para cada ponta de trinca
que resulta no primeiro valor de 2 x C e 3 x C. O resultado aponta N(2C) = 8.0498e+03 e
N(3C) = 8.2396e+03.

Figura 4.35 - Número de ciclos x Compliance para o elemento na posição 3

69
Das Figuras 4.29, 4.32 e 4.35, nota-se que quando a compliance atinge o valor de três vezes a
compliance inicial, o elemento já se torna instável e tende a deformar infinitamente. A seguir é
mostrado os resultados finais das realizações analisadas em cada posição.

70
CAPÍTULO 5 – RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos a partir da utilização da metodologia


proposta. Os resultados foram divididos em duas análises de mil realizações cada, sendo a
Análise 1 para avaliação geral do método e a Análise 2 para validação dos resultados.

ANÁLISE 1

A Análise 1 foi utilizada para avaliação geral do método. Esta consiste em mil realizações com
variação dos parâmetros carregamento normal (P), carregamento cisalhante (Q), constantes de
Paris (C e m), o raio do círculo (r) e o tamanho inicial das trincas (L1 e L2) seguindo uma
distribuição lognormal destacada no APÊNDICE A – SÉRIE DE DADOS DA ANÁLISE 1.

Posição 1 (Meio)

A Figura 5.1 refere-se aos resultados para a análise micro na Posição 1. Percebe-se que a
instabilidade ocorre para ciclos de carga variando entre 103 e 106, conforme Tabela 5.1 .

Figura 5.1 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 1

71
Tabela 5.1 – Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 1
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Superior 1.6197e-11 1.3783e-11 4.7247e+05 1.1010e+03 4.8063e+05 1.1132e+03

Posição 2 (Superior)

A Figura 5.2 refere-se aos resultados para a análise micro na Posição 2. Nota-se que para este
caso a instabilidade ocorre para ciclos de carga variando entre 102 e 105 de acordo com a Tabela
5.2.

Figura 5.2 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 2

Tabela 5.2 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 2
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Direita 1.0517e-11 8.4726e-12 9.3000e+04 1.1181e+02 9.4196e+04 1.1196e+02
Superior 1.0839e-11 8.7040e-12 9.2864e+04 1.1182e+02 9.4175e+04 1.1196e+02

72
Posição 3 (Lado)

A Figura 5.3 refere-se aos resultados do elemento micro na Posição 3. Pode-se notar que a
instabilidade ocorre já em baixos ciclos de carga, variando entre 101 e 105, mostrado na Tabela
5.3.

Figura 5.3 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 1 na Posição 3

Tabela 5.3 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 1 na Posição 3
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Direita 1.2942e-11 1.0138e-11 4.9702e+04 4.6576e+01 5.1154e+04 4.6704e+01
Superior 6.9934e-12 3.1218e-12 5.1785e+04 4.6737e+01 5.2591e+04 4.6785e+01

Tolerância ao dano

A Tabela 5.4 mostra o número de ciclos mínimos que leva o elemento micro a atingir 3C,
ocorrendo a instabilidade. Considerar o menor valor de N significa o pior caso, visto que é o
menor número de ciclos que já atinge 3C, sendo, portanto, a favor da segurança. Para a Posição

73
1 a instabilidade ocorre em 1.1132e+03 ciclos. Para a Posição 2, em 1.1196e+02 ciclos. Neste
caso há uma redução de ciclos em relação ao caso anterior (dez vezes menos ciclos). Na Posição
3, a instabilidade ocorre em 4.6704e+01 ciclos, sendo a pior situação de defeitos iniciais.

Tabela 5.4 - Número de ciclos mínimos que leva o elemento micro à instabilidade
Posição 1 Posição 2 Posição 3
1.1132e+03 1.1196e+02 4.6704e+01

A Figura 5.4 mostra a Frequência Absoluta (AF) das incidências dos valores das compliances
correspondentes à Compliance Inicial (C), 2 x Compliance Inicial (2C) e 3 x Compliance Inicial
(3C), sendo Figura 5.4 (a), (b) e (c) para o elemento micro nas Posições 1, 2 e 3,
respectivamente. Nota-se um maior desvio padrão, consequentemente uma maior dispersão
para maiores valores de compliance.

