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GANHOS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE ATRAVÉS DO USO DE ESTACA
SECANTE EM CONTENÇÕES
Examinada por:
__________________________________________
Jorge dos Santos
Profº. Adjunto, D.Sc., EP/UFRJ (orientador)
__________________________________________
Wilson Wanderley da Silva
Profº. Convidado, EP/UFRJ
__________________________________________
Isabeth da Silva Mello
Profª. Convidada, EP/UFRJ
iii
Dedicado à minha mãe, pelo amor incondicional.
iv
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, por estar sempre presente quando precisei, pela dedicação e pelo amor
incondicional. Ao meu pai, que sempre torceu por mim e me ajudou nas minhas conquistas.
Aos meus irmãos, pela amizade, tranquilidade e maturidade que já me fizeram aprender
muita coisa. A minha avó Licinha, minha segunda mãezinha, pela serenidade, pureza e
amor. Aos meus avôs que sempre quiseram o meu bem. Ao dindo Gilvan que, mesmo
distante, torce por mim e sempre esteve muito presente na minha vida. Todas as conquistas
que alcancei até hoje só foram possíveis graças a vocês.
Ao Gustavo, meu eterno companheiro, pelo apoio, carinho, companheirismo e amor. Por
querer sempre estar presente em todos os momentos da minha vida, mesmo quando eles são
difíceis.
As minhas amigas de Friburgo, Júlia, Glenda, Maria Fernanda, Ivie e Bebel, pelos 13 anos
de amizade. Vocês são mais que amigas, são irmãs.
Aos meus amigos da UFRJ pela amizade, compreensão e aflições compartilhadas durante
esses cinco anos de faculdade, em especial a Bárbara, Stela e Sabrina, que representam
grande parte desta vitória.
Ao Guilherme, colega da obra do Porto Atlantico Leste, pela excelente pareceria e trabalho
em equipe que nos permitiu ganhar o Prêmio Destaque de 2013 da Odebrecht com o tema
“Contenções de terrenos com a utilização de estacas secantes”.
Ao professor Jorge, orientador deste projeto final, sem o qual o mesmo não teria sido
concluído. Agradeço toda a atenção e ajuda.
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Resumo da Monografia apresentada à POLI/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Engenheira Civil.
AGOSTO/2014
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Civil Engineer.
AUGUST/2014
Two years ago, began to grow in Brazil the number of contentions performed with the
technique of secant pile. This is a very used technology in developed countries like the
United States and parts of Europe, but very recent here, despite its many advantages
executives.
The objective of this project is to show the improvements in quality and productivity
through the use of secant pile in building retaining walls. For this, we present some of the
main techniques and then a comparison is made between these technologies and the secant
pile. In addition, a presentation of the theme “secant piles” is made, explaining their
benefits and executive facilities.
As part of the study methodology, technical visits were made in different types of works
where retaining walls with secant pile were performed. For each case a study of the
characteristics of the site and the work and the reasons why the technique was chosen was
done.
Due to improvements in quality and productivity of the secant pile, it is expected that this
technique will grow in the coming years in this country.
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SUMÁRIO
viii
3.3. Processo construtivo .................................................................................................. 35
3.3.1. Locação – Mureta Guia ............................................................................................. 35
3.3.2. Perfuração.................................................................................................................. 37
3.3.3. Concretagem.............................................................................................................. 40
3.3.4. Armação .................................................................................................................... 42
3.4. Facilidades executivas e vantagens ........................................................................... 46
3.4.1. Estanqueidade............................................................................................................ 46
3.4.2. Alta Produtividade..................................................................................................... 47
3.4.3. Possibilidade de execução em terrenos pequenos ..................................................... 48
3.4.4. Possibilidade de execução de estacas próximas à divisa ........................................... 48
3.4.5. Mureta guia de simples execução .............................................................................. 49
3.4.6. Não utiliza lama bentonítica ...................................................................................... 49
3.4.7. Penetra materiais de grande resistência ..................................................................... 50
3.4.8. Garantia de linearidade.............................................................................................. 50
3.4.9. Controle computadorizado ........................................................................................ 50
3.4.10. Bom acabamento da estaca........................................................................................ 50
3.4.11. As estacas não precisam ser todas armadas............................................................... 51
3.4.12. Inexistência de vibrações........................................................................................... 51
3.4.13. Furo totalmente estável ............................................................................................. 51
3.5. Dificuldades executivas e limitações ......................................................................... 51
3.5.1. Limite de profundidade ............................................................................................. 51
3.5.2. Não escava rocha ....................................................................................................... 52
3.5.3. Armadura introduzida somente após a concretagem ................................................. 52
3.5.4. Poucas obras e empresas atuantes no Brasil .............................................................. 53
3.6. Custos ........................................................................................................................ 53
3.7. Disponibilidade de equipamentos e empresas ........................................................... 55
3.8. Disponibilidade de mão de obra especializada .......................................................... 56
4. Aplicação de estaca secante em paredes de contenção ................................................. 58
4.1. Obra 1 – Hotel no bairro do Catete............................................................................ 58
4.1.1. Descrição das características do local da obra e do entorno ..................................... 58
4.1.2. O porquê da escolha de estaca secante ...................................................................... 58
4.1.3. Execução da parede de contenção com estaca secante .............................................. 59
4.2. Obra 2 – Hotel em Belo Horizonte ............................................................................ 60
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4.2.1. Descrição das características do local da obra e do entorno ..................................... 60
4.2.2. O porquê da escolha de estaca secante ...................................................................... 60
4.2.3. Execução da parede de contenção com estaca secante .............................................. 61
4.3. Obra 3 – Edifício residencial em Niterói ................................................................... 62
4.3.1. Descrição das características do local da obra e do entorno ..................................... 62
