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Ministério da Educação

PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

Relatório Final de Atividades

EXPERIÊNCIAS E DIFICULDADES ENCONTRADAS NA TRADUÇÃO DE OBRAS


BRASILEIRAS PARA A LÍNGUA INGLESA
vinculado ao projeto
Pesquisa nos Estudos Descritivos da Tradução

Josiel Ecco
Voluntário
Licenciatura Português - Inglês
Data de ingresso no programa: 12/2016
Prof(ª). Dr(ª). Mirian Ruffini

Área do Conhecimento: 8.00.00.00-2 Linguística, Letras e Artes

CAMPUS PATO BRANCO, 2017


JOSIEL ECCO
MIRIAN RUFFINI

EXPERIÊNCIAS E DIFICULDADES ENCONTRADAS NA TRADUÇÃO DE OBRAS


BRASILEIRAS PARA A LÍNGUA INGLESA

Relatório Pesquisa do Programa de Iniciação


Científica da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná.

PATO BRANCO, 2017


Sumário
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4
METODOLOGIA ...................................................................................................................... 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................. 4
CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 8
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 8
INTRODUÇÃO

O presente relatório tem o objetivo de relatar as atividades que foram desenvolvidas com
o auxílio do professor orientador e de alunos não bolsistas, para que fosse possível ser feita a
conclusão dos estudos e do que foi planejado no início do projeto. O qual contempla a tradução
de duas obras de Domingos Pellegrini: Tempero do Tempo (2003) e Haicaipiras (2012)
possuindo como base teóricas, vários estudiosos como: Jose Lambert, Mona Baker, Edwin
Gentzler, Rafael Lanzetti, Douglas Robinson, Susan Bassnett, Lawrence Venuti, entre outros.
Será relatado algumas experiências as quais foram obtidas dentro do projeto e como
ocorreu a evolução das traduções, junto com as dificuldades que foram apresentadas durante as
tentativas de tradução das obras e como essas foram resolvidas conforme o andamento do
projeto. Pretende-se dar por encerado quando concluído o projeto com a finalizações das obras
que nos foram propostas as quais em breve será feita uma revisão e em seguidas publicadas;

METODOLOGIA

O projeto contou com um grande número de referenciais teóricos como: Jose Lambert,
Mona Baker, Edwin Gentzler, Rafael Lanzetti, Douglas Robinson, Susan Bassnett, Lawrence
Venuti, entre outros não citados aqui, os quais foram estudados e discutidos nos encontros,
realizados sempre que possível semanalmente pela a orientadora.
Porém, será abordado com mais ênfase as teorias de Venuti e Lambert. O projeto teve
início com um dos estudos de Venuti (2002), sobre a valorização dos estudos das literaturas
minoritárias, sendo o foco do projeto deixar as obras canônicas de lado e expor a importância
de obras minoritárias para uma nova cultura. Segundo Venuti:

“Prefiro traduzir textos estrangeiros que possuem status de minoridade em suas


culturas, uma posição marginal em seus cânones nativos – ou que, em tradução,
possam ser úteis na minorização do dialeto-padrão e das formas culturais dominantes
no inglês americano. [...] O inglês é a língua mais traduzida em todo o mundo, mas
para a qual menos se traduz” (VENUTI, 2002, p.26)

Com o objetivo de trazer uma obra minoritária para se tornar conhecida no exterior,
passamos ao momento das escolhas de tradução e como faríamos para analisar nossas traduções.
Sendo assim, utilizamos como base os estudos de Lambert (2011) sobre a análise de textos,
paratextos juntamente com um esquema para a descrição da tradução
Juntamente foi pesquisado sobre a existência de softwares que pudessem auxiliar no
desenvolvimento das traduções. Ao mesmo tempo que foram averiguadas novas obras que
pudessem se encaixar nos requisitos que nos foi proposto de obras não canônicas.
O projeto foi dividido em duas equipes as quais os voluntários do projeto decidiam qual
obra gostariam de traduzir, sendo que ambas equipes poderiam se auxiliarem durante as
traduções, gerando uma troca de ideias e experiências visando o sucesso das traduções.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após ser decido as equipes e quais obras seriam traduzidas, as equipes ficaram
encarregadas de fazerem suas traduções e com as discussões em sala, analisar como suas
traduções estavam sendo aperfeiçoadas durante o andamento do projeto.
Antes de ser feita as traduções das obras, com base no esquema de Lambert, optamos por
analisar primeiramente os dados preliminares como: Capa, título o quais informações estavam
presentes na capa, se deveríamos ou não manter as informações.
Assim que resolvemos estas questões, passamos a nos indagar sobre as questões de
macronível e micronível. Segundo Lambert o que envolve macronível e micronível são:

