Volume I: Companheiros
GJA Guimarães
— Arquivo de Revisão —
Capítulo 1 - Acordando
Luana
Luana
Leandro
Corro de volta para a casa, me visto e pego um
dos carros, ninguém ousa ficar em meu caminho. Na
estrada, posso pensar direito sobre no que merda está se
passando comigo.
Quando vi a companheira de Noah pela primeira
vez, achei que ela tivesse um cheiro maravilhosamente
bom. Quando sinto o cheiro do sangue na floresta, vejo
que não era Luana, e sim sua melhor amiga, a dona do
cheiro. Meu lobo enlouqueceu ao sentir a sua fragrância
única, e isso deveria ser impossível, já que ela é só uma
humana.
Encontro a casa que Luana me indicou e bato na
porta, um senhor atende.
— Pois não?
— Raquel está? – testo o seu nome em minha
língua e realmente gosto do resultado.
— Não, minha sobrinha saiu ontem à noite e ainda
não voltou. – Todos os pelos do meu corpo se eriçam.
“Minha”, meu lobo rosna.
— Obrigado.
Viro-me e entro novamente no carro, dirigindo de
volta à matilha. Merda, eu estou ferrado. Minha
companheira não pode ser uma humana... Ou será que
pode?
Luana
*****
Noah
Raquel
Ele volta, e não está mais sozinho, cinco homens o
acompanham agora.
— O que aconteceu? Por que saíram da matilha,
seus imbecis? – ele grita para os outros.
— O Supremo a trancou no sótão, ela não sairá
tão cedo. Ele está virando esta cidade abaixo, procurando
por nós.
— Se bem conheço essa garota, ela escapará. –
Outra voz desconhecida.
— Vou esperar por isso. E quanto a vocês,
mantenham o plano, criem uma distração para Noah,
machuquem-no um pouco, mas não o matem!
Alicia
Luana
Raquel
3, 2, 1...
Protejo meu rosto e coloco um pano em meu nariz,
essa fumaça provavelmente é tóxica. Metade do galpão foi
para os ares. Vejo um homem muito machucado no chão.
Céus, eu fiz isso! Ouço um rosnar e um lobo vem em
minha direção, com seus dentes para fora.
— Cachorrinho bom...
Leandro
Raquel
— Cachorrinho...
Ele corre em minha direção, grito... Merda, vou
morrer! Mas um lobo marrom pula nele e rasga seu
pescoço. O lobo olha para mim e caminha como um
predador, vou para trás. É aí que o brilho surge novamente
e, por Deus, que homem é esse?! Ele é perfeito... Estou
admirada demais por seu corpo, que penso que deveria
explodir lugares mais vezes, se for para ser salva por ele
sempre. Ele diz alguma coisa sobre Lua, e eu seguro em
sua mão, mais porque o ouvi me chamar de linda – mas
ele não precisa saber sobre isso.
Ele me cobre com seu corpo e me pega no colo,
seguro em seu pescoço e, quando já estamos na floresta,
afasto a minha cabeça do seu peito e o olho, olhos de um
azul escuro me encaram de volta. Ele retira o braço que
segurava a minha perna e sustenta todo o meu peso,
segurando-me só pela cintura. Com a outra mão, ele
segura o meu pescoço e me beija. Beijo? Acho que estou
aprendendo o significado dessa palavra neste exato
momento.
Luana
Alicia
Noah
Alec
Leandro
Chegamos até a casa da matilha e Noah pega sua
companheira pela mão e começa a subir as escadas.
— Ei, você nem pense em me deixar aqui,
sozinha, estranha! – Raquel grita para Luana.
Ela olha para trás, para nós dois.
— Você está muito bem acompanhada. – Luana
pisca para sua amiga e ela faz menção em seguir Lua
escada acima, e eu a seguro.
— Onde pensa que vai? – Ela abre e fecha a boca
olhando para mim. – Eles têm coisas a resolver, e nós
dois também.
— E o que eu teria a resolver com você? – ela
pergunta, ficando vermelha. Provavelmente, lembrando-se
do nosso beijo na floresta, e eu passo minha língua sobre
os meus lábios para ver se ainda sobrou um restinho do
seu gosto.
— Muita coisa, loirinha, mas, primeiro, você vai
tomar banho e descansar. – Seguro em sua mão e
praticamente a arrasto para o quarto em que estou
hospedado. Sinto falta da minha casa, imagino se Raquel
gostaria do meu cantinho.
Jogo uma das minhas blusas para ela, do jeito que
minha companheira é pequena, comparada a mim, minha
blusa deve ficar quase um vestido em seu corpo. Aponto
para o banheiro e cruzo os meus braços. Ela se irrita,
percebo por uma ruga que aparece entre suas
sobrancelhas.
— Pare de ficar me tratando como a droga de uma
criança! – ela diz irritada, e me aproximo perigosamente
dela.
— Loirinha, eu nunca faria as coisas que penso
em fazer com você se te achasse uma criança. Agora...
Você pode se comportar como uma e eu vou adorar tirar a
sua roupa e te dar um belo banho.
Ela fica mais vermelha ainda e corre para o
banheiro. Foi bom deixá-la sem graça, porém, como
consequência, meu corpo está duro como uma rocha,
merda.
Ian
Noah
Luana
Raquel
*****
Alec
Ian
Lucas
Raquel
Ian
Alec
Raquel
Luana
— Você não vai, muito menos sem mim! – Noah
está emburrado na cama.
— Amor, aposto que você tem a noite dos garotos,
eu também terei a noite das meninas, e isso não é uma
discussão.
Vejo que seus olhos brilham e sua carranca fica
ainda maior. Sento-me arregaçada em seu colo e beijo seu
forte pescoço.
— Vamos lá, companheiro, não fique com raiva
de mim por isso.
Noah troca as nossas posições e prende a minhas
mãos com algemas.
— O que você...?
— Shiiii...
Ele sabe que não gosto de estar presa...
Ele começa em meus pés e sobe, beijando e
lambendo todo o meu corpo como se fosse uma comida
extremamente saborosa, o homem está entretido nisso,
concentrado no que faz. Testo as algemas, minhas mãos
pinicam, desejando tocá-lo.
Seu membro está próximo a minha entrada,
deixando-me louca, mas ele não faz o maldito movimento
para entrar de vez. Eu rosno e ele me morde, dói um
pouco, não tanto, é uma mordida de advertência.
— Noah... Por favor...
— Isso, companheira, é para você entender que
será a minha prisioneira para sempre, e eu vou fazer com
que desfrute de cada maldito momento.
Noah se move com calma, olhando para cada
expressão em meu rosto.
— Abra os olhos.
Vejo em seus olhos a fera por trás de Noah, é um
ser imperial e lindo. Quando o nosso prazer vem, algo
mais acontece.
— Noah, o que está acontecendo?
Desespero-me e tento tirá-lo de cima de mim, mas
não consigo.
— Shiii, minha Lua, está tudo bem. – Ele abre as
algemas e faz carinho em meu rosto, Noah está
emocionado e uma lágrima foge de seu rosto.
— Noah! Diga-me o que está acontecendo! –
Sinto algo invadir meu corpo, tremores que não estavam
lá antes.
— Shiiii, você carregará o nosso filho. – Olho
para baixo, para nossos corpos unidos, senti quando ele
cresceu dentro de mim. – Vai demorar um pouco. – Noah
põe o meu corpo acima do seu e a minha cabeça em seu
peito.
— Nós seremos pais...
— Sim.
Não consigo segurar as minhas lágrimas, elas
descem pelo peito de Noah, e sei que, assim como eu, meu
companheiro está emocionado.
