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PROCESSO CONSTITUCIONAL

Prof. Marcos Vinícius Tombini Munaro

Advogado e Procurador Concursado do Poder Legislativo de Quedas do


Iguaçu/PR. Especialista em Direito Aplicado pela Escola da Magistratura do Estado do
Paraná. Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Faculdade de Ciências Sociais
e Aplicadas de Cascavel. Especialista em Direito Público pela Universidade Anhanguera.
Mestrando em Direito Processual Civil e Cidadania pela Universidade Paranaense na
Linha de Jurisdição Constitucional e Direitos Fundamentais.

AVISO IMPORTANTE: O presente material se trata de um mero resumo


superficial e serve apenas para orientar os alunos nos tópicos principais da matéria. A
prova não será baseada apenas neste resumo, podendo exigir conhecimentos
abordados em sala de aula, aliados aos livros da bibliografia básica (disponível no portal
SAGRES). Recomenda-se que o aprofundamento da matéria seja feito com o livro: Curso
de Processo Constitucional (Controle de Constitucionalidade e Remédios
Constitucionais) de Dimitri Dimoulis e Soraya Lunardi (Existente no acervo da Biblioteca
da FAG).

HISTÓRIA DO PROCESSO CONSTITUCIONAL

1 - PROCESSO CONSTITUCIONAL

A definição ampla seria o conjunto de tipos de processo regulamentados pela


Constituição, para garantir o respeito aos direitos fundamentais e as regras de
organização do Estado.

2 – HISTÓRIA DO PROCESSO CONSTITUCIONAL.

2.1 - Supremacia da Constituição

A Constituição, produto do poder constituinte do povo, constitui a lei


fundamental do Estado, que regulamenta os limites e o modo de atuação de cada um
dos poderes políticos do Estado e, consequentemente, também do poder legislativo,
executivo e judiciário.

Quem deve garantir a supremacia da Constituição?

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A CF é o ponto máximo do ordenamento.

Quem deve garantir a supremacia da Constituição?


O legislador

O processo legislativo e os limites são criados na própria CF. E também deve o


legislador primar por cumprir os programas constitucionais. Ex: CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) pode vetar lei.

O Executivo

O Chefe de estado – dever e capacidade de fazer respeitar a CF. Ex: vetar leis
inconstitucionais.

O Judiciário

Maior destaque na atualidade. Cabe aos julgadores, precipuamente, decidir


sobre interpretação e aplicação do direito.

A corte Constitucional

Embora integra o Judiciário, é desmembrada, nesta classificação, pois tem


países, como é o caso da Áustria, que o controle de constitucionalidade é exercido
unicamente por uma Corte Constitucional. O Brasil tem um critério misto (difuso e
concentrado), como será estudado a frente.

Todos.

Todas as autoridades e cidadãos. O cidadão pode começando a não aceitar atos


inconstitucionais e procurar os poderes cabíveis para valer seus direitos.

2.2. Noções de Controle de constitucionalidade

Conceito: Mecanismo de verificação da compatibilidade de uma lei ou ato


normativo com a CF. Fundamento: Supremacia da CF. Objetivo: todas as normas
encontram fundamento de validade na CF.

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a)_Controle difuso – lembre-se, é aquele controle que está espalhado, nas
mãos dos juízes, tribunais, pode ser feito em qualquer ação. Trata-se também do
modelo chamado americano, por serem os EUA o primeiro pais a adota-lo. A fiscalização
constitucional é realizada por todos os órgãos judiciais do ordenamento, sendo mais
preciso denomina-lo de universal.
Cada órgão do Judiciário realiza o controle no âmbito de suas competências.
Este sistema é adotado nos EUA, na Argentina, na Grécia, no Japão.

Ex1: eu não quero pagar um tributo porque a lei é inconstitucionalidade e eu


entro com uma ação para não pagar – se eu ganhar essa ação, em regra, esses efeitos
são interpartes e ex tunc – de forma retroativa.

Ex2: habeas corpus – a lei que a autoridade se baseou para decretar a prisão é
inconstitucional, porque fere a CF, ai se pede no HC alvará de soltura, a causa de pedir,
é que a lei que a autoridade se baseou para decretar a prisão é inconstitucional. Este
controle se dá, em regra, no caso concreto, em regra, esses efeitos são ex tunc –
retroativos – há possibilidade de modulação.

b) Controle Concentrado – Concentra-se só em 2 órgãos – só pode ser feito por


2 tribunais: se for em relação à Constituição, se ela for o padrão, o paradigma, este
controle será feito pelo STF. Por outro lado, se estivermos falando de constituições
estaduais, o Estado igualmente tem que seguir a estrutura federal, sob pena de
inconstitucionalidade, mas as leis estaduais e municipais, não devem guardar
compatibilidade apenas com a CF, mas também com as constituições estaduais, se esta
lei não observar a Constituição é possível seja feito o controle de constitucionalidade
federal ou estadual. Controle de constitucionalidade federal é feito pelo STF. Controle
de constitucionalidade estadual é feito pelos TRIBUNAIS DE JUSTIÇA do respectivo
estado.
Neste caso, uma Corte Constitucional ou Suprema Corte, decide sobre a
alegação de inconstitucionalidade, concentrando a competência. A Áustria, a Itália e a
Alemanha são exemplos de controle Concentrado.

b.1) Legitimados - art. 103, da CF – Podem propor ações de controle


concentrado no STF – ADI/ADC/ADPF – Principais. Também é conhecido como controle
abstrato, embora aqui há discussões doutrinárias a respeito. A lei traz comandos
abstratos e genéricos aplicados as pessoas indistintamente e são estes comandos que
estão sendo analisados, se esta lei for declarada inconstitucional, são estes comandos
abstratos que são declarados inconstitucionais e isso vale para TODOS e não só para as

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partes. Em regra o controle concentrado possui efeito ERGA OMNES, efeito para todos
– EX TUNC – Retroativo em regra, porque a Lei não se torna inconstitucional – se feita
após a CF. Ela é inconstitucional desde a origem, desde o seu nascedouro.

c) Sistemas mistos: Combinam o controle concentrado e difuso acima descritos.


Teríamos tal sistema quando o Tribunal Supremo decide de forma concentrada sobre a
constitucionalidade de leis, mas isso não impede que qualquer juiz possa realizar o
controle de maneira difusa, alguns autores preferem o termo dual/paralelo. São
exemplos deste controle o Brasil, o México e Portugal.

