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MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL

A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL


MARCOS DELSON

MARXISMO E REVOLUÇÃO
CULTURAL NO BRASIL
A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO
DE ASCENSÃO DO MAL

Goiânia
Kelps, 2019
Copyright © 2019 by Marcos Delson

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Capa: Newton Rodrigues


newtonrodrigues22@gmail.com

CIP - Brasil - Catalogação na Fonte


DARTONY DIOCEN T. SANTOS - CRB-1 (1ª Região) 3294

DEL Delson, Marcos.


mar Marxismo e Revolução Cultural no Brasil (a política como
instrumento de ascensão do mal) - Marcos Delson. Goiânia: /
Kelps, 2019

126 p.

ISBN: 978-85-400-2706-0

1. Política - Brasil. 2. Marxismo. 3. Filosofia. Título.

CDU: 32:101(81)

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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2019
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Bem
profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas,
como está escrito: Este povo honra-me com
os lábios, mas o seu coração está longe de
mim (...).
Mc 7:6-8

Como todos os homens, por natureza,


desejam saber a verdade, também neles é na-
tural o desejo de fugir dos erros e de refutá-
-los quando têm essa faculdade.
Tomás de Aquino
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 7

SUMÁRIO

PREFÁCIO ....................................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11

1. MARX ERA ATEU? .................................................................................................. 19

2. REVOLUÇÃO IDEOLÓGICA .............................................................................. 23

3. TÓPICOS DA LUTA MARXISTA NO BRASIL ............................................... 27


3.1. A NOVA ESTRATÉGIA/GRAMSCI E A REVOLUÇÃO
CULTURAL ................................................................................ 35
3.2. A ERA “PT”: GRAMSCI “VIVE” NO BRASIL.............................. 38

4. HERANÇAS DA IDEOLOGIA SOCIALISTA NO BRASIL ............................. 49


4.1. A PROPRIEDADE PRIVADA....................................................... 49
4.2. FAMÍLIA ..................................................................................... 51
4.3. RELIGIÃO.................................................................................... 62
4.4. ESTADO ...................................................................................... 65
4.5. A LUTA COMUNISTA CONTINUA ............................................ 67

5. IDEOLOGIA DE GÊNERO E O ABORTO ....................................................... 75


5.1. FEMINISMO ................................................................................ 89
8 Marcos Delson

6. A MORTE DE DEUS E A RECONSTRUÇÃO DO “NOVO HOMEM”... 95


6.1. POR QUE “MATAR DEUS” É NECESSÁRIO
PARA IMPOR A IDEOLOGIA? ................................................... 95

7. EXORCISMO CONTRA SATANÁS E OS ANJOS REBELDES ................... 103


ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO .................................................. 103
EXORCISMO ......................................................................................... 104
SALMO 67 ............................................................................................. 104
OREMOS ............................................................................................... 106

ANEXO I ...................................................................................................................... 107

ANEXO II..................................................................................................................... 109

ANEXO III.................................................................................................................... 115

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 119
9

PREFÁCIO

Esta obra está escrita em linguagem simples e acessível com o


intuito de que o leitor que mergulhe no conteúdo exposto consiga ab-
sorver, sem muito esforço, a denúncia latente escrita nestas poucas li-
nhas. O novo retrato moral e antropológico do Brasil é preocupante. A
ascensão política de alguns “partidos” tornou-se um instrumento ma-
ligno de luta contra todos os valores que compõem o alicerce Ocidental.
A infiltração de projetos políticos revolucionários desses “partidos” nas
Instituições sociais tem ocasionado a desconstrução de preceitos caros
à religião cristã, como o de família, o de natureza, o de sexualidade e,
até mesmo, o de Deus.
Assim, no desenvolvimento da leitura, enfatizo pontos especí-
ficos da decadência moral contemporânea do nosso país. Tudo isto
acontece no seio da visão de democracia divulgada entre o povo bra-
sileiro. Carregamos uma visão equivocada de democracia, onde a de-
mocracia é superior a Verdade e o Estado laico superior à natureza.
Transformar a democracia em um conceito metafísico foi a estratégica
política utilizada para alcançar à almejada Revolução cultural no Bra-
sil. A democracia é vista como algo sublime, excelso, além do Bem e
do Mal. Somando a ideia de democracia com a visão do Estado laico,
construiu-se uma sociedade “politicamente correta,” onde o correto,
o certo e o errado, depende da perspectiva do partido políti-
co com maioria para governar. Em nome da democracia e do Estado
10 Marcos Delson

laico, não existem verdades divinas, nem verdades naturais, somente


verdades partidárias.
Por isso, em nome da ideologia reinante, o pragmático jogo de
poder absorve a consciência coletiva e teorias mentirosas e escancara-
das como a “autonomia feminina em prol ao aborto”, “a ideologia de
gênero em nome da diversidade”, “a censura de quem pensa diferente
em nome do pluralismo político” são louvadas. Chegando ao extremo
de corruptos e bandidos, verdadeiras quadrilhas, permanecerem no poder
político em nome da democracia.
Por todo o exposto abaixo, quero convidar o leitor à reflexão. O
uso da reta razão é suficiente para que consigamos observar a natureza
e inferir a existência maior que transcende todo o físico, todo o empíreo
rumo ao Absoluto. Mais do que uma crise moral, como bem observou
o professor Ednaldo Maximiliano, vivemos hoje uma crise metafísica.
Falta o questionamento: O que é o homem? O que é política? O que é o
bem comum? O que é Deus? Saiba que a verdade existe e nos interpela.
Resta-nos a inquietação, a Taumasia, o espanto ou, simplesmente, bus-
car respostas prontas e ser manipulado pela ignorância, que não é uma
espécie de benção. No caso específico deste livro, quem ignora sofre.
11

INTRODUÇÃO

“Os vapores infernais elevam-se e enchem o cérebro até que


eu enlouqueça e meu coração seja totalmente mudado. Vê
esta espada? O príncipe das trevas vendeu-a para mim”.
Karl Marx

“Satã é o primeiro livre-pensador e salvador do mundo. Ele


liberta Adão, imprimindo o selo de humanidade e liberdade
em sua fronte, quando o torna desobediente”.
Mikhail Bakunin

“Nosso inimigo é Deus. O ódio a Deus é o princípio da sa-


bedoria”.
Flourence

Essas três epígrafes são de pensadores diferentes, em épocas


diferentes, mas que comungavam o mesmo objetivo. A primeira é do
filósofo Karl Marx; a segunda de um anarquista russo; e a terceira de
Flourence na revolução comunista francesa de 1871. O que elas têm
em comum é o ódio a Deus. Esse ódio a Deus é intrínseco às teorias
marxistas. Em nome da revolução do proletariado induziram/induzem
milhões de pessoas ao erro. Os revolucionários se esconderam/escon-
dem sob a máscara da democracia e da justiça social para, em nome do
fim do sofrimento dos oprimidos, apregoar a erradicação de Deus e Sua
adoração. Países com a China Vermelha, a União Soviética, a Albânia, o
12 Marcos Delson

Camboja, a Coréia do Norte... demonstraram/demonstram abertamen-


te esses propósitos. Não são propósitos aceitos passivamente, por isso,
foram impostos pela guerra, pela tortura, pelo genocídio, pela persegui-
ção as religiões e aos religiosos.
Não obstante, com o insucesso e a impopularidade da violência,
astutamente, de meio século para cá o despotismo comunista/socialista
mudou de estratégia: hoje, inspirados por Gramsci, apelam à revolução
cultural e não mais a violência típica do leninismo. Uma vez no poder,
certos partidos de bandeira vermelha, trabalham com a propaganda e
com a manipulação de pessoas gerando marionetes que repetem as ide-
ologias desconstrucionistas que, sorrateiramente, vêm afastando o culto
divino do meio dos homens.
No Brasil contemporâneo, a erradicação de Deus e a Sua ado-
ração acontece, indiretamente e eficazmente, quando as políticas “de-
mocráticas” conseguem profanar tudo o que é sagrado: seja a família,
a vida, a sexualidade, a mentalidade das crianças, a natureza humana,
os dogmas da religião cristã etc (homogeneização das massas). A ma-
nipulação das pessoas não está acontecendo, diretamente, por meio
de perseguições e torturas como há um século. A revolução cultural
está acontecendo por meio da imposição do discurso na arte, na edu-
cação, na política, na imprensa e na religião. A manipulação é percep-
tível: pessoas afiliadas a determinados partidos vermelhos brigam, se
impõem, atacam com palavras e com a força física para defender os
princípios profanos rejeitados por grande parte da população. Quan-
do alguém não aceita o imposto é estigmatizado de preconceituoso,
homofóbico, fascista... Não há espaços para segunda opinião. Para he-
gemonizar as opiniões, os partidários, os ativistas, os simpatizantes
inebriados, cegos, transformam o que acreditam em leis e as impõem
por intermédio do Estado. A revolução cultural no Brasil é insigne e
está a “todo o vapor”. Quando os partidos de bandeira vermelha re-
assumirem o poder a subversão certamente reiniciará e a reinterpre-
tação antropológica continuará transformando as pessoas em seres
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 13

amorfos aptos ao controle social representado pelos desejos sombrios


dos representantes do Estado (ético).
Jesus Cristo afirmou que o ser humano quando disposto a co-
nhecer a verdade, conhecendo-a, ela o liberta1. Observando os últimos
acontecimentos e inspirado nessa exortação cristã, buscarei expor a
doutrina comunista/marxista dentro de uma perspectiva espiritual, isto
é, demonstrando os erros dessa doutrina fundamentado na fé em Jesus
Cristo, caminho, verdade e vida2. Ao longo do texto pretendo deixar cla-
ro o sentido do título “Marxismo e Revolução cultural no Brasil”. Acre-
dito que ficará nítida a incoerência do imperativo: “Sou cristão, mas sou
marxista”. Cristo abertamente disse sobre a impossibilidade de seguir a
dois senhores3. Esse imperativo acima demonstra a tentativa de seguir
a Cristo e, simultaneamente, uma doutrina que tem como meta retirar
tudo o que é fundamentado na doutrina cristã da sociedade. É impossí-
vel ser cristão e consentir com a revolução cultural hodierna. Ou se ama
a Cristo ou não se ama a Cristo, ou se dedica a verdade ou se despreza
a verdade.
Começarei a explicação do título “Marxismo e Revolução cultu-
ral no Brasil” expondo a doutrina revolucionária marxiana do fim da
superestrutura social e da implantação da ditadura do proletariado. Essa
revolução cultural está fundamentada no método marxista conhecido
como materialismo histórico e dialético. Essa doutrina materialista, se-
gundo Pio XI4, se fundamenta na matéria e sua evolução natural para
explicar a origem de todas as coisas existentes. Para essa doutrina “a
sociedade humana (e tudo o que existe) não é outra coisa mais do que
uma aparência ou forma da matéria, que vai evoluindo (...) e por uma
necessidade inelutável e um perpétuo conflito de forças, vai pendendo
para a síntese final: uma sociedade sem classes”. O “conflito de forças”
que leva a “sociedade humana” a “síntese final” pode ser impulsionado
1 Jo. 8, 32
2 Jo. 14, 6
3 Mt. 6, 24
4 Carta Encíclica Divinis Redemptoris versão online pg.04, n. 10
14 Marcos Delson

pela própria ação dos homens na história: “os antagonismos que surgem
entre as várias classes, da sociedade, porfiando porque a luta de classes,
tão cheia, infelizmente, de ódios e de ruínas, tome o aspecto de uma
guerra santa em prol do progresso da humanidade”. Qualquer obstáculo
contra essa sistemática violência deve ser aniquilado. A percepção do
materialismo histórico e dialético descarta Deus como criador, o mun-
do e tudo o que há nele como fruto da criação divina, descarta a alma, a
ressurreição dos mortos e a vida Eterna. Enfim, descarta todo o alicerce
da vida cristã.
Em seguida, com a ajuda de dois livros “A verdade sufocada” e
“Rompendo o silêncio” de Carlos Alberto Brilhante Ustra, retroagi-
remos em 1964, ano em que teve início o Regime Militar no Brasil,
para denunciar a tentativa do golpe comunista com o uso da força
(Tentativa de Golpe inspirada na perspectiva leninista). Posterior -
mente, da recente “Era PT” no poder (2002-2016/Gramscismo), fi-
cará insigne o fortalecimento de teorias ateias que retiram o homem
da ordem divina e natural colocando-o na ordem cultura/histórica
(Ideologia de gênero); teorias de cunho feminista que rompe com o
casamento, com a sacralidade do corpo e com a família (Pansexua-
lidade livre) e buscam legalizar a morte de crianças no útero da mãe
(Aborto); o Foro de São Paulo como iniciativa de Fidel Castro para
reviver o socialismo na América Latina; e a mudança radical no pen-
samento religioso ao ponto de transformar Cristo em um libertador
social. Deixo claro que o objetivo não é desmoralizar pessoas ou par-
tidos políticos. Aqui, nos princípios da filosofia cristã, me posiciono
contra o marxianismo e todas as teorias de cunho marxista. Cito
alguns movimentos sociais e alguns partidos porque estes carregam
e fomentam ideais ligados ao pensamento de Karl Marx, Friedrich
Engels e seus seguidores.
Esses dois filósofos (Marx e Engels) estavam em um período his-
tórico realmente difícil para os trabalhadores.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 15

Ao fim do século XIX (...) aparecia à sociedade (..) duas classes:


das quais uma, pequena em número, gozava de quase todas as
comodidades que as invenções modernas fornecem em abun -
dância; ao passo que a outra, composta de uma multidão imensa
de operários, a gemer na mais calamitosa miséria, debalde se es-
forçava por sair da penúria, em que se debatia5.

Portanto, percebe-se que, pela citação acima, parte da crítica so-


cial marxiana é verdadeira. O injustificável da crítica marxiana é a ten-
tativa de utilizar-se da miséria dos trabalhadores para impor ideologi-
camente uma revolução social contra tudo o que é sagrado. Como visto
na citação acima, a Igreja Católica não se furtou à situação lastimável
e desumana dos trabalhadores. O Papa Leão XIII, em 1891, foi, assim
como Pio XI, ao encontro dos trabalhadores e denunciou as péssimas
condições “com medidas prontas e eficazes6”. O Santo padre observou
que a perda do sentimento religioso e dos princípios cristãos por parte
das Instituições Públicas deixou os trabalhadores “isolados e sem defe-
sa” e “com o decorrer do tempo, entregues à mercê de senhores desu-
manos e à cobiça duma concorrência desenfreada” que gerou “um jugo
quase servil à imensa multidão dos proletários”.
Dentro desse contexto, o santo padre Leão XIII afirmou que a
liberdade dos trabalhadores não está alicerçada na Revolta social ou
no ódio a Deus e sua Igreja. Segundo o santo Papa, primeiro é preciso
o proletário reconhecer a impossibilidade de todos os homens serem
iguais na sociedade. Para tanto, “deve aceitar com paciência a sua con-
dição”. Em relação ao trabalho, ele não é um mal, pelo contrário, é dig-
nificante. O homem não deve viver na ociosidade. É preciso da parte de
ambos, burguês/proletário, o entendimento de que, antes de qualquer
disputa de classes, são dependentes recíprocos: “não pode haver capital
sem trabalho, nem trabalho sem capital”. O burguês e o proletário não
nasceram inimigos. É preciso e é possível a reconciliação das duas clas-
5 Papa Pio XI, Carta Encíclica Quadragesimo Anno, versão online pg. 02
6 Carta Encíclica Rerum Novarum Versão online pg. 02, n. 03
16 Marcos Delson

ses sem lutas estéreis e violentas. Buscando medidas para solucionar o


problema, o Papa Leão XIII “não pediu auxílio nem ao liberalismo nem
ao socialismo, pois que o primeiro se tinha mostrado de todo incapaz
de resolver convenientemente a questão social, e o segundo propunha
um remédio muito pior que o mal, que lançaria a sociedade em perigos
mais funestos7”. Foi iluminado pelos ensinamentos de Cristo e de posse
da doutrina social da Igreja que Leão XIII afirmou que ambos, burguês e
proletário, possuem seus direitos e seus deveres no mundo do trabalho.
O proletário

deve fornecer integral e fielmente todo o trabalho a que se com-


prometeu por contrato livre e conforme à equidade; não deve
lesar o seu patrão, nem nos seus bens, nem na sua pessoa; as
suas reivindicações devem ser isentas de violências e nunca re-
vestirem a forma de sedições; deve fugir dos homens perversos
que, nos seus discursos artificiosos, lhe sugerem esperanças exa-
geradas e lhe fazem grandes promessas, as quais só conduzem a
estéreis pesares e à ruína das fortunas8.

Quanto aos ricos e aos patrões

não devem tratar o operário como escravo, mas respeitar nele a


dignidade do homem, realçada ainda pela do Cristão. O trabalho
do corpo, pelo testemunho comum da razão e da filosofia cristã,
longe de ser um objeto de vergonha, honra o homem, porque lhe
fornece um nobre meio de sustentar a sua vida. O que é vergo-
nhoso e desumano é usar dos homens como de vis instrumentos
de lucro, e não os estimar senão na proporção do vigor dos seus
braços. O cristianismo, além disso, prescreve que se tenham em
consideração os interesses espirituais do operário e o bem da sua
alma. Aos patrões compete velar para que a isto seja dada plena
satisfação, para que o operário não seja entregue à sedução e às
7 Carta Encíclica Quadragesimo Anno do Papa Pio XI, versão online pg. 03
8 Idem, pg. 08, n. 10
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 17

solicitações corruptoras, que nada venha enfraquecer o espírito


de família nem os hábitos de economia. Proíbe também aos pa-
trões que imponham aos seus subordinados um trabalho supe-
rior às suas forças ou em desarmonia com a sua idade ou o seu
sexo9.

O contratante deve tratar o seu subordinado com dignidade,


como irmão caríssimo em Cristo. O trabalhador merece ser tratado com
respeito, com equidade. Ao contratante o mesmo respeito deve ser dado.
Ambos devem caminhar juntos.
Os contrastes sociais afetaram e ainda afetam a Igreja que, como
resposta, indica setas iluminadas pela Verdade de Cristo. Contempora-
neamente, o Brasil respira fortes problemas sociais: a invasão de terras,
a fome, a violência, o desemprego, a precarização do trabalho, a flexibi-
lização dos direitos trabalhistas, a educação que deseduca, a corrupção
na política e nas Instituições sociais, a desigualdade social... Partidos
políticos embebidos do “novo capitalismo” (eufemismo para socialis-
mo) alimentam o antigo ideal revolucionário com o intuito de induzir
as pessoas a acreditarem na solução revolucionaria dos problemas so-
ciais. Para tanto buscam, por meio do sufrágio universal, ascender ao
poder. Uma vez no poder a revolução cultural reiniciará... A solução
de tais problemas sociais não depende de revolução social, depende de
bom senso. O homem é um fim em si mesmo e nunca um meio em fun-
ção de um terceiro. Os antigos problemas que ainda afetam a sociedade
hodierna tem a solução na mesma pessoa: Cristo, príncipe da paz.
Contra as maldades do marxismo, na conclusão, deixarei a ora-
ção de exorcismo composta por Leão XIII. Acredito piamente que o
marxismo (Que retira do homem a “Imagem e semelhança de Deus”
colocando no lugar a “Imagem e semelhança de Satanás”) é uma forma
de satanismo. Nas perseguições, afirmou São Paulo10 que “a nossa luta
não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra
9 Idem, pg. 08-9, n. 10
10 E. 6, 12
18 Marcos Delson

as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hos-


tes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. A missão do demônio
é destruir todos os traços do cristianismo no mundo. Por isso que a
nossa luta não é “contra a carne e o sangue”, é espiritual. Para tal exposto
às pesquisas foram bibliográficas em várias fontes ofline e online.

Obs: Sobre Carlos Alberto Brilhante Ustra pesa, segundo denuncias, o


crime hediondo de tortura. Aqui utilizaremos suas obras sem fazer um valor
moral do autor, pois em Estado de guerra (que era o caso do Brasil no
Regime Militar) a racionalidade repousa no tormento. Que Deus julgue o
que eu não sei.
19

1. MARX ERA ATEU?

Onde quer que os comunistas conseguiram radicar-se e dominar


(...), como eles próprios abertamente o proclamam, por todos os
meios se esforçaram por destruir radicalmente os fundamentos da
religião e da civilização cristãs, e extinguir completamente a sua
memória no coração dos homens, especialmente da juventude. Bis-
pos e sacerdotes foram desterrados, condenados a trabalhos força-
dos, fuzilados, ou trucidados de modo desumano; simples leigos,
tornados suspeitos por terem defendido a religião, foram vexados,
tratados como inimigos, e arrastados aos tribunais e às prisões (...).
Até em países, onde (...) não conseguiu ainda a peste e o flagelo co-
munista produzir todas as calamidades dos seus erros, desencadeou
contudo, infelizmente, uma violência furibunda e irrompeu em
funestíssimos atentados. Não é esta ou aquela igreja destruída, este
ou aquele convento arruinado; mas, onde quer que lhes foi possível,
todos os templos, todos os claustros religiosos, e ainda quaisquer
vestígios da religião cristã, posto que fossem monumentos insignes
de arte e de ciência, tudo foi destruído até os fundamentos! E não
se limitou o furor comunista a trucidar bispos e muitos milhares
de sacerdotes, religiosos e religiosas, alvejando dum modo particu-
lar aqueles e aquelas que se ocupavam dos operários e dos pobres;
mas fez um número muito maior de vítimas em leigos de todas as
classes, que ainda agora vão sendo imolados em carnificinas coleti-
vas, unicamente por professarem a fé cristã, ou ao menos por serem
contrários ao ateísmo comunista. E esta horripilante mortandade é
perpetrada com tal ódio e tais requintes de crueldade e selvajaria,
que não se julgariam possíveis em nosso século11.