4.3.2. O porquê da escolha de estaca secante ...................................................................... 62
4.3.3. Execução da parede de contenção da obra ................................................................ 63
5. Estudo de caso ............................................................................................................... 64
5.1. Descrição da obra ...................................................................................................... 64
5.2. Peculiaridades do tipo de construção e da região ...................................................... 65
5.2.1. Peculiaridades do tipo de construção ........................................................................ 65
5.2.2. Peculiaridades da região ............................................................................................ 66
5.3. Dificuldades para construção em função da tipologia do entorno............................. 67
5.4. O porquê da escolha de estaca secante ...................................................................... 68
5.4.1. Parede diafragma moldada “in loco”......................................................................... 69
5.4.2. Estaca prancha ........................................................................................................... 69
5.4.3. Estaca hélice contínua justaposta .............................................................................. 70
5.4.4. Estaca raiz justaposta ................................................................................................ 70
5.4.5. Tubulão ..................................................................................................................... 70
5.4.6. Estaca metálica com pranchada de madeira .............................................................. 70
5.5. Processo construtivo .................................................................................................. 71
5.6. Ganhos obtidos em termos de qualidade e produtividade ......................................... 72
5.7. Custos ........................................................................................................................ 73
5.8. Considerações finais .................................................................................................. 73
6. Conclusões .................................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ....................................................................................... 80
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Preços unitários para serviço de contenção com estaca secante recebidos pelo
empreendimento Holiday Inn Porto Maravilha ................................................................... 54
Tabela 2: Preço calculado para execução do serviço de contenção com estaca vibro
prensada no empreendimento Holiday Inn Porto Maravilha .............................................. 55
Tabela 3: Preço calculado para execução do serviço de contenção com estaca secante no
empreendimento Holiday Inn Porto Maravilha ................................................................... 55
Tabela 4: Estimativa de preço para execução do serviço de contenção com estaca secante
para o Empreendimento X .................................................................................................. 73
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ÍNDICE DE FIGURAS
xii
Figura 28: Fases executivas das estacas secantes. ................................................................ 38
Figura 29: Vista superior do detalhe da intersecção de estacas secantes. ............................ 39
Figura 30: Detalhe do espaçamento de estacas Ø 420 mm (Folder Eurodrill). .................... 39
Figura 31: Detalhe da ponta do tubo. ................................................................................... 40
Figure 32: Fixação da ponta junto ao corpo do tubo. ........................................................... 40
Figura 33: Detalhe da ponteira com saída lateral ................................................................. 41
Figura 34: Armação empregada nas estacas secantes. ......................................................... 43
Figura 35: Perfis laminados empregados em estacas secantes. ............................................ 44
Figura 36: Centralizador de perfis. ....................................................................................... 45
Figura 37: Vibrador de armações. ........................................................................................ 46
Figura 38: Vista lateral de tanque submerso executado em estacas secantes (Bélgica). ...... 47
Figura 39: Execução de estacas faceadas à divisa. ............................................................... 49
Figura 40: Equipamento que executa estacas secantes com foco no comprimento do tubo. 52
Figura 41: Etapas de execução da contenção da obra do hotel em Belo Horizonte. ............ 61
Figura 42: Contenção em estaca secante da obra do hotel em Belo Horizonte. ................... 62
Figura 43: Contenção em estaca secante da obra de Niterói. ............................................... 63
Figura 44: Construção do Empreendimento X e edifícios próximos. .................................. 65
Figura 45: Parede de contenção e estroncas da obra do Empreendimento X. ...................... 66
Figura 46: Construção do Empreendimento X. .................................................................... 72
xiii
1. Introdução
Essa é uma técnica extremamente versátil, podendo ser empregada tanto em obras
de grande porte quanto em terrenos pequenos, através de diversos tipos de solo, sendo
exequível abaixo do nível d’água.
Apesar de ser muita usada nos Estados Unidos e na Europa, é importante ressaltar
que essa é uma técnica muito recente e ainda pouco utilizada no Brasil. Porém, há dois anos
começou a crescer o número de empresas que executam esse tipo de contenção no país e a
tendência é de um crescimento cada vez maior.
1.2. Objetivo
1
1.3. Justificativa da escolha do tema
Por ser uma técnica muito recente e pouco utilizada no país, o conhecimento sobre
estaca secante ainda é pouco difundido aqui. Com isso, fazer este projeto de graduação
sobre o tema ajuda na disseminação do assunto.
1.4. Metodologia
Para realização deste projeto, dividiu-se o trabalho em três partes: pesquisa sobre
paredes de contenção e sobre estaca secante e estudo de campo.
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Em complemento às pesquisas, foram feitos estudos de campo através de visitas a
obras em que foram executadas contenções deste tipo por esta empresa. Dessa forma, foi
possível fazer uma análise da aplicação da técnica na prática.
O segundo capítulo aborda o tema de uma forma geral. É feita uma apresentação do
que são paredes de contenção. Além disso, são explicadas as principais tecnologias
adotadas hoje no mundo e no Brasil, com foco nos equipamentos empregados e nos
procedimentos executivos. As dificuldades executivas e limitações existententes na
execução de paredes de contenção também são faladas nesse capítulo.
O terceiro capítulo tem como objetivo englobar da melhor forma possível os principais
pontos sobre o tema “estaca secante”. Inclui a história desta tecnologia, o procedimento
executivo detalhado, as facilidades executivas e vantagens, as dificuldades executivas e
limitações, os custos para execução de uma parede de contenção com estacas secantes, a
disponibilidade de equipamentos e empresas no mundo e no Brasil e a disponibilidade de
mão de obra especializada.
3
a obra, o processo executivo adotado, os ganhos obtidos em termos de qualidade e
produtividade e os custos para realização da contenção.
O trabalho é finalizado com o sexto capítulo que reserva-se para as conclusões, onde
serão formuladas as conclusões acerca do tema abordado e as considerações finais, além de
sugestões para trabalhos futuros.
