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De um modo geral, o motor de tração transmite seu torque e O efeito sobre as características elétricas da máquina dos
sua velocidade de rotação através de um sistema de fluxos de dispersão do estator e do rotor, que induzem
engrenagens para o eixo motorizado do truque e tensões nos próprios enrolamentos, podem ser levados em
consequentemente, para a roda do trem. Este conjunto de conta através das indutâncias de dispersão do estator e do
engrenagens possui uma razão de transmissão e uma rotor. Em série com LS pode ser posta uma resistência que
eficiência. representa a queda ôhmica deste enrolamento. Uma
resistência rotórica, em série com LR, que depende do
O cálculo do torque desenvolvido por cada um dos nm escorregamento, também pode ser posta. Tal resistência
motores de tração pode ser feito a partir do esforço motor pode ser decomposta em duas partes: uma que representa a
Fmotor desenvolvido pelo trem. Se for considerada uma queda ôhmica nas barras do rotor e outra que representa a
distribuição igual do esforço motor entre esses motores e potência mecânica do motor por fase. Um esquema do
também que as rodas possuem um mesmo raio igual re, é circuito equivalente por fase utilizado é dado na Figura 1.
válida a seguinte expressão:
1,0 pu
IS IR
US em f Hz 2.π.f.LM IM RR / s
Caso a velocidade nrm seja maior que a velocidade do A característica de esforço motor em função da velocidade
campo girante produzido pelo estator alimentado por uma na freagem pode possuir duas ou três regiões de controle
tensão de certa freqüência, o escorregamento será negativo. distintas. Para o caso desta característica ter três regiões, o
controle dos motores será exatamente igual ao controle em
A corrente induzida no rotor gera uma força magnetomotriz regime de tração. Porém existe o caso em que a
que gira no espaço à velocidade síncrona. Esta força característica de esforço em função da velocidade possui
magnetomotriz gira no sentido oposto ao rotor e em duas regiões: uma de torque constante e outra de potência
interação com a força magnetomotriz do estator. O torque constante. Tal característica é comum nos trens alimentados
será então resistente e a máquina funcionará como gerador em corrente contínua. A terceira região de controle pode ser
fornecendo potência à fonte. evitada na freagem através de um dimensionamento
apropriado dos resistores de freagem.
O circuito equivalente não sofre modificações na operação
em freagem. As modificações serão observadas na A região de potência constante na freagem é controlada
representação fasorial da máquina de indução. igualmente à região de potência constante no regime de
tração (Plette e Plunkett, 1977). Para a região de torque
A tensão US e a corrente de magnetização IM permanecerão constante, a estratégia de controle é similar à da região de
com a mesma fase da operação da máquina como motor e torque constante em tração. Vale notar que o fluxo
distantes 90º entre si de acordo com as simplificações resultante no entreferro nesta região de torque constante é
anteriormente adotadas. Também de acordo com estas mantido em seu valor nominal, independente da velocidade
simplificações, a corrente IR irá sofrer uma modificação em e da carga.
sua fase durante a operação como gerador. Seu fasor estará
defasado de 180º do fasor da força contra-eletromotriz
induzida. Logo, o fasor da corrente do estator estará 4.4 Corrente no pantógrafo / coletor do
defasado de um ângulo maior que 90º em relação ao fasor terceiro trilho
da força contra-eletromotriz induzida.
A corrente captada por um trem em uma linha alimentada
Esta defasagem de mais de 90º entre os fasores da corrente em corrente contínua é a mesma corrente do lado CC de um
do estator e da força contra-eletromotriz (e como inversor trifásico, considerando este inversor ligado
conseqüência também da tensão US) é levada em conta diretamente à rede de alimentação sem recortadores
somente sob o ponto de vista analítico. (choppers) intermediários.
De acordo com Langsdorf (1981), o componente de A tensão Ud é assumida ser totalmente contínua. Vale
potência ativa da corrente IS é considerado em oposição de observar que durante a simulação, seu valor é 90 % da
fase à tensão US para mostrar que a energia flui do motor tensão nominal de alimentação durante o regime de tração e
para o conversor. O ângulo ϕ (diferença de fase entre US e 110 % durante o regime de freagem, como indicado em
IS) de um gerador de indução é considerado como o co-seno Martins (1986).
