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POLICIA MILITAR DA BAHIA


CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS
CORRESPONDÊNCIA POLICIAL-MILITAR

NOTA EXPLICATIVA

Esta Apostila tem como base alguns capítulos o Manual de Redação Policial-
Militar, da autoria do Cap PM Paulo César Luz Nunes, cuja observância é
recomendada no âmbito de toda PMBA, por força do Boletim Geral Ostensivo
(BGO) n. 168, de 3 de setembro de 2002.
Ressalte-se que o autor do referido Manual consentiu, expressamente, na
reprodução parcial de alguns de seus trechos, acrescida de algumas adaptações,
sem fins lucrativos e, tão somente, para específico uso didático pela CFAP.
Quaisquer consultas complementares poderão ser feitas no bojo da própria obra.
O módulo Correspondência Policial-Militar é resultante da transformação dos
módulos Língua Portuguesa I e II, o que veio a valorizar o estudo do Português
instrumental, isto é, o Português voltado para a atividade eminentemente prática
dentro da Polícia Militar.

Os Organizadores

CAP PM PAULO CÉSAR LUZ NUNES


1º TEN PM KARINA NASCIMENTO SANTANA
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1.REDAÇÃO TÉCNICA

A redação técnica se difere da literária pelo fato de que esta última valoriza o feitio
artístico da composição por intermédio dos três principais gêneros de composição em
prosa (descrição, dissertação e narração).
Toda composição que deixe de lado o plano artístico da frase preocupando-se
preferencialmente com a objetividade, a eficácia e a exatidão da comunicação temos,
então, a redação oficial ou redação técnica.
A correspondência militar é o tipo de comunicação oficial peculiar às forças militares da
União. Sendo assim, a comunicação oficial peculiar em nossa instituição é a
correspondência policial-militar. Temos como base o Manual da Presidência e as IG-10-
42.
DESCRIÇÃO
Redação Literária DISSERTAÇÃO
NARRAÇÃO

COMUNICAÇÃO OFICIAL
Redação Técnica Ex: Diário Oficial
da União,
CORRESPONDÊNCIA POLICIAL-MILITAR.
Ex: Jornal local
Ex: BGO, BIO, Livro de Parte, Ofício, etc

2. ESTUDO DO OFÍCIO

2.1 INTRODUÇÃO

A estrutura do ofício pode ser dividida em três partes, quais sejam:


• Parte I – divide-se em timbre, a numeração, o local, a data e o vocativo;
• Parte II – compreende o texto propriamente dito;
• Parte III – corresponde ao fecho, assinatura e identificação do signatário e o
destinatário.

2.2 TIMBRE

A folha de papel com o brasão da PMBA é que nos dá a idéia de oficialidade ao


documento. Este brasão ( que simboliza o papel timbrado anteriormente) deverá estar
centrado na margem superior do documento com os dizeres apostos logo abaixo dele.
Quando se tratar de documento de uso interno (entre unidades da própria corporação)
poderemos utilizar o brasão, logomarca ou signo da própria unidade a que pertence.
Exemplo disto as Companhias Independentes que possuem logomarca própria contudo,
evitar usá-las juntamente com o brasão da PMBA para não caracterizar um carnaval de
figuras coloridas no alto da folha.
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Quando se tratar de comunicação para fora da instituição recomenda-se o uso tão


somente do brasão da Polícia Militar, por se tratar de referência específica da nossa
instituição como um todo para outro órgão não pertencente a ela.

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA


CPC CORRETO
15ª CIPM

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA


CPC
15ª CIPM
CORRETO
TAMBÉM

2.3 A NUMERAÇÃO DO DOCUMENTO

A seqüência a ser seguida deverá começar no dia 1º de janeiro de cada ano e encerrado
no dia 31 de dezembro, perfazendo uma ordem natural dos números inteiros.
Preenche-se, alinhando à margem esquerda do documento e logo abaixo do timbre, a
palavra “Ofício”, seguida da numeração (barra ou traço) e a sigla da seção, divisão ou
gabinete no qual o expediente foi gerado. Seguem exemplos abaixo:

Ofício n.º 001/DF OU Ofício n.º 001/DF

TRADUÇÃO (Ofício n.º 001, oriundo do Departamento de Finanças da PMBA).

Ofício n.º 010/UAAF OU Ofício n.º 010-UAAF

TRADUÇÃO (Ofício n.º 010, expedido pela Unidade de Apoio Administrativo


e Financeiro de uma Unidade).