11 Pio XI Carta Encíclica Divinis Redemptoris versão online p. 08, n. 19-20


20 Marcos Delson

Perseguições às religiões, destruição de cidades e templos religio-


sos, genocídios, infanticídios... é isto o comunismo? É isto o fim da luta
dos trabalhadores explorados? É isto a sociedade sem classes sociais?
Esses ideais “nobres” maquilam a verdadeira agenda de intenções do
comunismo, que é impor o terror e destruir todo o alicerce da Igreja.
Essa doutrina é adversaria de Cristo e de Sua Igreja. Inimiga da retidão e
da busca pela salvação. Inspirada por Lúcifer que foi, por orgulho, caído
do céu (Is 14, 12). Comunismo é satanismo. Se comunismo é satanismo,
Marx era satanista? Neste tópico, com a ajuda do Pastor evangélico Ri-
chard Wurmbrand12, essa pergunta será respondida.
“A união dos fieis com Cristo” é o nome de uma obra da adoles-
cência de Karl Marx. Ele foi até certa idade um homem religioso. Com
o passar dos anos, não se sabe bem o motivo, Marx perdeu a fé. No
poema “Invocação de Alguém em desespero”, Marx, afirma almejar
um trono (assim como Lúcifer Is. 14,13) acima de Deus, para ocupar
o Seu lugar e vingar-se Dele13. Segundo Wurmbrand no livro “Era Karl
Marx um satanista? 14”, Karl Marx escreveu o drama “Oulanem” que
responde a muitas perguntas sobre a afirmação de que ele era sata-
nista e de que o comunismo é a fumaça de Satanás a toxicar o mun-
do. ‘“Oulanem’ é uma inversão de um nome santo: é um anagrama de
Emanuel, nome bíblico para Jesus, que em hebraico significa ‘Deus
conosco’. Tais inversões de nomes são consideradas eficazes na magia
negra 15”. Na missa negra, ritual satânico, a meia noite o sacerdote de
Satanás, usando roupas adornadas do avesso, coloca velas negras de
cabeça para baixo nos castiçais e faz orações de trás para frente. Ele pi-
soteia um crucifixo ou o coloca de cabeça para baixo. Uma mulher nua
oferece-lhe o corpo como altar. A hóstia consagrada da Igreja Católi-
ca, roubada em alguma ocasião, é assinalada com o nome de Satanás
12 Richard Wurmbrand ficou 14 anos preso em cadeias comunistas. Foi torturado de diversas
formas. Ele fundou a Organização Voz dos Mártires. Esse tópico está fundamentado na sua
obra “Era Karl Marx um satanista?”
13 “Tu dizias: escalarei os céus e erigirei meu trono acima das estrelas. Assentar-me-ei no monte
da Assembleia, no extremo norte. Subirei nas nuvens mais altas e me tornarei igual ao Altíssi-
mo” (Is 14, 13-14).
14 Wurmbrand, Richard. Era Karl Marx um satanista? Versão online p. 04-5
15 Idem, p. 05
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 21

e utilizada em um ritual que imita o da comunhão. Durante o ritual


da missa negra, a Bíblia Sagrada é queimada e os participantes, a ser-
viço de Satanás, se comprometem a cometer os sete pecados capitais
e encerram com uma orgia. O nome “Oulanem”, como já indicado, é
a inversão do nome Emanuel, faz referência à composição do ideal
cerimonial “de trás para frente” exercido na missa negra. Nessa missa
satânica, o sagrado nome de Deus, de Jesus e de Maria são pronuncia-
dos de trás para frente. O que pode indicar que o poema “Oulanem” de
Karl Marx não carrega esse nome por pura coincidência.
Ainda, no poema “Violinista”, K. Marx afirma que Satanás vendeu
a ele uma espada. Nos rituais satânicos, o devoto ganha uma espada de
Satanás e o paga com o sangue, como indicação de que a partir daquele
momento a sua alma pertence ao Demônio16. Com o comunismo Marx
pretende arrastar toda a humanidade com ele para o inferno. Marx não
é ateu, é satanista, tanto que acredita na vida eterna. Em “Oulanem”,
Marx não nega a vida eterna, ele sustenta a sua existência retirando dela
o lugar de paz e amor e colocando-a como um lugar de tormento e,
mais, deseja conduzir toda a humanidade a este mesmo destino, isto
é claro, por meio do comunismo. O objetivo de Marx não é a salvação
do proletário em uma sociedade justa e digna, mas a condenação ao
tormento por meio das consequências desastrosas oriundas dos ideais
comunistas na sociedade de seu tempo e na sociedade hodierna.
No poema sobre Hegel e no poema intitulado “A Donzela Pálida”,
escreveu Marx: “‘Palavras eu ensino todas misturadas em uma confusão
demoníaca (... )’. ‘Assim, eu perdi o direito ao céu, sei disso perfeitamen-
te. Minha alma, outrora fiel a Deus, está destinada ao inferno 17”. Marx
nutre ódio a Deus e o comunismo é uma das formas de levar esse ódio a
demais pessoas. O slogam dos movimentos comunistas com frequência
faz referência a expulsar Deus do céu e, na prática, apregoam o ódio ao
cristianismo e castigam os cristãos que não renunciam a Cristo e sua
Igreja. A citação acima de Pio XI deixa claro esse ideal. A realização final
do ideal comunista é a perseguição ao cristianismo e colocar o mundo

16 Idem, p. 04-5
17 Idem, p. 07-8
22 Marcos Delson

“Sob o sol de Satã”, é a subversão de todos os ideais que conduzem o


homem a salvação eterna.

Posso entender que os comunistas prendam padres e pastores


como contra revolucionários. Mas por que os padres foram for-
çados a dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão rume-
na de Piteshti? Por que cristãos foram torturados para tomarem
a comunhão com esses mesmos elementos? Por que a obscena
zombaria da religião? (1. Cirja Retorno do Inferno e D. Bacu Pi-
teshti) Por que o sacerdote da Igreja Ortodoxa Rumena Roman
Braga, prisioneiro dos comunistas na época (seu endereço atual
é o “Bispado Ortodoxo Rumeno”, Jacksonville, Michigan, USA),
teve seus dentes arrancados um a um com uma barra de ferro,
para fazê-lo blasfemar? Os comunistas explicaram a ele e a ou-
tros: “Se nós os matarmos, vocês, cristãos, irão para o céu. Porém
não desejamos que sejam coroados mártires. Vocês devem pri-
meiro amaldiçoar a Deus e então ir para o inferno18.”

Agradeço enormemente aos estudos do Pastor Richard Wurm-


brand que fundamentou esse tópico. Porém, afirmo que não sei dizer
com precisão a relação entre Marx e o ritual satânico. Assim como o
Pastor no seu magnifico livro “Era Karl Marx um Satanista?”, acredito
que os vestígios acima não provam que Marx era Satanista. Sei que par-
tindo do materialismo histórico e dialético é possível chegar a todas as
conclusões que chegaram os partidos comunistas/socialistas. Se o ho-
mem é matéria, a religião é um engano. O problema central, acredito, é
justamente esse: o homem não é só matéria. E mesmo que o homem fos-
se só matéria, nada justificaria os crimes contra a humanidade. Lendo
de perto as obras de Marx, tenho coragem de afirmar que sem uma força
oculta àqueles escritos não teriam causado tanto mal. Mesmo se não for
satânico, as suas obras tem por finalidade o mal, o que em si, sem querer
ser redundante, já é um grande mal.

18 Idem, p. 24
23

2. REVOLUÇÃO IDEOLÓGICA

Até agora, os homens formaram sempre ideias falsas sobre si


mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as
suas relações mútuas em função das representações de Deus, do
homem normal, etc., que aceitavam. Estes produtos do seu cére-
bro acabaram por os dominar; apesar de criadores, inclinaram-
-se perante as suas próprias criações. Libertemo-los portanto das
quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres imaginários cujo
jugo os faz degenerar. Revoltemo-nos contra o império dessas
ideias. Ensinamos os homens a substituir
essas ilusões por pensamentos que correspondam à essência do
homem, afirma um; a ter perante elas uma atitude crítica, afirma
outro; a tirá-las da cabeça, diz um terceiro e a realidade existente
desaparecerá1.
(A ideologia Alemã. Karl Marx e Friedrich Engels)

Karl Marx e Friedrich Engels nos seus “manuais revolucioná-


rios” partem da concepção de “lutas de classes antagônicas”, sendo
uma de opressores e a outra de oprimidos. A “luta de classes antagô-
nicas” conduz a uma transformação revolucionaria da sociedade ou ao
declínio das classes em luta. No caso de uma transformação revolucio-
nária de toda a sociedade a meta seria o Comunismo. Com o testemu-

1 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia Alemã. Livro online, disponível em: http://www.
jahr.org, acessado em 18/03/18
24 Marcos Delson

nho da história posso afirmar que, uma vez no poder, os partidos de


orientação marxista transformam suas ideologias em leis, geram um
despotismo, perseguem a religião e findam com as garantias individu-
ais e coletivas, e tudo isto em nome da democracia e da mudança da
consciência social que resultará em um novo modelo de sociedade 2.
Esse novo modelo de sociedade terá seu triunfo com o fim da superes-
trutura social3 e, portanto, o apogeu do oprimido: “o proletário, estra-
to inferior da atual sociedade, não pode erguer-se, pôr-se de pé, sem
que salte pelos ares toda a superestrutura dos estratos que constituem
a sociedade atual4”. Pelos ares “toda a superestrutura,” evidentemente,
é a composição de uma nova consciência social sem verdades abso-
lutas, naturais, divinas ou princípios inventados “ou descobertos por
esse ou aquele reformador do mundo 5”. A ideia marxiana se fecha à
realidade transcendente. A proibição das questões metafísicas retira
da alma qualquer ordem. O homem “recriado” por Marx não nas-
ceu para ser criatura, nega o mistério bíblico da criação. Opõem-se a
Deus. “Cria um fluxo de existência em que os opostos se transformam
uns nos outros”. É uma revolta antiteista 6. Para Marx, as leis naturais
ou leis eternas e da razão são mecanismos de dominação do opressor
sobre o oprimido, representam a vontade do opressor transformada
em leis e, por isso, devem ser superadas. Não há espaços para Deus,
para a essência ou a natureza, tudo se resume na matéria, nos aspec-
tos econômicos e sociais. Onde havia Deus, agora existe a Onipotên-
cia do Estado. Em nome do Estado, o Comunismo cometeu vários
crimes, seja contra o espírito, contra a cultura universal ou nacional.
Seja a demolição das Igrejas em Moscou, ordenado por Stalin; seja a

2 “O primeiro passo da revolução operária é a elevação do proletário à classe dominante, a


conquista da democracia” (MARX; ENGELS 2010; p. 66).
3 Estrutura jurídico-política e ideológica da sociedade. Estado, religião, Artes, meios de comu-
nicação, Família, Propriedade privada etc
4 Manifesto Comunista. MARX; ENGELS 2010; p. 56
5 Idem; p. 59
6 Karl Marx segundo Eric Voegelin. VOEGELIN online, p. 16
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 25

destruição do “coração histórico de Bucareste para construir edifícios


e traçar perspectivas megalomaníacas”; ou mesmo com Pol Pot que
destruiu lentamente, pedra após pedra, a Catedral de Phnom Penh
“e abandonou à selva os templos de Angkor; durante a revolução cul-
tural maoísta, tesouros inestimáveis foram quebrados ou queimados
pelas Guardas Vermelhas”. Porém, os crimes que mais pesam para a
memória da humanidade foram os assassinatos em massa de homens,
de mulheres, de idosos e de crianças7. Quando pagarão esses crimes?
Foi no século XX, 1917 e 1949, que a Revolução Russa coman-
dada por Lênin e a Revolução Chinesa de Mao Tsé-tung conduziu o
mundo a assistir na prática os desastres da revolução cultural proposta
pelo Manifesto Comunista. Lênin deixou claro no discurso de Genebra
de 1908 que a missão revolucionaria é buscar a concentração do poder
numa elite partidária, “rejeitar a cooperação democrática” e dar ênfa-
se aos “aspectos violentos do comunismo”. Segundo ele “a Comuna de
1870 falhou porque não foi suficientemente radical, não expropriou
os expropriadores, foi indulgente para com inimigos, tentou influen-
ciar moralmente em vez de matar, não percebeu a ação militar e teve
hesitações8”. No Livro negro do comunismo: crime, terror e opressão, os
autores apontam que “excedendo os crimes individuais, os massacres
pontuais, circunstanciais, os regimes comunistas erigiram, para assegu-
rar o poder, o crime de massa como verdadeiro sistema de governo”. Era
repressão dia após dia, “censurando todos os meios de comunicação,
controlando as fronteiras, expulsando os dissidentes”. O terror, com o
tempo diminuiu, mas “a ‘memória do terror’ continuou a assegurar a
credibilidade e, consequentemente, a eficácia da ameaça repressiva. Ne-
nhuma das experiências comunistas, populares durante algum tempo
no Ocidente, escapou a essa lei”: seja “a China do ‘Grande Timoneiro’”,
ou “a Coreia de Kim II Sung”, nem mesmo o Vietnã do ‘gentil Tio Ho’
ou a Cuba do flamejante Fidel, ladeado pela pureza de um Che Gueva-
7 Livro negro do comunismo: crime, terror e opressão. COURTOIS; WERTH; PANNÉ; PACZ-
KOWSKI; BARTOSEK; MARGOLIN online p. 07
8 Karl Marx segundo Eric Voegelin. VOEGELIN online, p. 04
26 Marcos Delson

ra, não se esquecendo da Etiópia de Mengistu, da Angola de Neto e do


Afeganistão de Najibullah”9.
O mundo assistiu, no pós-guerra, a disputa de ideologias irmãs
e extremas: de um lado o Neoliberalismo e de outro o Socialismo. Foi
com a dissolução da União Soviética em 1991 que todas as grandes e
importantes potências se abriram ao Neoliberalismo. Todas as grandes
potências se viram sem saída e sucumbiram aos desejos do capital. A
queda do muro de Berlim (1989) e o fim da URSS - União das Repúbli-
cas Socialistas Soviéticas - ocasionou a possibilidade das Multinacionais
explorarem grandes áreas territoriais difundindo, simultaneamente, a
cultura de consumo, e, em conjunto, politicamente, semeou a ideologia
que proclamava que sem o neoliberalismo é impossível existir10. O fim
da União Soviética não foi o fim do marxismo. Em nível de mercado,
venceu o neoliberalismo. Ideologicamente, o socialismo continua la-
tente: dos “manuais revolucionários” do marxianismo surgiram outros
movimentos sociais marxistas que proclamavam/proclamam em nome
“da luta de classes” a revolução, seja feminina (Feminismo), seja sexual
(Ideologia de gênero) ou mesmo antropológica com a construção do
novo homem. Todos esses movimentos marxistas buscam reestruturar
a sociedade. Esses movimentos tem ampla participação na fluidez dos
valores chamados tradicionais, naturais ou divinos. Nos próximos tó-
picos, de forma sucinta, demonstrarei a tentativa de rompimento com
a superestrutura social brasileira e a busca para implantar o Socialismo
no Brasil ou, como se fala, o “novo capitalismo”.

9 Livro negro do comunismo: crime, terror e opressão. COURTOIS; WERTH; PANNÉ; PACZKO-
WSKI; BARTOSEK; MARGOLIN online p. 07
10 Ser Protagonista. BALDRAIA; SAMPAIO; SUCENA 2016; p. 70-2
27

3. TÓPICOS DA LUTA MARXISTA NO BRASIL1

O Brasil é um país estratégico para a agenda comunista. Ele faz


fronteira com quase todos os países da América do sul, exceto dois. Par-
tindo do Brasil, seria possível subverter, paulatinamente, todos os países
vizinhos e, por fim, a América central. Estando a América do sul e a
América central ideologizadas, e contando com o apoio de outros paí-
ses como Rússia e China, seria possível, com muito esforço e empenho,
atacar militarmente e destruir os Estados Unidos da América, tornando
a América um Continente Vermelho apto à contribuir para a ideologi-
zação comunista dos outros continentes.
Bem, no Brasil, politicamente, tudo começou com o PCB - Par-
tido Comunista do Brasil - que foi o primeiro partido comunista em
solo brasileiro, fundado em 1922. Apoiou a revolta armada de 1935, da
clandestina Aliança Nacional Libertadora (ANL), chamada de Intento-
na Comunista, com o intuito de derrubar o governo de Getúlio Vargas
que havia decretado a ANL e outros grupos leninistas como extintos.
Comandados por Luiz Carlos Prestes, mataram centenas de civis e mi-
litares em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Sain-
do derrotados da empreitada, o governo Vargas fechou o Congresso e
iniciou o período conhecido com Estado Novo. Vargas permaneceu no
poder até o final da Segunda Guerra Mundial.

1 Parte deste tópico eu publiquei no Jornal Visão Anápolis Ano 4 - Edição 37 Agosto de 2018,
artigo de opinião
28 Marcos Delson

Desde então, os comunistas estão presente na política e na socie-


dade brasileira, aptos a agirem a qualquer momento. Sempre esperando
uma oportunidade para o Golpe de Estado. A grande oportunidade sur-
giu, com maior efeito, após o pedido de renúncia de Jânio Quadros que
ascendeu ao cargo de Presidente da República João Goulart em 1961,
sob o regime parlamentarista aprovado pelo Congresso por meio de
Emenda Constitucional. O governo foi marcado por greves e alta infla-
ção, que gerou grande desordem social. Nas reformas chamadas de base,
entre as medidas econômicas anunciadas, buscou conter os salários, fa-
zer a reforma agrária, a reforma educacional, nacionalizou empresas de
comunicação, gerando grande insatisfação populacional. Diante a in-
satisfação popular, Jango buscou apoio na UNE - União Nacional dos
Estudantes -, no CGT - Comando Geral dos Trabalhadores - nos parti-
dos de orientação semelhante (esquerdista), na Liga dos camponeses e,
também, buscou o apoio de Brizola, que era Governador do Rio Grande
do Sul pelo PTB e cunhado do então Presidente, entre outros2.
Em 13 de Março de 1964, na Central do Brasil, Jango falou para
aproximadamente 150 mil pessoas radicalizando sua promessa de refor-
ma agrária, reforma urbana e de taxar os mais ricos. Diante as promes-
sas, a Liga dos Camponeses organizou os trabalhadores para a possível
“reforma agrária”, os sindicatos organizavam greve após greve e outros
movimentos ganhavam força3. No mesmo mês, desfilaram em São Paulo
a Marcha da família com Deus pela liberdade, de vertente conservadora,
reunindo cerca de um milhão de pessoas exigindo o fim da desordem
no país. A indisciplina nas forças armadas crescia ocasionando a revolta
dos marinheiros no Rio de Janeiro. O Jornal Estado de São Paulo4 aler-
tava o caos nas forças armadas afirmando que “a rebelião dos sargen-
tos da Aeronáutica fora suficiente para anular praticamente a eficiência
da Arma, a subversão da ordem na Marinha assumia as dimensões de

2 Rompendo o Silêncio. USTRA 2002; p. 64


3 História. VICENTINO; DORIGO 2001; p. 559
4 De 31 de Março de 1964
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 29

um verdadeiro desastre nacional”. A subversão das Forças Armadas era


impulsionada por discursos separatistas envolvendo o Presidente João
Goulart. O Jornal do Brasil5 deixou claro que “não pode mais ter amparo
legal quem no exercício da Presidência da República, violando o código
Penal Militar, comparece a uma reunião de sargentos pra pronunciar
discursos altamente demagógicos e de incitamento à divisão das Forças
Armadas (...)”. Esse era o cenário político. Os comunistas estavam infil-
trados por toda parte: escolas, Exército, política, sociedade civil, Igreja
etc. O Brasil foi tomado pela desordem e grupos comunistas pensavam
que a tomada do poder era eminente. Todos esses “lamentáveis aconte-
cimentos”, segundo o Jornal Correio do povo6, “foram o resultado de um
plano executado com perfeição e dirigido por um grupo já identificado
pela Nação Brasileira como interessado na subversão geral do País, com
características nitidamente comunistas”. A Folha de São Paulo7 afirmou
que “aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começa a ser
alcançado por elementos que atuam internamente, ou seja, dentro do
próprio País. Deve-se conhecer, hoje que a Marinha como força orga-
nizada não existe mais. E há um trabalho pertinaz para fazer a mesma
coisa com os outros dois ramos das Forças Armadas”.
Nesse período, o Brasil passou por momentos complexos. Gru-
pos guerrilheiros, em nome de uma sorrateira revolução proletária, que
não seria do proletário, mas de grupos fortemente treinados, buscaram
unir forças para uma revolução violenta com o intuito de instaurar no
Brasil o comunismo. Estavam em fase de conclusão as etapas da revolta:
primeiro o caos, em seguida a guerra civil e, por fim, o comunismo ra-
dical. Foi em repressão à tentativa de golpe que o Gel. Olympio Mourão
Filho partiu com a tropa de Minas Gerais para o Rio de Janeiro com o
intuito de unir-se com outros militares que lá se encontravam. O Presi-
dente Jango fugiu para o Rio Grande do Sul amparado por Leonel Brizo-

5 De 31 de Março de 1964
6 De 31 de Março de 1964
7 De 31 de Março de 1964
30 Marcos Delson

la que buscava forças para preparar uma contraofensiva ao Exército. A


tentativa não prosseguiu. Jango se exilou no Uruguai no dia 04 de abril
de 1964. Antes, no dia 02 de Abril de 19648, o Congresso havia declara-
do a Presidência vaga e o Presidente da Câmara dos Deputados Ranieri
Mazzilli assumiu como presidente. O deputado Mazzilli assumiu a Pre-
sidência da República sendo substituído pelo Gen. Castelo Branco no
dia 15 de abril de 1964. O Jornal Estado de São Paulo9 noticiou que era
“vitorioso o movimento democrático”. O Jornal O Globo10 relatou que

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasi-


leiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram
de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Arma-
das, fiéis ao dispositivo constitucional que os obriga a defender a
Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não
confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao
Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo (...).