3. Controle de constitucionalidade segundo THE FEDERALIST PAPERS (O


FEDERALISTA)

Histórico: Antes de qualquer tribunal proceder a modalidades de controle de


constitucionalidade, já havia exemplos da atribuição de supremacia a determinado
corpo normativo: (a) no direito ateniense, o nomos – o direito formal – prevalecia ante
o pséfisma – espécie de decreto; (b) no caso Bonham (1610), o juiz inglês EDWARD COKE
decidiu que a lei não poderia estar em contradição com o direito natural (natural equity);
(c) em julgamento de 1761, o juiz JAMES OTIS encontrou razões jurídicas “superiores”
para invalidar leis fiscais adotadas contra colonos norte-americanos. Entretanto, todos
esses registros históricos estavam inteiramente atrelados à ascendência de um tipo de
direito natural em face do direito positivo.

A ligação entre constitucionalismo, constituições rígidas, supremacia


constitucional e controle judicial de constitucionalidade só surgiu com ALEXANDRE
HAMILTON, num estudo escrito em 1788 (texto n. 78 de O federalista), quando dos
debates para referendar o texto da Constituição norte-americana de 1787. Embora não
houvesse previsão específica para concluir pela possibilidade de controle judicial da
constitucionalidade das leis, HAMILTON embasou-se nas seguintes premissas lógicas: (a)
a vontade do povo, materializada na Constituição, é qualitativamente superior à
vontade do Legislativo, que se manifesta nas leis em geral; (b) função do judiciário é
interpretar a lei; (c) a Constituição é a lei básica (lex superior) e como tal deve ser
considerada pelos juízes; assim: (d) se um juiz se deparar com normas contrastantes
entre si, e se uma delas for de natureza constitucional, é estaque deverá prevalecer.

- Introdução

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Artigos publicados em jornais de Nova York entre 1787 e 1788, visando apoiar
a Constituição dos EUA que estava em processo de aprovação pelos Estados Membros.

Maior destaque: Art. 78 – Alexandre Hamilton apresentava argumentos


favoráveis ao controle da atividade legislativa pelo Judiciário, para preservar a
supremacia da Constituição.

Motivos: Ele relatava que na época o judiciário era o mais fraco dos 3 poderes,
e não haveria liberdade se o poder de julgar não fosse separado dos demais poderes. A
plena independência do Judiciário é essencial em uma constituição limitada. Qualificar
como limitada significa a Constituição estabelecer limites ao legislativo, como, a
proibição de condenar sem processo, proibição de leis retroativas e etc.

Dúvidas surgiram, tais como, se o judiciário pode anular os atos do legislativo,


então seria um poder superior? A resposta deve ser negativa, a constituição é um poder
originário, os representantes do povo não podem substituir a vontade do povo. O
judiciário é um intermediário entre o povo e o legislativo, para manter este último
dentro das suas limitações. Aqui aplica-se a regra que a maioria não pode tudo, sendo
vedado oprimir a minoria da comunidade. Se a lei contraria a constituição, os juízes
devem seguir a constituição que é lei fundamental e não as leis não fundamentais.

Até que o povo reclame e altere uma constituição, esta deve ser respeitada por
todos. Estabilidade dos julgadores – independência do judiciário e qualificações
necessárias. Juízes com mandato temporário. Criticava a nomeação de juízes pelo
executivo ou legislativo, sob pena de indevida condescendência. Se forem por meio de
voto, pelo povo, ficarão mais preocupados em agradar o eleitorado e não a cumprir as
leis, por isso, desde esta época já defendia o modelo similar de estabilidade e
independência do judiciário, que temos na atualidade.

4. O controle de constitucionalidade pela suprema corte dos EUA.

Onde foi que surgiu o controle difuso de constitucionalidade?

Caso Marbury x Madison no Direito Americano – 1803.

Aqui volta-se ao ano 1797/1798, nesta época o presidente dos EUA era John
Adams e tinha como secretário de Estado John Marshall. E o presidente fazia parte do
partido federalista (nesta época existia o partido republicano e o federalista).

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O partido Republicano fazia uma oposição forte contra o federalista, porque
para os republicanos os EUA deveriam apoiar a França contra a Inglaterra, mas Adams,
não aceitava isso e não fizeram isso. Mas, nas eleições seguintes, o partido federalista
perdeu a maioria dos integrantes no Congresso Americano e John Adams previa já que
nas próximas eleições iria perder, não só no Congresso, como também a presidência.
Daí, Adams alterou a legislação dando o direito a ele para nomear diversos Juízes das
Cortes, inclusiva da Suprema Corte. Ele pensou em colocar pessoas que ele pudesse
influenciar no judiciário e Adams passou a nomear vários Juízes e aí ele nomeou John
Marshall, transformando-o em ministro da Suprema Corte, ele era seu Secretário de
Estado.

Dentre eles, estava na Lista Marbury, na lista de pessoas para serem nomeadas
como Juízes. Este evento ficou conhecido como juízes da meia noite, quem recebeu a
carta de nomeação tomou posse e entrou em exercício e isso foi no final do mandado
de Adams e depois assumiu o Presidente Thomaz Jeferson. MADISON nos primeiros dias
de mandado, cassou essas cartas de nomeação de juízes que Adams tinha feito, em
outras palavras, quem recebeu as cartas de nomeação e tomou posse ficará onde está,
por conta do direito adquirido, ato certo. Agora, os que não tomaram posse ou que
ainda não receberam a carta de posse, eu CANCELO a ordem e você não poderá mais
entrar no judiciário. Um destes indivíduos era o MARBURY, que não tinha tomado posse
ainda, aí ele perdeu o direito, porque MADISON entendia que ele tinha perdido esta
oportunidade.

MARBURY ficou indignado porque ele era para ser um membro da suprema
corte, equivalente a um juiz do STF e não o foi. Isso gerou o caso MARBURY vs.
MADISON, porque Marbury entendia que tinha direito líquido e certo para tomar posse
como juiz, já que havia um ato oficial de ADAMS nomeando ele, só que este ato nunca
chegou concretizado. Aí ele entrou com um mandamus (similar ao nosso mandado de
segurança) ajuizado na suprema corte com base em uma legislação infraconstitucional
que dizia que estes mandados eram julgados na suprema corte.

Quem estava na suprema corte? Marshall, já era Juiz e o caso foi para ele. E
Marshall ficou em uma situação cômoda, porque ele foi nomeado por Adams e tinha
esta questão para ele decidir e ai MARSHALL foi genial, saiu pela tangente, e não queria
se comprometer com nenhum dos partidos e fez 3 perguntas.