(a) Posição 1

(b) Posição 2

74
(c) Posição 3
Figura 5.4 - Frequência Absoluta (AF) das incidências dos valores de Compliances
(C – Compliance Inicial, 2C – 2 x Compliance Inicial, 3C – 3 x Compliance Inicial)
A Figura 5.5 mostra a função densidade de probabilidade 𝑓𝑓(𝑁𝑁3𝑐𝑐 ) para análise da tolerância ao
dano do elemento micro. Nela percebe-se que o elemento na Posição 3 apresenta uma curva
mais acentuada e consequentemente uma menor variabilidade de tolerância ao dano, isto é, a
faixa de variação de 𝑁𝑁 que atinge 3𝐶𝐶 limita-se em 0.4e+05. Já o elemento na Posição 2, tem
variação de 𝑁𝑁 que atinge 3𝐶𝐶 até 0.7e+05. A Posição 1 apresenta uma curva mais dispersa, isso
significa uma maior variação dos valores de 𝑁𝑁3𝑐𝑐 . Isto é comprovado pela Tabela 5.5 pelo maior
coeficiente de variação.

Figura 5.5 - Vida à Fadiga do elemento micro para 3C

75
Tabela 5.5 - Valores estatísticos de Vida à Fadiga para 3C
Média Desvio padrão Coeficiente de variação
Posição 1 5.1e+04 4.5e+04 1.1333
Posição 2 8.5e+03 9.0e+03 0.9444
Posição 3 4.7e+03 5.1e+03 0.9216

Considerando Vida à Fadiga Característica (Nk) o número de ciclos com probabilidade de não
atingir X%, a Figura 5.6 mostra que 75% dos valores N estão abaixo de Nk, na Posição 1,
Nk = 7.1e+04; na Posição 2, Nk = 1.1e+04 e na Posição 3, Nk = 0.8e+04. E, para 95%, na
Posição 1, Nk = 13.1e+04; na Posição 2, Nk = 2.8e+04 e na Posição 3, Nk = 1.3e+04.

Figura 5.6 - Vida à Fadiga característica


A Figura 5.7 mostra a probabilidade de falha das três posições. Pode-se perceber que a
probabilidade de falha é maior para a Posição 3, seguido da Posição 2 e, posteriormente, da
Posição 1. A probabilidade de falha é calculada baseada na simulação de Monte Carlo a partir
das Equações (66) e (67).

𝑁𝑁𝐺𝐺<0
𝑝𝑝𝑓𝑓 = (66)
𝑁𝑁𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
𝐺𝐺(𝑁𝑁3𝐶𝐶 ) = 𝜆𝜆𝜇𝜇
��� 𝑁𝑁3𝐶𝐶 − 𝑁𝑁
� 3𝐶𝐶
𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 à 𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 à
𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑑𝑑𝑑𝑑
(67)
𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑎𝑎 𝑝𝑝𝑝𝑝ç𝑎𝑎
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠çã𝑜𝑜

Sendo 𝑝𝑝𝑓𝑓 a probabilidade de falha do elemento estrutural e 𝐺𝐺 a função estado limite. Se o estado
limite é violado (i.e. 𝐺𝐺 < 0), o elemento estrutural “falha”. Em que, 𝑁𝑁𝐺𝐺<0 denota o número de
simulações em que 𝐺𝐺 < 0, 𝑁𝑁𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 o número total de simulações, λ um fator de segurança e 𝜇𝜇𝑁𝑁3𝐶𝐶
média da vida à fadiga da solicitação e 𝑁𝑁3𝐶𝐶 a vida à fadiga.

76
Figura 5.7 - Probabilidade de falha

Percebe-se ainda na Figura 5.7 que aumento o fator de segurança λ, reduz a probabilidade de
falha do elemento estrutural.