Capítulo 17 – Diversão
Alec
Raquel
Noah
Alicia
*****
Lian estava... Ele parecia um psicopata me
perseguindo por todo o canto, em qualquer local que eu
ia. Qualquer pessoa que se relacionasse comigo
aparecia morta ou ferida. Lian era um homem doente,
ele colocou em sua cabeça que eu era a sua
companheira destinada, mas eu não sentia
absolutamente nada por ele. Até que um dia, quando
Noah estava viajando e eu voltava para casa, ele me
surpreende, Lian me prende, me obriga, eu era virgem
naquela época, ainda lembro das suas mãos sobre mim,
seu corpo, seu cheiro. Ele gostava de me ouvir gritar,
isso lhe dava mais prazer... Naquela noite, Lian quase
me marcou, mas meu irmão chegou, Noah chegou a
tempo, me viu amarrada, sangrando, destruída. Então,
ele caçou Lian por todos os cantos da terra e colocou
seu Beta para me vigiar por vinte e quatro horas.
Eventualmente, meu irmão encontrou Lian, dizem que
não foi algo muito bonito de se olhar.
*****
Raquel
Luana
Leandro
Lucas
Raquel
Capítulo 19 – Adeus
Noah
— Isso não está em discussão, Lua!
Rosno para a minha companheira teimosa que está
tentando me impedir de voltar para a minha casa e, lógico,
levá-la junto.
— Noah, eu não posso simplesmente ir embora!
Sei que não podemos sair pelo mundo procurando as
outras garotas só porque eu tive um pressentimento, já
entendi isso! Só que elas sabem que esta é minha casa,
podem me procurar aqui!
— Lua! Sua casa sou eu! Onde eu estiver, onde eu
morar, você é a minha companheira. Quando aceitará
isso?!
Vejo-a suspirar, merda de mulher que está me
enlouquecendo! Sustento seu rosto com os dedos.
— Tudo o que podemos fazer, estou fazendo. Há
lobos por toda a parte, procurando-as, seremos
informados se encontrarem algo.
— Eu sei, é só que...
— É só que está acostumada a fazer tudo sozinha!
Confie em mim, estou sendo sincero e honesto com você.
Ela me abraça e começa a fazer as malas. Pelo
menos essa eu venci. Sorrio, minha Lua é indomável, e
gosto disso nela. Olho para o seu ventre, onde um pedaço
nosso está sendo gerado. Nunca amei alguém assim em
toda a minha existência, essa garota é o meu mundo, e está
prestes a me dar o maior presente da minha vida, um
herdeiro.
Ela começa a rir alto.
— Raquel vai pirar.
Sei que Leandro está passando maus bocados para
convencê-la. De onde saíram tantas mulheres geniosas?
Essas duas só poderiam ser melhores amigas.
Penso em Alicia, minha irmã... Estou estranhando
a falta de comunicação... Tanto que pedi para um
rastreador procurá-la. Fico feliz em saber que ela
encontrou seu parceiro. Se tem alguém que merece ser
feliz, esse alguém é minha irmã.
Raquel
Raquel
Leandro
Ainda estou assimilando as suas palavras, quando
ouço a porta do meu quarto bater e ser trancada, isso foi
diferente... Sempre consigo dobrá-la, mas, dessa vez, ela
parecia decidida. Eu vou matar Noah! Se ele quiser
acabar com sua relação, tudo bem, mas que não leve a
minha junto.
Entro na casa de Lorenlay sem ao menos bater,
Noah está esparramado no sofá, parece derrotado,
enquanto a idiota que está em cima dele, beijando o seu
pescoço, não percebe que ele não está ali de verdade.
— Saia!
— Você não me dá...
— Eu sou seu Beta, saia!
Ela olha para Noah, que não a defende, e sai,
olhando-me superior. Sempre disse para Noah que não era
bom ter um foda fixa dentro da nossa casa, e olha só o que
acontece!
— Não diga nada.
Jogo-me ao lado do meu Alfa, meu melhor amigo,
e cruzo os meus braços.
— Não precisava ter feito isso com ela.
— Sério? E o que a matilha diria, se eu não
tivesse feito? Que eu sou comandado por uma mulher. A
fofoca de que virei um fraco sairia de boca em boca e,
depois disso, viria a guerra. Guerra pela minha posição.
Sabe o quanto eu dei para que estivéssemos em paz hoje,
Leandro. Você, mais do que ninguém, sabe. Luana vai ter
que aprender a abaixar a sua cabeça.
— Cerveja?
Levanto-me, indo direto para a geladeira.
— Eu não terei o corpo quente da minha
companheira, não quero que você passe pelo mesmo
fardo, pode ir.
— Tarde demais, Alfa, minha companheira
acabou de me colocar para fora do meu próprio quarto.
— Por quê?
Ele pergunta interessado e eu sorrio.
— Ela me xingou. – Dou de ombros, não vou
mentir para ele. – Eu te defendi e cá estamos nós, no
mesmo barco.
— Saúde a isso! – Ele bate a sua garrafa na
minha.
Lucas
Ligação on...
— Quê?
— Nossa, você é sempre tão animado assim
durante as manhãs? Onde está a minha irmã?
— Não sei.
— Como assim “não sabe”?
— Tivemos um desentendimento.
— É...
— Diga logo, Alec!
— Uma das mulheres que era da matilha da minha
mãe chegou aqui hoje, procurando Lua. Ela estava
machucada, as outras foram aprisionadas, parecem ser as
mesmas pessoas que sequestraram Manu e Priscila há um
tempo.
— E como ela fugiu?
— Isso é o estranho, não acho que ela tenha
simplesmente fugido. Eles estavam em maior número,
seria fácil pegá-la de volta.
— O que tem em mente?
— Eles a seguiram, sabiam que ela viria atrás
de...
— Lua.
— Sim. Disse para Manu que falaria com ela, mas
conheço a minha irmã. Ela virá parar aqui ou irá ao local
onde tudo aconteceu, tentar farejar algo.
— Não se preocupe, ela não vai ficar sabendo.
— Não sei se essa é a melhor escolha, Noah...
— Não vou colocá-la em risco, Alec.
— Para onde ela foi?
— Está na floresta, não se preocupe, estou
monitorando tudo.
— Ela pode ficar dias na floresta, transformada
em lobo.
— Merda...
Ligação off...
Capítulo 22– Fugindo
Alicia
Noah
Raquel
O dia amanhece. Na verdade, já deve ter
amanhecido há algum tempo, já que não sou alguém muito
diurna.
Abro a porta com calma e caminho na ponta dos
meus pés até a sala, ele não está lá, e isso me deixou
triste. Provavelmente, deve ter saído com Noah para se
saciar no corpo de alguma vagabunda.
Pego algumas roupas em minha mala e... tomaria
uma ducha, contudo, através dos imensos panos de vidro
da casa, posso ver uma movimentação estranha. Saio
ainda com as roupas nas mãos e vejo Leandro e Noah
entrarem em uma mansão, sinto um cheiro ocre de ferro...
Sangue!
Automaticamente, penso em Leandro e apresso
meu passo, entrando na mansão mesmo sem ser
convidada. Ela é linda, nunca antes vi uma casa tão
perfeita, poderia tê-la admirado mais, se não percebesse
Leandro em pé. Olho-o de cima a baixo para ver se está
machucado.
— Está bem?
Ele acena para mim, a me olhar com evidente
interesse. Olho para Noah, que está no sofá, o homem está
com um ferimento imenso em seu tornozelo, como se seu
osso tivesse sido mastigado ali.
— Merda, o que foi isso?! Não me digam que tem
ursos nessa floresta!
— Isso não é nada, está tudo bem.
Ergo uma sobrancelha para Noah. Sério, amigo?!
