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DO SÍTIO PARA A CIDADE

Cícero Manoel (Cordelista) –( Sítio Ilha Grande, Santana do Mundaú-AL, 28 de julho de 2013)

Vendi meu taco de terra Tenho saudade do campo Com o dinheiro da venda
E vim morar na cidade, Do meu lindo riachinho, Da terra e dos animais,
Aqui eu não tenho paz, Sinto saudade de ouvir Aqui comprei uma casa
Não tenho felicidade, O cantar de um passarinho, Que roubou a minha paz,
Do meu rancho lá no sítio Me lembrando do meu sítio Desse dinheiro um real
Só me resta a saudade. Aqui eu choro sozinho. Hoje eu não tenho mais.

Eu tinha muita vontade Foi uma grande burrice A terra que eu vendi
De a cidade conhecer, Minha terra eu vender, Não posso hoje mais comprar,
Então vendi minha terra Nessa imensa cidade Também não tenho dinheiro
E aqui eu vim viver, Está ruim de viver, Pra comprar noutro lugar,
Mas de arrependimento Queria voltar pro sítio Digo muito magoado
Com certeza vou morrer. Onde eu sentia prazer. Aqui vou me acabar.

Lá eu criava galinha, Aqui só tem violência, Com mágoa no coração


Pato e porco no chiqueiro, É tiro pra todo lado, digo sem felicidade:
Criava peru, guiné, Se alguém vai comprar um pão Queria voltar pro sítio
Bode, cabra e carneiro, Na esquina é assaltado. Mas essa é a verdade...
Um sabiá cantador À noite aqui nas ruas Vou morrer arrependido
E um cachorro perdigueiro. Só tem ladrão e tarado. Nas ruas dessa cidade.

Lá no sítio eu criava Aqui é grande a zoada


Uma vaquinha malhada, De carro abalando o chão,
Um cavalo corredor E lixo pra todo lado,
Pra eu fazer cavalgada, Esgoto, poluição...
Um jegue e um velho burro Aqui não tem o ar puro
Pra levar carga pesada. Que eu tinha no meu torrão.

A um rico fazendeiro Minha velha todo dia


Tudo que eu tinha vendi, Chora pra se acabar
Botei as roupas num saco Lembrando dos animais
E pra cidade parti Que lá chegava criar
Hoje meu coração dói Hoje o seu maior sonho
Muito me arrependi. É para o sítio voltar.

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