ANÁLISE 2

A Análise 2 foi utilizada para validação dos resultados encontrados pelo método. Esta consiste
em outras mil realizações com variação dos parâmetros carregamento normal (P), carregamento
cisalhante (Q), constantes de Paris (C e m), o raio do círculo (R) e o tamanho inicial das trincas
(L1 e L2) seguindo uma distribuição lognormal destacada no APÊNDICE B – SÉRIE DE
DADOS DA ANÁLISE 2.

Posição 1 (Meio)

A Figura 5.8 refere-se aos resultados da segunda análise considerando o elemento micro na
Posição 1. Esta análise corrobora os dados obtidos na anterior e percebe-se novamente que a
instabilidade ocorre para ciclos de carga variando entre 103 e 106, conforme Tabela 5.6.

77
Figura 5.8 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 1

Tabela 5.6 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 1
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Superior 1.7415e-11 1.3420e-11 5.1858e+05 1.4840e+03 5.2030e+05 1.4875e+03

Posição 2 (Superior)

A Figura 5.9 refere-se aos resultados para a análise micro na Posição 2. Novamente os dados
obtidos na análise anterior são similares com instabilidade ocorrendo para ciclos de carga
variando entre 101 e 105 de acordo com a Tabela 5.7.

78
Figura 5.9 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 2

Tabela 5.7 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 2
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Direita 1.1128e-11 8.2998e-12 8.3591e+04 6.5940e+01 8.4455e+04 6.6112e+01
Superior 1.1173e-11 8.2985e-12 8.3576e+04 6.5979e+01 8.4438e+04 6.6159e+01

Posição 3 (Lado)

A Figura 5.10 refere-se aos resultados do elemento micro na Posição 3. Os resultados mostram
que novamente a instabilidade ocorre em baixos ciclos de carga, variando entre 100 e 105,
mostrado na Tabela 5.8.

79
Figura 5.10 - Todas as curvas Compliance x Número de Ciclos da Análise 2 na Posição 3

Tabela 5.8 - Faixa de variação dos resultados das curvas da Análise 2 na Posição 3
Borda Compliance Inicial (m/N) Número de ciclos para 2 x Número de ciclos para 3 x
Compliance Inicial Compliance Inicial
Máxima Mínima Máximo Mínimo Máximo Mínimo
Direita 1.5753e-11 1.1505e-11 1.9680e+04 2.7292e+00 2.0009+04 2.7474e+00
Superior 4.2440e-12 4.8177e-15 2.0067e+04 - 2.0142e+04 -
Obs.: Não foi possível detectar os mínimos para a borda superior, visto que para baixos ciclos,
a compliance já tende ao infinito.

A seguir é apresentada uma visão geral do trabalho realizado, concluindo-se os resultados


obtidos e apresentando sugestões de possíveis outras análises que podem ser previstas para
trabalhos futuros a partir da utilização desta metodologia adotada.

80
CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA
TRABALHOS FUTUROS

CONCLUSÕES

O uso do Método dos Elementos de Contorno, como um método numérico, foi essencial pois
através de sua flexibilidade foi possível desenvolver a técnica de tolerância ao dano avaliando
a compliance das bordas de microelementos em uma chapa metálica de fuselagem de aeronave.
A automação das milhares de análises realizadas permitiram o tratamento estatístico para prever
a pior posição que a chapa pode ter defeitos iniciais. A partir desta técnica este estudo mostrou
que quando os defeitos iniciais ocorrem na borda da solicitação externa (Posição 3 da Figura
4.1) para baixos números de ciclos o microelemento tem alta compliance tendendo à
instabilidade repentinamente, tratando-se portanto do pior caso. A Posição 2 vem logo em
seguida, estando suscetível à instabilidade em números de ciclos ligeiramente maior que a
Posição 3. A Posição 1 trata-se da situação com menor probabilidade de falha, requerendo alto
número de ciclos de carregamento para a ocorrência da instabilidade.

