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O Baralho dos Pensamentos: Promovendo consciência, reciclando idéias

Conference Paper · April 2012

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6 authors, including:

Rodrigo Schames Kreitchmann Eduardo Reuwsaat Guimarães


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Tárcio Soares Letícia Kruel


Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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O BARALHO DE PENSAMENTOS:
PROMOVENDO CONSCIÊNCIA, RECICLANDO IDÉIAS
Kreitchmann, R. S.*; Guimarães, E. R.*; Soares, T.*; Kruel, L. R. P.*; Caminha, M. G.*; Caminha, R. M.*
*Instituto da Família de Porto Alegre – INFAPA, Porto Alegre, Brasil.
Contatos: haifa.k33@gmail.com; caminhar@terra.com.br

INTRODUÇÃO
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) com crianças vem ganhando forte impulso desde a última década e a alta eficácia dessa modalidade de
terapia para a psicopatologia infantil já foi relatada em diversos estudos (Grave & Blissett, 2004). No entanto, dentro do “guarda-chuva” da TCC, a maior
parte dos estudos ainda compreendem abordagens predominantemente comportamentais (Stallard, 2002), direcionando pouco foco sobre as emoções e
as crenças.
Uma modalidade de intervenções vem sendo desenvolvida por Caminha & Caminha e visa auxiliar abordagens que atentem tanto aos
comportamentos, quanto às emoções e às crenças. Ela é composta pelo Baralho das Emoções (2011), Baralho de Pensamentos (2012) e Baralho de
Comportamentos (2012, in press).
Este trabalho apresenta do instrumento Baralho de Pensamentos (BP), desenvolvido no Ambulatório de Terapia Cognitivo-Comportamental Infantil do
Instituto da Família de Porto Alegre (INFAPA). O trabalho descreve ainda a estrutura do BP e exemplifica sua fácil aplicação através de um exemplo
ilustrativo e fictício.

O INSTRUMENTO OBJETIVOS DO INSTRUMENTO


É composto de cartas lúdicas que facilitam a psicoeducação a partir das O BP objetiva a reestruturação cognitiva em três fases de aplicação:
metáforas da Reciclagem dos Pensamentos que não ajudam, da Fase 1: Através dos conectores linguísticos “porém”, “portanto” e “logo,
Máquina de Difusão de Idéias e do Efeito Bumerangue, utilizadas nas posso aceitar...” objetiva “esticar” crenças intermediárias “que não
três diferentes fases da aplicação (ao lado), respectivamente. ajudam”, promover a aceitação (mindfulness) e criar pensamentos
O BP enfoca seu trabalho nas crenças intermediárias. Como as crenças alternativos.
centrais dizem respeito a conteúdos semânticos globais não situacionais Fase 2: A partir do reconhecimento das emoções
(ex.: “sou inadequado”), que exigem grande capacidade de abstração e positivas e demonstração deste, objetiva promover
manipulação mental, o trabalho direto com essas crenças na prática infantil comportamentos assertivos e reforçar os vínculos afetivos.
é mais difícil. Por sua vez, as crenças intermediárias são muito mais Fase 3: A partir da compreensão de que as ações tem
específicas e situacionais (ex.: “se eu não for bem na prova, sou burro” ou consequências proporcionais, visa a conscientização e
“devo ir bem na prova”). engajamento social e ambiental.
Ainda levando em conta aspectos do desenvolvimento, possui dois tipos Todas as fases têm como produto final um cartão S.O.S.
de aplicação: O Processo Lúdico (6 a 8 anos) e o Completo (9 a 14 anos). (acrônimo para Saque, Olhe e Siga seu cartão).
A HISTÓRIA DE MARCOS – UM CASO FICTÍCIO
Segue o exemplo de aplicação da Fase 1 do Processo Completo a partir de um caso fictício, a fim de facilitar a compreensão do instrumento.
Marcos Adicionando o “Porém” ao seu pensamento inicial, o menino identificou,
outra vez entre outras 9 cartas, o complemento: “Nem sempre
Marcos é um menino de 9 anos. Foi encaminhado à conseguimos entender ou saber de tudo”.
psicoterapia pela escola por irritar-se ao realizar exercícios Marcos foi convidado então a “balançar” o pensamento com o conector
de aula e por ter dificuldade para socializar-se com os “Portanto” e complementou com a frase de sua própria criação “Talvez eu
colegas. Em casa, os pais do menino relatam que ele tem não seja burro” (nesse momento não há cartas predefinidas). Apresentado
dificuldade em executar tarefas, por pensar não ser capaz outra vez a novas 10 cartas, escolheu, referente ao “Logo, posso aceitar...”
de concluí-las com êxito. a carta contendo “Nem sempre conseguimos entender ou saber de tudo”.
No consultório, durante a aplicação do Baralho das Dessa vez o termômetro apontou “Muito Forte” não mais para o
Emoções (BE), Marcos identificou, dentre as cartas das pensamento inicial, porém para o novo pensamento criado no processo,
emoções básicas transculturais, que a emoção que sente assim como passou a indicar “Muito Fraco” ao inicial. Elaborou então seu
com maior frequência é a tristeza, e, usando o termômetro Cartão S.O.S. para ajudá-lo a identificar quando um pensamento que não
do instrumento, mostrou que a tristeza apresenta ajuda surgisse, e lembrá-lo de buscar o pensamento alternativo.
intensidade Muito Forte. Ainda, para cada etapa da aplicação o terapeuta deve pedir que seja
feito o resumo do processo e pode, se necessário, utilizar técnicas para
Partindo dessa tristeza que Marcos sente, seu terapeuta iniciou a facilitar a compreensão (ex.: Questionamento Socrático).
aplicação da Fase 1 do Baralho dos Pensamentos. O primeiro passo foi
psicoeducar o menino sobre a existência de pensamentos que ajudam e, PRÓXIMOS PASSOS
que não ajudam, e a importância de reciclar os últimos.
Já estão sendo elaborados relatos de casos nos quais o instrumento é
Em seguida, Marcos foi convidado a escolher entre as 9 cartas de
aplicado a fim de avaliar o processo e o desempenho. Pretende-se ainda
pensamentos predefinidos (e uma em branco caso não fosse representado
realizar estudos sobre sua aplicação em escolas e outros contextos.
por outra) qual o pensamento que vinha a sua cabeça quando estava
triste; Marcos identificou “Sou burro, não sou inteligente”, e marcou outra REFERÊNCIAS
vez “Muito Forte” no termômetro.
Caminha, R. M. & Caminha, M. G. (2011). Baralho das Emoções. Porto Alegre, Sinopsys.
O próximo passo foi “esticar” o pensamento, Caminha, R. M. & Caminha, M. G. (2012). Baralho dos Pensamentos. Porto Alegre: Sinopsys.
usando o que o terapeuta chamou de conexão Grave, J. & Blissett, J. (2004) Is cognitive behavior therapy developmentally appropriate for young
children? A critical review of the evidence, Clinical Psychology Review, 24 (4), pp. 399-420.
adversativa: o Porém. Stallard, P. (2002). Cognitive behaviour therapy with children and young people: A selective review
of key issues. Behavioural and Cognitive Psychotherapy, 30 (3), pp. 297-309.
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