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2. Paredes de contenção
Para uma melhor compreensão dos ganhos e benefícios do uso de estacas secantes em
obras de contenção, é fundamental algum conhecimento sobre paredes de contenção.
Este capítulo terem como objetivo apresentar o tema paredes de contenção: o que são,
para que são construídas, principais tecnologias existentes, tecnologias mais empregadas no
Brasil e principais dificuldades executivas.
De acordo com Barros (2005), paredes (ou muros) de contenção são obras civis
construídas com a finalidade de prover estabilidade contra a ruptura de maciços de terra ou
rocha. São estruturas que fornecem suporte a estes maciços e evitam o escorregamento
causado pelo seu peso próprio ou por carregamentos externos.
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Muros de contenção são utilizados quando se deseja manter uma diferença de nível
na superfície do terreno e o espaço disponível não é suficiente para vencer o desnível
através de taludes. (GOMES, 2014).
Para uma melhor comparação entre a estaca secante e outras técnicas existentes é
necessário um conhecimento prévio sobre as mesmas.
Devido a isso, este capítulo irá falar sobre as principais técnicas utilizadas hoje em
dia. São elas: parede diafragma moldada “in loco” (com e sem a hidrofresa), estaca
prancha, estaca em hélice contínua, estaca raiz, tubulão e perfil metálico com pranchada de
madeira.
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2.2.1. Parede diafragma moldada “in loco”
7
Figura 2: Clam-shell.
Fonte: MORAES (2014).
b) Guindaste auxiliar: guindaste sobre esteiras com capacidade de içar a gaiola inteira
de armação (figura 3).
8
Figura 4: Central de lama bentonítica.
Fonte: GEOFIX FUNDAÇÕES – http://www.geofix.com.br/ - acesso em 15 de Julho de 2014.
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Figura 5: Hidrofresa.
Fonte: DIRECT INDUSTRY – http://www.directindustry.es/- acesso em 15 de Julho de 2014.
Além disso, a mureta guia também tem como objetivos impedir o desmoronamento
do terreno próximo à superfície devido a grande e permanente variação do nível de lama
por causa da entrada e saída do clamshell na escavação e garantir uma altura de lama
compatível com o nível do lençol freático (h = 2,00 m).
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Utiliza-se para a escavação a Clam-shell. Essa ferramenta pode executar paredes
com espessura entre 30 cm e 1,2 metros. A largura padrão de cada lamela é de 2,5 metros.
Inicia-se a escavação por uma lamela primária de acordo com o projeto. Quando a
escavação atingir de 1,0 a 1,5 metros de profundidade inicia-se o bombeamento de lama
bentonítica, que vem da central de lama, para dentro da escavação a fim de estabilizar as
paredes da cava.
11
Após a colocação das chapas-junta e armação no painel escavado, inicia-se a
montagem da composição do tubo de concretagem (tubo tremonha). Deve ser colocado no
centro da armação e consiste de uma composição de revestimentos Metálicos. Na sua
extremidade superior é rosqueado um funil, por onde é lançado o concreto diretamente da
betoneira (figura 7).
Figura 7: Tubo tremonha devidamente instalado e funil sendo instalado na parte superior do tubo tremonha.
Fonte: TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES – http://tecnico-edificacao.blogspot.com.br/ - acesso em 15 de Julho
de 2014.
4. Lançamento do concreto
12
perigoso e não inerte), permitindo que o descarte do material decantado seja lançado em
aterros normais.
2.2.1.3. Hidrofresa
13
O procedimento executivo com a hidrofresa é basicamente o mesmo do
convencional, com a diferença de ser um novo equipamento escavando solos resistentes.
14
Figura 9: Etapas de execução da parede diafragma com hidrofresa.
Estacas-prancha são perfis de aço laminados com seções planas, em forma de “U”
ou “Z” com encaixes longitudinais, ou de concreto armado, com encaixes tipo “macho-
fêmea”, que permitem construir paredes contínuas pela justaposição das peças que vão
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sendo encaixadas e cravadas sucessivamente (HACHICH; FALCONI; SAES et al, 1998).
Além de cravadas, as estacas-prancha também podem ser vibro prensadas.
Na figura 10, pode-se observar uma contenção feita com estaca prancha metálica.
2.2.2.1. Características
16
2.2.2.2. Execução
Inicialmente os perfis são içados por algum equipamento que pode ser um
guindaste, o próprio equipamento que realiza a cravação ou outro. Em seguida, os perfis
são posicionados no local pré-estabelecido e sinalizado para locação da parede. Depois os
equipamentos são cravados ou vibro prensados no solo (figura 11) e são intertravados por
meio de ranhuras do tipo macho e fêmea, formando paredes verticais. As estacas-prancha
são usualmente cravadas com equipamento bate-estacas ou com utilização de martelos de
vibração que cravam a estaca com auxílio de guindastes (MORAES, 2014).
Na figura 12, pode-ser ver o processo executivo de estaca prancha com cravação por
percussão com recurso a bate-estaca e martelo. Esta figura mostra o perfil sendo içado e
posicionado no local correto e, ao lado, o equipamento cravando um perfil.
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Figura 12: Cravação por percussão com recurso a bate-estacas e martelo.
2.2.2.3. Perfis
As cortinas de contenção podem ser montadas com diferentes tipos de perfis, que
possibilitam obter geometrias e características diferentes para aplicações específicas. Os
mais comuns são os tipos: AU, AZ, HZ/AZ e de alma reta (MORAES, 2014). Na figura 13
podem-se ver os diferentes tipos de perfis.
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Figura 13: Tipos de perfis de estaca prancha.
No caso da hélice contínua, o muro de contenção pode ser feito com estacas
espaçadas (figura 14) ou tangentes/justapostas (figura 15). Para ser executado com estacas
espaçadas, é necessário que o solo tenha uma certa coesão. Caso contrário, é muito difícil
obter a estabilidade do solo a ser contido.
