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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

Helloíny
José Maria dos Santos Jorge
Luciane Rego de Oliveira
Maria Alvina Ferreira de Moura
Marinisia Gomes de Jesus
Wallace Neris

1ª GERAÇÃO DO ROMANTISMO
Goiânia

07 de abril de 2019

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

CURSO DE LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA

Helloíny
José Maria dos Santos Jorge
Luciane Rego de Oliveira
Maria Alvina Ferreira de Moura
Marinisia Gomes de Jesus
Wallace Neris

1ª GERAÇÃO DO ROMANTISMO
Trabalho solicitado pela professora
Elizete Albina Ferreira, ministrante da
disciplina de Literatura Brasileira II, com
o objetivo de explanar a respeito da
primeira geração do romantismo e
também sobre os autores Gonçalves
Magalhães e Gonçalves Dias e suas
obras.
GOIÂNIA
07 de abril de 2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................4
2. CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL...........................................5
3. A IMAGEM DO ÍNDIO NA POESIA DE GONÇALVES DIAS......7
4. GONÇALVES DE MAGALHÃES.......................................................
5. GONÇALVES DIAS..............................................................................
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................
INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho percorrerá ao contexto histórico-cultural do período em que


surgiu a primeira geração romântica, discorrerá acerca deste período e como a imagem
do índio aparecia na poesia de Gonçalves Dias. Uma detalhada biografia do autor será
feita, assim como a de Gonçalves Dias, mostrando a importância de cada um na geração
romântica, suas principais obras e também será apresentada uma análise de uma das obras
de cada autor. Acreditamos que a apresentação, juntamente com o trabalho escrito, amplie
e aprofunde o entendimento dos colegas a respeito da primeira geração do romantismo,
bem como a escrita dos autores pesquisados e sua influência para o período.
CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL

Em se tratando do contexto histórico-cultural, é possível dizer, primeiramente, que


a primeira geração do romantismo no Brasil correspondeu ao período de 1836 a 1852.
Como pode-se notar, refere-se a um período recente à independência do país, trazendo
esse marco como influência para as obras como acontece em Suspiros Poéticos e
Saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães. Essa obra, inclusive, é considerada como
o marco inicial da primeira geração romântica no Brasil, já que o autor procurou criar e
consolidar uma literatura nacional para o país, buscando e definindo uma identidade
nacional. Como diria a professora licenciada em Letras, Daniela Diana, a respeito dessa
busca pela identidade nacional:
No contexto histórico, a recente Independência do Brasil,
absorvido pelo pensamento nacionalista-ufanista do país, fez
com que os escritores deste período buscassem temáticas que
definissem a identidade nacional. Por esse motivo, o tema do
índio é muito explorado nessa fase, conhecido por
“Indianismo”. (DIANA, Daniela, licenciada em Letras pela
Unesp)

Os escritores da época notadamente sentiram necessidade de afastarem-se dos


moldes europeus, buscando uma arte que fosse a cara do Brasil. Para atingirem tal
objetivo, exploraram bastante o campo da linguagem, do povo, das regiões do país, entre
outros. E antes mesmo desses ideais se popularizarem, Domingos José Gonçalves de
Magalhães (1811-1822), já apresentava alguns traços do toque nacionalista em Poesias
(1832), e assim que o autor viaja para a Europa, escreve uma “Carta”, decalcada na de
Souza Caldas de 1790, rejeitando o uso da mitologia. Em sua obra considerada fundadora
do romantismo brasileiro, Suspiros Poéticos e Saudades (1836), o patriotismo é ainda
mais presente em seus poemas, assim como a exaltação da natureza e a religiosidade,
retomando aos aspectos morais religiosos, como é possível ver no seguinte trecho:

