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AULA1 – MÓDULO I – EDILSON VITORELLI

-Indicações de leitura – arts. 1º ao 12, 138, 146, CPC; Lei 9.301/1996 (lei de arbitragem)
e Lei 13.140/2015 (lei de mediação)

-TEORIA INSTRUMENTAL DO PROCESSO

-O processo civil já passou por 3 momentos históricos, e hoje passa pelo quarto.

-1ª fase – Praxismo ou sincretismo. Não há distinção entre processo e direito material. O
processo não tinha autonomia científica. Foi criado por Savigny. É o direito material que
reage a uma violação.

-2ª fase – Processualismo – Marca a diferenciação entre processo e direito material como
desenvolvimento de categorias próprias.

-Obs: A vantagem desta teoria é que passamos a entender o processo como uma disciplina
cientificamente autônoma. A desvantagem é que isso gerou a chamada obstrativização do
direito de ação ou ordinarização do processo, que significou os autores deixaram de lado
o direito material, como se não importasse, buscava-se um processo que entendesse todos
os direitos.

-3ª fase – Instrumentalismo – todo processo afirma um direito material e, por essa razão,
é instrumento para sua realização. O processo deve ser estudado, em teoria, e conduzido,
na prática, sob essa perspectiva, não como algo neutro, que não sofra influência do
resultado que busca produzir. O autor vai a juízo afirmando uma violação ou a iminência
de uma violação.

-Obs: A idéia de Carnelutti abraçada por Hermes Zaneti é que existe uma relação circular
entre direito material e processual, pois o direito material se realiza pelo processo. Porém,
é o processo que realiza o direito material. Assim sendo, o próprio direito material é
pensado a luz de sua realização processual.

-Obs: Quando se fala que o processo influência a compreensão do direito material, isso
remete ao sistema de precedentes obrigatórios, que é a marca do CPC (926, 927 CPC).

-Neoprocessualismo – Seria uma 4ª etapa do processo civil, mas há quem diga que é uma
vertente do instrumentalismo. Majoritariamente é considerado como uma 4ª etapa.

-Conceito – Neoprocessualismo é o neoconstitucionalismo caracterizado pela forte


presença dos direitos fundamentais das cláusulas abertas da constituição.

-Conclusão – A constituição deu preferência a um judiciário intervencionista, afinal ela


possui diversos direitos e princípios abertos que poderão ser levados a jurisdição para
serem discutidos.
-O processo aqui será um instrumento para realizar sobretudo, direitos fundamentais, ou
para o cumprimento das promessas constitucionais (1º, CPC).

-FUNÇÕES DO PROCESSO CIVIL

-Conceito – O processo é o instrumento por intermédio do qual o Estado desempenha a


jurisdição.

-Obs: Jurisdição é uma das manifestações da soberania Estatal, destinada a resolver de


forma definitiva, os conflitos. Isso nos traz o conceito de Lide, que de acordo com Liebman,
“É o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”.

-Obs – A jurisdição é inerte, só atua quando provocada.

-Embora o poder judiciário em regra atue na resolução da lide, existem hipóteses


excepcionais nas quais o legislador permite a atuação da jurisdição mesmo que não haja
conflito, e isso tem o nome de Jurisdição Voluntária.

-Jurisdição Voluntária – é a atuação do poder judiciário na proteção de interesse que a lei


considera especialmente relevantes mesmo que não haja conflito. Ex: Separação quando
o casal tiver um filho incapaz.

-Obs: Em regra o Estado coloca a jurisdição à disposição do cidadão, mas este não é o único
método de resolução de conflitos. Outras alternativas são:

-Autotutela – é a situação em que a lei excepcionalmente permite que o indivíduo faça


justiça com as próprias mãos. Ex: art 1.210, § único, CC, o desforço imediato na proteção
da posse.

-Autocomposição – Também chamada popularmente de “acordo”, que é a forma mais


comum de resolução de conflitos. Se divide em 3 modalidades: Transação (ambos cedem),
Renúncia (autor cede) e Reconhecimento (réu cede).

-Obs: Para o CPC, conciliação é uma técnica que se destina apenas a resolver o conflito,
devendo ser usada quando as pessoas não têm relação anterior. Já a mediação pretende
ampliar o espectro de diálogo das pessoas envolvidas, reabrindo canais de diálogo,
restabelecendo o “status quo ante”.

-Arbitragem – Lei 9.301/1996 – ela tem duas premissas, o direito tem que ser disponível
e as pessoas envolvidas serem capazes. Assim sendo poderão as partes contratar um
terceiro autônomo e imparcial, mas privado para que resolva o conflito, é um juiz privado.
Características:

-I – A arbitragem se inicia com um contrato de compromisso arbitral. Poderá também ser


prevista em cláusula de contrato, por cláusula compromissória.
-II – Poderá ser arbitro qualquer pessoa capaz da confiança das partes.

-III – O árbitro pode ser recusado pelas mesmas razões de impedimento e suspeição que
os juízes.

-IV – Para efeitos penais, o arbitro é equiparado à funcionário público.

-V – A sentença arbitral equivale a sentença judicial. Um juiz não poderá rever o mérito
da sentença arbitral.

-VI – É possível buscar na justiça a anulação da arbitragem por vício (nulidade) no


procedimento ou na convenção que lhe originou.

-VII – É possível buscar na justiça o cumprimento forçado da decisão arbitral.

-NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

-Obs – Existe uma discussão doutrinária quando algo constitui princípio ou regra, por isso
o CPC nomeou como Normas Fundamentais tudo aquilo que compõe os art. 1º à 12 do
CPC.

-Princípios – São normas jurídicas de caráter geral, estabelecidas explicita ou


implicitamente na constituição federal ou na lei, com a função de servir de parâmetro de
interpretação das regras jurídicas. Princípios não saguem uma lógica de “tudo ou nada”,
podendo conflitar e isso ainda assim não significar que um esteja revogado ou inaplicável.
Princípios são mandamentos de otimização segundo Alexy, devendo ser aplicados o
máximo possível.

-Princípios tem um grau de generalidade maior que as regras, são mais genéricos, mais
etéreos.

-Elementos – De acordo com Humberto Ávila são eles:

-I – Princípios promovem um estado geral de coisas, enquanto as regras prescrevem


condutas que devem ser adotadas.

-II – A aplicação de princípios depende da relação entre o dever que dele pretende se
extrair, e a finalidade nele prescrita. Na aplicação de regras, verifica-se apenas a
correspondência entre a hipótese prevista na norma e os fatos sob análise.

-III – Os princípios contribuem parcialmente para a solução de casos, mas por serem
muito abstratos, dificilmente eles resolverão um caso, já as regras são mais decisivas e
resolvem casos.

-Obs: As normas fundamentais se aplicam a todos os processos civis, inclusive aos


procedimentos especiais previstos em outras leis.
-Cláusulas gerais são muito vagas, não se sabendo exatamente o que a lei busca.

-Devido Processo Legal – (5º, LIV, CF, 1º CPC), O Estado garante a todos os indivíduos o
direito ao processo, de acordo com as regras estabelecidas na constituição e nas leis.
Ninguém pode ser privado de seus direitos sem processo. Se aplica a todas as atividades
estatais, inclusive administrativas e legislativas. Qualquer pessoa tem o direito a um
processo.

-Relações Privadas – Os direitos fundamentais também precisam ser aplicados as relações


privadas e isso se chama Eficácia Horizontal dos direitos fundamentais.

-Obs: Existem autores que dizem que a eficácia horizontal somente pode se aplicar através
de uma lei que regulamenta uma relação mediata dos direitos fundamentais que se
aplicam a relação privada. Seria uma relação mediata dos direitos fundamentais às
relações privadas.

-Obs: Outros autores não admitem subordinação do direito fundamental a uma lei. Não
poderia uma lei subordinar a constituição. Existe a constituição e ela se aplica a tudo. Essa
é a eficácia Imediata dos direitos fundamentais. Este é o posicionamento que prevalece no
Brasil.

Ex: Individuo foi expulso da cooperativa, sem poder se defender e recorreu até o STF, que
decidiu pela imposição do devido processo legal ao caso, permitindo a ampla defesa, o que
fez com que o próprio código civil fosse alterado (RE 158.215; 57, CC).

Ex: Nas multas de transito, primeiro se recebe uma notificação, que permite que o multado
recorra, e depois da notificação vem a imposição de penalidade.

-Inafastabilidade da Jurisdição – (5º, XXXV, CF; 3º e 140, CPC), Nenhuma lesão ou


ameaça de lesão ao direito será subtraída de apreciação do poder judiciário. É um
contraponto ao monopólio da violência pelo Estado, afinal, se o cidadão não pode agir por
conta própria para resolução do conflito, (salvo exceções), o Estado deve prestar tutela.

-Obs: No caso de arbitragem, as partes espontaneamente excluem da apreciação do poder


judiciário um conflito quando fazem o acordo de arbitragem.

-Proibição do “Non Liqueti” – O judiciário tem o dever de decidir tudo que lhe é trazido,
não podendo alegar irrelevância. “Non liquet” significa “não está claro” e em decorrência
disso não será julgado.

-As ondas renovatórias do acesso à justiça – Não basta que o judiciário conheça de
todos os conflitos que lhe são apresentados, é preciso que o conflito chegue até ela. Ao
longo do século XX Cappelletti e Garth perceberam que ocorreram em diversos países,
ondas que renovaram o acesso à justiça, e eles mapearam 3 dessas ondas:
-Primeira Onda – Relacionada as pessoas que não tem dinheiro, é a criação de defensorias
públicas, gratuidade judiciária, na Europa são os chamados “Seguros de Litígio”, cada local
tendo sua peculiaridade. É a preocupação com os custos do processo e com quem não tem
dinheiro para pagar por eles.

-Segunda Onda – relacionada aos interesses difusos. Direitos que não são individuais,
pertencem a coletividade. Assim sendo, os indivíduos não querem assumir seus custos, e
por isso os países criaram mecanismos variados para solucionar estes problemas, em
alguns lugares sendo o próprio Estado e em outros indivíduos economicamente
premiados, é o Class Actions, nos EUA, OMP no Brasil, entre outros.

-Terceira Onda – é uma onda contrária, relacionada aos métodos alternativos. É a ideia de
se ter acesso a justiça sem ter acesso ao poder judiciário. É o reconhecimento dos métodos
alternativos de solução de conflitos.

-Princípio da legalidade – (8º, CPC). De acordo com Marinoni, o atual conceito de


legalidade difere da lei pura e simples a lei deve ser compreendida à luz dos direitos
fundamentais.

-Princípio da Efetividade da Tutela Jurisdicional – (4º, CPC). É o prazo razoável para


solução do mérito.

-Primazia da decisão de mérito – é como a doutrina chama a solução integral do mérito.


Havendo processo, seu objetivo é resolver o problema do direito material, devendo o juiz
tentar de todas as formas cegar a uma decisão de mérito que tenha relação com o debate
em tela. O juiz deve se preocupar em resolver os problemas e defeitos processuais afim
de produzir uma decisão de mérito.

-Atividade satisfatória – É a satisfação do direito material e não um mero escrito. É o


direito à técnica executiva adequada. Não basta o poder judiciário dizer quem tem razão,
tendo também que implementar essa decisão por uma execução adequada ao exercício da
função.

-Contraditório e Ampla Defesa – (5º, LV, CF)

-Ampla defesa – É o direito de defesa. É chamada de “ampla” porque vigorou na


assembleia constituinte um gosto por advérbios, o que não se vê em constituições
europeias que chamam apenas de “direito de defesa”. A ideia de ampla defesa é a
integração do contraditório, que é formado pelo direito de ação e do direito de defesa.

-Contraditório – Possui várias camadas.

-I – Dialeticidade – É a primeira camada. O contrato é um método dialético de descoberta


da verdade por intermédio da oposição de ideias do autor e do réu, através da tese e da
antítese. É um meio civilizado de resolver conflitos.
-II – Isonomia – (igualdade, paridade de tratamento, ou paridade de armas). É a segunda
camada, O contraditório tem que ser exercido em igualdade de condições. Uma das partes
não pode ter mais condições de produzir verdade do que a outra, devendo o juiz zelar pelo
defeito contraditório.

-III – Direito de influenciar efetivamente o convencimento do juiz – O juiz precisa se deixar


influenciar argumentos das partes, o que é diferente de se deixar convencer. O juiz pode
não se convencer mas deve se influenciar, dando a devida consideração ao argumento.
Essa é a terceira camada.

-IV – Cooperação – Essa é a ultima camada. Ainda que o processo traga adversários ao
certame jurídico, o processo é um método de criação da verdade cooperativa. Não há
direito de se comportar de modo deliberadamente lesivo aos interesses do oponente,
havendo multas à litigância de má fé (47 à 81, CPC).
AULA 2 – MÓDULO I – EDILSON VITORELLI

Contraditório e Ampla defesa


-art. 5º, LV, CF
O contraditório é o método de trabalho de qualquer processo.
O processo é um método dialético de se chegar a verdade. Existe um diálogo entre autor
e réu, e esse diálogo vai produzir o resultado.

O contraditório é como se fosse uma cebola.

Dialeticidade

No centro dessa “cebola” se encontra a dialeticidade. O contraditório é um método


dialético de se chegar a verdade. O autor fala, o réu fala, ambos apresentam argumentos.
É a essência do contraditório.

Obs: Há processos e procedimentos que não são estruturados dialeticamente. A eles não
se aplica o contraditório.

Ex: Inquérito policial, Inquérito civil (Lei da Ação Civil Pública), jurisdição voluntária,
sindicância administrativa, são procedimentos não estruturados dialeticamente.

-No inquérito policial, inquérito civil, e sindicância administrativa ocorre apenas apuração
de fatos, e o contraditório ocorrerá posteriormente. Caso esses fatos sejam convertidos
em atividade punitiva, haverá contraditório nessa etapa subsequente. Apesar de ter
garantias, o indivíduo propriamente não existe contraditório.

-Existem críticas a isso no processo penal, havendo tentativas de inserir o contraditório


do inquérito policial. No entanto, é desarrazoado pelo fato de que a polícia não está
contraditando nem, produzindo argumentos contrários, está apenas reunindo elementos
de prova para o Ministério Público valorá-los.

-Ainda assim existe garantias próprias do contraditório no inquérito policial, onde o


indivíduo tem o direito de ficar calado, tem o direito de somente falar na presença de seu
advogado, o advogado tem direito de acesso aos autos. Tudo isso também é válido para o
inquérito civil.

-Na jurisdição voluntária não há contraditório pois não há quem exerça a prerrogativa de
contraditar, afinal não há conflito. No caso existe o direito de participar do processo que
é diferente do contraditório. A participação aqui tem características diferenciadas do
contraditório.

-Participação no processo não quer dizer necessariamente participação em contraditório.


-Alguns autores associam o direito de participar do processo do direito ao contraditório,
o que não é verdade, pois o direto de participar do processo não significa que ele se dará
através do contraditório. Ex: Processo de aquisição de nacionalidade.

Paridade de armas (paridade de tratamento)

-art. 7º CPC

-É o segundo elemento do contraditório, vindo logo após a dialeticidade.

-Contraditório precisa ser estabelecido de modo paritário, isonômico, sendo o juiz que
deve zelar por esse equilíbrio.

-Todas as pessoas jurídicas de direito público, os estados, a união, as autarquias, o


Ministério Público tem prazos em dobro. Há quem discuta que isso seria uma violação a
paridade de armas, não sendo adequado porque foi criado no tempo em que o Estado era
mal estruturado, e hoje já existe estrutura para a demanda.

-Parece que não há violação, pois a paridade de armas é uma ideia de igualdade concreta
e não abstrata. Concretamente falando existe pelo menos 2 argumentos para justificar
essa manutenção deste benefício.

-O primeiro é que a administração pública é burocratizada, existindo tempo


administrativo para conseguir informações que na iniciativa privada é manejável.

-O segundo é que um escritório particular se receber uma grande demanda pode recusá-
la, coisa que a advocacia pública não pode, devendo atuar em todas as causas
apresentadas contra o estado, ou em todas as causas que o Estado quer propor, ou se o
número de casos é grande demais a advocacia pública não poderá contratar mais
advogados porque isso depende de concurso público, que demorará mais de um ano para
estruturar a carreira. Também deve ser levado em consideração que a derrota do ente
público é custeada pela sociedade, pois o dinheiro público vem dos impostos cobrados
pelo Estado, e por isso devem haver mais garantias sobre o dinheiro do povo investido no
ente público.

-Em algumas circunstâncias os prazos em dobro poderão assegurar uma vantagem,


porém é fato que a paridade de armas está garantida dando condições diferentes a quem
está em situação diferente.

-Obs: Prazo em dobro não fere a paridade de amas porque


1-A administração pública segue regras burocráticas impositivas.
2- A advocacia pública não tem governabilidade sobre sua demanda nem sobre o número
de advogados.
-Na prática é muito difícil que o juiz assegure uma igualdade concreta de tratamento entre
as pessoas, pelo fato de que o juiz não tem como interferir nas diferenças matérias que
existem entre as pessoas, que são muitas e muito relevantes.

Direito de influência

-Vem logo depois da Paridade de armas.

-É o direito de influência combinado com o direito de não surpresa.

-O juiz precisa se deixar influenciar pelos argumentos das partes, ainda que não se
convença.

-Conclusão: O juiz deve ouvir as partes antes de decidir e o juiz deve analisar os
fundamentos apresentados pelas partes. Essa análise está ligada ao dever de
fundamentação, devendo o juiz analisar os fundamentos das partes para demonstrar que
se deixou influenciar.

-No entanto não é correto afirmar que o juiz participa do contraditório, pois esse se
desenvolve entre as partes. A atividade do juiz é fundamental para que o contraditório
ocorra de modo efetivo, pois demanda que o juiz coopere no seu desenvolvimento. Não
há contraditório efetivo sem a atuação do juiz, que se dá quando ele fundamenta sua
decisão com base nos argumentos apresentados pelas partes.

-Ainda que se trate de matéria que a lei permite que o juiz haja de ofício, o juiz não pode
decidir sem a manifestação das partes.

-A palavra “fundamento” no código é usada diversas vezes no código. A intenção do


legislador era incluir tanto fundamentos fáticos quando fundamentos jurídicos.

-O STJ já decidiu que o art. 10 CPC não se aplica aos fundamentos jurídicos. Os argumentos
são Iuria Novit Curia (o juiz conhece a lei, cabe a ele aplicar a lei independente do que as
partes argumentaram) e presunção de conhecimento ad lei (ignorância legis non escusat,
a ignorância da lei não é desculpa). AREsp 1044597/MS STJ.

-Não se proferirá sentença contra uma das partes sem que ela seja ouvida. No entanto,
existem exceções. Tutela de urgência, duas hipóteses: hipótese de evidência e ação
monitória. Art 9º CPC

Cooperação

-art. 6º CPC.

-Vem logo depois do direito de influência

-O contraditório é uma “briga”, mas não uma briga sem lei.


-Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si.

-As partes não podem adotar comportamentos propositalmente geradores de atrasos e


inefetividade dos processos.

-Existe divergência entre Mitidiero e Didier.

-Mitidiero diz que cooperação se dá do juiz para com as partes, e das partes para com o
juiz, dizendo que a cooperação ocorre “estrito sensu”, sendo do juiz para com as partes e
nada mais, mas concede que as partes também podem cooperar com o juiz. Não aceita
cooperação entre autor e réu

-Didier diz que a cooperação se dá em todos os níveis do processo, autor, juiz, réu, e todos
os sujeitos processuais, se dá para com todos os sujeitos envolvidos no processo. Essa é a
posição ais aderente ao art. 6º CPC, que diz que TODOS os sujeitos processuais devem
cooperar.

-A posição de Mitidiero é anterior ao CPC de 2015, mas em revisão ele a mantém.

Limites ao contraditório

-O contraditório é um ônus e não um dever, ele garante a parte o direito de manifestação,


mas não a obriga. A pessoa não é obrigada a participar do contraditório. A não
participação não é prática de ato ilícito, no entanto poderá sofrer ônus processual. A
pessoa pode ou não fazer, e caso não o faça poderá sofrer uma consequência
potencialmente negativa a ela.

-Legalidade, art 369 CPC, as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos. O direito de provar está restrito ao patamar da legalidade,
e esse limite nos mostra que o processo não valoriza a verdade acima de tudo, a verdade
não está acima de qualquer outro valor no âmbito processual civil.

-Obs: Nenhum processo busca ou é capaz de reconstruir a “verdade real”. Todo processo
busca construir uma verdade processual, ou seja, uma verdade construída de acordo com
as regras do processo.

-Marinoni quando fala a respeito da diferença entre verdade real e verdade processual diz
“de todos os conceitos que se pode ter entre prova e verdade, este é de longe o mais
imprestável”.

-Nenhum processo busca a verdade real, mas sim a verdade processual, aquela construída
de acordo com as regras do processo, pois todo processo tem regra de produção de prova,
e não as obedecendo, a prova é imprestável. Isso se aplica inclusive no processo penal que
não admite provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CF).
Obs: art. 5, LVI, CF, predomina o entendimento de que é um princípio, pois se aplica com
ponderação de interesse, se pondera com outros valores da constituição federal. Se fosse
uma regra se aplicaria com uma lógica de “tudo ou nada”.

Ex: Marinoni usa o caso de uma mulher que tinha duas filhas e um amante medico, que
usava da condição do médico para comprar lexotan e administrava as filhas para facilitar
os encontros com o amante. O marido descobriu o caso e gravou ilicitamente conversas
da mulher com o amante. Essas provas foram entregues ao Ministério Público. O STJ
afirmou que no caso concreto o marido não poderia gravar as conversas ainda que movido
por motivo relevante, que ele violou a intimidade pessoal de sua esposa, e assim o juiz
mandou que as fitas fossem tiradas do processo. Marinoni questiona se esse processo
fosse uma ação de guarda, dizendo que a gravação não seria inadmissível as gravações,
pois o interesse dos menores supera o interesse da mulher de sua privacidade e
intimidade.

-Necessidade, art. 370, § único, CPC. O contraditório não se desenvolve como as partes
querem, e sim da forma útil.

-As vezes as diligências podem ser inúteis porque a questão já está provada e a parte não
percebeu.

-Ex. crimes contra a ordem tributária, o Ministério Público apresenta auto de infração
assinado por auditor fiscal, e normalmente o MP vai arrolar o auditor fiscal. Tal diligência
é inútil, a menos que o MP queira provar algo mais. No entanto o MP o faz por dúvida se o
juiz estará suficientemente convencido ou não.

-É muito comum que no direito de família que as pessoas queiram provar coisas inúteis,
ocorrendo muitas discussões desnecessárias, como provar adultério, homossexualidade,
coisas que são completamente irrelevantes em um debate de guarda dos filhos.

-Prova dos autos, art. 371 CPC. O contraditório só se desenvolve nos limites do processo.
Outras questões extraprocessuais não podem ser levadas em consideração, salvo se tratar
de fato notório ou presumido.

-Se o juiz sabe de alguma coisa fora do processo, é provável que isso o influencie
psicologicamente. Assim sendo, deverá o juiz indicar as razões do seu convencimento, não
pode o juiz fundamentar algo nas suas convicções filosóficas, religiosas ou demais que não
estão nos autos, a não ser que seja um fato notório ou presumido.

-Fato notório é aquele que todo mundo sabe, todo mundo tem conhecimento.

-Princípio da Comunhão da Prova (aquisição processual da prova), significa que uma vez
que a prova foi produzida, ela é do processo. A prova uma vez incorporada ao processo,
pertencerá ao processo. O juiz poderá valorar contra a pessoa o elemento de prova
produzida por ela, como no caso de testemunhas do autor, e seu depoimento podendo ser
usado contra ele.
-Princípio da Inércia. Há quem diga que é uma regra e não um princípio, mas
corriqueiramente os autores se referem como um princípio. O processo começa por
iniciativa da parte. É um contrapeso importante ao poder do judiciário, que não decide os
conflitos que quer, mas o que lhe são apresentados. Isso se contrapõe ao ativismo do
judiciário, onde o judiciário cada vez mais se contrapõe as atividades dos outros poderes,
sobretudo para definir políticas públicas.

-Exceções: O juiz poderá iniciar de ofício o cumprimento de sentença nas obrigações de


fazer e não fazer, e dar coisa, no caso o cumprimento é uma fase do processo. O juiz pode
instaurar de ofício alguns incidentes processuais (IRDR, conflito de competência, etc). O
juiz pode iniciar de ofício o processo de falência de empresas, convertendo um processo
de recuperação judicial em falência. São chamadas de exceções relativas ou falsas
exceções. No antigo CPC determinava que o juiz iniciasse de ofício o processo de
inventário quando ninguém mais o fizesse (art. 989 CPC/1973).

-Princípio da Demanda (Congruência/Adiscrição): complementa o princípio da inércia, O


juiz só resolve os conflitos nos limites que lhe são apresentados pelas partes. Se decidir
fora destes limites a decisão será ultra, extra ou intra (citra) petita. Infra petita o juiz
decide menos do que foi pedido, extra petita decide diferente do que foi pedido, e ultra
petita decide mais do que foi pedido.

-Obs: Há questões a cujo respeito a lei não exige iniciativa da parte para conhecimento
judicial. Ex: Prescrição, decadência, nulidades, simulação, etc. São as questões que podem
ser conhecidas de ofício. Todavia, essas questões só serão analisadas se estiverem nos
limites da demanda.

-Ex: Parte pede nulidade de uma clausula do processo, e o juiz percebe que ocorreu
prescrição de todo o contrato e o CPC permite que o juiz conheça de ofício a prescrição,
mas apesar disso o juiz deve se limitar a decretar a prescrição da cláusula indicada, ou
agirá ultra petita. No caso, é como se a parte tivesse feito um recorte da clausula do
processo, deixando as outras clausulas de fora.

-Apesar do juiz poder conhecer de ofício as questões de ordem pública definidas em lei,
esse conhecimento deve se dar sempre nos limites da demanda.

-Permitir o juiz agir de forma contrária tornaria um agente de criação de conflitos em vez
de ser um agente de resolução de conflitos.

-Princípio do Impulso Oficial: art 2º, segunda parte CPC. Depois que o processo se iniciou,
o juiz deve dar sequência ao mesmo. Rompida a inércia, é dever do juiz impulsionar o
processo.

-Se relaciona com as regras da Preferência para a Ordem Cronológica de Julgamento e de


Cumprimento das Decisões. Juiz deve decidir as causas na ordem cronológica em que ele
as recebeu. Não havendo preferência o juiz deve seguir a ordem.
-A preferência do novo CPC é apenas uma preferência, e não uma obrigação, pois o art. 12
CPC foi alterado antes que o CPC entrasse em vigor, o que fez com que esse artigo afirme
que essa ordem é meramente preferencial. No antigo CPC essa era uma ordem obrigatória.

-Princípio da Cooperação – Existe uma grande dúvida sobre quais seriam as


consequências práticas do princípio da cooperação. Ele implica deveres para o juiz, ele
deverá ser cooperativo com as partes, e as partes em alguma medida com o juiz. Nisso se
extraem 4 deveres direcionados primordialmente para ao juiz.

-I – Esclarecimento- É obrigação do magistrado esclarecer as partes dúvidas que surgirem


no decorrer do processo.

-II – Consulta: consultar as partes antes de decidir.

-III – Prevenção: apontar defeitos nas atividades das partes, oportunizando-lhes a


correção.

-IV – Auxílio: Juiz deve auxiliar as partes em relação ao exercício de seus ônus processuais.

-Obs: O juiz tem posição de proeminência no processo, mas hoje não deve ser distanciado
das partes, devendo contribuir para o desenrolar cooperativo do processo. O processo
deve ser desenvolver como comunidade de trabalho, como um esforço comum na
obtenção de um resultado justo, efetivo e em tempo razoável.

-O juiz gerencia toda a atividade processual, o que consiste o sistema inquisitorial,


contrapondo o sistema Adversarial, em que o juiz é um espectador e um arbitro da
atividade das partes, mas o centro de gravidade são as partes, como no sistema Norte
Americano e o Inglês.

-Princípio da Adequação da Jurisdição e da Prioridade para a solução consensual do


Conflito: O estado deve proporcionar aos litigantes meios adequados para a solução de
seus conflitos.

-Ex: Em determinados casos é permitida a autotutela, como no desforço imediato (art


1.210, CC).

-A prioridade é a solução consensual dos conflitos, de maneira amigável através de acordo


entre as partes. Para tanto o CPC prevê as figuras da conciliação e da mediação no art. 165.

-O princípio da adequação da jurisdição diz que a jurisdição deve ser exercida de modo
adequado a proteção dos direitos matérias litigiosos. Esse princípio significa 2 coisas.

-Primeiro o legislador deve criar normas adequadas aos direitos materiais, o processo não
pode ignorar as necessidades dos direitos materiais. É uma adequação na via legislativa.
-O legislador deve criar procedimentos especiais porque em algumas situações existem
problemas mais delicados necessitando processos específicos.

-Não deve existir um processo tamanho único, engessado, precisa ser customisável, não
pode ser rígido, assim como devem existir outros tipos de procedimentos adequados a
necessidades específicas.

-Segundo, é dever o juiz adaptar as necessidades do processo litigioso ao caso. A norma


processual não pode ser um obstáculo a realização do direito material, e o juiz deve zelar
para que isso não ocorra. Isso não se encontra no CPC.

-Negócio processual é um negócio jurídico cujo objeto é um direito processual e não um


direito material. O art. 190 CPC é uma cláusula geral de negociação processual, o que na
visão de Fredie Didier muda o centro de gravidade do Processo Civil, dando liberdade as
partes para o que vai ser negociado. O direito admite auto composição e as partes são
capazes, permitindo ajustes no procedimento para adequá-lo as especificidades da causae
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, que poderá
ocorrer antes ou durante o processo. Existem limites que são nos casos de nulidades,
inserção abusiva em contrato de adesão ou manifesta situação de vulnerabilidade (art.
190, par. único, CPC).

-Obs: no art 190 CPC não há homologação judicial, o negócio vale de imediato. Ao longo
do CPC, há outros negócios que exigem homologação. Direitos que admitem
autocomposição não são apenas os disponíveis, mas também os indisponíveis que
admitem negociação (ex: Patrimônio Público).

-O conjunto dos direitos que permitem autocomposição é mais amplo que o conjunto dos
direitos disponíveis. Todo direito disponível permite autocomposição, mas nem todos os
direitos indisponíveis permitem.

-O art. 191 inclui a figura do juiz, apresentado o Calendário Judicial, onde o juiz marca os
momentos na linha do tempo, o que dispensa a intimação das partes. Juiz e partes
negociam e estabelecem quando as coisas aconteceram no futuro.
AULA 3 – MÓDULO I – EDILSON VITORELLI

-Conclusão: O modelo cooperativo entre juiz e partes é uma articulação dos princípios da
boa-fé, do contraditório e o respeito ao regramento da autonomia da vontade. Esse é o
modelo cooperativo entre o modelo inquisitivo e o modelo adversarial, os modelos
clássicos do processo. Esse é o modelo cooperativo.

-O modelo inquisitório pressupõe o protagonismo do juiz, todo o trabalho e


desenvolvimento do processo sendo protagonizados pelo juiz.

-O modelo adversarial pressupõe o protagonismo das partes, sendo o juiz distante do


processo,

-O modelo cooperativo propõe um equilíbrio entre a atuação do juiz e das partes, é um


meio termo entre as duas situações anteriores.

-A tendência do modelo cooperativo brasileiro ainda é predominantemente inquisitivo,


apesar da valorização da vontade das partes, a figura do juiz tem um notório
protagonismo na atuação do processo brasileiro.

-Princípio do juiz natural: art. 5º, XXXVII da CF. Juiz natural é aquele que foi escolhido
por critério objetivos. É oposto ao juiz excepcional, escolhido com fim específico para
melhorar ou piorar a situação das partes. Pressupõe as normas de imparcialidade e
competência jurisdicional.

-Imparcialidade: Juiz é imparcial porque ele não é parte do processo, e a doutrina do


professor Cabral chama isso de “impartialidade”, tornando o juiz “impartial”. O juiz
também é imparcial, não é interessado na causa. Essa diferenciação é importante para
discussão do art. 370, CPC, que diz que cabe ao juiz de ofício ou a requerimento das partes
determinar as provas necessárias para o julgamento do mérito.

-Para tanto existe duas correntes.

-A primeira diz que não fere o princípio do juiz natural, pois o juiz não se torna parte, não
sabe quem será beneficiado pela prova, e tem dever de decidir bem.

-A segunda corrente diz que fere o principio do juiz natural, argumentando que em razão
das regras de ônus da prova, o juiz sabe quem será beneficiado, o juiz fica subjetivamente
comprometido, uma boa decisão não exige prova de ofício.

-Obs: Quando o juiz requer produção de provas ele não perde sua impartialidade, pois não
é a favor de uma parte ou outra, o que permite que ele produza provas.

-Não se sabe se o art. 370 CPC fere ou não o princípio do juiz natural.
-A corrente que concorda que o art. 370, CPC fere o princípio do juiz natural, porque a
produção de provas, quando o juiz não está satisfeito com as provas produzidas nos autos,
o faz porque já tem uma ideia pré-concebida que não corresponde as provas nos autos e
ainda assim busca uma forma de sustentar sua posição. Psicologicamente é como se não
estivesse de acordo com a sentença que terá que produzir de acordo com as provas
elencadas nos autos, mas o juiz não pode ter uma preconcepção para um resultado justo.

-No entanto, o art. 370 permite que o juiz produz provas em qualquer caso, não impondo
qualquer tipo de condição.

-Impedimento e suspeição: arts. 144 e 145, CPC. São hipóteses que refletem em benefício
das partes o princípio do juiz natural.

-Obs: Curiosamente nosso direito não diz o que é um juiz imparcial, e o conceito é pela
negativa, não sendo um juiz que não é impedido e nem suspeito.