Obs- Quando se tratar de documento circular, deverá ser indicado em caixa alta logo
após a seção originadora, a exemplo:
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Ofício n.º 010/UAAF-CIRCULAR

2.4 O LOCAL E A DATA

Configuram a certidão de nascimento do documento. O término dela deve coincidir com


a margem direita da folha. Devemos sempre lembrar destas três observações
importantíssimas:
• Apesar de nome próprio, o mês deve ser grafado com letra minúscula;
• Não se deve esquecer do ponto final após o ano;
• O nome da cidade não precisa ser seguido da sigla do estado. (Ex – Salvador/ Bahia,
15 de junho de 2009) Evite esta redundância.

2.5 O VOCATIVO

Oriundo da palavra invocação, o vocativo serve para chamar a atenção ou invocar uma
pessoa a que observe o que você pede. Deverá estar disposto acompanhando a margem
esquerda do PARÁGRAFO ( e não da folha) e com o pronome de tratamento devido
àquela autoridade. (Obs – Lembrar-se de que apenas o Comandante Geral da PMBA
recebe o tratamento de V.Exª ou Excelentíssimo Senhor enquanto que todos os outros
abaixo dele são tratados de V.S.ª ou Senhor)
É importante lembrar que preferencialmente deverá ser escrito por extenso este
tratamento e, ao final do vocativo, poderá se utilizar de (:), (.) ou (!), sendo mais
apropriado o uso de (,) ao final, por ser parte integrante do texto propriamente dito.

Salvador, 22 de abril de 1500.

Senhor Diretor,

VOCATIVO

2.6 O TEXTO

Devemos observar cinco características importantes no texto a ser escrito:


• Precisão – o conteúdo deve ser direto e objetivo, evitando várias interpretações;
• Clareza – conterá vocábulos simples, sem rebuscar muito, contudo não deverá ser
vulgar no seu conteúdo;
• Correção gramatical – um bom texto não pode conter erros de ortografia. Com a
figura do computador em nossas vidas passamos a não corrigir palavra por palavra
do que foi escrito pois, no “Word”, temos a correção ortográfica automática,
embora nem sempre ele capte todas as incorreções executadas no ato da digitação;
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• Desdobramento – O texto deverá ser numerado parágrafo por parágrafo. Caso


necessitemos de subdivisões destes parágrafos, teremos:

1. Parágrafo
a. subparágrafo
1) alínea
a) alínea

2. Parágrafo

3. Parágrafo

2.7 O FECHO

O objetivo do fecho é o arremate do texto e a saudação final ao destinatário sendo


assim, não virá cheio de expressões supérfluas e descartáveis. Outrora se usavam fechos
de cortesia com os seguintes dizeres:
• Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos do meu
mais elevado respeito,
• Com elevada estima e consideração, subscrevo-me,
• Cordiais saudações,

Estes exemplos, bem como outros em uso ainda, estão arcaicos pois o Manual da
Presidência (6 de março de 1992), através do Decreto 100.000 instituiu a Instrução
Normativa n.º 4, tornando obrigatória sua utilização por todos os órgãos da
Administração Pública. Nele se estabelece o uso do vocábulo “respeitosamente” para
as correspondências dirigidas às autoridades de hierarquia superior à do subscritor do
ofício (quem assina). Em contrapartida, prescreve o termo “atenciosamente” para
autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior a de quem assina.
Vale ressaltar que as IG 10-42 (Instruções Gerais para Correspondência, Publicação e
Atos Normativos do Ministério do Exército), foram atualizadas até 1996 e ratificam o
uso desses dois termos.
No BGO de n. º 177, publicado em 20 de setembro de 1991, adotou-se o vocábulo
“cordialmente” para correspondência mais formal, e “atenciosamente” para a
correspondência menos formal. Acontece que o Manual da Presidência foi instituído um
ano após e, por se tratar de Decreto Presidencial, tem precedência quanto à matéria,
revogando tais dispositivos.
Sempre utilizaremos a vírgula após o fecho pois este faz parte da oração que compõe a
assinatura do signatário, caracterizado pelo adjunto adverbial deslocado. Devendo,
preferencialmente, ser centralizado no corpo do texto e logo acima da assinatura.

A oração original seria a seguinte: “Subscrevo-me atenciosamente Fulano de Tal”.