- Marbury tinha esse direito? SIM

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- O Estado Americano teria como proteger este direito? SIM
- A Suprema corte americana era competente para julgar o caso? NÃO. A
Suprema Corte dos EUA disse que MARBURY tinha o direito, mas a Corte não possuía
competência para julgar, pois a lei que atribuía tal competência para a Suprema Corte
era inconstitucional.

Aqui está o gatilho par ao surgimento do controle difuso de


constitucionalidade. A legislação infraconstitucional que permitia que a suprema corte
americana julgasse mandados contra secretários de Estado, no entender de Marshall
seria inconstitucional porque estaria ampliando a competência da suprema corte de
maneira não prevista pela constituição dos EUA. Assim, para ele, não havia como um ato
infraconstitucional ferir a Constituição americana. Ele disse que seria a suprema corte
que teria a última palavra na interpretação constitucional e assim, a suprema corte
poderia declarar incompatível com a CF leis em sentido contrário a constituição.

Aí MARSHALL CRIOU a base para o controle INCIDENTAL de


constitucionalidade. Não houve um controle concentrado como no modelo austríaco, o
mérito era saber se Marbury tinha ou não direito de tomar posse como Juiz. Mas,
incidentalmente Marshall criou as bases do controle difuso que foram copiadas pela
nossa CF de 1991, o controle difuso veio para o Brasil copiado do direito americano.

Mas, o controle americano a decisão de um tribunal superior vincula os demais


tribunais e juízes inferiores. Até mesmo uma decisão incidental no direito americano
tem efeito erga omnes. No Brasil não tem isso, aqui, o controle difuso tem efeito inter
partes, em regra e não vinculantes. Evidentemente hoje em dia, esse defeito foi
corrigido, porque já temos CONTROLE CONCENTRADO de constitucionalidade em que
copiamos o modelo austríaco e hoje se fala de objetivação do controle concentrado. Ex:
sumula vinculante. A sumula vinculante são reiteradas decisões do STF que tem efeitos
vinculantes, vincula todos os tribunais e a administração.

Assim, aos poucos o sistema americano de precedentes vai entrando no Brasil,


mas hoje não podemos mais dizer que temos o CIVIL LAW, hoje temos uma mistura
entre o COMON LAW e o Civil Law. Nas palavras de Fredie Didier, Brazilian Law – aqui
há uma mistura.

Modelo americano, uns dizem que partiu da constituição, outros que partiu de
uma interpretação da corte americana, a partir de 1803, no celebre caso Marbury vs.
Madison, passou-se a admitir o controle de constitucionalidade, isso é, o juiz, no caso

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concreto, pode fazer a verificação da compatibilidade da lei ou não, com a Constituição.
É o modelo de controle concreto ou incidental, porque se diz que até como elemento
de controle da atividade política do juiz, o judiciário só pode se pronunciar em concreto,
a lei tem que ser aplicada a um caso concreto e haja duvida da sua compatibilidade com
a CF.

A Situação mais comum, é quando o juiz se depara com um processo e A diz


que tem direito em face de B baseado na Lei X e B diz que a Lei X é inconstitucional, aí o
juiz deve resolver essa controvérsia incidental, o juiz precisa dizer se a lei é
constitucional.

John Marshall é considerado, por isso, o pai do controle americano de


constitucionalidade, chamado de controle incidental. Este modelo também é chamado,
a partir de uma obra de Mauro Capeletti, de Modelo Difuso/incidental, porque quando
se adota este modelo americano, temos o reconhecimento que qualquer juiz ou tribunal
competente para dirimir uma data controvérsia jurídica, será competente para a
questão constitucional. Logo, em geral, os juízes ou tribunais competentes para decidir
uma controvérsia, serão competentes para dirimir a questão colocada a eles, por isso a
múltipla denominação, chamamos de controle americano, porque isso se deu na
américa, é incidental, porque a questão trazida é um incidente em relação a questão
principal que vai ser resolvida. É concreto, porque o exame da constitucionalidade se dá
em concreto. Difuso, porque a competência não é de um órgão especifico, pois qualquer
tribunal ou juiz competente o será para dirimir aquela controvérsia trazida (Isso vai se
contrapor ao modelo europeu ou modelo de perfil CONCENTRANDO – porque haverá
um órgão judicial competente para dirimir uma controvérsia jurisdicional).

5. Controle de constitucionalidade na Áustria: Corte Constitucional


Desde a Constituição de1 1920, a Áustria incorporou a doutrina Kelsiniana do
controle concentrado de constitucionalidade, instituindo uma Corte Constitucional
independente dos demais poderes. A partir da Constituição de 1929, adotou, também,
forma singular de controle concreto, em que os tribunais de segunda instância, nos
casos concretos, podem suscitar incidentes de inconstitucionalidade de normas a serem
dirimidos pela Corte Constitucional. Desta forma, os tribunais são competentes para
conhecer, mas não para decidir a controvérsia constitucional.
O modelo Austríaco, com modificações, é adotado na maioria dos países da
Europa continental, tais como Itália, Alemanha, Espanha, Bélgica e, mais recentemente,
na França ( a partir da reforma constitucional havida em 2008).
Ainda, Georg Jellinek – 1885 - concordava com o raciocínio de Marshall. Porém,
afirmava que se o Poder Judiciário realiza este controle, há o risco de decisões

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conflitantes. A melhor solução seria criar um Tribunal especifico que concentre esta
competência para fiscalizar as leis – Corte Constitucional, com fiscalização preventiva.
Assim, é um sistema oposto do norte-americano, a novidade aqui está na tríade:
controle principal, abstrato e concentrado. Neste sistema a lei inconstitucional é
eliminada.
Hans Kelsen defendeu muito este modelo Austríaco.
Marco: Em 1920 houve a Criação, na Áustria, da corte de Justiça Constitucional
– único órgão para exercer a fiscalização da constitucionalidade das leis – controle
concentrado.
6. Controle judicial de constitucionalidade na Grécia do Século XIX
Primeira sentença admitindo o controle – 1871. Afastamento de leis pelos
juízes, se contrarias a constituição.
Aqui o Controle é judicial repressivo, difuso e incidental.
Grécia: Estado Unitário, sem sistema federativo e presidencialista.
Frustração na criação de uma Corte Constitucional, centralizando o controle,
tal como na grande maioria dos países europeus, sem êxito até hoje.
Os tribunais superiores não desejam uma autoridade superior
Governo não deseja um órgão que julgue a constitucionalidade de forma
vinculante.