-Existem limites que beneficiam o próprio juiz que são a Vitalicidade, Inamovabilidade e
Irretudibilidade de Vencimentos (art. 95, CF), sãos as três garantias mais importantes que
propiciam independência na atuação do juiz. Isso reduz a possibilidade do juiz ser
pressionado por terceiros.

-Obs: Se mais da metade dos membros de um tribunal forem impedidos de julgar uma
causa, a competência é do STF. DJ 16-04-1993 PP-06430 EMENT VOL-01699-01 PP-0155

-Obs: Deslocamento da competência em decorrência da criação de vara especializada não


ofende os princípios do juiz natural, da vedação ao juiz de exceção ou da perpetuaio
jurisdictionis. Ex: Em determinada comarca não existe vara especializada em matéria
penal, mas caso seja criada uma vara especializada em matéria penal nessa comarca, de
acordo com o STF, os processos já em andamento poderão ser transferidos para a vara
especializada sem que isso ofenda o juiz natural. A literalidade da CF não demonstra
aceitar esse entendimento, mas o STF o faz porque o critério é objetivo, porque o
deslocamento não visa beneficiar ou prejudicar as partes, mas sim favorecer a
administração.

-Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Se realiza na ideia de direito ao recurso


ordinário, aquele que permite ampla revisão. No Brasil o principal recurso ordinário é a
Apelação, permitindo ampla revisão da decisão recorrida. Já o REsp e RExt tem índole
extraordinária, restrita.

-Não se encontra no texto constitucional, por isso há quem diga que é uma garantia
constitucional e há quem diga que não é.

-Quem afirma que é uma garantia constitucional afirma que é uma garantia implícita da
constituição, estando presente também no Pacto de São José da Costa Rica
-Quem diz que não é, aponta que o duplo grau do Pacto São José da Costa Rica se refere
expressamente ao direito penal e não ao civil.

-Para a maioria dos autores do Processo Civil, não é uma garantia, mas sim um princípio.
Em princípio o cidadão pode acessar os tribunais, mas não necessariamente em todos os
casos.

-Hoje no Brasil é possível recorrer de qualquer decisão de um juiz de primeiro grau.

-Princípio da publicidade: Em regra todos os julgamentos do poder judiciário serão


públicos. Art. 11 CPC.

-Excepcionalmente é aceitável que o juiz limite a publicidade do processo quando for


necessário para a preservação do direito a intimidade da pessoa. Art. 189, CPC.

-A lei de arbitragem permite confidencialidade também, art. 189, IV, CPC.

-Em casos de segredo de justiça, o advogado poderá ter acesso aos autos quando estiver
constituído. 107, I, CPC.

-Terceiro que tiver interesse jurídico poderá requerer ao juiz certidão do dispositivo de
sentença. 189, § 2º, CPC.

-A constituição exige a motivação das decisões judiciais no art. 93, IX. Qualquer ato judicial
deve ser fundamentado. Isso existe para impedir decisões autoritárias.

-A motivação existe para que ocorra o sistema de análise da prova. Durante a história
houveram 3 sistemas que são: Íntima Convicção, Prova Tarifada, e (livre) Convencimento
motivado.

-Íntima Convicção: O juiz avalia livremente as provas e não precisa justificar. Era adotado
na antiguidade e excepcionalmente é utilizado atualmente no tribunal do júri. Esse
sistema permite arbitrariedades e é bastante combatido atualmente.

-Prova Tarifada: O juiz não valora as provas. Seu valor é predefinido em lei. Ex: Duas
testemunhas valem mais do que uma. A confissão é prova absoluta. Esse sistema pode
levar a decisões injustas, amarrando o juiz que provas abstratamente parecem melhores,
mas concretamente podem ser piores. No processo penal existe ainda quem admita esse
tipo de prova. As provas são avaliadas pelo juiz no caso, não existe juízo de valor superior
de uma prova para outra. Ex: O casamento só se prova pela respectiva certidão e não por
outras provas.

-Convencimento Motivado: O juiz analisa as provas dos autos e motiva a valoração que
atribuiu a cada uma delas. A análise é livre, mas o juiz deve justificar o modo como fez a
valoração, dando assim a certeza de que o juiz não está sendo autoritário.
-O primeiro papel da motivação é a garantia contra o autoritarismo, sabendo assim os
motivos que trouxeram a decisão.

-A motivação também serve para viabilizar o recurso, pois o recurso é contra a valoração
que o juiz fez das provas e do direito apresentado. O recurso no caso se volta contra a
motivação do magistrado. O único recurso que se volta apenas contra a decisão é o
Protesto por Novo Juri.

-Marinoni diz que o juiz faz uma dupla atribuição de sentido quando produz uma
sentença. Atribui sentido ao ordenamento, atribui sentido ao caso, então somente depois
disso apresenta decisão.

-A motivação está ligada a manifestação das partes no processo, então o juiz responde aos
argumentos das partes. Não basta que ao juiz produza uma motivação se ele não responde
o que as partes estão trazendo ao processo. A motivação é responsiva, devendo ter
referência aos argumentos trazidos ao processo. Não pode deixar de lado aquilo que as
partes trouxeram ao processo.

-O juiz não está limitado a argumentação jurídica das partes, Iura novit cúria.

-Em relação aos fatos, devemos lembrar que o princípio da motivação diz que o juiz não
pode se valer de conhecimentos extraprocessuais (fora do processo) de que dispõe para
decidir a causa. “Quid non est in actis, noa est in mondo”, o que não está nos autos não
está no mundo. Existem exceções legais, como os chamados fatos notórios, que a lei
permite que o juiz o utilize na sua motivação sem que ele esteja narrado nos fatos.

-Obs: A lei não define o que seria fato notório.

-Conclusão: O juiz poderá conhecer de normas jurídicas não invocadas pelas partes, mas
a respeito dos fatos, em regra não poderá conhece-los quando não estiverem nos autos.

-Em regra a motivação não é responsiva às partes, não interessando de que jeito a parte
está argumentando sua tese e sua antítese, e por isso o atual CPC se preocupou bastante
com a motivação.

-art 489, § 1º CPC: São as hipóteses em que não se considera motivação. Não poderá
simplesmente fazer referência ao dispositivo legal sem dizer o porquê ele se aplica ao
caso, não é fundamentação adequada. Não poderá apresentar conceitos jurídicos sem
demonstrar porque eles se aplicam ao caso (Ex: Declarar sigilo do processo por interesse
público sem dizer qual é esse interesse). Não poderá utilizar um modelo genérico para
todas as suas decisões. Não poderá o juiz deixar de enfrentar todos os argumentos
apresentados no processo, no entanto o STJ aceita que o juiz não analise todos os
argumentos.
-Quando o juiz tem duas normas incidindo sobre os mesmos fatos, deve fazer uma
ponderação entre elas, devendo qual é o critério de ponderação para chegar a conclusão
de qual vai preponderar. 489, § 2º CPC.

-O juiz deve motivar porque seguiu ou não determinado precedente, não bastando dizer
qual é o precedente, devendo dizer porque se aplica ou não. 489, § 1º IV e V CPC.

-O STJ afirma que não haverá violação do art. 489, § 1º, VI e 1l022, par. único, II, CPC se
houver fundamentação suficiente para amparar o acordão.

-Em julgado o STJ afirmou que o juiz apenas precisa combater os argumentos capazes de
modificar o seu entendimento, contrariando o art. 489 CPC.

-Duração Razoável do Processo: art 5º, LXXVIII, CF; 4º CPC. No CPC, depois da reforma
do 2015, o que remanesceu foi a preferência da ordem.

-Duração razoável é um conceito aberto, não se sabe quanto tempo seria razoável, não há
critério, dependerá da complexidade o caso. É a ideia que o processo não pode durar um
dia a mais do que o necessário para ser resolvido.

-Há casos que o poder judiciário tem admitido Mandado de Segurança para fazer a
administração pública analisar processos administrativos que estão há muito tempo
parados. No entanto, no judiciário não há precedente de tal recurso para movimentar
processos.

-Existem duas prioridades de tramitação no art. 1.048 CPC, uma para com mais de 60 anos
ou portadora de doença grave, e os processos do ECA. No entanto, não adianta a criação
de prioridades se o juiz não tem como cumpri-la, e existem outras prioridades em outras
leis.

-A prioridade vem se mostrando sem força para resolver o problema da duração razoável
do processo.

-Princípio da economia processual: Representa a ideia de que o processo é um serviço


público e ele deve estar atento ao custo que ele gera, a noção de economicidade, fazendo
melhores resultados com menos custos.

-Pan Processualismo: É a ideia de que estudar o processo não é apenas estudar os autos,
mas é estudar também as condicionantes sociais, culturais e econômicas do processo. Só
é possível entender o fenômeno processual, em uma perspectiva pan processual, vendo
tudo o que orbita o processo, e uma destas perspectivas é a social.

-art 277, CPC: Realiza a economia processual por uma regra de informalidade dos atos
processuais. Quando ainda que a lei diga de que jeito deve ser um ato processual, o juiz
deve considera-lo valido, mesmo quando desobedecido, mas se a finalidade for alcançada.
No entanto, existem tantos juízes extremamente formalistas que este artigo parece ser
letra morta.

-art. 277, § 1º – Não há nulidade sem prejuízo. Não se repete um ato sem que ele seja
efetivamente necessário, sem se demonstrar que a não repetição efetivamente prejudica
uma das partes. Nenhum ato processual é nulo de pleno direito, será válido até que o juiz
fale o contrário.

-art. 277, § 2º – Se o ato trouxer prejuízo à parte, mesmo assim não será anulado quando
ela for ganhar de qualquer jeito.

-As consequência da economia processual a respeito das nulidades são:

-1 – Todos os atos são, a priori válidos.

-2 – Mesmo que tenham defeitos, os atos não serão anulados se atingirem sua finalidade.

-3 – Os atos não serão anulados se não causarem prejuízo às partes.

-4 – Mesmo que o ato seja defeituoso, ele não será anulado se o juiz puder decidir o mérito
a favor da parte prejudicada pelo defeito.

-Obs – O processo civil não diferencia atos nulos e anuláveis. Todos os atos processuais
seguem as mesmas regras.

JURISDIÇÃO

-Conceito: Embora ao poder estatal seja uno, ele tem 3 maneiras principais de atuação: a
legislação (produção de direito novo, por intermédio da edição de normas gerais,
abstratas, obrigatórias e inovadoras), a administração (aplicação da lei de ofício) e a
jurisdição.

-O conceito de Fredi Didier é: Jurisdição é a função atribuída a um terceiro imparcial, de


realizar o direito de modo imperativo e criativo, reconhecendo/efetivando/protegendo
situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de controle
externo, com aptidão para tornar-se indiscutível.

-Jurisdição como atividade de heterocomposição – A essência da jurisdição é que ela


se realiza na atividade de um juiz, que determina a solução do conflito.

-Existem órgãos administrativos que também fazem isso, são terceiros imparciais que
decidem conflitos, mas é jurisdição, pois lhes faltam outras características endêmicas a
jurisdição. Ex: CADE que julga casos em que empresas estão acusando umas as outras de
condutas ilegais do ponto de vista da concorrência.
-Jurisdição é uma manifestação do poder estatal – a decisão do juiz se impõe sobre as
partes, diferentemente de outros métodos de dissolução de conflitos. A decisão do juiz
não é uma sugestão, é uma imposição. A decisão, dependendo da situação, poderá ser
aplicada a força.

-Embora aparentemente seja uma forma de resolução não violenta, a violência do


judiciário está pressuposta.

-Quanto a inevitabilidade, a jurisdição é facultativa apenas para o autor, que opta por levar
ou não o conflito para a jurisdição. A decisão é inevitável e compulsória.

-Jurisdição é uma atividade criativa – não é uma atividade meramente burocrática, não
é uma peça esperando para ser encaixada, é uma atividade de criação do direito. A norma
jurídica decorre da interpretação do ordenamento, não do mero texto de lei, o direito não
está na lei, a lei é uma fonte formal de direito, que interpretará norma jurídica.

-Todo direito é linguagem e toda linguagem demanda interpretação. É impossível aplicar


uma norma jurídica sem interpretá-la.

-É impossível aplicar o que afirma o art. 5º do código civil francês, que diz que fica
proibido aos juízes julgar por disposições gerais ou regulamentar as causas que lhe forem
apresentadas, pois o juiz precisa interpretar o direito para aplicar a lei.

-Controle de Constitucionalidade – Todo o juiz faz o controle difuso ou concreto da


constitucionalidade das leis. O juiz não aplica as leis automaticamente, devendo primeiro
averiguar se está de acordo com a constituição.

-O CPC/2015 pressupõe que a atividade criativa permite que o juiz crie precedentes em
determinadas circunstancias, e que se tornem obrigatórios em outros casos diferentes,
mas análogos.

-Dentro da fundamentação encontram-se elementos que são essenciais para a conclusão


do juiz, que são chamadas de “ratio decidendi”, que é o oposto de “obter dictum” (dito de
passagem, algo que o juiz diz, mas o faz de passagem). Um caso idêntico ou análogo
permite que a linha argumentativa também sirva par o caso.

-O juiz deve pensar se a decisão é justa em determinado caso, e em outros casos análogos
também, sendo algo pautado pela ideia de isonomia. O juiz deve ter em mente os casos
futuros que sua decisão poderá afetar.

-Atualmente o sistema de precedentes está sendo intensificado no nosso sistema


processual.

-Num sistema de Civil Law o juiz faz sua interpretação diretamente a partir da lei,
produzindo sentença, e sendo independentes entre si. Um juiz não busca saber as decisões
de outros juízes.
-No sistema de Common Law não existe lei abstrata quando o caso surge pela primeira
vez, o juiz deve olhar para um todo para fazer sua decisão. Nu segundo caso, análogo ao
primeiro, o juiz vai analisar o primeiro caso e como o direito foi aplicado, procurando
buscar precedentes para aplicar a mesma decisão. “O juiz do futuro olha para o juiz do
passado”.

-Ao longo da história esses dois sistemas vêm agregando características um do outro, e o
CPC/2015 trouxe características do Common Law, abrindo um pouco mais esse espectro
na nossa legislação.

-Precedente é um julgado que se impões porque foi selecionado pela lei para ser
impositivo. O precedente vinculante obriga o juiz a seguir a vinculação.

-Por força do art. 927 CPC, nosso sistema não adotou que toda a decisão tomada é um
precedente obrigatório, diferente dos EUA, mas selecionou alguns procedimentos que
tomados são obrigatórios.

-Jurisdição como Técnica de tutela dos direitos – A jurisdição é uma técnica que existe
para tutelar, proteger direitos, o fazendo por intermédio de 3 atividades: Cognitiva
(conhecer), Satisfativa (executar) e Acautelatória (proteger).

-A atividade cognitiva é concluída pela sentença. A atividade satisfativa é a implementação


de direitos, a situação que o juiz está criando um direito que já foi reconhecido. A atividade
acautelatória o juiz está protegendo direito que ainda não foram reconhecidos mas tem
chance de ser no futuro.

-Antigamente cada uma destas atividades tinha um processo próprio, mas hoje se tornou
um só, chamado de Processo Sincrético, que é a expressão usada para dizer que as três
atividades podem acontecer dentro do mesmo processo, não precisando ter 3 processos
diferentes para fazer as mesmas atividades.

-Ainda que haja interesse público na jurisdição, a tarefa mais importante da jurisdição é a
proteção dos direitos das partes, dar tutela as pessoas que são parte no processo.

-A jurisdição nunca age espontaneamente e nem de modo abstrato, sempre por


provocação e pressupondo um caso problemático.

-A jurisdição como atuação no caso concreto – a atuação da jurisdição se da em uma


lide. Lide é um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Pretensão
é a prerrogativa de buscar tutela a um direito ameaçado ou violado.

-A pretensão é resistida quando o réu se insurge contra a pretensão, quando surge a Lide.
-Ausência de controle externo – A atuação de um juiz não pode ser modificada por
alguém de fora do poder judiciário. O controle das decisões judiciais é interno, feito pelo
próprio judiciário nas vias recursais.

-Obs: O CNJ é um órgão interno ao poder judiciário, não sendo externo, ainda que seja
composto por pessoas externas ao poder judiciário. E o CNJ não controla decisões
judiciais, mas sim a administração do tribunal, aplicando medidas disciplinares.

Aptidão para formar coisa julgada – toda vez que um juiz julga ele primeiro resolve os
problemas do processo, e resolvidos esses problemas ele chega ao mérito, a análise do
direito material relevante para o caso. Depois de esgotados todos os recursos, forma-se a
coisa julgada material, que é a decisão que não pode ser revista pelo judiciário, salvo raras
exceções. A proteção da coisa julgada é uma garantia constitucional (art. 5º XXXVI, CF),
que fala de “lei” em sentido amplo, se referido a qualquer atividade do executivo e
legislativo.

-A jurisdição não é a única maneira de resolução de conflitos, havendo outras maneiras


que a própria lei incentiva a serem utilizadas como mediação, autotutela (em casos
excepcionais), arbitragem.

-Arbitragem – Didier afirma que arbitragem é jurisdição, que embora não seja feita por
juízes tem todas as características da mesma. Marinoni diz que á arbitragem é um
equivalente jurisdicional, o resultado é equivalente a sentença de um juiz, mas não é a
mesma coisa.

-Requisitos da Arbitragem; São 2, pessoas capazes de contratar e direitos patrimoniais


disponíveis.

-A administração pública pode se valer da arbitragem no tocante a direitos patrimoniais


disponíveis. Há quem diga que direitos patrimônio público é indisponível, mas a lei está
se referindo a dinheiro.

-A autoridade que puder fazer acordos e transações poderá celebrar a arbitragem.

-Características: É a liberdade procedimental e material, pode ser de direito ou de


equidade. As partes podem escolher o procedimento e o direito material a ser usado.

-As partes entram em arbitragem através de convenção de arbitragem, por meio de


cláusula compromissória, prevista no próprio contrato, ou por compromisso arbitral, um
acordo apartado, geralmente depois do litígio.

-Todo o procedimento seguirá a lei de arbitragem, inclusive medidas liminares.

-A decisão poderá ser uma sentença parcial ou uma sentença arbitral total, que envolve
todo o litígio ao final.
-Somente poderá ser levada a justiça questão relacionada a arbitragem quando ocorrer
alguma nulidade da cláusula que deu origem a arbitragem, ou do procedimento arbitral.
Não pode ser rediscutido o mérito no judiciário, a sentença arbitral terá o mesmo poder
da sentença de um magistrado.
AULA 4 – MÓDULO I – EDILSON VITORELLI

-Desjudicialização – Em vários dispositivos o CPC vem permitindo que os conflitos sejam


resolvidos fora da jurisdição. A maioria destes conflitos se valendo da estrutura notarial
existente no Brasil. São eles:

-Divisão e demarcação por escritura pública (571, CPC), caso não exista controvérsia
entre as partes.

-Inventário e divórcio se não houver conflito e nem incapazes (610, 733, CPC).

-Usucapião (1.071, CPC; 261-A da Lei 6.015/1973), existem hipóteses em que a ocupação
se da a muito tempo e o processo seria muito complexo, ou então desnecessário por
ausência de conflito. Se usa a ata notarial caracterizando a posse da pessoa, com ampla
publicidade, e não havendo impugnação o tabelião registra a propriedade.

-São situações que na vida real são simples, mas processualmente complexas, deixando
para os tabelionatos resolverem.

-Consignação em pagamento extrajudicial – não é notarial, é bancária, é a possibilidade de


depositar em banco o valor que o credor se recusa a receber. (539, CPC)

-A arbitragem também é uma desjudicialização.

-Princípios da Jurisdição – São eles:

-Territorialidade – Via de regra, a jurisdição é exercida onde o Estado tem soberania.

-indelegabilidade – Judiciário não pode abrir mão da jurisdição para outro poder. Podem
ser delegadas outras atividades não decisórias menores, chamadas de “carta precatória,
rogatória e de ordem”, sempre do próprio judiciário, nunca para outros poderes. Carta
precatória é a delegação de um juiz para outro juiz. Carta rogatória tem como referência
um país estrangeiro, o juiz delega para o exterior. Carta de Ordem é a situação em que se
tem o tribunal delegando para o juiz. (237, CPC). Existe também a Carta Arbitral, onde o
arbitro pede para o juiz cumprir alguma providência dentro da arbitragem, como
cumprimento uma tutela provisória.

-Inafastabilidade – (5º, XXXV, CF), qualquer alegação de lesão ou de ameaça podem ser
submetidas ao poder judiciário. Já vem dizendo o STF que não se pode exigir depósito
prévio como requisito de admissibilidade da ação judicial relacionada a crédito tributário
(SV 28). É inconstitucional a exigência de depósito para admissibilidade de recurso
administrativo (SV 21). Em ambos os casos não haverá suspenção automática do crédito,
a inafastabilidade cumpre retirar a exigibilidade do depósito. O STF também decidiu que
a negativa do benefício previdenciário é requisito para a propositura de ação judicial (RE
631.240), pois se o benefício não foi pedido ainda e não houve negativa do mesmo,
considera-se que está ausente o interesse de agir, afinal não houve pretensão resistida
para ser avaliada pelo judiciário.

-Jurisdição Voluntária – Existe polêmica, há quem diga que é jurisdição e quem diga que
não é, a frase mais famosa é que “a jurisdição voluntária não é nem jurisdição e nem
voluntária”, mas esse termo ficou mais conhecido no Brasil.

-Conceito – É a atividade jurisdicional exercida para a administração pública de interesses


privados, ou administração pública de determinados interesses que a lei considera
valiosos. É a atividade jurisdicional exercida para proteger certos interesses que tem
maior relevância e sim submetidos a um juiz, mesmo que não exista conflito (lide). Serve
para integrar a vontade das partes permitindo que produza determinado resultado
jurídico, após a fiscalização de seus requisitos legais.

-Existem determinadas situações que o legislador considerou importantes do ponto de


vista social, público, por envolver incapazes, e não quer deixar esses assuntos para a
atividade privada sozinha solucionar, exigindo a participação de um juiz nesses casos,
verificando se tudo está correto, complementando assim a vontade das partes.

-Via de regra não existe conflitos entre as pessoas, porém o legislador por prudência
decidiu que elas não pudessem resolver o conflito sozinhas.

-Jurisdição voluntária é a atuação do poder judiciário em situações que o legislador


considera especialmente relevantes, ainda que não haja conflito entre as partes. Seu
objetivo é permitir que o juiz fiscalize os requisitos da prática do ato e autorize a sua
realização. Ex: Alienação de imóveis de incapazes; definição de tutela e curatela;
interdição, inventário, partilha, separação e divórcio se houver incapaz envolvido;
alteração de nome, salvo exceções.

-A jurisdição voluntária terá início por provocação do interessado, cabendo formular o


pedido devidamente instruído com os documentos necessários (720, CPC).

-Serão citados todos os interessados, incluindo o MP nos casos do art. 178, CPC (721, CPC)

-Um juiz não é obrigado a observar critérios de legalidade estrita, podendo adotar solução
mais conveniente ao caso (723, par. único, CPC). É um dispositivo bastante criticado,
dizendo que não existe propriamente essa legalidade estrita em lugar algum, somente
servindo para o que a doutrina chama de uma maior liberdade de flexibilização
procedimental.

-Exemplos de jurisdição voluntária se encontram nos arts. 725/770 CPC.

-Ônus financeiro do processo (Custo da atividade jurisdicional) – A atividade


jurisdicional não é um serviço público gratuito, e os custo se expressa em várias situações.
O ônus financeiro poderá ser:
-Sancionatório – É uma forma de punição.

-Multas – Estão via de regra, ligadas a um comportamento inadequado no processo,


relacionados a violação do princípio da boa-fé, não cumprindo com a cooperação do
processo. Poderá a multa ser por ato atentatório à dignidade da justiça (art. 77 § 1º e 2º,
CPC), descumprindo decisões judiciais e praticar inovação ilegal no estado de fato de bem
um direito litigioso; e por litigância de má fé.

-Obs – O valor arrecadado com a multa por ato atentatório vai para a fazenda. (77, CPC)
Multa de até 20%.

-Obs – Na execução a multa por ato atentatório vai para a parte contrária que via de regra
é o exequente. Multa de até 20%.

-O CPC tem duas multas denominadas ato atentatório contra a justiça. No que é tratado
no art. 77 CPC essa multa vai para a fazenda, e na execução vai para o exequente.

-Litigância de má fé (80 e 81, CPC) – Multa de 1 a 10% do valor corrigido da causa. A multa
vai para a parte contrária.

-Indenização Pelos Danos Causados – A indenização depende do valor do dano, pois é uma
reconstituição do patrimônio e vai para a parte prejudicada.

-Serventuários da justiça e outros sujeitos processuais – O valor vai par ao fundo do art.
97, CPC. Raríssimo a aplicação deste tipo de multa.

-Obs – Não pode recair multa aos profissionais do direito por ato atentatório (77, 6º, CPC),
devendo recair a responsabilidade disciplinar recair sob os órgãos de classe. CPC não
especifica a respeito de multa por litigância de má fé nesses casos, e a doutrina
majoritariamente diz que a multa é sempre da parte.

-Não Sancionatório – É inerente a participação do processo. Tem ligação com as despesas


processuais.

-Custas processuais – É o custeio suportado para a atividade no processo. Quem pede,


adianta, quem perde, paga. Quem pede a diligência é que tem que adiantar as despesas
para o processamento da diligência, e ao final quem perder paga tudo, pagando os valores
adiantados no início do processo.

-Exceções – Sucumbência recíproca ocorre quando as duas partes perdem, respondendo


cada um na proporção de sua derrota. Sucumbência mínima ocorre quando uma parte
perdeu quase tudo e a outra quase nada, o código aponta que quer perdeu quase tudo,
paga tudo, é uma regra de arredondamento.

-Honorários Sucumbenciais – É um valor pago pela parte derrotada ao advogado da parte


vencedora. Foram criados no CPC/1939 para ressarcir a parte contrária nos valores pagos
na contratação de advogado, no entanto hoje não tem mais essa função, o perdedor é
obrigado a pagar diretamente ao advogado do vencedor, o que não pode ser compensado
por sucumbência recíproca. O valor será de 10 a 20% do valor da causa dependendo da
situação da causa. Essa verba tem natureza alimentar do advogado. Sendo o valor da causa
inestimável, o juiz deverá arbitrar os honorários. Contra o governo existe um
escalonamento. (85, CPC).

-Obs – Honorários recursais (85, § 11, CPC) são a possibilidade de que os honorários
aumentem a medida que ocorram recursos, até o limite de 20%.

-STF decidiu que cabe honorários na reclamação, pois tem natureza jurídica de ação.

-Nos procedimentos de jurisdição voluntárias serão adiantadas pelo requerente e pelos


interessados, pois não há sucumbência (88, CPC).

-Despesas de entes públicos vão ser pagas ao final pelo vencido (91, CPC). Não é
necessário adiantar custas devidas ao Estado, mas quando devidas a particulares sim.

-O perito é em regra um particular, e o CPC sugere que os entes públicos devem adiantar
as custas (91, § 1º, CPC).

-Não havendo precisão orçamentária, serão pagas as despesas no exercício seguinte, ou


ao final apelo vencido (91, § 2º, CPC), mas isso não resolve o problema da verba para pagar
o perito, no caso isso criou uma rubrica orçamentária para o judiciário adiantar essas
despesas, como no caso de investigação de paternidade.

-Assistente técnico – Cabe a parte que indicou o assistente adiantar a remuneração, ou


rateada quando determinada de ofício ou requerido por ambas as partes. (95, CPC). Via
de regra é sempre o autor que suporta o adiantamento das despesas, então essa é uma
exceção.

-Gratuidade é a dispensa de adiantar despesas. Ao final se perder é condenado a pagar,


mas a condenação fica suspensa por 5 anos. Transcorrido o prazo, estingue-se a dívida.
Mostrando que a situação econômica da pessoa melhorou, poderá ser cobrada dentro
desse decurso de tempo.

-Aplica-se a pessoas naturais ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras e inclui também os


honorários sucumbenciais.

-Poderá ser feita por mera declaração. A parte contrária poderá combater a concessão do
benefício. O pedido é feito nos próprios autos, tendo 15 depois da declaração.

-Contra decisão que indeferir a gratuidade ou acolher sua revogação cabe agravo de
instrumento (101, CPC).
-Contra decisão que deferir ou não revogar a gratuidade não cabe recurso imediato.
Discute-se futuramente em apelação.

-Obs – De toda decisão tomada na sentença, só cabe apelação, inclusive a respeito da


gratuidade.

-O DIREITO DE AÇÃO

-1ª Teoria: Imanentista – Desenvolvida por Savigny no início do séc. XIX. A ação é
imanente ao direito material, é o direito em estado de ração a violação. Direito de ação e
direito material são a mesma coisa. Quando o direito material é violado, ele se transforma
no direito de ação.

-Isso não corresponde com a nossa realidade, que também possui ação declaratória e
constitutiva, e a doutrina de Savigny apenas explica com perfeição a ação condenatória.

-Ação declaratória se volta para sanar uma dúvida juridicamente relevante (19, CPC), não
dependendo de uma violação.

-Ação constitutiva quer modificar ou extinguir uma relação jurídica, como no divórcio.

-Ação condenatória busca condenar o réu a uma prestação material, tendo ligação com
pagar, fazer/não fazer ou dar coisa.

-Essas 3 ações são chamadas de classificação trinária das ações (constitutiva, declaratória
e condenatória), mas existe também uma classificação quinaria, que diz existirem 5 tipos
de ação subdividindo a ação condenatória, em: Mandamental (fazer/não fazer), Executiva
lato sensu (dar coisa), e Condenatória (pagar).

Obs: Toda sentença possui um elemento declaratório, pois toda a ação declara o direito,
declarando a existência ou inexistência de um direito. Por isso alguns autores chamam a
sentença declaratória como “Meramente declaratória”.

Obs: Sentença de improcedência e de extinção sem julgamento do mérito também é


declaratória, porque o juiz está declarando que a pessoa não tem direito material ou a
existência de um vício processual naquele caso.

-A natureza das ações se constrói pela natureza do pedido. A natureza da sentença


somente segue a natureza do pedido no caso de procedência, mas no caso de
improcedência ou extinção sem julgamento de mérito a natureza da sentença será sempre
declaratória. Existe um paralelismo entre a natureza do pedido, da ação e da sentença, que
é rompido quando se trata de improcedência. Toda a sentença será um pouco
declaratória, pois sempre declara algo.
2ª Teoria: Concreta – A teoria de Savigy foi superada por superada por Windsheid e
Muther, dividindo o direito material do direito de ação. No entanto, ela dizia que só tem
direito de ação quem tem direito material.

-Essa noção é falha, pois existem pessoas que mesmo sem ter direito material, tem direito
de ação, como as pessoas que tem sua ação declarada improcedente, onde o seu direito foi
negado. No entanto, houve toda um exercício da ação até chegar na declaração que ele não
tinha o direito material.

3ª Teoria: Abstrata – Ela separa o direito de ação e o direito material. Direito de ação é o
direito de provocar a jurisdição, independendo do direito material. Essa teoria inaugura
o processo no século XX. Couture afirmava que o direito de ação é uma modalidade do
direito de petição.

-Liebman apontou que essa categorização não servia para diferenciar coisa julgada
material de coisa julgada formal. Coisa julgada material não se pode exercer o direito de
ação novamente, e coisa julgada formal o direito de ação pode, então o direito de ação
depende do resultado. O direito de ação é diferente do direito material, mas só é
verdadeiramente exercido quando a ação e julgada no mérito. Nesse sentido, Liebman
criou as condições da ação, as condições para o verdadeiro exercício do direito de ação, as
condições para o julgamento do mérito. Era a teoria adotada pelo CPC/1973 que foi
escrito por Alfredo Buzaid, aluno de Liebman.

-Teoria Instrumental ou Civilista - A crítica que se faz a teoria abstrata e a teoria de


Liebman é que eles são muito preocupados com o momento da provocação, mas nenhum
se preocupa com o andamento do processo. Assim surge a teoria Instrumental da Ação
que diz que ao direito de ação é diferente do direito material, porém é um instrumento
para realizar o direito material, deve servir para realizar o direito material.

-Para Marinoni a ação não se esgota com a apresentação da petição inicial, sendo ele
exercido ao longo de todo o processo. O direito de ação se desdobra em várias
consequências como direito de produzir prova, recorrer, apresentar alegações, influir no
convencimento do juiz, etc. Para o réu, seria o direito de defesa, um reflexo do direito de
ação, o mesmo direito do autor, só que espelhado.

Conceito de ação – Ação é o direito de obter da jurisdição a tutela ao direito material que
o aturo afirma ter, mediante conforme o caso, conhecimento e solução da lide, bem como
adoção dos atos matérias de efetivação do direito, de modo provisório ou definitivo. Tal
tutela deve ser apresentada de forma efetiva, tempestiva e adequada as necessidades do
direito material.

-Resumindo, Ação é o direito de obter da jurisdição tutela adequada, efetiva e tempestiva


dos direitos materiais.

-Processo – é o instrumento que o Estado coloca à disposição dos litigantes para


administrar justiça (compor a lide). Processo é uma sucessão ordenada e encadeada de
atos tendentes a uma finalidade. No caso do processo judicial, esses atos se desenvolvem
em contraditório entre as partes e sua finalidade é a obtenção da tutela jurisdicional do
direito material violado.

-Processo é o instrumento de exercício da ação, enquanto ação é o direito de provocar a


jurisdição e dela obter tutela adequada, efetiva e tempestiva do direito material.

-Procedimento – E o modo de fazer do processo, é o rito.

-Autos – É a materialização física ou digital dos atos processuais. É a referencia física, a


manifestação sensível dos atos processuais.

-Pretensão – É o conteúdo da ação. É o que se espera de um processo. A doutrina distingue


em 2, material e processual. O ingresso da ação tem as duas pretensões, material se volta
contra o réu, reclamando uma conduta do réu, já a pretensão processual se volta contra o
Estado, e tem haver com o direito ao processo. Toda vez que se exerce prevenção
processual também se exerce a pretensão material, no entanto é possível pretensão
material sem proteção processual, ocorrendo na arbitragem, autotutela, mediação,
conciliação, acordo, etc. Pretensão material é exigir alguma coisa da parte contrária,
independente de existir ou não processo.