“ A despeito do mundo, e dos sentidos


Nem sempre verdadeiros. Tu revelas
Sacras verdades aos humanos úteis,
Que fora de teu grêmio embalde o homem
Orgulhoso procura; ao desgraçado
Oculta mão estendes caridosa:
Sempre consoladora, afável sempre,
Que mal há aí, que em ti cura não ache?”
Gonçalves de Magalhães, ainda em sua obra, escreve vários poemas sobre a
independência do Brasil, não somente enaltecendo a natureza e sua pátria, como também
assegurando estar, na voz do eu lírico, com saudades de seu país. Isso pode ser visto no
trecho “Oh margens do Janeiro, Eu me ausento de vós com mágoa e pranto!”, do poema
“Adeus à Pátria”, se referindo ao período em que o autor encontrava-se na Europa. Apesar
de todas as influências europeias que ele poderia ter se espelhado, optou por valorizar de
forma ímpar os elementos do seu lugar de origem. Por essa razão, tornou-se o fundador
do romantismo no Brasil, inaugurando assim, a primeira geração romântica. No entanto,
quem terá mais representatividade, principalmente no âmbito indianista, é Antônio
Gonçalves Dias, apresentando a imagem do índio em suas poesias, como será melhor
abordado a seguir.
A IMAGEM DO ÍNDIO NA POESIA DE GONÇALVES DIAS

Tendo em vista o que afirma Bosi, nos primeiros cantos na poesia de Gonçalves
Dias, é nítido no autor, a consciência política e o seu posicionamento diante do destino
atroz que aguardava as tribos indígenas, mal descessem os brancos de suas caravelas.
Em meados de 1847, Gonçalves Dias publicou os Primeiros Cantos, livro de poesias que
tem como abertura o poema ¨A canção do exílio¨. O livro lhe trouxe a fama e a admiração
de Alexandre Herculano e do Imperador D. Pedro II.
Alguns dos poemas dos Primeiros Cantos, porventura os melhores, repunham em a nossa
poesia o índio nela primeiro introduzido por Basílio da Gama e Durão. Era essa a sua
grande e formosa novidade. Nos poemas daqueles poetas não entrava o índio senão como
elemento da ação ou de episódios, sem lhes interessar mais do que o pediam o assunto ou
as condições do gênero. Nos cantos de Gonçalves Dias, ao contrário, é ele de fato a
personagem principal, o herói, a ele vão claramente as simpatias do poeta, por ele é a sua
predileção manifesta.
A partir dos Primeiros Cantos, o que antes era tema – saudade melancolia, natureza,
índio – se tornou experiência, nova e fascinante, graças à superioridade da inspiração e
dos recursos formais.
Na época, a concepção artística do Romantismo ainda não tinha evoluído no verdadeiro
sentido da técnica. Entretanto, em Gonçalves Dias, nota-se uma consciência maior. Como
vimos, os Primeiros Cantos vêm prefaciado pelo autor que se autodetermina a
menosprezar "regras de mera convenção", a adotar "todos os ritmos da metrificação
portuguesa", usando deles "como me pareceram quadrar com o que eu pretendia
exprimir", de tal modo que compreende a Poesia como o casamento do "pensamento"
com o "sentimento". Portanto, não se pode negar o alto grau de conscientização artística
que existia em Gonçalves Dias.
Primeiros Cantos, obra de poesia lírica e intimista, é elogiada por Herculano, fato
que por si só já lhe vale a consagração na época. Inclusive, com ela se patenteou e se
consolidou o Romantismo Brasileiro.
É nesse livro que se encontram o "Canto do Guerreiro", o "Canto do Piága", o "Canto do
Índio", o "Tabyra", e tantas outras poesias de um exaltado americanismo.
Em "O Canto do Guerreiro", o primeiro poema indianista de Primeiros Cantos, a narração
é conduzida pelo índio, cujos versos afirmam uma concepção de valor da condição
indígena que irá distinguir o traço determinante da personalidade desses povos e se
constituir em marca de toda a representação do índio na poesia de Gonçalves Dias: a
dignidade da condição de homem livre, que só se desfaz com a destruição e a morte:

“Aqui na floresta
De ventos batidos,
Façanhas de bravos
Não geram escravos
Que estimem a vida
Sem guerra lidar”