A automação e utilização dos programas computacionais BEMLAB2D e BemCracker2D foram


de cunho essencial para realização do trabalho ao possibilitar a avaliação de milhares de análises
com múltiplas variáveis. Dessa forma foi possível a observação de que quando a compliance
atinge o valor de 3 x compliance inicial, leva-se à instabilidade local do micro elemento. Com
a série de dados, foi possível realizar um tratamento estatisticamente para definir a tolerância
ao dano de forma a evitar a ocorrência de um Estado Limite.

De forma geral, a utilização desta metodologia se mostra como uma alternativa à análise de
tolerância ao dano tendo como referência ao processo adotado pela bibliografia clássica em que
o dano é considerado a partir de um tamanho crítico de trinca. Neste método utilizado
desconsidera-se o tamanho crítico e a compliance é avaliada como variável definidora da
instabilidade.

Com estas conclusões, a seguir é apresentada algumas sugestões para trabalhos futuros de forma
a dar continuação da metodologia adotada e desenvolvimento da pesquisa realizada.

81
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com estes dados observa-se como sugestões para trabalhos futuros:

• análise do elemento macro com outros materiais, em especial compósitos que estão
sendo bastante utilizados neste tipo de estruturas;
• adoção de novas séries de solicitações podendo prever diversos processos de danos
possíveis;
• análise micro com trincas e furos em posições variáveis observando as diferenças em
relação ao modelo proposto;
• novas implementações nos programas propostos, mais especificamente no BemLab2D
e BemCracker2D, de maneira a possibilitar uma análise multiscala única a cada
realização, tornando-se uma ferramenta computacional poderosa em análise multiscala,
mecânica da fratura, e tolerância ao dano utilizando o Método dos Elementos de
Contorno;
• construção de modelos tridimensionais utilizando os métodos desenvolvidos nesta
pesquisa;
• utilização de métodos de confiabilidade e quantificação de incerteza em sistemas
complexos da engenharia.

82
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87
APÊNDICE A – SÉRIE DE DADOS DA ANÁLISE 1

Variáveis aleatórias da Análise 1


Variável Desvio Coeficiente de
Média
aleatória padrão variação
C 7.0e-11 8.5e-12 0.12
m 3.2 0.4 0.12
P (MPA) 301.2 44.1 0.15
Q (MPa) 99.1 15.1 0.15
R (cm) 0.1 1.2e-02 0.12
L1 (cm) 0.1 9.8e-03 0.10
L2 (cm) 0.1 1.0e-02 0.10

Faixa de variação da constante C da Lei de Paris

Faixa de variação da constante m da Lei de Paris

88
Faixa de variação da solicitação externa normal (P)

Faixa de variação da solicitação externa cisalhante (Q)

Faixa de variação do raio do furo circular central

89
Faixa de variação do tamanho inicial da Trinca 1 (superior)

Faixa de variação do tamanho inicial da Trinca 2 (inferior)

90
APÊNDICE B – SÉRIE DE DADOS DA ANÁLISE 2

Variáveis aleatórias da Análise 2


Variável Desvio Coeficiente de
Média
aleatória padrão variação
C 7.0e-11 8.2e-12 0.11
m 3.2 0.4 0.11
P (MPA) 300.8 44.4 0.15
Q (MPa) 99.6 15.1 0.15
R (cm) 0.1 2.0e-02 0.23
L1 (cm) 0.1 1.9e-02 0.22
L2 (cm) 0.1 1.9e-02 0.22

Faixa de variação da constante C da Lei de Paris

Faixa de variação da constante m da Lei de Paris

91
Faixa de variação da solicitação externa normal (P)

Faixa de variação da solicitação externa cisalhante (Q)

Faixa de variação do raio do furo circular central

92
Faixa de variação do tamanho inicial da Trinca 1 (superior)

Faixa de variação do tamanho inicial da Trinca 2 (inferior)

93

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