-Teoria da Ação (resumo)

-1 – Ação é o direito de provocar a jurisdição para obter tutela adequada, efetiva e


tempestiva do direito material.

-2 – Pretensão é o conteúdo da ação aquilo que o autor pretende. Se divide em material,


que se volta contra o réu, e processual que volta contra o Estado, é o direito ao processo.

-3 – Processo é a sucessão ordenada e encadeada de atos processuais que serve como


instrumento do exercício do direito de ação

-4 – Procedimento é o modo de realização do processo e dos atos processuais.

-5 – Autos é a manifestação do processo em meio perceptível aos sentidos humanos. É o


registro do processo.

-Relação jurídico processual – É a relação que existe em decorrência da participação em


um processo. É uma relação que deriva do fato das pessoas estarem em um processo, uma
relação de direito público, autônoma ao direito material mas instrumental a ele, complexa
porque se realiza em mais de um ato, unitária porque esses atos estão ligados, e dinâmica
porque muda com o tempo. Ela começa entre autor e juiz com a petição inicial e se forma
com juiz e réu com a citação.

-Existe um debate na doutrina para se saber se a relação é angular, das partes para com o
juiz, ou triangular, ligando também diretamente autor e réu (190, CC).
-Elementos da Ação (elementos da causa ou da demanda) – eles permitem que duas ações
sejam compradas para se saber se são iguais ou diferentes. São como se fosse o DNA de
uma ação, se todos os elementos forem iguais são idênticas. Os elementos são:

-1 – Partes – Autor e Réu.

- Obs – Ações podem ser iguais com partes diferentes se alguém agia em nome de outrem.
Ex: Ação civil pública proposta pelo MP e outra pela defensoria, sendo idênticas se tiverem
o mesmo réu, causa de pedir e pedido, nessa situação estavam agindo em nome de outrem,
então considera-se essa outra pessoa como presente no processo. Só é válido em que a lei
permite.

-2 – Causa de pedir – É o motivo pelo qual existe a ação, são os fatos e fundamentos
jurídicos da demanda. Se divide em remota e próxima. Não existe acordo preciso entre a
diferença entre elas. A maioria diz que remota são os fatos que vinculam as partes, e
próxima é a apreensão jurídica do motivo que gerou a ação.

-3 – Pedido – Se divide em pedido imediato que é o pedido de natureza processual sendo


condenatório, constitutivo ou declaratório; e o pedido mediato que é o pedido de direito
material.

-Obs – Cumulação de ações (cumulação de demandas) é a situação em que há mais de um


conjunto de partes, causa de pedir e pedido no mesmo processo. Será cumulação subjetiva
quando se cumula partes (litisconsórcio); e será objetiva quando se cumula causa de pedir
e pedidos.

-Etapas da Cognição Judicial – Quando o juiz recebe a ação ele desenvolve atividades
dentro dessa ação, fazendo um conjunto de 3 atividades, analisando primeiro os
pressupostos processuais, depois a condição da ação e por último o mérito (direito
material).

-A análise de mérito se encontra no art 489, CPC, onde o juiz atribui ou nega o direito
material pedido pelo autor.

-Pressupostos processuais são os requisitos para a correta formação e desenvolvimento


do processo. São requisitos de cunho processuais, e a sua falta gera uma decisão na forma
do art. 485, CPC, de extinção sem o julgamento de mérito.

-O CPC/2015 não menciona mais condições da ação, mas agora menciona a legitimidade
das partes e o interesse de agir. Expressamente o código diz que a falta deles gera extinção
sem julgamento de mérito. Fredie Diddie diz que a legitimidade e interesse estão nos
pressupostos processuais, e outros autores dizem que legitimidade e interesse não são
passíveis de dissolução nos pressupostos processuais, os colocando em categoria distinta,
apontando que são diferentes.
-Possibilidade jurídica do Pedido – Estava no CPC/1973 mas não no CPC/2015, pois
Liebman se arrependeu de sua criação. É o pedido que era abstratamente ilegal, e
desapareceu porque não tem interesse de agir quando o direito é ilegal, não existe em
abstrato.
AULA 5 – MÓDULO I – RENATO MONTANS
renatomontans@hotmail.com

-COMPETÊNCIA

-Definição

-Há quem entenda que seja uma medida de poder (Athos Carneiro e Fidelis Santos)

-Há quem entenda que é o próprio poder (Vicente Grecco Filho, Moacir Amaral Saltos)

-Há quem defensa ainda que é apenas uma regra de distribuição, como se distribui a
atividade do juiz (Arruda Alvin e Humberto Teodoro Júnio).

-E há quem diga que é a delimitação da atividade jurisdicional (António Carlos Marcato).

-Canotilho defenda a posição de que a competência tem duas vertentes, Positiva e


Negativa. Positiva seria a autorização para exercer a competência. Negativa é a
delimitação o exercício da competência.

-Obs: Competência e jurisdição são diferentes. Jurisdição é o poder/dever investido pelo


Estado aos julgadores para aplicar a lei ao caso concreto; competência é a parcela de
jurisdição conferida pela lei ao julgador.

-Característiccas

-indisponibilidade – A competência é intransferível, sob pena de ofensa ao juiz natural. É


o poder de avocação (5º, LIII, CF).

-Tipicidade – A competência sempre decorre da lei. Reflete segurança jurídica processual.


É possível encontrar competência nos mais diversos níveis, CF, CPC, Leis extravagantes,
Regimentos internos, Organização judiciária, todos competentes para regular
competência.

-Obs – Na falta de previsão de fixação da competência, usa-se a Teoria dos Poderes


Implícitos (Implied Power), que não havendo regra expressa, alguém será designado
como competente. Ex: RE 47.757, STF. De 1088 à 1994 não se sabia quem era competente
para julgar a união estável, pois não era considerada casamento, sendo regulamentado
que deve ser a vara de família

-Pressuposto de validade – A falta de competência não gera inexistência jurídica, mas


invalidade do ato que poderá ser regularizada pela preclusão, ou por ação rescisória (966,
II, CPC).

-Incompetência relativa que não for alegada na primeira oportunidade nos autos, ela
desaparece por preclusão. A lei confere tempo para alegar a validade.
-Incompetência absoluta poderá ser alegada por rescisória, em até 2 anos, caso não o faça,
ocorrerá sanatória geral das invalidades, não podendo mais ser alegada a incompetência
absoluta.

-Teoria da Kompetenz Kompetenz estabelece que um juiz é competente para declarar sua
própria incompetência.

-Não exclusividade – Nem só a jurisdição exerce competência. Ex: tribunal de contas,


tribunal de ética da OAB, justiça desportiva, Senado (52, I e II, CF).

-Perpetuatio Jurisdictiones

-Em si o nome está errado, pois não é a perpetuação da jurisdição como o nome quer dizer,
a perpetuação é da competência.

-Definição – Antes de ajuizar uma causa, dois ou mais juízos podem ser abstratamente
competentes para o julgamento. Uma vez distribuída a demanda, o juízo escolhido se
torna prevento em detrimento dos demais. É, portanto, a cristalização da competência
perante um órgão no momento da distribuição, sendo irrelevantes as alterações de fato e
de direito posteriores.

-Os efeitos são 2: Manifestação do juiz natural e o prestigio da boa-fé.

-arts. 43 e 312 CPC.

-Exceções

-Supressão de órgão. Ex: criação e supressão de uma vara em determinada cidade, o que
decorre da organização judiciária de cada estado. Uma cidade com vara de falência onde
as empresas saem da cidade, a cidade deixou de ser industrializada, não havendo mais
industrias, e a vara de falência se elimina por ser muito onerosa, e a competência sobre os
processos remanescentes são passados para outra vara da cidade.

-Alteração superveniente da competência absoluta (antes da sentença). No entanto, de


acordo com a súmula 367 STJ, só é possível a quebra da perpetuatio jurisdictiones se o
processo não houver sido sentenciado.

-Alimentos. De acordo com o posicionamento do STJ, tem caráter itinerante, ou seja, o


menor que pede alimentos mudar de comarca, o processo o acompanha. Isso decorre da
hipossuficiência e da relação jurídica continuativa.

-Desmembramento de Comarca. (Resp 158,898). Caso a comarca seja desmembrada,


tornando-se 2 comarcas, Processos que tratam de questões relevantes a nova comarca,
serão transferidas para ela.
-(in)Competência Absoluta e Relativa

-Quadro comparativo

Absoluta Relativa
-Decorre do interesse público (norma -Decorre do interesse das partes (norma
cogente) dispositiva)
-Versa sabre as regras de competência -Versa sabre as regras territoriais e de
material, funcional, em razão da pessoa, e valor da causa.
a regra do art. 47 CPC (competência
territorial absoluta)
-Pode ser conhecida de ofício pelo juiz -Não pode ser reconhecida de ofício (337,
§ 5º 337, CPC e Enunciado nº 33 do STJ).
Assim se a parte não alegar na primeira
oportunidade em que falar aos autos,
ocorre a prorrogação da competência.
Exceção – Juizados especiais cíveis
(Enunciado 89 do FONAJE) e Clausula de
eleição de foro abusiva em contrato (63, §§
3º e 4º, CPC), e o juiz só poderá conhecer
desta matéria até a citação do réu.
-A alegação é feita em preliminar de -A alegação é feita em preliminar de
contestação, contudo esta forma de se contestação (337, II, CPC), sob pena de
alegar é apenas uma sugestão, podendo preclusão.
ser alegada a qualquer momento, até em
ação rescisória (966, II, CPC)
-Tratando-se de interesse público, -Somente o réu pode alegar, não podendo
qualquer parte pode alegar, tanto autor o autor da causa (276, CPC) pois seria um
quanto réu, mesmo aquele que deu causa a Venire contra factum proprium
incompetência, contrariando a regra do (comportamento contraditório). O MP terá
art. 276, CPC. legitimidade nas causas que participar
(65, § único, CPC)
-As partes não podem derrogar (62, CPC) -As partes podem derrogar (63, CPC), e
nem fazer negócio jurídico processual. podem fazer negócio jurídico processual.
Esse é o entendimento do Fórum A exceção dos juizados especiais federais
Permanente dos Processualistas Civis (3º, § 3º, Lei 10.259/2001) e da fazenda
(FPPC, En 20). pública (2º, § 4º, Lei 12.153/2009) onde
as partes não podem derrogar pois a
competência é absoluta.
-Não cabe recurso contra decisão de -Não cabe recurso contra decisão de
incompetência, cabendo alegar apenas em incompetência, cabendo alegar apenas em
preliminar de apelação, (1.009, § 1º, CPC) preliminar de apelação, (1.009, § 1º, CPC)
-Reconhecida a incompetência, o juiz -Reconhecida a incompetência, o juiz
remete o processo ao juízo competente, remete o processo ao juízo competente,
que poderá manter ou não os atos até que poderá manter ou não os atos até
então praticados. É a regra do Translatio então praticados. É a regra do Translatio
Iudicii (64, § 4º, CPC) Iudicii (64, § 4º, CPC)

-Critérios de Competência
-Competência material – É a divisão da competência pela matéria. Os critérios que levam
a essa divisão são a densidade demográfica e peculiaridades regionais, e por isso essas
regras de divisão não estão no CPC, mas sim na Constituição Federal (justiça do trabalho,
eleitoral e militar) que divide muitos mais por uma questão de judicialidade do que
demografia e questões regionais. Quem normalmente regula isso é a Organização
Judiciária de cada estado (regimento interno, lei estadual).

-Competência funcional – Diz respeito as funções exercidas pelo juiz no processo, sendo
prevista na CF, CPC e organização judiciária. Poderá ser classificada em:

-Funcional-Horizontal (por fazes do processo) – Existem situações que ocorrem no


processo que o juiz é funcionalmente competente, como em liquidação de sentença e
tutela provisório incidental.

-Funcional-Horizontal (por fazes em processos diversos) – Ex: Embargos à execução e


embargos de terceiro.

-Funcional-Vertical (plano da hierarquia) – Engloba tanto a competência originária


quanto a recursal. Respeita-se as regras de hierarquia que cada tribunal apresenta,
apresentando a ação na hierarquia correta, assim como os recursos cabíveis.

-Competência em razão da pessoa (ratione personae) – Decorre ou de um atributo da


pessoa ou da qualidade do ente (justiça federal, fazenda pública). O atributo é o chamado
foro privilegiado, ou por prerrogativa. Existem também entes que por si só tem privilégio
de foro (Ex: Vara da fazenda pública), salvo as regras de organização judiciária local
prevejam o contrário.

-Competência Territorial (ratione loci) – Divide-se o território em Comarcas, seções ou


subseções judiciárias. Seção e subseção são expressões usadas pela justiça federal, seção
para a capital e subseção para o interior. As regras vêm previstas nos arts. 46 a 53 CPC.
Existe as seguintes classificações:

-Regra Geral – 46, CPC – Regra do foro de domicílio do réu.

-Regra Geral Subsidiária – 46, §§ 1º a 5º, CPC – Regra que abrange quando não se aplica o
foro de domicílio do réu.

-Regra Especial – 47 à 52 CPC

-Forum Shopping – É a possibilidade de foros concorrentes (ex: 516, § único; 53, V; e 46


§§ 1º a 5º, CPC). A lei confere alternativa para o demandante. No entanto isso permite
abusos para trazer dificuldade a parte contrária, sendo de pouco ou nenhum acesso a
parte prejudicada, e por isso o juiz pode controlar essa escolha.
-Forum non conveniens – É a possibilidade de escolha pelo poder judiciário do melhor
foro (quando há possibilidade de escolha) para evitar a má fé. Essa regra foi criada no
direito escocês chamada de “Princípio da Competência Adequada”.

-Competência pelo Valor da Causa

-Os arts. 291 e 319, V CPC afirmam que toda causa precisa ter valor. Esse critério só tem
relevância em decorrência dos juizados especiais.
AULA 6 – MÓDULO I – RENATO MONTANS

-DINÂMICA DA COMPETÊNCIA

-Também chamada de Modificação da Competência por alguns autores.

-Conceito – É a ampliação da competência para um órgão que, originariamente, não era


competente, mas por circunstâncias adquiriram esta competência. Aplica-se apenas para
competência relativa.

-Poderá ser:

-Convencional – Poderá ser por meio de prorrogação que é a forma tácita, e poderá ser
derrogada que é a forma expressa.

-Prorrogação da Competência – ocorre diante da inércia do réu em não arguir a


incompetência relativa, e dessa forma ocorre a ampliação da competência.

-Derrogação da Competência – Ocorre quando por ato volitivo, as partes elegem foro de
eleição. As partes expressamente estabelecem que o foro competente é diverso do
estabelecido em lei. (78, CC e 63, CPC). Enunciado 335 STF diz que é válida a cláusula de
eleição de foro para os processos oriundos do contrato, e de acordo com o STJ, a súmula
não se aplica apenas a obrigação do contrato, mas também sobre situações externas como
vício de consentimento e ilicitude do objeto (REsp 494.037).

-Legal – Poderá ser por conexão e por continência.

-Existem pelos menos 3 tipos de demandas, as que tem nenhuma relação entre si; que tem
relação total que chamamos de Litispendência, ocorrendo a extinção da segunda
demanda; e existem as demandas que tem identidade parcial entre seus elementos, e
destas surgem a conexão e a continência, e assim ocorre a modificação da competência.

-Regras gerais:

-I – As demandas serão reunidas no juízo prevento (57, 58 e 59, CPC). Juízo prevento é o
juízo devido, estabelecido pela lei.

-II – O objetivo da reunião de feitos é a economia processual e evitar decisões conflitantes.

-III – A despeito da conexão e da continência serem usados para casos de identidade


parcial, nem sempre quando se enquadra a tipicidade da conexão e da continência, pois
existem regras impeditivas. Ex: Cível e trabalhista, federal e Estadual. Caso de existam
decisões dispares, uma delas deve ser suspensa (por prejudicialidade externa) para
julgamento em conjunto com a outra (313, V, “a”, CPC).
-IV – Não haverá reunião de feitos se uma das causas já foi sentenciada (55, § 1º, CPC;
Súmula 235 STF), pois os custos básicos já foram realizados, e a junção perde sua
natureza.

-Conexão – 55, CPC. Ocorre conexão quando entre duas causas for comum o pedido ou a
causa de pedir. É uma definição profundamente criticada por grande segmento da
doutrina, dizendo que ela é incompleta. Essa é uma definição de Matteo Pescatori. Existem
as seguintes teorias:

-Teoria da Conexão sem Conexão – 55, § 3º CPC. Existe a reunião de feitos sem que se
enquadre na tipicidade legal, duas causas poderão ser reunidas para fins de conexão
quando houver risco de prolação de sentenças conflitantes ou contraditórias.

-Continência – 56, CPC. Ocorre continência quando entre duas causas forem comuns as
partes, a causa de pedir, mas o pedido de uma for mais amplo que o da outra. Na prática é
difícil de acontecer.

-LITISCONSÓRCIO

-Definição – É a pluralidade de partes no processo. Ele prestigia a Economia Processual e


a harmonia dos julgados.

-A formação do litisconsórcio nem sempre depende de uma posição homogênea das


partes no polo em que se situam. Ex: Consignação em pagamento, oposição, embargos de
terceiro.

-Litisconsórcio Multitudinário – Existe para não prejudicar a defesa e permitir a rápida


solução do litígio (4º e 8º, CPC)

-Incidência – Somente se aplica no litisconsórcio facultativo e apenas se aplica na fase de


conhecimento, execução ou liquidação de sentença. No caso de litisconsórcio facultativo,
o magistrado pode limitar o número máximo de pessoas.

-Princípio Inquisitivo – A lei não fala, mas o juiz pode conhecer de ofício (REsp, 908.714,
STJ). Isso ocorre porque é um fato ligado a admissibilidade da petição inicial, o que é
matéria de ordem pública. No caso o réu tem que ser intimado para se manifestar.

-Interrupção do Prazo – Apresentado esse incidente por número excessivo de pessoas,


ocorre a interrupção de prazo da contestação para a resposta (113, § 2º, CPC).

-Consequências – Entendendo o juiz por limitar o número de litisconsortes, estes serão


desmembrados para julgamento pelo mesmo juízo, (Enunciado 386 FPPC).

-Classificação

I- Quanto à posição – Poderá ser:


-Ativo – pluralidade de autores
-Passivo – pluralidade de réus
-Misto – pluralidade de autores e réus

II- Quanto ao momento de formação – Poderá ser


-Inicial – formado na petição inicial) – 312, CPC
-Ulterior – (também chamado de incidental ou posterior) formado no curso do processo.
Ex: 73, § 1º, CPC, intervenção de terceiro, sucessão. Não pode ser formado para ser
aproveitar de um processo alheio.

-Litisconsórcio iussu iudici – É o ato do juiz conferir ciência a terceiros sobre determinada
demanda para que tomem a devida posição no processo. É um instituto de criação italiana
que dá a possiblidade do juiz conferir consciência a terceiros sobre determinada demanda
para que estes terceiros tomem a devida posição no processo.

-Muitos autores chamam de formação de litisconsórcio pelo próprio juiz.

-757, CPC – Ação de demarcação de terras que devem ser citados todos no processo.

-787, § 3º, CC – Ação de reparação de danos, proposta contra o segurado, ele deve
comunicar a seguradora do processo.

-382, § 1º, CPC – Produção antecipada de provas. É o principal artigo deste litisconsórcio.

III- Quanto à uniformidade da Decisão – Poderá ser:


-Unitário – O juiz tem o dever de julgar de maneira igual para todos os litisconsortes.
-Simples – O juiz não tem o dever de julgar de maneira igual para todos os litisconsortes.
Ex: Usucapião envolvendo vários proprietários de terra no polo passivo, o juiz não vai
julgar igual para todos.

-IV – Quanto a obrigatoriedade da formação – Poderá ser:


-Facultativo – É o não obrigatório (113, CPC). A não formação não acarreta sanções. Se
houver comunhão de direitos ou obrigações, conexão, ou afinidade de questões.
-Necessário – É imposto, nos termos do art. 114, CPC. Será por força de lei (cônjuges - ação
real imobiliária, ação popular, usucapião, rescisória, etc); ou quando for unitário, o
litisconsórcio unitário é em regra necessário, pois a decisão deve constar todos os
litigantes já que o objeto é incindível.

-Litisconsórcio ativo-necessário – Nos casos em que um dos potenciais autores em


litisconsórcio necessário não desejar buscar o poder judiciário, poderão os demais,
demandar em juízo e citar o autor recalcitrante para que este tome a posição que melhor
lhe aprouver já que ninguém pode ser proibido de buscar o juízo (5º, XXXV, CF e 3º, CPC),
mesmo por força de lei (114, CPC).

-Ausência do Litisconsorte no Processo


-Ao fim do processo, o juiz percebe que um dos litisconsortes não figurou no processo.

-Litisconsórcio Facultativo – Não é obrigada a sua formação, e não há consequência com


a sua ausência.

-Litisconsórcio Necessário-Simples – Necessário é obrigatório, e é simples porque a


decisão não tem que ser igual para todos. Se ele é necessário, a decisão é válida para quem
dele participou, mas ineficaz para os demais.

-Litisconsórcio Necessário-Unitário – É obrigatório e a decisão tem que ser igual para


todos. Nesse caso, a decisão é nula caso todos os litisconsortes não tenham participado.

-115, CPC

-Eficácia da Intervenção Litisconsorcial

-Quando um litisconsorte pratica um ato e os demais não, existem duas situações:

-Litisconsórcio Simples (117, CPC) – Versa o Princípio da Autonomia dos litisconsortes,


cada litigante é tratado de maneira individualizada. Os atos e omissões de um não ajudam
nem atrapalham aos demais

-Litisconsórcio Unitário – Existem decisões positivas (condutas alternativas) e decisões


negativas (decisões determinantes). No caso de decisões positivas, o ato comunica, 10
réus, e apenas um contestou, os demais também contestaram, não sofrendo revelia (345,
I e 1.005, CPC). Se a decisão é negativa, como uma confissão, reconhecendo a procedência
do pedido, de acordo com a doutrina, atos negativos são ineficazes até mesmo para quem
o praticou.
AULA 7 – MÓDULO I – RENATO MONTANS

-Demais modalidades de Litisconsórcio

-Litisconsórcio eventual (Cumulo subjetivo sucessivo) – É a possibilidade de se colocar


em juízo duas pessoas em litisconsórcio, mas em ordem de preferência, em que B somente
será acionado se a demanda contra A for preterida (ex: desconsideração da personalidade
jurídica, art. 1.698, CC).

-Litisconsórcio alternativo (cúmulo subjetivo alternativo) – Ocorre quando há dúvidas


sobre a legitimidade passiva, colocando todas as pessoas que se tem dúvida no polo
passivo, deixando que o juiz decida (consignação em pagamento – 335, IV, CC).

-INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

-Introdução – Primeiramente é necessário entender a diferença entre efeitos da decisão e


coisa julgada (506, CPC).

-Definição – Intervenção de terceiros é a possibilidade de alguém, que está fora do


processo, ingressar no feito e adquirir a condição de parte para integrar o contraditório,
pois a decisão vai atingir a sua esfera jurídica.

-Exceções – Assistente simples e o amicus curae ingressam no processo mas não se


tornam parte.

-Classificações

-Coercitivas ou Espontâneas

-Típicas (previstas no CPC) e atípicas (não previstas no CPC, Ex: 1.698, CC; 5º, § único, Lei
9.469/1997).

-Casos que não cabem intervenção de terceiro – JEC (art. 10º, Lei 9.099/1995), Ações de
Controle (art. 7º), Ações de direito de resposta (5º, § 2º, III).

-ASSISTÊNCIA

-Definição – Ocorre assistência quando terceiro tem interesse jurídico em que uma das
partes vença a demanda.

-Interesse: Não deve ser econômico ou afetivo, deve ser jurídico. Existem situações em
que a lei já presume esse interesse. Ex: 752, § 3º, CPC, onde próprio CPC cria uma
presunção absoluta de assistência.

-Modalidades
-Simples ou adesiva – Nunca poderia ser parte, tem relação apenas com uma das partes
no processo. É chamado de assistente por excelência. Ex: proprietário do imóvel entra
com ação de despejo contra locatário, que por sua vez, sublocou o imóvel para terceiro,
nesse caso, o sublocatário não tem relação direta com o proprietário e nunca poderia ser
parte no processo no lugar do locatário, mas tem interesse jurídico de que o locatário
vença.

-Litisconsorcial ou qualificada – Se torna litisconsorte ulterior. Tem relação com as duas


partes. Ex: Duas pessoas compram um imóvel, e outro indivíduo entra com ação
reclamando a propriedade do imóvel colocando no polo passivo apenas um dos
compradores, mas o outro comprador também tem relação direta com aquele que move
a ação.

-Procedimento

-A assistência começa por meio de uma petição simples, não há formalidades específicas.

-Pode ser feita a qualquer momento. Não existe um prazo preclusivo.

-Ela é modalidade facultativa de intervenção de terceiros.

-As partes serão intimadas para se manifestarem no prazo de 15 dias.

-Se as partes concordarem com a assistência, ocorre o simples ingresso. Se as partes não
concordarem avaliará se o assistente tem ou não interesse jurídico.

-Do indeferimento da assistência por decisão do juiz, cabe agravo de instrumento (1.015,
IX, CF).

-Poderes do Assistente

-As custas serão suportadas pelo assistente na proporção de sua atividade, seja simples
ou litisconsorcial (94, CPC).

-O assistente litisconsorcial é considerado parte, pode praticar todos os atos nessa


condição e sofre os efeitos da coisa julgada.

-O assistente simples não é parte, mas em regra poderá praticar os atos inerentes às
partes, salvo os atos dispositivos (de disposição de direito material), divergentes
(divergem da vontade do assistido) e postulatórios ativos (é a formulação de um pedido,
como reconvenção), e sofrerão não a coisa julgada, mas a justiça da decisão (123, CPC).

-Justiça da Decisão é uma forma de imutabilidade que não alcança apenas o terceiro, pode
ser considerada um tipo de coisa julgada que atinge apenas o assistente simples.
-DENUNCIAÇÃO DA LIDE

-Definição – É intervenção de garantia. Permite que a parte traga ao processo terceiro,


garantidor do seu direito para que responda regressivamente e se cundum eventum litis
in simulteaneous processos (segundo o resultado do processo simultâneo). Objetiva
economia processual. Ex: Ação de reparação de danos por veículo terrestre, onde o
indivíduo no polo passivo traz a seguradora ao processo a seguradora no caso é
garantidora do direito do indivíduo no polo passivo, e responde segundo a sentença atinge
o polo passivo.

-Hipoteses

-Evicção – É a perda da coisa adquirida de forma onerosa, por decisão judicial (447, CC).
Ex: “A” vende um imóvel para “B”, que na verdade era de “C”. “C” entra com ação contra
“B”, que resolve denunciar a lide para “A”.

-O art. 450 estabelece o direito a garantia independente de demonstração de culpa. A


evicção não depende de boa-fé, é o ato volitivo, responde independe de saber ou não se o
bem pertencia a outra pessoa.

-Hipóteses de lei ou contrato – Objetivam otimizar a prestação jurisdicional evitando


futura ação regressiva. Em princípio o autor entra com ação contra o réu, e o réu pode
denunciar a lide a sua seguradora.

-Ampliação do objeto litigioso na denunciação da lide

-Existe uma discussão se o terceiro (denunciado) ao ingressar em juízo pode trazer


matéria nova ou deve se limitar a discussão entre as partes.

-Essa discussão começou no direito italiano entre garantia própria e imprópria


decorrente da transmissão de um direito.

-No Brasil as correntes são:

-Corrente restritiva: O terceiro não pode trazer novos elementos e apenas defender o seu
direito de garantia (Vicente Greco, Cassio Scarpinella). Permitir o contrário seria
contrário a economia processual, pois ampliaria em demasia o objeto litigioso.

-Corrente Ampliativa: O terceiro pode trazer novos elementos para proteger seus
interesses (Cândido Dinamarco, Bedaque). Ela defende que resolver todas as pendências
adjacentes de uma só vez traria economia processual.

-O CPC/2015 aparentemente segue a teoria ampliativa no art. 127.

-Litisdenunciação Sucessiva e Denunciaçao Persaltum


-No CPC/1973, a denunciação a lide apenas poderia ser feita para aquele que tem ligação
imediata, os demais que pudessem ter ligação com a lide através de terceiros deveriam
ser chamados por estes.

-O art. 125, § 2º CPC, admite uma única litisdenunciação sucessiva promovida pelo
denunciado contra seu antecessor imediato e não podendo o denunciado sucessivo
promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido
por ação autônoma.

-Pessoa que é judicialmente cobrada, poderá denunciar a lide contra terceiro, mas esse
terceiro não poderá denunciar contra outra pessoa, restando apenas direito de regresso.

-Procedimento da Denunciação

-I – A denunciação é facultativa – 125 e § 1º, CPC.

-II – Legitimidade – São legítimos: O autor na petição inicial (126, CPC) e o réu na
contestação.

III – O denunciado (autor ou réu), será litisconsorte, contudo, em regra, não poderá o autor
ingressar com ação direta contra o denunciado, pois não possui relação direta com ele.

-Obs – No JEC, como não se permite intervenção de terreiros, é possível cobrar a


seguradora diretamente (Enunciado 82 do FONAJE).

-Obs – Uma vez denunciada a seguradora, pode ser executada diretamente, não há
necessidade de executar primeiro o réu (STJ, REsp 925.130).

-CHAMAMENTO AO PROCESSO

-Definição – É intervenção de solidariedade. Permite que o réu traga ao processo os


demais coobrigados que não foram demandados.

-Existe uma antinomia entre os arts. 130 CPC e 275 CC. Pois o 275 CC diz que o credor
pode escolher entre quais devedores vai demandar e o 130 diz que se chamado apenas
um dos devedores, este pode chamar os demais devedores.
AULA 8 – MÓDULO I – EDILSON VITORELLI

-PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

-Conceito – São requisitos necessários à existência e validade da relação processual


(Moacir Amaral dos Santos).

-A prestação jurisdicional para ser posta à disposição da parte subordina-se ao


estabelecimento válido da relação dor processo, que só será efetivo quando se
observarem certos requisitos formais e materiais que recebem, doutrinariamente, a
denominação de pressupostos processuais.

-São requisitos para formação e desenvolvimento válido da relação processual.

-Natureza – São requisitos de cunho exclusivamente processual. Sua análise independe da


relação material litigiosa.

-Consequência de sua falta – O juiz deve dar a parte oportunidade para corrigir o defeito
(é a primazia do julgamento de mérito), se ele for incorrigível ou se não for corrigido bem
tempo hábil, o resultado será uma sentença de extinção sem julgamento de mérito (485,
CPC – O juiz encerra o processo sem analisar o pedido do autor).

-Os pressupostos processuais se dividem em duas grandes categorias: Subjetivos e


Objetivos.

-Subjetivos – Tem haver com os sujeitos do processo, o juiz e as partes.

-Juiz – Precisa ter investidura, competência e imparcialidade. Investidura significa que ao


juiz deve estar devidamente nomeado e empossado no cargo de juiz, podendo sê-lo por
concurso público, por nomeação ao STF, ou ingressando nos tribunais pelo quinto
constitucional. Juiz deve respeitar as regras de competência presentes na legislação. E o
juiz deve agir de maneira imparcial, não podendo estar nem impedido e nem suspeito

-Partes – Partes precisam ter capacidade de ser autor ou réu; assim como também
capacidade processual, ou seja, a capacidade de exercer seus direitos; e a capacidade
postulatória, que é produzir atos processuais dentro do processo, ou seja, fazer petições,
capacidade esta que é reservada aos advogados

-Objetivos – Tem haver com o objeto do processo, se dividem entre: demanda, fatos
impeditivos (pressupostos negativos), e subordinação do procedimento a lei.

-Demanda – ela se forma com a petição inicial apta (319, CPC); Citação válida (238 e ss,
CPC).

-Fatos Impeditivos – para que o processo se desenvolva validamente não pode existir:
Litispendência, que é a pendência simultânea de duas ações idênticas; Coisa julgada, que
é a situação em que o processo está em trâmite depois que outro idêntico já foi julgado no
mérito; perempção onde um processo é extinto sem julgamento de mérito por culpa do
autor, 3 vezes, por questões desidiosas; Compromisso arbitral é o acordo de resolução da
coisa por arbitragem, não podendo a parte levar para a justiça. Estes quatro requisitos são
fatais, incorrigíveis. São fatos impeditivos não fatais as causas suspensivas, onde
suspende-se o processo, não se desenvolve enquanto a causa não terminar (ex:
Calamidade pública); e as invalidades (nulidades) processuais, que geram a correção do
problema geralmente pela repetição do ato.

-Subordinação do procedimento à lei – Como se fosse uma categoria “outros”, é o


cumprimento de todas as regras procedimentais que estão no CPC, para que relação
processual se desenvolva validamente.

-Condições da Ação

-São um conceito inventado por Liebman, que disse que ao direito de ação só é
verdadeiramente exercício quando o mérito é verdadeiramente analisado, não assistindo
a qualquer um, que para tanto existem condições. Hoje isso não é mais válido, pois de
acordo com a constituição, basta afirma ter direito, que disso surge o direito. Fredie Didier
é contra essas condições, afirmando que existem apenas duas categorias de cognição, que
são pressupostos processuais e mérito, e por isso as condições da ação devem ser
colocadas nos pressupostos processuais. O novo CPC não fala mais em condições da ação,
porém, ele continua falando em 2 das 3 condições da clássicas da ação, dessa forma o
conteúdo das condições da ação continua a existir, havendo apenas um problema
classificatório.

-Conceito – São requisitos que devem ser satisfeitos pelo autor para que o mérito do seu
pedido seja analisado.