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Figura 14: Croquis de estacas espaçadas.
2.2.3.1. Equipamentos
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Figura 16: Equipamento que executa estacas hélice contínua.
1. Perfuração
2. Concretagem
21
Alcançada a profundidade desejada, o concreto é bombeado através do tubo central,
preenchendo simultaneamente a cavidade deixada pela hélice que é extraída do terreno sem
girar ou girando lentamente no mesmo sentido da perfuração.
3. Colocação da armação
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4. União das estacas e impermeabilização
O processo de execução faz com que o diâmetro da estaca acabada fique maior que
o diâmetro do tubo de perfuração.
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A principal vantagem da estaca raiz é a sua possibilidade de vencer obstáculos
quaisquer (tais como matacões e blocos de rocha, ou ainda partes de fundações existentes
em concreto), pelo emprego de ferramenta especial.
2.2.5. Tubulão
Segundo Marangon (2014), este tipo de fundação destaca-se das outras por
apresentar características de transmissão de carga ao subsolo diferentes das diversas
“estacas” existentes na engenharia. Estas fundações transmitem carga para o subsolo
através do contato da base com o solo de apoio, semelhante a uma fundação direta (como
um bloco ou uma sapata).
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adotando-se 70 cm como diâmetro mínimo (para permitir a entrada e saída de operários),
porém a projeção da base poderá ser circular ou em forma de falsa elipse.
As contenções em tubulão a céu aberto são indicadas basicamente para obras que
apresentam cargas elevadas, áreas com dificuldades de uso de técnicas de fundação mais
mecanizadas e regiões afastadas dos grandes centros urbanos devido à dificuldade de
acesso.
26
Figura 21: Contenção feita com tubulões.
Figura 22: Croquis de contenção em estaca metálica com pranchada de madeira em planta e em corte.
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Esse tipo de escoramento foi empregado na construção do metrô de Berlim, motivo
pelo qual é conhecido também como “berlinense” (HACHICH; FALCONI; SAES et al,
1998).
2.2.6.1. Equipamentos
Inicialmente, deve-se realizar a marcação e alinhamento dos centros dos furos, com
apoio topográfico. O afastamento entre os perfis metálicos varia entre 0,6m e 1,0m,
conforme o tipo de terreno.
A introdução dos perfis metálicos no fundo dos furos é feita por meio de uma grua,
sendo os furos abertos previamente com trados de furação, com bate-estacas ou por vibro
cravação.
A furação é feita até a cota de base dos perfis, que é cerca de 2 metros abaixo da
cota inferior da fundação, profundidade necessária para garantir a ficha do perfil.
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Após a introdução do perfil no furo com a grua, procede-se à selagem do mesmo
através de caldas de cimento, sendo esta selagem efetuada entre a cota de fundo do perfil e
a cota inferior da fundação. O restante do furo é preenchido, normalmente com areia.
2. Viga de coroamento
3. Escavação
A escavação dever ser efetuada com muito cuidado para evitar desmoronamentos do
terreno. A altura que se deve escavar em cada etapa varia entre 0,3m e 1,5m, conforme as
características de coesão que o solo apresentar para se autossustentar.
29
Depois de efetuada a escavação dos painéis primários, é necessário realizar a
instalação das pranchas de madeira nesses painéis. Os elementos mais utilizados para as
pranchas são as tábuas ou barrotes de madeira, secos e livres de defeitos e fraturas.
Em seguida, realiza a escavação das banquetas e instala as pranchas de madeira nos
painéis secundários.
Este mesmo procedimento é repetido quantas vezes forem necessárias, em cada
linha de parede, até chegar ao final da contenção.
Na figura 24, pode-se observar um muro de perfil metálico com pranchada de
madeira.
O Brasil é um país muito extenso, com uma grande variedade de climas, solos,
hábitos, construções, vegetações, dentre outras características. Devido a isso, os tipos de
tecnologias empregadas em obras de muros de contenção variam regionalmente de acordo,
principalmente, com as condições geotécnicas e práticas locais.
No Rio de Janeiro, as técnicas mais utilizadas para paredes de contenção são: parede
diafragma moldada “in loco”, perfil metálico com pranchada de madeira, hélice continua e
estaca raiz.
30
Já e Minas Gerais, o solo tem maior coesão que no Rio de Janeiro. Assim, usa-se
muito estaca metálica (a pranchada de madeira não é necessária devido à coesão do solo) e
tubulão. Também se utiliza muito a parede diafragma moldada “in loco”.
São Paulo tem uma fortíssima utilização de parede diafragma moldada “in loco”.
Usa-se também, porém em menor quantidade, a estaca metálica com pranchada de madeira.
É possível perceber que a parede diafragma moldada “in loco” é muito utilizada na
região Sudeste.
A fuga de solos finos não coesivos situados abaixo do nível do lençol freático é
outra dificuldade oriunda da falta de estaqueidade. Tal problema pode ser evitado pelo
rebaixamento adequado do lençol freático por meio de sistema munido de filtros capazes de
impedir o carreamento das partículas sólidas. Quando tal carreamento não é impedido há a
possibilidade da formação de vazios com o perigo de colapso instantâneo ou de recalques
imprevisíveis que podem ocorrer até pontos relativamente distantes da vala, como no caso
de solos com lentes de areia ou calhas fósseis. Esse carreamento de solo pode gerar um
recalque inesperado em construções vizinhas, podendo gerar sérios problemas nessas
construções.
31
O maior perigo, no caso de paredes diafragma, é a perda instantânea da lama
bentonítica, que pode ocorrer, por exemplo, quando a escavação provoca o rompimento
acidental de algum conduto errado. Nesse caso, o reenchimento da vala com areia deve ser
imediato, para impedir um colapso ao redor do elemento que está sendo escavado.