7. Modelo Português e influencia no direito brasileiro

O modelo português muito influenciou a Constituição Brasileira de 1988,


sobretudo quanto à possibilidade do controle das omissões inconstitucionais. O modelo
português concilia tanto o controle judicial concentrado quanto o judicial difuso. No
controle concentrado, atua o Tribunal Constitucional, cujas decisões tem, via de regra,
eficácia ex tunc e repristinatória (Constituição, art. 282, I). Todavia, em casos
excepcionais, o Tribunal Constitucional pode fixar efeitos diferentes.

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO E MODELOS DE CONTROLE DE


CONSTITUCIONALIDADE

Critério Categorias
Permissibilidade Sistema positivo
Sistema Negativo
Origem-legitimação do órgão Órgãos judiciais
fiscalizador Órgãos políticos (não judiciais)

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Sistema combinado
Objeto de controle Total-irrestrito
Parcial-limitado
Natureza da conduta controlada Inconstitucionalidade por ação
Inconstitucionalidade por
omissão
Sistema combinado
Número de fiscais da Sistema difuso (universal)
constitucionalidade Sistema Concentrado
Sistemas mistos?
Qualificação dos fiscais Juízes com formação-atuação
(formação e experiencia profissional) jurídica
Juízes Leigos
Sistema Misto
Momento da propositura Preventivo
Repressivo
Combinado
Tipos de Fiscalização Abstrato
Concreto
Combinado
Posição na sequencia processual Principal (via de ação)
Incidental (via de exceção)
Combinado
Etapas de tramitação Bifásico
Monofásico
Legitimados para propor o Acesso restrito
controle Acesso médio
Alcance pessoal os efeitos da Intra partes
decisão Erga omnes
Carga de eficácia preponderante Decisão declaratória
e alcance temporal da decisão Decisão constitutiva
Decisão de efeitos modulados

PERMISSIBILIDADE

Sistema positivo: Consiste na permissão de realizar controle de


constitucionalidade. A autorização pode ser parcial ou dirigido a poucos órgãos, mas
quase sempre existe de forma explícita, a exemplo da Áustria, ou implícita, esta última

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deduzida pelos próprios Tribunais, mediante interpretação constitucional, a exemplo
dos EUA.
Sistema Negativo: Impossibilidade de controle de constitucionalidade em
países que não possuem Constituição normativamente superior, ou seja, pelo menos
parcialmente rígida. Nesses casos, o legislador é soberano, não correndo limitação e
fiscalização de suas competências. Isso se observa no Vaticano, cuja lei fundamental
outorga ao Sumo Pontífice a plenitude dos Poderes Legislativo, executivo e judiciário.

ORÍGEM-LEGITIMAÇÃO DO ORGÃO FISCALIZADOR

ÓRGÃOS JUDICIAIS: Todos os julgadores realizam o controle, como também


pode ser criado um tribunal especifico encarregado de proteger a Constituição.

ORGÃOS POLÍTICOS (Não judiciais): Autoridades eleitas ou indiretamente


legitimadas pelo voto popular realizam o controle de constitucionalidade,
preponderando elementos de oportunidade e, não de conformidade. Este controle
pode ser realizado por autoridades do legislativo e do executivo.
SISTEMA COMBINADO: Combina os dois anteriores, é o caso do Brasil.

OBJETO DE CONTROLE

Total-irrestrito: o controle de constitucionalidade pode, teoricamente, ser


exercido em relação a qualquer ato jurídico, inclusivo em casos de inércia do legislador.
Parcial-limitado: Alguns ordenamentos estabelecem normas de limitação do
controle, a mais comum limitação consiste em excluir do controle de
constitucionalidade as omissões do poder legislativo e os atos concretos, os meros fatos
jurídicos que são sujeitos apenas ao controle de legalidade.

NATUREZA DA CONDUTA CONTROLADA

Inconstitucionalidade por ação: Consiste na produção ou execução de ato ou


norma em desconformidade com a constituição. A inconstitucionalidade pode ser
causada por ação que desrespeita exigências formais ou materiais da Constituição. É a
forma mais comum de controlar medidas que violam a Constituição.
Inconstitucionalidade por omissão: A desconformidade com a Constituição
causada por inércia normativa de certa autoridade estatal. Quando o legislador não
legisla sobre certo tema, simplesmente está usando da sua faculdade de legislar e essa
omissão é permitida. Para que haja inconstitucionalidade por omissão, necessita-se

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obrigatoriamente que exista um mandamento constitucional impondo a atuação do
legislador, por exemplo, para fixar o salário mínimo. Neste caso, caso o legislador não
fixe o salário mínimo, isto caracterizará violação da obrigação do legislador, exatamente
quando acontece com uma pessoa que não paga o imposto devido, ela é omissa e ainda
descumpre uma obrigação tributária.
A fiscalização das omissões constitucionais ainda enfrente resistências, mas já
admite-se este ativismo judiciário, conforme entendimentos sedimentados das Cortes
Superiores, quando for para efetivar direitos e garantias fundamentais.
Sistema Combinado: A utilização dos dois sistemas de fiscalização acima
descritos, como é o caso do Brasil.

MODELOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


NOME CARACTERÍSTICAS
CONCRETO Concreto
Difuso
Incidental
Legitimimidade ativa ampla
Efeitos pessoas intra partes
Efeitos temporais ex tuc (carga
de eficácia constitutiva)
ABSTRATO Abstrato
Concentrado
Principal
Legitimidade ativa restrita
Efeito erga omnes
Efeitos temporais EX NUNC
(carga de eficácia declaratória)

AÇÕES DE CONTROLE JUDICIAL ABSTRATO NO BRASIL

1 – FORMAS DE INCONSTITUCIONALIDADE

NATUREZA DA NORMA VIOLADA:

A) Inconstitucionalidade formal
- por incompetência. Ex: A lei só poderia ser de iniciativa do presidente e foi por
um deputado e ainda que sancionada pelo presidente, não se convalida.

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- por desrespeito ao processo legislativo. Ex: projeto dependia de maioria
absoluta e foi maioria simples.

B) Inconstitucionalidade material
- conteúdo afronta a CF. Ex: A CF limita os salários dos servidores Públicos, do
Município ao Prefeito. Do judiciário ao STF, etc. Se a lei concede valor superior ao
permitido é inconstitucional materialmente.

MOMENTO DA OCORRENCIA DA INCONSTITUCIONALIDADE:

A) Inconstitucionalidade originária
É a mais comum, quando a lei criada após a existência da atual constituição,
com ela é incompatível. Ex: A CF diz que só brasileiro nato pode ocupar o cargo de
presidente da República, se uma lei federal surge em 2000 e diz que pode ser ocupado
por naturalizado, é inconstitucional desde a sua criação.