-Natureza – Tem uma natureza intermediária entre os pressupostos e o mérito. Isso


porque embora não constituam elemento de direito material, mas sim questão preliminar,
sua análise depende do direito material.

- Consequência da sua falta – Extinção sem julgamento de mérito (485, CPC). Via de regra
não pode ser corrigido.

- As condições da ação são suas: Interesse de agir e legitimidade das partes.

-Interesse de agir – Se divide entre necessidade e utilidade. Necessidade pode decorrer de


resistência do réu ou de vedação legal de solução consensual (Ex: jurisdição voluntária).
A utilidade se dá pela relação lógica entre o provimento desejado e o procedimento
escolhido.

-Legitimidade das partes – É a relação de correspondência entre o plano do direito


material e o plano do processo. É a relação entre a situação de direito material e a situação
de direito processual. É a correspondência entre o sujeito ativo se tornando o autor, e o
passivo se tornando réu, formando-se uma estrutura que se chama Legitimação Ordinária.
Na legitimação ordinária, se existir um terceiro, e esse for na verdade o autor, haverá
ilegitimidade ativa, mas se isso ocorrer no polo passivo, com o réu, haverá ilegitimidadee
passiva. Exceção a essa regra é a legitimação extraordinária (substituição processual),
onde a lei permite que um terceiro vire autor ou réu, que alguém que não é titular da
relação material atue no processo, devendo estar prevista no ordenamento jurídico.

-Mérito – É empregada a Teoria da asserção (afirmação) diz que as condições da ação


devem ser analisadas no estado em que são afirmadas pelo autor na petição inicial, no que
se chama de “status assertionis”.

-No mérito o juiz analisa o direito material do autor, concedendo-lhe ou negando-lhe


aquilo que foi pedido.

-A análise do mérito se divide em 2 etapas:

I- Prejudiciais de Mérito – São questões que geram a impossibilidade de concessão do


pedido, em virtude de um evento do direito material. São a prescrição e a decadência.

II- Mérito – é a análise do pedido do autor.

-Em ambos os casos existirá uma sentença de extinção com julgamento de mérito (487,
CPC) e essa sentença terá possibilidade de formar coisa julgada.

-De acordo com a doutrina, essa cognição de mérito pode ser classificada em dois grande
vetores, profundidade e amplitude.

-Amplitude – está ligada com o procedimento, existindo procedimento de cognição


limitada e procedimentos de cognição ampla. Ampla o juiz pode analisar quaisquer
questões e argumentos, limitada não.

-Profundidade – Existem procedimento de cognição sumária e de cognição exauriente. A


análise de profundidade está ligada a possibilidade de serem produzidas outras provas
ou outros argumentos após a decisão. Exauriente é a decisão tomada depois que todas as
provas e argumentos foram produzidos, e essa decisão pode formar coisa julgada.
Sumária é a decisão de tomada antes que todas as provas e argumentos sejam produzidos,
sendo uma decisão de tutela provisória, não formando coisa julgada.

-ATOS PROCESSUAIS

-Definição – São os atos que compõem o processo. Nosso processo é um conjunto de atos
processuais, como se os atos fossem um elo de uma corrente e a corrente é o processo, o
processo é uma corrente de atos encadeados tendentes a um fim.
-De acordo com Marinoni, O processo é um procedimento realizado em contraditório que
visa a tutela jurisdicional adequada, efetiva e tempestiva (5º, XXXV, CF). Para que seja
legítimo do ponto de vista da ordem constitucional brasileira, tem de congregar
harmonicamente todos os direitos fundamentais processuais que integram o direito ao
processo justo (5º, LIV, CF).

-Ainda Marinoni diz que o procedimento é uma sequência de atos processuais estruturada
a partir de posições jurídicas outorgadas as partes e ao juiz pelo legislador. Aloca a
estruturação legal do procedimento, pode ainda o juiz – valendo de normas abertas (139,
VI, CF) – adequar o processo de necessidades evidenciadas pelo direito material. Nosso
código permite ainda, em determinadas situações, acordos processuais entre as partes
tendo por objeto a adequação do procedimento (190, CF). Isso viabiliza, por exemplo, a
elaboração de calendário para a prática de atos processuais (191, CF).

-Obs: o art. 139, VI, CF, textualmente não dá ao juiz um poder geral de adaptação
procedimental, dizendo apenas que o juiz poderá alterar a ordem de produção dos meios
de prova, ordem esta que a lei não estabelece; e aumentar apenas os prazos que ainda não
acabaram (139, § único, CF).

-Qualquer ato processual ainda que a lei exija a forma, é válido se alcançar a finalidade
(188, CPC), o que na prática não ocorre, já que os juízes são formalistas.

-Publicidade – Os autos processuais em regra são públicos, permitindo-se o segredo de


justiça nas situações em que haja interesse público e social, direito de família, dados
protegidos pelo direito constitucional a intimidade, e nas hipóteses que versem sobre
arbitragem (189, CPC).

-Obs: Terceiro que demonstrar interesse jurídico pode pedir certidão da sentença, bem
como inventário de partilha resultante de divórcio (189, § 2º, CPC).

-Idioma – Os atos processuais devem ser praticados em português, havendo documento


em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos autos se estiver acompanhado de
versão para língua portuguesa tramitada em via diplomática ou com tradutor
juramentado.

-Obs: A jurisprudência aceita português de Portugal sem tradução, mesmo que haja
palavras e expressões diferentes. (192, § único, CPC)

-Atos processuais eletrônicos – Na elaboração do CPC/2015 não haviam pessoas com


grande interesse em processo eletrônico, com isso o CPC é retrógrado no que se refere
aos atos processuais, partindo do pressuposto que os autos são em regra físicos, quando
na realidade é o contrário, mesmo nos tribunais mais atrasados. Desta forma, o CPC/2015
está defasado em relação a lei 11.419/2006, apensar de ser posterior. (193, 195 e 196,
CPC).

-Obs: Atos orais podem ser praticados por vídeo conferência (238, § 3º, CPC).
-Obs: Os atos judiciais podem ser praticados em cooperação entre juízes.

-Obs: Deverão as unidades do poder judiciário manter gratuitamente equipamentos para


prática de atos processuais e a consulta e acesso ao sistema, ou na sua falta admitir a
prática por meios não eletrônicos (198, CPC). Geralmente o Judiciário faz isso cedendo a
OAB uma sala.

-Atos das partes – São declarações unilaterais ou bilaterais de vontade que produzem a
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

-Obs: A desistência somente terá efeito após homologação judicial (200, § único, CPC), o
que é diferente de renúncia ao direito material. Desistência é apenas da ação, renúncia é
do direito material.

-Obs: O anacronismo do CPC/2015 fica evidente diante do art. 201 que se refere a recibo
de petições no cartório, já que em todo fórum isso é feito no setor de protocolo há pelo
menos 30 anos. Isso também se percebe no art. 202 CPC quando apresenta as chamadas
“cotas marginais ou interlineares”,

-Em regra as partes praticam atos processuais por meio de seus advogados, com exceções
do interrogatório livre (139, VIII, CPC) e depoimento pessoal (385, CPC), e situações que
a lei dispensa representação por advogado (Ex: Juizados especiais). Depoimento pessoal
pode gerar confissão, inclusive o silêncio poderá gerar confissão; interrogatório livre a
parte conversa diretamente com o juiz para fins de esclarecimento da causa e não para
produzir prova.

-Preclusão – É a perda da oportunidade de praticar um ato processual. Existem 3 tipos de


preclusão. Temporal que é a perda do prazo; Consumativa, que decorre da prática de um
ato processual (ex: Apresentação de contestação encerra o prazo para o réu apresentar
defesa); Lógica decorre da prática de um ato processual ou material incompatível com o
ato processual que se propõe (ex: pagamento de dívida em ação de cobrança antes de
apresentada a contestação é ato incompatível com apresentação da contestação).

-Obs: Perda do prazo hoje significa perda do final do prazo, pois no CPC/1973 o STJ
entendia que o ato praticado antes do início do prazo era intempestivo, e o novo CPC diz
expressamente que não é.

-Tempo dos atos processuais – Serão praticados em dias úteis das 6 às 20 horas. São os
atos externos, que são praticados fora do prédio do fórum ou audiências. Existem diversas
exceções (212, CPC)

-Obs: O que começas antes das 20 horas poderá ser concluído depois desse horário (Ex:
júris que viram a noite). Citação, intimação e penhora podem ocorrer a qualquer dia e
hora, ressalvada a inviolabilidade de domicílio. Petição em autos não eletrônicos, ocorrerá
no horário de funcionamento do fórum.
-Obs: Autos eletrônicos valerão por 24 horas até o último dia do prazo (213, CPC). Se
baseia no horário presente no juízo e não o horário de Brasília.

-Férias forenses – Não se praticam atos processuais em férias forenses a menos que sejam
urgentes (214, II, CPC). O CPC elenca outras hipóteses, mas na prática elas não ocorrem
como jurisdição voluntária, alimentos, nomeação e remoção de tutor e procurador.

-Obs: O fórum entra em férias forenses no dia 20 de dezembro e reabre dia 21 de janeiro
(220, CPC).

-Contagem de prazos – Os prazos deverão ser prescritos em lei, caso não haja prescrição
em lei, nem o juiz os der, serão de 5 dias.

-Regras:

-I – O prazo começa no Termo a quo, e este termo não conta. Exclui-se o dia do início.

-II – O prazo termina no termo ad quem, e este ato conta. Inclui-se o dia do final.

-III – A contagem é feita apenas em dias úteis. Não se contam finais de semana, feriados e
outros dias estipulados pelos tribunais.

-Suspensão do curso do prazo, faz o prazo voltar a correr no tempo residual. Ela ocorre
quando surge obstáculo imposto a parte, que geralmente é a indisponibilidade do sistema.
Dependendo do tempo que o sistema caiu, o Tribunal faz uma portaria para suspender o
prazo nesse dia.

-Regras para o termo a quo.

-I – Comunicação processual por carta – Será a juntada do AR, a anexação ao processo.

-II – Comunicação por oficial de justiça – Será a juntada do mandado cumprido.

-III – Publicação no DJ – Será a data da publicação.

-Obs: Se a publicação ocorrer em dia não útil, o termo a quo é o dia útil seguinte.

-IV – Publicação eletrônica – Será considerado o dia útil seguinte à disponibilização da


intimação.

-V – Portal de Imitações – Alguns tribunais não fazem a intimação, mas e sim pela
disponibilização no portal de intimações.

-Obs: Se o indivíduo acessa, o dia da intimação é o dia útil seguinte ao acesso. Se o


indivíduo não acessa, o termo será o dia útil seguinte ao término do prazo de 10 dias
-Obs: Existem dúvidas se o prazo de 10 dias para acesso ao sistema deve ser contado em
dias úteis ou corridos, De acordo com o art. 219, § único, CPC, ele fala em prazo processual,
mas não define o que seria isso, pois poderia ser prazo para a prática processual, e esse
prazo não é para a prática de um ato, mas a prática de espera. A lei de processos
eletrônicos, que é anterior ao CPC/2015, fala em dias corridos, o que não foi revogado.

-VI – Multiplicação de prazos (229, CPC). Contam-se em dobro os prazos para a fazenda
pública, o MP, a defensoria, e litisconsortes com advogados de escritórios diferentes.
Neste último caso, apenas no processo físico.

-Invalidades judiciais

-Para a maioria dos processualistas não vê diferença entre atos processuais nulos e
anuláveis, na verdade eles seriam no geral inválidos, pois todo ato processual só será
invalidado por declaração do juiz. Não há como no direito civil, atos “nulos de pleno
direito”. Ou o ato é válido ou inválido, não há hierarquia entre os vícios.

-Conceito – Invalidade é o vício do ato processual.

-Regra Geral – Invalidades processuais são excepcionais. Serão evitadas de todas as


maneiras.

Obs: Não poderá pedir que seja invalidado o ato que a própria pessoa deu causa (275,
CPC), não se invalida se o ato alcançar sua finalidade (277, CPC), e não será invalidado não
houver alegação no momento oportuno (278, CPC).

-A invalidade somente poderá ser invocada quando houver uma violação especialmente
relevante e grave às regras de forma dos atos processuais, isso em respeito a duração
razoável do processo e da instrumentalidade das formas, da economia processual, tudo
isso para expressar a ideia francesa de “pas de nulité sans grif” (não há nulidade sem
prejuízo).

-De acordo com Marinoni, o vício será grave se ele prejudica o alcance dos fins de justiça
do processo ou se ele não atinge a sua finalidade. Não cumprindo esses pressupostos, há
uma pera irregularidade e não invalidade.

-Existem situação que os vícios processuais não são passíveis de reconhecimento pelo juiz
de ofício, e por isso deverá ser alegada na primeira oportunidade (278, CPC) Isso acaba
com o que é chamado pelo STJ de “nulidade de algibeira”, aquela que se “guarda no bolso”
esperando que ela cause o maior impacto possível no futuro.

-Obs: Se o juiz deve decretar a nulidade de ofício, a parte pode alegar a qualquer momento,
que faz com que por força do art. 278, § único, CPC, essas matérias podem ser alegadas a
qualquer tempo, já que o art 337, CPC apresenta um rol enorme de nulidades que podem
ser apresentadas de ofício pelo juiz, salvo a convenção de arbitragem e a incompetência
relativa (337, § 5º, CPC). No caso a exceção é maior que a regra.

-Exceções – Pode conhecer o juiz de ofício a nulidade da citação, mas o comparecimento


espontâneo do réu supre a nulidade da citação. Antes da citação, a clausula de eleição de
foro se for abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que remeterá os autos
ao juízo competente (63, § 3º, CPC), no entanto, depois de citado, cabe ao réu alega-la (63,
§ 4º, CPC).

-Consequências – São na seguinte ordem:

-I – O juiz deve avaliar se existe prejuízo, em homenagem ao princípio da


instrumentalidade das formas (277, CPC);

-II – havendo prejuízo deve verificar se pode ser conhecido de ofício, ou se houve alegação
oportuna do interessado que não pode ser aquele que deu causa a nulidade, e foi alegada
tempestivamente (276 e 278, CPC);

-III – Se houve alegação oportuna, deve o juiz verificar se a nulidade traz benefício a quem
lhe deu causa, (282, § 2º, CPC);

-IV – Persistindo ainda, o juiz busca sanar a invalidade em prazo não superior à 30 dias,
cumprindo com o princípio da Cooperação (352, CPC).

-V – O juiz deve verificar se existem atos subsequentes passíveis de contaminação pela


invalidade, são os frutos da árvore envenenada. Atos independentes ou parcelas válidas
de atos inválidos são aproveitados (281, CPC).

-VI – Verifica-se que, se apesar do erro no ato, ele pode ser aproveitado (283, CPC).

-VII – Por fim, o juiz determina o que for necessário para sanar o vício (352, CPC). Via de
regra o juiz determinará a retirada dos atos invalidados dos autos e a sua repetição se
necessária.

-Obs – A coisa julgada encerra quase todos os vícios, a exceção da ação rescisória (966,
CPC).

-Invalidade relacionada à intervenção do MP – Se membro do MP não for intimado a


acompanhar feito que deveria intervir, o processo será nulo, invalidados todos os atos a
partir do momento em que o MP deveria ser intimado que estão elencados no art. 178,
CPC, colocando o MP como fiscal da ordem jurídica (279, CPC). Somente poderá ser
decretada nulidade após a intimação do MP que se manifestará a respeito (279, § 2º, CPC).

-Atos do Juiz (203, CPC). Os atos do juiz tem prazos previstos no CPC, mas eles são
impróprios (não preclusivo), não praticando naquele momento, o poderá fazê-lo
posteriormente, inexistindo consequência processual. Esses atos são Sentenças, Decisões
interlocutórias e Despachos.

-Sentença é o ato do juiz que põe fim a fase cognitiva do procedimento comum e estingue
a execução.

-Decisão Interlocutória – Todas as decisões que não sejam sentença, são decisões
interlocutórias.

-Despachos – É o que o juiz faz e não é decisão. Não tem conteúdo decisório, são atos de
impulso do processo.

-Meramente ordinatórios – Não são atos do juiz, são atos do servidor da secretaria, e
supervisionados pelo juiz.

Obs: Nos tribunais vigora uma classificação um pouco diferente, havendo 2 tipos de
decisões classificadas em acórdãos e decisões monocráticas. Acórdãos são decisões
colegiadas, tomadas pelo tribunal colegiadamente, monocráticas são feitas por um único
desembargador ou ministro. Despachos são feitos pelo relator, sendo de mera
movimentação processual.
AULA 9 – MÓDULO I – FREDIE DIDIER

- NORMAS FUNDAMENTAIS

-O CPC/2015 é diferente do CPC/2013 por possuir uma parte geral, que em seu primeiro
capítulo se encontram as normas fundamentais, que vai do art. 1º ao 12.

-As Normas fundamentais tem 2 características importantes: na primeira ela define um


modelo de processo civil que se busca no Brasil, é uma norma definidora do modelo,
estrutura um modo de disciplinar o processo; na segunda ela tem um papel hermenêutico,
ou seja, é preciso entender as outras normas do processo civil através das normas
fundamentais, é o modo que se interpretará as demais fontes do direito processual.

-Deve-se saber quais as fontes da norma fundamental do processo civil, de onde elas
nascem. Aparentemente elas deveriam estar apenas no primeiro capítulo do processo
civil, no entanto é uma presunção falsa, pois o rol dos 12 primeiros artigos não exaure as
fontes da norma fundamental do processo civil por duas razoes, pois existem normas
fundamentais que decorrem da constituição (Ex: Devido Processo Legal e Proibição de
Prova Ilícita), assim como existem normas fundamentais em outros lugares do próprio
código de processo civil, espalhadas pelo código (ex: 190, CPC estabelece autorização
genérica para celebrar negócios processuais).

-Natureza – Existem normas fundamentais que são princípios e normas fundamentais que
são regras. O termo “Normas Fundamentais” foi criado exatamente para abranger tanto
princípios quanto regras.

-Obs: O art 11, CPC, é uma reprodução da Constituição Federal, assim como o caput do art.
3º, CPC, A partir do momento que o texto é uma cópia do texto da Constituição, uma não
observância do comando desses dispositivos, a sua violação será contra a constituição.
Sempre que houver um texto de lei que é cópia da constituição, a norma que decorre deste
texto é uma norma constitucional, pois mais que seja um texto infraconstitucional.

-Livro: Teoria dos Princípios de Humberto Ávila

-Princípio da Primazia da Decisão de Mérito (ou Prioridade da Decisão de Mérito) – Ele


estrutura o processo civil para priorizar o exame do mérito da causa, e decisões que não
o fazem devem ser consideradas excepcionais.

-4º, CPC, coloca a decisão de mérito como prioritária, e no art. 6º, CPC, reforça isso quando
trata da cooperação. A cooperação é direcionada a decisão de mérito justa e efetiva

-76, CPC – Em caso de incapacidade, o juiz deverá dar a possibilidade da pessoa


regularizar o defeito em prazo razoável. No § 2º, se o tribunal, diante do recurso constata
que existe um problema de incapacidade pessoa, só poderá deixar de reconhecer o
recurso, se der a oportunidade para que o defeito seja sanado. Isso prestigia a decisão de
mérito.
-64, § 4º, CPC – É preciso manter os efeitos de uma decisão proferida no processo, mesmo
se reconhecida a incompetência do juiz, até que um novo juiz examine o caso e veja se
refogará ou não a decisão. Isso preserva a decisão de mérito.

-282, § 2º, CPC – Se mérito puder ser julgado em favor daquele que aproveitaria de uma
nulidade, então não se deve decretar a nulidade e julgar o mérito. A prioridade da decisão
de mérito aqui é defendida mesmo contraposta com uma nulidade.

-488, CPC – Se o mérito pode ser decidido em favor daquele que se beneficiaria sem o
exame deste, deve-se decidir o mérito.

-321, CPC – Cuida da petição inicial, dizendo que o juiz não pode indeferi-la sem antes dar
a oportunidade do autor corrigir o defeito.

-485, § 7º - É a possibilidade de retratação do juiz sempre que a sentença for dada sem o
exame do mérito, e houve apelação, dando uma segunda chance ao juiz reconhecer um
possível equívoco.

-932, § único, CPC – É o poder do relator de tribunal de não reconhecer de recurso


inadmissível, mas antes de fazê-lo, deverá dar o prazo de 5 dias para sanar o vício.

-938, § 1º, CPC – No tribunal, constatado problema formal que impede o exame do mérito,
determinará que o problema seja sanado para julgamento do mérito.

-1.029, § 3º, CPC – Nos Recursos Especiais e Extraordinários poderão ser desconsiderados
vícios formais de recurso tempestivo ou determinada sua correção, desde que não se o
repute grave.

-Não se fala em processo civil hoje sem a primazia das decisões de mérito.

-PRECEITO HISTÓRICO DO PROCESSO

-Praxismo – Aceita-se que a ciência do processo tenha se desenvolvido em meados do


século 19, e até esse surgimento, existiria uma “pré-história” da ciência do processo
chamada de Praxismo. O Praxismo era uma preocupação com as práticas forenses, a
prática do processo, a parte burocrática. O processo aquela época não era vista como uma
entidade distinta do direito material, era o direito material sendo executado. Desta forma
não existiam processualistas, e assuntos do processo estavam inseridos nos direito civil.

-Processualismo – Nesse período o processo passa a ser encarado de maneira autônoma


em relação ao direito material, que faz com que comece a servir uma ciência do processo.
É a fase da afirmação da ciência do processo, os conceitos fundamentais da ciência
processual começam a ser elaborados e sistematizados (ação, jurisdição, coisa julgada,
etc). Foi desenvolvida pelos alemães e italianos.
-Instrumentalismo – Após a segunda guerra mundial, houveram muitas coisas que foram
repensadas, e isso também ocorreu com o processo. Suas características são:

-I – Primeiro tem uma preocupação de reaproximação do processo com o direito material,


pois um serve ao outro.

-II – Surgiu também a preocupação com a efetividade do processo, se os resultados do


processo são rápidos e justos.

-III – Começou a ser dado mais enfoque no estudo do processo através de outras
metodologias, passando a ser encarado não apenas sob as ciências jurídicas, mas da
sociologia, ciência política, economia, uma variada metodologia.

-IV – Essa fase não se preocupa na reconstrução de conceitos já firmados.

-Atualmente entende-se que estamos em outra fase processual, pois a ciência do direito
passou por profundas transformações, coo por exemplo, princípios com força normativa,
jurisprudência como fonte de norma, a ideia de que a interpretação é uma atividade
criativa do juiz dar sentido a lei, se vê diferença entre texto normativo e a norma (norma
é o sentido que se dá ao texto, é a interpretação do texto), se fala em direito fundamentais
com força normativa como se não fazia anteriormente, vivemos em uma fase de
reconstrução dos conceitos anteriormente firmados.

-É difícil nomear uma fase quando se está nela, mas a doutrina vem chamando a atual fase
de Neoprocessualiso, que é uma fase de reconstrução da ciência do processo a partir dos
novos paradigmas da ciência de um modo geral.

-Livro neoconstitucionalismo e neoprocessualismo, Eduardo Camb

-TEORIA DA NORMA FUNDAMENTAL DO PROCESSO CIVIL

-Conceito – Norma fundamental do processo civil tem 2 características, a primeira é que


ela define e estrutura o modelo de processo civil que se quer no Brasil, a segunda ela serve
de diretriz para interpretação e aplicação, das outras fontes do direito processual,
cumprindo um papel hermenêutico, ou seja, é preciso compreender as outras normas do
processo civil a partir das normas fundamentais, elas iluminam o modo como as outras
normas devem ser compreendidas.

-Fontes – São diversas, não apenas o rol dos arts. 1º à 12 do CPC, porque em primeiro
lugar existem normas fundamentais do processo civil que decorrem da constituição, e
também porque existem normas fundamentais que estão em outros lugares do código,
são alguns deles:

-190, CPC – Autorização genérica para estabelecer negócios processuais. É um modelo em


que a autonomia das partes tem um poder muito grande sobre o processo.
-927, CPC – Dever de observar precedentes obrigatórios.

-489, §§ 1º e 2º - Concretizam o dever de motivar as decisões do juiz.

-Natureza – Existem normas fundamentais que são princípios e outras que são regras.

-arts. 4º e 3º do CPC são cópias do texto constitucional, então sua violação se volta contra
a própria constituição. O que a norma fez foi apenas dar mais força ao texto constitucional.
Sempre quando houver um texto de lei que é cópia de um texto da constituição a norma
que decorre deste texto é uma norma constitucional, pois mais que seja um texto legal.

-Livro – Teoria dos Princípios de Humberto Ávila

-JURISDIÇÃO

-Conceito – É uma função atribuída a terceiro imparcial para, mediante um processo,


reconhecer, efetivar ou proteger situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo
criativo e interativo, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para
tornar-se indiscutível.

-Reconhecer se refere a reconhecer um direito, efetivar é a execução, e proteger é a tutela


cautelar.

-Modo criativo e imperativo – A criatividade judicial do juiz se manifesta na sua


interpretação da lei ao proferir sentenças, seguindo limites delimitados em lei, não se
pode tentar atribuir sentidos absurdos. A criatividade se revela em 2 dimensões, quando
juiz apresenta a solução do caso, mas também quando o juiz ao julgar o caso, cria um
precedente, um modelo de solução para casos futuros semelhantes aquele
(jurisprudências e súmulas). Já a imperatividade, significa que a atividade do juiz é um ato
de império, o juiz exerce poder, que torna a jurisdição inevitável.

-Decisão insuscetível de controle externo – A função jurisdicional é a única das 3 funções


estatais que não se submete a um controle da outra. Um ato administrativo ou legislativo
não pode rever ter uma decisão judicial. A jurisdição controla a si mesmo, através de
recurso ou ação rescisória.

-Aptidão para tornar-se indiscutível – Somente as decisões jurisdicionais tem aptidão par
tornar-se indiscutíveis pela coisa julgada, uma lei não tem esse poder. É uma
exclusividade das decisões jurisdicionais, somente elas têm essa característica. Isso é tão
forte, que a proteção da coisa julgada contra lei é direito fundamental.

-CONEXÃO E CONTINÊNCIA

-Dois processos idênticos tramitando ao mesmo tempo, tem o nome de Litispendência.


Essa ligação se divide entre Conexão e Continência.
-Dois processos distintos entre si mas que de alguma forma se relacionam, nem são
totalmente ligados nem totalmente distintos.

-Conexão e continência são vínculos de semelhança entre causas pendentes, vínculos que
fazem com que elas sejam aproximadas, buscando-se assim preservar a economia
processual, poupar esforços, da mesma forma que se busca a preservação da harmonia
das decisões judiciais.

-Conexão – Dois processos guardam entre si alguma semelhança, e por isso devem ser
reunidos em um único juízo, um dos juízos perde a competência e outro ganha. O primeiro
efeito é a modificação da competência. (55, CPC)

-Pode ser que exista conexão e não seja possível reunir os processo. Conexão é o fato,
reunião dos processos é o efeito deste fato. Pode existir conexão sem que ocorra a reunião.
Isso ocorre quando se entre os juízos existir diferença de diferenças absoluta não será
possível a reunião, como por exemplo juízo cível e juízo de família, juízes de instâncias
diferentes. A conexão só pode modificar a competência relativa.

-Não sendo possível a reunião, nesses casos um dos processos deve ser suspensos a
espera da resolução do outro. Esse é um efeito subsidiário da conexão, pois em princípio
ela gera reunião dos processos para julgamento simultâneo, e caso não seja possível, um
dos processos ficará suspenso.

-STJ, 235 – Conexão não determina a reunião dos processos se um deles já foi julgado. Esse
enunciado inspirou o art .55, § 1º, CPC.

-Se as causas de pedir ou os pedidos são os mesmos, as causas têm que ser reunidas. Esse
é uma conexão objetiva, pois pressupõe um dos requisitos objetivos da demanda que é o
pedido ou a causa de pedir.

-Obs: Demandas repetitivas são aquelas propostas por várias vítimas de uma lesão
comum, os pedidos e as causas de pedir são parecidos e não iguais, o que não causa
conexão.

-Conexão por Prejudicialidade – Não há necessidade de existir conexão nos termos do art.
55 caput, CPC, para ocorrer reunião de processos nos casso onde haja risco de prolação
de decisões conflitantes ou contraditórias (55, § 3, CPC).

-Em execução de título extrajudicial e ação de conhecimento relativa ao mesmo ato


jurídico também ocorrerá conexão (55, § 2º, CPC).

-69, § 2º, CPC – Atos consertados entre juízes, atos de cooperação, podendno ser obtenção
e apresentação de provas e documentos. É uma conexão probatória, a conexão entra
causas apenas para a produção de uma prova comum, sem a necessidade de julgamento
comum.
-Continência – É uma modalidade específica de conexão, que exige que o pedido de uma
das causas abranja o da outra (56, CPC).

-Processo maior é ajuizado primeiro, e o processo menor é ajuizado, este será extinto, mas
se ocorrer o contrário, o processo menor for proposto primeiro, então deve ocorrer a
reunião por continência (57, CPC).

-A data do registro ou distribuição da petição inicial será o juízo prevento.

-CONDIÇÕES DA AÇÃO

-No Brasil elas são obra do pensamento de Liebman, processualista italiano que veio ao
Brasil por conta da segunda guerra mundial.

-Liebman dizia que a ação deveria observar algumas condições que se caracterizavam
como questões anteriores ao mérito, e dessa forma, se não preenchidos, o processo seria
extinto por carência da ação, sem o exame do mérito. Por não ser uma decisão de mérito,
ela não faz coisa julgada.

-As condições de Liebman seriam 3 – a Legitimidade Ad Causan, o interesse de agir e a


possibilidade jurídica do pedido.

-Posteriormente Liebman retirou a possiblidade jurídica do pedido como condição da


ação, pois teria sido incorporada no interesse de agir.

-A interpretação de Liebman foi acolhida pelo CPC/1973 em seu art. 3º, onde fala das 2
condições da ação de seu pensamento mais moderno, no entanto, no art 267, VI,
expressamente fala nas 3 condições da ação, referindo-se ao pensamento mais antigo de
Liebman, e no art. 301, quando fala da defesa do réu, menciona a “carência de ação”, que
só faz sentido em um sistema que existe as condições da ação.

-Os críticos diziam que só existiriam pressupostos processuais ou mérito, não há porque
criar uma terceira categoria, que são os pressupostos processuais, pois poderia estar
enquadrados nas outras duas categorias. Outra crítica que aquilo que Liebman apontava
como condição da ação, geralmente era um problema de mérito, e isso gerava um
problema na prática (Ex: ação possessória, onde se discuti a posse, e de acordo com a ideia
de Liebman, a pessoa não poderia sequer ter o mérito decidido, já que não tem a posse, e
o que se vai discutir é exatamente isso, a posse).

-O CPC/2015 não menciona mais o rótulo condição da ação nem carência de ação.

-Fredie Didier afirma que a categoria condições da ação precisa ser abolida, assim como a
carência da ação, e que Legitiidade e Interesse serão estudados no contexto dos
pressupostos processuais, como ocorre na Europa.
-Diddier ainda afirma que quando o código fala em legitimidade como causa de extinção
sem o exame do mérito, nesse caso a legitimidade é extraordinária, porque a falta de
legitimidade ordinária é caso de improcedência (não tem o direito discutido).

-486, § 1º, CPC – Extinção por litispendência. A proposição da demanda somente poderá
ser feita com a correção do erro,

-Na ação rescisória o CPC/2015 também resolve esse problema no pensamento de


Liebman quando diz que se admite ação rescisória de decisão que não é de mérito, mas
que impeça nova propositura da demanda. Esse dispositivo mostra a mudança sistêmica
do código.

-DNAMICIDADE DAS POSIÇÕES (SITUAÇÕES) PROCESSUAIS

-o processo é essencialmente dinâmico e complexo, por duas razões, primeiro porque ele
é um conjunto de atos e fatos jurídicos que vão se sucedendo, se entrelaçando e se
encadeando, e esses atos fazem com que surjam diversas relações entre os sujeitos do
processo (autor e juiz, juiz e autor, réu e juiz, autor e perito, partes e testemunha, etc).
Assim sendo, o processo então é um feixe de atos e relações entre os diversos sujeitos do
processo, o que faz com que toda a análise do processo deverá ser dinâmica.

-17, CPC – diferente do CPC/1973, que falava “para propor ou contestar a ação”, o atual
CPC fala em “postular em juízo” que tem um alcance muito mais abrangente, pois o
processo não se resume a petição inicial e contestação.

-Juiz poderá atua como juiz e parte no mesmo processo, o que acontece no caso de
suspeição, onde passará a ser réu, devendo se defender da alegação, podendo inclusive
recorrer.

-Na lei de ação popular e a lei de improbidade administrativa, a pessoa Jurídica ré poderá
uma vez citada, pedir para migrar de polo, e passar a ser litisconsorte do autor. O réu tem
expressa autorização legal para pedir a migração de polo, pois o interesses da pessoa
jurídica podem mudar. Isso demonstra a perspectiva dinâmica do processo.

-A possibilidade de migração de polo é chamada de Intervenção Móvel.

-O MP pode ser parte ou fiscal da ordem jurídica, duas funções distintas exercidas no
mesmo processo, podendo exercer as duas funções ao mesmo tempo no processo.

-Negócios Processuais são estimulados pelo CPC, ajustando e modificando o processo por
autor e réu, fazendo requerimentos conjuntos, e nesse tipo de postulação específica, se
tornando litisconsortes.

-Reconvenção e Recursos – As partes são outras, distintas das partes do processo, e


podem até não coincidir mais. Os recorrentes podem, em recursos, ser litisconsortes. Na
reconvenção aquele que era réu, passa a ser demandante, e o autor passa a ser réu na
reconvenção, no mesmo processo assumindo essas duas posições, demandante e
demandando.