Alguns tipos de contenção necessitam de uma grande área dentro da obra para
conseguir realizar os seus serviços. Porém, algumas obras tem uma área muito pequena, o
que inviabiliza a utilização de algumas técnicas. Por exemplo, a parede diafragma moldada
“in loco” necessita de um grande espaço para os silos de lama bentonítica. Na obra do Porto
Atlantico Leste da Odebrecht Realizações Imobiliárias, os silos ocupam uma área de 600
m² (SANGLARD; LIMA, 2013).
32
A garantia de linearidade também é outra preocupação. As técnicas que tem a
utilização de mureta guia garantem uma parede linear. Entretanto, outras técnicas como,
por exemplo, o tubulão que é escavado manualmente, não tem essa segurança.
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3. Estaca Secante
3.1. Conceituação
Segundo Ramos (2011), o emprego de estacas executadas com trado hélice contínua
surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos. Os equipamentos eram constituídos por
guindastes de torre acoplada, dotados de mesa perfuradora que executavam estacas com
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diâmetros de 27,5cm, 30cm e 40cm. No início da década de 1970, esse sistema, foi
introduzido na Alemanha de onde se espalhou para o resto da Europa e Japão.
Tecnologia ainda recente em nosso país, a estaca secante chegou ao Brasil há cerca
de dez anos por uma empresa de São Paulo (Fundamenta/SP). Nos últimos dois anos,
as paredes de contenção com estacas secantes começaram a ganhar espaço no mercado
construtivo brasileiro com a chegada de novos equipamentos no país e a tendência é
que cresça ainda mais.
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pequenas excentricidades são permitidas inclusive pela norma brasileira, as estacas secantes
devem obedecer rigorosamente à locação descrita em projeto. Deste modo, é necessária a
execução de uma mureta guia em concreto, capaz de garantir a locação exata das estacas.
Figura 26: forma para execução de mureta guia para execução de estacas secantes (Gent, Bélgica).
36
Figura 27: forma de isopor identificada e com a mureta concretada.
3.3.2. Perfuração
De acordo com Fleury (2012), a fase de perfuração das estacas secantes se divide
basicamente em duas etapas, conforme figura 28:
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Figura 28: Fases executivas das estacas secantes.
38
Figura 29: Vista superior do detalhe da intersecção de estacas secantes.
39
Figura 31: Detalhe da ponta do tubo.
3.3.3. Concretagem
40
A ponteira da hélice (figura 33) é cônica e não apresenta “tampa perdida” em sua
extremidade. Em seu lugar, há um pino guia constituído por bite de vídea. A saída do
concreto se dá por uma “janela” existente na lateral do tubo, entre os dois primeiros passos
da hélice. Ao se iniciar a perfuração, a passagem do solo ascendente fecha a janela; antes da
concretagem, ao se girar o tubo no sentido anti-horário sem avançar o trado, tem-se o alívio
do solo que mantém fechada esta janela. Deste modo, a pressão da bomba de concreto é
suficiente para promover a sua abertura.
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Na Europa, de modo contrário, é empregado nas estacas secantes o mesmo concreto
de estacas hélice contínua, apresentando em sua constituição brita zero ou pedrisco. Vale
salientar que apesar da granulometria semelhante, o agregado graúdo empregado é
composto por cascalho ou pequenos seixos rolados, sem angulosidades. Este material
facilita a inserção das armações, por oferecer menos atrito entre estas e o agregado graúdo,
além de absorver menor quantidade de água, não sendo, no entanto empregado na
constituição do concreto em nosso país.
Em todos os casos, o concreto não pode apresentar grande resistência inicial, o que
dificultaria o corte das estacas primárias, devido ao aumento do desgaste da ponta do tubo,
levando à diminuição da produtividade da obra.
3.3.4. Armação
Segundo Fleury (2012), em regra geral, as estacas primárias não são armadas, sendo
preenchidas apenas com concreto ou argamassa, enquanto as secundárias devem receber a
armação necessária para suportar a solicitação de empuxos a que estarão expostas. Vale
lembrar que, em razão do procedimento de perfuração envolver o recorte das estacas não
armadas, tem-se a interação de toda a estrutura (a colocação de armações nas estacas
42
primárias pode inviabilizar a execução das secundárias, uma vez que o equipamento teria
que cortar barras de aço, sem estar dimensionado para tal).
A armação das estacas pode ser composta por “gaiolas” formadas por barras
verticais e estribos soldados (figura 34), preferencialmente enrijecidos por anéis
intermediários, compostos por barras circulares ou chapas, também soldados às barras
verticais.
Também é possível o emprego de perfis laminados (figura 35), sendo comum o uso
das linhas W250 e W310. Neste caso, estando o perfil protegido pelo concreto ou
argamassa, pode-se considerar que não ocorrerá a corrosão dos mesmos. O uso de perfis
também possibilita armar estacas primárias, desde que seja possível garantir que não haverá
interferência durante a perfuração das secundárias.
43
Figura 35: Perfis laminados empregados em estacas secantes.
Ao se utilizar perfis, especial cuidado deve ser tomado durante a descida dos
elementos. Ou seja, além do controle da verticalidade e centralização, a rotação deve ser
impedida, uma vez que, diferentemente das armações em “gaiolas” os perfis apresentam
resistências à flexão diferentes, dependendo de sua orientação. Para tal, emprega-se a
ferramenta denominada “centralizador”, conforme figura 36.
44
Figura 36: Centralizador de perfis.
45
Figura 37: Vibrador de armações.
Uma característica das estacas secantes que favorece a descida das armações, em
relação às estacas hélice contínua convencionais é o confinamento das estacas armadas por
duas estacas primárias. Tais estacas funcionam como guia e diminuem a perda d’água do
concreto para o solo.
