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AUTOBIOGRAFIA E
SEUS CORDÉIS
História e Lembranças
(ESGOTADO)
Levi Made ira
A história de Kelru vem da primeira metade do século XVIII. O fundador do R$10,00
povoado, o irlandês, Lourenço Beaufort chegou ao Maranhão em 1736. Nas
mãos trazia  uma carta de sesmaria do governo provincial,  instalou-se do lado Um Pouquinho
esquerdo do rio Itapecuru com planos avançados para a lavoura e comércio.  ESGOTADO
Kelru é o nome do antigo condado dos Belfort na Irlanda, segundo a família Re nata Rim e t
Lima que mantém a memória da família  do fundador e do povoado. EUR5,00

AUSÊNCIA DO T EMPO
A Estrada de Ferro São Luiz - Teresina, teve uma “inauguração oficial” no dia Dam ião Ram os
cinco de março de 1921. Mas, teve de esperar a conclusão da ponte sobre o rio Cavalc anti
Parnaíba e somente em 1938 os trilhos chegaram a Teresina. R$27,00
Com o anunc iar ne sta vitrine ?
  Surgiram as rodovias com transportes mais rápidos, mas, não mais seguros.  A
ferrovia tornou-se obsoleta e muitas estações foram desativadas no percurso
São Luís -Teresina,  inclusive  a de Kelru.  O povoado que  circundava a estação
também desapareceu. Hoje só restam ruínas . A parte do antigo engenho e a
capela  ainda permanecem . Trens de passageiros rodaram até  1991.   U m
investimento tão grande para  tão pouca duração,  somente 53 anos.  Hoje,
somente cargueiros trafegam pelo caminho de ferro.

Lembro-me de que em 1958, quando eu tinha 13 anos e estudava no Grupo


Escolar Gomes de Sousa, em Itapecuru Mirim, certo dia, ao chegar da escola,
percebi meus pais cabisbaixos e minha mãe parecia ter chorado.

Pousei os livros sobre a mesa da sala, meu pai se aproximou e perguntou se eu


gostaria de conhecer a capital? Meio desconfiada perguntei por quê? Ele disse
que mamãe fora aconselhada pelo Sr. Orlando Mota a fazer uma consulta
médica em São Luís, pois estava sentindo alguns sintomas que exigiam exames
,p g q g
mais cuidadosos. É claro que os dois já haviam decido que eu iria fazer
companhia a minha mãe e nem esperaram a minha resposta.

Elisa já está arrumando as coisas de vocês. Meus carinhos vai ficar em casa da
prima dela, à Rua Janssen Matos, perto da Beira Mar. Precisa fazer os exames e
esperar os resultados, talvez tenham de ficar lá duas semanas. "Meus carinhos"
era como meu pai sempre se referia à minha mãe.

 A viagem seria de trem. Meu pai iria nos acompanhar até São Luís e voltaria no
dia seguinte. Saímos de nossa casa na Trisidela, atravessamos a ponte de tábua,
passamos em frente à casa de Zequinha Matias que, da janela desejou que tudo
corresse bem e que voltássemos logo.

Andamos até os trilhos da rodovia e seguimos pela lateral direita e alcançamos a


casa do Sr. Luís Lopes, bem ao lado da estação, que ali residia com a esposa e as
duas filhas. parecia que já nos esperavam. As duas mulheres se abraçaram e os
homens apertaram as mãos num gesto de solidariedade. Chegando à plataforma,
minha mãe segurou na minha mão e perguntou se eu estava com medo. Eu disse
que não. Ela confessou que estava apavorada, pois nunca tinha viajado. Meu pai
percebendo a situação, colocou a mão sobre o ombro dela. Quando o trem
apitou na curva ela apertou minha mão com força e segurou-se a meu pai.

Entramos, nos acomodamos no banco do carro de segunda classe e o trem


partiu. Meu pai ia descrevendo para mim e mamãe cada detalhe do percurso.
Não demorou muito e ele começou a comentar a povoação de Kelru. U ma
fileira de casas, algumas cobertas de telhas e a maioria com paredes de taipa e
cobertas de palha de palmeira babaçu. A engrenagem do trem rangeu e ele
começou a parar. Apareceu um mensageiro avisando que o trem pararia por
um tempo maior   naquela estação para resolver um problema. Meu pai
perguntou por quanto tempo? Ele disse que seria suficiente para quem quisesse
tomar um café com bolo de macaxeira.

Mamãe não quis descer. Fomos Eu e papai. Ele se aproximou de uma mesa onde
uma senhora tinha   sobre a toalha branquinha bules de café, cuscuz, bolo de
macaxeira e bolo de tapioca. Tomamos café com bolo de tapioca e levamos
para mamãe dois  inteiros, enrolados em papel de embrulho. Aqueles antigos,
grossos e acinzentados.

Meu pai pegou-me pela mão e andamos pela plataforma, olhamos o nome da
estação e a data de inauguração. O trem apitou dando sinal de partida. Todos
retomaram seus lugares e partimos rumo a São Luís.

Em 2012, com um grupo de confrades da AICLA - Academia Itapecuruense de


Ciências, Letras e Artes, voltei a Kelru. Após sessenta anos, a estação já não me
pareceu tão grande, ma, a tristeza de vê-la em ruínas fez que todo meu
organismo reagisse diante da impotência do ser humano diante da 
inexorabilidade do tempo.

Em 2016, constatei que também a estação de Itapecuru está toda deteriorada. Fiz
fotos conversei com as pessoas, estive no local onde estudei numa escolinha feita
de taipa e palhas de palmeira, que já não existe. Quis saber por que outras
estações foram reformadas e a nossa não, quando a Trans-nordestina assumiu a
ferrovia?
Segundo as informações que tive, a empresa deu um tempo para que cada
localidade apresentasse um projeto de reforma e, infelizmente, Itapecuru não se
manifestou.

A antiga estação ferroviária do município de Codó acaba de ser transformada


num Complexo Ferroviário pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional e o Ministério da Cultura. Será que Itapecuru  não conseguiria, pelo
menos, reformar o prédio existente, para que não se transforme em ruínas, feito
a de Kelru?

Praia do Anil, 07 de janeiro de 2018


Benedita Azevedo
 
     
      
.(http://www.estacoesferroviarias.com.br/trens_ne/sluiz-
ter.htm                                                                                                                                 
http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=2993)
 
 
Benedit a Azevedo

Enviado por Benedita Azevedo em 08/01/2018


Código do texto: T6220470
Classificação de conteúdo: seguro

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