-Denunciação da lide – Com a denunciação da lide, o processo passar a ter um novo sujeito,
que no mesmo processo, o denunciado será réu em relação ao denunciante, mas é
litisconsorte do denunciado contra o autor da ação. Denunciado da lide é uma prova viva
da dinamicidade da dinamicidade do processo.

-Obs – Se autor e réu denunciam a lide, contra a mesma seguradora, que segura a ambos.
Nesse caso, a seguradora, será ré duas vezes no processo.

-Ler Texto – Despolarização do processo e zonas de interesse


AULA 1 – MÓDULO II – RENATO MONTANS

renatomontans@hotmail.com

-PETEIÇÃO INICIAL

-A petição inicial é o núcleo estrutural de praticamente todo o processo, pois com base
nele se trata de diversos assuntos. É como se fosse o “corredor da casa”, se liga a todos os
quartos.

-Introdução – A petição inicial pode ser analisada sob duas óticas

-1º - Todos tem direito a petição inicial (5º, XXXV, CF e 3º CPC). É o acesso a justiça. É o
direito de se exercer a demanda em decorrência do princípio da inafastabilidade ou
ubiquidade.

-2º - Exercício da demanda, pois com ela que se exerce o direito de demandar.

-Obs: A petição inicial é um ato formal. Quando se estuda formalismo do processo, suas
regras de rigidez e tipicidade, se faz uma divisão entre atos judiciais (concedidos ao juiz e
auxiliares da justiça) que são atos formais (solenes), e atos das partes, que somente são
obrigadas a fazer algo em virtude de lei (não existe formalismo), exceto quando se trata
da petição inicial, que tem forma própria.

-Efeitos da Petição Inicial – são pelo menos 3 grandes efeitos no mundo processual.

-1º - Dá nascimento ao processo, ou seja, a petição da vida ao processo rompendo a inércia


do poder judiciário (2º, CPC).

-2º - Delimitar o julgamento, pois quem decide o que vai ser apreciado pelo judiciário, é a
parte, não podendo o juiz julgar nem extra, ultra ou intrapetita (141 e 492, CPC).

-O Brasil adotou a teoria de Liebman, que é a teoria da Lide projetada, que se contrapõe a
Lide Social de Carneluti.

-3º - Estabiliza a Competência, fixando o juiz natural e tornando prevento o juiz.

-Elementos Integrantes da Petição Inicial (319, CPC)

-Elementos Positivos (319, CPC) – São elementos que devem existir na petição inicial. São
eles: Identificadores da causa (319, II, III e IV, CPC), Pressupostos processuais (319, I, V e
VI, CPC), Normas de Procedimento (319, VII, CPC).

-Identificadores da Causa – Partes, causa de pedir e pedido.

-Pressupostos Processuais – Endereçamento, valor da causa e provas


-Normas de Procedimento – Designação da audiência de conciliação e mediação.

-Elementos Negativos (330, CPC) – São hipóteses de indeferimento da petição inicial. Não
pode por exemplo, ser inepta, não estar presente o endereço do advogado.

-Juízo a que é dirigido – É o endereçamento da causa, uma regra de fixação de


competência.

-Obs: A palavra juízo é uma expressão ampla, e por mais que seja usada para designar
primeira instância, não é errado falar que recorre para o juízo do STF, STJ, TJ. O CPC/1973
falava juízo ou tribunal a que é dirigida, e no CPC/2015 é uma expressão ampla.

-Qualificação das Partes (319, II, CPC)

-Qualificação tanto do autor quanto do réu. É a fixação da parte e não da legitimidade. A


principal preocupação é fixar quem é a parte não a sua legitimidade, que será fixada pelo
juiz.

-Estado civil tem importância porque em certas ações (ex:73, CPC, união estável) marido
e mulher devem estar nos polos da ação. Não havendo formalidade sobre a união estável,
deve constar na petição inicial para fins de qualificação.

-Profissão tem importância para questões de gratuidade, e para citação, que pode
repercutir na forma que a pessoa será citada, como o militar que é citado na base onde
presta seu serviço.

-Endereço eletrônico (246, §§ 1º e 2º, CPC) tem importância pois pessoas jurídicas de
direito público e grandes e médias empresas de direito privado são obrigadas a fazer um
cadastro para que sejam citadas preferencialmente pelo meio eletrônico. Isso se deu por
um mapeamento do CNJ, que percebeu que 75% das ações em atividade tem ou o poder
público ou grandes empresas. Em virtude disso, para tornar os processos mais efetivos e
menos onerosos, foi feito um cadastro dos e-mails.

-CPF ou CNPJ – Já era exigido pela Res. 460/2011, STF.

-Diligência – Se o autor não tiver todos os dados do réu para preencher os requisitos do
art. 319, II, CPC, a lei estabelece que na falta de dados, o órgão jurisdicional providenciará
diligências aos órgãos públicos ou parapúblicos (DETRAN, BACEN, cartórios de registro),
o que decorre do princípio da cooperação.

-Instrumentalidade – A falta de informações não gera indeferimento da inicial se o réu


puder ser citado (4º e 277, CPC).

-Fato e Fundamentos Jurídicos do Pedido – Consistem na causa de pedir, tendo 3


fialidades.
-I – Ajuda na identificação da demanda para fins de conexão coisa julgada, litispendência,
perempção. Essa é a causa principal.

-II – Auxilia no contraditório, quando o autor narra a causa de pedir e estabelece os


elementos que integram o direito, isso facilita o trabalho do réu para contrapor esses
argumentos.

-III – Controla a decisão judicial (489, § 1º, IV, CPC). O CPC não estabelece como uma
decisão deve ser fundamentada, apenas diz que a decisão deverá ser fundamentada. O juiz
deverá enfrentar todos os argumentos trazidos pelas partes, apenas quando for negar um
pedido, quando o juiz for conceder um pedido, não há essa necessidade.

-A causa de pedir poderá ser remota ou próxima

-Remota – São os fatos, aquilo que ocorreu. Divide-se em fato jurídico e fato simples. Fatos
jurídicos são aqueles que delimitam a pretensão da parte, possuem suporte próprio. Fatos
simples são aqueles que auxiliam na identificação do fato jurídico, não possuem suporte
próprio, não se vai ao judiciário apenas com ele (ex: estava chovendo, semáforo estava
fechado, estava a noite, etc)

-Próxima – São fundamento Jurídicos. Fundamento jurídico é o enquadramento dos fatos


no mundo do ordenamento jurídico. Esse fato tem previsão no ordenamento.

-Obs: Não confundir fundamento legal (lei) com fundamento jurídico (utilização de
diversas fontes do direito – ordenamento jurídico).

-Teorias sobre a causa de pedir

-Teoria da Substanciação – Os fatos são mais importantes que o fundamento jurídico, pois
a alteração dos fatos gera nova demanda. Se aplica nas demandas heretodeterminadas
(são aquelas identificadas prioritariamente pelos seus fatos), Ex: dizer que é credor de
uma pessoa, diz nada, se o fato não for relatado, o fato será fundamental.

-Teoria da Individualização – A fundamentação jurídica é mais importante que os fatos,


sendo estes meramente secundários ou acidentais apenas para a compreensão do direito
(fundamentação jurídica). Se aplica nas demandas autodeterminadas (são identificadas
prioritariamente pelos seus fundamentos jurídicos). Ex: direitos absolutos, onde se
discute a propriedade de um imóvel, uma das partes tem a matrícula que é a
fundamentação jurídica, ganhará a causa, não tendo tanta importância o fato que levou a
aquisição da propriedade.

-Obs: No panorama doutrinário, quase toda doutrina mundial segue a teoria da


substanciação, contudo, há alguns autores (Botelho de Mesquita, Cruz s Tucci, Ouvidio
Batista, Araken de Assis) que defendem a tese que o Brasil adota as duas concepções.
-O Brasil adota a teoria da substanciação pelos seguintes motivos:

-I- O CPC adota um sistema rígido de preclusões somente em relação aos fatos. (329, 336,
1.014, CPC), apenas de termos no Brasil o negócio jurídico processual no brasil (190, CPC)
que permite a flexibilização, não podemos esquecer que até a citação do réu, o autor pode
fazer o que quiser com os fatos, e após a citação só poderá alterá-los com autorização da
parte contrária, e depois do saneamento não mais poderá (339, CPC). Réu tem que narrar
todos os seus argumentos na contestação (336, CPC), Na apelação é vedado o Ius
Novorum, trazer novos fatos não alegados na inicial (1.014, CPC). Esses são limites sobre
os fatos.

-II – Iura Novit Curia – O juiz conhece o direito, desta forma não é necessário o autor
apresentar os dispositivos legais que sustentam seu direito, estando o juiz adstrito aos
fatos narrados e não a fundamentação jurídica. Juiz não pode julgar contrário aos fatos,
mas poderá fazê-lo contrário ao fundamento. Juiz não poderá mudar os fatos
apresentados.

-III – A alteração do fato gera nova causa, a alteração do direito mantém a mesma causa,
mas com novos fundamentos. Por isso ação de alimentos não faz coisa julgada, pois juiz
fixa alimentos, ainda que com sentença transitada e julgada, a situação econômica do
alimentado poderá ser alterada, o que permitirá uma revisional de alimentos.

-Obs: É possível ao magistrado alterar a fundamentação jurídica eleita pelo autor para a
estruturação de sua causa (mas não pode alterar os fatos). Igualmente é possível ao autor
alterar a fundamentação jurídica desde que mantenha os fatos. Contudo em atenção a
nova dimensão do contraditório (9º e 10º, CPC) a alteração da fundamentação jurídica
somente poderá ser efetivada com a prévia oitiva das partes contrárias.

-Pedido

-Introdução – O pedido é a formalização da pretensão da parte. O réu formula, mas este


pedido assim o é no sentido substancial e não no formal, formulando pedido formal
apenas em determinadas circunstâncias, como na reconvenção.

-Poderá ser imediato (sentença) ou mediato (bem da vida). A pretensão imediata é uma
tutela jurisdicional, uma decisão que confira um direito sobre o bem da vida, que é um
objeto imediato.

-Poderá ser material (direito), ou processual (rescisória, mandado de segurança,


impugnação ao valor da causa, alegação de impedimento ou suspeição do juiz).

-O Brasil adotou a lide projetada (Liebman), em detrimento da lide sociológica


(Carnelutti) (141, CPC). Para Carnelutti, lide é o que aconteceu na sociedade. Liebman
afirma que lide é aquilo levado ao judiciário.
-322, § 2º, CPC – De certa maneira alguns autores entendem que o juiz pode relativizar a
inépcia em alguns casos, Esse entendimento, apesar de estar previsto no plano da petição
inicial, vai além dela, projetando seus efeitos também para outros atos (122, CC; 286,
FPPC).

-Formalização Do Pedido

-O pedido deve ser certo (322, CPC). É o pedido expresso, explícito.

-Obs: Exceção é o pedido implícito, que é aquele que não precisa ser pedido para que seja
apreciado. Ex: Juros, correção monetária, honorários advocatícios (de sucumbência) (256,
STF), juros moratórios quando a obrigação da sentença for ilíquida (254, STF),

-O pedido deve ser determinado (324 CPC). Não basta que o pedido seja certo, deve
também ser determinado. É o pedido que possui valor devido, ou seja, quantum debeatur.

-Obs: Exceção – Pedido genérico é aquele que não possui valor imediatamente aferível, ou
seja, somente será verificado a posteriori. Em regra, o pedido apesar de genérico gera uma
sentença líquida (491, CPC), mas nem sempre. Salvo nos juizados especiais cíveis em que
a sentença é sempre líquida (38, § único, Lei 9.099/1995).

-Pedidos Genéricos

-I – Ações universais – Quando o autor não souber a universalidade de bens que compõe
o seu direito. Ex: Inventário. Poderá ser uma universidade de fato ou de direito.

-II – Ato ou fato ilícito indeterminado – Quando o autor não puder mensurar a extensão
do ato ilícito praticado pelo réu (292, V, CPC; X 324, §1º, II, CPC). Essa aparente antinomia
se resolve no aspecto temporal, da seguinte forma

-1º - Se o dano já foi consumado, o pedido deve ser determinado (292, V, CPC). Dano
consumado é aquele que não tem mais o que se fazer. Não há mais o que acontecer.

-2º - Se o dano for continuado, o pedido será genérico (324, § 1º, II, CPC). Dano continuado,
é aquele que depende de evento futuro para apurar valores.

-III – Quando depender de um ato a ser praticado pelo réu – Nesses casos a aprovação do
valor depende da conduta do réu. Nas ações de exigir contas, o valor devido depende da
conduta praticada pelo réu.

-Modalidades de pedido

-Numa classificação tradicional o pedido poderá ser

-Unitário ou Simples – É um pedido


-De Prestações periódicas -

-Cumulado – São vários pedidos. A cumulação poderá ser

-Própria – é uma ação propriamente cumulado, ou seja, o autor formula diversos pedidos
pera obter diversas pretensões. Poderá ser simples ou sucessiva. Cumulação simples
ocorre quando o autor formula contra o mesmo réu duas ou mais pretensões para que o
juiz aprecie todas, e nesses casos os pedidos são autônomos entre si. Cumulação sucessiva

Requisitos da Cumulação

-1 – Compatibilidade – São pedidos que não se excluem mutuamente, ainda que entre eles
não haja conexão (55 § 3º, CPC). Ex: cumprimento de contrato cumulada com perdas e
danos.

-2 – Competência – O juízo deve ser competente para apreciar todos os pedidos


formulados. Essa regra é direcionada para a competência absoluta, pois a relativa é
possível acumulação. (289, FPPC).

-Obs: Se cidade tiver vara única, ainda assim os pedidos não poderão ser cumulados,
deverão as ações ser distribuídas separadamente, apesar de apreciadas pelo mesmo juízo.

-imprópria – Poderá ser alternativa ou subsidiária


AULA 2 – MÓDULO II – RENATO MONTANS

-Mesmo Procedimento – Os procedimentos devem ser os mesmos. Não sendo, aceita-se


acumulação se todos puderem empregar o procedimento comum, sem prejuízo de se
manter as características do procedimento especial (327, § 2º, CPC).

-Cumulação sucessiva – Não tem previsão expressa no código, decorre de uma


interpretação sistemática do Código de Processo Civil. Nessa modalidade o pedido
sucessivo somente será apreciado se acolhido o pedido principal (relação de
prejudicialidade). Ex: Investigação de paternidade com alimentos; rescisão de contrato
com perdas de danos; rescisória, no art. 968, CPC.

-Cumulação Imprópria – O autor formula diversos pedidos para obter apenas uma
pretensão. A cumulação é impropriamente aferida. Existem dois tiposb:

-Pedido Alternativo – Essa modalidade permite duas situações distintas: Por manifestação
de vontade e pelo direito material.

-I – Por manifestação de vontade – Quando o réu tem, a sua disposição duas ou mais
maneiras de cumprir a obrigação (325 e 326, § único, CPC). É o caso clássico que o autor
permite o réu a cumprir a obrigação de mais de uma maneira.

-II – Se o direito material permite obrigações alternativas, o réu poderá cumprir de


qualquer uma das formas, ainda que o autor, ao ingressar no judiciário tenha pleiteado
somente uma (325, § púnico, e 252, CPC).

-Cumulação Subsidiária – Há uma escala de interesses entre os pedidos. Assim somente


será apreciado o pedido subsidiário se negado o principal. Se o juiz conceder o primeiro
pedido, não apreciará o segundo. O segundo pedido será apreciado apenas na
eventualidade da negativa do principal. É o pedido chamado “caso vossa excelência não
entenda...”. Há interesse recursal do autor em pedir no tribunal o pedido principal quando
o juiz lhe concedeu apenas o subsidiário (FPPC, 288; REsp 1.158.754).

-PEDIDO ESPECIAL

-Prestações Periódicas – Nas relações de trato sucessivo, o autor formulando a primeira


parcela, todas as demais serão concedidas de pleno direito. Constitui modalidade de
pedido implícito.

-É um pedido que se opera de pleno direito, ainda que não tenha sido formulado, o
magistrado concederá. É uma modalidade de pedido implícito, não é preciso ser pedido
para ser concedido.

Ex: Em ação de alimentos em que o juiz fixou alimentos provisórios em 3 mil reais,
enquanto são vencidas as parcelas no andamento da lide, elas são devidas de pleno direito,
mesmo que não seja pedido posteriormente.
-VALOR DA CAUSA

-Toda causa tem valor, mesmo que não haja conteúdo econômico aferível (291 e 319, V
CPC).

-Tem importância para fins tributários, competência (apuração de juizado especial ou


não), fixação de honorários, fixação de multas,

-292, CPC

-PROVAS

-O mero protesto genérico de provas não gera preclusão, pois a produção das provas se
dará em momento oportuno (STF, REsp 78.362).

-320, 434 e 345, CPC – São a base da compreensão probatória.

-320, CPC – Estabelece que o autor apresente as provas essenciais que vão acompanhar a
petição inicial. O protesto poderá ser genético na petição inicial.

-As provas apenas serão indicadas após a réplica, que cada uma das partes avaliará a
pertinência do que deve ser apresentado.

-INTERESSE DO AUTOR NA AUDIÊNCIA DE COMCILIAÇAO E MEDIAÇÃO

-Em regra, não será presidida por um juiz. Em cidades que há falta de conciliadores e
mediadores, fazem com que o juiz assuma esse papel. A presença do juiz é ultima ratio.

-Conciliador atua nas causas sem prévio vínculo, e a sua conduta por consequência é mais
ativa, ele pode propor acordos. O mediador atua nas causas com prévio vínculo, e a sua
postura é mais passiva, ele não propõe acordo, ele instiga as partes para que delas saia o
acordo. Vínculo neste c aso está muito mais ligado a sentimento do que uma relação de
direito material.

-A audiência é obrigatória, o não comparecimento é considerado ato atentatório a


dignidade da justiça e acarreta no pagamento de multa de 2% do proveito econômico da
causa.

-obs: No CPC/1973 era designada pelo juiz a audiência de conciliação, mas que poderia
não fazê-lo caso entendesse que as partes não desejassem se conciliar.

-Exclusões – Quando houver incompatibilidade procedimental, quando o direito não


admitir autocomposição e quando ambas as partes recusarem.
-I – Incompatibilidade procedimental – Existem procedimentos incompatíveis com
conciliação, como no inventário.

-II – Direito que não admite autocomposição – Direitos que não permitem se fazer acordo,
não se permite transação, como em investigação de paternidade. Os efeitos da lei são
impostos.

-Obs: Nâo confundir com direitos disponíveis e indisponíveis. Direitos disponíveis


admitem autocomposição, e indisponíveis, muitos deles permitem.

-III – Quando ambas as partes recusarem - As partes não podem ser obrigadas as
participarem de uma audiência de conciliação, ainda mais porque não se tem mediadores
e conciliadores suficientes no Brasil. Até 10 dias antes da audiência uma das partes pode
comunicar que não deseja audiência de conciliação. Assim sendo, de lege ferenda, deverá
o autor se manifestar sobre a audiência de conciliação, e o réu em até 10 dias antes da
audiência.

-Obs: Se o autor disser que não quer audiência, o juiz ainda assim designará, tendo o réu
até 10 dias antes da audiência oportunidade para dizer se quer ou não a audiência de
conciliação (27, Lei 13.140/2015).

A audiência poderá se por meio eletrônico.

-Poderá ser possível a realização de mais de uma audiência com distância de no máximo
2 meses entre cada uma.

-CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL

-Existem 3 possibilidades

-I – Citar – (250, II, CPC). Petição inicial em ordem. Não é atividade preclusiva, pois a
verificação da petição inicial é matéria de ordem pública, (337, V e 485, II, CPC).

-II – Emendar – (321, CPC). Quando houver dificuldade para o julgamento. Prazo é de 15
dias, devendo o juiz explicitar exatamente os motivos da emenda.

-III – Indeferir – (330, CPC). Deve ser entendido em conjunto com o princípio da primazia
do mérito. Assim, se o vício da petição inicial for sanável, haverá prazo para regularização,
caso contrário extinção do processo sem mérito (485, I, CPC).

-IV – Julgamento liminar de improcedência – (332, CPC). Poderá o juiz antes de citar o réu,
proferir sentença de improcedência liminar se: a) não houver outras provas a serem
produzidas, b1) houver prescrição/decadência, b2) a tese da Petição Inicial contrariar
precedentes vinculantes (927, CPC).
-RESPOSTAS DO RÉU

-Introdução – 5º, LV, CF. Contraditório e ampla defesa.

-Não se fala em defesa, pois isso trás a ideia de réu, e a resposta pode vir também do autor.

-De acordo com o CPC/2015, todas as modalidades de defesa serão apresentadas na


contestação, salvo a alegação de impedimento e suspeição que serão arguidas em petição
simples no prazo de 15 dias.

-Contestação

-Definição – É a defesa clássica do réu contra o autor dentro do processo. Constitui uma
defesa estática.

-O objetivo do réu é impedir a pretensão do autor. A contestação é estática porque ao réu


não avança.

-Prazo – 15 dias. (335, CPC) Existem exceções. O que muda é a contagem do prazo.

-Da audiência de conciliação e mediação, começa a correr o prazo. Há uma discussão na


jurisprudência se o prazo começaria da própria audiência ou no dia seguinte.

-Do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou mediação.

-Princípios informadores da contestação – É regida por dois princípios.

-I – Princípio da eventualidade ou concentração – Toda matéria de defesa deve ser alegada


em contestação, sob pena de preclusão, por mais conflitantes que sejam as proposições
deduzidas na defesa (quantidade). Esse caso está atrelado a quantidade de matérias com
que se defende.

-Obs: No Brasil adota-se a teoria restritiva, ou seja, o autor pode fragmentar a lide em
outros processos. Ex: Um de dano mora e outro de dano material, mas o réu não. A teoria
ampliativa, defende que réu e aturo tem o mesmo ônus.

-II -
AULA 3 – MÓDULO II – RENATO MONTANS

-I – Princípio da eventualidade ou concentração

-Exceção – (342, CPC). Hipóteses de apresentação de defesa pelo réu após a contestação.
Fatos supervenientes pertinentes a questão; competir ao juiz conhecer de ofício (485, §
3º e 337, § 5º, CPC); ainda que a matéria não seja de ordem pública, poderá apresentar a
posteriori se houve autorização legal (decadência convencional). De lege ferenda, também
se as partes fizerem um negócio jurídico processual (190 e 191, CPC).

II – Princípio do Ônus da Impugnação Específica – (341, CPC). É a imposição que o réu se


defenda pormenorizadamente de todos os argumentos trazidos pelo autor no processo
(atrelada a qualidade).

-Obs: Ausência “física” de contestação ou o não cumprimento da impugnação específica


torna o réu revel. Não será revel quando não for admissível a confissão (Ex: direitos
indisponíveis); a inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar
substância do ato; estiver presente alegação na inicial em contradição com a defesa.

-Obs: Defesa por negativa geral, é a situação em que o defensor público, o advogado dativo,
e o curador especial não precisam cumprir o requisito da impugnação específica.

-Estrutura da Contestação

-Preliminar (337, CPC) - É a defesa do réu acerca dos vícios processuais constantes no
processo. É um rol não taxativo. Poderão ser alegadas outras questões como continência
que não estão no art. 337. Salvo arbitragem e incompetência relativa, esses vícios não
precluem (337, § 5º, CPC). Preliminares podem ser dilatórias (quando seu acolhimento
gerará prazo para regularização) ou peremptórias (quando seu acolhimento gera a
extinção do processo se o vício for insanável).

-Mérito – É a defesa do réu acerca do próprio pedido do autor (direito substancial). Se


divide em defesa de mérito direta (réu nega fato constitutivo) ou defesa de mérito indireto
(não nega fato constitutivo mas impõe outro impeditivo, extintivo ou modificativo).

-Reconvenção

-Definição – É o contra-ataque do réu contra o autor dentro do mesmo processo.

-É possível no próprio processo em que o aturo formula uma pretensão, o réu contra-
atacá-lo.

-Reconvenção trás a ideia de economia para contra-atacar o autor dentro do próprio


processo.
-No CPC/1973 o réu poderia contestar e formular outra peça denominada reconvenção.
Com o novo CPC a reconvenção não é mais peça autônoma, é deduzida na própria
contestação.

-Natureza – A reconvenção é uma ação (292 e 343, CPC). Apesar de estar geograficamente
hospedada dentro da contestação, ainda é considerada uma ação. A organização judiciária
de cada estado poderá determina recolhimento de custas.

-Legitimidade – Em regra apenas o réu tem legitimidade. Contudo, é possível a formação


de litisconsórcio ativo ou passivo ainda que a causa originária não possua, é uma formação
de litisconsórcio ulterior. Isso ocorre em decorrência da usucapião. (343, §§ 3º e 4º, CPC).

-Distinção com outras figuras – Reconvenção, pedido contraposto e natureza dúplice:

Modalidades Reconvenção Pedido Pedido de Ações


de Ação Contraposto Natureza autônomas
Dúplice Conexas
Forma Na própria Na própria Na própria Ação autônoma
contestação contestação contestação
(como um (como um
tópico tópico
específico) ou específico)
em peça
autônoma
(caso não
apresente
contestação
Aplicação Em qualquer V.g. nos V.g. nas ações Qualquer
causa que não juizados possessórias, pretensão que
possua especiais nas ações o réu possa
procedimento apenas formular
incompatível declaratórias e contra o autor
nas ações de em demanda
guarda de própria que
menores possua grau de
conexidade
com a
demanda
proposta pelo
autor
Cognição Ampla, não Limitada, nos Limitada, a Ampla, não
havendo Juizados defesa do réu havendo
restrição pela Especiais se limita ao restrição pela
lei. apenas poderá legítimo lei
deduzir reação exercício da
sobre os “fatos sua posse
da causa”
Estrutura Objetivamente Objetivamente Simples, uma Havendo
complexa complexa ação apenas. reunião dos
(duas ações no (duas ações no feitos haverá
mesmo mesmo dois processos,
processo) processo) cada um com
uma ação
própria.

-Pedido de Natureza Dúplice – O juiz não se limita apenas a julgar improcedente, como
um efeito anexo a decisão, concede uma posição ativa.

-De acordo com o STJ o pedido de restituição em dobro de cobrança de dívida paga não se
enquadra em nenhuma modalidade de contra-ataque, podendo ser formulada na própria
contestação. Quando alguém cobra dívida já paga, basta apenas alegar isso em
contestação.

-Conexidade – A reconvenção deve ser conexa com a petição inicial ou com os


fundamentos de defesa. Contudo, entende a doutrina, especialmente Barbosa Moreira,
que a conexão aqui exigida é mais tênue, não precisando se adequar estritamente nos
termos do art. 55, CPC.

-Procedimento – O procedimento que veicula a reconvenção deve ser compatível com o


da causa principal.

-Autonomia – É possível reconvir sem contestar. E eventual extinção da causa originária


por qualquer motivo (desistência, falta de pressupostos) não impede o prosseguimento
da reconvenção.

-De acordo com o STJ, se a reconvenção trouxer elementos suficientes para elidir a
pretensão do autor na petição inicial, não incidem os efeitos da revelia, ainda que não haja
contestação.

-Procedimento

-O reconvindo será intimado na pessoa de seu advogado para se defender no prazo de 15


dias. A falta de defesa da parte contrária no prazo legal gera revelia.

-Ação originária e reconvenção serão julgadas na mesma sentença (RT 504/180). Se


jugada antes, será uma decisão interlocutória que desafia agravo de instrumento.

-Existe reconvenção da reconvenção, é raro, mas possível. Ex: “A” propõe ação de
cobrança contra “B”, que contesta alegando compensação e formula reconvenção para
cobrar a diferença de “A”. “A” contesta alegando nulidade do contrato e formula
reconvenção pleiteando perdas e danos.

-REVELIA (344 e ss, CPC)


-É a ausência de contestação. Poderá ser tanto ausência de contestação como contestação
intempestiva, assim como não cumprir com o ônus da impugnação específica (se defende
de maneira ruim)

-Existe uma discussão na doutrina se reveria seria uma punição que se acomete aquele
que não se defende, mas outros autores falam que não poderá, pois sanção é contra um
ato ilícito, e não contestar não é um ato ilícito. Em contrapartida sanção não apenas se
aplica a atos ilícitos, como sanções premiais.

-Hoje a doutrina afirma que a revelia é um efeito jurídico que permeia a questão.

-Consequências da revelia – gera 2 efeitos ao processo, material e processual.

-Efeito Material – Gera um efeito direto que é a presunção de veracidade dos fatos
alegados (presunção relativa). Ex: autor vai ao judiciário pedir favores sexuais, se não
houver contestação, isso não gera obrigação de prestar estes favores. Deve haver uma
verossimilhança nas alegações.

-Efeito Processual – Tem um efeito direto de não intimação dos atos se o réu não tiver
patrono nos autos. Se o réu não se defende ele não está fisicamente no processo, então
não tem que ser intimado nos autos, isso se não tiver advogado Tem um efeito indireto
que é o julgamento antecipado do mérito (355, II, CPC).

-Existem exceções no sentido de não operar o efeito material da revelia. São eles:

-I – Litisconsórcio em que apenas um deles se defende. O litisconsórcio tem que ser


unitário.

-II – Direito indisponível.

-III – Petição inicial sem documento essencial. Ex: reivindicatória onde o autor não juntar
a matrícula do imóvel e o réu não se defende.

-IV – Petição inicial em contradição com a prova dos autos. Ex: Alegação de que
determinada atividade trouxe dano psicológico e juntar documento de consultas médicas
em decorrência do dano, mas que datam antes da atividade empregada.

-V – Curador especial ao revel citado de forma ficta.

-VI – Mandado de citação sem a advertência do art. 250, II, CPC.

-Procedimento
-Revel pode ingressar a qualquer momento e pega o processo no estado em que ele se
encontra, somente podendo produzir provas se ingressou no momento oportuno (349,
CPC). Não pode retroagir aos atos que foram anteriormente praticados.

-Apesar do silêncio da lei, se o autor desejar alterar os elementos da demanda, deverá


mandar citar o réu novamente.

-Havendo revelia a contestação será desentranhada, salvo se houver preliminar ou


matérias do art. 342, CPC.

-FASE ORDINATÓRIA

-347 a 357, CPC

-O processo tem a fase Postulatória, a fase Ordinatória, fase Instrutória e a fase Decisória.

-A fase postulatória as partes apresentam suas argumentações.

-A fase instrutória é a fase que se apresentam as provas.

-A fase decisória é a fase da sentença.

-Sempre existiram em qualquer processo as fases postulatória e decisória.

-A fase ordinatória é uma fase em que o juiz coloca ordem no processo. É uma fase de
organização do processo.

-Etapas

-I – Regularidade formal do processo – Juiz verifica se existem vícios (317, CPC) falta de
litisconsórcio ou terceiro, se há revelia.

-II – Juiz abre vista para réplica, que é a manifestação do autor sobre a contestação.
Contudo, só haverá réplica se houver preliminares (351. CPC) ou quando houver fatos
impeditivos, extintivos ou modificativos (350, CPC).

-Julgamento conforme o estado do processo – Pode passar por 3 etapas:

-Extinção do feito (485 ou 487, II e III, CPC), como prescrição e decadência,


autocomposição.

-Julgamento antecipado do mérito (355, CPC). Ocorre em 2 situações: quando não houver
outras provas a serem produzidas ou nos casos de revelia. Alguns dizem que esta
expressão é errada porque nestes casos, nada mais há para se fazer no processo, então
nada está sendo antecipado.
-julgamento antecipado parcial do mérito (356, CPC). Se aplica em 3 casos: quando não
houver outras provas a serem produzidas (parte da causa não tem prova a ser produzida);
nos casos de revelia quando um dos pedidos ou parcela deles se mostrar incontroverso
(revelia apenas de parte da causa). Ex: Autor propõe ação cobrando A, B e C. Réu ao se
defender se defende de A e de B, sendo revel em relação ao item C, que poderá ser julgado
antecipadamente. Também é o caso onde o autor cobra A, B e C, e o réu se defende de
todos, e o juiz aponta que A e B precisam de prova, mas C não, então julgará C
antecipadamente.

-Saneamento do Feito

-357, CPC

-Não sendo caso de extinção do feito, o saneamento tem por objetivo regularizar e
preparar o processo para a faze instrutória.

-As atividades do magistrado serão:

-i – Fixação dos pontos controvertidos

-II – Ônus da prova.

-III – Meios de prova.

-IV – Designação de audiência de instrução e julgamento.

-Formas de Saneamento

-I – Judicial. É o mais comum. O juiz levanta todos os pontos e dá o chamado “despacho


saneador”, onde as partes são intimadas para prestar esclarecimentos em 5 dias.

-II – Convencional. É a mais incomum. Autor e réu fazem negócio jurídico processual e
fazem uma petição conjunta, pedindo para o juiz homologar.

-III – Compartilhado. Geralmente acontece nos casos de complexidade, mas nada impede
que em decorrência do princípio da cooperação o magistrado designe esta modalidade. O
juiz designa audiência trazendo as partes, e o juiz com as partes vão verificar os pontos
controvertidos

-Se houver testemunha, o juiz fixará um prazo de 15 dias para apresentação do rol de
testemunhas. São 10 testemunhas, 3 para cada fato e o juiz poderá limitar. No caso de
Saneamento compartilhado,

-Havendo perícia, seguirá a regra do 465, CPC.


AULA 4 – MÓDULO II – EDILSON VITORELLI

-357 A 484, CPC. Boa parte das questões de 1ª fase desse assunto estão nestes artigos. Ver
também 373 e 374, CPC.

-SANEAMENTO

-I – O juiz resolverá as questões processuais pendentes se houver.

-II – O juiz delimita as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória. O
juiz deve dar uma decisão estabelecendo quais sãos os fatos necessários e úteis para
serem provados no processo. Concentra-se em questões necessárias e úteis a resolução
do processo. São questões controversas e relevantes para a decisão. Se uma questão for
considerada incontroversa não haverá atividade probatória sobre ela. O mesmo ocorre
com questões inúteis ao processo.