3.4.1. Estanqueidade
O procedimento tem como resultado final uma parede estanque, composta por estacas
que se intersectam umas nas outras, constituindo um tipo de contenção indicado
principalmente para solos em presença de água, conforme figura 38 (FLEURY, 2012).
46
Figura 38: Vista lateral de tanque submerso executado em estacas secantes (Bélgica).
A produtividade do serviço pode variar entre 50m² e 80m² por dia, dependendo da
quantidade de horas trabalhadas, disponibilidade do concreto, resistência do solo, potência
do equipamento, dentre outros fatores.
O tempo médio da execução de uma estaca é de meia hora, podendo variar com a
profundidade, resistência do solo, diâmetro da estaca, etc.
47
3.4.3. Possibilidade de execução em terrenos pequenos
Em comparação às estacas secantes, a parede diafragma moldada “in loco” para que
possa ser executada são necessários dois ou três equipamentos de grande porte: Clamshell,
Hidrofresa e um Guindaste de grande porte para lançamento das armaduras. Sendo a
Hidrofresa utilizada somente quando é necessário a execução de parede através de rocha,
ou seja, escavação em rocha. Além disso, é necessária a instalação da central de lama
(SANLGARD; LIMA, 2013).
48
Figura 39: Execução de estacas faceadas à divisa.
Apesar de ser necessário o uso de uma mureta guia, a mureta para estaca secante é
de simples execução.
Com isso, não é necessária a instalação da central de lama, que ocupa um espaço
considerável na obra.
49
Além disso, o descarte da lama e do solo proveniente da escavação gera um custo
considerável devido ao tipo de destinação exigida pela legislação ambiental (SANGLARD;
LIMA, 2013). É muito mais barato e simples o descarte de um solo sem o contato com a
lama.
Outro ponto positivo é que, como não se utiliza lama bentonítica, o processo de
execução é mais limpo.
A injeção do concreto se dá no interior do tubo que serve como molde para a estaca
que fica com um acabamento muito bom em formato circular, diferentemente da estaca em
hélice contínua que não possui o tubo.
50
3.4.11.As estacas não precisam ser todas armadas
Como já visto no método executivo as estacas não precisam ser todas armadas,
podendo ser somente as secundárias, diferentemente de outros processos que tem que armar
todas as estacas ou lamelas.
3.4.12.Inexistência de vibrações
Nesta técnica, a máquina que executa os serviços não produz muito barulho e nem
vibrações no terreno, o que traz melhoria na qualidade do ambiente de trabalho e na
vizinhança.
O furo da estaca é totalmente estável sem uso de lama. Isso ocorre porque o tubo da
perfuratriz tem a capacidade de dar estabilidade ao buraco escavado e, à medida que o tubo
vai sendo retirado, o concreto vai sendo injetado. A partir daí, é o concreto que garante a
estabilidade do solo.
51
Figura 40: Equipamento que executa estacas secantes com foco no comprimento do tubo.
Outra limitação é o fato da máquina não ter a capacidade de fazer parede dentro de
rochas, assim como a parede diafragma moldada “in loco” com hidrofresa e a estaca raiz
(SANGLARD; LIMA, 2013). Entretanto, essa é uma característica muito peculiar de
somente algumas poucas técnicas.
52
Além disso, a armação tem que ser intruduzida logo após a concretagem da estaca,
caso contrário, não é possível a realização desta operação. Já que, com o concreto
endurecido, o perfil ou a armação não consegue descer.
3.6. Custos
53
Item Descrição Unid. P. Unitário
Tabela 1: Preços unitários para serviço de contenção com estaca secante recebidos pelo empreendimento
Holiday Inn Porto Maravilha.
Fonte: SANLGARD; LIMA (2013).
54
material, projeto executivo e valores cobrados pelas empresas terceirizadas que executam
cada tipo de serviço (SANGLARD; LIMA; OLIVEIRA et al, 2013).
Tabela 2: Preço calculado para execução do serviço de contenção com estaca vibro prensada no
empreendimento Holiday Inn Porto Maravilha.
Fonte: SANGLARD; LIMA; OLIVEIRA et al (2013).
Tabela 3: Preço calculado para execução do serviço de contenção com estaca secante no empreendimento
Holiday Inn Porto Maravilha.
Fonte: SANGLARD; LIMA; OLIVEIRA et al (2013).
Existem técnicas que tem um processo construtivo mais barato, como o tubulão, a
estaca hélice contínua e a estaca metálica com pranchada de madeira.
55
bomba para bombear o concreto para do caminhão betoneira até os mangotes da perfuratriz;
e escavadeira ou retroescavadeira para remoção do material proveniente das escavações e
apoio geral (SANGLARD; LIMA, 2013).
Hoje nós temos cinco empresas no Brasil que realizam este tipo de serviço, cada
uma nos seguintes estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina e
Ceará. A disponibilidade total de equipamentos está em torno de 10 perfuratrizes.
56
Um ou dois soldadores, dependendo da necessidade, para soldas e cortes de perfis
ou armações e manutenções nas ferramentas de perfuração;
Um bombista ou operador de bomba de concreto;
Um engenheiro geotécnico que não precisa ter dedicação integral a somente uma
obra.
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4. Aplicação de estaca secante em paredes de contenção
O objetivo deste capítulo é falar sobre alguns estudos de caso em que foram
utilizadas estacas secantes em paredes de contenção, explicando o porquê da sua aplicação
em relação a outras tecnologias.
O estudo foi feito em obras de diferentes construtoras, nas quais as execuções das
paredes de contenção com estaca secante foram feitas pela Solomek.
Neste projeto são tratadas quatro diferentes situações de obras: hotel no bairro do
Catete, hotel em Belo Horizonte, edifício residencial em Niterói e hotel em Copacabana.
Sendo este último o Empreendimento X, que será tratado somente no capítulo 5.
O estudo de sondagem feito no local indicou a presença de solo mole nas camadas
superficiais do local até, aproximadamente, 15 metros de profundidade.