Foi por tudo isso que por aclamação em Abril de 1964, diante as
ameaças à Soberania do Brasil, iniciou-se com Gen. Castelo Branco o
Regime militar. Infelizmente, hoje, tão mal falado, tão injustiçado e tão
criticado por jovens que desconhecem toda a história, isto é, eles conhe-
cem meia-verdade e, por inferência, se fundamentam em meia-mentira.
Eles conhecem a história dos livros de Ensino Médio, a história “escrita”
pela mídia ou pronunciada por professores revolucionários e doutrina-
dores dos inúmeros Centros Universitários11. O Regime militar, período

8 Segundo o site do Senado: “Tumulto, vaias e aplausos marcaram a sessão do Congresso Nacional
que, na madrugada do dia 02 de abril de 1964, declarou a vacância do cargo ocupado pelo então
presidente João Goulart”. Disponível em: www12. Leg.br/noticia/matéria/2013/11/14/tumulto-
-marcou-sessao-que-decrarou-vacancia-do-cargo-de-jango-em-64. Acessado em 01/09/2018
9 De 02 de Abril de 1964
10 De 02 de Abril de 1964
11 Plano Nacional dos Direitos Humanos III, Diretriz 24, Objetivo Estratégico I, Ação Progra-
mática “b” serviu como base para a Comissão da Verdade que, acredito, tinha como objetivo
demonizar os militares e santificar os terroristas de esquerda. Como, em virtude de pessoas que
lá estavam o objetivo não foi almejado, encerrou-se o debate.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 31

evidentemente difícil, foi à salvação do Brasil. Se não fosse a intervenção


militar, hoje seríamos uma Pátria socialista. O Brasil seguiria um mode-
lo ideológico provado e comprovado pela história mentiroso, genocida,
opressor... Entre outros adjetivos piores do que estes que não ouso es-
crever aqui. Estaríamos seguindo um modelo político de países como a
antiga União Soviética. Seríamos um modelo político imensamente pior
do que o hodierno, imensamente mais corrupto e sanguinário do que
o hodierno. Nada democrático. Nenhum partido que carrega os ideais
comunistas/marxistas almeja democracia. Comunismo é ditadura.
O leitor deve estar pensando: “Por que o autor escreveu que o
Regime militar garantiu a soberania da Pátria?” Carlos Marighella, em
1967, após participar da Organização Latino-América de Solidariedade
(OLAS), em Cuba, rompeu com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e,
no mesmo ano, escreveu uma carta apoiando as Resoluções da OLAS.
Veja esse trecho da carta de Marighella retirado do livro “Rompendo o
Silêncio” de Carlos Alberto Brilhante Ustra12:

No Brasil há forças revolucionárias convencidas de que o dever


de todo o revolucionário é fazer a revolução (...). A experiência
da revolução cubana ensinou, comprovando o acerto da teoria
marxista leninista, que a única maneira de resolver os problemas
do povo é a conquista do poder pela violência das massas, a des-
truição do aparelho burocrático e militar do Estado a serviço das
classes dominantes e do imperialismo, e a sua substituição pelo
povo armado.

Sabemos o resultado da revolução cubana e, também, sabemos


que não salvou, mas aprisionou o povo, fora os milhares que foram
assassinados. Assim como a revolução marxista leninista iniciada na
União Soviética que assassinou mais pessoas que o Nazismo: cerca de
120 milhões de pessoas. Porém, fundamentados por essa ideologia, sur-
giu no Brasil a Ação Libertadora Nacional (ALN) (sanguinária e revo-
12 Rompendo o Silêncio. Versão online 2003, p. 22
32 Marcos Delson

lucionaria) tendo como um dos seus líderes Carlos Marighella, que deu
ensejo a outros grupos de mesmo teor ideológico e terrorista (a partir
de 1968), como:

Ação Libertadora Nacional (ALN), Ala Vermelha do PC do B,


Comando de Libertação Nacional (COLINA), Movimento de
Libertação Popular (MOLIPO), Movimento Revolucionário
8 de Outubro (MR-8), Movimento Revolucionário Tiradentes
(MRT), Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR),
Partido Comunista Revolucionário (PCR), Vanguarda Armada
Revolucionaria Palmares (VAR-PALMARES), Vanguarda Po-
pular Revolucionária (VPR), Resistência Democrática (REDE)
e outras13

Logo após a criação desses grupos guerrilheiros iniciou-se uma


serie de atos de terror “assaltos a bancos, sequestros, assassinatos, ata-
ques às sentinelas e radiopatrulhas, furtos e roubos de armas dos quar-
téis e muitos outros”. Iniciou no Brasil uma guerra “perigosa e suja, con-
tra inimigos desconhecidos, militarmente treinados e dispostos a tudo,
para implantar, no Brasil, uma ditadura de esquerda”14.
É por consequência desse cenário que condicionaria o Brasil a
um Golpe de Estado para implantar um regime Comunista leninista
que foi cassado pela Câmara e pelo Senado o mandato de João Goulart
e incorporado Mazzilli e, quase que em seguida, o Gen. Castello Branco.
O Regime militar iniciou-se e permaneceu com a sublime missão de
proteger o Brasil do Comunismo que, se enraizado em nossa cultura,
destruiria todos os nossos caros valores submergindo o Brasil numa di-
tadura sem precedentes e, talvez, sem fim. O Regime militar é, portanto,
um período honroso da história e não vergonhoso como querem alguns
meios de comunicação sem compromisso com a verdade. Foi um perí-
odo duro, evidentemente, pois não é possível combater os crimes terro-
13 Rompendo o silêncio. USTRA versão online 2003, p. 22
14 Idem 2003, p. 23
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 33

ristas que estavam sendo cometidos nesse período distribuindo flores


e cartas de amor. Uma guerra não se faz com abraços e beijos. Quem
conhece um pouco de história, e a enxerga com senso crítico, sabe que
existem guerras necessárias e guerras desnecessárias. A guerra desses
grupos armados, descrito no parágrafo acima, era desnecessária, mo-
vidos por ódio e ideologias genocidas de perseguição a Deus, aos prin-
cípios cristãos e aos direitos individuais e coletivos conquistados pelo
povo, mas a guerra travada pelo Exercito brasileiro (e as forças armadas
como um todo) foi totalmente necessária. Gerou em alguns casos a tor-
tura e a violência contra os inimigos da Pátria, contra os que insinuavam
a ditadura do proletário e buscavam impô-la com o uso do terror15. Por-
tanto, repudiamos tais atos.
Porém, percebo em sala de aula, como professor de Filosofia,
que a mentalidade dos alunos sofre: conseguiram sequestrar a mente
dos jovens, explorar sua pureza, manipular os sentimentos transfor-
mando guerrilheiros, subversivos e terroristas em heróis da Pátria e,
por obvia consequência, as forças armadas em assassinos, torturadores
e corruptos. Os jovens usam camisa de guerrilheiros com Che Gueva-
ra e admiram Fidel Castro. Foi montada uma farsa, uma verdadeira
peça de teatro, desse período da história do Brasil. Hoje os terroristas
e subversivos são vistos como pessoas que lutavam contra a ditadura
e pela democracia. Eles nunca lutaram pela democracia... Quero enfa-
tizar: o Exército Brasileiro, nesse período, foi uma ferramenta divina
que contribuiu para o aperfeiçoamento das instituições democráticas.
Evidentemente, como o Exército é composto de homens e não anjos,
crimes foram cometidos. O poder corrói qualquer relação. Termino
esse parágrafo com as palavras do, na época, Ministro Gen. Leônidas
Pires Gonçalves: o Exército brasileiro “jamais será atingido por pala-
vras e atos retaliatórios por algum daqueles que ontem o obrigaram a

15 Acredito que em alguns casos ocorreram mortes desnecessárias, torturas desnecessárias (Se
é que existem torturas necessárias). Ocorreram erros no Regime militar injustificáveis. Mas é
verdade também que a esquerda matou, violentou, estuprou etc. Quem cobrará da esquerda
seus crimes? Quem manchará a honra guerrilheira?
34 Marcos Delson

sair de seus quartéis para que a Nação não trilhasse caminhos ideoló-
gicos indesejados pelo nosso povo16”.
Sendo assim, convido o leitor a uma seria pesquisa sobre esse pe-
ríodo no Brasil. Percebo, principalmente por meio do Whatsaap e de
outras mídias de comunicação rápida, notícias mentirosa sendo divulga-
das (Fakes). Não reproduza o que você não sabe se é verdade. Não seja
um “imbecil útil”, para usar as palavras de Olavo de Carvalho. Também
confesso que esse escrito é um desabafo. Não suporto mais a corrupção
política e moral do nosso País. Talvez o leitor não tenha percebido, mas
o comunismo, o Terror vermelho, está de volta reformando o campo
ideológico do Brasil. Mas agora utilizando a manipulação linguística
como arma. A quase obrigatoriedade da Ideologia de gênero nas escolas
(uma luta contra a natureza humana), a tentativa (ou intenção) de dis-
tribuição de livros “infantis” para crianças que fazem alusão ao incesto
(“A triste história de Eredegalda” onde o Rei deseja casar-se com a filha),
a falta de credibilidade das Instituições públicas, a destruição da Igreja
e da família etc. Buscam descontruir novamente a sociedade para uma
futura engenharia social. Parece-me o momento certo, antes que seja
tarde demais, para que algo seja feito abruptamente freando de vez o
mal que sobressai sobre o bem. Não somos cobaias e o Brasil não é um
laboratório. A dignidade, a consciência das crianças, a vida do povo, os
princípios cristãos, a família e a sociedade estão sendo feridos de morte.
O povo padece desarmado e violentado pela política. Não estou falando
só das armas humanas, mas da oração, do jejum e do Sacrifício. Ainda,
humanamente, confiamos que algum político possa se erguer e reorga-
nizar a desordem, mas nossa fé está somente em Deus... e que Ele tenha
misericórdia de nós!

16 Rompendo o silêncio. USTRA 2003, p. 32


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 35

3.1. A NOVA ESTRATÉGIA/GRAMSCI E A REVOLUÇÃO CUL-


TURAL17

“A ‘Nova Era’ da qual Fritjof Capra se tornou festejado porta-


-voz e a ‘Revolução Cultural’ de Antonio Gramsci têm algo em
comum: ambas pretendem introduzir no espírito humano mo -
dificações vastas, profundas e irreversíveis. Ambas convocam à
ruptura com o passado e propõem à humanidade um novo céu e
uma nova terra” (CARVALHO, 1994; p. 14)

A Revolução de 1917 causa horror quando observamos os crimes


contra a humanidade praticados. Lênin e, posteriormente, Stalin, com o
Exército vermelho, assassinou milhões de pessoas para impor o regime
socialista. A violência é um mecanismo desprezível. Por isso, Gramsci,
das masmorras da Itália fascista de Mussolini, sugere nos seus escritos
do cárcere um movo sistema de “imposição” dos ideais do socialismo:
a revolução cultural. Por intermédio da revolução cultural, imposta de
forma quase imperceptível, as pessoas seriam comunistas sem o saber.
Após a comunização das mentes aconteceria à ascensão do regime. Di-
ferente da estratégia de Lênin, o socialismo de Gramsci alcança primei-
ro as massas naquilo que lhe é mais íntimo, converte os corações para
que o Estado socialista não sofra ameaças.

A estratégia de Gramsci virava de cabeça para baixo a fórmula le-


ninista, na qual uma vanguarda organizadíssima e armada toma-
va o poder pela força, autonomeando-se representante do pro-
letariado e somente depois tratando de persuadir os apatetados
proletários de que eles, sem ter disto a menor suspeita, haviam
sido os autores da revolução. A revolução gramsciana está para a
revolução leninista assim como a sedução está para o estupro18.
17 Este tópico tem como inspiração o livro A nova Era e a Revolução cultura: Fritjof Capra e
Antonio Gramsci, 3ª edição, de Olavo de Carvalho, da página 30 a 36, Edição online, 1994
18 A nova Era e a Revolução cultura: Fritjof Capra e Antonio Gramsci. Olavo de Carvalho, 1994,
p. 31, versão online
36 Marcos Delson

Para Gramsci, o primeiro passo é a hegemonia, isto é, o domínio


coletivo das mentes. O Estado erguido após a hegemonia exerce domí-
nio total, enaltece o poder com pleno consentimento da Nação. Os inte-
lectuais, chamados de “orgânicos” por Gramsci, exercem papel prepon-
derante na coletivização do pensamento. Os “orgânicos” são defensores
da ideologia de classes. Qualquer movimento social, discurso, conversa
tem como meta a revolução. Isto os difere dos intelectuais “inorgâni-
cos” que, fundamentados em valores tradicionais e discursos abstratos,
rapidamente são esquecidos. O primeiro passo para a conquista do po-
der, que é a hegemonia, depende dos intelectuais “orgânicos”. A passeata
LGBT, a marcha das vadias, a marcha da maconha, as católicas pelo di-
reito de abortar... tem maior valor aos revolucionários do que este livro
que agora escrevo fundamentado em valores tradicionais e religiosos. O
intelectual “orgânico” não se resume a Cátedra ou a Universidade, ele se
apresenta desde o gari engajado politicamente ao doutor discursando na
Universidade. Ele converte os sentimentos e não a razão.
A luta para hegemonizar as massas passa pela reformulação do
senso-comum. Pela subversão dos valores caros a humanidade que
transcorrem de geração para geração. Daí a necessidade de agir sobre a
imaginação e o sentimento: “Daí sua ênfase na educação primária. Seja
para formar os futuros “intelectuais orgânicos”, seja simplesmente para
predispor o povo aos sentimentos desejados, é muito importante que a
influência comunista atinja sua clientela quando seus cérebros ainda es-
tão tenros e incapazes de resistência crítica 19”. Os recentes ataques à pu-
reza das crianças no Brasil ganha respaldo neste parágrafo. É necessário
perverter as criancinhas. Trabalhar a imaginação, os sentimentos das
crianças. Jair Bolsonaro, hoje Presidente da República, na propaganda
política e por meio de vídeos divulgados no Youtube expões a intenção
(ficou na intenção) da distribuição de certos livros nas escolas primárias
do Brasil20: o chamado “kit gay” do período do governo PT (Aparelho

19 Idem, pg. 32
20 Graças a Deus esse livros não chegaram a ser distribuídos.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 37

sexual & cia); Intenção de seminários LGBT infantil21; A triste história de


Eredegalda que prega o incesto, manifestações de “arte” que visam
erotizar as crianças, entre inúmeras outras ações para destruir a menta-
lidade das crianças - hegemoniza-las.
O interesse na mentalidade das crianças dá-se com o intuito de
evitar a “esquizofrenia de classe”. Na introdução deste livro citei o im-
perativo “sou cristão, mas sou comunista”. Este imperativo contraria os
interesses de classes. O intelectual “orgânico” deve conduzir o senso-co-
mum ao ideal de “classe puro”. Para isso é preciso evitar que uma pessoa
comunista visite uma Igreja Católica ou Evangélica que, segundo o que
pensam, divulgam os valores da “burguesia”. Para tanto, é necessário po-
litizar a religião, subverter os religiosos sem que percebam. O Estado
ético deve especificar a cada classe os seus direitos e os seus deveres.

Que, no caótico senso comum brasileiro, o termo Estado Ético te-


nha ressonâncias moralizadoras inteiramente alheias ao seu ver-
dadeiro intuito, mostra apenas que o público nacional ignora a
inspiração diretamente gramsciana do Movimento pela Ética na
Política e nem de longe suspeita que seu único objetivo é politizar
a ética, canalizando as aspirações morais mais ou menos confusas
da população de modo a que sirvam a objetivos que nada têm a
ver com o que um cidadão comum entende por moral22.

O Estado ético estipula a ética proletária e a ética burguesa como


antagônicas e irreconciliáveis. Usam a democracia como eufemismo
para dominação ideológica. É assim que muitos justificam os crimes
cometidos pelos soviéticos ao longo da história, pois esses crimes estão
acima do Bem e do Mal (são em nome da causa), uma vez que benefi-
ciam a ética do proletário e se distanciam da ética “abstrata” da burgue-
sia. Foram cometidos em nome do Estado, em nome do bem maior da
massa. Crimes contra a humanidade, contra a cultura, contra o espírito
21 Seminários que chegaram a acontecer
22 Idem, pg. 33
38 Marcos Delson

humano são justificados em nome do partido. A verdade e o erro, o Bem e


o mal não fazem parte da causa. É por isso que no Brasil insistem tanto na
liberdade de certos políticos presos.
Em conjunto, é preciso retirar os valores burgueses, reinterpretar a
história, refazer a cultura e “transvalorar os valores”, para usar uma expres-
são de Nietzsche. Todos os valores precisam ser subvertidos e substituídos
por novos valores. É preciso ir “injetando imperceptivelmente na mentali-
dade popular toda uma gama de novos sentimentos, de novas reações, de
novas palavras, de novos hábitos, que aos poucos vá mudando de direção o
eixo da conduta23”. Incentivar condutas antinaturais e contra o direito divi-
no, criar conceitos para manipular a sociedade (gênero, por exemplo), rein-
terpretar antigos conceitos (Família, Igreja, Estado, Liberdade, Respeito...) e
conduzir o povo à aceitação por meio da homogeneização das consciências.
Sem megafones, sem propagandas diretas, mas sutil, suave, tranquilamente
por meio de notícias, da imprensa, da educação conduzir os sentimentos a
esse novo modelo ético para a hegemonização das pessoas. Uma “agressão
molecular” aos ideais burgueses. Todas as moléculas devem ser substitu-
ídas: Fidel Castro, Lênin, Gramsci devem substituir Cristo, Maria e Pau-
lo. Toda a ciência, toda a cultura deve servir ao marxismo, logo deve ser
tendenciosamente subvertida, mas, isto tudo, quase imperceptivelmente:
por meio de uma novela, uma propaganda, um filme, um desenho, uma
lei aprovada à meia-noite, a primeira proposta de mudança da BNCC-Base
Nacional Comum Curricular, a reescrita mentirosa (ou equivocada) do Re-
gime Militar... centenas de mudanças sendo feitas vagarosamente e aceitas
irrefletidamente até que todos pensem como pensam os comunistas.

3.2. A ERA “PT”: GRAMSCI “VIVE” NO BRASIL

Convido o leitor a um esforço reflexivo. Pressupondo as ideias de


Gramsci sobre a hegemonia, agora perceba a aplicação prática dessas
ideias no resto do texto que explícita a revolução cultural no Brasil.

23 Idem, pg. 34
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 39

Parece-me que a história se repete, mas para disfarçar-se se utiliza


de outros métodos. Talvez, teremos que lutar sem temor em um futuro
próximo24. Tivemos 14 anos de um governo vermelho no poder (2002-
2016). Sentimos fortemente as transformações na mentalidade do povo
(hegemonização), principalmente de quem nasceu de 2000 para cá. O
Partido dos Trabalhadores

chegou ao poder e, em vez de governar, resolveu tomar o Estado.


Ocupou 20 mil cargos, levantando muitos milhões de reais em di-
nheiro público roubado de estatais, de fundos de pensão, de super-
faturamentos combinados com grandes empresas, com emprésti-
mos falsos em bancos privados e públicos, em jogadas com agências
de publicidade fajutas. O PT/governo usou valérios e delúbios para
distribuir essa grana para comprar políticos e fazer uma gigantesca
caixa 2 para reeleger Lula e eleger o Dirceu em 201025”.

Comecemos do início. Em 1978 Luiz Inácio Lula da Silva discur-


sou no congresso dos petroleiros na Bahia-BA (como presidente dos
Sindicatos dos Metalúrgicos de São Bernardo dos Campos e Diadema,
cargo que assumira em 1975) sobre um sonho de fundar um partido
de trabalhadores para “organizar as massas exploradas e suas lutas”.
Segundo Paim26, o PT foi criado em 1980 e manteve a “opção inicial
de um regime assemelhado ao de Cuba”. No transcorrer dos primeiros
anos de fundação do partido, “o PT buscou criar no País uma situação
revolucionária que lhe permitisse ‘virar a mesa’” e criar no Brasil uma
“democracia popular”. Diferente da visão comunista-leninista, o Parti-
do acreditava na possibilidade da tomada do poder por intermédio do
voto. Com o fim do Regime Militar, em 1985, o PT organizou um En-

24 Este texto tem como fonte de inspiração: USTRA, Carlos Alberto Brilhante. A verdade Sufo-
cada: A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça. Brasília: ed. Ser, 3ª ed, 2002, pg.
523 à 563. E o brilhante livro de PAIM, Antônio. O socialismo brasileiro. Brasília: Teotônio
Vilela, 2000, pg. 113 a 212.
25 Arnaldo Jabor, O Globo, 30/08/05
26 2000; p. 113-5
40 Marcos Delson

contro Nacional do Partido de onde originou o Documento intitulado


Contra o continuísmo e o Pacto Social. Por uma alternativa democrática e
popular. Esse Documento tinha como viés ideológico demonstrar a
insatisfação do Partido à escolha de Tancredo Neves para a Presidência
da República. Abaixo deixo um trecho do Documento extraído do livro O
Socialismo brasileiro de Antônio Paim27:

O desgaste progressivo, a perda de bases de sustentação e o fra-


cionamento mais recente dos militares não foram suficientes para
provocar uma ruptura democrática e acabar com os mecanismos
da exceção, construídos durante os últimos 20 anos. Antes de
tudo, porque o movimento popular não foi capaz, até agora, de
estabelecer as bases seguras de uma nova e favorável correlação
de forças sociais e políticas, por intermédio de novos e mais altos
níveis de organização, da abrangência e aprofundamento de suas
lutas, de sua ação comum organizada, da conquista de amplas li-
berdades judiciais e políticas e de um programa mínimo de mu-
danças prioritárias e mobilizadoras. E também porque a sucessão,
com Tancredo, sob controle e comprometida com os ideais de 64,
era uma das alternativas previstas no projeto de abertura lenta,
gradual e segura, esboçada no início do governo do general Geisel,
o principal sustentáculo militar da Aliança Democrática.

Os Sindicatos, dos quais se beneficiou especificamente o PT, a


anistia a todos os exilados, o fim do Ato Institucional A-I, a liberdade
de imprensa, a criação de novos Partidos políticos... não simbolizava
uma ruptura democrática com o Regime Militar? Se essa não era uma
ruptura feita pela ideia de democracia, que novamente nascia no Brasil,
eu, sinceramente, não sei o que é democracia. No Documento Contra o
continuísmo e o Pacto Social. Por uma alternativa democrática e popular
(nas págs. 8-9) afirma-se que o

27 PAIM, Antônio. O socialismo brasileiro. Brasília: Teotônio Vilela, 2000; p. 115-6


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 41

O PT deve concentrar a sua atenção política no combate ao pacto


social e a transição conservadora (...). Neste sentido, o PT deve
retomar sua política de apoiar e incentivar as lutas sociais, prin-
cipalmente aquelas que ganhem caráter nacional e de massas
(...). As formas de luta própria do movimento popular e sindical
devem ser impulsionadas através de campanhas, protestos, inva-
sões e ocupações.