Isso é estar bem? Tiro meu chapéu para esse homem, ele
definitivamente tem culhões. Depois, lembro-me do
acontecido ontem com Lua e fecho a minha cara para o seu
lado.
— Onde está Lua? – pergunto para Leandro, e não
para Noah, mas quem me responde é ele.
— Na mata.
— E você estava...?
— Na mata.
— Espera aí... Ela te fez isso? – pergunto
estarrecida, olhando para Noah, e ele confirma com a
cabeça. Abro o meu melhor sorriso e admiro o belo
trabalho de minha amiga. Noah rosna para mim e ergo a
sobrancelha novamente, encarando-o. Dou de ombros e
caminho até a porta.
Quando já estava quase saindo, Leandro segura
meu braço.
— Onde você pensa que vai?
— Encontrar Lua, é óbvio.
— Ah, mas não vai mesmo!
— Olha aqui, senhor Lobo Gostoso! Minha amiga
está precisando de mim, e não será você quem me
prenderá aqui!
— Raquel, é sério, Lua feriu Noah, ela pode te
ferir também – ouço-o falar meu nome e sinto falta de tê-
lo a me chamar de “loirinha”.
— Ela o feriu porque ele é um idiota que
mereceu! – Ouço um rosnar vindo de dentro da casa, algo
que gelou o meu sangue.
Leandro abre a boca para questionar, mas é
interrompido pela forte voz de Noah:
— Deixe-a ir.
Ele reluta por alguns instantes, me olha,
implorando com o olhar para que eu não vá, e eu, claro,
dou as costas e o deixo lá, sozinho. Amigas primeiro,
homens depois, essa é a lei do universo.
Luana
Raquel
Ligação on...
Ligação off...
Alec
Ouvir Ian falar tudo aquilo sobre Lua... É claro
que amo a minha irmã... Merda! Ela foi minha grande
inspiração desde sempre, fiquei feliz quando descobri que
ela era companheira do Supremo. Quem melhor que o rei
para protegê-la, certo? Pelo menos, é isso o que acho...
Lembro-me que, nos treinos, ela costumava me
derrotar sempre. Agora, sei o porquê, Lua estava sendo
treinada por nossa mãe. Um dia que me marcou
extremamente, o primeiro dia em que a derrotei.
*****
*****
Ian
Estava vendo o nosso estoque de comida para a
matilha, quando sinto um cheiro estranho no ar e gritos.
Caminho para fora do casebre e os vejo, lobos
desgarrados, eles nos atacavam, e não tive tempo para
pensar no motivo, um deles estava segurando Priscila pelo
braço, tentando arrastá-la para dentro da floresta, e esse
foi todo o sinal que meu lobo precisou para rugir.
O homem estava tão preocupado em carregar a
minha companheira que não se deu conta do imenso lobo
correndo em sua direção. Pego em seu antebraço e sinto o
gosto de seu sangue fétido, mas ainda não é o suficiente...
Quero arrancar seu membro que ousou tocá-la. Por isso,
não o solto. Puxo seu braço cada vez mais, até que
consigo rasgá-lo. Dou, então, meu golpe de misericórdia
quando avanço em seu pescoço e dilacero sua garganta.
Transformo-me de volta.
— Calma, ruivinha, estou aqui.
Abraço-a, mesmo sabendo que esse não é o
momento, afinal, isso é a merda de um ataque, o amor nos
leva a fazer coisas estúpidas.
— Eles estão... Levando todas... Estão...
Olho ao meu redor, encontro Alec lutando contra
três ao mesmo tempo para proteger Manu. Preciso manter
Priscila segura e ajudar meu Alfa, mas não há um local
seguro, todas as casas estão em chamas.
— Fique perto de mim. – Ela acena e vejo-a
andar as minhas costas.
Luto com pouca dificuldade com todos os que
ousam entrar em meu caminho, Alec tinha acabado de
derrotar os três que o atacavam.
— O que está havendo aqui, cara?
Mas meu Alfa – e amigo – ainda olhava para a
cena, concentrado, e, quando fala, fico tão estarrecido
quanto ele.
— Eles estão levando as mulheres, só querem as
mulheres, e o restante da matilha já percebeu isso, eles
não estão lutando.
Ele tinha razão, mais e mais delas eram arrastadas
e levadas, enquanto os machos não faziam nada... Os que
eram companheiros ainda lutavam, mas os outros... Eles
nem estavam tentando.
Vejo o quanto Alec olha para a cena, enojado,
vejo o quanto ele deseja ir até lá e lutar contra todos,
mesmo sabendo que perderia, mas eu, como ele, também
sei que isso seria uma sentença de morte para as nossas
companheiras. Eles são muitos, e nós dois nunca
conseguiríamos derrotá-los.
Quando tomam o que vieram pegar, alguns deles
nos olham, a mim e a Alec, mas sei que estão a olhar para
algo atrás de nós, para elas. Alec e eu rosnamos ao
mesmo tempo, ouço um chiado e todos dão meia volta e
vão embora.
Estamos aqui, no meio do lugar que um dia
chamamos de casa e que agora está aos pedaços. Estamos
aqui, rodeados pelas pessoas que um dia chamamos de
família e que agora são meros estranhos.
Amanda sai pela porta, ela estava na casa, mesmo
em chamas, acho que ficou com medo de sair e ser levada,
seu medo em morrer queimada era menor que isso.
Alec caminha em sua direção e põe sua mão
transformada em seu pescoço, a mulher treme da cabeça
aos pés, ouço Manu reclamar:
— Alec, o que está fazendo?
Eu mesmo gostaria de ter perguntado isso, pois
não sei o que diabos ele está fazendo. A mulher grita e
grita e cai no chão. Com suas garras pingando sangue,
Alec abre sua palma, de lá, o sangue escorre mais
rapidamente, e um pequeno objeto brilhoso aparece.
— Ela os trouxe até nós, ela também os levou até
o grupo de minha mãe.
Mais que merda é isso? Esses caras eram
desgarrados, mas estavam completamente organizados.
Cada um sustentando a mão de sua companheira,
olhamos os cadáveres dos nossos inimigos, cada um
estava com um ponto de escuta em seus ouvidos. Vimos
também flechas, que estavam com suas pontas queimadas,
o que, provavelmente, foi o grande causador do fogo.
Voltamos ao centro da matilha e lá, o restante deles nos
encara.
— O que faremos agora, Alfa?
Questionam a Alec.
Ele os encara, vejo certo nojo passar pelo rosto
de meu amigo.
— Vocês? O que quiserem, recuso-me a ser um
Alfa de uma matilha como essa, que prefere ver seus
membros feridos a protegê-los.
— Mas elas são só...
Um começou a responder e Alec o cortou com o
olhar.
— Estou lhes dando uma chance de fugir como os
vermes que são, aproveitem.
Um a um, eles saíram, e ficamos só ele e eu.
— Odeio repetir as palavras desse idiota, mas o
que vamos fazer?
— Vamos para a matilha de Noah, alguém me
ensinou a cair, Ian, e eu aprendi a levantar. Essa não é
mais minha casa, não mais.
Capítulo 24– Surpresas
Inesperadas
Alicia
Lucas
Alicia
Noah
Luana
Noah
Luana
Lucas
Noah
Raquel
Luana
Noah
Ele não desiste e uiva outra vez, nós não
queremos desistir, meu lobo quer que ela venha, que
caminhe até nós, quer que ela esteja em frente a toda a
matilha, quer que toda a matilha a reconheça. Os lobos
começam a ficar inquietos, começam a não entender nossa
posição em ainda ficarmos aguardando em frente a
propriedade, todos querem correr. Porém, meu lobo não
se move, ele continua reto e altivo, olhando para o
horizonte, com a certeza de que algo viria de lá, de que
alguém viria de lá. Meu lobo olha para esse espaço vazio
do mesmo modo que encarava as noites solitárias de lua
cheia, ele olha para esse espaço vazio como se tivesse a
encarar a própria lua.