58
a execução de paredes diafragma. Além disso, descartaram-se também o tubulão e o perfil
metálico com pranchada madeira por razões obvias que os tornam inexequíveis. Essas
técnicas não podem ser aplicadas em solos moles, pois estes não tem estabilidade suficiente
necessária para a execução destes métodos.
Era necessária uma técnica que apresentasse o mínimo possível de vibrações, já que
vibrações causam adensamento do solo mole que podem causar problemas na estrutura dos
prédios vizinhos, sobretudo recalque diferencial. Por esta razão foram descartados os
métodos em que se aplicam cravações ou vibrações, como a estaca prancha e o perfil
metálico com pranchada de madeira.
Além disso, o terreno é pequeno, em torno de 15m x 60m, o que dificulta o trabalho
da parede diafragma moldada “in loco”.
Deste modo, apenas estacas raiz e secante poderiam ser executadas. No entanto,
tendo em vista o elevado número de estacas da obra (aproximadamente 500 estacas), aliada
a baixíssima produtividade das estacas raiz, optou-se pela execução de estacas secantes.
59
4.2. Obra 2 – Hotel em Belo Horizonte
O solo do local é argiloso de resistência média e o nível de água era próximo à cota
original do terreno e acompanhava o talude, ou seja, nos fundos do terreno o nível de água
era mais alto do que na frente.
Foi feita uma escavação do talude nos fundos da obra aumentando a sua inclinação
e criando vários pontos de mina de água. E, também foram detectados elevados recalques
nas escavações dos fundos. Ao se detectarem esses problemas, o talude foi recomposto para
que se fizesse uma contenção completamente estanque em um curto prazo de tempo, com o
objetivo de evitar maiores recalques.
Por ser um terreno íngreme, foi feita uma pequena plataforma no topo (onde foi
executada a parede) para movimentação da máquina de estaca secante. No caso da
execução em parede diafragma, essa plataforma teria que ser muito maior para conseguir
comportar os silos de lama, a clam-shell e o guindaste. Com isso, optou-se pela estaca
secante.
Além disso, essa era uma contenção pequena, com aproximadamente 200 estacas, o
que faz com que o prazo de execução e o custo de implantação sejam mais significativos no
total da obra. E o tempo e o preço de mobilização da parede diafragma são muito maiores
que os da estaca secante.
60
4.2.3. Execução da parede de contenção com estaca secante
61
Figura 42: Contenção em estaca secante da obra do hotel em Belo Horizonte.
De um lado da obra existe um prédio com fundação rasa enquanto que do outro lado
tem um edifício com fundação profunda. Nos fundos, encontram-se algumas casas um
pouco afastadas da divisa do terreno da obra.
Do lado do prédio com fundação rasa não pode existir praticamente nenhum
recalque. Devido a isso, a parede tem que ser completamente estanque, para não permitir
carreamento e movimentação de solo. Assim, as duas possibilidades existentes eram a
parede diafragma e a estaca secante.
62
Optou-se por estaca secante porque, como eram poucas estacas (somente de um lado
da obra), a parede diafragma seria uma opção mais cara e demoraria mais tempo, devido à
mobilização e à desmobilização, assim como no caso da obra em Belo Horizonte abordada
no capítulo 4.2 deste trabalho.
Nos outros três lados da obra poderiam existir um pouco de recalque nos terrenos
vizinhos, então foi decidido fazer a parede de contenção com um método mais simples e
barato: perfil metálico com pranchada de madeira.
Na figura 43, pode-se ver uma parte da contenção em estaca secante feita nessa
obra.
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5. Estudo de caso
O terreno tem 600 m² e a construção está situada entre dois prédios de mais de 10
pavimentos cada, conforme é possível observar na figura 44.
64
Figura 44: Construção do Empreendimento X e edifícios próximos.
Esta obra está dentro do pacote olímpico de obras do Rio de Janeiro. Ou seja, é um
hotel que recebe os benefícios e isenções desta categoria. Com isso, ele precisa ficar pronto
dentro do prazo para as Olimpíadas de 2016, caso contrário, existe uma multa altíssima que
a construtora terá que pagar.
A obra escolhida tem dois subsolos com fundação em radier de um metro e meio de
profundidade, ou seja, foram escavados aproximadamente 7 metros e meio a partir do nível
do terreno.
Além disso, a largura do terreno é muito estreita, cerca de doze metros, e a área do
terreno é pequena, em torno de 600 m².
65
Por existir uma data máxima de entrega do hotel para as Olimpíadas, a obra que tem
um curto prazo de construção.
Nessa obra, optou-se por não utilizar tirantes como método de ancoragem da parede
de contenção. Já que a obra é estreita, foi possível utilizar estroncas (figura 45), um método
mais simples e barato.
Por se tratar de uma região de praia, o nível da água é muito alto, próximo à
superfície. Além disso, o solo é arenoso, ou seja, muito permeável.
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Outra peculiaridade é que a obra está localizada em um bairro que tem restrição ao
tráfego de caminhões em grande parte do dia. Os caminhões só podem circular no bairro
entre às 10h e às 17h.
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Outra dificuldade que está diretamente ligada ao elevado nível da água, é a
necessidade novamente de se obter uma parede estanque.
Devido à restrição do tráfego, caminhões só podem chegar depois das 10h e tem que
sair antes das 5h, ou seja, caminhões de concreto, materiais, solo escavado, dentre outros,
só podem chegar e sair da obra dentro desse período.
Por ser um bairro residencial, existe uma grande restrição de barulho em muitos
horários. Então, é importante que a técnica escolhida seja minimamente silenciosa.
Para entender o motivo pelo qual a construtora optou pelo método executivo de
paredes de contenção em estaca secante, será feita uma comparação dessa tecnologia com
os tipos de contenção que foram faladas no capítulo 2 deste trabalho.