O não reconhecimento da transição democrática era uma estra-


tégia do Partido. O abalo a democracia que renascia era indispensável
para a volta de uma “ditadura”, mas dessa vez comandada pelo Partido
dos Trabalhadores. A organização das massas era fundamental para que
o PT conseguisse na desordem social ascender ao poder. Isso não acon-
teceu devido à morte prematura e inesperada de Tancredo. Ainda em
1985 assumiu a Presidência da República José Sarney. Diante o impre-
visto da morte de Tancredo Neves e a posse de José Sarney, em 1986 o
PT organizou o 4º Encontro Nacional em São Paulo para reestruturar os
objetivos do Partido na gestão de Sarney. No novo Documento, o Par-
tido afirmava que a “superação definitiva da exploração e da opressão
sobre o povo brasileiro não se dará com simples reformas superficiais
e paliativas, mas com a ruptura radical contra a ordem burguesa e a
construção de uma sociedade sem classes 28’”. A ruptura com a “ordem
burguesa” e “uma sociedade sem classes” são expressões direcionadas ao
“fim da democracia” e “o início do socialismo”. Partidos socialistas não
lutam por democracia. Para os partidos socialistas, a democracia é uma
ponte de passagem para a ascensão do socialismo. Esse pensamento não
está configurado unicamente no surgimento do partido em virtude do
momento histórico, no XII Encontro de 2001 (pg. 07) lê-se: “O PT rea-
firma os valores do socialismo democrático”. “Socialismo democrático”
é uma expressão que indica o fim da democracia e a imposição dos valo-
res do socialismo desvirtuado do leninismo. Por “valores do socialismo”
podemos compreender todas as transformações culturais que foram im-
28 Idem, pg. 116
42 Marcos Delson

postas nos 14 anos do Partido citado no poder e as transformações que


não conseguiram impor de ordem econômica. É toda uma reconstrução
antropológica do indivíduo e, por intermédio da revolução cultural, o
fim dos valores cristãos e da sociedade Ocidental.
A não aceitação da “transição democrática” foi um dos argu-
mentos utilizados pelo Partido para que sua bancada não assinasse a
Constituição Federal de 1988: “Somos frontalmente contrários à refor-
ma da Constituição proposta pela Aliança democrática 29”. A Consti-
tuição Federal de 1988 traz princípios fundamentais para a construção
da sociedade hodierna que foram rejeitados pelo PT: como o direito a
Propriedade privada, a Família como união do homem e da mulher, o
direito a vida... entre inúmeros outros que foram afrontados nos 14 anos
desse Partido no poder. Se o leitor quiser comprovar o que estou dizen-
do basta ler o Tratado de Direitos Humanos III de 2009 assinado por
Lula (Abaixo farei uma rápida menção a esse Tratado subversivo). Na
visão socialista do Partido, Sarney era um elo de transição burguesa in-
desejável e para tornar seu governo ingovernável e preitear a insurreição
foram utilizados diversos mecanismos, entre eles, as inúmeras greves no
ABC paulista e as tomadas de terras no campo pelo MST - Movimento
Rural Sem Terra. Esses mecanismos não foram suficientes para atingir
a desordem almejada.
Em 1994, visando às eleições, o PT lançou o Documento Bases do
Programa de Governo de 1994 - Uma Revolução no Brasil, onde admitia-
-se que “sendo o Brasil um país de dimensões continentais, a conquista
da Presidência da República por uma agremiação ‘socialista’ (...) criaria
uma nova correlação de forças no mundo, permitindo talvez a recons-
tituição do ‘campo socialista’”. A palavra “reconstrução” é utilizada em
virtude do fim da União Soviética em 1991. O Brasil, sendo um país de
dimensões continentais, é um elo que poderia ser utilizado para a sub-
versão de toda a América Latina. Nesse Documento de 1994, utilizado
em partes para a campanha de 1998, na esfera econômica observava-se

29 Encontro Nacional de 1985, pg. 09


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 43

a revisão da dívida brasileira e a criação de um fundo para a ciência e a


tecnologia. O documento preconizava a estatização de empresas, mes-
mo privadas, da imprensa, de áreas estratégicas como a eletricidade, o
petróleo, de telecomunicações, os bancos privados, a socialização do
campo e a integração da América Latina.
Bem, fato é que o PT após moderar o discurso conseguiu chegar
ao poder em 2002. O senhor Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do su-
frágio universal, assumiu o cargo de Presidente da República. O Partido
dos Trabalhadores demonstrou a força econômica do partido (junta-
mente com grupos empresariais) financiando a campanha política mais
cara da história do Brasil até então. Como estratégia de Marketing, o
empresário José Alencar foi convidado à vice-presidente e o discurso de
Lula sobre luta de classes foi remediado deixando a pegada radical que
antes utilizara. A Campanha foi orientada pelo marqueteiro Duda Men-
donça que, posteriormente, “confessou que sua campanha fora financia-
da pelo “caixa dois” obtido de bancos e empresas interessados, em uma
violação da lei eleitoral, e que ele mesmo havia sido recompensado por
seus serviços com depósitos secretos numa conta nas Bahamas 30”. No
segundo turno, Lula venceu nas urnas José Serra, ex-militante da AP e
exilado político no Regime militar.
No período de vigência do Partido no poder, o Brasil sofreu uma
forte turbulência no campo ideológico. A revolução cultural deu os pri-
meiros passos, utilizando-se do ideal de “democracia”, cultivando prin-
cípios relacionados ao feminismo, ao aborto, a reinterpretação da fa-
mília, a ideologia de gênero e o fim contínuo do sagrado. Os princípios
revolucionários provocaram forte luta de classes no País, sentida até
hoje. A Revolução cultural foi lentamente engajada conforme a agenda
de intensões do Partido.
Porém, em 2004, dois anos após eleito, surgiu o escândalo dos
Bingos que envolveu, o então, Ministro da Casa Civil José Dirceu. Logo
depois, em 2005 e 2006, o, na época, Deputado Roberto Jefferson foi de-

30 O Brasil de Lula. ANDERSON 2011. p. 25


44 Marcos Delson

nunciado no caso dos Correios. O mesmo Deputado, Roberto Jefferson,


denunciou o “mensalão31:” o governo petista estava pagando os depu-
tados para votar e aprovar os projetos do partido32. A corrupção freou a
hegemonização das massas. Diante a pressão da mídia

na Câmara, deputados foram relacionados em uma lista de pro-


váveis cassados. O primeiro foi Roberto Jefferson e logo a seguir
José Dirceu (...). Outros renunciaram para evitar a cassação (...).
Severino Cavalcanti presidente da Câmara e do Partido Liberal
(PL), Valdemar Costa Neto (...). Apareceu dinheiro em todos os
lugares (...) 200 mil reais em uma pasta em poder de José Adal-
berto Viera da Silva (...) e 100 mil dólares escondidos na cueca
que usava (...). José Adalberto era assessor parlamentar do de-
putado José Nobre Guimarães, líder do PT na Assembleia Legis-
lativa do Ceará. José Nobre é irmão de José Genuíno, na época
presidente do PT (...). Havia empréstimos milionários no Banco
Rural, feitos em nome de Marcos Valério (...) avalizados por De-
lúbio Soares, tesoureiro, e José Genoíno, presidente do PT33.

Os escândalos assombraram o Partido dos Trabalhadores. Infeliz-


mente, mesmo diante os casos de corrupção, o Partido dos Trabalhado-
res, com Lula, chegou à reeleição. Após o fim do primeiro mandato do
Presidente Lula “de um terço a dois quintos dos deputados no Congres-

31 Citamos neste escrito o partido de esquerda como corrupto, mas a corrupção não é algo
exclusivo de um partido. Vários partidos estão sendo investigados pela “Lava Jato” da Polícia
Federal. Citamos unicamente os partidos de esquerda porque o nosso objetivo é divulgar os
erros do Comunismo marxista e a divulgação sorrateira de Satanás.
32 No Brasil a corrupção é generalizada e movida pelo modelo de democracia adotado. O Pre-
sidente sozinho pouco faz. É preciso respaldo da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal
Federal - STF - para que um Projeto de fato transforme-se em Lei. O Executivo por si só não
faz lei, daí a necessidade de comprar os votos dos Deputados e Senadores (por meio do “men-
salão”) e, no caso de uma corrupção generalizada, de indicar Ministros aptos à corrupção para
o STF. Não é regra a corrupção no STF (o que não garante que não tenha ocorrido), mas todo
o ser humano está “apto” a se corromper, e isto, evidentemente, não exclui um Juiz. É mais
fácil errar do que acertar. Podemos errar de várias formas, mas acertar somente de uma forma,
como já houvera dito Aristóteles.
33 Rompendo o Silêncio. USTRA 2002, p. 529
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 45

so tinham mudado de partido; até o final do segundo, mais de um quar-


to dos membros de ambas as Casas estavam indiciados ou enfrentando
acusações34”. A corrupção foi generalizada e institucionalizada.
No fim do segundo mandato do Presidente Lula, o Partido dos
Trabalhadores lançou, em 2010, como candidata à Presidência da Re-
pública a senhora Dilma Rousseff. Foi reeleita em 2014 e impedida de
continuar no cargo em 2016 sofrendo um processo de impeachment.
De 2016 a 2018 Michel Temer, o vice da chapa do PT, assumiu a presi-
dência da República e, por falta de popularidade, não se candidatou à
reeleição. No mesmo ano de 2018, o senhor Lula foi preso pela Polícia
Federal acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex
do Guarujá em São Paulo.
O ano de 2018 foi ano eleitoral. No início, o Partido dos Traba-
lhadores tentou lançar Lula como candidato à presidência da República,
mesmo preso, o que descumpria a lei da Ficha Limpa. Democraticamen-
te, a candidatura de Lula foi impedida. Diante o impedimento, o Parti-
do dos Trabalhadores colocou para disputa à Presidência da República
Fernando Haddad, Ministro da educação do governo Lula e advogado
do mesmo, o que lhe dava livre trânsito para ir ao presídio todas as se-
gundas buscar as instruções de Lula. “Haddad é Lula” esse foi o primeiro
slogan. Esse slogan era uma forma de tentar trabalhar o imaginário do
eleitor à compreensão de que votar no Haddad era o mesmo que votar
em Lula. A vice de Haddad foi a Deputada Manuela D’Avila do PC do B.
Interessante que, camufladamente, a mídia conspirava em prol
ao PT. A campanha visível foi contra o candidato do PSL o Deputado
Jair Bolsonaro. Inúmeros “artista” de uma emissora de televisão fize-
ram, visivelmente e declaradamente, campanha contra Jair Bolsonaro
que prometeu cortar investimentos federais na emissora. Na passeata
LGBT, de 31 de Setembro de 2018, surgiu o manifesto midiático “Ele
não”. Faculdades Federais espalhadas pelo Brasil fizeram manifestações
por terem o receio de que Jair Bolsonaro ascendesse ao poder Executivo

34 O Brasil de Lula. ANDERSON 2011. p. 25


46 Marcos Delson

no País. Por que desse medo? Novamente foi utilizado o terror nas cha-
madas Fake News para trabalhar o imaginário dos eleitores. O candidato
Bolsonaro defendia valores ligados à família patriarcal, contra o aborto,
contra o feminismo radicado, defendia os ideais cristãos e desprezava a
diabólica ideologia de gênero. É capitão aposentado do Exército Brasi-
leiro, tendo um General, Mourão, como vice. Chamavam-no de fascista.
Mais isso era uma forma de tentar censurá-lo.
Em 2018 o clima político do Brasil foi difícil, conturbado. A
Folha de São Paulo foi autorizada pelo Ministro do Supremo Tribu-
na Federal, Ricardo Lewandowski, no dia 28 de Setembro de 2018,
a entrevistar o detento Lula. Porém, no mesmo dia, o Ministro Luiz
Fux revogou a autorização. No dia 01 de Outubro, o Ministro Ricardo
Lewandowski determinou o cumprimento da autorização de entrevis-
tar o senhor Lula.
A disputa do 2º turno deu-se entre Bolsonaro e Haddad. Bolsona-
ro recuperava-se de uma facada recebida no dia 06 de Setembro de 2018
em Minas Gerais quando fazia campanha pelas ruas. O que compro-
meteu o bom desempenho das eleições. No dia 28 de Outubro de 2018,
mesmo com fortes críticas e campanha midiática negativa, Bolsonaro
ganhou as eleições para Presidente da República ferindo a hegemonia
petista no poder.
Acredito que a vitória de Bolsonaro nas urnas em 2018 representa
a tomada de consciência do povo brasileiro: era iminente o perigo de
novamente assumir o poder o Partido dos Trabalhadores. Era insigne
a transformação de valores no Brasil, a revolução cultural precisava ser
freada.
A ascensão do Partido dos Trabalhadores em 2002 no Brasil im-
pulsionou a “esquerda” na América Latina. Projetos como o Foro de São
Paulo, orquestrados por Fidel Castro, reuniu grupos revolucionários
empenhados em retornar com o ideal de criação de uma Federação das
Repúblicas Socialistas da América Latina. Segundo Ustra35 “o Foro ini-

35 Rompendo o Silêncio. 2002; p. 554


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 47

cialmente era uma frente política que, aos poucos, foi sendo transfor-
mada pelo Partido Comunista Cubano em uma estrutura de comando
centralizado, de cuja direção hoje fazem parte os principais grupos ter-
roristas da América Latina”.
No Brasil do PT e seus camaradas, a estratégia socialista fun-
damentava-se em buscar meios (dinheiro, recursos, cargos) para ter o
apoio político necessário para mudar as leis (“Mensalão”); para evitar a
reação das Forças Armadas, e outro Regime militar, era preciso sucatear
o Exército e desmotivar os militares; socializar as terras e a economia;
no STF indicar juízes dispostos a colaborar com a agenda de intenções
do Partido; erguer mecanismos para arrecadar fundos para permanecer
no poder o tempo necessário para transformar a mentalidade do povo
(hegemonizar) e a realidade econômica; com o Conselho Federal de Jor-
nalismo (CFJ) e a criação da Agência Nacional de Cinema Audiovisual
(ANCINAV) censurar e politizar a mídia (Como chamou Dilma Rous-
seff democratização da mídia - Marco regulatório das Comunicações);
com a Reforma Universitária os jovens seriam doutrinados nos centros
acadêmicos com os princípios da ideologia petista; o Exército revolu-
cionário ergueria mártires contra o sucateado e desmotivado Exército
nacional.
Com algum tempo no poder o PT seria o partido político mais
poderoso da América Latina e o Brasil seria um país na égide do
novo socialismo. Se o projeto fosse concluído, hoje seríamos uma
ditadura de esquerda, e, pior, com o silêncio social e religioso. A re-
ligião cristã, desgraçadamente, se omite. Dom Manoel Pestana Filho,
ao falar sobre a necessidade de pronúncia dos Bispos em tempos de
eleições contra candidatos que defendem posições contrárias as leis
de Deus falou que

“Não ladramos quando seria necessário, para defender o reba-


nho. E, hoje, muito menos, quando é hora de morder, para afas-
tar o inimigo (...). Sou obrigado a reconhecer, com Leão XIII,
48 Marcos Delson

que a covardia dos bons, (se é que são bons os covardes) alimenta a
audácia dos maus .... ”36”.

Necessário se faz denunciar os partidos com princípios contrá-


rios às leis de Deus. Sem medo. É isto que estou tentando fazer. Meu
Deus ilumine a mente do povo brasileiro com a Verdade, antes que a
mentira ganhe forças e fique impossível reverter à ação.

36 Disponível em: www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1497, acessado em 21/03/2018


49

4. HERANÇAS DA IDEOLOGIA SOCIALISTA NO


BRASIL

4.1. A PROPRIEDADE PRIVADA

Para o comunismo marxiano, o fim da propriedade privada re-


presenta o fim da propriedade burguesa e, consequentemente, da ex-
ploração do proletário. Como não existem leis naturais e nem direitos
naturais ou eternos, também não é a propriedade privada um direito
natural do homem e, menos ainda, a moderna propriedade burguesa
surgida da desapropriação da propriedade do pequeno camponês é um
direito eterno da moderna burguesia 1.
A transformação da natureza operada pelo marxismo retira o ser
do homem da ordem natural. Para os marxistas, o fato do ser humano
depender da natureza para a sobrevivência não encerra o homem às leis
da natureza. “A luta de classes, os sentimentos humanos, ou mesmo uma
obra de arte, são alguns exemplos que demonstram que a vida social é
determinada por outros fatores que não são biológicos, mas sociais 2”.
Partidos de orientação marxista se fundamentam neste princípio para
lutar pela reforma agrária e pela sustentabilidade de movimentos so-
ciais como o MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.
No Brasil, o Plano Nacional dos Direitos Humanos III, ou decreto Lei nº

1 Manifesto Comunista. MARX; ENGELS 2010; p. 60


2 Introdução à Filosofia de Marx. LESSA; TONET, 2011, p. 17
50 Marcos Delson

7037/2009, assinado pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do


PT, é um modelo socialista de coletivização que destruiria a livre inicia-
tiva e o direito a Propriedade Privada no campo e na cidade. Esse Decre-
to rompia com a composição de propriedade da sociedade Ocidental3.

Fortalecer a reforma agrária com prioridade à implementação e


recuperação de assentamentos, à regularização do crédito fundi-
ário e à assistência técnica aos assentados, atualização dos índi-
ces Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência na
Exploração (GEE), conforme padrões atuais e regulamentação
da desapropriação de áreas pelo descumprimento da função so-
cial plena4.

“Função social da terra” é um eufemismo para “desapropriação


de terras”, “invasões” etc. A expropriação das terras rompe com o direito
natural, é um erro de princípio. A propriedade é direito da família e
condição de existência. Partindo do pressuposto da necessidade de pro-
criação e continuação da espécie, deve-se unir o homem e a mulher para
constituir a família. A família é uma necessidade natural do indivíduo 5.
A família busca prover as necessidades de seus membros, enquanto o
Estado busca prover o bem de todos 6. A família é um mecanismo in-
dispensável à sobrevivência da sociedade. Sem família não há Estado,
posto que ela é anterior ao próprio Estado. O Papa Leão XIII não omitiu
a posição da Igreja contra o Comunismo e afirmou que o bem do povo
passa pela inviolabilidade da propriedade privada, direito natural do
indivíduo e pela recusa das ideias Socialistas. Sendo a família anterior

3 O fim do Direito de Propriedade no Brasil. Texto de Dom Bertrand de Orleans e Bragança,


disponível em: www.google.com.br/amp/s/ipco.org.br/coisa-de-maluco-por-dom-ber-
trand/amp/ acessado em: 17/03/2018
4 Plano Nacional dos Direitos Humanos III, Eixo orientador III, Objetivo estratégico III, ações
programáticas “a”, p. 58
5 “A mais antiga de todas as sociedades, e a única natural, é a sociedade da família” (Contrato
Social. ROUSSEAU 2006; p. 11).
6 A Política. ARISTÓTELES 1999; p. 12-3
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 51

ao Estado, possui direitos independentes da vontade do Estado, e um


desses direitos é o da propriedade privada.

Eis, pois, a família, isto é, a sociedade doméstica, sociedade mui-


to pequena certamente, mas real e anterior a toda a sociedade
civil, à qual, desde logo, será forçosamente necessário atribuir
certos direitos e certos deveres absolutamente independentes do
Estado. Assim, este direito de propriedade que Nós, em nome da
natureza, reivindicamos para o indivíduo, é preciso agora trans-
feri-lo para o homem constituído chefe de família. Isto não basta:
passando para a sociedade doméstica, este direito adquire aí tan-
to maior força quanto mais extensão lá recebe a pessoa humana7.

A Igreja Católica sustenta, infalivelmente, o direito natural à pro-


priedade privada. Direito da pessoa em usufruto, seja pela posse ou por
herança. O uso da terra é indispensável para a sobrevivência das famí-
lias. Acredito, em conformidade com a Constituição Federal de 1988,
que a terra deve exercer sua função social. A Reforma Agrária imposta,
fruto de invasões e violência é um mal que causa a desordem. Ninguém
deve ser privado do seu bem. Porém, algo deve ser feito para que os lati-
fúndios improdutivos cumpram a sua função social. A terra gera renda,
sustento para famílias e não deve ficar ociosa. Para tanto, acredito, que
a distribuição das terras, para quem realmente deseja trabalhar nelas,
deve partir de um acordo em comum entre o Estado e o proprietário.
Acordo indispensavelmente justo para ambas as partes. “A justiça é à
base da sociedade8”. Sem justiça não há paz.