B) Inconstitucionalidade superveniente
Afeta o dispositivo em momento posterior a sua criação. Ex: Uma Lei de 1970
era constitucional, com a Constituição de 1967. Mas, com a chegada da CF de 88 se torna
inconstitucional. A lei era constitucional, mas passas a não ser no decorrer da sua
validade.

B.1) Inconstitucionalidade superveniente (apenas) material em razão da


mudança do parâmetro.
CONTROVÉRSIA – O correto é revogação (não recepção) ou
inconstitucionalidade? 1) Normas pré-constitucionais não seriam inconstitucionais, pois
nunca violaram a constituição, pois a Nova CF não recepciona normas incompatíveis; 2)
seriam inconstitucionais, pois passaram a conflitar com a atual constituição. STF utiliza
o termo NÃO RECEPÇÃO.

Só pode ser material – não pode ser formal (se as regras para aprovação da lei
mudaram com outra Constituição). Ex: CTN 66 – é uma lei ordinária, com força de lei
complementar válida no mundo jurídico – A CF de 67 e 88 exigiam lei complementar
para esta matéria, na época da sua criação era admitida a sua criação por lei ordinária.
A inconstitucionalidade superveniente pode ocorrer em normas posteriores à
CF? Sim. Ex: emenda constitucional. Ex: CF prevê prisão perpétua – leis regulando a
matéria. Após, surge uma EC abolindo a prisão perpétua,

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Lei complementar e Lei ordinária. Qual a diferença? (1) o quórum de aprovação
- aprovada por maioria absoluta (artigo 69 da CF/88) e ordinária – aprovada por maioria
simples (artigo 47 da CF/88). Senado Federal, que possui o total de 81 Senadores. A
aprovação de uma lei complementar exigirá o mínimo de 41 votos. A ordinária depende
dos presentes. Se foram 50, basta 26. (2) a matéria - LEI COMPLEMENTAR: exigida em
matérias específicas da Constituição. LEI ORDINÁRIA: exigida de modo residual, nos
demais casos. Ex: matéria: artigo 93, caput (edição do Estatuto da Magistratura de
iniciativa do STF).

B.2) Inconstitucionalidade superveniente hermenêutica

A norma constitucional torna-se incompatível com a regularidade


constitucional. O texto é o mesmo, o que muda é que situações fáticas influenciam a
relação com a CF.
Igualmente, pode ocorrer mutação constitucional tácita: Atribuição de um novo
sentido ao enunciado constitucional.

B.3) Há constitucionalidade superveniente?

É quando muda o parâmetro constitucional, eliminando a inconstitucionalidade


de norma infraconstitucional.

Ex: Governo cria um tributo inconstitucional e recebe ele por 05 anos. Depois,
começam o ingresso de ações judicias pedindo a declaração de inconstitucionalidade
em concreto e a devolução dos valores. Temendo um rombo, o governo consegue
aprovar uma EC para constitucionalizar este tributo.

Este saneamento vale dali para frente ou pode abranger todo o período? E se
a EC falar que abrange todo período. Em qualquer destes casos haverá ou não
inconstitucionalidade?

2 – FINALIDADE E PROCEDIMENTO DAS AÇÕES DE CONTROLE ABSTRATO

-Ação direta de inconstitucionalidade (ADIn)


-Ação declaratória de constitucionalidade (ADC)
-Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO)
-Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)

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- Controle de “Representação de inconstitucionalidade”(art. 102, § 2º, da CF) –
são as ações de controle de constitucionalidade judicial e abstrato em âmbito estadual.
Andamento processual similar ao da ADIn. TJ`S.

*OBS: Representação interventiva – A finalidade deste instituto é obter


autorização para intervenção federal em Estado-membro: 1) quando o Estado se recusa
a cumprir a CF; 2) quando autoridades estaduais desrespeitam os princípios sensíveis
(art. 34, VII, da CF. Ex: forma republicana, direitos da pessoa humana, mínimo de verbas
na saúde, entre outras). Possui regulamentação legislativa na Lei 12.562/2011.
Prevalece que não é uma forma de controle de constitucionalidade abstrato (CLEVE,
2000, BARROSO 2009, MENDES 2008).

2.1. Características comuns da ADC, ADI, ADO e ADPF

1. Índole objetiva, isto é, não tem partes formais (há requerentes);


2. Não se aplicam alguns princípios processuais, como o do
contraditório, o da ampla defesa e o do duplo grau de jurisdição;
3. Não se admite desistência, assistência, nem intervenção de
terceiros (alguns ministros entendem que o papel do “Amicus Curie” seria
uma intervenção de terceiros);
4. Tem natureza híbrida (tem tanto uma natureza judicial quanto
legislativa – aquela questão do “legislador negativo”);
5. Não cabe recurso da decisão de mérito, salvo Embargos de
Declaração; obs: Cabe agravo da decisão do relator que indefere a inicial, e da
que não admite a participação de “amicus curie”.
6. Não cabe ação rescisória.
 Características cobradas especialmente nas provas objetivas.

A causa de pedir é aberta  qualquer dispositivo da constituição. A conexão


entre as ações irá ocorrer quando houver identidade apenas entre o objeto do pedido.

A causa de pedir aberta significa o que em uma ação de constitucionalidade? O


pedido é a declaração de inconstitucionalidade de uma lei, e porque que se pede isso?
Porque ela viola um dispositivo da CF. Então, a causa de pedir é o parâmetro
constitucional violado. Isso não se restringe só ao que a parte alegou. Ex: lei
complementar 105 de 2001, permite que as autoridades fazendárias requisitem dados
bancários. Isso foi objeto de varias ações no STF, dizendo que violava o artigo 5º, inciso
X da CF. Já em outras ações, diziam que a lei era inconstitucional porque violava o artigo

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5º, inciso XII – inviolabilidade do sigilo de dados. Ou seja, a causa de pedir destas ações
era diferentes, uma falava de um artigo, outra de outro, mas como a causa de pedir é
aberta, para o STF isso não faz a menor diferença. Ou seja, o supremo não precisa se
ater a causa de pedir, TODA A CF SERVE COMO parâmetro, não só o que foi invocado.

Desta forma, o supremo pode dizer que a lei não fere o inviolabilidade do sigilo
de dados, e sim fere, o principio da dignidade da pessoa humana. Assim sendo, a causa
de pedir não pode ser um elemento para a conexão. Para haver conexão, O que vai
importar é o pedido, o mesmo objeto que esta elas.

