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INSTITUTO LOCKMANN

CURSO DE TEOLOGIA
DISCIPLINA HISTÓRIA DO CRISTIANISMO III
ALUNO REINALDO DE JESUS MARTINS

Capítulo III. ​\PELA GRAÇA​ – Martinho Lutero, Capítulo IV. ​ALGO CORAJOSO PARA
DEUS ​– Ulrich Zuínglio (pp. 53 a 162); GEORGE, Timothy. ​Teologia dos Reformadores.
São Paulo: Vida Nova, 1993.

Segundo autor os reformadores Martinho Lutero e Ulrich Zuínglio viveram de


forma intensa os dramas e anseios da existência humana. Ambos tiveram seus sonhos,
enfrentaram problemas, dialogaram com seu tempo, tudo isso dentro de um contexto
político,social e religioso. O autor demonstra que hoje esses reformadores comumente
exaltados no meio evangélico com se fossem seres que nem pertencem a este mundo, ao
passarem por uma analise mais detida de suas história e obra, são exatamente como
todo ser humano falho que busca a Deus e vive num mundo corrompido, como Martinho
Lutero que passou por profundas crises existenciais e passou por muitas perseguições,
ou como Zuínglio que sonhava com seu patriotismo que seu país fosse uma nação cristã.
Padeceram muito pela pensamento renovado e foram grandes influências no seu tempo.
Ao relatar a vida desses líderes o autor no mostra que o sopro divino vem dentro de um
contexto e que os pensamento destes homens é um despontar de uma renovação que
Deus já vinha realizando no na sua igreja. (pp. 55-60 109-110, 151-152). A vidas de
Lutero e Zuínglio demonstram que Deus age em nossos dramas e sonhos pessoais:

Contudo, era exatamente esse o problema de Lutero. Visto que apenas os


pecados reais declarados na confissão podiam ser realmente perdoados, Lutero
ficou atormentado com o medo de que pudesse ter deixado passar algum. Ele se
confessava a Staupitz durante horas, ia embora e depois voltava correndo com
alguma pequena fraqueza que havia esquecido de mencionar. Certa vez, Staupitz,
bastante exasperado, disse: “Olhe aqui, irmão Martinho. Se você vai confessar
tanto assim, por que não faz algo digno de ser confessado? Mate sua mãe ou seu
pai! Cometa adultério! Pare de vir aqui com tais tolices e pecados falsos!” . Então,
Lutero foi assolado por outra dúvida: “Será que fui verdadeiramente contrito em
minha confissão, ou meu arrependimento foi motivado apenas pelo medo?” . A
essa altura, foi levado ao próprio abismo do desespero, de forma que desejou
“nunca ter sido criado como ser humano” (p. 66)

Mesmo detestando a guerra, Zuínglio não era absolutamente um pacifista radical.


Ele acreditava que os homens jovens devessem passar pelo treinamento militar, a
fim de proteger seu país natal e “aqueles a quem Deus aprova” . O próprio
Zuínglio morreu no campo de batalha, empunhando um machado de duas
cabeças. Jacques Courvoisier observou que Zuínglio foi um dos primeiros a
defender uma política de neutralidade armada para a Suíça, o que se tem mantido
até hoje. O ideal de Zuínglio para a Suíça era de um “Israel” alpino reformado,
cujos cantões corresponderiam às 12 tribos do antigo povo de Deus. No fim, a
própria reforma zuingliana dividiu o país, resultando na primeira guerra de religião
protestante-católica e na morte do reformador de Zurique. Zuínglio foi ao mesmo
tempo pastor e patriota, teólogo e político. Como o “mercenário de Cristo”
(Christus, des reiser ich bin), ele aplicou a mensagem protestante diretamente às
condições sócio-políticas de seu tempo. Em contraste com a ênfase de Lutero no
paradoxo dos dois reinos, Zuínglio insistiu em que “o reino de Cristo é também
externo” .11 O despertar religioso implicava reforma política: “A Palavra de Deus
vai torná-los companheiros piedosos e tementes a Deus. Assim, vocês vão
preservar a Pátria” . O ativismo de Zuínglio, sua prontidão em unir as tarefas da
igreja com as do Estado, sua sensatez e sua flexibilidade política são marcas
distintivas da tradição reformada, cujas origens podem ser remontadas às cidades
da Suíça e da Alemanha meridional. (p. 112)

Os pais são sempre referências para os filhos, de um forma ou de outra. Ou,


como referência, os pais indicam o caminho a seguir, ou o inverso, são exatamente o que
o que o filho não quer seguir. Embora possa ocorre uma aceitação ou rejeição total da
referência, geralmente esse diálogo é pontual. Do mesmo modo a teologia de Lutero e
Zuínglio é fruto da dialética com os ensinamentos da Igreja Católica, seja rejeitando, seja
endossando ou revisando alguns pontos principais.
Dentre eles podemos destacar a salvação pela fé sem as obras; a crença num
Deus presente e vivo; a escritura como pedra angular da autoridade e da verdade cristã,
acima de qualquer tradição e desobrigando de seguir o que não está na escritura; o
conceito de predestinação tendo o salvo com um eleito, um escolhido para a fé e
salvação; a rejeição da autoridade papal e da hierarquia católica corrompida; a revisão
dos sacramentos do batismo e da ceia, ainda de uma modo uniforme por todos os
reformadores; o conceito de vocação para todos os cristão e a importância de mostrar
essa vocação por meio do seu trabalho secular também; a busca por uma espiritualidade
verdadeira; o tenaz combate a idolatria; o rompimento com a autoridade católica que
fortaleceu a criação do estado moderno; e ao disseminaram o conhecimento do
evangelho contribuíram para os crescimento intelectual da Europa como um todo.
Todos esses pontos foram pilares na reforma e que de uma forma ou doutra são
conservados na tradição protestante. Num olhar mais atento é possível perceber a luz da
teologia atual um ou outro ponto da teologia reformada apresentarem pontos falhos,
entretanto temos que entender essa mensagem é dentro de um contexto temporal e de
época. Fato este que não tira o mérito da verdade divina pois segundo Paulo nosso
conhecimento é parcial. Desta maneira, podemos inferir do texto que do mesmo modo
que não devemos divinizar e ter como absoluto o pensamento reformador, também não
devemos criticar e ter como algo ultrapassado pois é mensagem de Deus para nós. (pp.
60-108; 111-150; 153-162)

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