4.2. FAMÍLIA

Além da Propriedade privada, outro ponto angustiante dos ideais


marxistas é a abolição da família cristã. Para o comunismo/socialismo,
7 Carta Encíclica Rerum Novarum Versão online pg. 04
8 A Política. ARISTÓTELES 1999; p. 12-3
52 Marcos Delson

o matrimônio e a família são apenas uma instituição civil e artificial,


fruto de um determinado sistema econômico e dissolúvel a qualquer
momento, rompendo, portanto, o vínculo indelével (matrimonial) da
união do homem e da mulher.
Para Engels9, a monogamia (Modelo de casamento adotado pelo
cristianismo) surgiu por uma necessidade social e, portanto, não é
dado pela natureza ou por Deus. Foi em virtude do aparecimento da
propriedade privada, do acúmulo de riquezas e do choque de classes
sociais decorrentes desses acontecimentos que a monogamia foi insti-
tuída como modelo de casamento. Com a propriedade privada, o ho-
mem detentor de riquezas tornou-se preponderante e necessitado da
mulher e da fidelidade da mesma para gerar herdeiros. A monogamia
não é a reconciliação entre o homem e a mulher, pelo contrário, é uma
forma de escravidão, de conflito de um sexo pelo outro. O casamento
monogâmico torna-se, na perspectiva de Engels, uma forma velada de o
homem oprimir a mulher. É necessário o fim dos sexos para apaziguar
o conflito, logo o fim do modelo de família judaico-cristã. Para tanto, a
mentalidade marxista posterior, cunhou o conceito de gênero.
A Cartilha de Diversidade Sexual publicada pelo Ministério da
Saúde em 2010 trabalha a perspectiva de gênero dentro de uma conces-
são histórica. Na pg. 53 afirma-se que “a identidade de gênero se estabe-
lece a partir de um processo dinâmico e complexo, que envolve aspectos
genéticos e sociais, no qual as pessoas se identificam com o masculino
ou o feminino, não importando o seu sexo biológico”. Perceba, embora
seja utilizado como sinônimo pelo senso comum, o gênero não é o sexo
biológico. É construção histórica que inverte os papéis sociais e natu-
rais do homem e da mulher conforme o arbítrio das partes. O gênero é
trabalhado com uma questão de identidade, portanto flexível, mudável.
Na página 54 lê-se: “Os papéis de gênero expressam os costumes de um
dado momento histórico e, por isso, podem sofrer mudanças.” Os pa-
péis de gênero estão condicionados ao momento histórico e, mudando

9 A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado. 2002; p. 62


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 53

os condicionantes históricos, podem sofrer mudanças. O gênero torna-


-se cultural. O conceito de gênero é uma tentativa de mudança linguista
da ideia de sexo e suas consequências. Muda-se o conceito, muda-se a
percepção da realidade: uma coisa é falar aborto e outro é falar assassi-
nato de crianças inocentes. Mas uma coisa é certa: se é social não é natu-
ral. Gênero é um conceito de manipulação social que induz à aceitação
de determinados comportamentos antes impensáveis ou proibidos. A
ideologia de gênero “como toda ideologia, não procura a verdade nem o
bem dos outros, mas busca somente a conquista de suas vontades para
utiliza-las com um fim espúrio”. A ideologia de gênero “utiliza o engano
como meio imprescindível par alcançar sua finalidade. A razão é obvia:
àquele que pretende usar os outros em seu próprio benefício não pode
dizê-lo abertamente10”. A ideia de gênero é utilizada para subverter a
ordem natural das coisas.
Aqui, quando falo em natural ou natureza estou aludindo àquelas
características fundamentais que conduz a pessoa a agir de determinada
forma independente do contexto histórico. No ser do homem há uma
essência que o define, há uma finalidade para as suas ações enquanto ser
portador de uma natureza imutável.
Portanto, quando falo que a família é uma Instituição natural,
estou me referindo a união do homem e da mulher com sua prole. O
casamento homossexual é uma prerrogativa social (Dada pelo Estado)
e não divina ou natural. Os homossexuais casam-se conforme as leis do
Estado: direito civil conquistado pelos homossexuais que vivem em um
Estado sustentado na laicidade. Esta prerrogativa da união das pessoas
do mesmo sexo fere o direito natural e o direito divino, mas em nível de
sociedade (brasileira) é garantido pelo direito positivo. O direito positi-
vo acompanha a fluidez social, enquanto o direito natural e divino tende
a ser universal e imutável, para tanto, condicionando a sexualidade à
natureza ou, no caso da visão judaico-cristã, à Sagrada Escritura. É por
isso que o casamento homossexual não deve ser celebrado nas Igrejas.

10 Ideologia de gênero: o neototalitarismo e a morte da família. SCALA 2011; p. 12


54 Marcos Delson

Qualquer Igreja que o celebre está em desacordo com Cristo. Na Sagra-


da Escritura, homens e mulheres são seres complementares e destina-
dos naturalmente. Enquanto imagem e semelhança de Deus11 o homem
deve unir-se a uma mulher para constituir uma família 12. O apóstolo
Paulo13 relaciona à sexualidade a natureza, sendo abominável14 tudo o
que excede a isto.
Na Carta Encíclica Inscrutabili Dei Consilio o Papa Leão XIII de-
nunciou os erros gerados pela observância de leis ímpias que degradam a
imagem do matrimônio rompendo com o bom designo da natureza e com
os mandamentos divinos:

Jesus Cristo, com efeito, elevando à dignidade de sacramento a


aliança do matrimônio, que Ele quis fazer servir a simbolizar a
sua união com a Igreja, não somente tornou mais santa a ligação
dos esposos, como também preparou tanto aos pais como aos
filhos meios eficacíssimos próprios para lhes facilitar, pela ob-
servância dos seus deveres recíprocos, a obtenção da felicidade
temporal e eterna (mas...) depois que leis ímpias e sem nenhum
respeito pela santidade desse grande sacramento o rebaixaram
à mesma categoria dos contratos civis, tem sucedido que, pro-
fanando a dignidade do matrimônio cristão, cidadãos tenham
adotado o concubinato legal ao invés das núpcias religiosas; es-
posos têm descurado os deveres da fé que se haviam prometido,
filhos têm recusado aos pais a obediência e o respeito que lhes
deviam, os laços da caridade doméstica têm-se afrouxado

Com o passar de alguns anos, mesmo com o surgimento de ide-


ologias escusas com a do gênero, os revolucionários perceberam que é
impossível destruir de uma vez com a família, por isso, esse projeto está
sendo executado paulatinamente. Quando partidos comunistas/socia-
11 Gn 1, 26
12 Gn 2, 24
13 Rm 1, 16-32
14 Lv. 18, 22
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 55

listas assumem o poder Projetos de Leis com o intuito de mudar a visão da


família cristã ganham força. Assim, hoje, destroem a família dilace-
rando as suas células, reconstruindo o conceito e desnaturalizando o
homem e a mulher. Veja os pontos abaixo:
Primeiro: o homem perdeu o pátrio poder e no caso de diver-
gências entre o marido e a mulher quem decide o rumo da situação é o
Juiz, isto é, o Estado. Antes, o homem era o chefe da família e a mulher
colaborava com ele, e em caso de divergências prevalecia a palavra do
pai (Código Civil 1916, art. 233)15. Hoje o homem e a mulher são cola-
boradores e havendo divergências a última palavra é do Estado (Código
Civil 2002, art. 1567)16. É a interferência do Estado no seio da família
rompendo com o direito exclusivo do casal de educar a prole, direito
anterior ao Estado, portanto natural à família.
Segundo: o direito ao divórcio. O casamento é indissolúvel. É
um Sacramento, indelével. Não é permitido o divórcio. Quando o ca-
sal se divorcia perante o Estado não está se divorciado perante Deus.
O Papa Pulo VI advertiu que o amor conjugal dura enquanto durar a
vida dos envolvidos, tem como finalidade a transmissão da vida, sendo
erro moral grave a esterilização. Em caso de viuvez é permitido ou-
tro casamento17. O grito feminista, amplamente marxista, do controle
feminino sobre a reprodução é antinatural e, portanto, é conquistado
hoje por intermédio de meios artificiais: camisinha, anticoncepcionais,
pílulas abortivas, DIU (igualmente abortivo) etc. A esterilização, por
meio da contracepção, proclamou de vez a liberdade sexual feminina.
O que ocasionou a infidelidade, o sexo descompromissado, banalizado,
levando a mulher, em muitos casos, a ser utilizada como um objeto para
o prazer.
Porém, quero destacar que em caso de violência, perseguições,
traições... se o casal resolver separar-se para evitar um mal maior e ir-
15 Periódico de defesa da vida e da família, edição 224, 06 de fevereiro de 2018, p. 02
16 Idem
17 Carta Encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI, Sobre a Regulação da Natalidade, 1968; A
este respeito veja também I Cor. 7, 39
56 Marcos Delson

remediável é lícito, mas os dois deverão permanecer sós: “Aos casados


mando (não eu, mas o Senhor) que a mulher não se separe do marido. E, se
ela estiver separada, que fique sem se casar, ou que se reconcilie com seu
marido. Igualmente o marido não repudie sua mulher 18”. Se estiver
separado o homem ou mulher deve permanecer só, pois o envolvimento
com outra mulher ou homem é adultério. A separação é só para evitar um
mal maior e não para a promiscuidade.
Outo aspecto que contribui para o divórcio é o empoderamen-
to profissional da mulher. A profissão é vista como emancipadora da
mulher em relação à família e ao esposo. De mãe transformou-se em
profissional. A visão da mulher no mercado de trabalho, também, é de
cunho marxista e, evidentemente, rompe com a família e com a edu-
cação da prole19. Esse novo modelo de mulher, ou da ideia de mulher,
divulgado pelo marxismo por inúmeras correntes políticas e ideológicas
é pagã e tende, segundo os revolucionários, amenizar a luta dos sexos
no seio da família. O mercado de trabalho exige cada vez mais de seus
profissionais não deixando tempo hábil muitas vezes para as mulheres
exercerem suas funções no lar. O que é um erro grave. Desde o início,
infelizmente, a intenção era essa: “a emancipação da mulher e sua equi-
paração ao homem são e continuarão sendo impossíveis, enquanto ela
permanecer excluída do trabalho produtivo social e confinada ao tra-
balho doméstico, que é um trabalho privado20”. A mulher é convidada
a abandonar a sua função de dona do lar e mãe para equiparar-se ao
homem na sociedade. A equiparação ao homem na sociedade tende em
alguns gritos feministas a equiparação natural com o homem. Impossí-
vel uma equiparação natural com o homem. Aos olhos do cristianismo,

18 I Cor. 7, 10
19 Esse é um tema sofrido hoje. Em determinados casos é lícito à mulher trabalhar fora do lar.
Quando o marido não cumpre com suas obrigações, por motivos diversos, a mulher excepcio-
nalmente deverá assumir essa árdua tarefa de trabalhar para sustentar a família. Também foi
elaborada uma sociedade em que financeiramente o homem não consegue responsabilizar-se
pelo sustento da casa. A intenção aqui não é colocar fardos pesados nas costas de ninguém,
mas simplesmente denunciar o que está por detrás do marxismo: a destruição do cristianismo.
20 A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado. ENGELS 2002; p. 157
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 57

não existe a equiparação natural do homem e da mulher e, nem tão pou-


co, no seio da família a mulher e o homem exercem os mesmos papeis.
A Sagrada Escritura afirma, veementemente, que a mulher é sub-
missa ao homem como a Igreja é submissa a Cristo, e cabe ao homem
morrer por sua mulher (amá-la) como Cristo morreu pela a sua Igreja21.
Dentro desse clima de “luta de sexos”, onde infernizaram a família jo-
gando a mulher contra o homem, o Papa Paulo VI na Carta Encíclica
Octogesina Adveniens, percebeu que é preciso um estatuto que não re-
tire do homem e da mulher as distinções feitas pelo Criador de todas as
coisas, e não negue, também, o seu papel fundamental e indispensável no
lar e na sociedade. Porém, conforme orientou, a legislação deve de-
fender a vocação da mulher sem tolher sua independência, enquanto ser
humano, e igualdade de direitos na vida cultural, econômica, social e
política. O Papa assinala e enfatiza a vocação da mulher sem lhe recusar os
direitos sociais conquistados e necessários. A cultura feminista é um
apelo contra a visão de família do cristianismo. É preciso o sóbrio equi-
líbrio das partes sem retirar de cada uma das partes o que lhe é dado por
Deus por intermédio da natureza.
Terceiro: neste interim, em que lançam a mulher contra o homem
(agudizando a luta dos sexos), outras ideias são elaboradas para destruir
as bases da família, como o incesto: “na era primitiva irmão e irmãs
eram marido e mulher e, ainda hoje, em muitas tribos é permitido o co-
mércio sexual entre pais e filhos22”. Filmes pornográficos fazem menção
ao incesto quando nas cenas dizem ser um filho e uma mãe/pai ou o
irmão com a irmã mantendo relações sexuais. Observe esses dizeres da
feminista/marxista Firestone23:

O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a fa-


mília; então, se nós acabarmos com a família, na verdade acaba-
remos com as repressões que moldam a sexualidade em formas
21 Ef. 5, 22-29
22 A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado. ENGELS 2002; p. 35
23 Dialética do sexo. 1976; p. 54
58 Marcos Delson

especificas. Os tabus de sexo entre adulto/criança e do sexo ho-


mossexual desapareceriam, assim como as amizades não sexuais
(...). Todos os relacionamentos estreitos incluiriam o físico

Perceba que a destruição da família acontece dentro da própria


família e é um dos princípios da agenda comunista. Primeiro o incesto,
depois a pedofilia, de repente a zoofilia... Estrategistas assumem o po-
der político, com o voto popular, com discursos em nome da liberdade,
da Igualdade entre o homem e a mulher, da emancipação dos filhos,
da educação de qualidade (ideológica e politizada), da ascensão social
das classes minoritárias etc... isto tudo como slogam, pois o verdadeiro
objeto é fomentar a destruição de dentro para fora da família. A verda-
deira luta é para destruir o modelo de família cristão, pois a família é o
sustentáculo de transmissão da fé.
Quarto: em seguida atacam a natureza humana e, aos poucos, as
relações ligadas à natureza humana se dissolvem, pois o homem antes
de natural/sobrenatural torna-se histórico/cultural: “as feministas tem
que questionar não só toda a cultura ocidental (...) mais até a própria
organização da natureza (...) o natural não é necessariamente um valor
humano (...). Não podemos justificar a conservação dos sistemas dis-
criminatórios de classes sexuais com o pretexto de que iniciou na natu-
reza24”. Emancipar a mulher dando a mesma o controle da reprodução
(Pílulas anticoncepcionais uma vez que a liberdade sexual era também
uma meta) e a propriedade dos seus corpos (O aborto livre e em qual-
quer situação, como se o feto fizesse parte do corpo da mulher), a elimi-
nação dos privilégios masculinos e da distinção sexual e a volta a uma
pansexualidade livre (Ideologia de gênero) e a gestação não mais através
da mulher, mas por meios artificiais (bestialização do ser humano)25. As
ideias de Marx e Engels de “luta de classes” transformou-se, em Firesto-
ne, na luta de sexos. O homem (masculino) opressor e a mulher (femi-

24 Dialética do sexo. FIRESTONE 1976; p. 54


25 Idem, pg. 20-1
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 59

nina) oprimida. E a solução para o fim da luta dos sexos é a eliminação


dos sexos (Gênero) ou uma sociedade feminina.
Assim, evidentemente, a pansexualidade é a síntese do desfecho
dessa luta de sexos, levando tanto o feminino ou o masculino a exercer
a genitalidade sem freios ou limites. A mulher poderá exercer o papel
masculino (lesbianismo) e o homem o feminino (homossexualismo).
Os meios artificiais (vibradores, fantasias, erotismo, filmes pornográfi-
cos, anticoncepcionais, roupas eróticas, pomadas etc) contribuem posi-
tivamente nessa agenda do fim da família e da Revolução ideológica ao
proporcionar a mulher condições de comportar-se “semelhante” a um
homem nas relações sexuais. Como não existe a natureza e nem as leis
divinas, o homem está entregue a cultura e para adestrá-lo basta mudar
a cultura.
Quinto: Para a mudança cultural ser eficiente trabalha-se a pro-
paganda e a educação. Inicia-se com a Arte: um filme, um seriado, uma
novela, telejornais, desenhos, histórias em quadrinhos, teatro, um padre
e um pastor reformados e líderes da Teologia da Libertação bombarde-
ando a opinião pública com músicas, palestras e um estilo de ser pagão...
Como não podem literalmente destruir a religião, a transformam se-
gundo os interesses da agenda socialista. E isto tudo, sendo transmitido
pelos meios de comunicação em massa.
Falo muito da ideia de cultura. A palavra cultura tende a manipu-
lação. Segundo Bauman (2009; p. 71-2),

a ideia de cultura foi cunhada e batizada (...) para designar a ad-


ministração do pensamento e do comportamento humano (...).
No limiar da Era Moderna, homens e mulheres (...) passaram
a ser vistos ao mesmo tempo como maleáveis e terrivelmente
carentes de ajustes e melhoras. O termo cultura foi concebido
no interior de uma família de conceitos que incluía expressões
como “cultivo’, “lavoura”, criação” - todos significando aperfei-
çoamento (...). O que o agricultor fazia com a semente por meio
da atenção cuidadosa, desde a semeadura até a colheita, podia
60 Marcos Delson

e devia ser feito com os incipientes seres humanos pela educa-


ção e pelo treinamento (...). As pessoas não nasciam, eram feitas.
Precisavam tornar-se humanas - e, nesse processo de se tornar
humanas (...) teriam de ser guiadas por outros seres humanos,
educados e treinados na arte de educar e treinar seres humanos.

Assim como a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-


pecuária - modifica geneticamente as sementes para ocasionar culturas
mais resistentes e com características diferentes das culturas oriundas
das sementes não modificadas, a cultura, em nível social, é um proces-
so de modificar no campo do pensamento (metanoia) o ser humano
alterando o seu comportamento. No Brasil, a engenharia social vem
modificando o campo do pensamento introduzindo novas “sementes”.
Essas “sementes” estão sendo cultivadas em todos os setores da socie-
dade para “aperfeiçoar” as pessoas e torná-las aptas as novas ideologias.
Sexto: Depois vem a transformação linguística através da arte. Pa-
lavras como família, sexo, liberdade, democracia sendo transvaloradas26 e
ensinadas à massa. Assim, os princípios judaico-cristãos que compunham
a sociedade sofrem transformações e exposições como “Queermuseu”
mostrando hóstias escritas com nome de órgão sexuais, pinturas escar-
necendo do Cristo crucificado, promoção de homossexualismo e traves-
tismo infantil, passeatas LGBT com um travesti crucificado e pessoas uti-
lizando crucifixos em atos sexuais virilizam em audiência e os ideólogos
afirmam que tudo é em nome da Arte e da democracia 27. Com o desvio
artístico e a transformação linguística, pornografia, pedofilia, profanação
de símbolos religiosos, uma criança tocando o pé de um homem nu tor-
na-se, tendenciosamente, liberdade de expressão e de comunicação.
26 Por “transvaloração dos valores”, termo cunhado por Nietzsche, entendemos neste escrito
como a possibilidade de dar novos valores aos valores. No caso das palavras utilizadas acima,
redefine-as dando-lhes outros valores. A ideia de Família como a união entre o homem e a
mulher e sua prole transforma-se na união entre pessoas. A união de pessoas não distingue
sexos. Como consequência obvia, surge o discurso da adoção de crianças por casais de mesmo
sexo. Com o tempo e a autorização dos casamentos homoafetivos e a adoção de crianças de-
compõem-se a percepção judaico-cristã de família e a família é redefinida com outros valores.
27 Periódico de defesa da vida, Ed. 221, 06/11/2017, pg. 1-2
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 61

Último: Na educação formal, sala de aula, os professores for-


mados em Centros acadêmicos marxistas, amplamente doutrinados e
doutrinadores, divulgam os ideais Socialistas com brilhos nos olhos e
movimentam a imaginação dos alunos preparando-os com a semen-
te do ódio e da revolta para serem futuros revolucionários que con-
tribuirão para uma “sociedade igualitária”. Aprendem a odiar todos
os que pensam de forma diferente e a lutar por objetivos escusos. Se
autoproclamam ateus, feministas, materialistas, revolucionários, sub-
versivos da lei e da ordem e fomentam o fim da natureza e o início de
uma nova cultura inspirada na educação fundamentada na ideologia
de gênero28. Diante esse retrato social, ouso pensar conforme o Papa
Leão XIII na Carta Encíclica Rerum Novarum: “E se os indivíduos e
as famílias, entrando na sociedade, nela achassem, em vez de apoio,
um obstáculo, em vez de proteção, uma diminuição dos seus direitos,
dentro em pouco a sociedade seria mais para se evitar do que para se
procurar”. Aos poucos está se reconstruindo Sodoma e Gomorra e se

28 “Durante a votação do Plano Nacional de Educação (Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014),


esta Casa suprimiu a redação da terceira diretriz proposta para a Educação Brasileira, cujo
artigo 2, inciso III, na redação original proposta pelo Ministério da Educação, continha os
leitmotivs clássicos da ideologia de gênero: “identidade de gênero” e “orientação sexual”. A casa
também suprimiu, no restante do projeto, todas as demais alusões a estes termos. Entretanto,
após a Câmara e o Senado terem rejeitado deste modo a ideologia de gênero como diretriz da
educação nacional, o Fórum Nacional de Educação, publicou, em novembro de 2014, o Do-
cumento Final da Conae 2014, no qual é apresentado como terceira diretriz obrigatória para
o PNE, para o planejamento e para as políticas educacionais no Brasil, o texto que havia sido
explicitamente rejeitado pelas duas casas do Congresso Nacional: “superação das desigualdades
educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação
sexual, e na garantia de acessibilidade” (...)“apresentado como norma legal, embora explicita-
mente rejeitado pelo Congresso, o restante do documento (PNE) desenvolve nas suas mais
de uma centena de páginas como o sistema escolar deverá “promover a diversidade de gênero”
(pg. 25) , “disseminar materiais pedagógicos que promovam a igualdade de gênero, orientação
sexual e identidade de gênero” (pg. 36), “desenvolver, garantir e executar anualmente nos siste-
mas de ensino Fóruns de Gênero” (pg. 41), “inserir na avaliação de livros critérios eliminatórios
para obras que veiculem preconceitos ao gênero, orientação sexual e identidade de gênero” (pg.
42), “garantir condições institucionais para a promoção da diversidade de gênero e diversidade
sexual” (pg. 43), “elaborar diretrizes nacionais sobre gênero e diversidade sexual na educação
básica e superior” (pg. 45), “ampliar os programas de formação continuada dos profissionais
de educação sobre gênero, diversidade e orientação sexual” (pg. 92), apresentados como metas
obrigatórias em virtude de uma norma legal do PNE que foi, na realidade, explicitamente
rejeitada pelo Congresso”(Requerimento de Informação Nº 565-2015, p.02 e 21)
62 Marcos Delson

o ritmo de subversão não diminuir a sociedade se transformará numa


chaga purulenta e fétida.