“2. Macronível: – divisão do texto (em capítulos, atos e cenas, estrofes) – título
dos capítulos, apresentação dos atos e cenas – relação entre os tipos de narrativa,
diálogos, descrição; entre diálogo e monólogo, voz solo e coro – estrutura narrativa
interna (enredo episódico? final aberto?); intriga dramática (prólogo, exposição,
clímax, conclusão, epílogo); estrutura poética (por exemplo, contraste entre quartetos
e tercetos em um soneto) – comentário autoral, instruções de palco Esses dados
macroestruturais devem levar a hipóteses sobre as estratégias microestruturais. 3.
Micronível (isto é, mudanças nos níveis fônicos, gráficos, microssintáticos, léxico-
semânticos, estilísticos, elocucionários e modais): – seleção de palavras – padrões
gramaticais dominantes e estruturas literárias formais (metro, rima) – formas de
reprodução da fala (direta, indireta, fala indireta livre) – narrativa, perspectiva e ponto
de vista – modalidade (passiva or ativa, expressão de incerteza, ambiguidade) – níveis
de linguagem (socioleto; arcaico/popular/dialeto; jargão) Esses dados sobre
estratégias microestruturais deveriam levar a um confronto renovado com as
estratégias macroestruturais, e daí a considerações em termos do contexto sistemático
mais amplo.” (LAMBERT, 2011, p. 221)

Dessa maneira, iniciamos nossas traduções e logo abaixo poderá ser visto como os
baseamos usando o esquema de Lambert para nossas traduções juntamente com a nossa análise.
Entretanto, para que essas análises pudessem ser feitas, foi criado um documento onde
seria anotado todas as dificuldades encontradas no decorrer das traduções podemos ver alguns
desses resultados logo a seguir.
No primeiro poema apresentado no livro de Domingos Pelegrini o qual se chama Orações
e Saudades foi encontrado nosso primeiro desafio, pois como poderíamos traduzir a palavra
saudade para a língua estrangeira sem que perdesse o sentido que essa palavra possui em nossa
língua. Sendo assim, foi estudado a possibilidade de encontrar uma nova escolha para ser usada
na palavra “saudades” presente no título, a qual melhor se encaixou depois da leitura do poema
foi “memories”, já que se trata de memórias de alguém. Segue abaixo um trecho do poema
“Oração e Saudades” (PELLEGRINI 2003, p.1) original e a nossa tradução.

Orações e saudades

Novo dia, me concede


a graça de beber
quando tiver sede

a glória de respirar
enquanto existir ar

no maior cansaço
um colo de rede

dedilhar cada dia


sem tédio nem medo
com graça e com gozo
viver este gostoso
milagre de ser medido
pela mesma régua
que o infinito mede [...]

Prayers and memories

New day, grant me


the grace of drinking
when I am thirsty

the glory of breathing


while there is air

in the greatest tiredness


a hammock lap

strum each day


with no boredom or fear
with grace and with joy
live this pleasant
miracle of being measured
by the same ruler
which the infinite measures [...]

Outra dificuldade por nós encontrada ainda em relação as palavras “saudade” ou


“saudades” presentes no poema em si, as quais depois de conversas e discussões com os
colegas, foram traduzidas de duas maneiras: “I miss” para uma saudade mais ampla, e “school
sickness” na parte em que é descrita a saudade da escola e das coisas que aconteciam nesse
lugar.
Em outro poema foram encontradas dificuldades com as rimas, como faríamos para
manter o sentido das palavras sem que fosse perdido as rimas.
O problema era que, nem todas as rimas são externas como no poema fonte, pois se fosse
feita rimas tais quais as em português, o poema poderia perder o sentido. Então, para que fosse
mantido as rimas e também o sentido das palavras no poema, foram feitas rimas externas e
internas. Sendo observado no poema “O tempo” (PELLEGRINI 2003, p.21) mostrado a seguir:

O tempo

O tempo te leva de navio


perdes esquinas, ganhas horizontes
mas amarrados ao cais. Portos na
névoa
ventos e tormentas. Vais
aprendendo a subir pelos rios
e a navegar às cegas
nesse mar que a gente navega
The time