-As questões que admitem prova são as questões de fato, salvo raras exceções.

-Não se produz prova na audiência se produz argumentos. O que se discute são fatos.

-O juiz ainda deve definir os meios de prova admitidos para provar os fatos.

-III – O juiz vai distribuir o ônus da prova, observado o art. 373, CPC. Distribuir o ônus da
prova é definir quem deve provar o que sob pena de derrota.

-Se juiz determinar produção de prova, fixará prazo de 15 dias para apresentação de rol
de testemunhas.

-Juiz deve delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito. Apesar do
pricípio iura novit curia (o juiz deve conhecer a lei), deverá dizer as questões de direito
relevante para a sua decisão.

-realizado o saneamento as partes podem pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes no


prazo de 5 dias. Não tem natureza recursal, é um pedido de esclarecimento apenas.

-As partes por si só podem fazer o saneamento, chamado de saneamento consensual, que
é um negócio jurídico processual.

-Saneamento conjunto é a designação de uma audiência para que o saneamento seja feito
com as partes e o juiz conjuntamente. É recomendável nas causas complexas, tornando
claro para todos os limites da controvérsia. -Se houver audiência de saneamento, o rol tem
que ser apresentado na própria audiência.

-Se o saneamento for em decisão escrita, o rol de testemunhas será apresentado em 15


dias, se o saneamento for em audiência, o rol será apresentado em audiência.
-Regras sobre prova

-357, § 6º - Regula o número de testemunhas, que não pode ser superior a 10 no total,
sendo 3 para cada fato. No entanto, o juiz poderá estabelecer outros limites. A doutrina
entender a limitação como firmar novo limite, para mais ou para menos. A literalidade do
texto da a entender que o juiz poderia reduzir o número de testemunhas.

-357, § 9º, CPC - Tempo para as pautas de audiência que deve ser de no mínimo de 1 hora.

-357, § 8º, CPC - Calendário processual para realização da prova processual. Calendário
processual é o Pré-estabelecendo de datas para os eventos processuais. Ele dispensa
intimações.

-O CPC não permite como regra o agravo de instrumento da decisão de saneamento,


devendo recorrer na apelação. Se houve modificação do ônus da prova, caberá agravo de
instrumento contra.

-Preclusão pró judicato – Preclusão para o juiz, discussão se o próprio juiz poderá
modificar sua decisão de saneamento ao longo da fase. Há autores que dizem que sim e
outros que dizem que não.

-Enunciado 29, CJF – Enunciado não vinculante, é uma proposta acadêmica, dizendo que
não existe preclusão pró judicato, podendo o juiz modificar sua decisão de saneamento ao
longo da fase de produção de provas.

-Saneamento é um ato híbrido que tem um pouco de cognição e um pouco de prova.

-FASE PROBATÓRIA

-Serve para produzir no juiz a convicção sobre a verdade dos fatos controvertidos no
processo. O juiz forma sua convicção da verdade através dos elementos de prova.

-Supondo que o direito é um dado, e sabendo que os fatos aconteceram dessa ou daquela
maneira, ter-se-ia a certeza de que a decisão não é fruto do arbítrio judicial mas da
manifestação soberana do legislador ligada a um dado objetivo, que é a realidade.

-A decisão não é um arbítrio do juiz produzida apenas da decisão de sua mente, é uma
análise de fatos que as partes tiveram oportunidade de comprovar. O papel criativo do
juiz é analítico.

-369, CPC.

-Verdade real, de acordo com Marinoni entende-se que “de todas as idéias que se pode ter
a respeito das relações entre prova e “verdade” essa é de longe a mais iprestável. Nenhum
processo existe para encontrar verdade material, absoluta esse conceito não existe, pois
o processo tem regras que tornam inadmissíveis certos meios de prova resguardando
outros interesses. Logo a descoberta da verdade não é ilimitada, então nenhum processo
trabalha com a verdade real.

-O juiz sempre está buscando uma convicção de verdade, como se a verdade fosse um farol
que ilumina o trabalho do juiz.

-Conceito de Prova – Provas são todos os elementos com base nos quais se pode definir a
existência ou inexistência dos pressupostos fáticos, para a incidência de uma norma
jurídica.

-O objeto da prova são fatos necessários e úteis e controversos aplicáveis como base da
decisão judicial.

-Exceções – 376, CPC. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário, tem que provar o teor e a vigência se o juiz determinar. Em caso de
direito estrangeiro isso é bastante frequente, pois se baseia na vigência da norma jurídica,
que convém também saber como a norma é interpretada no direito estrangeiro, e não com
a interpretação do magistrado. Deve-se provar o direito e não a lei, prova-se a norma
jurídica.

-Existem fatos que não dependem de provas. (364, CPC)

-i – Fatos notórios. – Conhecidos por todos em determinado ramo de atuação, ou ramo da


ciência. Não há necessidade de notoriedade absoluta, apenas em determinado segmento.
Ex: Métodos contraceptivos não são 100% eficazes. Funerais custam dinheiro e não se
exigem para fins de indenização a comprovação dos gastos desde que limitado ao mínimo.

-II – Afirmador por uma parte e confessados pela parte contrária – A doutrina diz que a
confissão que é a prova, e não que independe de prova. Isso é verdade, pois se a confissão
for anulada, o fato terá que ser provado.

-III – Fatos incontroversos – É aquele que não foi controvertido e a lei diz que se não
controvertido, é verdade. Ex: Direitos indisponíveis não acarretam incontroversia quando
houver revelia.

-Obs: efeitos da revelia são diferentes de revelia. Efeitos da revelia podem ou não ocorrer
quando existe revelia.

-IV – Em cujo favor milita presunção de existência ou veracidade – Versa sobre presunção
absoluta, iuris et de Iuri. Ex: Juiz impedido é considerado parcial.

-Obs: A presunção sabe-se absoluta ou relativa pelo contesto, as vezes diz expressamente,
e em outras depende do contesto do que a lei permite a parte contrária prejudicada faça
prova contra a presunção.
-Compatibilizar os arts. 378 e 379. Existe uma aparente antinomia entre os dois
dispositivos. A discussão é se produzir provas seria um ônus ou também um dever. Ambas
as partes desenvolvem provas com ímpeto egoísta, para si mesmas, o problema surge
quando uma das partes tem uma prova que não lhe interessa, mas interessa a parte
contrária. Classicamente a doutrina brasileira entendia que não havia obrigação de
apresentar essa prova, somente existindo ônus probatório e não deveres, inexistindo
imposição de provar coisas ruins para si mesmo. No entanto, o processo atualmente é
regido pela cooperação, que é contraposto a essa ideia, e a doutrina discute amplamente
o que é dever de prova e o que é ônus de prova.

-Obs: STJ sumulou que a pessoa não é obrigada a se submeter ao exame de DNA, e se ela
não se submeter, presume-se a paternidade da criança. O problema é que essa súmula
coloca o valor menor (obrigar o réu a conceder DNA, uma violação menor da dignidade)
acima de um valor maior (dignidade de um pai presumido, nega-se ao autor a certeza da
origem biológica, uma violação maior da dignidade).

-Obs: Súmula 372 STJ, Não cabia multa cominatória para entrega de documento ou para
exibição de documento na ação cautelar. O réu não era obrigado a colaborar na
apresentação do documento. Percebeu-se ser inviável, pois sem o documento não há o
que presumir sem o documento. Enunciado 31 do CJF diz que quando não houver reflexos
penais, a regra que permanece é a do art. 378, CPC, ninguém, nem mesmo as partes, estão
desincumbidos de colaborar com o poder judiciário no descobrimento da verdade.

-Obs: O mesmo dever de cooperação incumbe ao terceiro (380, CPC). No caso o terceiro é
quem não participa do processo.

-Exibição de documentos – Desde que não hajam excessos, com fundamentos mínimos,
poderá a parte contrária pedir todos os documentos relevantes. (396 a 398, CPC). Caso
requerido afirme não existir o documento, o requerente deverá provar a sua existência.
Ex: Caso do Whatsapp onde não pôde prestar os documentos por serem criptografados,
em uma demanda civil, a parte contrária teria que provar que isso é mentira. No entanto,
ainda poderá ocorrer a inversão do ônus da prova.

-Obs: Não existindo escusa legal prevista no art 404, deverá apresentar o documento. Esse
não é um rol exaustivo (404, V, CPC).

-O CPC adotou como princípio geral o da colaboração, existe um dever geral de cooperação
entre todos os sujeitos cooperarem na resolução do processo. Em virtude desse princípio
o art. 378, CPC, nos diz que ninguém se escusa de colaborar com a jurisdição para a
descoberta da verdade. O 379, CPC já diz que as partes se escusam de colaborar quando a
ação puder levar-lhe a autoincriminação. Especificamente sobre documentos o CPC diz
que as partes não são obrigadas a apresentar documentos que possam violar sua
intimidade ou de sua família ou violar seu sigilo profissional, além dos que são
autoincriminatórios. Se uma das partes quiser documento da parte contrária, poderá
pedi-lo, dizendo qual o documento e especificar sua pertinência e sua presunção de
existência, e o juiz vai analisar, caso entenda que deve ser apresentado, o juiz vai impor
medida coercitiva para que seja apresentado.

-Mesmo pessoa que não estão participando do processo podem ser obrigadas a exibir
documentos se não tiverem uma escusa legítima apreciada pelo juiz.

-Em princípio o teor da súmula 372, STJ está superada, mesmo que não tenha sido
revogada.

-Classificação dos meios de prova

-Prova direta e prova indireta – Direta é aquela que se refere diretamente ao fato
probando, indireta é aquela que indica o fato probando. Prova direta comprova de modo
direto as alegações, incide diretamente sobre o fato (ex: carteira de motorista prova que
o indivíduo é habilitado a dirigir), prova indireta presume um fato controverso
relacionado a um fato indicativo (indício), a prova indireta é prova de um fato que está
mediada por outro fato (Ex: lista de presença que indica a presença de uma pessoa
assistindo aula, mas a lista apenas indica que alguém atribui presença aquela pessoa.
Extrato bancário prova diretamente que houve depósito, este que prova indiretamente
um fato controverso, corrupção, por receber dinheiro ilegalmente), é indireta, ou
indiciária porque indica outro fato, ainda que aquela prova não incida diretamente sobre
o fato.

-Obs: Não existe hierarquia entre meios de prova, a confiabilidade é dada pela convicção
do juiz a luz do contesto probatório geral do caso. Não é uma questão pré-definida. A
condenação pode ocorre apenas com provas indiretas.

-Prova pessoal é a que decorre da afirmação de uma pessoa (testemunha). Prova real, é a
análise de uma coisa (documento). Não há hierarquia predeterminada.

-Obs: O destinatário da prova é sempre o juiz, mas é importante que as partes também
analisem as provas.

-Análise de provas- Não é uma questão jurídica, é uma questão técnica, de experiência.
Esta é uma das questões mais polêmicas, pois o código não se aprofunda nesse assunto,
deixando ao bom senso do juiz. Ordinariamente o juiz deve tratar como regra o que é regra
e o que é exceção, como exceção. Deve observar o que ordinariamente acontece na
situação, observando as exceções. (Ex: Via de regra quando uma pessoa está com uma
mala cheia de drogas, a experiência comum leva a crer que ele é uma traficante,
excepcionalmente podendo ter sido incriminado, que deverá provar que isso aconteceu).
O juiz não será “teórico da conspiração” na sentença. (375, CPC).

-Deverá o juiz usar postulados lógicos, filosóficos e eventualmente técnicos, ressalvada a


prova pericial. Uma prova não acessível ao cidadão comum, deverá pedir por perícia.

-Ônus da prova
-O primeiro papel do ônus de prova é ser uma regra de comportamento da parte,
esclarecendo a cada uma das partes o que devem provar, sob pena de sofrer
consequências indesejadas. O que não for provado, não será considerado verdadeiro
naquele processo.

-Essas são regras também de julgamento. Cumpre papel dúplice, são regras e
comportamento das partes e orientam o juiz a quem ele deve imputar o ônus que decorre
da impossibilidade de prova de uma alegação. O papel do julgamento de juiz é o mais
importante, pois ao final do processo ele terá que definir quem será o vencedor, e caso
ocorra dúvida, a legislação traça diretrizes a quem ele deve imputar o ônus de não ser
esclarecido o fato.

-Modulo de convencimento – (Marinoni, Arenhart, Mititiero), ou Standards Probatórios. É


a discussão de quão convencido o juiz deve estar, qual o grau de dúvida relevante de uma
alegação, pois a certeza absoluta não existe. Isso vai depender das peculiaridades do
direito material, cada circunstância tem uma peculiaridade específicas sobre as provas.

-Algo fácil de julgar, o juiz deve ter um bom grau de certeza, ou então deverá aplicar os
estandartes probatórios.

-No processos civil, diz-se que o estandarte probatório geral é o da preponderância, o que
é preponderante o juiz deve considerar comprovado. É um estandarte mais flexível.

-No processo penal, prepondera-se o estandarte “além da dúvida razoável” que é mais
rígido, só podendo o juiz condenar se estiver convencido par além de qualquer dúvida
razoável. Dúvida irazoável, se todas as circunstâncias apontam para um lado, isso leva a
condenação.

-Regras – (373, CPC)

-O ônus da prova é do autor quando fato constitui seu direito, e do réu quanto a existência
de fato impeditivo.

-Se houver prova insuficiente de um fato constitutivo o autor é derrotado, se a


insuficiência for de um fato modificativo, impeditivo, ou extintivo, o réu é derrotado.

-Nosso código adotou uma medida estática de distribuição do ônus da prova, onde cada
um prova o que quiser, e o juiz ao final decide.

-Inversão do ônus da prova - Em algumas situações isso é injusto, e por isso existem regras
de inversão do ônus da prova. Em decorrência disso o CDC criou situações onde se prevê
essa inversão do ônus da prova. (6º, VIII, CPC).
-O CDC não aponta hipossuficiência financeira na inversão do ônus da prova, mas
hipossuficiência probatória. No âmbito do direito do consumidor existe uma ampla
possibilidade de inversão do ônus da prova.

-O CPC/2015 ampliou o entendimento do CDC, utilizando fatores mais rigorosos para sua
aplicação (273, CPC). São nos casos de a) impossibilidade, b) excessiva dificuldade, c) a
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, d) a decisão não pode gerar
situação que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente
difícil.

-Juiz deve fazer a inversão por decisão fundamentada.

-Juiz deve dar a chance a parte para se desincumbir do ônus a ele atribuído, na fase de
saneamento e não na sentença (1.015, CPC).

-A inversão deve ser feita com base nas regras do CPC/2015 e não do CDC.

-Agravo de instrumento será o recurso para tanto a decisão que rejeita a inversão do ônus
da prova quanto para a que defere.

-A inversão pode acontecer tanto para o autor quanto para o réu.

-Negócio processual sobre o ônus da prova – (373, § 3º), poderá ser objeto de negócio
jurídico processual, desde que não recaia sobre direito indisponível ou torne
excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Isso geralmente existe em
contrato, durante o processo é improvável que ocorra.

-O juiz também tem o poder/dever de produzir prova, podendo determinar provas


necessárias ao julgamento de mérito, de ofício, quando necessárias ao julgamento justo
da causa. (370, CPC).

-Se o juiz não estiver satisfatoriamente esclarecido, ele tem o poder de mandar produzir
mais provas. Vários doutrinadores impõem condições, para o juiz produzir provas, seria
o “poder complementar ao da parte”, mas essas ideias não foram acatadas pelo CPC.

-Isso se volta a imparcialidade do juiz, pois discute-se que o juiz que produz prova deixa
de ser imparcial, afinal quando existem regra de ônus da prova, quando o juiz faz prova
de fato constitutivo, ele esta beneficiando o autor, pois a prova insuficiente de fato
constitutivo, prejudica o autor, o contrário também ocorreria. Esse entendimento é
minoritário.

-O juiz não pode alienar as partes, devendo permitir que se manifestem sobre a prova a
ser produzida, viabilizar a participação das partes na sua produção, franquear
manifestação das partes após o resultado da prova, tudo isso ainda que a prova tenha sido
produzida de ofício. Essa é a ideia do modelo cooperativo.
-Existem dois modelos, o inquisitorial e o adversarial. O inquisitorial da poderes ao juiz
para direção do processo, enfocando na sua figura, que é o nosso modelo, o modelo
adversarial enfoca o interesse das partes na condução do processo, e o modelo
cooperativo é um meio termo para o qual o Brasil está tentando caminhar.

- 371, CPC. Princípio da comunhão (aquisição processual) da prova – É a ideia de que o


juiz analisa a prova independentemente do sujeito que a tiver promovido.

-369, CPC. Princípio da atipicidade dos meios de prova – as provas passíveis de produção
são todas as que são legais ou moralmente legítimas ainda que não especificadas no
código. Aquilo que não é proibido é permitido, pode-se produzir provas amplamente no
âmbito do processo ainda que não estejam reguladas no CPC.

-369, CPC. Princípio da proibição das provas ilícitas – Todos os meios de prova legais, bem
como os moralmente legítimos ainda que não especificados no CPC/2015.

-Obs: prova ilícita é aquela que contraria normas de direito material ou direitos
fundamentais processuais. Provas que contrariam apenas regras de procedimento
probatório não são provas ilícitas.

-Ponderação da Prova ilícita – Marinoni diz que existe ponderação quando a gravidade do
ilícito não é tão elevada e a importância da prova é significativa.

-Teoria dos frutos da árvore envenenada – É a prova ilícita por derivação. Provas que
derivam de provas ilícitas, são ilícitas também. A discussão são as citações em que a prova
é derivada de outra ilícita mas essa teoria não se aplica, havendo restrições a essa ideia
pelo menos em 4 patamares, são eles:

-I – Conclui-se que a prova seria produzida mesmo na ausência da prova anterior.

-II – Que seria encontrada ainda que a prova ilícita anterior não existisse.

-III – Se avalia qual o valor jurídico protegido pela inadmissão da prova. Deve-se fazer
uma valoração.

-IV – A admissão voluntária do fato pela parte contrária. (STF, MS 34.070). É a situação
derivado de uma prova ilícita mas é admitido pela parte contrária.

-Obs: O que não se aplica no Brasil é a “Descontaminação do Julgado”, que é a ideia de que
o juiz que já tomou contato com uma prova depois considerada ilícita, não pode mais
julgar o caso para evitar que se enviese e confirme a mesma conclusão.

-O juiz analisa por 3 sistema de análise da prova. Primeiro através da regra, e depois por
exceções. A regra é o livre convencimento motivado, não existe hierarquia entre as provas,
via de regra o juiz tem que apreciar provas a partir do contesto probatório dos autos sem
uma predefinição de valor e deve motivar sua decisão com base na prova constantes dos
autos. Os outros dois sistemas que são mais antigos prevalecem apenas em casos
excepcionais, que é o da íntima convicção do juiz, onde juiz decide sem ter que motivar,
no caso do júri. E por fim, é o sistema da prova tarifada, que diz que ao juiz só pode
fundamentar com base em valores que a lei já pré-estabeleceu, é raro (ex: direito
previdenciário, a lei exige início de prova material em atividade agrícola, é a existência de
alguma prova documental, não se prova o tempo de atividade rural sem que tenha alguma
prova documental, não pode ser testemunha, a lei tarifou a prova. Casamento é apenas
provado por casamento. Propriedade imóvel é provada pelo registro público feito em
cartório competente).

-Se aplica em quase todos os casos o livre convencimento motivado e excepcionalmente a


íntima convicção ou a prova tarifada. Logo não existe na maioria dos casos hierarquia
entre as provas.

-Prova Emprestada

-É aquela que foi produzida em um processo, e depois trazida para ser usada em outro
processo. Não e produzida perante o próprio juiz do caso. (372, CPC)

-A corte do STJ disse que a prova emprestada não se restringe a processo que figurem
partes idênticas, sob pena de se reduzi excessivamente sua aplicabilidade, sem
justificativa razoável para tanto (REsp 617.428)

-Interceptação telefônica apenas pode ser usada para investigar crime, mas uma vez
quebrado, o resultado da quebra de sigilo telefônico não se aplica a essa restrição (PET
3683). Essa é a única maneira de trazer uma prova de interceptação telefônica para um
processo civil, como prova emprestada de um processo criminal.

-Prova emprestada do estrangeiro é admitida para processos nacionais.

-Marinoni questiona se existe possibilidade de trazer para ao processo civil licitamente


uma prova ilícita na origem. Marinoni admite ponderação na admissão da prova ilícita
(ilícito pequeno, valor da prova grande). Ele afirma que apesar de não poder ser utilizada
no processo penal, poderia o ser no processo civil, pois a hierarquia de valores é diferente.

-Ex: Marido grava ilegalmente esposa dando lexotan para as filhas dormirem enquanto
encontrava seu amante, e usou essa prova para processo criminal, e o STJ decidiu que
ainda que movido por motivo relevante o marido não poderia gravar a conversa, que teve
que ser tirada do processo. Marinoni pondera se houvesse discussão da guarda, se essa
prova não poderia ser licitamente trazida para o processo civil, dizendo que seria possível,
pois o proveito seria significativo, pois o valor da proteção da dignidade dos menores é
mais importante num caos de guarda do que um ilícito de uma gravação.

-Em princípio o processo civil parte da atipicidade das provas, então todas as provas são
em princípio admitidas.
-Produção antecipada de prova

-É a possibilidade de entrar com uma ação apenas para produzir provas.

-No CPC/1973 a produção antecipada de prova era uma ação de natureza cautelar,
produzindo prova urgente antes do processo começar. O CPC/2015 (381 a 384) rompeu
com o caráter exclusivamente cautelar da produção antecipada de prova.

-Ocorre nas hipóteses de urgência, suscetível de viabilizar acordo, ou para justificar ou


evitar ajuizamento da ação.

-São hipóteses de que se busca produzir provas que podem perecer, saber se é viável
entrar com a ação ou para fazer acordos.

-Encontra-se nessa situação também o arrolamento de bens, para documentar a


existência do bem, e a justificação de prova testemunhal, documentando depoimento
(381, § 1º, CPC).

-Competência – É do juízo onde a prova deve ser produzida ou no domicílio do réu.

-A produção antecipada não previne a competência do juízo para a ação que vier a ser
proposta.

-Competência federal delegada – Justiça Estadual tem competência para produção


antecipada de prova que seria da esfera federal quando no local não tem vara federal (381,
§ 3º, CPC e 109, § 3º, CF).

-É necessário demonstrar a necessidade e sobre quais fatos a prova vai recair.

-Juiz determina de ofício (intervenção iussu iudicies) se houverem interessados, salvo se


não for de caráter contencioso (unilateral) (382, § 1º, CPC).

-No caso o juiz não se manifesta sobre a prova (382, § 2, CPC)

-A produção antecipada de prova serve apenas para a produção de prova, não exige
propositura de ação principal, ou mesmo prazo para tal, e os fatos continuam
considerados como provados (CJF, enunciado 50)
AULA 5 – MÓDULO II – RENATO MONTANS

-COISA JULGADA

-Introdução – O Estado tem que gerar estabilidade para fomentar segurança jurídica e a
justiça, que são prestigiadas pela coisa julgada na medida em que existe uma decisão
firmada pelo poder judiciário, dando resignação de quem perdeu, e a questão se torna
pacificada.

-Diz-se que justiça é aquilo que se sente, então não existe uma justiça objetiva, ela é
sensitiva. O juiz não tem que buscar a justiça, tem que buscar julgar o caso com base nas
provas do processo. O juiz na verdade nunca saberá se agiu ou não com justiça.

-Formas de estabilidade – São situações jurídicas que tornam o ato imutável. Coisa
julgada não é o único instituto que gera estabilização do processo, existindo também:

- Coisa julgada Material -

-Coisa julgada Formal -

-Preclusão -

-Justiça da Decisão (coisa julgada para o assistente simples) -

-Estabilização da Tutela Antecipada -

-Obs: Antônio do Passo Cabral defende a tese de que a tese que a coisa julgada não é o
instrumento mais importante para a instabilidade, sendo apenas um deles. São 5
instrumentos que compõe esse microssistema da estabilidade.

Transito em julgado – Difere de coisa julgada. Todo processo (decisão) transita em


julgado, mas nem todo processo faz coisa julgada. É a passagem de uma decisão recorrível
para irrecorrível decorrente da inércia ou exaurimento das vias recursais. Seria perda do
prazo, ou porque exauriram as vias recursais.

-Obs: Existem processos que transitam em julgado e decisões que transitam em julgado
(256, § 3º, decisões parciais de mérito).

-Obs: Existe uma decisão que não transita em julgado, que é aquela com vício de
inexistência. A gravidade deste vício não transita em julgado, sequer cabendo ação
recisória, afinal ele não existe juridicamente. Cabe aqui a Querela nulitatis insanabilis, ou
a ação declaratória de inexistência. Ex: juiz instaurar processo de ofício, delegado proferir
sentença.

-Há que defenda que a falta de citação é um pressuposto de existência do processo. Não
ocorrendo a citação, então haveria um vício de inexistência.
-Definição

-Ao longo da história, existiram várias correntes sobre a coisa julgada. No Brasil a doutrina
possui 3 grandes correntes, dada a interpretação do CPC/1973 não definia claramente a
coisa julgada, o que não ocorre no CPC/2015. São elas:

-I – Coisa julgada como eficácia da sentença (Ouvidio Batista) – é uma adaptação do que é
pacífico na Alemanha. A sentença produz diversos efeitos, mas apenas o efeito
declaratório é imutável (os demais poderão mudar). Estabelece que a sentença produz
efeitos declaratórios, constitutivos, ou condenatórios, e apenas o declaratório é imutável,
pois o juiz pode declarar que a condenação pode por exemplo, na execução de uma dívida,
ser perdoada.

-II – Coisa julgada como conteúdo da decisão (Barbosa Moreira) – A coisa julgada não é
um efeito, mas recai sobre a própria decisão, já que os efeitos podem mudar. A coisa
julgada é a própria decisão, não são os efeitos que se tornam imutáveis, mas a própria
decisão. É a posição adotada pelo novo CPC/2015

-III – Coisa julgada como qualidade dos efeitos da decisão (Liebman) – A coisa julgada não
é um feito, pois esse já nasce com a decisão. É, portanto, uma qualidade que se agrega aos
efeitos quando se exaurem os recursos. Liebman diferenciou eficácia de imutabilidade,
apontando que existem decisões que produzem efeito mesmo antes da coisa julgada. Ex:
Sentença apelada que já produz efeitos

-CPC definiu coisa julgada material no art. 502. É a autoridade que torna imutável e
indiscutível a decisão de mérito.

-A coisa julgada produz efeito positivo e efeito negativo.

-Efeito Positivo – Aquilo que foi julgado em processo anterior deve ser respeitado pelo
juiz no processo futuro.

-Efeito Negativo – O que foi julgado em processo anterior não pode ser reintroduzido em
novo processo.

Ex: Quando houve processo que determinou paternidade, em processo posterior, onde se
discute alimentos, o pai não pode rediscutir paternidade, pois ofende o efeito negativo da
coisa julgada. Se a paternidade já foi alegada, o juiz é obrigado a aceita-la. Há efeito
positivo pelo fato do juiz ter que respeitar a decisão anterior.

-Classificação

– Coisa julgada formal e material


-Obs: Processualistas mais recentes defendem que não existiria coisa julgada formal,
sendo uma mera preclusão. Esse estudo ainda é novo, não está consagrado nos grandes
manuais, então é improvável que seja matéria de concurso público.

-A grande diferença entre elas é o alcance.

-Formal – Torna imutável apenas o processo em que esta se formou. Em regra, para as
decisões sem mérito (485, CPC).

-Material – Torna imutável não apenas o processo, mas também o próprio direito material
subjacente. Para as decisões de mérito (487, CPC).

-Toda coisa julgada material também é formal, mas esta classificação bipartida hoje
perdeu força.

Sentenças com Definitivas 487, CPC Coisa julgada Não pode


mérito material repropor
Sentenças sem Terminativas 485, CPC Mera preclusão Poderá
mérito repropor
livremente
Sentenças sem Terminativas 485, I, IV, VI, e Coisa julgada Poderá
mérito VII, CPC formal repropor se
corrigir o vício
Sentenças sem Terminativas 485, V e IX, CPC Coisa julgada Não poderá
mérito híbrida repropor

-Coisa julgada material é um indicativo de coisa julgada com mérito, e portanto não podem
repropor.

-Sem mérito são chamadas de terminativas, geram mera preclusão por poder propor
livremente. No entanto o CPC/2015 criou outras situações diferenciadas.

-Em caso de sentença sem mérito, existem algumas hipóteses em que ocorre
indeferimento da petição inicial, falta de pressupostos processuais, falta de condições da
ação e arbitragem. Nesse caso faz coisa julgada formal, mas a ação vai poder ser proposta
novamente se o vício for corrigido (485, I, IV, VI, e VII, CPC).

-Em casos de sentença sem mérito, há hipóteses em que não pode repropor a ação, que
são pela perempção, e por confusão entre autor e réu.

-Coisa julgada total ou parcial

-Premissa – É possível ocorrer coisa julgada parcial a uma parte do litígio (356, CPC).

-Fato incontroverso em processo, faz coisa julgada parcial em relação aquele fato
incontroverso, e o processo prossegue com a discussão dos demais aspectos.
-A coisa julgada parcial poderá ocorrer quando: a) parte do litígio se tornar incontroversa,
pela confissão, reconhecimento ou revelia b) quando parte do litígio não depender de
provas c) quando o juiz exclui um litisconsorte ou exclui um dos pedidos, d) quando o
recurso for parcial.

-Ação Rescisória

-No Brasil existiam 2 correntes, uma corroborada pela doutrina e pela súmula 100, II, TST
que defendia que o prazo da rescisória contava-se do transito em julgado da decisão. A
segunda corrente defendida por parte da doutrina e pela súmula 401, STJ, estabelecia que
o transito em julgado começa a correr da última decisão no processo.

-O Brasil adotou uma corrente híbrida (975, CPC). O direito a rescisão se extingue em 2
anos. Não assumiu a súmula 401, STJ, que fala onde o prazo se inicia, enquanto o prazo do
art. 975, CPC apresenta apenas o prazo quando se extingue.

-A parte já pode desde já ingressar com rescisória do transito em julgado da decisão


parcial. Contudo, o prazo final ser extingue nos dois anos contados da ultima decisão no
processo (975, CPC).

-O prazo fatal da rescisória é depois de 2 anos depois da última decisão. O CPC juntou as
duas teorias. Pode entrar com a rescisória antes e o prazo segue pela súmula 401, STJ para
depois.

-limites da coisa julgada

-Limites subjetivos (506, CPC)

-No CPC/1973 a coisa julgada não atingia a terceiros (472 CPC/1973).

-No CPC/2015 a coisa julgada a atinge somente as partes não prejudicando terceiros. Se
favorecer, a coisa julgada alcança igualmente ao certeiro, se favorecer, a coisa julgada
alcança igualmente ao terceiro. É a c\oisa julgada in utilibus (no que for útil) ou secundum
eventun litis (segundo resultado da lide) (274, CPC).

-A maneira pela qual a coisa julgada reflete em terceiro, vai depender do resultado,
favorecendo faz coisa julgada, prejudicando não. (Ex: cobrança de contrato de locação
contra réu, se for procedente não faz coisa julgada contra terceiro, se for improcedente,
não faz coisa julgada).

-Eficácia Ultra Partes: É a possibilidade da coisa julgada alcançar outras pessoas


independentemente do resultado da causa. Existem 3 situações pertinentes:

-MP agindo como fiscal da ordem jurídica – Quando o MP figura no processo como custus
legis, não poderá arguir nulidades, a menos que possa alegar fato novo ou rescisória.
-Sucessor, inter vivos ou causa mortis – Sucessor é o que entra em nome próprio
discutindo direito próprio.

-Substituído processual, nos casos de legitimação extraordinária – tanto o substituto


como o substituído sofrem os efeitos da coisa julgada. Tanto a parte do plano material
quanto a parte do plano processual vão sofrer os efeitos da coisa julgada.

-Limites subjetivos (503 e 504, CPC)

-Procura-se o objeto, o que dentro de uma decisão faz a coisa julgada.

-Historicamente, uma decisão é classificada de acordo com o art. 489, CPC em 3 grupos:
relatório, que é um resumo do processo, a fundamentação que são os motivos que levam
o juiz a decidir de determinada forma, e o dispositivo, que é a conclusão.

-No sec XX Saviny desenvolveu a teoria dos motivos determinantes, entendendo que não
só o dispositivo faz coisa jugada, como também a fundamentação, que é determinante
para estabelecer o dispositivo. O Brasil historicamente sempre adotou a tese de que a
coisa julgada concerne apenas ao dispositivo.

-O CPC/2015 estabelecer que no sistema Brasileiro, em regra, apenas o dispositivo faz


coisa julgada. Isso vem da ideia de eixo.

-para fins de efeito de coisa julgada, o histórico do processo e a fundamentação da decisão


não tem grande relevância.

-Julgamento total ou parcial do mérito tem força de lei (503, CPC).

-Não fazem coisa julgada os motivos (mesmo que importantes para o dispositivo), e a
verdade dos fatos.

-Contudo, a questão prejudicial (fundamentação) fará coisa julgada desde que recaia nas
situações do art. 503, §§ 1º e 2º, CPC:

-I – Quando o que sem encontra na fundamentação for premissa para o resultado do


mérito, fará coisa julgada. Não pode o juiz fundamentar de uma forma e decidir de outra,
seria uma decisão contraditória.

-II – Quando não há contraditório por ter ocorrido revelia.

-III – Se o juiz tiver competência da matéria e da pessoa para julgar como questão
principal.

-IV – Não se aplica se o processo for de cognição limitada ou tiver restrições probatórias
(Ex: Mandado de Segurança, Execução, JEC, etc) (503, § 2º, CPC).
-Coisa julgada em alguns procedimentos específicos

-Ação de Alimentos

-15, da Lei 5.478/1968

-Decisão de alimentos não transita em julgado.