Como ocultamos o verbo, pois existe a assinatura posposta, deslocamos o adjunto
adverbial (Atenciosamente) que inicia a frase e é separado por vírgula do assinante
(Fulano de Tal), ou seja:

Atenciosamente,
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(assinatura)
Fulado de Tal
(cargo)

2.8 ASSINATURA E IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO

2.8.1 ASSINATURA NO IMPEDIMENTO E POR DELEGAÇÃO

A diferença é basicamente a seguinte:


POR DELEGAÇÃO – decorre de uma prévia delegação de poderes em que, o titular
do cargo ou função, confere ao subtitular a responsabilidade de assumir em seu lugar
por tempo determinado ou, ao menos, sabido. Essa delegação, por conter o Princípio da
Publicidade da Administração Pública, deverá ser oficializado em documento próprio,
no nosso caso, em BIO ou BGO (conforme a situação ou o órgão). Exemplo:

Respeitosamente,

(assinatura)
CARLOS AMBRÓSIO PINTO PACA – MAJ PM
Comandante

Por delegação:

(assinatura)
MARCOS PINTO MEIA PACA – CAP PM
Subcomandante

NO IMPEDIMENTO - origina-se pela ausência fortuita do titular que deveria


subscrever o documento. Note-se que, neste caso, não existe delegação de poderes. A
ausência é momentânea e sem limite temporal específico. Exemplo:

Respeitosamente,
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No impedimento(MANUSCRITO) PREENCHIDO
CARLOS AMBRÓSIO PINTO PACA – MAJ PM MANUSCRITO EM LETRA
Comandante DE FORMA OU DIGITADO

(assinatura do substituto)
MARCOS PINTO MEIA PACA – CAP PM
Subcomandante

No Manual de Redação Policial-Militar, de autoria do CAP PM Paulo César Luz Nunes,


orienta-se preencher da forma acima descrita:
• Coloca-se manuscrito acima da assinatura do titular a expressão “No
impedimento”;
• Escreve-se em letra de forma, abaixo da digitação, e de próprio punho o seu nome
completo, função e assina.

Diferente do que ele expressa em seu manual, entendo que a maneira usual que
empregamos neste caso seria mais coerente:

• Assinatura do substituto no nome do titular, logo após das iniciais “N.I.”,


simbolizando: No impedimento.
• Compreendo que não se deve escrever, mesmo que em letra de forma, o nome
completo do substituto pois caracterizaria alteração de documento já confeccionado,
bastando apenas a assinatura deste no lugar daquele com as iniciais N.I., bem como
a Matrícula do servidor através de carimbo próprio para caracterizá-lo futuramente,
se for o caso.

2.8.2 ASSINATURA DE SUBSTITUTO INTERINO E RESPONDENDO PELO


COMANDO

Tanto um como o outro deverá conter o nome completo apenas de quem substitui (seja
interinamente ou respondendo pelo cargo, chefia ou função) e abaixo do nome a
situação em que ele se encontra.
Difere das situações acima expostas (Por delegação e No impedimento) pelo fato de
que, antes tínhamos um chefe ou Comandante que estava ausente de suas funções, seja
fortuitamente ou não. Nas situações abaixo, temos alguém que assume função de outro
que foi exonerado do cargo, ou seja, temos uma situação de vacância que deverá ser
preenchida por alguém abaixo daquele e que responda efetivamente pelas atribuições.
Não teremos o retorno daquele mesmo titular e sim aguardaremos que outro, da mesma
patente ou graduação do anterior, possa assumir o cargo enquanto que o vice-titutar
responde efetivamente. Exemplo:
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(assinatura do substituto)
MARCOS PINTO MEIA PACA – CAP PM
Cmt. Int.

OU

(assinatura do substituto)
MARCOS PINTO MEIA PACA – CAP PM
Resp. p/ Cmd.º

O que difere o substituto interino do que responde pelo comando, chefia, etc. é apenas o
fato de que, no primeiro caso, o substituto tem noção de que assumirá temporariamente
o cargo e que outra pessoa (do mesmo posto que o titular anterior) já está praticamente
delineada para assumir a função legalmente. Já quem responde pelo comando, chefia,
direção não tem a noção de quem irá assumir definitivamente o posto, sendo assim,
embora seja de patente ou graduação inferior ao cargo que ocupa, este assume
(responde) como se fosse o titular indefinidamente no tempo.

2.9 O DESTINATÁRIO

É a autoridade receptora do documento, a quem se destina a mensagem do ofício.