2.2.) Cláusula da reserva de plenário (muito cobrada em concursos).

Esta clausula é uma clausula que reserva ao plenário do tribunal, não pode ser
exercida por órgãos fracionários (turmas ou câmaras). A cláusula de reserva de plenário
está no artigo 97 da CF, Inciso XI.
Na cláusula de reserva de plenário somente pelo voto da maioria absoluta dos
seus membros ou órgãos especiais podem declarar uma lei inconstitucional. Este órgão
especial é aquele descrito no artigo 93, inciso XI – (os tribunais, quando tiverem mais de
25 julgadores, poderá criar este órgão especial, que deverá ter entre 11 e 25 membros,
que vai exercer algumas competências delegadas pelo pleno, o pleno vai delegar a este
órgão especial, que tem entre 11 e 25 membros). Ex: TJ de SP tem 300
desembargadores, desta forma, podem ter órgão especial.

A reserva de plenário só se aplica aos tribunais. Isso significa dizer que esta
clausula não se aplica a juízes singulares. E se aplica as turmas recursais de juizado
especial? NÃO, se aplica a turmas especiais do juizado especiais. E ainda, novo
posicionamento do STF: E AOS JULGAMENTOS DE RE, pelo Supremo Tribunal Federal,
também não se aplica. (Prova do MPF – questão 02), para o STF, ele diz que no recurso
extraordinário, ele não precisa respeitar a reserva de plenário, conforme RE 361829
(ED).
A reserva de plenário serve só para DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE de
alguma lei, e o que significa isso?

Em relação a inconstitucionalidade: A cláusula não é exigida na declaração de


constitucionalidade, na interpretação conforme. Inclusive tem o RE 579.721/MG que diz
que não precisa ser observado na declaração de inconstitucionalidade, normas
anteriores a CF, entre outros. E porque que é dispensada a reserva de plenário, se a

16
norma é anterior a CF? porque se a norma é anterior, é hipótese de não recepção pela
CF, não é hipótese de inconstitucionalidade, por isso não precisa observar.

É como se o pleno estivesse fazendo um controle abstrato (feito em tese).


Depois que o pleno decide, a questão volta para o órgão fracionário, este órgão
fracionário vai decidir baseado na premissa adotada pelo pleno, ou seja, vai partir da
premissa que a lei é constitucional ou inconstitucional.
2.3. Legitimidade ativa na ADI/ADC/ADO/ADPF

Segundo o STF existem os legitimados ativos universais e os legitimados ativos


especiais.
Quanto ao universal, não precisa demonstrar pertinência temática para propor
a ação. Já o especial, precisa de pertinência temática. Isso vale para todos os controles
de constitucionalidade. ADPF, ADI, etc.

Pertinência temática – demonstrar que existe correlação entre os efeitos da


norma ou ato impugnado e os interesses de quem o ataca. Ex1 de pertinência temática:
CFM – conselho federal de medicina poderá ser legitimado ativo, desde que demonstre
que aquela lei viola um interesse médico. Ex2 de pertinência temática: Conselho de
enfermagem, entra com ação sobre a questão do aborto, pois não sabem o que fazer
nos atendimentos, isso é possível, agora se fosse o conselho de engenharia, ele não teria
pertinência temática.

OS LEGITIMADOS ESTÃO AMPARADOS NO ARTIGO 103 DA CF.

Dica: associar:

LEGITIMADOS Universal  União; autoridades da união

LEGITIMADOS Especial  Estado; autoridades do estado.

Vejamos a tabela:

Poder Poder Legislativo MP Outros


Executivo
Presidente da Mesa da CD PGR (antes Conselho Federal
Federal República era o único) OAB;
Mesa do SF

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UNIVERSAIS UNIVERSAL Legitimado
UNIVERSAIS COM UNIVERSAL
COM COM CAPACIDADE COM CAPACIDADE
CAPACIDADE CAPACIDADE POSTULATO POSTULATÓRIA.
POSTULATORIA POSTULATORIA RIA TRF3 – 2010 –
ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL Magistratura.

Partido Político
com representação
no CN (basta um
deputado ou um
senador);

Legitimado
UNIVERSAL
SEM CAPACIDADE
POSTULATÓRIA
(PRECISA DE ADV)

Confederação
sindical ou
entidade de classe
de âmbito nacional.
Confederação já é
algo nacional –
organização
sindical em caráter
nacional
Legitimado
ESPECIAL
SEM CAPACIDADE
(Precisa de
advogado).

Governadores Mesa da Assembleia


Estadual (Obs.: podem Legislativa
questionar
outro estado- Mesa Câmara

18
membro – caso Legislativa
combustível
em estado Legitimado
limítrofe) UNIVERSAL

Legitimado COM CAPACIDADE


ESPECIAL POSTULATÓRIA

COM
CAPACIDADE
POSTULATÓRIA

A Constituição Federal estabelece em seu artigo 103 os proponentes legítimos


da Ação Direta de Inconstitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal (nunca a mesa do Congresso);
III - a Mesa da Câmara dos Deputados (nunca a mesa do Congresso);
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito
Federal; especial
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal (contra lei federal ou estadual
e de outro estado desde que prove o interesse do seu estado); especial
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; especial
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional (pelo menos
um deputado ou senador, mas com a perda de representação no Congresso, a ADI
continua a ser julgada);
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (entidade
de classe que tiver associados em pelo menos nove estados e confederação sindical:
união de três federações em pelo menos três estados). (VETADO, Lei 9.868/99)
1 - Município pode propor ADI? NÃO. [ADI 4.654)
2 - Entidade privada no polo passivo da ADI, pode? Inadmissibilidade. ADI 1265.
STF
3 - Proposta a ADI, o legitimado ativo pode desistir dela? O art. 169, § 1º, do
RISTF-80, que veda ao PGR essa desistência, aplica-se, extensivamente, a todas as
autoridades e órgãos legitimados pela Constituição de 1988 para a instauração do