-Relações jurídicas de trato continuado podem ser objeto de nova decisão quando houver
mudança de fato ou de direito (505, I, CPC).

-A ação de alimentos faz coisa julgada com base nos elementos que levaram o magistrado
a decidir contudo, por se tratar de relação jurídica continuativa (505,I, CPC), nada impede
que uma das partes ingresse com ação revisional ou exoneratória desde que altere a
circunstâncias da decisão. Nesse caso constitui nova causa de pedir, e portanto, nova
demanda (337, § 1º, CPC).

-Execução

-Pode ser por execução de título judicial (cumprimento de sentença) e por execução de
título extrajudicial.

-Judicial – A coisa julgada já ocorreu na fase de conhecimento, logo a execução é um mero


cumprimento da decisão acobertada por essa imutabilidade,

-Extrajudicial – Se a finalidade da coisa julgada é a segurança jurídica, não há razão para


que não haja essa imutabilidade na execução, até mesmo porque trata-se de processo com
mais força que uma demanda de conhecimento em decorrência da eficácia abstrata do
título. Dessa forma faz coisa julgada em execução.

-A função da coisa julgada é a segurança jurídica, e a execução tem essa segurança.

-Cautelar

-Existem 3 correntes no Brasil, são elas:

-I – Não faz coisa julgada (Marinoni e Barbosa Moreira). Cognição sumária e não discussão
do mérito. A decisão de cautelar é baseada no funus boni iuris e no periculum in mora, ou
seja, baseada em cognição sumária. Se a decisão é sumária (superficial), o juiz não se
aprofunda na questão, então ela não pode se tornar imutável. A cautelar é um processo
que tem como uma de suas características a acessoriedade (ou referibilidade), não discute
a causa principal, é uma medida de apoio para ajudar o processo principal. É a melhor
posição a ser defendida nos concursos.
-II – Não faz coisa julgada mas há uma outra espécie de “ne bis in idem” (Ouvidio Baptista
e Candido Dinamarco). Não se pode entrar com cautelar novamente com os mesmos fatos.

-III – Faz coisa julgada (Araken de Assis, Fredie Diddier, Eduardo Fonseca da Costa). (309,
CPC + cognição própria). Não se pode falar que a cautelar tem cognição sumária, pois se
contrário fosse ela precisaria ter outra cognição, coisa que ela não tem.
AULA 6 – MÓDULO II – EDILSON VITORELLI

-PROVAS

-As provas seguem o princípio da atipicidade, sendo permitidas quaisquer que não sejam
ilícitas ou imorais.

-O CPC apresenta apenas um rol exemplificativo, e não exaure os tipos de prova que
podem ser usadas pera convencer o juiz das proposições seja na inicial ou na defesa.

-Depoimento pessoal

-385 e ss, CPC

-Depoimento pessoal é a inquirição da parte contrária em juízo com o objetivo de obter


confissão.

-Esse é um ato da parte e não do advogado. Ao longo de todo o processo quem fala é o
advogado, o depoimento pessoal é uma exceção.

-Características

-Só pode ser requerido pela parte contrária que formula as questões.

-O juiz também pode questionar e determinar de ofício sua realização.

-Salvo exceção legal (388, CPC), o silêncio, recusa ou não comparecimento implica
confissão. A lógica é diferente do processo penal onde existe garantia do silêncio.

-Obs: é diferente do interrogatório livre (139, VIII, CPC). É a possibilidade de chamar as


partes apenas para prestar esclarecimento, não há pena de confissão. É uma providência
atípica do CPC/1973, que foi regulamentada no CPC/2015. É apenas uma conversa com a
parte, é meio de prova mas não implica confissão.

-Confissão

-389 e ss, CPC

-Conceito – É a admissão de fato contrário aos próprios interesses, de modo espontâneo


ou provocado, em juízo ou fora dele.

-Provocada só acontece em juízo, no depoimento pessoal.

-Espontânea pode acontecer em juízo ou fora dele, devendo ser de alguma forma ser
registrado, que dependerá do que está sendo confessado (Ex: sobre imóvel, deverá ser por
escritura pública).
-Ela é incabível para direitos indisponíveis.

-É possível confissão por representante legal nos limites de seus poderes.

-A confissão é irrevogável e irretratável, mas pode ser anulada por coação ou erro de fato.
O dolo e a malícia, desde que nos limites legais, não anulam a confissão.

-Uma vez aceita a confissão, dispensam-se outras provas (374, CPC).

-De acordo com a jurisprudência do STJ, a confissão não é uma presunção absoluta de
veracidade deve ser analisada de acordo com outras provas nos autos. No entanto, pelo
princípio da cooperação, deverá o juiz expressamente dizer se está ou não considerando
a confissão, e se não estiver, antes de sentença precisa dar a oportunidade de produção
de outras provas para corroborar a confissão.

-Confissão Complexa – Contem em si também um fundamento de defesa ou de


reconvenção. Por exceção permite que a parte contrária aproveite apenas a confissão sem
aceitar o fundamento de defesa/reconvenção. Fora isso a confissão é indivisível (395,
CPC). A parte não precisa aceitar o argumento da reconvenção para aproveitar a confissão
apresentada na ação, do contrário, a tese que acompanhar a confissão é indivisível.

-Prova documental

-É um objeto que comprova diretamente um fato.

-Objeto é um escrito, imagem, áudio, placa, registro de computador, sempre que houver
alguma coisa para provar diretamente um fato

-É um registro que incide diretamente sobre um fato probando, que é diferente de prova
documentada,

-Prova documentada é uma espécie de prova indireta, onde se tem um registro que incide
sobre um fato não controverso que por sua vez incide sobre o fato probando. Ex: Gravação
da audiência tem como fato não controverso a prestação de depoimento pela testemunha,
e o fato probando é o conteúdo do depoimento. Se o fato probando é o comparecimento
da pessoa a justiça, a gravação é uma prova documental.

-Documento Público

-É aquele que foi produzido por um servidor público no exercício da função.

-É diferente de documento particular, que são todos os demais.

-O documento público tem presunção de veracidade de sua formação e dos fatos que a
autoridade declara terem ocorrido em sua presença.
-O documento público inverte o ônus da falsidade, mas inexiste hierarquia entre
documentos públicos e particulares.

-Ata notarial (384, CPC) – É a descrição de um fato pelo tabelião a pedido da parte. Tem
um poder de convencimento maior do juiz.

-Cópias de documentos são válidas no processo civil, podendo sua autenticidade ser
questionada. A priori qualquer documento é admissível em cópia, e hoje via de regra, pelo
processo ser eletrônico, é por cópia escaneada. Os títulos de crédito são exceção pelo
principio da cartularidade.

-Produção da prova – via de regra ocorre na incial/contestação. Após somente poderão


documentos novos, os que surgiram depois, ou que a parte não teve acesso no momento
certo, por justa razão.

-Obs: Toda vez que uma parte junta documento, a parte contrária tem 15 dias para se
manifestar, sobretudo impugnar o seu conteúdo/autenticidade, o que é feito nos próprios
autos, não existindo mais a necessidade de fazer um incidente de falsidade documental
como era no CPC/1973.

Obs: A declaração de falsidade pode ser suscitada como questão principal (433, CPC) para
ser abarcada pela coisa julgada, sendo válida para outros casos.

-Prova Testemunhal

-Conceito – é a oitiva de pessoas que não são partes no processo, as quais prestarão ao
juízo esclarecimentos sobre os fatos controvertidos.

-Em princípio poderá ser testemunha qualquer pessoa capaz (maior de 16 anos, incluindo
os relativamente incapazes), não impedida ou suspeita.

-Obs: Incapazes/impedidos/suspeitos podem ser ouvidos pelo juiz como informantes, ou


seja, sem compromisso de veracidade. Em abstrato isso não constitui uma hierarquia, mas
na prática uma testemunha numerária tem mais cuidado com o que está falando pois pode
ser penalizada. No entanto, as testemunhas ainda serão ouvidas e interpretadas no
contesto geral do que foi apresentado nos autos.

-Em princípio quaisquer fatos podem ser provados com testemunhas, salvo quando a lei
exige outro tipo e prova. Ex: Casamento não se prova com testemunha, apenas pela
certidão de casamento.

-O conteúdo do depoimento abrange fatos que ouvir dizer e também a valoração dos fatos.
-No Brasil é admissível que a testemunha preste depoimento de coisas que ela não sabe
diretamente, sobre coisas que ela ouviu dizer de outra pessoa, chamado de “hear say” nos
EUA, onde não se admite esse tipo de depoimento.

-No processo penal não se admite depoimento fazendo juízo de valor sobre os fatos os
depõe, o que não é repetido no CPC/2015, pois é difícil separa o que é fato e o que é
impressão.

-Produção da prova – As perguntas são feitas diretamente à testemunha (não havendo


mais sistema presidencial de produção da prova), primeiro pelo juiz, segundo pelo
advogado da parte que arrolou a testemunha, e terceiro pelo advogado da parte contrária.

-As testemunhas devem constar do rol previamente apresentado, e via de regra cabe ao
advogado intimar a testemunha para comparecer.

-Obs: Testemunha que não comparece quando intimada pela justiça ou pelo advogado,
está sujeita a multa combinada com condução coercitiva.

Obs: O crime de falso testemunha inclui também o “calar a verdade” sobre aquilo que tem
conhecimento.

-Prova Pericial

-Conceito – É a análise de um fato, pessoa ou objeto por um agente com conhecimento


técnico indicado pelo juiz, ou seja, imparcial.

-É a situação que se necessita construção de algum tipo de prova científica, que envolva
um conhecimento que não é ordinário, que a maioria das pessoas não tem. Por essa razão
essa pessoa se chama “perito”, que entende tecnicamente de alguma coisa.

-O perito apresenta um laudo pericial, que é uma documentação (prova documentada)


dos exames feitos pelo perito com uma conclusão.

-O perito é remunerado pelas partes, embora seja indicado pelas partes. Quem pede a
perícia adianta as custas, quem perde o processo paga, reembolsa o valor perndente.

-Substituição por prova técnica simplificada (464, CPC) – A prova pericial é cheia de ritos,
e por isso gera muito atraso no processo. Por conta disso permitiu-se que ela seja
substituída pela simples oitiva do perito em audiência. Isso barateia a prova e serve bem
para quando a questão é mais simples.

-Avaliação Técnica Extrajudicial (472, CPC) – se as próprias partes já juntaram


documentos técnicos suficientes é possível que o juiz substituía a perícia por estes
documentos.
-A escolha do perito pode recair sobre qualquer pessoa com conhecimento suficiente. O
CPC determina a existência de cadastro para garantir transparência.

-Obs: Admite-se a escolha do perito pelas partes em consenso (471, CPC).

-Quando a prova pericial é determinada de ofício, o adiantamento das custas é dividido


entre as partes. (95, CPC).

-Assim como o perito é imparcial, e assim designado, as partes podem nomear assistentes
técnicos (parciais), para acompanhar a perícia.

-Ao final o perito produz um laudo no qual relata suas atividades, responde aos quesitos
das partes e do juiz, e expõe sua conclusão.

-Obs: O juiz não está vinculado a opinião do perito e não existe hierarquia que coloca a
prova pericial num patamar maior, inclusive, se houver dúvida fundada, o juiz pode
determinar segunda perícia.

-Inspeção Judicial

-Conceito – É o comparecimento pessoal do juiz a um local externo ao fórum para


inspecionar pessoas, coisas, ou esclarecer fatos (481 e ss, CPC).

-A principal regra é que ela não pode ser feita sem o conhecimento das partes, e a
oportunidade de que elas o acompanhem. As partes devem ser notificadas.

-Geralmente é feito quando a coisa não é facilmente mudada pelas partes.

-Juiz deverá lavrar um laudo de inspeção judicial que descreva o que viu e as conclusões
que ele chegou, não podendo ser simplesmente que “viu e achou alguma coisa”.

-SENTENÇA

-Tipos de decisão do juiz (203, CPC) – Sentença, decisões interlocutórias e despachos.

-Para se saber se é uma sentença a decisão deve-se perguntar, que se não houver recurso,
irá para o arquivo, se a resposta é sim, então é uma sentença. A sentença tem o papel de
encerrar ou a fase ou o processo, não havendo recurso a sentença é terminativa do
processo. (203, § 1º, 485 e 487, CPC).

-Decisão interlocutória é tudo o que não é sentença, o que não se enquadram no art. 203,§
1º, CPC.

-Despacho – É tudo o que não é decisão, são todos os demais pronunciamentos. Para ser
decisão interlocutória tem que ter natureza decisória.
-Atos meramente ordinatório – É o ato praticado de ofício pelo servidor e revisto pelo juiz.
É aquele muito simples para ser despacho, e não tem conteúdo decisório (juntada, vista
obrigatória, etc).

-Sentenças antes da fase probatória

-Julgamento conforme o estado do processo (353 e 354, CPC) – Juiz não abre a fase
probatória mas extingue o processo, mas o faz com base em 2 situações.

-Extinção sem julgamento de mérito (485) – São defeitos processuais insanáveis ou que
eram sanáveis mas não o foram no momento adequado, gerando extinção sem o
julgamento e mérito.

-Com Julgamento de mérito por prescrição/decadência/autocomposição (487, CPC) – Não


há análise da controvérsia propriamente dita.

-Obs: Prescrição e decadência são chamados pela doutrina como prejudiciais de mérito,
estão dentro do mérito, porém não dizem respeito propriamente a controvérsia que existe
entre autor e réu, mas sim pelo tempo que o autor levou para agir, dessa forma a extinção
será com julgamento de mérito.

-Será uma sentença se for total, se disser respeito a parcela do processo, então não será
sentença. A extinção tem que ser total, extinção parcial não é sentença.

-Julgamento antecipado do mérito (355, CPC) – Não havendo necessidade de produção


de outras provas ou o réu sendo revel haverá julgamento antecipado do mérito. É a
situação que todas as provas já estão produzidas ou não há necessidade porque há
presunção de veracidade antes de abrir a fase probatória.

-Obs: A terminologia “julgamento antecipado” é imprópria, pois fica parecendo que o juiz
abrevia o processo, mas na verdade ele não o faz porque não existe necessidade de outros
atos. Essa denominação é impropriamente herdada do CPC/1973. O juiz declara que tudo
o que necessitava ser feito já foi feito, restando apenas sentenciar.

-Nesse caso o juiz não pode sentenciar por falta de provas, a menos que a falta de provas
seja documental, já que esse tipo de prova deve ser produzido na inicial e na contestação.

-Obs: É possível que o juiz faça esse julgamento antecipado de maneira parcial, julgando
um fragmento do mérito, mas isso não será sentença, pois não pôs fim a fase cognitiva.
Decisão que decide parte do mérito não pode ser chamada de sentença, mas de
interlocutória de mérito (356, CPC). A parte poderá liquidar ou executar desde logo esse
fragmento do processo. Esse tipo de decisão é impugnável através de agravo de
instrumento

-É uma decisão interlocutória com alma de sentença, pois ela julga mérito, e o agravo
contra essa decisão, tem alma de apelação, pios impugna mérito.
-Agravo não tem efeito suspensivo automático mas apelação tem, o que dá vantagem a
parte. Isso é uma incongruência do CPC, mas é assim que funciona.

-indeferimento da Petição Inicial 321, 330 e 485, CPC– É uma decisão sem julgamento
de mérito antes mesmo do réu se defender. O juiz percebe um problema processual
incorrigível ou passível de correção mas não corrigido tempestivamente.

-Se o defeito for sanável o juiz precisa dar ao autor oportunidade de corrigir o defeito.

-Cabe retratação da decisão que indefere a petição inicial (331, CPC).

-Poderá o indeferimento ser parcial, sendo decisão interlocutória cabendo agravo.

-Se o processo ficar parado por mais de 1 ano por negligência das partes, ou por mais de
30 por negligência do autor.

-Falta de pressupostos processuais poderá indeferir a inicial (485, IV, CPC).

-Perempção, litispendência ou coisa julgada (485, V, CPC) – Litispendência é a pendência


simultânea de duas ações idênticas, e coisa julgada é a pendência de uma ação idêntica já
julgada no mérito. Poderá ocorrer perempção, que é a perda do direito de ação por
reiterado abandono da causa (3 vezes).

-Convenção de arbitragem (485, VII, CPC) – No caso o juiz não poderá conhecer de ofício.
Se árbitro invocar a competência, aplica-se o princípio da competência-competência ao
arbitro, se o arbitro se diz cometente, o juiz tem que extinguir o processo, ainda que o juiz
ache que o árbitro não é competente para o processo, a incompetência apenas poderá ser
apreciada ao final da arbitragem, pois não existe hierarquia prévia entre juiz e arbitro.

-Desistência – se for homologada a desistência, que poderá ser apresentada até a


sentença. Oferecida a contestação depende de concordância do réu. Ocorrendo a sentença
haverá transito em julgado, podendo apenas desistir do recurso, onde a sentença vai
prevalecer. No caso de desistência o autor pagará as custas. É diferente de renúncia que
recai sobre o direito material da parte (decisão com julgamento de mérito), e desistência
será sobre o direito de ação (gera decisão sem julgamento de mérito), o que admite a
repropositura da ação.

-Obs: A repropositura está subordinada primeiro pagando custas e honorários que


eventualmente deva pela primeira ação, e deverá corrigir os vícios que deram causa.

-Improcedência liminar – Antes de citar o réu, com base no art 332, CPC, o juiz pode
julgar improcedente o pedido na inicial. Ocorre com analise do mérito. Poderá ocorrer se
o pedido tiver precedente obrigatório ou se estiver sido alcançado pela prescrição ou pela
decadência.
-Extinção com Análise de Mérito

-587, CPC

-Haverá resolução do mérito quando o juiz acolher ou rejeitá-lo na sentença.

-haverá também quando houver prescrição e decadência, que são chamadas de


prejudiciais de mérito

-Obs: Fora o caso de improcedência liminar, o juiz deverá prevenir as partes (princípio da
cooperação) para que se manifestem pela possível ocorrência de prescrição ou
decadência.

-Homologação de autocomposição (487, CPC) – As partes de fato julgaram o mérito e o


juiz apenas homologou, podendo ocorrer reconhecimento, renúncia ou transação.
Renúncia e reconhecimento são unilaterais, enquanto transação será bilateral, é uma
negociação.

-Obs: Renúncia é diferente de desistência, renúncia tem haver com direito material,
desistência tem haver com direito de ação.

-Improcedência Liminar (332, CPC).

-Princípio da Congruência – É um reflexo do principio da demanda, em regra a sentença


deve-se ater a demanda proposta pelas partes. Só se julga o que as partes pediram. Violado
esse princípio, poderá a sentença ser ultra, extra ou citra petita. A sentença tem que ser
congruente com aquilo que foi pedido.

-Obs: Existem princípio implícitos como prestações vincendas, honorários, custas, estão
abrangidos pelo pedido ainda que não tenham sido efetivamente escritos na petição
inicial. Dessa forma não violam o princípio da congruência.

-Interpretação da Sentença (489, CPC) – A interpretação dos atos processuais não é nem
extensiva e nem restritiva, é global, sistemática e de boa fé, tanto a postulação quanto a
defesa, quanto a sentença.

-Elementos da Sentença (489, CPC) – São Relatório, fundamentos e dispositivo.

-Relatório é a narrativa do que aconteceu no processo.

-Fundamento – É a análise das questões. É um ato analítico.

-Dispositivo – É a resolução das questões. É um ato de autoridade.


-Obs: A fundamentação tem trato especial no CPC/2015. Não pode usar elementos
indeterminados, não pode indicar meramente o dispositivo legal, não pode usar
ponderação inadequada de princípios,

Obs: Novos arts 20 e 21 LINDB está em vacacio legis e fala que o juiz quando decide não
pode se ater a valores abstratos, e ao fazê-lo deve levar em consideração as consequências
práticas da decisão, evitando que sejam anormais ou excessivas. Isso busca que impeça
analisar aspectos teóricos de direitos fundamentais. O princípio da congruência continua
vigente, então é ônus das partes trazer para discussão as consequências práticas, não
podendo ser algo exorbitante. Depende de provocação das próprias partes.

-Teoria dos Capítulos de Sentença – É fundamental para o alcance dos recursos. A


sentença não é toda uma coisa só. Cada pedido que o autor faz, é um capítulo desta
sentença, e eles interferem no efeito dos recursos.

-Obs: Cada pedido do autor da origem a um capítulo da sentença no final do processo


(1.013, CPC), e se não for especificamente recorrido transita em julgado ainda que outros
capítulos foram recorridos.

-Classificação de acordo com a Eficácia da Sentença – toda sentença tem uma eficácia,
que é a declaratória. Contudo, existem sentenças que são de procedências, e essas também
têm outras eficácias classificadas por Pontes de Miranda.

-I – Declaratória – Toda sentença tem eficácia declaratória. É o acertamento da incerteza


jurídica.

-Obs: Em uma ação que pretende apenas declarar o direito, essa é a única eficácia, e a
sentença e chamada “meramente declaratória”.

-II – Constitutiva – Além de resolver a incerteza jurídica, cria, extingue ou modifica


relações jurídicas compulsoriamente.

-III – Condenatória – É aquela que além de resolver a incerteza jurídica impõe obrigação
de pagar (dinheiro), fazer/não fazer ou de entregar coisa (não é dinheiro).

-Obs: Sentença declaratória e constitutiva atuam apenas no mundo do direito, elas


alteram a realidade jurídica mas não a realidade fática. Sentença condenatória altera as
duas coisas.

Obs: Sentenças declaratórias e constitutivas via de regra são chamadas de


autossuficientes, não necessitando de uma execução, pois somente afetam o mundo do
direito.

Obs: Essa é a classificação trinaria da sentença, no entanto, adotada por Humberto


Teodoro Júnior, Fredie Diddier júnior, no entanto Pontes de Miranda apresenta 5
(classificação quinaria) eficácias da sentença, dividindo a condenatória em mais 2
espécies.

-I – Mandamental – É a sentença de fazer ou não fazer.

-II – Executiva lato sensu – Entregar coisa.

-Obs: Na prática não faz diferença, pois o CPC já está regulado com base nestas espécies.

-As medidas coercitivas peculiares

139, V, CPC
AULA 7 – MÓDULO II – FREDIE DIDIER

-CONDIÇÕES DA AÇÃO NO CPC/2015

-Condições da ação são obra do pensamento de Liebman.

-Liebman dizia que a ação deveria observar algumas condições, que para ele se
caracterizavam por ser questões anteriores ao mérito, e não preenchendo as
características, o processo seria extinto por carência de ação (termo importante na teoria
de Liebman), que difere da improcedência da ação. A carência da ação levava a extinção
do processo sem o exame do mérito, e essa decisão não fazia coisa julgada.

-Na primeira versão do pensamento de Liebman as condições da ação eram 3:


Legitimidade ad causan, interesse de agir, e a possibilidade jurídica do pedido.
Posteriormente, na 3ª edição do manual de Liebman a possibilidade jurídica do pedido
começou a fazer parte do interesse de agir.

-O CPC/1973 acolheu esse pensamento em seu art. 3º, falando em interesse e


legitimidade. No art. 267, VI, expressamente mencionava as condições da ação, adotando
a primeira versão do pensamento de Liebman, apontando 3 condições da ação. No art. 301
na defesa do réu dizia sobre Carência de ação.

-Após o CPC/1973, houveram críticas que se somente haviam 2 questões, não havia
porque criar uma 3 categoria para designar que já é designado pelos pressupostos
processuais. Também falava-se que o que Liebman apontava como condição da ação
quase sempre era uma questão de mérito, o que trazia confusão com carência de ação e
improcedência da ação.

-O CPC/2015 não menciona mais condição da ação, carência de ação, possibilidade


jurídica do pedido.

-Interesse e legitimidade ainda estão presentes no art. 17, CPC, mas fala em postular em
juízo e não a propor a ação. 485, VI, CPC não fala de condição da ação, fala em legitimidade
ou interesse processual. O art. 337, XI fala de ausência de legitimidade e interesse
processual sem falar em carência de ação.

-Diante disso, Fredie Didier defender que as Condições da Ação foram extintas. Ainda é
importante estudar sobre legitimidade e interesse de agir, mas não mais sobre o rótulo de
Condições da Ação.

-LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO

-Definição – O litisconsórcio é necessário quando a sua formação for obrigatória, não


existe opção aos demandantes na sua formação.

-O litisconsórcio será necessário quando for unitário, ou por força de lei (114 e 116, CPC).
-Por força de lei, litisconsórcio por força de lei tende a ser simples e não unitário.

-Nem todo litisconsórcio necessário é unitário, pois existe o litisconsórcio simples, que é
o por força de lei previsto no art. 114, CPC.

-Nem todo litisconsórcio unitário é necessário. Ex: Litisconsórcio unitário ativo (vários
legitimados no polo ativo) tende a ser facultativo, podendo ocorrer necessário, mas é raro,
como no caso de dois ou mais acionistas empresa quando for entrar com ação de
responsabilidade contra o administrador.

-Litisconsórcio Necessário por força de negócio jurídico processual – Não está no


114, CPC mas pode decorrer do art. 190, CPC. Ou seja, poderá existir litisconsórcio
necessário por convenção. Poderá normalmente ser necessário e ativo.

-Natureza da decisão proferida sem a citação de litisconsorte necessário (115, CPC) – Se


o litisconsorte for unitário, a sentença é nula, se for simples, a sentença é valida para quele
que foi citado e ineficaz para aquele que não foi citado.

-Obs: Se o caso é de litisconsórcio necessário, cabe ao juiz, até mesmo de ofício determinar
a correção e integração do litisconsorte no processo (115, § único).

-NETÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS

-O processo é a um só tempo um conjunto de atos, assim como é um feixe de situações


jurídicas (direitos, deveres, ônus, competências, capacidades, etc).

-Os diversos atos processuais vão se encadeando gerando uma série de direitos, deveres
e ônus processuais.

-Definição – é todo negócio jurídico que serve ou para alterar os atos do processo ou para
redefinir as situações jurídicas processuais. Todo negócio jurídico que serve para ou
reconfigurar a sequência dos atos ou sua própria forma, ou para redefinir as relações
jurídicas processuais, é um negócio processual. Resumindo é todo o negócio que afeta o
processo.

-Ex: Foro de eleição é um negócio processual que tem por objeto uma definição de
competência. Suspensão condicional do processo.

-Isso sempre ocorreu, o que marca o CPC/2015, é que ele ampliou consideravelmente a
negociação sobre o processo, o que transformou radicalmente o CPC.

-O negócio processual poderá ser celebrado antes do processo ou durante ele.


-Há negócios processuais que somente podem produzir efeitos uma vez homologados
pelo juiz, outros produzem efeitos independente de homologação, produzem efeitos
imediatamente. A desistência é um exemplo de negócio jurídico processual (200, CPC).

-O acordo de organização do processo (357, § 2º, CPC) depende de homologação judicial.

-Quando a homologação é condição do próprio negócio, o que pode acontecer por cláusula
pactuada entre as partes, decorre do próprio negócio e não da lei.

-Poderão ainda ser unilaterais e plurilaterais – Unilateral se perfaz com apenas uma
manifestação de vontade, o que acontece com a desistência, renúncia ao prazo, aceitação
da decisão, renunciar ao recurso. Plurilaterais são aqueles celebrados pela conjugação de
mais de uma vontade, que são a maior parte dos negócios processuais, e eles se dividem
em duas grandes espécies, que são;

-I – Convenção ou acordos – Duas ou mais pessoas se juntam para conseguir a mesma


coisa, as vontades confluem para um único objetivo, é o que acontece com o foro de
eleição, suspenção condicional do processo.

-II – Contratos processuais – Cada uma das partes quer uma coisa, e assim existe um
contrato para que cada um obtenha o que deseja, existe uma troca. Ex: Colaboração
premiada, o colaborador que um benefício e o MP quer prova, e ambos se juntam para
conseguir o que desejam.

-Classifica-se também como Típicos e Atípicos. É típico quando previsto expressamente e


regulado pela lei, e o código prevê uma série de Negócios processuais típicos como foro
de eleição, suspensão condicional do processo, calendário processual, adiamento
negociado para a audiência, convenção sobre ônus da prova, etc. Os atípicos são os
celebrados a partir da autonomia da vontade sem previsão expressa do legislador, a
autonomia da vontade modela um negócio processual, que é a principal novidade do
CPC/2015, que prevê expressamente (190, CPC).

-O CPC/2015 não apenas ampliou o rol do CPC/1973, como também fez um sistema
semelhante ao do sistema de contratos privados, concedendo liberdade imensa para as
partes par ajustar o processo de acordo com as suas peculiaridades.

-Negócios Processuais Atípicos

-É possível que se faça um acordo de colaboração premiada, como um acordo atípico no


processo da improbidade administrativa.

-Diante da grande liberdade, a questão é dos limites do negócio processual atípico.

-Diretrizes.
-I – Todo o sistema de invalidades previsto no direito civil se aplica ao negócio processual
(agente capaz, objeto lícito, forma não proibida por lei, vícios de vontade contaminam o
negócio processual). Todo sistema geral de controle da validade dos atos jurídicos se
aplica.

-II – Poderão ser invalidados apenas parcialmente.

-III – Somente partes plenamente capazes podem celebrar negócio jurídico processual.
Essa capacidade é processual. O incapaz processual representado poderá celebrar.

-III – O poder público poderá celebrar negócio processual, como a convenção de


arbitragem.

-IV – Parte em manifesta condição de vulnerabilidade não pode celebrar negócio


processual. Isso não quer dizer que consumidor não pode celebrar, mas se for feita se
aproveitando da vulnerabilidade do consumidor será nula.

-V – Na dúvida pode celebrar convenção processual (in dubio pro libertate).

-VI – Se houver regulamentação típica, não pode tentar criar uma regulamentação atípica.

-VII – É vedada simulação ou fraude (142, CPC).

-VIII – Admite-se em contrato de adesão desde que não seja abusiva.

-ASSISTÊNCIA

-Considerações Gerais – é uma intervenção de terceiro espontânea que se da em qualquer


momento e em qualquer fase do processo, e o terceiro não acrescenta ao processo novo
pedido,

-A assistência amplia subjetivamente o processo acrescentando um novo sujeito, mas não


o amplia objetivamente o processo na medida que não agrega novo pedido.

-Assistência pressupões que o terceiro tenha em relação a causa, interesse jurídico.

-Poderá ocorrer assistência em qualquer um dos polos. Elas se distinguem de acordo com
o grau de interesse jurídico.

-Interesse Jurídico se divide me 2 espécies:

-I – Interesse jurídico forte (direto ou imediato) – remete a assistência litisconsorcial.


Ocorre em uma de duas situações. Quando o terceiro pede para intervir alegando que a
discussão é a respeito de direito seu, o titular do direito discutido sempre pode intervir
para tornar-se assistente. Também ocorre quando o terceiro é um colegitimado de uma
das partes, tem igual legitimidade para discutir em juízo. Recebe o nome de assistência
litisconsorcial porque é o modo de se formar um litisconsórcio ulterior, ou seja, que
acontece durante o processo, e esse litisconsórcio é unitário. Assistência litisconsorcial
nada mais é do que um litisconsórcio unitário superveniente, portanto estão assistente e
assistido em pé de igualdade (18, § único, e 124, CPC).

-II – Interesse Jurídico fraco (indireto ou mediato) – remete a assistência simples. É o caso
quando terceiro afirma ter relações jurídica com uma das partes que não é a discutida,
mas está conexa a ela. O interesse se da por causa de um reflexo que a decisão pode
ocasionar. Embora o assistente simples seja parte, ele não é litisconsorte. Ex: sublocatário
intervindo em ação de despejo. O assistente simples poderá suprir as omissões do
assistido, como contestação, recurso, etc. O assistente simples é subordinado a vontade
do assistido. Quando a omissão é negocial, a vontade do assistente é irrelevante (Ex: Réu
que não alega convenção de arbitragem) (121, CPC).

-Eficácia da intervenção ou justiça da decisão (123, CPC) – é uma espécie de estabilidade


que se submete o assistente simples que não será coisa julgada, mas sim outra coisa. Os
fundamentos da decisão contra o assistindo se tornam indiscutíveis para o assistente. Ex:
Sublocatário. A decisão com transito em julgado contra o assistido vinculam o assistente,
pois a coisa julgada vincula o dispositivo da decisão, a norma concreta. É possível que o
assistente simples peça para afastar a eficácia da intervenção nos casos de que o assistido
perdeu o processo por desleixo ou que o momento em que a intervenção ocorreu não
poderia o assistente interferir na decisão. Estas são situações excepctio male gestis
processos, que são alegações de má gestão processual.

-Interesse institucional – São os casos como a OAB tem interesse no processo contra
advogado atuando em sua função, ou o mesmo para o MP com a atuação de um promotor.
Existe uma discussão a respeito disso, mas o STJ em várias decisões não admite. Talvez
essas situações de interesse institucional possam ser aceitas na qualidade de amicus
curae.

-Negócios Processuais – Celebração de uma convenção processual para se admitir


assistência fora das hipóteses legais. Seria uma assistência negociada. Seria uma
assistência processual mondada em uma convenção processual.

-Assistência simples em sistema de precedentes obrigatórios – Terceiro pedir para


intervir num processo como assistente, afirmando interesse jurídico no precedente.
Ajudar para formar um precedente. Esse tipo de assistência é prevista expressamente na
CLT (896-C, § 8º, CLT). A questão é como conciliar a assistência simples na formação do
antecedente com a do amicus curiae, que ainda não existe resposta.
AULA 8 – MÓDULO II – FREDIE DIDIER

-DINAMICIDADE DAS SITUAÇÕES (POSIÇÕES) PROCESSUAIS

-O processo é essencialmente dinâmico e complexo por 2 razões. Primeiro porque ele é


um conjunto de vários atos e fatos jurídicos que se sucedem e entrelaçam, não existe
processo de um ato só. Segundo, esses diversos atos e fatos fazem com que surjam ao
longo do processo diversas relações entre os sujeitos processuais (juiz, autor, réu,
advogado, perito, testemunhas, etc), sujeitos do processo que participam do processo. O
processo é um feixe de atos e relações entre os diversos sujeitos do processo, e por isso
ele é necessariamente dinâmico.