Luana
Noah
Luana
Noah
Luana
Alicia
Toco em seu rosto, Lucas parece não respirar...
Passo os meus dedos por seus olhos, seu nariz, contorno
seu forte maxilar e meus dedos pousam em sua boca.
Resolvo olhá-lo, e o sentimento que emana dele me deixa
tonta por alguns segundos, tudo o que a minha loba quer é
pular nele e aceitá-lo, é unir meu corpo ao seu e
entrelaçar nossas almas, mas ele sorri de lado e uma
memória volta com toda a força.
*****
*****
Dou alguns passos para trás, afastando-me de
Lucas, e atrapalho-me com meus pés. Ele segura em minha
mão e me impede de cair. Meus olhos automaticamente
vão para a união de nossos dedos, eles ficam lá porque
não queria olhar para ele.
— Você se lembrou dele, não foi?
Ele está irritado, o que me faz olhar em sua cara.
Bem, ele realmente parece irritado.
— Desculpe? – sussurro.
— Não me peça desculpas, Ali. – Ele suspira e eu
afasto as nossas mãos.
— Temos que ir – ele diz, já se erguendo.
— Ir para onde? Acabamos de chegar!
— Preciso de uma reunião com seu irmão para
que possa contar sobre as mulheres.
Sinto-me mal por quase ter me esquecido desse
assunto.
— Você poderia omitir a parte em que foi
chamado para fazer parte da organização. – Não sei se
alguém poderá salvá-lo de Noah novamente. Quando meu
irmão descobrir que ele foi chamado e que aceitou
participar...
— Não posso omitir – ele dá de ombros –, não
vou.
Homem cabeça dura...
Ouço um uivo do meu irmão, todo o meu corpo
começa a se contorcer e me transformo. Seu chamado é
poderoso, e corro de encontro a ele.
Lucas me segue. Ainda em sua forma humana, ele
observa, enquanto toda a matilha se une, enquanto Lua
chega e se ajoelha, enquanto Lua é aceita. Então, depois
de mais um uivo, Noah corre e todos os outros correm
atrás. Mas eu não vou.
Pulo em Lucas, pulo de um lado ao outro, como
um imenso Labrador querendo brincar. Então, vejo-o tirar
sua roupa, peça por peça. Lucas se transforma em minha
frente, seu lobo é marrom e preto, ele é lindo...
Lucas pula, tentando me pegar, e eu desvio. Então,
começamos uma brincadeira estranha de correr e tocar,
ele e eu... E, se ele pudesse me ver agora, veria que estou
sorrindo.
Capítulo 28 – Planos
Raquel
Luana
Noah
Luana
Noah
*****
Luana
Noah
Luana
Leandro
Luana
Alec
Luana
Noah
Leandro
Noah
Luana
Raquel
Lucas
Alicia
Lucas
Alicia
Lucas
Alicia
Meu.
Minha loba diz, e nosso beijo devasta cada
barreira que criei dentro de mim, cada insegurança, cada
merda que tenha acontecido no meu passado, nada disso
importa. Tudo em que consigo pensar é nele, no seu corpo
e na sensação que me provoca.
Lucas me ergue em seus braços e engancho as
minhas pernas em sua cintura, sinto que ele está duro e
meu corpo estremece de antecipação. Continuamos a nos
beijar, enquanto ambos tentamos tirar a roupa um do outro,
o que é algo complicado, estando nessa posição e em
movimento.
A próxima coisa que sinto é minhas costas sobre o
colchão. Seus olhos verdes brilham na fraca luz do meu
quarto, ele tira a sua roupa sem desviar os olhos de mim,
como um predador que não deseja que sua presa fuja ou se
movimente, Lucas me hipnotiza com seu olhar. Depois, ele
caminha até mim e, quando penso que ele vai deitar sobre
mim e me beijar novamente, ele sorri. Passa seus dedos
levemente, abrindo o botão do meu short, parece que
estava se obrigando a não tocar em minha pele, seus
movimentos eram calmos e precisos e estavam me
levando à loucura. Ele arrasta o short por toda a extensão
das minhas pernas e o tira, o contato do tecido faz com
que eu estremeça novamente.
Fico de joelhos em cima da cama e Lucas em pé e
nu, a minha frente, tira a minha blusa. Depois, faz o
mesmo caminho com as minhas roupas íntimas. Estamos
ambos aqui, nos encarando. As unhas dele crescem, seus
dentes também, Lucas está perdendo o controle. Quando
fecha suas mãos em punhos, sangue escorre pelo chão, já
que sua palma acaba de ser perfurada por suas próprias
unhas. Sei que Lucas preferiria ir embora a me machucar,
ir embora a perder o controle comigo, não vim até aqui
para morrer na praia, não mesmo.
Lucas
Noah
— Eu aceito.
— E?
— E o quê? Já disse que vou me casar com você
– ela diz, enquanto sorri. – O que mais quer de mim,
Noah?
Aproximo-me dela, coloco o anel em seu dedo e
deposito um beijo ali, um beijo que subo para o seu braço,
em sua marca de união comigo, e termino em seu pescoço
novamente, ali, onde posso sentir seu cheiro tão nítido e
característico, seu cheiro que inebria cada célula do meu
corpo.
— De você, eu quero tudo.
— E o que seria esse tudo? – ela pergunta, em um
fio de voz, enquanto, com minhas mãos, desbravo cada
canto de seu corpo.
— Eu quero seu corpo – dito isso, começo a
acariciá-la em seu ponto sensível –, quero sua alma –
encaro-a em seus lindos olhos azuis –, quero o seu
coração, eu quero tudo. Porque ter pouco de você nunca
será o suficiente.
— Espero que você tenha outras metas de vida. –
Tiro os meus dedos e os lambo, ela acompanha cada
movimento meu.
— Por quê?
— Porque, Supremo, você já tem tudo de mim.
Tudo de mim é seu, tudo o que sou é seu: meu corpo,
minha alma, meu coração, meu mundo, meus sentidos,
meus desejos.
Dito isso, ela envolve sua perna ao redor de mim,
dando-me pleno acesso a sua intimidade, Lua...
Não digo nada, não eram necessárias mais
palavras, nós somos um. Eu desistiria de tudo por ela, do
meu posto, da minha matilha, da minha raça, da minha
família, desistiria de tudo por ela e por minha cria, que
cresce forte dentro dessa mulher incrível.
Sempre é uma explosão de sentidos quando
estamos juntos. Quando estou dentro de Lua, posso sentir
cada mínima coisa: o gosto da vida, o cheiro de cada
toque, o toque de cada sentido. Nosso corpos se encaixam
em maestria, sinto o cheiro de sangue quando ela arranha
as minhas costas, e isso faz com que eu invista com mais
necessidade. Sinto quando ela está preste a vir, puxo seu
rosto e vejo seus olhos semicerrados e sua boca
entreaberta.
— Olhe para mim, amor. – Ela abre seus olhos
por completo e encara os meus, encosto minha testa na
sua, meus lábios nos seus e sussurro: – Venha para mim,
minha Lua. – Suas pupilas dilatam, suas paredes se
fecham ao redor do meu membro e lá se foi o meu último
resquício de controle.
Cansados, ofegantes, mas felizes. Meu corpo já
sente falta do dela... Só em pensar que teremos que nos
separar por algum tempo...
Terei que ir até as principais matilhas tirar a
verdade dos Alfas, preciso saber para onde as mulheres
estão sendo sequestradas e montar um mapa de modus
operandi dessa organização. Uma hora eles vão cometer
um erro, um engano, e eu estarei lá para matá-los.