Anteriormente preenchíamos da seguinte maneira:

Do: Cmt do 14.º BPM


Ao: Ex. m.º Sr. Cel PM Cmt Geral

Deixou de praticar tal forma em face do Manual da Presidência que, sabiamente, desfez
tal redundância (já que o signatário irá assinar ao final do documento) e deslocou o
destinatário para o final do texto da primeira folha e acompanhando a margem esquerda
do papel. Deve-se preencher a forma de tratamento por extenso, nome completo do
destinatário, função ou cargo que ocupa, e o endereço a quem se destina, se possível
com o CEP. Verifique modelo abaixo:

Ao Senhor Cel PM Victor Taranto Filho


Comandante do 55.º BPM
Quartel de Pirapora
40.565.333 - Bravata - RJ
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Note-se que tal forma foi melhor aceita pois dobrando-se o documento em três partes,
teremos o endereço e destinatário como frente do documento a quem se destina,
grampeando as laterais e enviando-a desta maneira.

OBS: OS NOMES USADOS NOS MODELOS SÃO FICTÍCIOS.

POR FIM SEGUE MODELO DE OFÍCIO CONTENDO TODAS AS


CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA O FIEL CUMPRIMENTO A QUE SE
DESTINA:
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Esta primeira parte da apostila foi desenvolvida pelo Cap PM Diógenes de Medeiros Rocha,
Instrutor de Correspondência Policial-Militar, baseando-se no Manual de Redação Policial-
Militar de autoria do Cap. PM PAULO CÉSAR LUZ NUNES.

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA


COMANDO DE POLICIAMENTO DA CAPITAL
15ª CIPM/ITAPUÃ

Ofício n º 01/UAAF

Salvador, 13 de agosto de 2007.

Senhor Comandante,

Conforme orientação desse comando, informo a V. Sª que no dia 18 do corrente


acontecerá uma operação conjunta com a Polícia Civil, SET e Juizado de Menores, com o
intuito de dimuir as ocorrências no bairro de Stella Mares.
Tal operação terá início às 14 e se estenderá até as 22 horas, sob a coordenação
deste Comando.

Respeitosamente,

RAIMUNDO MERCÊS DE SÃO JORGE – Maj PM

Comandante

Senhor Coronel PM
Sebastião da Silva Cefapiano
Comandante de Policiamento da Capital
Quartel dos Aflitos
Salvador - Bahia
MODELO DE OFÍCIO
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3 EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO

3.1 CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO


Embora os pronomes de tratamento designem a pessoa a quem se
fala, i. é, a segunda pessoa do discurso, esses pronomes levam o verbo para a
terceira pessoa, assim como, conseqüentemente, os pronomes oblíquos e
possessivos:

“Vossa Excelência não escreveu em seu discurso o motivo que o fez


renunciar”.
(Vossa Excelência: pronome de 2.a pessoa / escreveu: verbo de 3.a
pessoa / seu: pronome possessivo de 3.a pessoa / o: pronome oblíquo átono de
3.a pessoa / fez: verbo de 3.a pessoa).

No tocante aos adjetivos que se referem aos pronomes de tratamento,


assim se pronuncia o Manual da Presidência: “o gênero gramatical deve
coincidir com o sexo da pessoa a que se refere e não com o substantivo que
compõe a locução. Assim, se o nosso interlocutor for homem, o correto é
‘Vossa excelência está atarefado’; se for mulher, ‘Vossa excelência está
atarefada’, ‘Vossa Excelência deve estar satisfeita’.”

Conforme já verificamos, os pronomes de tratamento são pronomes de


a
2. pessoa do discurso, i. é, a pessoa com quem falamos (“Vossa Excelência
está muito ocupado?”); no entanto, para a 3.a pessoa, ou seja, aquela de quem
falamos, usam-se as formas Sua Excelência, Sua Majestade, etc. (“Será que
Sua Excelência está muito ocupado, João?”).

Obs.: a). Nas formas abreviadas de tratamento, há sempre um espaço


entre o ponto anterior e a letra imediatamente seguinte. Assim, em vez de
V.S.ª, use V. S.ª.

b) No envelope, as correspondências endereçadas às autoridades


tratadas por Vossa Excelência, independentemente de serem Chefes de Poder
ou não, terão a estrutura a seguir, conforme o Manual da Presidência:

Excelentíssimo Senhor Fulano de Tal


Juiz de Direito da 10 Vara Cível
a
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Rua ABC, n.º 123, 01010 –


Salvador/BA
c) Nas correspondências endereçadas às autoridades e particulares
tratados por Vossa Senhoria, deve constar o seguinte endereçamento:

Ao Senhor Fulano de Tal


Rua ABC, n.º123 01010 –
Salvador/BA

Observe, no primeiro exemplo, que, precedendo o cargo da autoridade,


não há o emprego do tratamento digníssimo (DD.). O Manual da Presidência
aboliu o uso desse termo às autoridades tratadas por Vossa Excelência.
Entende o Manual que “a dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer
cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação”.