de 180º menos o ângulo entre os fasores de tensão e
corrente do estator. Em outras palavras, é o ângulo menor Como a freqüência de chaveamento do inversor é muito
que 90º entre o eixo do fasor de tensão e o eixo do fasor de alta, o filtro no lado CC do inversor irá possuir indutâncias
corrente do estator. e capacitâncias quase nulas, resultando em um
armazenamento nulo de energia. Todos os componentes de
alta freqüência devido ao chaveamento são aí filtrados
4.3.1 Freagem regenerativa (Mohan, Undeland e Robbins, 1995).
A freagem regenerativa tornou-se de importância maior nos
Se for considerado que as tensões usa, usb e usc e as
sistemas metroviários e ferroviários urbanos porque o
correntes isa, isb e isc são senoidais, trifásicas e
tempo entre composições é pequeno e as partidas e freagens
são freqüentes. equilibradas e também que as correntes são defasadas de ϕ
em relação às tensões pode-se equacionar a potência
Um trem freando pode transferir a energia de freagem tanto instantânea de entrada e de saída. Assim,
para a rede de alimentação quanto para um resistor de
U d ⋅ I d = usa ⋅ isa + usb ⋅ isb + usc ⋅ isc (15)
freagem. Quando uma composição retorna a sua energia de
freagem para a rede de alimentação em corrente contínua
100
Pela teoria do circuito equivalente do motor de indução
50
apresentado em Fitzgerald, Kingsley e Kusko (1975), a
0 potência dissipada nas barras do rotor e também no
enrolamento do estator, considerando-se as perdas no
-50
estator e no rotor iguais, é uma fração s de 1129,48 kW. A
-100 fração (1-s) é a parte da potência que sai do entreferro e
chega ao rotor. Contabilizando a perda no estator, a
-150
0 20 40 60 80 100 120 140 160
potência de entrada é de 1164,24 kW para as três fases.
velocidade [km/h]
Calculando através deste último resultado e também através
Figura 4 - Curva de esforço motor (tração / freagem) em dos dados do motor fornecidos, o fator de potência nominal
função da velocidade. é de 0,843 (ϕ = 32,54º).
Tabela 3. Dados da curva de esforço motor em função
A corrente por fase do estator pode então ser escrita na sua
da velocidade (Figura 4).
forma fasorial, assumindo a fase da tensão no estator igual a
4400 0º:
potência desenvolvida em regime de tração:
kW
1000 I&S = 364∠ϕ º = 364∠32,54º = 306,8577 + j ⋅ 195,7916 (18)
potência desenvolvida em regime de freagem:
kW
esforço de tração contínuo: 250 kN Pode-se notar que a corrente IS na equação (18) é composta
esforço de freagem contínuo: 130 kN da corrente IM atrasada de 90º da corrente IR. Assim, o valor
nominal de IR é de 306,8577 A e o valor nominal de IM é de
Tabela 4. Dados do Motor. 195, 7916 A.
quantidade: 4
potência nominal: 1105 kW
6.2 Resultados obtidos
torque nominal: 8,1 kN.m
O caso aqui mostrado é uma via de 25000 m dividida em
número de pólos: 6
cinco tipos de perfil. O primeiro perfil tem o comprimento
corrente nominal: 364 A de 5000 m e é plano. O perfil seguinte tem o comprimento
tensão fase-fase: 2190 V de 5000 m e há um declive de 2 ‰. O terceiro perfil
velocidade de rotação nominal / também de 5000 m é uma curva de raio igual 3183 m. O
1300 rpm / 66 Hz
freqüência:
ρ = 3,183 km
5‰ 5 km 3000
2‰ 5 km
5 km
potência [kW]
5 km 2000
5 km
Figura 5 - Perfil da via utilizada.
1000
160
0
140
-1000
120
velocidade [km/h]
-2000
100 0 0.5 1 1.5 2 2.5
espaço percorido [m] x 104
80 Figura 8 - Potência PU em função do espaço
percorrido.
60
400
40
300
20
200
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
corrente [A]
100
espaço percorrido [m] X 104
percorrido.
-100
300
-200
200
-300
0 0.5 1 1.5 2 2.5
100 espaço percorrido [m] x 104
Figura 9 - Corrente IS em cada motor em função do espaço
esforço [kN]
0 percorrido.
1400
Fmotor
-100 1200
± Fad
1000
-200
800
tensão [V]
-300 600
0 0.5 1 1.5 2 2.5
espaço percorrido [m] x 104
400
1000
A (0,85 %) para a região de potência constante no regime
de tração.
500 2000
0 1500
corrente [A]
-500 1000
0 0.5 1 1.5 2
espaço percorrido [m] x 104
simulação
É importante notar que na Figura 11, a corrente negativa expressão
produzida durante o período de freagem pode tanto ser 0
avaliação do sistema completo com todos os trens pode espaço percorrido [m] x 104