Luana
Noah
Leandro
Luana
Raquel
Luana
Leandro
— Quatrocentos – digo, em um rosnar, e caminho
em direção a floresta.
Farejo o seu cheiro, seu rastro é nítido. Depois,
terei que ensiná-la a esconder seus... Paro no caminho e
no meio do pensamento, encontro seu vestido. Penso: E se
ela não está de vestido... Rosno internamente e continuo
seguindo a trilha, encontro suas roupas íntimas mais a
frente. Mas que porra é essa?!
Caminho até a clareira, porque é lá que seu cheiro
me leva, temos uma caverna por aqui e... P.O.R.R.A.
Raquel está com uma capa vermelha sangue, sua
boca rubra faz um contraste com sua pele branca. A capa
está à frente de seus seios que, pela barriga nua, significa
que não há nenhum pano os cobrindo. Ela está de salto
alto, vermelho. Resumidamente, o que a cobre é uma capa
e uma saia mínima. Ela está com o capuz da capa sobre
sua cabeça, cabelos soltos, e olha-me de cima a baixo,
mordendo seu lábio inferior. PORRA!
Raquel
Leandro
Raquel
Leandro
Raquel
Caminho até Lê novamente, sento-me em seu colo
e o beijo, beijo seu pescoço...
— Porra, vai logo, porra.
— Meu ogro tem uma boca linda e suja.
Ele sorri.
— Até parece que você não gosta dessa boca
linda e suja.
Abaixo meu corpo sobre o dele devagar, dando-o
acesso devagar...
— Porra, loira, entra logo!
Sorrio, ele está tão desesperado...
Apoio-me em seu peito e começo com
movimentos lentos e ritmados. Ele, abaixo de mim, se
move, tentando apressá-los, porém, quando o faz, eu saio.
— Porra!!! Não faz isso, Loirinha.
— Você não vai se mexer. Toda vez que se mover,
eu paro.
— Merda, só volte para a porra de seu lugar.
Volto a montar nele.
— Meu lugar?
— Sim, seu lugar.
Movimento-me com calma, não sei onde estou
arranjando tanta calma assim, talvez o fato de tê-lo em
minhas mãos me faça... Eu quero vê-lo louco e entregue.
Quando sinto que Leandro está por vir, diminuo mais
ainda os movimentos, e toda vez que o faço, ele rosna
irritado.
— Porra, Raquel, por favor.
Esse é um bom começo.
— Sabe, Lê, eu andei pensando... Você tem uma
firma de advocacia, tem sua vida firmada e tudo o mais...
— Porra, não vai ficar falando da firma agora.
— Algum problema com isso? – Ele rosna, mas
continua calado. – Então, eu descobri que vou viver por
muito tempo e não quero ser eternamente uma garota
saindo do colegial. Sendo assim, eu vou para a faculdade
de moda daqui.
— Nem na porra de seus sonhos! – Ele rosna e
geme ao mesmo tempo. – Com aquele monte de moleque
dando em cima de você, isso não está...
Giro meu quadril e ele perde o que falaria, digo
em seu ouvido:
— Diga sim, Lê, diga sim.
Em movimentos circulares e mais rápidos, repito
isso várias vezes em seu ouvido.
— Porra, Raquel, sim! Só termine isso e para de
me enlouquecer!
Em movimentos rápidos, monto em meu
companheiro e ambos chegamos ao prazer, ele e eu,
ofegantes, mas algo acontece. Sinto-o crescer dentro de
mim, e é como ser preenchida por algo. Desespero-me,
porque não consigo sair de cima dele.
— Calma, loirinha, você tem que ficar quietinha.
Mas eu não estava ouvindo, só sabia que ele
estava preso dentro de mim, e eu queria sair.
— Raquel! Onde estão as chaves? Abra isso!
Seu grito me desperta e abro suas correntes, ele
me abraça e põe a minha cabeça em seu ombro.
— Shiiii... Loirinha, deixe nossa cria ser
concebida.
CRIA? COMO ASSIM CRIA?! EU CRIEI UM
PEIXINHO NO AQUÁRIO E O DEIXEI MORRER!!!
Ian
Alicia
Noah
Luana
Noah
******
Noah
Ravi
Raquel
Luana
Sou atacada e me desequilibro um pouco,
sustentando-me em Raquel, logo vem Ravi gritando atrás:
— Bia! Eu disse para você não correr desse jeito,
linda! Vai acabar se machucando!
Sorrio da cara preocupada dele, e devolvo o
abraço da garotinha que me agarra.
— Oi, meu amor.
Ela está com a cara em minha barriga.
— Shiiii... Posso ouvi-lo. Ei, vem logo, quero
brincar com você.
Bia conversa com meu filho e eu encaro Ravi,
todo bobo, olhando para a menina.
Vejo as outras crianças correndo de um canto ao
outro.
— Bia, por que não brinca com os outros? Meu
filho ainda vai demorar um pouquinho para nascer.
— Eu espero.
Olho para Ravi, e o mesmo faz uma careta para
mim e dá de ombros.
Abaixo-me e olho em seus olhos.
— Meu amor, olhe para mim. – Os olhinhos
brilhantes e espertos encaram os meus. – Ravi e eu nunca,
jamais, deixaremos que algo de mal te ocorra, não tenha
medo.
Ela olha de mim para Ravi, então, acena com a
cabeça e corre em direção as outras crianças. Porém, na
metade do caminho, ela volta correndo e diz:
— Não gosto do seu nome.
— Não, pequena? Quer me chamar de quê, então?
– Ravi pergunta, com aquele sorriso maravilhoso.
Ela para um pouco, pensa. Encabulada, olha para
o chão e, depois, o encara com coragem.
— Pai. Posso te chamar de pai?
E porque meu querido nerd estava ocupado
demais deixando algum mosquito entrar em sua boca
aberta, eu tive que responder:
— Claro que pode, querida.
Ela sorri e corre novamente.
— Bem vindo ao mundo, papai. – Dou um soco
em seu braço e, só aí, ele parece acordar.
— Ela me chamou de pai?
Noah
Ligação on...
— E aí, cara?
— Tenho certeza de que liguei para Luana, e não
para você, Ravi!
Ele ri, o desgraçado ri! Sei que é maluquice, mas
cerro os meus punhos de ciúmes, porque ele está lá, ao
lado dela, junto a ela, enquanto eu não.
— Onde está a minha mulher? – pergunto, sem a
mínima paciência.
— Ela me deu uma filha! – ele diz, ao invés de
responder a minha pergunta.
— Claro, meu amor – ouço a voz de Lua ao fundo
e todo o meu sangue ferve.
— Ravi, eu juro que vou te estripar assim que te
encontrar.
— Porra, Noah, estou te dando uma boa notícia,
mas parece que você não está pensando com a cabeça
certa neste momento. – Ele gargalha com mais uma de
suas piadinhas e eu juro que...
— Ravi, por que atendeu meu celular? Dê-me
isso aqui, seu idiota, e vá cuidar da sua filha! – ouço-a
novamente, ao fundo. – Oi, companheiro – ela diz, com
uma voz feliz.
— Me explique que porra que está acontecendo!
— Céus, Noah! Por que não para por um
segundo e respira?! Não sei como conseguiu ficar vivo
até agora, sendo tão estourado!
— Luana... – rosno o seu nome.
— A vontade de desligar o telefone na sua cara
é bem grande neste exato momento. Contudo, como me
tornei um ser evoluído, vou responder a sua pergunta
tão educada. Lembra-se da Bia? A garotinha?