Da mesma forma, às autoridades que recebem o tratamento de Vossa


Senhoria fica dispensado o uso do superlativo ilustríssimo (Il.mo), sendo
suficiente o tratamento Senhor. Seguindo-se essa mesma linha de raciocínio,
embora o Manual da Presidência não se posicione, torna-se desnecessário o
tratamento mui digno (MD.), antecedendo o cargo ou a função do destinatário.
Atenção: doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico, devendo
ser reservado àqueles que, de fato, concluíram o curso universitário de
doutorado.

4 ABREVIATURAS

As abreviaturas, ao lado da confecção do ofício, constituem um dos


problemas mais controversos dentro da Polícia Militar, devido ao disposto no
manual de campanha Abreviaturas, Símbolos e Convenções Cartográficas do
Exército, C 21-30, que contraria as regras existentes na ortografia oficial.

Segundo a Editoração de Publicações Oficiais, “a abreviatura é uma


forma de redução, de contração escrita das palavras. É a parte da palavra que,
na escrita, representa a palavra inteira.” Ex: Dr. (doutor), Sgt. (sargento), fl.
(folha).

É bom lembrar que, via de regra, as abreviaturas são terminadas por


um ponto e seguem com um “s” no final quando pluralizadas, bem como sofrem
variação de gênero. Exemplo: btls. (batalhões), Cias. (companhias).

As abreviaturas chamadas símbolos técnicos não têm plural: 100 Km,


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10 l.
Segundo o Aurélio, sigla “é a reunião das letras iniciais dos vocábulos
fundamentais de uma denominação ou título, constituindo meras abreviaturas.”

Ela é, então, a reunião das iniciais de um nome próprio composto de


várias palavras ou a grafia abreviada de uma locução substantiva. Ex: QCG
(Quartel do Comando Geral), DA (Departamento de Administração).

Quanto ao plural das siglas, simplesmente acrescentamos um s


(minúsculo) em seu final, sem o emprego do apóstrofo. Assim, DAs
(Departamentos de Administração), DFs (Departamentos de Finanças), PMs
(policiais militares).

Levando em consideração a Coferência de Geografia, realizada no Rio


de Janeiro em 1926, com relação às suas abreviaturas, nos estados federados
são grafadas as duas letras em maiúsculas, sendo assim temos: BA, PR,
PMBA (Polícia Militar da Bahia) e não PMBa.

5 A GRAFIA DAS HORAS

a) Nas horas cheias, escrevemos o algarismo seguido da palavra


horas por extenso: 2 horas, 8 horas, 13 horas, 20 horas. Repare que não se
acrescenta o zero à frente das horas com um só algarismo (9 horas e não 09
horas).

Obs.: O manual de redação do jornal O Globo prefere a forma


abreviada das horas: 2h, 8h, 13h, 20h (sem espaço entre o número e o
símbolo), utilizando-se a forma por extenso quando a indicação das horas for
apenas aproximada: “O soldado chegou por volta das 13 horas”, “Comunico a
V. S.a que, às 15 horas, aproximadamente...”.
b) Nas horas quebradas, escrevemos h, min e s para as horas, minutos
e segundos, respectivamente, sem dar espaço entre os números: 7h10, 13h30,
18h20.

Obs.: Malgrado o entendimento distinto do manual de redação O


Globo, a indicação dos minutos (min) só será necessária se a especificação da
hora chegar até o número de segundos: 7h10min27s, 13h30min30s.

c) Usa-se o artigo antes de horas: “O serviço será das 7 às 13 horas”,


“A parada começou às 9 horas”.

d) Genericamente, considera-se que a madrugada vai de zero às 6


horas; a manhã, das 6 horas ao meio-dia; a tarde, do meio-dia às 18 horas e a
noite, das 18 às 24 horas.
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e) A meia-noite e a zero hora se equivalem, mas aquela se refere ao


dia anterior e esta, ao posterior. Assim, para nos referirmos a uma ocorrência
havida nesse horário, ao confeccionarmos o relatório, pela manhã, no final do
serviço, podemos dizer: “Levo ao conhecimento de V. S.a que, por volta da
meianoite de ontem...” ou “Levo ao conhecimento de V. S.a que, por volta da
zero hora de hoje...”
6. TIRA-DÚVIDAS DE EXPRESSÕES CASTRENSES

• O gênero feminino dos postos e graduações policiais-militares.

Observe a frase:

“As três soldadas saíram-se muito bem na operação de ontem.”