4.3. RELIGIÃO

Outro aspecto da revolução do proletário, já citado na introdução,


é o ódio à religião. Sobre a religião é bom salientar que Marx escreveu
na introdução A Crítica à Filosofia da Lei, de Hegel que “a extinção da
religião, como a felicidade ilusória do homem, é uma exigência para sua
felicidade real”. O Papa Pio X na Carca Encíclica Divinis Redemptoris,
explica que o comunismo se opõe a qualquer religião. A religião, para
eles, é o “ópio do povo” porque “os seus dogmas e preceitos, pregando a
vida eterna depois desta vida mortal, apartam os homens da realização
daquele futuro paraíso, que são obrigados a conseguir na terra”.
Somente governos comunistas buscaram implantar o Estado
ateu. Para os socialistas, a religião é uma ideologia que alivia os sofri-
mentos da classe oprimida em virtude da promessa de uma eventual
felicidade eterna. Acreditam que a crença na religião é essencial para a
manutenção da opressão, pois enquanto os oprimidos acreditarem na
felicidade eterna e na condição de “pagar o mal com o bem” não farão
esforços para superar a verdadeira condição de seu sofrimento: a ex-
ploração social. Hoje destroem a religião de dentro para fora. Abaixo
alguns trechos das cartas de Dom Manoel Pestana Filho, saudoso bispo
falecido da Cidade de Anápolis-GO, sobre a influência das ideias mar-
xistas na Igreja Católica29:

Não é mais a fumaça de Satanás que entrou na Igreja, por al -


guma fenda oculta, como lamentava o Santo Padre Paulo VI: e,
transpondo triunfante os portões, o diabo inteiro, presente nos
mais altos postos, através de seus fiéis seguidores. (...). Um Car-
deal (...) pronuncia-se na televisão, a favor da abolição do celiba-
29 AS citações que seguem de Dom Manoel Pestana Filho estão disponíveis no seguinte site:
http://fratresenunum.com/tag/dom-manoel-pestana-filho// , acessado em 06/12/2016.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 63

to eclesiástico (...) e defende o homossexualismo; a CNBB que


assume oficialmente, para espanto dos Constituintes que ainda
respeitam a Igreja a posição do sinistro Frei Beto pela despena-
lização do aborto30.

... Não se pode mais aceitar como conselheiros e mestres nas As-
sembleias da CNBB (...) tipos como Plínio de Arruda Sampaio,
que vota pelo aborto e pelo divórcio; ou Hélio Bicudo que, co-
nhecido por posições opostas aos princípios cristãos, ameaça de
público levar o papa no tribunal de Haia; ou outros confessada-
mente trotskistas, marxistas (...)31.

Pelo amor de Deus! Estamos diante de uma situação humana-


mente irreversível. A América Latina (...) hoje mergulha na an-
tecâmara do terrorismo vermelho (...) tudo acontece como se
ouviu em outubro de 1917 (‘A Rússia comunista espalhará seus
erros pelo mundo, com perseguições a Igreja etc’.) Assusta-me a
corrupção dentro da Igreja, o desmantelamento dos seminários,
a maçonização32 de cúrias e movimentos. Horroriza-me a frieza
com que olhamos tal estado de coisas. Somos pastores ou cães
voltados contra as ovelhas? Somos ou não, além disso, cúmplices
de uma política atéia empenhada em apagar os últimos traços de
nossa vida cristã?33

Não é fácil destruir instantaneamente uma Instituição como a


Religião. O segredo é destruí-la aos poucos e utilizar os homens que
deveriam amá-la para tal serviço. Como afirmou o Santo Padre Pio X na
Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis:

30 Carta de dom pestana ao então presidente da CNBB, Dom Lucio Mendes de Almeida em 20 de
janeiro de 1988
31 19 de fevereiro de 1988 - nova carta a Dom Lucio Mendes de Almeida
32 Sobre a visão católica acerca da Maçonaria veja Anexo III
33 11 de agosto de 2010 - apelo aos bispos do Brasil
64 Marcos Delson

E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os


fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos de-
clarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no
próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos
quanto menos percebidos. Aludimos, Veneráveis Irmãos, a mui-
tos membros do laicato católico e também, coisa ainda mais para
lastimar, a não poucos do clero que, fingindo amor à Igreja e sem
nenhum sólido conhecimento de filosofia e teologia, mas, embe-
bidos antes das teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, bla-
sonam, postergando todo o comedimento, de reformadores da
mesma Igreja; e cerrando ousadamente fileiras se atiram sobre
tudo o que há de mais santo na obra de Cristo, sem pouparem
sequer a mesma pessoa do divino Redentor que, com audácia
sacrílega, rebaixam à craveira de um puro e simples homem.

Aos poucos, Cristo transforma-se em Jesus de Nazaré, um sim-


ples transformador social, um subversivo do judaísmo. Nada a mais:
Jesus é um simples homem. Evidentemente, a fé esfria-se e as pessoas
tornam-se aptas ao distanciamento e a adesão de ideologias fundamen-
tadas em uma nova interpretação das Escrituras. Paulatinamente, por
incrível que seja, afirmam que Marx e Jesus eram homens com o mesmo
ideal de libertar o povo. Marx e Jesus estão postos no mesmo altar: são
intimamente unidos, Comunismo e Paraíso são sinônimos.
A infiltração na Igreja é notável. Acredito, sem ter como provar,
portanto é uma convicção pessoal, que muitos dos erros cometidos foram
executados por pessoas pagas ou participantes de seitas ou Instituições
que querem o fim da Igreja. Os inúmeros casos de pedofilia, de persegui-
ções, de abusos excessivos de homens do clero, de homossexualismo entre
os padres e lesbianismo, e mesmo bissexualismo entre padres, freiras e
religiosos, inicia-se em pessoas que não amam a Igreja e entraram no seio
da religião para destruí-la de dentro para fora. Mancham com escândalos
a imagem Católica distanciando os fiéis e ferindo com o ateísmo a muitos.
Com isto a Igreja perde força e confiabilidade diante o povo e, por infe-
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 65

rência, tudo o que ela defende perde o sentido de existir. O caminho fica
fértil para as ideologias assumirem o lugar pertencente a Cristo. Assim,
com um golpe sem misericórdia, Bispos, padres, religiosos e religiosas
assumem posições contrarias a fé em Cristo. Verdadeiros demônios de
batina e hábito contribuindo com os exércitos de Lúcifer.

4.4. ESTADO

Uma vez movimentada ideologicamente toda a superestrutura


social deve-se de uma vez superar o Estado34. Para Engels35,

O Estado é (...) um produto da sociedade, quando esta chega a


um determinado grau de desenvolvimento; é a confissão de que
esta sociedade se enredou numa irremediável contradição com
ela própria e está dividida por antagonismos irreconciliáveis que
não consegue conjurar. Mas para que esses antagonismos, essas
classes com interesses econômicos colidentes não se devorem e
não consumam a sociedade numa luta estéril, faz-se necessário
um poder colocado aparentemente por cima da sociedade, cha-
mado a amortecer o choque e a mantê-lo dentro dos limites da
‘ordem’. Este poder, nascido da sociedade, mas posto acima dela
se distanciando cada vez mais, é o Estado.

Perceba que o Estado não é uma concessão divina que fornece a


alguns o direito divino de governar ou, como Hegel, o Espírito Absoluto
ou a “ideia geral”, mas é antes uma construção histórica e, portanto, “um

34 “quando as qualidades e disposições de espírito, que se requerem para realizar semelhante


sociedade, tiverem sido alcançadas por todos em tal grau, que por fim tenha surgido aquele
ideal utópico de sociedade, que eles sonham, sem distinção de classes então o Estado político,
que ao presente unicamente se organiza como instrumento de domínio dos capitalistas sobre os
proletários, perderá totalmente a razão de ser e, por necessidade natural, se dissolverá! To-
davia, enquanto se não tiver chegado a essa idade de ouro, os comunistas empregam o governo e
o poder público como o mais eficaz e universal instrumento, para atingirem o seu fim” (Carta
Encíclica Divinis Redemptoris de sua santidade Papa Pio XI).
35 A Origem da Família da propriedade Privada e do Estado. 2002; p. 164
66 Marcos Delson

produto da sociedade” no momento em que as contradições de classes


tornam-se irreconciliáveis. O Estado não é um órgão histórico surgi-
do para “conciliar” as classes, pois se assim fosse o Estado não poderia
surgir. Pelo contrário, o Estado é um órgão de “dominação de classes”,
de subjugação de uma classe pela outra, de opressão e que legaliza tal
opressão.
Se o Estado nasce do antagonismo de classes irreconciliáveis, se
ele está acima da sociedade tornando-se cada vez mais estranho, a
emancipação da classe oprimida passa pela revolução violenta e pela
supressão do aparelho do poder do Estado36. Uma vez que os burgueses
estão no poder e as leis conspiram ao seu favor, a revolução da classe
proletária passa pelas vias da violência:

Como o Estado nasceu da necessidade de conter o antagonismo de


classes, e como, ao mesmo tempo, nasceu em meio ao conflito
delas, é, por regra geral, o Estado da classe mais poderosa, da
classe economicamente dominante e adquire novos meios para a
repressão e exploração da classe oprimida37.

O Estado é um mecanismo que garante os bens de quem possui


contra a falta dos que não possuem. Os mecanismos de força do Estado
são o Exército e a polícia. Diante a força e o poder do Estado, a Repúbli-
ca democrática é a última forma de Estado onde pode ser travada a luta
entre proletário e burguês. É por meio do sufrágio universal que a classe
possuidora domina e é por meio deste mecanismo que o proletário deve
erguer-se enquanto classe política. A revolução do proletário (ditadura
proletariada) suprime o Estado enquanto Estado, aboli o Estado bur-
guês. O Estado proletário, resultado da revolução, se extingue com o
tempo. Uma vez que o Estado burguês é um órgão de opressão, na Revo-
lução ele é substituído por outro poder, o do proletário unido em classe
trabalhadora. Essa revolução proletária, que retira o Estado burguês, se
36 Revolução e Estado. LENIN 2006; p. 33
37 A Origem da Família da Propriedade Privada e do Estado. ENGELS 2002; p. 164
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 67

necessário, será violenta, pois a violência tem um papel revolucionário


na história.
Esses são alguns dos absurdos da revolução do proletário.
Mascaradamente é isto que oferecem ao povo todos os partidos de
orientação marxista: uma revolução ideológica e social, e por con-
sequências, o mundo de Satanás. Todos os povos, sem exceção, que
aderiram ao comunismo em seus países sofreram a violência da re-
volução.

4.5. A LUTA COMUNISTA CONTINUA...

“A incapacidade de um povo para perceber os perigos que o


ameaçam é um dos sinais mais fortes da depressão autodestruti-
va que prenuncia as grandes derrotas sociais”.
(Olavo de Carvalho, O Jardim das Aflições)

Lênin tem uma máxima angustiante: “não se faz revolução, pre-


para-se os povos para fazê-la”. Todas as vezes que escuto um jovem fa-
lando que passou no vestibular sinto um forte aperto no peito, e não é
de alegria. É angústia. Em demasia preparam os jovens hoje para uma
revolução nos Centros acadêmicos. Hoje (com direitos trabalhistas, sin-
dicatos...) proletários não fazem revolução. A revolução é comandada
pela classe média, pelos Centros Universitários, pela mídia, pela políti-
ca... O comunismo está presente triunfante nos meios de comunicação
em massa. Nomes conhecidos do telejornalismo como Franklin Mar-
tins, “Octavio Malta, Etevaldo Dias, Franklin Oliveira, Roberto Mül-
ler, João Sant’Anna, Cláudio Abramo, Luiz Garcia, Elio Gaspari, Mário
Augusto Jacobskind, Fernando Morais, Paulo Moreira Leite, Ancelmo
Gois, Míriam Leitão e tantos outros” fazem parte da estratégia comu-
nista de infiltração. “Foi assim, inclusive, durante o regime militar. E o
fenômeno nada tem de casual. A infiltração de comunistas nas redações
da imprensa burguesa, inclusive em cargos de chefia, era uma política
68 Marcos Delson

do partido, uma política de ocupação de espaços 38”. “Em entrevista ao


programa Roda Viva que foi ao ar no dia 13 de setembro de 2010, o mais
importante diretor-chefe de programação da história da TV Globo, José
Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, relatou que a maior parte dos
funcionários e criadores da emissora, desde o início, era de comunis-
tas39”.
A ideologia reinante, seja na TV Globo ou em outras emisso-
ras, está contaminada com os ideais do comunismo. Quem não é total-
mente ignorante, alienado à sociedade, consegue perceber facilmente
a implantação do marxismo no Brasil. Adestram os jovens com meias
verdades que fazem brotar sementes de ódio e revolta. Hoje entendo
porque lutaram tanto para a democratização do ensino e porque temem
uma militarização do mesmo.
É interessante perceber o papel social de autoridade que exerce
um professor. Geralmente o aluno não discute o que diz o professor.
Aceita. É fácil: basta ensinar partes em comum da história distorcendo
o seu significado para, sub-reptícia, preparar o jovem ideologicamente
para a ditadura do proletariado. Perceba que o discurso em comum hoje
é a “educação para a transformação da sociedade”. O que é uma grande
mentira. A educação como transformação social, politizada, é uma edu-
cação para o Comunismo. Ninguém está interessando em ajudar o alu-
nado a ter senso crítico, tanto é que adestram os alunos a pensar como
eles. Ademais, une-se a falta de coragem do alunado para a pesquisa: o
que o professor falar, virará lei. O aluno não vai pesquisar, vai repetir.
Um robô a serviço das mentiras.
Como já foi apontado, outro grande retardo da população no
Brasil, além dessa forjada educação para a transformação social, são os
meios de comunicação em massa. Desgraçados e mentirosos! Já que a
meta da educação é um comunismo (materialismo), os meios de co-
municação em massa induzem o jovem à permissividade, individua-

38 A corrupção da inteligência. GORDON 2017; p 136


39 Idem, p. 150
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 69

lismo, egoísmo, ateísmo... Cria-se uma sociedade que cultua o corpo e


promove cultos seguidos à ignorância. A música Top 10 é uma mulher
linda com um corpo lindo se movimentando e falando: “a paradinha,
a paradinha”. Faço referência a essa música da cantora Anita para não
citar “músicas” que possam vir a ofender quem está lendo, pois existem
outras que conseguem atingir o máximo do ridículo e do apelo desme-
dido a todas as formas de prazer e consumo. Quanto mais conduzir o
jovem ao consumo de si e de outros, mais acessos têm. É a bestialização
do ser humano.
Tenho medo dos rumos dessa sociedade que presencio. Quanto
mais incentivo ao corpo, menos reflexão, isto é, mais aceitação das ide-
ologias que chegam carregadas com o sublime nome da liberdade, mas
são verdadeiras formas de escravidão. O único País verdadeiramente
comunista, a União Soviética, conseguiu matar um número assombroso
de pessoas. A grande contradição é: quando um marxista ler este texto
irá me chamar de fascista. Bem, tendo por base que o fascismo e o Na-
zismo juntos mataram 100 milhões de pessoas a menos que o comunis-
mo... O comunismo é uma teoria decadente que vive de propagandas
mentirosas produzidas pelos seus governos. A educação em Cuba, por
exemplo, é uma ponte de ideologias e uma educação de robôs, politi-
zada, não há margem para que o indivíduo pense por si mesmo. Eles
ensinam a obedecer às normas do Comunismo. Analfabetismo zero sig-
nifica 100% da população doutrinada. A estrutura bela reflete o espelho
da sociedade, isto é, é só uma estrutura, não é real... é uma educação
militar de esquerda.
Convido o leitor a pensar a sociedade onde vive. Veja se não
acontece a imposição do comunismo por meio da transformação da
cultura ocidental. O “guia para a ação” está produzindo frutos enquanto
os cristãos estão adormecidos diante as transformações. Adormecidos,
não no sentido de convida-los ao ativismo ou a guerra civil, mas na ação
com jejuns e orações, pois, repito, “a nossa luta não é contra a carne e o
sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
70 Marcos Delson

príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da malda-


de, nos lugares celestiais40”.
O documento assinado pelo senhor Lula intitulado Plano Nacio-
nal dos Direitos Humanos III é um “guia de ação” socialista. Veja alguns
pontos:

1. “Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a ga-


rantia do acesso aos serviços de saúde”41.
2. “Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissio-
nais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão42”.
3. “Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os
estereótipos relativos às profissionais do sexo”43
4. O Projeto de Lei 5002, dos deputados Jean Wyllys e Erika
Kokay, que garantiria liberdade para crianças e adolescen-
tes optarem pela mudança de sexo, mesmo contra o con-
sentimento dos pais está fundamentado no PNDH III 44. É
de mesmo teor de invasão do Estado no seio da família que
a Lei 13010/2014 conhecida com “lei da Palmada” concede
fundamentada na Diretriz 8, Objetivo Estratégico III, Ação
Programática “c”.
5. “Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de uma
cultura de respeito à livre orientação sexual e identidade
de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento
social”45.
6. “Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre
pessoas do mesmo sexo”46.

40 Ef. 6, 12
41 Diretriz 9, Eixo orientador III, Objetivo estratégico II, ações programáticas “g”, p. 91
42 Diretriz 7, Eixo orientador III, objetivo estratégico Vi, ações programáticas “n”, p. 69
43 Diretriz 7, Eixo orientador III, Objetivo estratégico III, açõe programáticas “h”, p. 92
44 Diretriz 8, Objetivo Estratégico I, Ação Programática “e”
45 Eixo orientador III, Objetivo estratégico V, ações programáticas ”a”, p. 98
46 Idem, “b”
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 71

7. “Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por


casais homoafetivos”47.
8. “Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do servi-
ço público todas as configurações familiares constituídas por
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), com
base na desconstrução da heteronormatividade”48.
9. Desenvolver mecanismos para impedir a ostentação de símbo-
los religiosos em estabelecimentos públicos da União49.

Uma política de Direitos Humanos envolta na ideologia ma-


terialista do socialismo tende a reelaborar o homem, a destruir a sua
natureza e deturpar a imagem e semelhança do espírito humano. Para
tal, enfatiza a mentira, elabora uma nova antropologia, só que desta vez
distante da criação e do Criador de todas as coisas. A visão mundial dos
Direitos Humanos carrega objetivos escusos, estranhos a qualquer bom
propósito.
O maior instrumento para o domínio é a mentira. Governos au-
toritários lutam pela disseminação das mentiras, para sufocar a Verda-
de. A mentira a qualquer custo, seja por meio da censura da imprensa
e de todas as mídias de comunicação, seja por meio das escolas e uni-
versidades, seja comprando estatísticas e pesquisas ou mesmo usando
o sublime nome de Direitos Humanos. O Estatuto do desarmamento é
uma das mentiras que foram repetidas mil vezes... como toda mentira
basta olhar para a realidade que torna-se possível enxergar a verdade.
Porém, grande parte da população se alimenta da mentira, da
necessidade do desarmamento. O desarmamento populacional é uma
forma de dominação da sociedade. Governos autoritários, messiânico,
para impor as suas vontades sobre a população, muita vezes descon-
tente como na Venezuela, precisa ter plena certeza que todas as armas

47 Idem, “c”
48 Idem, “d”, p. 99
49 Eixo orientador III, Objetivo estratégico VI, ações programáticas “c” (vetado) p. 100
72 Marcos Delson

estão sobre o controle estatal. As pessoas tornam-se reféns da ditadura.


O Estatuto do desarmamento entrou em vigor no Brasil em 2004 (Era
PT). Neste ano o número de homicídios foi menor que em 2005 e 2007.
Porém, os outros anos que se seguem a 2007 constatou-se a alta dos ho-
micídios no Brasil. Passando de 48.374 em 2004 para 56.337 em 2012.
O fato é que assassino continua assassino, ladrão continua ladrão... seja
com um revolver ou uma faca, ou mesmo um bastão em suas mãos.
Pessoas matam pessoas, os objetos não matam, eles são utilizados para
matar. A responsabilidade sempre é das pessoas que portam o objeto
utilizado para o crime.
Portanto, garantir a segurança da população não se resume em
retirar as armas de suas mãos, mas em elaborar leis suficientes para de-
ter esses marginais, assassinos e, quando detidos, buscar meios de rein-
seri-los na sociedade. Quando não for possível à reinserção, necessário
se faz deixa-los longe da sociedade. A arma de fogo é um diferencial
para quem em determinada situação tornou-se ou é mais fraco. A arma
é um instrumento que garante a legítima defesa. O homem de bem se-
gue a lei e, obviamente, deve estar armado para o homem que não é de
bem e não segue as leis. Bandidos, mesmo com Estatutos de Desarma-
mentos, continuam a portar armas. Como afirmou sabiamente George
Washington “um povo livre precisa estar armado”.

Para enfrentarmos aqueles que nos querem tirar os bens, a dig-


nidade, a liberdade e a vida, o poder libertador e equalizador
de uma arma de fogo é algo imprescindível. Ainda que nunca
façamos uso desse poder, o mero fato de o termos à disposição é
suficiente para regular o apetite dos maus. É por saber disso que
eles tentam nos privar desse direito tão fundamental50.

O plano de desarmamento populacional não se encerrou com o


Estatuto do desarmamento de 2003. O Plano Nacional dos Direitos Hu-

50 Mentiram para mim sobre o desarmamento. QUINTELA; BARBOSA 2015; p. 84-6


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 73

manos III (2009 - Era PT) consta na Diretriz 13, Objetivo Estratégico
I, Ações Programáticas “a” e “b” sobre o continuo desarmamento popu-
lacional. O desarmamento da população e o controle das armas é uma
necessidade de qualquer governo de esquerda. Caso contrário, como
irão impor tantos absurdos?
A fumaça de Satanás está presente fortemente no Brasil e nas Ins-
tituições, inclusive na Igreja. Como afirmou o saudoso Dom Manoel
Pestana, tendo por base a mensagem de Fátima: “tudo acontece como
se ouviu em Dezembro de 1917 (‘a Rússia comunista espalhará seus er-
ros pelo mundo com perseguições à Igreja, etc’)51”. O Papa Pio XII, em
1949, afirmou que é proibido aderir a qualquer partido comunista ou fa-
vorecê-lo de alguma forma, pois são hostis a Deus e a sua Igreja. Quem
é comunista é apostata. E segundo o cânon 1374 o apostata da fé [...]
incorre em excomunhão automática. Assim,

quem sabendo disto e continua obstinado a “achar” que o comu-


nismo ou o socialismo marxista é compatível com a fé católica,
que a teologia da libertação é legal, que Karl Marx é perfeitamen-
te compatível com o evangelho... então está automaticamente ex-
comungado, pois não há mais ignorância, a pessoa está ciente
disto e fez a sua escolha52.