Claro que lembro, a garota não se mistura com
ninguém, já a mandei para psicólogos, já tentei colocá-la
em escolas, já tentei de tudo. Não respondi, e ela
continuou:
— Bem, eu percebi que ela e o Ravi são perfeitos
um para o outro e, veja, Bia tem um pai e, agora, Ravi
tem outra coisa a fazer do que ficar jogando RPG.
Lua tirando Ravi de seus jogos? Isso, sim, é um
milagre...
— Lua, eu...
— Não, Noah, eu não quero desculpas, estou
cansada. Eu quero mudanças. Está tudo bem por aqui,
sinto sua falta. E por aí? Como andam as coisas?
— Más notícias, em todas as matilhas que
conseguimos ir, houve ataques. Lua, nosso povo está
sendo atacado em todo fodido canto, isso não é só uma
experiência, eles são organizados, têm dinheiro... E um
dos ataques foi há dois anos.
Ouço-a respirar profundamente.
— Noah, resolva isso e volte para casa, volte
para mim, está entendendo?
— Sempre.
Ligação off...
*****
Ravi
Luana
Luana
Bia
Estou quase... Quase...
Pulo uma clareira. Nunca vim nesta área da
floresta, é proibida, mas a fada está lá, então, continuo
correndo e...
PEGUEI!
Quando abro as minhas mãos, não é uma fada... é
uma coisa preta que pisca uma luz verde. Alguém vem por
trás de mim e me segura.
— ME LARGA!
Luana
Ravi
— Pai, acorda!!!
Desperto com Bia me sacudindo.
— O que foi? Aconteceu algo? Você está bem?
Está machucada? Teve um pesadelo? Está com fome?
— Cala a boca, pai, é a Lua! Homens maus estão
lutando com ela!
— Onde, Bia?
— Na floresta.
Ligo todos os monitores, que também estão em
minha casa, procuro por Lua.
Vamos, vamos... Apareça...
Vejo um carro preto, grande, Lua está sendo
carregada, é aí que percebo nosso erro de segurança...
Nós somos inatingíveis, nunca alguém poderia
entrar aqui sem que soubéssemos, mas... Nunca nos
preparamos para que as pessoas de dentro não saíssem.
Pego o comunicador e falo com os ômegas.
— Portão sul, siga essa porra desse carro, eles
levaram Luana!
Merda! Merda, merda, merda!
Ligação on...
— O que aconteceu?
— Venha para casa.
— O que aconteceu com minha companheira,
Ravi?
— Ela foi sequestrada.
Noah desliga em minha cara sem querer detalhes,
e sinto que o decepcionei, o desapontei. Não meu Alfa, o
meu amigo. E isso dói, porra, como isso dói.
— Calma, pai. Lua é forte, ela vai ficar bem.
Sorrio e abraço a minha pequena.
— Espero que tenha razão, meu amor.
Noah
*****
Noah
Raquel
Megan
Manu
Luana
Noah
Megan
Leandro
Megan
Noah
Megan
Sinto suas sombras se fecharem ao meu redor,
lembro que nunca tive medo do poder de Dante, mas,
agora, a vontade em revidar, em me defender, é imensa.
Meu corpo sente o perigo, minha consciência sente o
perigo, mas o meu coração – ah, esse idiota – diz que ele
nunca me machucaria. Se eu morrer aqui, já sabem a quem
culpar.
Ele corre para mim e não me movo um centímetro,
um milímetro sequer, acho que estou dando um novo
significado para a frase: abraçando a morte.
O barghest passa por mim e sinto – como da
primeira vez em que realmente vi seu poder – um filete de
sangue escorre pela minha bochecha, ele só me arranha.
Ele toma forma. Agora, consigo ver nitidamente
todo ele como um lobo real, só que mais escuro que a
penumbra da noite. Não preciso me abaixar para ficar em
seu nível de visão, em pé, ficamos cara a cara.
Olho dentro dos seus olhos, não sei o que ele
sente, o que ele pensa. Não é meu Dante, não ainda.
Ele fareja o ar e tenho uma ideia. Passo o dedo
sobre o corte e tiro de lá sangue, ofereço-o, estou com a
minha mão estendida para ele.
O barghest caminha devagar, como se tivesse
esperando alguma armadilha... Eu, sinceramente, não sei
como ainda estou viva. Ele abaixa a cabeça e passa a
língua em minha palma. Depois, para e me encara.
— Você sente, não é? É você no meu sangue, você
está entranhado na minha alma, você também me marcou.
Sei que isso é estranho, amor, mas confie em mim.
Ele encosta sua cabeça em minha mão, lembro-me
de quando Dante não conseguia voltar a sua forma normal,
lembro-me de como eu quase o havia perdido e dos dias
que passei a sós com o barghest. Eu o conheço, conheço
sua personalidade. Acarinho-o, abraço-o.
— Senti tanto a sua falta...
O barghest suspira em meu pescoço, como se me
conhecesse. Na verdade, ele me reconheceu, e isso me
alivia imensamente, algo conhecido neste tempo em que
sou somente uma visitante.
— Cuida dele para mim? – peço para o imenso
lobo negro a minha frente. Ele pende a cabeça para um
dos lados. – Dante, cuide dele. Há alguém querendo matá-
lo e, barghest, não deixe que ele saiba que me encontrou,
certo?
Ele pende a cabeça para o outro lado e some no
ar. O sol volta, a vida volta. Neste tempo, esses dois são
só escuridão, mas, no futuro, eles são um misto lindo entre
claro e escuro...
— Precisamos ir – Noah diz, caminhando para o
carro. Confirmo com a cabeça e ando atrás dele.
O único problema é que teremos que pegar um
avião. O avião em si não é o problema, e sim o destino:
Florença.
É realmente uma bela cidade, e o problema é que
fica bem próxima ao território de certo líder vampiro,
Vittore. Sinto que não gostarei de enfrentar meu tio no
passado... Espero, sinceramente, não esbarrar com ele por
lá.
Manu
Luana
Noah
Megan
Estou com um mau pressentimento... As coisas
não serão fáceis, elas nunca são. Antes mesmo de colocar
um pé para fora do avião, sei quem me aguarda ali:
Vittore.
— Quando me disseram que um bando de
transformados estava se encaminhando para o meu
território, pensei: eles não seriam loucos. Sempre é bom
me surpreender.
Vittore está impecável, como sempre, bem vestido
com um terno elegante. Ele nos olha com um sorriso de
canto de boca. Noah rosna.
— Não faça isso.
— Não podemos perder tempo!
— Noah, eu o conheço, e ele vai matar todo
mundo aqui! Você quer salvar Lua? Então, sobreviva a
isso.
— Bem, vejo que conseguiu domar seu cachorro –
ele diz para mim, referindo-se a Noah. Ele dá um passo
para atacá-lo e eu toco em seu braço.
Céus, só não faça com que ele tenha a brilhante
ideia de conferir o que tem no avião, porque, senão, pode
pensar que...
— Olhem o que eles estão trazendo no avião!
Eu já disse que sou azarada?
Os homens de Vittore saem com todo o arsenal de
Noah. Vittore sorri, deve pensar que viemos em uma
missão para matá-lo ou alguma coisa do tipo.
Eles vieram preparados, pois algemam todo o
pessoal de Noah com prata. Isso, a cada segundo, fica um
pouco mais bonito.
Ele nos coloca em grandes carros negros, sei para
onde estamos indo, para a sua casa em Roma.
— Alguma ideia brilhante?
— Sua mulher está aqui, Noah, está mais
próximo dela do que estava lá, em sua casa, não encha
meu saco!
Depois disso, ele milagrosamente se cala. Não sei
vocês, mas não acho que esse homem ouve muitos nãos
em sua vida.
