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PARECER JURÍDICO
O PACTO FEDERATIVO E A CONSTITUCIONALIDADE DO “IMPOSTO
IBS” NA ORDEM CONSTITUCIONAL BRASILEIRA
VITÓRIA
2019
1 RELATÓRIO
2 FUNDAMENTAÇÃO
Mais do que isso, a extinção de impostos próprios da União, dos Estados e dos
Municípios fere a autonomia dos entes. Isso porque essa autonomia passa pela
possibilidade de cada ente poder utilizar a tributação como instrumento de política
econômica, o que depende de terem tributos próprios. Assim, como expõe ROCHA
(2019), a proposta analisada seria inconstitucional em diversos pontos, pois limita a
competência dos entes de fixarem suas alíquotas e concederem benefícios fiscais.
Além disso, em São Paulo, por exemplo, o governador João Dória, temendo um
aumento no número de desempregados com a crise das montadoras de veículos,
ofereceu uma redução de 25% do imposto para essa atividade 1. Nesse sentido,
segundo o advogado tributarista Samir Nemer, muitos estados e municípios
dependem diretamente dessa possibilidade de conceder incentivos fiscais. O
Espírito Santo, por exemplo, rodeado por estados gigantes economicamente,
dificilmente teria contas equilibradas na ausência de benefícios fiscais2.
3 CONCLUSÃO
Pois restringe a atuação dos entes no que tange a estipulação das alíquotas e
concessão de benefícios fiscais, atribuições fundamentais à gestão de cada ente
federado. Restringi-los, nesse sentido, prejudicaria o desenvolvimento e equilíbrio
dos entes, além de impedir que, por meio da finalidade extrafiscal do tributo,
diversos comandos constitucionais sejam melhores atendidos. Assim, cerceia-se um
aspecto essencial do federalismo brasileiro: a autonomia de cada ente federado.
Diante dessas razões, à luz do art. 60, § 4º, da Constituição Federal de 1988, que
veda propostas de emenda à Constituição que tendem a abolir a forma federativa de
Estado, entende-se que a Proposta de Emenda à Constituição 45/2019 é
inconstitucional. Isso porque ela, ao dar proeminente poder de decisão à União em
questão que envolve também interesse regional e local e ferir a autonomia f dos
entes federados, atinge o núcleo essencial da Federação brasileira. Assim, constata-
se que a proposta, ao ter sua constitucionalidade aferida, deve ser reprovada pela
Comissão de Constituição e Justiça.
É o parecer.
REFERÊNCIAS
ASSIS, Karoline Marchiori de. Segurança jurídica dos benefícios fiscais. 2013.
Tese (doutorado) – Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2133/tde-13062014-155055/pt-br.php>.
Acesso em: 06 out. 2019.