Cristão, uni-vos a Cristo.

O grande papa Leão XIII entrou no século XX ainda apavorado


pela visão que tivera da formidável presença diabólica em Roma,
‘para a perdição das almas’. Desde 1886, mandara a todos os bis-
pos rezar a oração a São Miguel Arcanjo (...) como também um
exorcismo maior que recomendava a bispos e párocos para reci-
tarem com frequência nas dioceses e paróquias (...) ‘O século do
homem sem Deus’, anunciado por Nietzsche, transforma-se no

51 Idem
52 Disponível em: www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1497, acessado em 21/03/2018
74 Marcos Delson

século de Satanás, que prepara o seu reino com a Primeira Guer-


ra Mundial, implanta o comunismo ateu e tirânico, contra Deus
e contra o homem (...) semeia a Europa inteira de ruinas e sangue
com a Segunda Guerra Mundial, fruto dos poderes das trevas;
invade toda a terra de ódio, terror, impiedade, heresia, blasfêmia
e corrupção em guerras e revoluções sem trégua; insinua-se, de
início, como fumaça, e, depois, implanta-se, poderoso, no seio
da própria Igreja (...). A cristandade continuou a rezar as orações
de Leão XIII, estimulada pelos papas (...). De súbito, ao aproxi-
mar-se o último e temeroso quartel do século XX, contesta-se
a existência dos anjos, desaparece a oração de São Miguel, sus-
pendem-se os exorcismos, inclusive o do Batismo, mergulha no
silêncio o mistério e a função do exorcista (...). Paulo VI quei-
xa-se da fumaça de Satanás dentro do templo, quase a ocupar o
lugar do incenso esquecido, e amargura-se com a autodemolição
da Igreja. Os seminários desaparecem, a teologia prostitui-se em
cátedras de iniquidade, a liturgia reduz-se, com certa frequência,
a uma feira irrelevante de banalidades folclóricas. A pretexto da
enculturação, a vida religiosa desliza no abismo (...)53.

Abaixo estudaremos três propostas (A fumaça de Satanás) que


ganham força no Brasil: a ideologia de gênero, o aborto e o feminismo.
Propostas que buscam desconstruir a imagem e semelhança de Deus e
hegemonizar a consciência do povo brasileiro.

53 Disponíveis em: http://fratresenunum.com/tag/dom-manoel-pestana-filho//, acessado em


06/12/2016/Parte do Prefácio de Dom Pestana Filho ao livro do Pe. Gabriele Amorth
75

5. IDEOLOGIA DE GÊNERO E O ABORTO

O paradigma que compõe o mundo Ocidental, em relação à sexu-


alidade humana e a família, necessariamente, passa pela Filosofia Clás-
sica, o Direito Romano e a percepção judaico-cristã. Hodiernamente,
em nome do Estado Laico, excluem, sorrateiramente, um dos pilares de
formação do pensamento Ocidental do leque de discussões acadêmi-
cas: a visão judaico-cristã. O que parece muito estranho e até mesmo
pragmático. O Estado brasileiro garante a liberdade religiosa1, e tendo
por base que a religião cristã é a maior do país e, portanto, formadora
do pensamento ético de grande parte da Nação, cabe aqui resguardar a
visão judaico-cristã de família. A interrogação é: por que uma citação
bíblica não é fonte de conhecimento? Aos que não são religiosos basta
observar a Bíblia como um livro entre outros. Existe um verdadeiro pre-
conceito em torno das religiões e, em primazia, da Cristã (Cristofobia).
Posso citar todos os livros, exceto a Bíblia? O Estado é laico e demo-
crático, tendo como um dos fundamentos o pluralismo político 2, isto
é, a existência de várias ideias e a garantia de respeito a todas elas 3. E é
justamente pelo fato do Estado ser laico que uma citação bíblica deve ser
respeitada. Como garantir a liberdade religiosa sem garantir a liberdade
do pensamento religioso? Considero inadmissível, e um preconceito re-

1 CF art. 5º, inc. VI


2 CF art. 1º, inc. V
3 Direito Constitucional para concursos. JÚNIOR; NOVELINO, 2016; p. 15
76 Marcos Delson

ligioso que deveria ser punido pelo Estado, quando um artigo é barrado
por ter uma citação bíblica ou de qualquer outro livro religioso. Talvez
o problema não seja, necessariamente, a Bíblia, mas tudo o que ela con-
dena em nome da Verdade que lá está revelada. A família se resume em
um único modelo: “o homem deixará sua família unindo-se a uma mu-
lher com o objetivo de constituir a sua própria família” 4. O único mode-
lo de união aceito por Deus, segundo a Sagrada Escritura, é a do homem
com a mulher. A Bíblia, por conter a verdade e não simplesmente uma
verdade, é um mecanismo de opressão aos pecados/erros dos ideólogos
marxistas. Daí exclui-la.
O apostolo Paulo, na epístola aos Romanos5, declara abertamente
a existência de uma natureza humana dada por Deus Criador. Uma vez
que Deus criou o homem e a mulher como seres complementares, deu-
-lhes, por intermédio da união conjugal, o modelo único, exclusivo da
sexualidade humana. O que excede a união entre o homem e a mulher
provoca a desonra do corpo e o pecado, pois essa ação troca a verdade de
Deus pela concupiscência do coração do homem.

Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as


suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natu-
reza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns
para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza (...).
E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus,
assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem
coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, pros-
tituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio,
contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detrato-
res, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunço -
sos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios,
infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem

4 Gn 2, 24
5 1: 16-32
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 77

misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus, não so-


mente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.
(grifo do autor).

A natureza humana, nesse sentido, corresponde àquelas caracte-


rísticas fundamentais que conduz a pessoa a agir de determinada forma
independente do contexto histórico. Para os cristãos, há uma essência
que define o ser humano como tal. Por consequência, há uma finali-
dade para o ser humano em suas ações enquanto ser portador de uma
natureza humana e imutável. Qualquer ação que não esteja conforme a
inclinação natural é um desvio de natureza e, portanto, condenável do
ponto de vista moral.
Na contemporaneidade, falar Deus ou Bíblia é um pecado. As
verdades Reveladas não podem ser questionadas. Daí retirar a Bíblia
do leque das discussões. Para tanto, alocaram a família e a sexualidade
humana no campo puramente histórico. A ideia de família e de união
exclusiva entre o homem e a mulher sofreu alterações em nome da ide-
ologia de gênero6.
A ideologia de gênero se fundamenta no pressuposto da inexistên-
cia ou superação da natureza humana e, por consequência, afirma a con-
dição maleável do sexo, na perspectiva de gênero, entendendo-o como
construção social. Não existindo a natureza humana e suas leis, os ho-
mens e as mulheres tornaram-se seres intercambiáveis: “isso é uma conse-
quência do pressuposto antropológico segundo o qual, todo o ser humano
poderia - com absoluta autonomia - escolher seu próprio gênero, já que
este vale igualmente tanto para homens como para mulheres” 7. Veja su-
6 Todos sabem (ou deveriam saber) que a ideia de sexo (masculino e feminino), não depende
de convenções sociais, é um dado biológico. O ser humano do sexo masculino difere-se clara-
mente do ser humano do sexo feminino, e isto não depende unicamente de papeis atribuídos
socialmente a cada indivíduo. É obvia a existência de uma natureza humana, isto é, de uma es-
sência que define, tanto biológica como psicologicamente, o homem como homem e a mulher
como mulher. Ambos não são seres disformes, jogados ao mundo para se construírem esco-
lhendo a que gênero seguir. Tanto o homem como a mulher possuem características peculiares
e complementares inerentes a sua condição natural e subjetiva de ser no mundo.
7 Ideologia de gênero: O neototalitarismo e a morte da família. SCALA 2011, p. 16
78 Marcos Delson

blinhas na citação que a intenção não é unilateralmente o fim da histórica


superioridade masculina sobre a feminina, mas sim, o fim das distinções
dos sexos e a liberdade sexual em suas múltiplas facetas (pansexualismo),
para isso, gerando, também, o fim das consequências naturais que o sexo
possa ocasionar com a utilização de recursos artificiais oriundos da ci-
ência (camisinha, pílulas anticoncepcionais, recursos cirúrgicos etc.) ou
mesmo o fim da vida que está sendo gerada na mulher com a legalização
de práticas de assassinato, como é o caso do aborto.
Perceba que na inexistência de uma essência que define o homem
como tal, no mundo “pós-moderno,” não há uma tentativa de buscar
uma explicação universal para o sentido da vida humana; não há uma
tentativa de avaliar os comportamentos segundo uma natureza no ho-
mem. Vive-se um relativismo epistemológico e axiológico que tende a
visar o pragmático acordo entre as partes que compõe a existência hu-
mana independente de uma visão do que seja o bem ou o mal dentro
desse campo de existências.
A ideologia de gênero traz serias consequências à família, como
o divórcio (Rompendo com a Bíblia que é expressa ao afirmar que o ca-
samento é indissolúvel), o controle da fertilidade feminina (rompendo
com a natureza e invertendo o objeto primeiro da relação sexual para o
prazer), uniões entre pessoas do mesmo sexo e a pansexualidade (Abo-
minável aos olhos de Deus), retira a autoridade dos pais sobre os filhos
(Revertendo à ordem do quarto mandamento da lei de Deus) e o aborto
(assassinato de crianças no ventre da mãe).
Segundo o plano de intenções da revolução cultural marxista que
está sendo efetuada no Brasil, a ideologia de gênero deveria ser ensinada
nas escolas desde o primário. Por ser um absurdo, a ideologia de gêne-
ro não é aceita no Brasil. Porém, vem sendo imposta utilizando-se de
outros mecanismos. Segundo Scala8, a estratégia da ideologia de gênero
possui três etapas:

8 Idem, 2011; p. 12-3


MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 79

a) A primeira consiste em utilizar uma palavra da linguagem co -


mum, mudando-lhe o conteúdo de forma sub-reptícia; b) depois
a opinião pública é bombardeada através dos meios de educa-
ção formais (a escola) e informais (os meios de comunicação de
massa). Aqui é utilizado o velho vocábulo, voltando-se, porém,
progressivamente ao novo significado; e c) as pessoas finalmente
aceitam o termo antigo com o novo conteúdo

A primeira é a manipulação linguística9 “de forma sub-reptícia10”.


Acontece da seguinte forma: pega-se uma palavra de uso corrente da
língua e reorienta seu significado. Exemplo: Família. Redefine o con-
ceito de família de união de dois sexos passa-se a união de gênero. A
família passa da união entre o homem e a mulher para a união de pesso-
as. Aqui entra a segunda estratégia. Através do Plano Nacional do Livro
Didático (PNLD) insere-se o novo conteúdo para ser ensinado nas esco-
las. Juntamente, utilizam-se os meios de comunicação em massa através
de uma novela, um filme, um desenho, uma música para fomentar o
conceito. Com o tempo, cria-se conceitos com homofobia, preconcei-
to de gênero, discriminação de gênero... e, assim, forçam as pessoas a
concordarem com as ideias geradas, pois se emitem uma opinião con-
trária serão homofobias, preconceituosas, discriminadoras, fascistas e,
portanto, mal vistas diante a sociedade e, em alguns casos, processadas
a nível de Estado11. Com o passar de alguns anos, todos concordam com
a perspectiva ideológica e ela vai tomando aparência de verdade. Assim,
aos poucos, vencem sem convencer, se impõem visto que não há aceita-
ção social do gênero.
Durante a votação da Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014 (Plano
Nacional de Educação) a Câmara e o Senado rejeitaram como proposta

9 Veja o Anexo II
10 Leviana, fraudulenta
11 O PLC 122/06, art. 3º, (que foi negado) preconizava os crimes por “orientação sexual e identi-
dade de gêneros,” criminalizando manifestações contra o homossexualismo, caracterizando-as
como crime de “homofobia”. Uma das estratégias é ter o Direito a seu favor. É uma imposição
ideológica.
80 Marcos Delson

para a educação no Brasil a ideologia de gênero e todos os seus leitmo-


tiv clássicos: “identidade de gênero”, “orientação sexual12”, “discrimina-
ção de gênero”... Mesmo assim, o Conae 2014 (Conferência Nacional de
Educação) apresentou, mesmo sendo rejeitado pela Câmara e pelo
Senado, como diretriz obrigatória para o PNE (Plano Nacional de Edu-
cação) a proposta ligada a Ideologia de gênero.

“Superação das desigualdades educacionais, com ênfase na pro-


moção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação
sexual, e na garantia de acessibilidade” (...) “apresentado como
norma legal, embora explicitamente rejeitado pelo Congresso, o
restante do documento (PNE) desenvolve nas suas mais de uma
centena de páginas como o sistema escolar deverá “promover a
diversidade de gênero” (pg. 25), “disseminar materiais pedagó-
gicos que promovam a igualdade de gênero, orientação sexual e
identidade de gênero” (pg. 36), “desenvolver, garantir e executar
anualmente nos sistemas de ensino Fóruns de Gênero” (pg. 41),
“inserir na avaliação de livros critérios eliminatórios para obras
que veiculem preconceitos ao gênero, orientação sexual e identi-
dade de gênero” (pg. 42), “garantir condições institucionais para
a promoção da diversidade de gênero e diversidade sexual” (pg.
43), “elaborar diretrizes nacionais sobre gênero e diversidade se-
xual na educação básica e superior” (pg. 45), “ampliar os pro-
gramas de formação continuada dos profissionais de educação
sobre gênero, diversidade e orientação sexual (pg. 92), apresen-
tados como metas obrigatórias em virtude de uma norma legal
do PNE que foi, na realidade, explicitamente rejeitada pelo Con-
gresso13”

12 Diferencia-se opção sexual de orientação sexual pelo pressuposto de que a orientação sexual
não é uma escolha racional de um sujeito, mas está vinculada a dimensão do desejo, que não
é racional. Por isso não pode ser uma opção. Porém esquecem que a dimensão do desejo deve
ser controlada pela dimensão racional. O ser humano não deve se deixar levar pelos impulsos
instintivos.
13 RI Nº 565-2015, p. 02 e 21
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 81

A conquista do processo educacional faz parte indispensável da


estratégia dos ideólogos de gênero. Por isso, a insistência, mesmo re-
jeitado em votação, do Plano Nacional de Educação conter premissas
relacionadas ao gênero14. Alguns livros do Ensino Médio de Ciências
Humanas contém explícita a ideologia de gênero. Em uma rápida pes-
quisa é fácil perceber inúmeras Dissertações de Mestrado e Teses de
doutorado sobre a Ideologia de gênero em sala de aula. Uma vez aceita
na educação, todas as escolas deverão ter conteúdos que ensinem/fo-
mentem/desenvolvam a ideologia de gênero. Com o auxílio da grande
mídia, da educação e a mudança do Direito a imposição estará com-
pleta. Em curto espaço de tempo, toda a população brasileira estará
doutrinada.
A mudança do Direito é outra chave fundamental. Hodierna-
mente, a lei brasileira condiciona a educação moral dos filhos à família.
O Código Cível Brasileiro, art. 5º, condiciona a maioridade penal aos 18
anos, sendo proibido, no Código Penal, art. 217-A, a indução ou relação
sexual com crianças menores de 14 anos, configurado como estupro ou
violência. Ensinar temas relacionados à homossexualidade, bissexuali-
dade, transexualidade, prostituição, masturbação e outros atos libidino-
sos são uma violência à criança. A Convenção Americana dos Direitos
Humanos, art. 12, transmite o Direito a educação sexual e religiosa aos
pais ou tutores legais. O Código Civil Brasileiro, art. 1634, restringe aos
pais a competência de educar e criar os filhos. O Estatuto da Criança e
do Adolescente, art. 79, restringe as publicações dirigidas às crianças a
manterem os valores éticos e da família. A Constituição Federal, art. 21,
inc. XVI e art. 220 § 3º, inc. I, em razão da fragilidade psicológica da
criança reconhece e protege os direitos mencionados do art. 79 do Esta-
tuto da Criança e do Adolescente. Sendo assim, qualquer Instituição de
Ensino, que violar o direito exclusivo dos pais de educar os filhos, tanto

14 No Currículo Referência da Rede Estadual de Educação de Goiás consta no conteúdo de


Sociologia (pg. 294): “Diferença entre gênero, sexo e sexualidade” e “os movimentos sociais de
minorias em busca de identidade e cidadania: Afrodescendentes, Mulheres, LGBT, Ambienta-
listas, MST...”.
82 Marcos Delson

religiosa como moralmente, poderá ser acionado judicialmente e pagar


danos morais15.
As diretrizes obrigatórias para o PNE, vindas do Conae 2014, são
inaceitáveis. A lei brasileira, de forma abrangente, rejeita o ensino da
Ideologia de gênero nas escolas, pois tal ensino sobrepõe o direito ex-
clusivo dos pais de educar os filhos segundo seus próprios costumes
religiosos e morais.
Por isso, insisto, a Ideologia de gênero está sendo sorrateiramente
inserida na educação pela imposição e não pelas leis, o que fere o Esta-
do Democrático e de Direito e a consciência das famílias. Novamente
insisto: perceba o porquê da necessidade de mudar a ideia de família,
a consciência moral do povo brasileiro, destruir moralmente a religião
usando os próprios religiosos para isso, mudar as leis, a percepção de
Estado e tecer vagarosamente, mas eficazmente, em nome do fim do
preconceito e da discriminação, um “novo homem” aberto à manipula-
ção ideológica. E isso tudo se inicia na política. Daí a necessidade dos
homens de bem se engajar politicamente.
O Brasil, em 2017, passou por acontecimentos inadmissíveis.
Veja esse exposto retirado do periódico de defesa da família e da vida 16:

Em Porto Alegre, o Banco Santander patrocina a exposição


‘Queermuseu’, mostrando hóstias (...) escritas com nomes de ór-
gãos sexuais, pinturas com escárnio a Jesus Crucificado e de pro-
moção do homossexualismo e do travestismo infantis. O autor
da ‘arte’ com as partículas eucarísticas é Antônio Obá, o mesmo
(que) numa apresentação na qual, completamente despido, rala
uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e joga em seguida o
pó sobre o próprio corpo. Em Belo Horizonte, o Palácio das Ar-
tes exibe a exposição blasfema ‘Faça você mesmo sua capela sisti-
na’ (...) rabiscos grosseiros (com) pornografia, pedofilia, zoofilia,
profanação de símbolos religiosos, tudo presente em suas nume-

15 Agradeço nesse parágrafo ao Prof. Werley Campos.


16 Período de defesa da família. Ed. 221, 06/11/2017, pg. 1-2
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 83

rosas obras. Em São Paulo, o Museu de Arte Moderna, em sua


exposição bienal, expõe um homem nu deitado e uma menina de
três a cinco anos tocando seu pé, com o consentimento da mãe.
A Rede Globo estreia novas novelas em combate à família natu-
ral e em apologia de perversões sexuais. O Ministério da Edu-
cação, não aceitando a derrota que a ideologia de gênero sofreu
nas casas legislativas em nível nacional, estadual e municipal nos
Planos de Educação, agora tenta inserir essa espúria temática na
Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O Brasil está sobre ataque. Ao Cristão resta denunciar a menti-


ra, mas principalmente orar, ajoelhar diante o Santíssimo e lutar contra
os demônios espalhados pelos ares. Implorar a misericórdia divina. A
exemplo de São João Maria Vianney orar e servir a Deus e ao próximo.
“Nosso combate não é contra o sangue e nem contra a carne, mas contra
os Principados, contra as Autoridades, contra os Dominadores desse
mundo de trevas, contra os Espíritos do mal, que povoam as regiões
celestiais17”. Por isso a cada cristão mortificação, oração e jejum.
Da ideologia de gênero ainda extraímos outro crime: o abor-
to. Por enquanto, para que o aborto seja definitivamente praticado no
Brasil sem punição faz-se necessário mudar as leis. Até o presente mo-
mento, a Legislação brasileira resguarda a vida desde a concepção. A
Constituição Federal, art. 5º, afirma a inviolabilidade do direito a vida 18.
Todos os direitos são invioláveis, mas enfatiza-se o direito a vida porque
é desse direito que decorrem todos os demais. Por isso, como reza o
Pacto de São José da Costa Rica, art. 4º, que todas as pessoas, indepen-
dente de sexo, cor, religião ou quaisquer outras características, devem
ter as suas vidas protegidas pela lei e, em específico, desde a concepção19.

17 Ef. 6,12
18 CF. “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida (...)”
19 Art. 4º, inc. I, “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da
vida arbitrariamente”.
84 Marcos Delson

Essa verdade da necessidade de proteger a vida desde a concepção não


se fundamenta em opiniões arbitrárias, é um dado científico. O pai da
embriologia genética, Karl Ernst Von Baer, foi o primeiro a afirmar a
existência de vida desde a concepção. Em 1827 observou o desenvol-
vimento de embriões no útero de animais. Posteriormente, em 1839,
os cientistas Schleiden e Schwan, com a teoria celular, afirmaram que o
corpo é composto por células oriundas de uma única célula e que, por
meio de divisão celular, forma os tecidos e órgãos do corpo. Por isso, a
Igreja Católica, em 1869, com Pio IX, afirmou a existência da vida hu-
mana desde a concepção (FERREIRA online 2016).
Mesmo constatado a vida desde a concepção, no Brasil, existem
três situações em que o aborto não é punido. As duas primeiras situa-
ções encontram-se no Código Penal Brasileiro, art. 12820: não se pune o
aborto “se não há outro meio de salvar a vida da gestante” e “se a gravi-
dez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da ges-
tante ou, quando incapaz, de seu representante legal”. A terceira situação
foi estipulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 12 de abril
de 2012, definido por 08 votos a 02 que o aborto em caso de anencefalia
não seria punível.
Recentemente o Projeto de Lei 882/15 de autoria do Deputado
Jean Wyllys buscou aprovar o aborto. Vejamos alguns artigos:

No art. 10- Toda a mulher tem o direito a realizar a interrupção


voluntária da gravidez, realizada por médico e condicionada ao
consentimento livre e esclarecido da gestante, nos serviços do
SUS e na rede privada (...).