The time takes you by ship


you lose corners, you gain horizons
but tied to the wharf. Ports in the mist
wind and storms. Walk
learning to rise the rivers
and to sail blind
in this sea that we sail

Outro desafio que foi encontrado, foi na questão de trocadilhos. Como poderíamos manter
o mesmo sentido na língua alvo. O poema que apresentou esse desafio foi o “E o tempo todo
ano pergunta pro tempo quanto tempo o tempo tem” (PELLEGRINI 2003, p.25). Para
resolvermos esse empasse foi proposto que como o autor usa um trocadilho usando a cor cinza,
a qual o poema traz como rancinza, que na verdade é ranzinza, nas traduções foi feito o mesmo,
com gray, que se tornou graychy, que é trocadilho para a cor e a palavra grouchy.
Já no poema “E lá fora o tempo pergunta pro tempo quanto tempo o tempo tem…”
(PELLEGRINI 2003, p.29), quando nos deparamos pela palavra Kombi, optamos por usar
equivalência na tradução dessa palavra, que para nós brasileiros é um carro muito popular e que
a maioria das pessoas conhecem, porém seria de difícil compreensão para alguém que não
tivesse esse referencial teórico. Sendo assim, à substituímos pela palavra Van que, para os
leitores estrangeiros pode ter um sentido mais aproximado do mesmo veículo de transporte
brasileiro.
A mesma estratégia é usada no poema “Porém o tempo pergunta pro tempo quanto tempo
o tempo tem” (PELLEGRINI 2003, p.30), quando substituímos a palavra bicho por bicho papão
que em inglês é bogeyman.
Já em um dos seus últimos poemas, chamado de “Belo dia” (PELLEGRINI 2003, p.72).
Ele brinca com as palavras, separando-as por sílabas e deixando o poema com um ar mais
agradável de se admirar. Porém como poderíamos fazer essas separações de sílabas se a forma
com que fazemos as contagens de sílabas no idioma Inglês é diferente do Português.
Para resolvermos este desafio, foi sugerido uma palavra que tivesse o mesmo sinônimo
que a palavra bela e que quando separássemos ela, não perderia a mesma função visual que
temos na língua fonte. Então, foi optado pela palavra lovesome esta qual poderia ser dividida
como love some, fazendo uma comparação com be lo, do poema original. Logo abaixo um
trecho de como ficou o resultado em comparação ao original.

[...]está pronta uma linda


noite de um belo
belo belo belo belo
belo belo belo
be lo
be
lo
dia!

[...]that it is ready a gorgeous


night of a love
love love love love
love love love
love some
love
some
day!

Estes são alguns dos desafios que foram encontrados por nosso grupo, e com a ajuda da
professora orientadora e demais colegas, foi possível encontrar as melhores soluções.

CONCLUSÕES

O presente projeto trouxe uma grande experiência para todos os participantes. Pode-se
perceber a evolução de todos os participantes no decorrer das atividades que lhes foram
propostas, assim como a evolução das traduções as quais foram passando por alterações no
andamento do projeto.
Além dos projetos os quais fomos encarregados de traduzir, fomos capazes de aprender
muitas outras coisas que acercam o mundo da tradução como: A criação e uso de softwares
como ferramentas de auxílio aos tradutores, estudos sobre as traduções minoritárias tendo como
base o que Venuti traz e uma amplitude de técnicas tais como as de Lambert que foram aplicadas
no decorrer do projeto, tudo isso para que se tornasse possível uma tradução de qualidade.
Conseguimos também, nos envolver de uma forma mais profunda sobre os estudos e
teóricos que abrangem, estudam e valorizam o ramo da tradução. Percebemos assim que, a arte
da tradução é muito antiga e extremamente necessária, principalmente nos dias atuais em que,
a necessidade por quaisquer tipos de informação é necessária o tempo todo, e para que o alcance
dessas informações contemple o maior número de pessoas só é capaz pois existem esses
profissionais que se esforçam para que seja entregue uma obra tão boa ou melhor que a original.
Apenas com o estudo desse projeto posso afirmar com clareza o quão importante é o papel dos
tradutores para a sociedade atual.

REFERÊNCIAS

LAMBERT, José. Literatura & tradução: textos selecionados de José Lambert. Rio
de Janeiro : 7Letras, 2011.

PELLERINI, Domingos. O TEMPERO DO TEMPO. Paraná: Terra vermelha, 2003.

__________. HAICAIPIRAS. 2012

VENUTI, Lawrence. Escândalos da tradução: por uma ética da diferença. Bauru, SP: EDUSC,
2002

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