Chegamos à casa de Vittore, e sua mansão está
exatamente igual como da última vez em que a vi. O
homem ficou esse tempo todo sem decorar a casa, que
coisa mórbida. Sério, quem não muda nada na casa em
trinta anos?!
— Você não vai... – Noah começa a falar, mas
Vittore logo o corta.
— Eu conheço você, “Supremo”. Sabe, eu deixo
vocês viverem por aí, deixo pensarem que têm algum
controle sobre qualquer coisa, deixo que escolham...
Líderes. Mas não queira que eu lide com seres inferiores
como vocês, porque não irei. Em contrapartida – ele vem
até mim e segura o meu queixo –, você... O que é você?
Ele faz um sinal com a mão e algumas pessoas
começam a levar o povo de Noah para fora dali. Ele
resiste, eles resistem, mas a força de um vampiro é
equiparada a dos lobos, e eles estão em desvantagem por
causa da prata.
— O que vai fazer com eles?
— E ela fala! – Ele sorri debochado. – Eles serão
comida para o meu povo. Dê adeus, meu pessoal não é
conhecido por ser educado na hora das refeições.
Abaixo a minha cabeça, Vittore vê isso como
sinal de rendição, ledo engano. Abro o meu corpo para o
poder adormecido em mim, dou as boas vindas para o
lado sombrio que herdei do meu pai, deixo o seu poder
fluir por mim. As mentes de cada pessoa desta sala são
tão acessíveis como portas entreabertas... Menos a de
Vittore. Ele olha ao redor, enquanto seu pessoal solta cada
um dos membros da matilha de Noah. Eles vêm para trás
de mim, sinto Noah ao meu lado e, quando Vittore me
olha, sei que seu próximo passo será o ataque. Não posso
lutar contra ele.
— Eu te amo, seu idiota! Mas eu juro por Deus, se
você me atacar, serei obrigada a me defender!
Seus olhos brilham com algum sentimento, Vittore
costuma ser frio, ele não demonstra nada, e ver seus olhos
brilharem me traz um pouco de esperança.
— Quem é você? – novamente, essa pergunta, a
pergunta que não posso responder...
— Sei que tem uma marca em seus dois pulsos,
sei que o sabor que mais sente falta é de vinho, sei que
seu irmão se chamava Elloah e sei, Vittore, eu sei que eu
sou a única pessoa capaz de te fazer sorrir.
Eu liberto o seu pessoal.
— O que está fazendo? – Noah me questiona,
alarmado, ao meu lado.
— Confie em mim, da mesma forma que sempre
confiei em você, da mesma forma que sempre confiarei.
Ele me olha com suas sobrancelhas unidas, como
sou idiota! Ele não me conhece! Lembro-me de Dante
falando-me sobre o sangue: Cuidado com sangue, ele é o
líquido mais poderoso que existe.
Dou alguns passos para frente, Vittore não move
um músculo quando pouso a minha mão onde deveria
haver um coração batendo, mas não há, não há porque ele
não está vivo.
Vittore olha em meus olhos, está tentando entrar
em minha mente, mas não a abro para ele. Ao invés disso,
jogo meu cabelo para o lado e deixo meu pescoço
exposto. Ele foi o primeiro vampiro que me mordeu, ele é
o meu tio, mas também é o criador da vampira que há em
mim.
— Megan, não... – ouço Noah começar a falar,
mas o interrompo, com meus olhos grudados aos de
Vittore.
— Está tudo bem.
As presas dele se alongam, Vittore me olha de
modo interrogativo, ele não consegue entender a minha
entrega ante ele. Se tem algo que sei sobre esse cara
desde que o conheci, é que ele nunca me machucaria.
Desde que o vi pela primeira vez, ele agiu com carinho
comigo, tratou-me como se sempre me conhecesse... E
se... E se ele conheceu? Se eu já tiver interferido no
passado, se Vittore me conhece no futuro porque me
conheceu de início, aqui? Ah, esse negócio de viagem no
tempo está me dando uma puta de uma dor de cabeça!
Meus pensamentos se vão quando sinto sua presa perfurar
a minha carne sensível do pescoço. Ele não demora muito
tomando o meu sangue, suas presas se retraem, mas ele
continua com sua boca quase encostada onde outrora
estavam seus dentes. Sinto um arrepio, sua respiração. De
uma coisa eu sei: Vittore não precisa respirar, e se está
aqui, a dar suspiros, deve realmente estar admirado com
algo.
— Como isso é possível?
Afasto-me um pouco dele, Vittore não cura o
ferimento que me causou, mas eu não me importo, logo irá
curar sozinho.
— Confia em mim?
Ele parece pensativo... Sei o que sentiu quando
provou do meu sangue, ele sentiu seu sangue misturado ao
meu.
— Abra a sua mente para mim – ele diz, cerrando
os seus olhos.
— Nem fodendo, seu idiota! Eu te disse que você
não entraria mais em minha mente, e não vai!
Ok, talvez tenha sido a coisa errada a se dizer, ele
trava a mandíbula. Vittore é rápido quando segura o meu
pescoço com força e me ergue. Atrás de mim, ouço os
lobos reagirem, há uma merda de uma briga, e eu estou
aqui, olhando dentro desses olhos chocolates, enquanto
ele tenta me matar. Algo dentro de mim ainda diz: “ele
nunca te machucaria”, mas ele não é ele, não ainda.
Abro a minha mente e deixo uma memória surgir.
*****
*****
Noah
Alicia
Vittore
Lucas
Alec
Ravi
Chamada on...
— Ei, Ali...
— Papai!
— Ei, minha pequena princesinha! Como está?
Só conversar com Bia, ouvir sua voz, faz com que
um sorriso bobo apareça em meus lábios.
— Bem... Já está voltando? Achou tia Lua?
— Achei sim, agora só falta buscá-la. Está se
alimentando bem? Se comportando?
— Sim! Cuidei da tia Alicia essa noite, ela
estava com medo.
Ouço um fungar no telefone e sei que a minha
menina está chorando, isso parte o meu coração...
— Ei, linda, o que houve?
— É... minha culpa. Tia Lua estava me
protegendo e...
— Shiii... Não, nada é sua culpa, princesa. É
culpa dos homens maus, não sua!
— Deixa eles de castigo?
— Sim, meu amor, um castigo permanente, pode
apostar.
— Tia Alicia quer falar, tchau, pai.
— Tchau linda.
Ouço, no fundo, Lucas dizer: Vem, florzinha,
vamos lá fora. Depois, ouço a voz de Alicia do outro lado
da linha:
— Volte para essa criança, Ravi, isso não é um
pedido, é uma ordem. Está me ouvindo?!
— Sim, chefe.
Ela desliga o telefone e eu fico ali, com cara de
tacho, até que Noah, Vittore, Megan, Alec, Ian e Leandro
entram na sala... O dia vai ser longo...
Luana
Manu
Megan
Vittore
Luana
Noah
Vittore
Luana
Noah
Quando tudo está limpo, entramos no prédio e não
há nenhum pé de gente por aqui. Tem uma caixa no
elevador que precisa de uma senha, provavelmente, algo
que dê para o andar inferior.
— É melhor eu ir sozinha, provavelmente, terão
guardas lá, com armas de prata – Megan diz.
— Já chega. Não me peça para ficar aqui,
esperando, porque não vou, não ligo se levar alguns tiros
pelo caminho.
Ela fecha os olhos, parece tonta. Dá para perceber
que o que fez antes a esgotou, mas não me preocupo,
porque tem a porra de um vampiro em sua cola que
prefere olhar para ela do que olhar por onde está andando.
Nunca vi um vampiro como ele. Vampiros e lobos têm
poderes semelhantes, um vampiro pode matar um lobo
com suas próprias mãos, assim como lobos também são
capazes de matar os vampiros. Mas esse cara...