Ainda que possa soar estranho, essa construção está gramaticalmente


correta, visto inclusive nas boas gramáticas e no nosso Aurélio, que também
designa soldada como feminino de soldado e aos demais postos e graduações
militares atribua flexão no feminino.

Essa e tantas outras construções encontram guarida na Lei n.º 2.749,


de 2 de abril de 1956 (Da norma ao gênero dos nomes designativos das
funções públicas), sancionada pelo Presidente Juscelino Kubitschek.

Assim, embora seja uma lei de eficácia no âmbito federal, deveriam as


Forças Armadas, e, especificamente, o Exército Brasileiro, seguir o
mandamento legal, flexionando os postos e graduações no feminino, quando
do ingresso da mulher nas corporações militares – fato que se deu há mais de
três lustros –, como assim o é em outros cargos públicos. Temos, portanto,
ministra, senadora, deputada, governadora, etc.
Ordinariamente, as polícias militares não podem estar alheias a essa
mudança. Devem, portanto, flexionar os postos e graduações policiais-militares
no feminino. Teremos então: coronela, tenente-coronela, capitã ou capitoa,
alunaoficiala, sargenta, aluna-sargenta, soldada e aluna-soldada.

• Oficiala

A grafia correta para o feminino de oficial é oficiala, constante,


inclusive, nos bons dicionários e nas boas gramáticas: “Aquela garota quer ser
oficiala.”

• “O praça” ou “a praça”?

A boa doutrina define o vocábulo praça, no referente à hierarquia


militar, como um substantivo de duplo gênero, i. é, ambos os gêneros
masculino e feminino podem ser utilizados, devido à sua vacilação no emprego;
recomendando, no entanto, grafá-lo no masculino: o praça.

• “Policial-militar” ou “policial militar”?


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Quando a expressão tiver função de substantivo, i. é, designar o


integrante da Polícia Militar, malgrado a opinião contrária de alguns
doutrinadores, sigamos o que preconiza o Aurélio, grafando-se “O policial
militar” (sem hífen).

Quando, porém, tiver função adjetiva, a sua grafia será com o hífen:
“Manual de Redação Policial-Militar”. O Aurélio também nos dá um excelente
exemplo, ao grafar Inquérito Policial-Militar (com hífen).

Acrescente-se que o vocábulo policial (referindo-se à pessoa) é um


substantivo comum-de-dois: “o policial militar / a policial militar ”.

• Sd “PM 1 Cl” ou Sd “1 Cl PM”?


a a

A graduação é Soldado de Primeira à qual acrescemos o órgão Polícia


Militar. Portanto, escrevemos Sd 1a Cl PM, assim como o correto é 1º Ten PM /
1º Sgt PM, e não 1º PM Ten / 1º PMSgt. Atenção quanto às abreviaturas,
evitando escrever SD 1a CL PM em caixa alta (maiúsculas), pois SD representa
a abreviatura de soldado da Marinha, segundo o C 21-30.

• O PM faltou ao serviço. O “mesmo” alegou que... (errado)

Evite o uso de o mesmo, a mesma, os mesmos e as mesmas para


substituir pronomes ou substantivos. É a recomendação da grande maioria dos
gramáticos e dicionaristas.
Portanto, prefira a forma: “O PM faltou ao serviço. Ele alegou que...” ou
“O PM faltou ao serviço, tendo alegado que...”.

• “Carguear” o armamento

Em vez de carguear um armamento, prefira a forma carregar (ou fazer


carga de) um armamento. Carregar é o termo correto; advém do latim
“carricare”, e uma de suas acepções é trazer consigo; levar em si; trazer;
também significando transportar, levar: “Os policiais militares carregaram cintos
e coletes”.

• Permissão para “adentrar ao” refeitório. (errado)

Adentrar-se é um verbo pronominal, portanto a frase correta é:


“Permissão para eu me adentrar no refeitório”.
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• “Transgrediu” os incisos... (errado)

Transgredir tem origem latina, “trangredire”, significando desobedecer


a; deixar de cumprir; infringir; violar; postergar.
Opte, portanto, pelas formas: “desenvolveu a conduta prevista nos
incisos...”, “agiu de acordo com os incisos...”, etc.

• Corregedoria “Geral” e Corregedor “Geral” da PM

O correto é Corregedoria e Corregedor Chefe, respectivamente,


segundo a nova organização estrutural e funcional da PMBA.