O índio se deixa enganar, mas não escravizar, resiste, sua resposta à tentativa de
escravização é a luta, ainda que esta, lhe custe a destruição e a morte. A luta é condição
maior, fator de dignidade e justificativa da existência da nação indígena. É ela que
tempera o guerreiro, que prepara o forte, como na "Canção do Tamoio":

“Não chores, meu filho;


Não chores que a vida
É luta renhida;
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar”

Portanto, a vida é uma epopeia constante, na qual só há lugar para os fortes, única
condição de sobrevivência das nações indígenas. O uso da forma épica, adaptada às novas
condições, revela a grande preocupação de Gonçalves Dias: não deixar que caiam no
esquecimento as grandes tradições dos nossos índios, as raízes nativas da pátria. O
objetivo central da epopeia é perpetuar na memória das gerações futuras a imagem do
passado heroico nacional, no qual (como nos mostra Mikhail Bakhtin) estão os ancestrais,
os pais, os fundadores, os primeiros, os melhores. E isto só é possível por meio da
atualização daquelas imagens elevadas na memória do presente, e como tais imagens se
construíram na vida-combate, na luta, impõe-se enaltecê-la, pois o combate só exalta os
bravos, expandindo sua imagem e perpetuando-a na memória das gerações futuras, como
diz o guerreiro tamoio:

“Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos teus na lembrança
Na voz do porvir”

Eis a estratégia do poeta: perpetuar na lembrança da nação, na voz do porvir,


aqueles feitos que, elevados, têm qualidade épica porque são a continuidade do código de
valores dos ancestrais e fundadores de uma nação:
“E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.”

DADOS BIBLIOGRÁFICOS DE GONÇALVES DE MAGALHÃES

Segundo o site da InfoEscola, Gonçalves de Magalhães (1811-1887), nasceu em


1811, em Niterói no Rio de Janeiro. O seu nome completo é Domingos José Gonçalves
de Magalhães, conhecido assim como professor, médico, político, ensaísta, diplomata e
entre outras profissões que ele exerceu. Batizado como barão e visconde Araguaia pelo
rei D. Pedro II, pela sua atuação diante da defesa das questões nacionalistas e ufanista do
país em relação a independência que o brasil conquistara, de tal modo o autor se engajou
em trabalhar uma literatura que pudesse se desvincular da dependência e moldes
europeus, ou seja, criar uma nova literatura brasileira no romantismo, logo então em um
momento em que o romance se encontra em ebulição diante de todo o contexto industrial
e revolução francesa na Europa. Então a partir de suas influências com o contato com o
romantismo na França, trouxe para o brasil uma espécie de receita para criar uma nova
literatura. Em Paris conseguiu publicar um manifesto do romantismo e também sua obra
em 1836, ´´ Suspiros poéticos e Saudades, o qual foi um marco para o romantismo
brasileiro. Além disso, o autor traz suas referências indianistas calcando na figura do índio
brasileiro e como tal, um herói nacional. Entretanto sofreu críticas por seus colegas de
literatura por compor suas bases da sua obra, ´´A confederação dos tamoios``, nos moldes
de o – Guarani- replicando o Arcadismo. De todo modo, em Suspiros poéticos e Saudades
traz marcas da primeira fase do romantismo, como religião, individualismo,
nacionalismo, patriotismo, sentimentalismo e menção da infância.
Gonçalves Magalhães traz uma nova perspectiva na estética, e também símbolos de
uma autonomia política do Brasil em relação a sua dependência com Portugal. Por um
lado, enfatiza uma luta junto aos espanhóis contra a expulsão dos portugueses nas regiões
do Rio e São Paulo, em contrapartida, enaltece a figura do índio.
Gonçalves Magalhães é considerado assim, então, como o patrono do romance
brasileiro e também do teatro, pois criou peças teatrais como: Antônio José ou O poeta e
a inquisição, além da novela Amância.
Como obra de Gonçalves de Magalhães a ser analisada, seguimos com o seguinte
trecho do poema A Confederação dos Tamoios:
Como da pira extinta a labareda.

Ainda o rescaldo crepitatante fica,

Assim do ardente moço a mente acesa


Na desusada luta que a excitara,

Ainda, alerta e escaldada se resolve!