68
5.4.1. Parede diafragma moldada “in loco”
Para a execução da parede diafragma é necessária uma grande área para locação dos
silos de lama bentonítica, de dois equipamentos de grande porte (Clam-shell e um
guindaste), da central de armação e do caminhão de concreto. Já a estaca secante necessita
de uma área muito menor para realização da contenção.
Outro ponto importante para esta obra é o máximo de ganho possível de área de
subsolo. A espessura da contenção no caso da parede diafragma é de, no mínimo, quinze
centímetros a mais do que a da estaca secante e a distância da parede com a divisa é de, no
mínimo quinze centímetros, enquanto que em estaca secante pode-se fazer a sete
centímetros da divisa. Um ganho total de pelo menos 22 cm e de, aproximadamente, 54 m²
de área no subsolo.
Seria possível fazer esta parede de contenção com parede diafragma, entretanto,
devido às características de cada tecnologia e dos benefícios da estaca secante para esta
obra, o construtor preferiu optar pela mesma.
O método executivo da estaca prancha com bate estacas ou vibro prensada gera
vibrações nos terrenos próximos, fazendo com que as partículas do solo arenoso vão se
rearranjando, podendo gerar recalques em razão do adensamento do solo. Como os prédios
ao lado são apoiados em fundações diretas, um recalque nessas construções poderia ser
muito perigoso. Concluiu-se que essa técnica não seria muito segura para a obra. Devido a
isso, a estaca prancha foi descartada.
69
5.4.3. Estaca hélice contínua justaposta
5.4.5. Tubulão
Para que o funcionário consiga entrar dentro do tubulão e a escavação seja feita com
a garantia da estabilidade do furo, é necessário que o solo tenha coesão e o nível de água
esteja abaixo do fundo da estaca.
Como o nível da água é alto e o solo arenoso, seria muito difícil impedir o recalque
gerado pelo transporte de materiais durante o prancheamento. Assim, esse método foi
descartado. O risco de ter sérios problemas nas construções vizinhas é muito alto.
70
5.5. Processo construtivo
Foi escolhido usar perfis metálicos no lugar de armações porque eles descem mais
facilmente no concreto, ocupam menos espaço na obra e já vem pronto, ou seja, não precisa
de armador.
Como a área disponível é muito pequena, metade da obra foi usada para
armazenamento de perfis e do solo escavado, enquanto que na outra parte se executavam as
estacas. Na sequência, inverteu-se a localização dos perfis e do solo escavado para o local
onde já haviam sido feitas as estacas e iniciou a execução das estacas do outro lado da obra.
É importante lembrar que, a cada avanço das escavações, era necessário aprofundar
o rebaixamento do lençol freático.
Na figura 46, pode-se ver uma foto da obra com a contenção e as estroncas feitas.
71
Figura 46: Construção do Empreendimento X.
Um ponto muito importante foi o ganho de área de subsolo em uma região em que o
valor do terreno é muito alto. Isso foi possível devido à pequena espessura da parede (42
cm) e à pequena distância da parede à divisa (7 cm).
72
Já que, por ser estanque, não houve carreamento de partículas de solo e, além disso,
também não houve grandes deformações na parede.
5.7. Custos
Nesta obra foram feitas 400 estacas com comprimento de 16 metros cada, um total
de 6.400 metros lineares de estaca.
De acordo com os valores da tabela 1 do capítulo 3.6, foi calculado um valor total
estimado para a execução da parede de contenção em estaca secante nesta obra (tabela 4).
Tabela 4: Estimativa de preço para execução do serviço de contenção com estaca secante para o
Empreendimento X.
Fonte: O AUTOR (2014).
De acordo com todas as análises e comparações que foram feitas no estudo de caso
desta obra, pode-se concluir que, dentro das opções de tecnologia existentes para a
73
execução da contenção, a escolha da técnica em estadas secantes pela construtora foi uma
excelente opção, se não a melhor.
Outra tecnologia que poderia ser usada neste caso é a parede diafragma moldada “in
loco”. Entretanto, os ganhos de produtividade e qualidade seriam menores se comparados
com a estaca secante, conforme já foi feito.
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6. Conclusões
75
Facilidades executivas e vantagens Limitações e desvantagens
Garantia de linearidade -
Controle computadorizado -
Inexistência de vibrações -
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Com a tabela 5, é possível observar que, mesmo com as limitações do sistema, as
vantagens e facilidades executivas são muito maiores se comparadas com as desvantagens.
Além disso, foi possível observar nos quatro estudos de caso deste trabalho os diversos
ganhos em produtividade e qualidade que a técnica pode trazer.
Uma sugestão para trabalhos futuros que pretendam aprofundar mais este tema é a
realização de um estudo específico de custo versus benefícios da estaca secante. De forma
que seja possível quantificar e comparar, em exemplos reais de obras, o que foi gasto com
os ganhos obtidos. Esta é uma forma de sair do âmbito da pesquisa bibliográfica e teórica
sobre o assunto e começar a estudar e a mostrar os resultados da tecnologia na prática.
77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HACHICH, Waldemar; FALCONI, Frederico F.; SAES, José Luiz et al. Fundações
Teoria e Prática. 2 ed. São Paulo, Pini, 1988.
MORAES, Márcio Luiz Varela Nogueira de. Material didático da disciplina Estruturas
de Contenção. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte-IFNR. Edificações. 2014.
SANGLARD, Louise Nideck; LIMA, Guilherme Borges de. Contenções de terrenos com
a utilização de estacas secante. Prêmio Destaque 2013 da Odebrecht S. A. 2013.
SANGLARD, Louise Nideck; LIMA, Guilherme Borges de; OLIVEIRA, Bárbara Tannus
de et al. Estaca secante. Projeto de melhoria e inovação 2013 da Odebrecht Realizações
Imobiliárias. 2013.
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REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
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