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1 de Outubro de 2019

‘Parabéns, ministra, pela demora’, diz advogada depois de


cliente morrer esperando julgamento

Fonte: Direito News

“É com lástima que viemos aos autos juntar a cópia de atestado de óbito de
Celmar Lopes Falcão, e dar-lhe os parabéns. Parabéns, Ministra, pela
demora!”. Essa foi a anotação feita por uma advogada em um documento
enviado ao Supremo Tribunal Federal para informar que seu cliente, um
homem de 80 anos que aguardava julgamento da Corte há onze anos,
morreu no último dia 16 em Pelotas, no Rio Grande do Sul.
“A sociedade está cansada de um Judiciário caríssimo e que,
encastelado, desconsidera os que esperam pela ‘efetividade’ e pelo
cumprimento das promessas constitucionais”, escreveu a advogada
Lílian Velleda Soares na prestação de informações protocolada no
Tribunal nesta quarta, 25.

Documento ‘PARABÉNS, MINISTRA’

No texto endereçado à ministra Rosa Weber, relatora que sucedeu a


ministra Ellen Gracie no processo, quando esta se aposentou, em 2011, a
advogada afirma ainda que a ministra ‘encarna’ ‘desprezo’ do
Judiciário ‘pelo outro’ e diz ainda. ‘Informamos também que as pompas
fúnebres foram singelas, sem as lagostas e os vinhos finos que os nossos
impostos suportam’ – em referência à licitação de R$ 1,1 milhão que o
STF anunciou, em abril, para refeições servidas pela Corte.

Em petições juntadas ao processo no STF, a advogada aponta que Celmar


era parte em um processo na 2.ª Vara Federal de Rio Grande (RS) que em
2001, em fase de cumprimento, teria sido alvo de embargos de declaração.
O objeto da ação seria o reajuste de 28,86% de seu benefício, que segundo
relatado pela defensora no autos, teria sido concedido a Celmar
administrativamente pelo Poder Judiciário em 1999.

A defensora indica que o trâmite do processo, no entanto, estaria suspenso


por causa dos reflexos de um Recurso Extraordinário apresentado em maio
de 2018 à Corte máxima pelo INSS.
Na época, o processo foi distribuído para a ministra Ellen Gracie, que se
aposentou em agosto de 2011. Em dezembro do mesmo ano, a relatoria do
processo foi redistribuída à Rosa, a sucessora de Ellen. Rubricado como de
‘repercussão geral’, o processo exige análise do Plenário do Tribunal.

No documento, a advogada afirma ainda que desde maio de 2012, ‘suplica’


o julgamento do Recurso Extraordinário.

“No entanto, o STF não cumpriu, até hoje, o dever de prestar jurisdição de
forma célere”, ela escreve.

Em petições anteriores, a defensora requereu prioridade na tramitação do


processo na Suprema Corte brasileira, fazendo ainda diferentes indicações
sobre o estado de saúde de Celmar.

Um dos pedidos anota que o homem tinha Mal de Parkinson e


precisaria da verba embargada para tratamento. Em tal documento, a
advogada diz: “Esta é necessária antes da morte, Excelência pois para a
barca de Caronte, apenas uma moeda é bastante”.

Além do informe sobre a morte de Celmar, a defensora enviou duas


comunicações à Corte em 2019. Uma em março, pedindo que o recurso
fosse incluído em pauta e julgamento, e a outra em agosto, informando
sobre a piora do quadro de Celmar, que foi internado com diagnóstico de
‘lesão expansiva sugestiva de meningioma’.

O Recurso do INSS no Supremo


O Recurso no qual Celmar era parte interessada foi protocolado em maio de
2008 pelo INSS contra um acórdão 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Federais do Paraná. Na ocasião, os magistrados negaram o
pedido feito pelo instituto de seguridade para declarar da
inconstitucionalidade de ‘coisa julgada’ – uma sentença que reconheceu o
direito de um segurado a ter seu benefício de pensão por morte revisado. O
órgão tinha como objetivo suspender o cumprimento da sentença, ou seja,
‘pagamento das prestações vencidas calculadas e implantação da revisão do
benefício’.
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Disponível em: https://joaoleandrolongo.jusbrasil.com.br/noticias/762989304/parabens-ministra-pela-


demora-diz-advogada-depois-de-cliente-morrer-esperando-julgamento

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