• Comunico “à V. S. que,” cumpri a missão fielmente.


a

Eis uma situação similar à anterior. Comunicar é um verbo bitransitivo,


necessitando, então, de dois complementos: um indireto (a V. S.a) e um direto
(que cumpri a missão fielmente), não podendo haver vírgula isolando o verbo
comunicar dos seus complementos (objetos indireto e direto,
respectivamente). Bem assim, não se emprega a crase antes de pronome
pessoal (no caso, pronome de tratamento). A forma correta é: “Comunico a V.
S.a que cumpri a missão fielmente.”

• . Aquele soldado já fez carga das “munições”? (errado)

Um punhado de balas é munição e não “munições”. Deve-se usar o


plural apenas quando o texto especifica diferentes tipos de munição: “Aquele
soldado já fez carga da munição?” (certo).

• Muita gente acha aquele policial “truculento”. (errado)

Não basta que alguém seja grande e forte para merecer o adjetivo
truculento. A truculência pede “crueldade” e “ferocidade”. Portanto, utilize essa
palavra com moderação.

• Solicitar “a” V. S. ou solicitar “de” V. S. ?


a a

O verbo solicitar, significando “pedir com instância”, “rogar com grande


empenho”, é transitivo direto e indireto, admitindo-se dupla regência. Podemos,
então, dizer: “solicitar alguma coisa a alguém”, ou “solicitar de alguém alguma
coisa”.

• “Protocolar” ou “protocolizar” um documento?


Opte por protocolizar, que significa registrar ou inscrever no protocolo.
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• Quem é “o sentinela” da hora?

Embora se diga que sentinela é um substantivo de “duplo gênero”, a


boa doutrina tende a fixá-lo no feminino: “Quem é a sentinela da hora?”

• PASSAGEM DE SERVIÇO: “fí-la” ao meu substituto legal... (errado)

O vocábulo fi-la não leva acento agudo no “i” em face de uma regra
bem elementar: palavras oxítonas terminadas em “i” ou “u”, seguidas ou não de
“s”, não se acentuam (aqui, caju, etc.), salvo quando o “i” ou “u” tônicos não
formarem ditongo com a vogal anterior, ocorrendo, pois, o hiato (distribuí-lo,
baú, etc.).
Nos relatórios de serviço, portanto, escrevamos: “PASSAGEM DE
SERVIÇO: fi-la ao meu substituto legal...” (certo).

•“Desta” OPM ou “dessa” OPM?

Desta (pronome demonstrativo de 1ª pessoa) refere-se à OPM que


transmite a mensagem; dessa (pronome demonstrativo de 2ª pessoa) concerne
à OPM destinatária da mensagem. O mesmo entendimento vale para esta,
essa e variações: “Este btl. seguiu várias normas desse Departamento.”

• A “soldadesca” já está em forma. (errado)

Soldadesca é uma palavra de sentido pejorativo, depreciativo, evite-a,


pois, optando por formas mais simples como: “Os soldados já estão em forma.”
(certo). Já soldadesco é um adjetivo que designa aquilo que é relativo aos
soldados ou próprio deles.

• “ (...) Atravessaram da pátria as fronteiras ‘suas’ armas, ‘sua’ glória,


‘seu’ fanal...” (errado)

Conhecido trecho da canção Força Invicta, tem como verso correto


”Atravessaram da pátria as fronteiras tuas armas, tua glória, teu fanal...”, com
os pronomes possessivos empregados na segunda pessoa do singular.
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POLÍCIA MILITAR DA BAHIA


CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS
Exercício
1. Marque a alternativa em que todas as opções referem-se a documentos de uso na Polícia
Militar.
a) ( )Memorando, ofício, telégrafo;
b) ( ) Fax, memorando, ofício;
c) ( ) Ofício, fax, telégrafo;
d) ( )Relatório, telégrafo, fax;

2. Qual dos elementos abaixo não compõe um documento tipo ofício?


a) ( )foto
b) ( )texto
c) ( )vocativo
d) ( )o local e a data

3. Quando deve ser usado o documento tipo memorando?


a) ( ) Na comunicação interna das instituições.
b) ( ) Quando houver acordo entre as partes.
c) ( ) Em qualquer ocasião.
d) ( ) Quando se quiser falar bonito.