19
controle concentrado de constitucionalidade (art. 103). [ADI 387 MC, rel. min. Celso de
Mello, j. 1º-3-1991, P, DJ de 11-10-1991.]
4 - A legitimidade ativa da confederação sindical, entidade de classe de âmbito
nacional, Mesas das Assembleias Legislativas e governadores, para a ação direta de
inconstitucionalidade, vincula-se ao objeto da ação, pelo que deve haver pertinência da
norma impugnada com os objetivos do autor da ação. Precedentes do STF: ADI 305/RN
(RTJ 153/428); ADI 1.151/MG (DJ de 19-5-1995); ADI 1.096/RS (Lex-JSTF, 211/54); ADI
1.519/AL, julgamento em 6-11-1996; ADI 1.464/RJ, DJ de 13-12-1996. Inocorrência, no
caso, de pertinência das normas impugnadas com os objetivos da entidade de classe
autora da ação direta). [ADI 1.507 MC-AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 3-2-1997, P, DJ de
6-6-1997.]
5 - Partido político. Legitimidade ativa. Aferição no momento da sua
propositura. Perda superveniente de representação parlamentar. Não desqualificação
para permanecer no polo ativo da relação processual. Objetividade e indisponibilidade
da ação. [ADI 2.618 AgR-AgR, rel. min. Gilmar Mendes, j. 12-8-2004, P, DJ de 31-3-2006
e ADI 2.427, rel. min. Eros Grau, j. 30-8-2006, P, DJ de 10-11-2006
6 - A associação de classe, de âmbito nacional, há de comprovar a pertinência
temática, ou seja, o interesse considerado o respectivo estatuto e a norma que se
pretenda fulminada. [ADI 1.873, rel. min. Marco Aurélio, j. 2-9-1998, P, DJ de 19-9-2003.]
Legitimidade Passiva
A legitimidade passiva recai sobre os órgãos ou autoridades responsáveis pela
lei ou pelo ato normativo objeto da ação, os quais deverão prestar informações ao
relator do processo. Na ação direta não poderão estar como partes passivas pessoas
jurídicas de direito privado, pois o controle concentrado tem como objetivo a
impugnação de atos do poder público.
Objeto: Lei ou ato normativos, federais ou estaduais. Não pode ser objeto: lei
anterior à CF e normas constitucionais originárias.
Pertinência Temática
Os legitimados universais podem propor a ADI sobre qualquer assunto. São
eles: o Presidente da República, as Mesas do Senado Federal e Câmara dos Deputados,
o Procurador-Geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
e os partidos políticos com representação no Congresso Nacional (ADI 1396, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO), com fundamento nos incs. I, II, III, VI, VII e VIII do art. 103 da
Constituição Federal.
Os legitimados especiais só podem propor ADI sobre determinado interesse, ou
seja, pertinência temática. Os que possuem pertinência temática são: as Mesas das
Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa (ADI 1307, Rel. Min. FRANCISCO RESEK) e
Governadores de Estado e Distrito Federal (ADI 902, Rel. Min. MARCO AURÉLIO), bem

20
como as confederações sindicais (ADI 1151, Rel. Min. MARCO AURÉLIO) e entidades de
classe de âmbito federal (ADI 305, Rel. Min. PAULO BROSSARD).
Efeitos
A Ação Direta de Inconstitucionalidade possui efeito erga omnes, que significa
dizer que pode ser oponível contra todos, e não apenas contra aqueles que fizeram
parte em litígio. Possui, também, efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, bem como efeito ex tunc
(retroativo) e ainda o efeito repristinatório, o qual consiste na re-entrada em vigor de
uma lei, outrora revogada.
A CRFB/88, em seu artigo 102 § 2º preceitua que "as decisões definitivas de
mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e
municipal".
A Lei 9.868/99, que dispõe sobre o processo de julgamento de ADI, indica a
possibilidade excepcional de efeito ex nunc:
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em
vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em
julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
Ocorre, ainda, o chamado efeito vinculante, através do qual ficam submetidas
à decisão proferida em ADI, os demais órgãos do Poder Judiciário e as Administrações
Públicas Federal, Estadual, Distrital e Municipal (§ único, art. 28, Lei 9.868/99).
Amigo da Corte (amicus curiæ)
É um terceiro que intervém no processo de tomada de decisão judicial,
frequentemente, em defesa dos interesses de grupos por ele representados (entidades),
oferecendo informações acerca da questão jurídica controvertida, bem como novas
alternativas interpretativas. A base legal para sua aceitação é o artigo 7º, § 2o, da Lei
9868, in verbis: "O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado
no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades".
Atualmente, segundo a jurisprudência do STF, aceita-se a manifestação até o
final da instrução do processo. Aceita-se também sua sustentação oral no dia de
julgamento.
ADO

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A Ação direta de inconstitucionalidade por omissão tem por finalidade permitir
o exercício de direito, previsto na Constituição, e que não pode ser usufruído, seja em
virtude da ausência de regulamentação por parte do legislador e/ou normatizador
infralegal, ou ainda em função de inação da autoridade administrativa competente. A
inércia do poder publico que enseja a ação direta de inconstitucionalidade por omissão
se refere apenas às normas constitucionais de eficácia limitada.
A Constituição Federal de 1988 adotou a ação de inconstitucionalidade por
omissão em seu art. 103, § 2°:
§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar
efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das
providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em
trinta dias.
O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto
mediante inércia governamental. A situação de inconstitucionalidade pode derivar de
um comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas em desacordo com
o que dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela
se acham consignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere (atuação
positiva), gera a inconstitucionalidade por ação. Se o Estado deixar de adotar as medidas
necessárias à realização concreta dos preceitos da Constituição, em ordem a torná-los
efetivos, operantes e exequíveis, abstendo-se, em consequência, de cumprir o dever de
prestação que a Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto
constitucional. Desse non facere ou non praestare, resultará a inconstitucionalidade por
omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial,
quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público.
[ADI 1.458 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 23-5-1996, P, DJ de 29-9-1996.]
ADC
A Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) é uma ação judicial proposta
com o objetivo de tornar certo judicialmente que uma dada norma é compatível com a
Constituição.
A ADC representa, no ordenamento jurídico brasileiro, uma das formas de
exercício do controle de constitucionalidade concentrado. Esta define-se pela
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal e seu respectivo entendimento, fortalecido
por suas decisões[1].
Em outras palavras, a Ação Direta de Constitucionalidade é meio processual de
garantia da constitucionalidade da lei ou ato normativo federal, consubstanciada no
controle jurisdicional concentrado, por via de ação direta. Foi instituída pela Emenda
Constitucional nº 03/93 à Constituição Federal de 1988, com sede na competência
originária da Corte Constitucional. O pedido só é procedente se demonstrada
objetivamente a existência de controvérsia judicial em torno da constitucionalidade da