Entramos Megan, Vittore, meu Beta, Alec e eu no
elevador.
— Merda. Qual o código?
— 122F 855H 477W 298T 179G – Megan diz, e
nem me preocupo em perguntar como diabos ela sabe
disso.
Ela dá um passo para frente e põe seu corpo
diante do meu, a frente de todos, como um escudo. Quando
as portas se abrem, o vampiro acorda de seu transe e faz o
mesmo que fez lá fora, impedindo que as balas cheguem
até ela. Percebo que Megan fez isso de propósito, Vittore
não nos protegeria, mas ela sabia que ele a protegeria,
então, colocou-se a nossa frente.
Matamos os guardas rapidamente, os vampiros
conseguem tirar suas armas, enquanto nós concluímos o
serviço.
Ian e Ravi descem do elevador logo após.
— Vamos nos dividir, matem todos pelo caminho!
Resgatem os que estiverem presos, achem as nossas
companheiras!
Ouço um barulho imenso, como uma explosão, e a
energia de Lua me chamando até seu encontro, nem
percebo os que aparecem pelo meu caminho, transformo-
me e mato todos que ousam interferir, médicos, guardas,
pessoas, qualquer um no meu caminho está tendo o mesmo
fim. Ian e Alec me encontram em uma mesma área, parece
que eles também foram impulsionados a virem até aqui.
Luana
Alec
Vittore
Luana
Noah
Megan
Não sei se isso vai dar certo. Chamo meu querido
lobo do submundo, deixo o seu poder fluir por cada canto
de mim, moldo as suas sombras como um escudo, deixo
seu poder me consumir, isso faz com que meu coração
doa, doa com saudade do meu amor... Quando abro meus
olhos novamente, estamos todos acima do prédio, abaixo,
só uma cratera com escombros nos olha de volta. Desço
todos devagar, mas o poder não me deixa...
Luana
Vittore
Ela sorri de lado, enquanto as sombras se
solidificam em um corpo quase humanoide, isso a beija e
uma lágrima cai de seu rosto, as sombras se vão e Megan
quase cai no chão.
— Vou te levar para minha casa – digo-lhe, ela
nega.
— Não, tenho coisas ainda para resolver no
território dos lobos, leve-me para lá.
*****
Luana
Luana
Noah
Luana
Megan
Megan
Fico aguardando Luana voltar. À noite, ela
caminha até sua casa, e a paro antes que entre.
— Sei que... – Mas ela me corta.
— Obrigada por nos ajudar, não conseguiríamos
sem você.
— Sei que não me conhece. E sei de algo que
também acontecerá, sei, assim como você também sabe. A
hierarquia dos lobos está um completo caos. Pelo o que
vi, haverá guerra entre seu próprio povo, mas você já
sabia disso.
Ela afirma com a cabeça. Sorrio e olho para o céu
estrelado.
— Eu sempre fui usada... Desde pequena. Sempre
estive nas guerras de outras pessoas, eu nunca tive uma
família de verdade, não desejaria isso para criança
alguma.
Falo, enquanto olho a sua barriga, sei que há vida
ali. Embora os lobos pensem que não, sei, e Lua também
sabe. Continuo a dizer:
— Este é o endereço de uma bruxa de confiança, e
este – entrego uma das ogivas que Suzana tinha feito para
mim, elas eram capazes de apagar memórias, mas,
também, com a bruxa certa, poderiam ser capazes de se
transformar em outras magias, era uma magia muito
poderosa –, é um presente para você.
À noite, aconteceu o enterro de Priscila, todos
vestidos de branco, enquanto o corpo da jovem mulher era
queimado em uma fogueira. Vejo Ian se isolar, ir embora.
Sei o que Luana precisa fazer, só não sei se terá
coragem o suficiente para isso.
Capítulo 33 – Despedidas
Luana
*****
Encontro com Manu na floresta, ela me olha.
— Eu sabia que iria embora – é a primeira coisa
que diz. Sento-me em uma árvore caída e ela me
acompanha. – Não posso te pedir para que fique, Lua –
ela continua –, mas saiba que tudo já mudou, e você foi a
responsável por isso, nós não deixaremos que as coisas
voltem ao que era, nós teremos um lugar, Alfa, isso eu te
prometo. Vá, faça o que tem que fazer, o que precisar ser
feito, sua matilha irá aguardá-la.
Levanto-me sem dizer uma palavra, mas Manu
continua a falar:
— Só... se deixá-lo aqui, ele morrerá. Sabe disso,
não é?
Sim, eu sei, por isso que mudo o caminho das
minhas pernas e vou ao encontro de Ian.
Megan
Luana
Ravi
Noah
*****
Noah,
Hoje eu sei do que o nosso povo precisa, eles
precisam de um Supremo, de um Alfa. Não de um marido,
não de um amante, não de alguém que coloque a segurança
de sua companheira acima da união da matilha. E eu
também preciso disso, embora me dilacere por dentro,
preciso que seja o líder, acima de ser meu, seja deles.
A nossa espécie brigará, terá guerra, você sabe,
eu também sei. Os Alfas das outras matilhas se unirão
contra você, lutarão entre si e conseguirão fazer o que os
humanos nunca conseguiram, conseguirão que a nossa
espécie seja extinta.
Enquanto eu estiver por perto, a minha segurança
sempre interferirá no seu julgamento, nos seus atos. E se
fosse só por mim, Noah, não me incomodaria em te ter só
para mim, não me incomodaria em ter o tempo presente
com você. Um dia com você já seria o suficiente para dar
sentido a toda a minha existência. Mas eu carrego um ser,
uma menina, nossa filha. E eu, talvez pela primeira vez,
esteja pensando nela também. Pela primeira vez, eu não
estou à frente em uma guerra, colocando-e em risco, estou
fugindo disso para protegê-la, acho que isso é meio que
ser mãe também. Por ela, Noah... Ela, que merece ter uma
infância sem saber o que é dor, merece conhecer o mundo
sem rótulos e sem preconceitos para com o seu gênero,
nossa menina merece ter um lar seguro, merece acordar
todo dia sem ter medo do amanhã. Porque o tempo
presente seria o suficiente para mim, mas não para ela,
não para ela, que ainda nem nasceu. ELA MERECE UM
FUTURO.
Sei que não tenho a moral de te pedir algo como
sua companheira, já que isso é uma despedida, um até
logo. Mas te peço algo, em nome da matilha e em nome da
nossa menina: Dê orgulho ao nosso povo, faça com que
eles, todos eles, homens e mulheres, sintam orgulho
daquilo que são, transforme as matilhas em uma única
PRIDE! Transforme a matilha em um local seguro para a
nossa filha viver, vença as guerras, lute, seja forte, faça o
que tiver que ser feito. Porque, às vezes, alguém precisa
sujar as mãos, meu amor, eu sei e tenho certeza de que
você, mais do que ninguém, também sabe disso.
Nós voltaremos para você, eu te prometo isso. E,
neste tempo, sobreviva. Faça isso por nós. Eu te deixei um
presente, você só precisa abrir os olhos e enxergá-lo,
fique com ele, ame-o, ensine-o, ele merece alguém como
você para amá-lo.
Eu te Amo.
Sempre Sua,
Lua.
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Luana
Raquel
Luana
Noah
Luana
Às vezes, a dor que sinto com a falta de Noah é
tanta... Sinto falta dele, do seu cheiro, do seu corpo. Sinto
falta de quem eu sou quando ele está por perto.
Mas sei o que está acontecendo nas matilhas, e
não posso expor a minha princesinha a isso. Olho minha
pequena, que já está com oito anos, e sorrio, ela é linda...
Contos
Luana
Noah
Raquel
Noah
Sarah