Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Política interna e política externa estão diretamente relacionadas. Um Estado forte tende a ter
uma política externa mais assertiva. Se há muitos problemas internos, esse Estado tende a ter
uma política externa “em negativo”, conforme termo cunhado por José Murilo de Carvalho.
A preferência do Brasil por negociações foi rompida somente na Questão de Palmas (1895)
- Já durante a República, a Questão de Palmas foi a primeira arbitragem fronteiriça do Brasil.
Juan Manuel de Rosas foi um caudilho argentino que pretendia centralizar o poder em Buenos
Aires, gerando uma série de atritos com caudilhos do interior, como o General Urquiza.
Na década de 1830, Rosas conseguirá impor seu poder não só na Argentina, mas na região do
Prata como um todo, aproveitando-se da fraca e tímida posição brasileira durante o período da
Regência (segundo Amado Cervo, havia um “imobilismo brasileiro no Prata”).
Porém, foi na década de 1830 que ocorreram as “Missões Duarte da Ponte Ribeiro”, que
pretendiam fazer com que o Brasil se voltasse para os países latino-americanos, afastando-se da
visão europeísta de D. Pedro I.
Com a coroação de D. Pedro II, o Império do Brasil necessita preparar-se para tornar sua política
externa mais atuante. A Secretaria de Negócios Estrangeiros, durante o período regencial, era
desorganizada, caótica. D. Pedro II, em 1841, implementará a Reforma Sepetiba, muito
importante como tentativa de organizar a estrutura da Secretaria. Entre as principais conquistas
dessa reforma, está a criação de um arquivo oficial (fundamental, por exemplo, para as
discussões lindeiras).
Algum tempo depois, Rosas irá propor uma aliança com D. Pedro II. Estavam ambos com
problemas internos: Rosas com Urquiza e Pedro II com Bento Gonçalves.
“O Tratado de Aliança foi assinado por Pedro II, em 24 de março de 1843, e seguiu para
Buenos Aires, para ser ratificado por Rosas, o qual, porém, desautorizou as gestões de Güido,
argumentando que nenhum acordo podia ser negociado sem o consentimento de Manuel
Oribe. Na realidade, Rosas dispensou a aliança com o Império porque fora afastada a ameaça
de intervenção anglo-francesa contra si e Corrientes fora pacificada. No Brasil, essa recusa foi
interpretada como uma afronta a Pedro II e, mais, fez com que os governantes brasileiros se
convencessem de que Rosas era um inimigo do Império e, portanto, montaram uma
estratégia para enfrentá-lo. (...)”
Histórico:
- Em 1811, o caudilho Gaspar Francia fará a independência do Paraguai
- Francia: política de isolacionismo, mesmo com o reconhecimento unilateral de D. João VI.
- Com a morte de Francia, assume Carlos Lopez, que promoverá a abertura do Paraguai.
- Paraguaios tinham desconfiança em relação ao Rosas e Brasil aproveita para fazer um aliado.
1845: Tratado de Poncho Verde
→ Dará um ponto final à Revolução Farroupilha.
- Império vai preferir negociar com estancieiros gaúchos revoltosos, pois precisa deles.
- Governo necessita da Cavalaria gaúcha e das alianças externas que esses gaúchos tinham.
- Bento Gonçalves e a República Rio-grandense eram muito bem relacionados.
- Império do Brasil herda os parceiros de Bento Gonçalves.
- Aliança do Brasil com Urquiza (inimigo de Rosas ao norte da Argentina – Corrientes/Entrerríos).
- Governo brasileiro fará aliança com Rivera no Uruguai (Colorado, inimigo de Oribe).
O governo imperial brasileiro sentiu, ao final da década de 1840, a necessidade de levar sua
política externa na América do Sul para além de Paraguai, Argentina e Uruguai. Assim, Paulino
José Soares de Souza enviará Duarte da Ponte Ribeiro novamente a países vizinhos como Chile,
Peru e Bolívia, para assinar acordos bilaterais (até mesmo tratados de limites).
Livro: Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos. O Império do Brasil e as Repúblicas do Pacífico.
→ Final dos anos 1840 –novas missões Duarte da Ponte Ribeiro – Chile, Peru e Bolívia
- Obter neutralidade diante de guerra contra Rosas e, quando possível, acordos de limites.
- Para países mais ao Norte (Colômbia e Venezuela), Paulino designou Miguel Maria Lisboa.
QUESTÃO 4
1. Discorra sobre a política externa brasileira nas décadas de 40 e 50 do século XIX e situe a
“Missão Especial nas Repúblicas do Pacífico e na Venezuela” nesse contexto, apontando
seus objetivos e seu alcance.
→ Objetivo: política de contenção a Rosas; política de intervencionismo no Prata; não havia
expansionismo por parte do Brasil.
→ Alcance: não concluímos todos os tratados de limites, mas deixamos rascunhos
importantes para o futuro. Conseguimos sucesso em obter a neutralidade dos vizinhos em
relação à nossa política de contenção a Rosas.
Na década de 1820, houve enfrentamento entre a República das Províncias Unidas do Rio da
Prata e o Império do Brasil, em torno da Província Cisplatina. Brasileiros e argentinos disputaram
a Cisplatina, por 3 anos. Ao final, foi assinada uma Convenção de Paz, em 1828, intermediada
pela Inglaterra.
Bento Gonçalves, líder farroupilha, fará uma aliança sólida com Fructuoso Rivera (presidente
uruguaio – Colorado). Quando explode a grande guerra uruguaia, os Colorados de Rivera (unidos
a Bento Gonçalves – com ajuda dos Carbonari de Garibaldi) lutarão contra os Blancos de Oribe
(unidos a Rosas).
Em 1851, Rivera conseguirá um aliado de peso: o Império do Brasil, que realiza uma exitosa
intervenção no Uruguai. A partir de então, o Uruguai seria, segundo definição de Doratioto, uma
espécie de semi-protetorado brasileiro.
→ Tratado de Extradição
- Direito de solicitar a extradição de escravos fugidos e criminosos no Uruguai.
→ Tratado de Socorro
- Reconhecimento da dívida uruguaia com o Brasil pelo auxílio na Grande Guerra (1839-1851).
→ Tratado de Limites
- Uruguai renuncia suas reivindicações territoriais ao norte do rio Cuareim.
- Direito exclusivo do Império de navegação na Lagoa Mirim e no rio Jaguarão.
A interpretação tradicional:
→ Responsabilidade de Solano Lopez em relação à guerra:
- Império o retratava com um ditador, torturador e expansionista.
- D. Pedro II colocava-se como aquele que salvaria a América do Sul
OBS.: essa interpretação em relação às causas da Guerra do Paraguai será hegemônica até o
surgimento de uma corrente historiográfica marxista.