O poema “A Confederação Dos Tamoios”, traz a figura do índio como um


antiescravista, que luta pela liberdade. A figura do lusitano se contrapõe a figura do
índio, esse poema causa grande polêmica devido ao seu caráter paradoxal que celebra o
índio e o catequizador, é um poema épico, porém não possui apenas um ponto de vista
chegando a ser criticado por José de Alencar e defendido por Monte Alverne e o
imperador Pedro Segundo. Foi publicado em 1856, e tem um senário, que é luta travada
entre os índios e os portugueses, a presença da morte é constante assim como a
natureza, o índio herói que morre em defesa da sua terra.

Trecho do poema A Tristeza

Triste sou como um salgueiro

Solitário junto ao lago,

Que depois da Tempestade

Mostra dos raios o estrago.

Este poema foi publicado em 1836, segundo Stéfanie Rigamont, em sua famosa
obra “Suspiros Poéticos e Saudades”, que foi o gatilho para a primeira fase do
Romance, e apesar do poema ser indianista (mostra dos raios o estrago), se refere à luta
entre lusitanos e índios, uma forte exaltação da natureza e o nacionalismo, revela
também a solidão e a tristeza por não se encontrar na sua pátria. A presença da morte já
é uma forte evidência do mal do século que tem grande influência na segunda geração
do Romance.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o que foi apresentado neste trabalho, conclui-se que a primeira
geração do romantismo no Brasil, teve seu início com a publicação de Suspiros Poéticos
e Saudades, de Gonçalves Magalhães em 1936. Essa geração é confundida entre período
nacionalista e período indianista, uma vez que a pátria; exaltação da natureza, abordagem
sobre o povo e sobre as regiões do país são exploradas pelos escritores da época. Um dos
principais escritores, além de Gonçalves Magalhães, foi, entre outros Gonçalves Dias, de
caráter indianista. Acreditamos que com as análises feitas das obras de cada um, sua
biografia, o contexto histórico-cultural, e a imagem do índio na poesia de Gonçalves Dias,
o entendimento sobre a primeira geração do romantismo tenha ficado mais claro e que
mais pessoas busquem estudar sobre o período.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CANDIDO, Antônio. O romantismo no Brasil. Humanitás, São Paulo: 2002

FATES, Ivete Huppes. História da Literatura em Portugal e no Brasil: Gonçalves de


Magalhães e o Teatro. Disponível em:
<http://www.pucrs.br/fale/pos/historiadaliteratura>. Acesso dia 07/04/2019 às 18h.

MAGALDI, Sabato. Panorâma do Teatro Brasileiro. Global Editora. São Paulo: 1997

MACHADO, Alcântara. Gonçalves de Magalhães o romântico arrependido. Saraiva


e Cia. São Paulo:1936

MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves. Antônio José ou o Poeta e a Inquisição.


Rio de Janeiro: 1839

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: 1995

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura lrasileira. Cultrix, São Paulo: 1975

Wikipédia: Golçalves de Magalhães. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Gon%C3%A7alves_de_Magalh%C3%A3es?fbclid=IwA
R33HFrA7qKHky1kVgNmhamqjPIB47cZvvWcZ4fFmfGxEA2AEaNTJDFst24>
.Acesso dia 11/04/19 às 15h.

MOREIRA, D. F. F. InfoEscola: Gonçalves de Magalhães. Disponível em:


<https://www.infoescola.com/biografias/goncalves-de-
magalhaes/?fbclid=IwAR2_8EffkN_pp_EDdCVmlmd0CwoJXe5obRBZSnQ8FPbhevQ
XgVCLXPKsLIg> Acesso dia 11/04/19 às 15h.

RIGAMONT, Stéfanie: A Confederação dos Tamoios. Blogspot.com Disponível em: <


https://stefanierigamontiblog.wordpress.com/2017/02/03/dica-de-livroresenha-a-
confederacao-dos-tamoios-goncalves-de-magalhaes/> Acesso dia 11/04/19 às 8h.

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