22
norma. É necessário, ainda, que o autor refute as razões alinhavadas como fundamento
à tese da inconstitucionalidade e pleiteie a declaração de sua constitucionalidade
Objeto
Tem por objeto o reconhecimento da compatibilidade constitucional de uma
norma infraconstitucional, em abstrato[2]. Isto quer dizer que, independentemente de
um caso concreto, quando o STF analisa uma ADC, como resultado, pode emitir uma
declaração de que a norma contestada não contraria de modo frontal a Constituição,
embora, nada impeça que isto ocorra em determinados casos concretos.[nota 1]
Legitimados: Idênticos ao da ADI.
Caso prático de aplicação do princípio da fungibilidade:
Aplicação do princípio da fungibilidade. (...) É lícito conhecer de ação direta de
inconstitucionalidade como arguição de descumprimento de preceito fundamental,
quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de
inadmissibilidade daquela. [ADI 4.180 MC-REF, rel. min. Cezar Peluso, j. 10-3-2010, P,
DJE de 27-8-2010.] Vide ADPF 178, rel. min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, j. 21-
7-2009, DJE de 5-8-2009 Vide ADPF 72 QO, rel. min. Ellen Gracie, j. 1º-6-2005, P, DJ de
2-12-2005
ADPF
Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) é a
denominação dada no Direito brasileiro à ferramenta utilizada para evitar ou reparar
lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público (União, estados,
Distrito Federal e municípios), incluídos atos anteriores à promulgação da Constituição.
No Brasil, a ADPF foi instituída em 1988 pelo parágrafo 1º do artigo 102 da
Constituição Federal, posteriormente regulamentado pela lei nº 9.882/99 [1]. Sua
criação teve por objetivo suprir a lacuna deixada pela ação direta de
inconstitucionalidade (ADIn), que não pode ser proposta contra lei ou atos normativos
que entraram em vigor em data anterior à promulgação da Constituição de 1988. O
primeiro julgamento de mérito de uma ADPF ocorreu em dezembro de 2005 [2].
A ação direta de inconstitucionalidade (ADIn), é uma das ações do controle
concentrado de constitucionalidade.
Legitimação ativa: É a mesma prevista para a ação direta de
inconstitucionalidade (art. 103, I a IX, da Constituição federal, art. 2° da Lei 9.868/1999
e art. 2°, I da Lei 9.882/1999).
Legitimidade passiva: como se trata de ação tendente à declaração da
constitucionalidade, não existe polo passivo na relação processual.
Capacidade postulatória: A exemplo da ADI, alguns legitimados para ADPF não
precisam ser representados por advogados, já que detêm capacidade postulatória.

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Competência para julgamento: Sempre será do Supremo Tribunal Federal (STF).
Liminar: A ADPF admite liminar, concedida pela maioria absoluta dos membros
do STF (art. 5° da Lei 9.882/1999). A liminar pode consistir na determinação para que
juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou de efeitos de decisões
judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da
ação.
Informações: O relator da ADPF poderá solicitar informações às autoridades
responsáveis pelo ato questionado. Na ADPF admite-se a figura do 'amicus curiae'
(amigo da corte).
Efeitos da decisão: A decisão da ADPF produz efeito erga omnes (contra todos)
e vinculantes em relação aos demais órgãos do poder público. Os efeitos no tempo serão
ex tunc (retroativos), mas o STF poderá, em razão da segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, restringir os efeitos da decisão, decidir que essa somente
produzirá efeitos a partir do trânsito em julgado ou de outro momento futuro que venha
a ser fixado. Decisões nessa linha excepcional exigem voto de dois terços dos membros
do STF.
ADPFs notáveis[editar | editar código-fonte]
ADPF 54: protocolada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde,
questiona a ilegalidade da interrupção voluntária da gravidez em fetos anencéfalos.
Declarada procedente em abril de 2012.
ADPF 132: protocolada pelo governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral Filho, questiona o não reconhecimento de uniões civis entre casais homoafetivos
por parte de órgãos do poder público. Declarada procedente em maio de 2011.
ADPF 153: protocolada pela Ordem dos Advogados do Brasil, questiona a
constitucionalidade da lei nº 6.683 de 28 de agosto de 1979, a chamada "lei da Anistia".
Julgada improcedente, há recurso de embargos de declaração pendente.
ADPF 186: protocolada em 20 de julho de 2009 pelo Partido Democratas, que
visava a "declaração de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público que resultaram
na instituição de cotas raciais na Universidade de Brasília - UNB". A arguição foi julgada
improcedente pelo STF em 26 de abril 2012.
O objeto da ADPF é bem mais amplo do que a ADI e ADC. Pois podem ser objeto
da ADPF quaisquer atos do poder público.
Que tipos de atos que não são admitidos como ADI ou ADC, mas poderiam ser
objeto de ADPF?
UMA DECISAO JUDICIAL (pois ela não tem generalidade e abstração).
Ex1: ADPF nº 101 que discutia as decisões judiciais que permitiam a importação
de pneus usados, o STF entendeu que essas decisões judiciais, violavam o direito a saúde
e ao meio ambiente. Ex2: Ato administrativo (admite-se ADPF) e não admite-se ADI e
ADC.

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A ADPF tem um caráter subsidiário, só vai caber, quando não couber ADI ou
ADC.
O Rol é exaustivo ou exemplificativo? Os legitimados para propor arguição de
descumprimento de preceito fundamental se encontram definidos, em numerus
clausus, no art. 103 da CR, nos termos do disposto no art. 2º, I, da Lei 9.882/1999 (APPF
76)
Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será
proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar preventiva ou reparar
repressiva lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. (para ser

cabível a ADPF o parâmetro constitucional violado na ADPF precisa ser preceito


fundamental). – arguição de descumprimento de preceito fundamental – isso esta no
próprio nome. E quais são os preceitos fundamentais da CF? o STF disse que é com o
passar do tempo, que estes preceitos serão revelados.

Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito


fundamental:

I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei


ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição;

PRECEITOS FUNDAMENTAIS

São aqueles imprescindíveis a identidade constitucional e ao regime por ela


adotado. Exemplos:

1 - Titulo 1 da CF – que vai do artigo 1º ao artigo 4º.

2- Titulo 2 da CF: Direitos e garantias fundamentais - Na constituição estão


organizados de forma sistemática, do artigo 5º ao artigo 17 da CF. Mas encontra-se
outros dispositivos na própria CF que estão “espalhados”. Ex: Na ADPF 101 os preceitos
fundamentais foram o direito a saúde (direito social) o artigo 196 e o artigo 226 – direito
ao meio ambiente.

3 – PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS :


São princípios que tem a ver com a Federação Brasileira. OBS.: Pontes de
Miranda quem criou tal denominação, mas nunca explicou o porquê de tal nome.

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