-O art. 17, CPC fala em “postular” pelo fato de que o processo não se resume a petição
inicial e contestação.

-Nesse prisma, o processo é uma relação complexa, podendo os sujeitos assumirem


diversas posições dentro dele, por exemplo, alegada a suspeição de um juiz, o sujeito que
preside o processo, na alegação de suspeição, passa a ser o réu, podendo contratar
advogado e inclusive recorrer da decisão que admite a suspeição.

-O réu poderá pedir para “migrar” de polo. Ex: Município réu em ação popular migrando
para ser autor. Essa migração é chamada na doutrina de Intervenção Móvel.

-O MP no processo civil pode ser parte e/ou fiscal da ordem jurídica, funções distintas que
podem figurar no mesmo processo, exercendo mais de uma função. Ex: procurador do
município recorrendo de decisão, e o subprocurador agindo como fiscal da lei.

-Poderá ocorrer litisconsórcio do polo passivo e ativo para embargos de declaração contra
decisão do juiz que for omisso na homologação de acordo.

-Reconvenção dentro de uma ação faz com que autor e réu assumam dupla posição, tanto
de demantantes quanto de demandados.

-Denunciação da lide, onde no mesmo processo o denunciado é réu em relação ao


denunciante, só que é litisconsorte contra o autor da ação, ajudando o denunciante a
vencer o autor.

-Autor e réu tem a mesma seguradora, que é denunciada a lide em processo de


albarroamento de carro. Assim sendo, o mesmo sujeito é litisconsorte no polo passivo e
ativo.

-A medida que o processo se desenvolvem novos interesses se impõem, podendo haver


transformações ao longo de todo o processo, exercendo as partes variado repertório de
posições processuais.

-INTERPRETAÇÃO DAS POSTUAÇÕES


-A postulação é uma declaração de vontade. Quem postula declara uma vontade, algo que
quer, pretende, por isso o pedido é uma pretensão. Essa declaração de vontade precisa
ser interpretada, e o réu precisa entender o que o autor quer para poder se defender, e
por isso a inépcia da inicial compromete a compreensão da postulação, pois juiz e réu
devem saber o que o autor quer.

-Existe a necessidade de interpretar a postulação, ela é inevitável.

-A postulação no Brasil deve ser expressa, não se admitindo pedido implícito, que poderia
ser formulado mais não foi, não podendo ser interpretado e muito menos acolhido.
Existem exceções admitindo pedido implícito.

-Condenação nos honorários de sucumbência, correção monetária, juros legais, todos eles
podem ser considerados como implícitos.

-O CPC/1973 no art. 293 dizia que o pedido deveria ser interpretado restritivamente. Essa
regra estava combinada com a do pedido implícito, apenas deixando claro que o pedido
deveria ser certo, não era uma diretriz hermenêutica para interpretar pedidos
expressamente postulados.

-No CPC/2015, no art. 322, §2º, apresenta diretrizes claras que devem ser consideradas
na interpretação do pedido. O pedido se interpreta sistematicamente, de acordo com o
contesto da postulação a luz da argumentação jurídica que foi feita.

-É preciso interpretar o pedido de acordo com o princípio da boa-fé. É preciso que os


interlocutores tenham o que se chama de “princípio da caridade” no âmbito da linguística,
que é partir do pressuposto que a parte contrária esta agindo de maneira racional e
lealdade. Se a argumentação da outra parte permitir duas interpretações, uma delas de
acordo com a racionalidade e a lealdade e a outra não, deve-se optar para o que favorecer
a boa-fé.

-Esses critérios não exaurem a interpretação do pedido. Podemos aplicar a interpretação


do pedido o que diz o art. 112, CPC. É a investigação real da intenção do pedido que é mais
importante do que a literalidade da linguagem. A literalidade da linguagem é um ponto de
partida importante, mas não o único para interpretar o pedido.

-art. 113, CPC – Interpretação dos negócios jurídicos, através de boa –fé, e dos usos e
costumes do local. Caso as palavras e termos tenham um sentido local muito específico, é
preciso compreender de acordo com os usos dos termos naquela localidade.

-Uma boa forma de interpretar o pedido é lendo a contestação, que é uma interpretação
do pedido, o réu ao contestar interpreta o pedido. Pode-se dizer que se autor e réu
compreendem um pedido da mesma maneira, essa é a interpretação que deve prevalecer,
o juiz não poderá interpretar o pedido de maneira contraria a ambas as partes. Na réplica
se perceberá se as partes estão compreendendo a postulação do mesmo modo. O
contraste (manifestação da outra parte) é uma boa diretriz para interpretar o pedido.

-O juiz não pode atribuir um sentido a postulação distinto daquele que foi contestado pela
parte. Deverá dar oportunidade da outra parte se manifestar sobre a interpretação
através do contraditório.

-Relação com o princípio da cooperação (6º, CPC) – Diante de dúvida sobre o que se
postulou, o juiz tem o dever de intimar a parte par esclarecer-se. O juiz não pode rejeitar
a postulação sobre o fundamento de que não a compreendeu, É o dever judicial de pedir
esclarecimento, dever este que decorre do princípio da cooperação.

-Regra da contestação é que o que não foi combatido especificamente, presume-se


verdadeiro (341, CPC). No entanto, não se aplica se o conjunto da contestação impugna o
fato, apesar de não fazê-lo especificamente, o silêncio contradiz o todo da contestação
(341, III, CPC).

-Recursos – Esse conjunto de regras se aplica a qualquer postulação, inclusive aos


recursos. São regras gerais para interpretar as postulações.

-Decisão – Também deve ser interpretada a decisão judicial, em conformidade com o


princípio da boa-fé (489, § 3º, CPC).

-CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

-Conceito – Há cumulação de pedidos sempre que em um mesmo processo houver mais


de um pedido formulado. Também chamado de “processo cumulativo”.

-Poderá ser inicial ou superveniente. Será inicial quando o processo já nasce com vários
pedidos formulados, e é a regra; superveniente é aquela que se da com o processo já em
andamento.

-Pode ocorrer na reunião de dois processo conexos, onde um processo só terá 2 pedidos.

-Cumulação homogênea e heterogênea – Homogênea, os pedidos cumulados são feitos


pelo mesmo autos. Heterogênea resulta da formulação de pedidos de pessoas diversas,
resultado da atuação de várias partes (Ex: reconvenção do réu, onde haverá pedido
formulado pelo autor mais a reconvenção formulada pelo réu, processo passa a ter 2
pedidos).

-Cumulação própria e imprópria.

-Própria é “regida pela partícula E”, formulam-se vários pedidos para que todos eles sejam
acolhidos (Se quer A, e B, e C, e D...). Essa cumulação tem duas espécies simples e
sucessiva. Simples formula-se vários pedidos, quer que todos sejam acolhidos, mas o
acolhimento de um é indiferente para o acolhimento de outro. Sucessiva, o autor quer os
dois pedidos, mas o segundo só poderá ser acolhido se o primeiro for, existe um vínculo
de dependência para procedência de um dos pedidos “B só se A” (ex: investigação de
paternidade e pedido de alimentos, só terá alimentos conseguindo êxito na investigação
de paternidade).

-Imprópria é regida pela partícula “OU”, vários pedidos são formulados, mas somente um
deles poderá ser acolhido. Se divide entre subsidiária (eventual) e alternativa. Na
subsidiária, estabelece-se uma ordem de preferência (primeiro A, se não puder A, quero
B, se não puder B, quero C) (326, “caput”, CPC), como ao autor estabelece uma ordem,
somente poderá examinar o pedido seguinte, se negar o anterior, sendo do contrário
sentença citra petita “B, só se não A”. Alternativa (326, CPC), não há ordem de preferência
para o juiz analisar os pedidos.

-Obs: distinguir cumulação cumulativa de pedido alternativo. Pedido alternativo não é


uma cumulação, é um pedido só que por se referir a uma obrigação alternativa, poderá
ser cumprido de mais de uma forma, Pedido alternativo pode ser cumprido de mais de
uma maneira, cumulação alternativa mais de um pedido mas somente um pode ser
acolhido.

-Obs: Pode ocorrer também cumulação de pedidos recursais da mesma forma que na
inicial.

-RECONVENÇÃO

-Conceito – é uma ação proposta pelo réu contra o autor no mesmo processo em que o réu
está sendo demandado.

-Elementos – Reconvenção é uma ação, o réu formula novo pedido e acrescenta esse
pedido ao processo, tornando o processo maior. é apresentada no mesmo processo em
que o réu está sendo demandado, o que significa que quando o réu reconvém ele não da
início a um novo processo, ele se vale do processo já existente contra ele para acrescentar
novo pedido, é ação nova em processo que já existe. É proposta do réu (demandante)
contra o autor (demandado).

-Natureza da decisão que indefere a reconvenção – Reconvenção e contestação vem na


mesma peça, embora não seja obrigado a obrigado a apresentar ambas. Serão também no
mesmo momento sob pena de preclusão. Quando juiz não admite a reconvenção, a decisão
será interlocutória, ou seja, agravável. Isso não se encontra claro no código, necessário se
fazendo interpretar o art. 354, § único, CPC. Indeferimento de reconvenção é uma decisão
de apenas de parcela do processo, portanto impugnável por agravo de instrumento.

-A palavra reconvenção ela vem do verbo “reconvir”, que é um vero da família “vir”. O
comportamento do réu no passado, se chama “o réu reconveio”. O réu que reconvém se
chama “réu reconvinte”, enquanto que o autor demandado na reconvenção é o “autor
reconvindo”.
-Autor será intimado na pessoa de seu advogado para contestação a reconvenção em 15
dias, e poderá ser revel. Esse é um revel que está nos autos, não é ausente, e estando no
processo, terá que ser intimado dos demais atos processuais, aplicando o art 346, “caput”,
CPC.

-Reconvenção contra reconvenção não é regulada no CPC/2015, não há proibição, o que


se entende é que se admite, apesar de raro de acontecer. Inclusive, no caso da ação
monitório, (702, § 6º, CPC) proíbe-se expressamente a reconvenção na reconvenção,
Sendo essa proibição específica, entende-se que cabe apenas a monitória, pois se fosse
uma proibição de um modo geral, não precisaria ter essa proibição específica.

-Pedido contraposto é um termo muito utilizado nos juizados, que proíbe a reconvenção,
mas a lei permite pedido contraposto. Ele tem a mesma natureza da reconvenção, é uma
demanda do réu contra o autor no mesmo processo, sendo ambos espécies de uma mesmo
gênero. A diferença entre eles é que a reconvenção é uma demanda muito ampla,
observadas as regras de competência, admite qualquer tipo de pedido que te há relação
com a demanda, não havendo maiores restrições cognitivas (343, CPC); já o pedido
contraposto é sempre uma demanda muito restrita aos fatos que estão sendo discutidos
no processo, busca que o eventual contra-ataque do réu fique restrito aos elementos
fáticos da causa para não tumultuar o processo.

-Terceiro em litisconsórcio com réu no processo, pode participar no polo ativo da


reconvenção (343, § 4º, CPC).

-Reconvenção pode ser proposta contra o autor e uma terceira pessoa, em litisconsórcio.
(343, § 3º, CPC).

-Recolhimento de custas na reconvenção dependerá do que é estabelecido pela justiça


estadual, na justiça federal não é necessário.

-Se o réu tem um contra direito (não pagar enquanto a outra parte não cumprir sua parte,
compensação), deve ser alegado na contestação.

-Quando ocorre substituição processual no polo ativo, o réu poderá reconvir, com duas
condições, a primeira que a reconvenção afirme que o réu tem um direito contra ao
substituído; e a segunda o réu deverá demandar o autor para ser réu da reconvenção,
como legitimado extraordinário (343, § 5º, CPC).

-ÔNUS DA PROVA

-É a determinação de qual das partes sofrerá as consequências pela falta de prova de uma
determinada alegação. Deveria se chamar de “ônus da falta de prova”, a consequência para
a parte se determinada alegação não vier a ser provada.

-As regras de ônus da prova não atribuem um dever de provar, não dizem quem tem que
provar, dizem quem arcará com as consequências da ausência de prova.
-Se parte contrária juntar prova, isso livra o ônus da prova, mesmo não tendo ao indivíduo
ter produzido propriamente a prova.

-Ônus de prova tem dupla função; a primeira orienta o comportamento processual das
partes, pois as partes vão pautar sua estratégia processual sabendo qual a consequência
se determinada alegação for ou não provada, é a função subjetiva do ônus da prova; a
segunda função é a objetiva do ônus da prova, é uma regra de julgamento para o juiz, e
aplica-se de maneira subsidiaria, somente se aplicando se não houver a prova do fato.

-Distribuição do ônus da prova – Poderá ser feita a partir de 3 fontes:

-I – Legal – Feita pela lei. O ônus é de quem alega (373, CPC). Característica pela sua
rigidez, é uma regra fixa, estática, que é o padrão. Poderá ser invertido também (38 CDC).

-II – Jurisdicional – Também chamada de distribuição dinâmica do ônus da prova. Feita


pelo juiz no caso concreto. É feita caso a caso, e o juiz, preenchidos alguns pressupostos,
poderá mudar as regras de ônus da prova. São os pressupostos: Alternativo, nos casos de
prova “diabólica” (não pode ser feita ou dificilmente pode se feita) ou quando é mais fácil
provar o fato contrário (373, § 1º, CPC); a decisão tem que ser fundamentada, e
impugnável por agravo de instrumento; deverá o juiz dar a parte de se desincumbir do
ônus que lhe foi atribuído; a distribuição dinâmica não pode implicar “prova diabólica
reversa”, o juiz não pode redistribuir gerando prova diabólica; se houver distrubuição
convencional do ônus da prova o juiz não poderá alterá-la.

-III – Convencional (373, § 3º, CPC) – Feita pelas partes em negócio probatório. As partes
podem definir num negócio processual a quem cabe o ônus de determinada alegação, e
isso não poderá ser alterado pelo juiz. O juiz apenas pode redistribuir o ônus de prova
previsto em lei. No entanto, não poderá recair sobre direitos indisponíveis e não pode
tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (prova diabólica). A
convenção poderá ser celebrada antes ou depois do processo (373, § 3º, CPC).

-CONTRA DIREITO

-Mérito é a combinação entre pedido e causa de pedir. Mérito pode-se dizer também que
é o direito litigioso, no qual o juiz decidirá.

-Na análise do mérito surge o problema para se saber como o réu contribui na formação
do mérito do processo.

-Se réu apresentar reconvenção, estará ampliando o mérito da causa, mas quando ele
apenas contestar, tradicionalmente entende-se que em sua atuação não há contribuição a
formação do mérito do processo. Há alguns anos, o professor Heitor Sica defende a ideia
de que toda contestação é uma contribuição do réu para o objeto do processo tanto quanto
o autor.
-Fredie Dididier não nega que o réu possa ampliar o pedido com a contestação, mas não
entende que qualquer contestação o faça, buscando uma posição intermediária entre os
estremos. O réu ao contestar amplia o mérito do processo quando em sua contestação
exerce um contra direito.

-Contra direito, é um tipo de direito, uma situação de vantagem que alguém tem em
relação a outra. É um direito que se exercita contra o exercício de outro direito. Seu
exercício reconhece o direito da parte contrária, todo contra direito supõe o direito da
outra pessoa, para atingi-lo. É como um antidoto combatendo um veneno.

-Os contra direitos atingem o direito do autor de duas maneiras: Primeiro podem
neutralizar o direito do autor, lhe tirando a eficácia (neutralizantes); ou podem extinguir
o direito do autor (extintivos).

-Todo contra direito é uma defesa, exercido em contestação.

-Prescrição é rigorosamente o direito de não pagar uma dívida, é um contra direito


neutralizante.

-Exceção de Contrato Não Cumprido, a pessoa cobra a parte no contrato, dizendo que
pagará apenas quando for cumprida determinada ordem de pagamento.

-Compensação é a cobrança de uma dívida apresentando outra dívida para ser


compensada, é um contra direito extintivo.

-Direito de Retenção, onde a pessoa só devolve quando forem pagas as benfeitorias,

-O termo contra direito poderá ser substituído por “exceção substancial”.

-Se o réu não exerce um contra direito, o juiz de ofício não pode conhecê-lo. Existe uma
exceção referente a prescrição que pode ser conhecida de ofício. (332, § 1º, CPC).

-Preclusão – O réu não exercer o contra direito na contestação gera preclusão, como no
exemplo do direito de retenção (538, § 2º, CPC).

-A prescrição ainda poderá ser alegada a qualquer tempo, que é uma regra excepcional
(193, CC).

-Quando juiz decide sobre um contra direito, essa decisão é de mérito (487, II, CPC).

-Da mesma forma que um direito se submete a prescrição, um contra direito também
prescreve (190, CC).
AULA 9 – MÓDULO II – FREDIE DIDIER

-NEGÓCIOS PROCESSUAIS EM MATÉRIA PROBATÓRIA

-Negócios processuais típicos em matéria de prova, expressamente regulados.

-Se o negócio jurídico tiver uma cláusula que só vale com instrumento público, sem ele, o
negócio processual nem existe, pois não há como prova-lo (109, CC).

-Partes podem fazer acordo quanto as questões de fato do processo, podendo delimitar
quais fatos incontroversos e quais são controvertido. As partes assim delimitam o tema
probatório, definindo o que poderá ser objeto da prova (357, § 2º, CC).

-Pode ocorrer também na escolha consensual do perito (471, CPC).

-Convenção sobre ônus da prova (373, §§ 3º e 4º, CPC)

-Existem negócios unilaterais, como desistência de uma testemunha, abrir mão de fazer
perguntas.

-Existe controvérsia sobre os negócios processuais probatórios atípicos, não previstos no


CPC, que poderiam ser formulados a partir da previsão geral do art. 190, CPC.

-Nossos sistema reconhece possibilidade de provas atípicas, podendo as partes produzir


provas por qualquer meio lícito, então é possível conceber que uma prova se torne atípica
por meio convencional.

-Uma inovação, poderia ser pactuada a utilização de blockchain como meio de prova.

-Poderá um negócio um dever de produção de prova, de revelar as provas as quais as


partes dispões. Esse tipo de dever já existe no direito dos EUA.

-Pode ocorrer em uma obrigatória produção antecipada de provas extrajudicial. É


bastante útil porque diminui a carga onerosa do processo.

-A escolha do perito pode vir unida da renúncia reciproca da impugnação do laudo. Podem
também escolher o método da perícia.

-Colaboração premiada é um negócio processual típico no processo penal, e probatório, o


colaborador fornece provas. Estipula-se que pode ser usada a colaboração premiada como
negócio atípico no processo civil, como no caso da improbidade administrativa.

-É possível que um negócio processual preveja um documento indispensável para a


propositura da ação.
-Pode ser criado por convenção um dever de guarda de determinado documento. Como o
dever de guarda é de uma das partes, se a outra parte quiser ter acesso, ela deve
apresentar. Diante disso é criada uma presunção de veracidade caso o documento não
seja apresentado (400, CPC).

-Isso torna as possibilidades infinitas, merecendo atenção especial.

-PROVA PERICIAL

-156, CPC

-O perito pode ser um órgão, uma entidade, uma pessoa jurídica, não apenas uma pessoa
física.

-Profissionais legalmente habilitados, não precisa ser um perito de nível universitário,


precisa apenas conhecer o assunto.

-O perito (pessoa física ou jurídica), precisa estar escrito em um cadastro ao qual o


tribunal o juiz esteja vinculado,

-Se um órgão vai se perito, ele vai apresentar os nomes e as qualificações das pessoas que
trabalham nesse órgão.

-Em local onde não houver perito cadastrado, o juiz pode escolher um perito observando
as qualidades que o perito deve ter.

-Pela insuficiência do regramento da perícia no processo penal, as regras de processo civil


poderiam muito bem ser aplicadas a este.

-Perícia Simplificada (464, §§ 2º a 4º, CPC) – Quando o ponto controvertido for de menor
complexidade. É uma arguição oral do perito ao invés de fazer um laudo.

-Obs: O dispositivo pede formação acadêmica deste perito, o que contradiz o perito geral,
que trata de perícias mais complexa, que não precisa. Essa exigência parece ser
desarrazoada por contradizer o dispositivo geral, e desta forma, não deve ser aplicado.

-Honorários do Perito (465, §§ 3º a 5º, CPC) – O juiz pode autorizar o pagamento de até
50% dos honorários no começo, com o pagamento do residual ao final. Perícia
inconclusiva ou insuficiente poderá ter remuneração diminuída, é uma redução do preço
pela má prestação do serviço.

-91 CPC – Quando o poder público pede a perícia, serão pagos no exercício seguinte, ou ao
final, pelo vencido, caso o processo acabe antes do adiantamento a ser feito pelo ente
público.
-95, CPC – No caso de gratuidade da justiça, o poder público deverá pagar. Mas ao término,
poderá se voltar contra o vencido.

-471, CPC – Possibilidade de escolha consensual do perito em negócio processual. As


partes também poderão fazer outros negócios em torno atípicos disso, fixando método,
calendário, método da perícia, aceitação prévia do resultado, tudo feito por acordo.

-473, CPC – Disciplina o laudo pericial, como ele deve ser. Deverá conter, o relatório, a
análise técnica ou científica, a indicação do método (deverá ser o predominantemente
aceito), deverá ser conclusivo. A fundamentação deve ser em forma simples e clara, e não
pode apresentar opiniões pessoais. Perito poderá inclusive intimar as partes, ouvir
testemunhas, poderes amplos para realização de sua tarefa.

479, CPC – A perícia é inevitável, devendo examina-la depois que foi feita, não pode deixar
de enfrentá-lo. O juiz deve levar em consideração o método usado pelo perito.

-Obs: O código amplia a produção antecipada de prova, não precisando demonstrar


urgência, bastando interesse. No caso da perícia, tende a ser comum para avaliar as
chances de avaliar corretamente o pedido, pois o custo do processo é muito alto.

-FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL

-É um requisito de validade da decisão (93, CF).

-A decisão sem fundamentação tem natureza nula, existe, mas é defeituosa, inválida. Não
prevalece no Brasil que decisão sem fundamentação é decisão inexistente.

-O dever de fundamentação se relaciona com 2 outras normas fundamentais processuais


que são, o contraditório e a publicidade.

-Contraditório é o direito de participar do processo e de alguma forma influenciar nas


decisões, se o juiz não tiver que fundamentar a decisão, enfrentando os argumentos e
provas apresentados, o contraditório torna-se invalidado. Exigência de motivação é uma
forma de fazer valer o contraditório.

-Publicidade é uma exigência de que os atos processuais sejam públicos, a exigência de


motivação serve para dar publicidade não só as partes, mas aos jurisdicionados, sobre o
modo como o órgão julgador compreende o direito, como casos análogos devem ser
decididos. A publicidade da motivação é fundamental para o controle das decisões
judiciais, seja pelo próprio tribunal ou um controle social.

-Duas funções da motivação – A primeira é a função endoprocessual, a motivação serve


para que as partes possam elaborar seus recursos e combater a fundamentação e para o
tribunal decida se vai manter ou não a decisão, controle do tribunal. A segunda é a função
extraprocessual é a função de dar contas a população, aos jurisdicionados, permitindo o
controle da decisão por eles, e permitindo que os jurisdicionados compreendam como os
tribunais decidam determinado assunto, pautando seus comportamentos desta forma.
Essas 2 funções da motivação demonstram que a fundamentação da decisão é um tipo de
discurso do órgão julgador que tem 2 plateias, dirigido para as partes e o tribunal, assim
como dirige também para os jurisdicionados.

-Atributos da Fundamentação – São 4 grandes qualidades.

-I – Integridade e Coerência – Não basta que as decisões sejam estáveis, que se mantenham
o mesmo, ele deve ser bom, para tanto respeitando integridade e coerência. Integridade é
a unidade do direito, respeitando a hierarquia das normas, a existência de microssistemas
e suas peculiaridades, observando a legalidade, decidir conforme o direito e não fora dele.
Coerente, deve dar uma interpretação coerente, harmoniosa com as fontes do direito.
(926, CPC).

-II – Racionalidade e a Controlabilidade – Racional é a decisão que se pauta numa


argumentação baseada na razão, não se baseia em questões de fé, insuscetíveis de debate
pela razão. Controlabilidade é a decisão pública, acessível e compreensível.

-489, § 1º, CPC – Situações que não são consideradas decisões fundamentadas. Elas valem
para qualquer decisão. Esse é um rol exemplificativo, evidentemente existem outras
hipóteses que escapam deste rol, como a decisão que não enfrenta as provas produzidas.

-1.022, § único, II – Decisão considerada omissa. A exigência de uma motivação qualificada


é tão importante que cabem embargos de declaração por omissão na fundamentação.

-EFICÁCIA DA DECISÃO JUDICIAL

-A decisão judicial, como ato jurídico que é, tem um conteúdo e uma possível eficácia, ou
seja, o possível conjunto dos efeitos que o ato produz. Não se confunde o conteúdo com os
efeitos da decisão judicial.

-O conteúdo de uma decisão judicial é composto pelo comando que ela contém, aquilo que
deve ser utilizado como parâmetro para que se possa examinar os efeitos do ato. O
comando normativo da decisão se encontra no dispositivo da decisão.

-Toda atuação jurisdicional depende de um caso concreto submetido ao órgão julgador.


Todo órgão julgador se debruça sobre um caso concreto que lhe foi submetido. O comando
da decisão é a solução desse caso, que foi posto para ser julgado, que após o processo, se
torna um caso julgado, que é o conteúdo de uma decisão judicial.

-A decisão judicial pode produzir 4 tipos de efeito:

-I – Efeito principal da decisão – É o efeito que decorre do conteúdo (comando) da decisão,


e além disso é um efeito que atinge a relação jurídica discutida em juízo. É principal
porque diz respeito aquela relação que se discutiu. Ex: Efeito principal de uma cobrança,
é executar o patrimônio do condenado. Numa sentença constitutiva, o efeito principal é
uma nova situação jurídica alterada, ou a extinção de uma situação que já existia. Numa
sentença declaratória, o efeito principal é a certeza jurídica quanto a existência ou
inexistência de uma relação jurídica. Se um terceiro sofrer um efeito principal da decisão,
poderá intervir como assistente litisconsorcial

-II – Efeito Reflexo da decisão – Decorre do conteúdo da sentença. Difere por decorrer do
conteúdo para atingir relação jurídica outra que não está sendo discutida. É um “efeito
dominó” da sentença, atinge relação jurídica vinculada a discutida. Ex: Sentença de
despejo que desfaz a locação, e em reflexo desfaz a sublocação. Se um terceiro sofre um
efeito reflexo da decisão, poderá intervir como assistente simples.

-III – Efeito Anexo da decisão – Não decorre do conteúdo da decisão. É um efeito que não
é determinado pelo juiz e não é pedido pelas partes. Norma jurídica oura, contratual ou
legal, pegam a decisão judicial e anexam a ela um efeito que por si não produziria. Ex:
Perempção por entrar 3 vezes com a mesma demanda judicial; hipoteca judiciária (495,
CPC). A sentença produz efeito como fato jurídico, pois decorre de fora da sentença.

-IV – Efeito Probatório da decisão – A decisão judicial é um documento público, e como tal
produz prova. Em primeiro lugar ela prova a si mesma; prova o que o juiz relatou que
aconteceu no processo, de que o juiz entendeu que determinado fato foi provado (e não
que ele é verdadeiro). Pode ser um indício de que um fato considerado provado pelo juiz
ocorreu. Ex: sentença de interdição que leva em consideração que o indivíduo está doente,
a sentença não prova a doença, mas ela é um indício forte que que o individuo estava
doente.

-PRECEDENTES JUDICIAIS

-O CPC/2915 é mais um paço na trajetória jurídica de mais de 150 anos que foi sendo
construída em torno do respeito aos precedentes judiciais.

-A decisão judicial tem a sua fundamentação e seu dispositivo. No dispositivo o órgão


julgador define qual a norma individual, ou seja, define qual é a norma que regula aquele
caso concreto que foi submetido. O juiz deve encontrar no ordenamento a norma geral do
ordenamento que serve como fundamento. Em toda decisão judicial de um lado está na
norma geral do caso, e do outro a norma individual do caso, a norma geral do caso fica na
fundamentação e a individual fica no dispositivo.

-A coisa julgada estabiliza a norma individual do caso, a solução do caso individual se


torna indiscutível pela coisa julgada. Precedente não tem haver com a norma individual
do caso, mas sim com a norma geral do caso, com a solução geral que o juiz encontrou
para o caso e que serve como padrão para casos futuros.

-Precedente é uma decisão judicial construída a partir de uma situação concreta julgada
pelo órgão jurisdicional, onde se identifica uma norma geral que serve a casos como
aquele, e essa norma geral passa a ser um modelo de solução para casos futuros. A solução
começa a servir como padrão para casos futuros.
-O precedente é uma orientação que o tribunal constrói para casos futuros semelhantes.
Ele não nasce do vazio, nasce do exame de um caso concreto que aconteceu.

-É preciso entender o contexto em que surgiu o precedente, e esse contexto é


indispensável para compreender a extinção do precedente.

-Norma jurídica que se constrói do nada, é uma norma legal, norma jurídica geral
precedente se constrói a partir de um caso e suas circunstâncias para servir como modelo
para casos futuros semelhantes.

-Precedente se distingue de jurisprudência. Jurisprudência ocorre quando uma tese


jurídica, um mesmo precedente passa a ser aplicada reiteradamente em outros casos
semelhantes. Jurisprudência é a reiterada aplicação de um precedente em casos
semelhantes.

-Súmula é o enunciado (texto) da tese jurídica que vem sendo reiteradamente aplicada
pelo tribunal. Surge a jurisprudência, e já que o tribunal vem reiteradamente aplicando
esse entendimento, ele transforma esse entendimento em um texto, e o consolida na
súmula. A súmula de um tribunal é o conjunto dos enunciados normativos dos
precedentes que vem sendo reiteradamente aplicados no tribunal.

-OBs: Súmula não é o precedente, é uma enunciação da tese jurídica que se construiu pelo
precedente. Dessa forma, só se pode entender a súmula entendendo o precedente que lhe
serve de base. Sumula não é texto de lei que se interpreta do nada.

-Precedentes tem 3 elementos:

-I – A situação fática que deu causa ao precedente, o contexto fático a partir do qual o
judiciário induz uma solução normativa para fatos semelhantes aquele. Chamado também
de “fatos materiais” que dão origem ao precedente.

-II – Argumentação jurídica que é utilizada pelas partes e pelo tribunal para a construção
do precedente. A argumentação utilizada pelo tribunal para encontrar a solução
normativa para casos semelhantes..

-III – É o elemento normativo, a norma jurídica geral que o órgão julgador encontra para
resolver problemas semelhantes aquele que lhe foi apresentado. Essa norma jurídica gera
o núcleo do precedente. Em muitos livros o termo precedente designa esse elemento
normativo tamanha a sua importância.

-O elemento normativo da fundamentação da decisão tem o nome técnico de “Ratio


Decidendi”. É a norma jurídica geral construída a partir de um caso para solução de casos
futuros. É o suporte normativo da solução do caso concreto.
-A Ratio Decidendi se identifica buscando na fundamentação a norma jurídica geral
construídas pelos tribunais que serve como suporte para solução do caso concreto.

-Ex: STF reconheceu quando parlamentar troca de partido durante o mandato ele perde
o mandato, pois o mandato é do partido e não do parlamentar, a Ratio Decidendi é,
parlamentar que troca o partido durante o mandato, perde o mandato.

-Identificar a ratio decidendi é identificar qual a norma geral construída no caso e serviu
coo suporte para a solução daquele caso.

-No CPC o termo Ratio Decidendi foi traduzido por “Fundamento Determinante”.

-É a Ratio Decidendi que se for reiteradamente aplicada se tornará jurisprudência. A


súmula de um tribunal é a enunciação da Ratio Decidendi.

-Obiter Dictum (plural “Obiter Dicta”) – É um dito morto, algo que foi dito e está sem vida.
É tudo que está na fundamentação de uma decisão judicial e tem uma conotação de
comentário lateral, observação doutrinária feita pelo tribunal, que não serve a solução do
caso. É tudo aquilo que o órgão julgador diz na fundamentação da decisão, que até poderia
servir para a resolução de outros casos que não aquele, mas não serve para a solução
daquele caso. Se tirado da solução a decisão permanecera íntegra. Ele não é indispensável
para a fundamentação.

-Obs: O obter dictum não é uma inutilidade, ele pode apontar um entendimento futuro do
tribunal sobre determinado assunto, sinalizar como o tribunal compreenderia situações
semelhantes referidas mas que não estão sendo julgadas naquele caso. O voto vencido
seria um Obter Dictum, e é importante pois ele oxigena o debate, colocando a tese
vencedora sob crítica, mantendo a questão viva para a reflexão de todos.

-Dintinguishing ou Distinção – Para aplicação do precedente, deve-se demonstrar que o


caso é semelhante ao que gerou o precedente. Se a busca for pela não aplicação, deve-se
demonstrar que o caso é distinto do precedente. Dintinguishing é o confronto entre o caso
julgado e o caso precedente para verificar se há ou não elementos de distinção que
justificam a não aplicação do precedente. O confronto é indissociável do sistema de
precedente. A demonstração da distinção é uma concretização do sistema da igualdade.

-Over Ruling ou Superação do Precedente – O precedente como norma pode ser revogado,
outro precedente pode revogar o anterior, e isso se chama Over Ruling ou Superação do
Precedente. Quem supera o precedente é que o proferiu. Ela é indispensável no
funcionamento dos precedentes, pois diversos fatores podem fazer com que novos
precedentes surjam. Poderá ser feito com eficácia imediata (a partir de agora),
prospectiva (depois de determinado tempo) ou retrospectiva (atinge situação
anteriores).

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