4. No documento tipo ofício onde a marca timbre deve estar localizado:


a) ( ) lado inferior direito
b) ( ) centrado no alto da folha
c) ( ) centrado na parte inferior da folha
d) ( ) lado direito superior

5. Qual o tipo de linguagem que devemos utilizar nos textos de uma correspondência oficial?
a) ( ) gírias
b) ( ) culta e bem cuidada
c) ( ) popular
d) ( ) oculta

6. Qual a localização da marca do timbre no documento tipo memorando?


a) ( ) a esquerda do impresso
b) ( ) centralizado
c) ( ) a direita
d) ( ) a baixo

7. No fecho do documento no ambiente militar, quando é utilizado a palavra


“Respeitosamente”:
a) ( ) quando nos dirigimos a qualquer pessoa
b) ( ) quando nos dirigimos a um subordinado
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c) ( ) quando nos dirigimos a um superior hierárquico


d) ( ) quando nos dirigimos a um militar de mesma graduação, cargo ou função

8. É recomendado o uso do brasão da PMBA quando o documento tipo ofício se destinar:


a) ( ) as unidades da PMBA.
b) ( ) a um órgão externo
c) ( ) a uma mesma seção na própria Unidade
d) ( ) a um instrutor do CEFSgt.

9. No texto do documento tipo ofício devemos evitar o uso de:


a) ( ) Chavões, clichês e frases feitas.
b) ( ) Palavras simples.
c) ( ) Frases curtas e diretas.
d) ( ) Palavras básicas.

10. O destinatário vem especificado abaixo do texto do documento tipo ofício. Ele está
localizado na:
a) ( ) 1ª Parte do ofício.
b) ( ) 2ª Parte do ofício.
c) ( ) 3ª Parte do ofício.
d) ( ) 4ª Parte do ofício

11. É a parte mais importante e também corresponde à alma do documento tipo ofício.
a) ( ) O texto.
b) ( ) O vocativo.
c) ( ) O fecho.
d) ( ) O número.
12. Num ofício endereçado ao Comandante Geral da PM, qual dos pronomes de tratamento
deve ser utilizado?
a) ( ) Vossa Santidade
b) ( ) Vossa Majestade
c) ( ) Vossa Reverendíssima
d) ( ) Vossa Excelência
13. Quando nos dirigimos ao Papa, o pronome de tratamento a ser usado é:
a) ( ) Vossa Senhoria
b) ( ) Vossa Excelência
c) ( ) Vossa Santidade
d) ( ) Meritíssimo

14. Invocando-se o destinatário, emprega-se o pronome de tratamento equivalente ao seu cargo


ou função, por extenso no:
a) ( ) texto
b) ( ) vocativo
c) ( ) local e data
d) ( ) destinatário

15. Qual das proposições define melhor o uso do ofício?


a) ( ) Documento de comunicação entre agentes públicos.
b) ( ) Documento de comunicação entre corporações militares.
c) ( ) Documento de uso somente na informação e na solicitação.
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d) ( ) Documento de uso oficial e utilizado no âmbito externo, entre órgãos da mesma


instituição ou diferente.

16. Qual dos critérios abaixo relacionados não condiz com uma redação técnica?
a) ( )Uso de gírias;
b) ( )Texto objetivo;
c) ( )Formalidade;
d) ( )Padronização;

17. O tratamento corrente entre chefes, diretores e comandantes nos documentos oficiais é:
a) ( )Vosso Amigo;
b) ( )Vosso Companheiro
c) ( )Vossa Senhoria.
d) ( ) Colega;

18. Em que momento deve-se fazer uma Ata?


a) ( ) Em qualquer ocasião;
b) ( ) Em encontro de amigos;
c) ( ) No registro de reuniões;
d) ( ) Somente nas reuniões de confraternização;

19. Qual o tipo de comunicação utilizada no ofício?


a) ( ) Comunicação coloquial
b) ( ) Comunicação das ruas
c) ( ) Comunicação formal
d) ( ) Comunicação informal

20. Documento que expede informações específicas a um grupo de pessoas interessadas:


a) ( ) Fax
b) ( ) Relatório
c) ( ) Circular
d) ( ) Memorando
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REFERÊNCIA

NUNES, Paulo César Luz. Manual de redação policial-militar. Salvador, 2001.

BRASIL. Ministério do Exército.. Instruções gerais para correspondência,


publicações e atos normativos no Ministério do Exército: Portaria n. 433, de 24
de agosto de 1994. 1. ed. 1994 (atual. até 29 de fevereiro de 1996). IG 10

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da


língua portuguesa. 3. ed. totalmente rev. e ampl. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
1999.

CUNHA, Celso Ferreira da. e Luís F. Lindley Cintra. Nova gramática do Português
contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985.
BIBLIOTECA

CHAVES JÚNIOR, Edgar de. Modelos de redação oficial para funcionários


públicos, advogados, despachantes, etc. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.

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