20 Os artigos 124 a 128 do Código Penal Brasileiro rezam sobre o aborto. Os artigos 124 a 126
rezam condutas em que o aborto não é punível, respectivamente: “provocar aborto em si mes-
ma ou consentir que outrem lho provoque (art. 124 de 01 (um) a 03 (três) anos de detenção);
provocar aborto, sem o consentimento da gestante (art. 125 de 03 (três) a 10 (dez) anos de
reclusão) e provocar aborto com o consentimento da gestante (de 01 (um) a 04 (quatro) anos
de reclusão).” O artigo 127 reza: “As penas cominadas nos dois artigos anteriores (126 e 125)
são aumentadas de um terço se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qual-
quer dessas causas lhe sobrevém à morte.”
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 85

Art. 11 - Toda mulher tem o direito a decidir livremente pela in-


terrupção voluntária de sua gravidez durante as primeiras doze
semanas do processo gestacional.
Art. 12 - Ultrapassado o prazo estabelecido no artigo 11 da pre-
sente Lei, a interrupção voluntária da gravidez somente poderá
ser realizada:
I - Até a vigésima segunda semana, desde que o feto pese menos
de quinhentos gramas, nos casos de gravidez resultante de estu-
pro, violência sexual ou ato atentatório à liberdade sexual, sem
a necessidade de apresentação de boletim de ocorrência policial
ou laudo médico-legal.
II - A qualquer tempo, nos casos de risco de vida para a gestante,
comprovado clinicamente.
III - A qualquer tempo, nos casos de risco à saúde da gestante,
comprovado clinicamente.
III - A qualquer tempo, nos casos de incompatibilidade e/ou
inviabilidade do feto com a vida extrauterina, comprovado cli-
nicamente.
(...)
Art. 19 - Ficam revogados os artigos 124, 126 e 128 do Decreto-
-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.

Segundo o Deputado em questão, legalizar o aborto é indispen-


sável, pois não existem motivos para que o aborto seja crime. Os argu-
mentos que garantem a criminalização do aborto estão fundamentados
em hipocrisias e mentiras e, enquanto perpetuam esses fundamentos,
vidas se perdem todos os anos, vidas que poderiam ser salvas com a
legalização do aborto21. Para ele, a legalização do aborto em clínicas es-
pecializadas e ambientes seguros salvaria a vida e a saúde de milhares
de mulheres.
De sã consciência sou obrigado a falar que os argumentos que ga-
rantem que o aborto continue crime não são mentirosos e nem hipócritas.

21 PL 882/15, p. 08
86 Marcos Delson

No útero tem-se uma pessoa humana que realizará todas as suas poten-
cialidades no decorrer de sua vida. As vidas que se perdem todos os anos
poderiam ser salvas não com a legalização do aborto, mas com a respon-
sabilidade que permeia qualquer ato livre. Uma vez que a mulher faz a
opção por uma vida sexualmente desregrada precisa proteger-se de males
físicos que a liberdade sexual poderá ocasionar. O ideal seria a castidade.
A lógica da castidade é pura. Imagine se os homens e as mulheres quando
decidissem se unir pelo sacramento matrimonial fossem ambos virgens e,
depois de casados, mantivessem relações sexuais só entre eles dois, man-
tendo assim a castidade. Não haveria doenças sexualmente transmissíveis
e a gravidez poderia ser controlada pelo método Billings.
O senhor Deputado Jean Wyllys não conhece o SUS - Sistema
Único de Saúde? Esse sistema de atendimento público não garantiria o
tratamento “digno” das mulheres, uma vez que não consegue assegurar
o tratamento humano das pessoas que todos os dias se arrastam nas filas
em busca de atendimento. Muitas ficam nos corredores, isso quando
não perdem a vida sem atendimentos. Para garantir o “aborto seguro” o
Estado precisaria investir massivamente nos hospitais da rede pública.
Se realmente esse for o grande problema, a legalização do aborto não ga-
rantiria um atendimento “humanitário” as mulheres. O erro é recorren-
te, porque os argumentos de quem almeja o aborto são insustentáveis.
O aborto não é questão de saúde pública. Pense comigo: se a mulher
engravida é porque transou com um homem sem nenhuma prevenção.
Transou livremente, isto é, ela escolheu manter relações sexuais. O gran-
de problema desse ato livre não é a gravidez, mas sim uma DST. A DST
é problema de saúde pública. Esses em prol ao aborto são mentirosos,
típicos de Satanás. Os ideólogos de longe percebem o grande problema
do aborto: fere a dignidade do homem, imago dei.
Segundo Ferreira (2016)

Ser contra o abortamento provocado de bebês no ventre mater-


no é uma questão ética, já que todos os seres humanos, indepen-
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 87

dentemente da sua idade, ou de qualquer outra condição, têm


a mesma dignidade de pessoa humana. É também uma ques -
tão científica, visto que há décadas a Ciência afirma que a vida
humana começa no momento da concepção, com a primeira cé-
lula, o zigoto. É, ainda, uma questão jurídica, uma vez que todo
ser humano tem, como o primeiro dos direitos, o direito natu -
ral à vida, da concepção até a morte natural. Finalmente, é uma
questão também religiosa porque cada um de nós tem, acima de
tudo, a dignidade sobrenatural de filho ou filha de Deus”.

O aborto não é uma questão puramente jurídica: faz-se uma lei e


inicia-se o abortamento. É preciso pensar com coerência e responsabili-
dade, atributos que não estão ao alcance de todos os políticos. No ventre
da mulher tem-se desde a concepção uma pessoa (segundo a definição de
Boécio pessoa é uma unidade substancial de natureza racional). Uma uni-
dade substancial, enquanto corpo e alma, de natureza racional. Por mais
que seja uma célula invisível ao olho nu, tem uma natureza que se desen-
volverá no trajeto do tempo. É fruto do ato deliberado entre o homem e a
mulher, seres livres e responsáveis, portanto deve ter sua vida resguardada
desde a concepção, pois o direito à vida excede a normatização do Estado
por estar vinculado a condição natural da pessoa. O direito a vida é um
direito natural e divino, superior a qualquer direito positivo.
Outro grande problema do Projeto de Lei 882/15 do Deputado
Jean Wyllys é o art. 19 onde “Ficam revogados os artigos 124, 126 e 128
do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940”. Se esse Projeto fosse
aceito, o aborto seria permitido no Brasil em qualquer situação. Quando
revoga-se os artigos do Código Penal (124 a 128) está utilizando-se de
um artifício jurídico. Os dispositivos que falam sobre o aborto no Brasil
são os artigos revogados, logo o Brasil ficaria sem lei para combater o
aborto. O que é um grande problema, pois o art. 1º do Código Penal reza
que “não existe crime sem lei anterior que o defina...”, logo se não existe
uma lei que afirma que o aborto é crime, ele deixa de ser crime e poderia
ser praticado até o nono (9º) mês.
88 Marcos Delson

Convido os cristãos ao combate, ao bom combate. Não seremos


condenados se perdermos, mas seremos se não lutarmos. Na Conferên-
cia dos Bispos do Brasil, Dom Manoel Pestana ao ser intercalado por
outro Bispo respondeu: “Mas Dom Pestana, o senhor tem que entender
que não podemos perder tempo [...] com uma batalha perdida. O abor-
to vem!...” E eu disse: “Excelência, Deus não te julga se ganhamos ou não
a batalha, mas se lutamos e se lutamos bem...”. Vamos lutar, e lutar bem
para que o aborto não chegue ao Brasil.
Enquanto estou escrevendo este livro, o PSOL (Partido que re-
presenta uma minoria no Brasil) apresentou ao STF - Supremo Tri-
bunal Federal - uma ADPF - Ação de Descumprimento de Preceito
Fundamental - 442 pedindo que o aborto feito até a decima segunda
semana não seja considerado crime. Do dia 03 ao dia 06 de Agosto
de 2018 foi realizada uma Audiência pública para escutar a opinião
de mais de 60 pessoas sobre o aborto. O documento resultante da
audiência será encaminhado aos Ministros do Supremo para futuras
consultas antes do voto. Até o término deste escrito não tinha sido
votado à questão.
No Brasil, Ministros escolhidos, geralmente, pelo Presidente da
República fazem lei (o que não é a competência). Não são representan-
tes do voto geral: “como nós não somos eleitos, nós temos talvez um
grau de independência maior porque não devemos satisfação, depois da
investidura, a absolutamente mais ninguém”22. Não é regra a corrupção
no STF (o que não garante que não tenha ocorrido), mas todo o ser
humano está apto a se corromper, e isto, evidentemente, não exclui um
Juiz. Interessante é que de um tempo para cá ficou difícil entender qual
é a competência do STF, uma vez que absorve a competência do Legis-
lativo. Como “não devem satisfação à população”, aprovam leis, como
a do aborto de crianças anencéfalas. O sistema parlamentarista abre-se
ao Poder judiciário fazer leis quando necessário para suprir a carência
do Poder Legislativo. Porém, parece-me perigoso o Judiciário substituir

22 Ministro Luiz Fux em 05/12/2016, disponível em Periódico da Família, ed. 230, 11/08/2018
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 89

o Legislativo no Brasil, e, mais, acredito que fere a separação dos três


poderes do nosso sistema presidencialista.
O Estado nada mais se tornou do que a consolidação das vonta-
des do Partido que está no poder e tem maioria na Câmara e no Sena-
do, ou cargos suficientes para garantir a maioria. Como afirmou o Pe.
João Batista de A. Prado F. Costa: “Quem crê no indivíduo soberano...
quem crê no cidadão consciente e responsável pelo destino da nação em
uma sociedade completamente inorgânica, onde todas as instituições
intermediárias foram dissolvidas ou açambarcadas pelo “Estado Demo-
crático de Direito” ou é um idiota incurável ou age de má fé visando a
interesses mesquinhos inconfessáveis23”. O Estado laico é uma farsa, um
disfarce, uma piada de mau gosto. Em nome do Estado laico afastam
Deus da mente das pessoas. O Estado laico é um mecanismo de hege-
monização das consciências.

5.1. FEMINISMO

Em verdade, as mulheres nunca opuseram valores femininos aos


valores masculinos; foram os homens, desejosos de manter as
prerrogativas masculinas, que inventaram essa divisão: entende-
ram criar um campo de domínio feminino — reinado da vida,
da imanência — tão-somente para nele encerrar a mulher; mas
é além de toda especificação sexual que o existente procura sua
justificação no movimento de sua transcendência: a própria sub-
missão da mulher é a prova disso. O que elas reivindicam hoje
é serem reconhecidas como existentes ao mesmo título que os
homens e não de sujeitar a existência à vida, o homem à sua ani-
malidade (BEAUVOIR 1970; p. 85).

O Feminismo é um movimento social multifacetado. O que per-


cebo em comum é uma base existencialista que permite a mulher re-
construir-se e reconstruir o conceito do que é ser “mulher”. O questio-
23 Charles Mourras e Jair Bolsonaro, postado em 30/08/2018 via whatsaap
90 Marcos Delson

namento sobre o que é ser uma mulher é comum a essa linha de pen-
samento. A visão feminista busca interpelar a “cultura androcêntrica”,
“patriarcal”, “burguesa”, pois foi essa cultura que escravizou a natureza e a
mulher 24. Descarta como insuficiente os atributos biológicos, buscam
superar a visão natural, fundamentando-se na perspectiva histórica e
materialista. Para tanto problematizam a natureza.
A primeira luta é por direitos sociais. Segundo a feminista Frie-
25
dan é preciso à mulher abandonar a “mística feminina” de dona do lar,
cuidadora das crianças e encarar o casamento como de fato ele é, isto é,
encarar o casamento como uma atividade de segundo plano. Casamen-
to e maternidade não geram a realização máxima da vida da mulher. É
preciso a mulher usar os seus talentos com um proposito social. Para
libertar a mulher da “mística feminina” tem-se o trabalho. O trabalho
“precisa ser levado a sério, fazer parte de um plano de vida, segundo
o qual a mulher possa evoluir e participar da sociedade onde vive”. Os
trabalhos que de fato libertam a mulher da “mística feminina” envolvem
arte, política e o aprendizado de uma profissão.
O feminismo lutou/luta pelo direito ao trabalho, a profissionali-
zação, a educação, a vida política, cultural e social da mulher. A nova so-
ciedade exige a mão de obra feminina e abre concessões que permitem
ascender socialmente e igualar-se ao homem na vida social. Em nome da
“propriedade de seus corpos” lutam pelo aborto26 e reinventaram a moda
feminina com roupas curtas e sexuais, excluindo a modéstia e o bom sen-
so em alguns casos27. Exigem a legitimação do movimento por intermé-
dio de leis28.
24 O Segundo sexo. BEAUVOIR 1970; p. 86
25 A mística feminina. 1971; p. 292-6
26 “Sua desgraça consiste em ter sido biologicamente votada a repetir a Vida” (BEAUVOIR 1970;
p. 85).
27 “Do mesmo modo, quero que as mulheres usem traje honesto, ataviando-se com modéstia e
sobriedade. Seus enfeites consistam não em primorosos penteados, ouro, pérolas, vestidos de
luxo, e sim em boas obras, como convém as mulheres que professam a piedade. A mulher ouça
a instrução em silêncio... não permito à mulher que ensine nem que arrogue autoridade sobre
o homem...” (1 Tim. 2, 9-12).
28 A Lei 13104 de 9 de março de 2015, feminicídio: crime cometido contra a mulher por con-
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 91

As leis no Brasil, em grande medida, contemplam a causa das mu-


lheres. O Plano Nacional dos Direitos Humanos III 29 busca a causa fe-
minina de várias formas, duas delas dizem respeito a “desenvolver ações
afirmativas que permitam incluir plenamente as mulheres no processo
de desenvolvimento do País, por meio da promoção da sua autonomia
econômica e de iniciativas produtivas que garantam sua independência”
e (b) “Incentivar políticas públicas e ações afirmativas para a participa-
ção igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços de poder
e decisão”. O problema das Diretrizes do PNDH III não é o fato da inser-
ção da mulher no mercado de trabalho ou coloca-la para tomar decisões
importantes para o País. O grande problema é que dessas Diretrizes e
das posteriores buscam desnaturalizar a mulher e tirar da mesma o de-
ver de ser mãe e de dar continuidade à gestação, quando essa acontece.
A luta por liberdade sexual não ausenta o dever da responsabilidade
pelos atos. Uma Legislação que abranja a causa social feminina deve
“orientar-se no sentido de proteger a sua vocação própria (da mulher) e,
ao mesmo tempo, de reconhecer a sua independência, enquanto pessoa,
e a igualdade dos seus direitos a participar na vida cultural, econômica,
social e política30”. A mulher adquiriu igualdade de direitos em partici-
par da vida social. O trabalho feminino, as políticas femininas, a vida
social e cultural não devem ferir a vocação original dada por Deus de
mãe e esposa.
Como exposto, a mulher tem sua própria vocação deixada por
Deus. Como iniciei a escrita, o feminismo é multifacetado. Muitos mo-
vimentos feministas lutam por direitos naturais semelhantes aos dos
homens. Odeiam tanto os homens que querem ser iguais. Alguns mo-
vimentos mais radicais lutam pelo direito de não ser mãe. Partindo do
pressuposto que o conceito mãe abrange engravidar, carregar a criança

dições do sexo feminino. Licença maternidade específica e diferente da masculina; direito de


descer fora do ponto de ônibus depois das 22 horas; duas semanas de descanso em caso de
aborto natural entre outras.
29 Diretriz 9, Objetivo estratégico III, Ações programáticas “a” e “b” , p. 90-1
30 Papa Paulo VI Octogesina Adveniens n. 13; p. 15, 1971
92 Marcos Delson

no ventre, gerar, amamentar etc. luta-se pelo direito de não ser mulher.
Homem, por mais que queira, não consegue ser mãe. Parece-me um
apelo antinatural e contra os preceitos de Deus.
Terrivelmente, do apelo de não ser mãe surgiram outros mo-
vimentos que almejam o aborto e, em Firestone, o incesto e a pan-
sexualidade livre. Firestone, na Dialética do sexo31 , propõem a ne-
cessidade das mulheres assumirem o controle da reprodução (anti-
concepcionais), a propriedade dos seus corpos (aborto), o fim das
distinções sexuais e uma “volta a pansexualidade livre”, o fim da
ideia de mãe com a reprodução artificial da espécie humana. A au-
tora propõe o fim da família judaico-cristã. E para tal fim, o incesto:
todos os relacionamentos próximos devem incluir o físico, inclusive
os relacionamentos entre adultos e crianças que ela chamou de “tabu
de sexo entre adulto/criança 32”. Todos os contatos sexuais serão pos-
síveis com o fim da família.
Com a ideologia de gênero, o movimento social feminista
abriu ensejo para o lesbianismo e a revolta social contra o homem.
A luta de muitos movimentos não é mais social, é de equiparação
para futuramente pisotear o homem e escraviza-lo. As necessidades
culturais e históricas conduziram a mulher ao mercado de traba-
lho, isto é fato. Contudo, não existe um motivo para sobrepujar
e desnaturalizar o homem como pretendem muitos movimentos.
Nessa luta de classes criada pelo marxismo cultural quem perde é a
família. A grande contradição que percebo na Ideologia de gênero
é que onde há gênero não há sexo. Se não há sexo não há mulher.
Se não há mulher não há mãe, família, esposa, profissional... Pelo
o que lutam?
Homens e mulheres não foram criados para a inimizade, foram
criados para a complementariedade. Vivemos em um mundo de teo-
rias ateias que conseguem milhões de seguidores. Temos que escolher a

31 Dialética do sexo. 1976; p. 12-40


32 Idem, p. 54
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 93

quem seguir: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem
quereis servir: se aos deuses (ideologias) a quem vossos pais serviram
na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais.
Quanto a mim e a minha família, nós serviremos ao Senhor33”. Escolha
a quem quereis servir, ao marxismo cultural e suas consequências ou
ao Senhor. Muitos abandonaram/abandonam a Jesus Cristo todos os
dias: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?34”. Acredito que
o entendimento de Jesus e suas colocações não parte unicamente da
inteligência, é uma questão de fé: “Crer para entender”, como afirmou
Agostinho de Hipona.
As mulheres têm um papel fundamental na sociedade cristã:
guardiã do lar. “Mulheres sejam submissas aos vossos maridos como
ao Senhor 35”. Mulheres escutem vossos maridos como escutam ao
Senhor. As mulheres escutam ao Senhor porque Ele é justo juiz. Pau-
lo fala à família cristã. “Maridos, amai as vossas mulheres, com o
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”. O homem deve amar a
esposa como ama a Deus e a si mesmo. Não é justo ao homem espan-
car, maltratar verbalmente, ser infiel, injusto, aprisionar no ciúme
ou em contendas... ele deve amar a sua esposa como Cristo amou
a Igreja. Deve estar disposto a morrer por ela. No cristianismo não
existe a luta de classes entre homens e mulheres. Eles são uma só car-
ne. As mulheres precisam entender que elas não lutam contra Deus
ou Jesus, elas buscam respeito dos homens que não seguem a Deus
ou a Jesus. A visão que Deus carrega sobre a mulher é esplendorosa.
Deus deu a ela o dom de ser mãe, esposa, profissional. A mulher é
mulher e não deve almejar ser igual ao homem. A mulher deve lutar
por seus direitos sociais conquistados sem escárnio, sem aborto, sem
lesbianismo, sem ódio, contenta, sem destruir a família dada por
Deus. Deus ama as mulheres com um verdadeiro amor de PAI. Ele

33 Js 24-15
34 Jo 6-60
35 Ef. 5, 22
94 Marcos Delson

sabe (e vai cobrar no julgamento final) da infidelidade, da covardia


e dos males que muitos homens provocaram às mulheres (o oposto
também se aplica). Devemos acreditar mais na justiça divina. Infeliz-
mente, esse movimento chamado de feminista tornou-se uma porta
de entrada para Satanás no seio da sociedade. Já não é mais uma luta
por direitos sociais, é uma luta de Satanás contra a Igreja de Deus.
95

6. A MORTE DE DEUS E A RECONSTRUÇÃO


DO “NOVO HOMEM”

“Deus morreu! Deus continua morto! E nós o matamos!” Enquanto


acontecimento histórico-cultural, a morte de Deus simboliza a perspec-
tiva da morte dos valores absolutos, transcendentes. Perceba que fomos
“nós” que o matamos. Sim, “nós” o matamos, no modo de ser, de falar, de
agir, de pensar, na política, na novela, nos filmes, na educação, no direito,
na religião... e em todas as Instituições responsáveis pela cultura. Deus,
uma vez morto, conduz a reflexão não mais a essência, mas a aparência,
ao fenômeno. Criamos um mundo no interior da caverna platônica: de
sombras, de opiniões, sem verdades, sem natureza, sem ordem prescrita.
Resta-nos colher os frutos e plantar novas sementes. Sementes capazes de
ressuscitar esse Gigante que jaz para reviver os valores, que nesse círculo
do “eterno retorno”, a ausência nos torna cara, niilista e sem sabor a vida.
Nunca sentimos tanta falta de Deus e, por isso, objetivamos ressuscitá-lo
para termos onde nos agarrar quando o arrependimento dilatar a pupila,
após desvencilharmo-nos das correntes, ao sair da caverna.

6.1. POR QUE “MATAR DEUS” É NECESSÁRIO PARA IMPOR A


IDEOLOGIA?

Por que a insistência dos Centros Acadêmicos de retirar a ideia


de Deus do campo de discussões? Onde há Deus não há gênero, há
96 Marcos Delson

natureza, essência, verdades inabaláveis e absolutas. Retirar a ideia


de Deus das discussões é uma das formas de desconstruir sistemas.
Como facilmente e sem diálogos foi aceita/imposta a percepção, hoje
vários Centros Acadêmicos são laicistas 1, céticos2, cientificistas 3 ou
ateus 4. Vive-se dentro de um mundo de imposições, o que levanta
questionamentos, como: Por que os Centros Universitários falam do
diálogo, mas se fecham ao diálogo? Que mal causa a ideia de Deus?
Que engenharia social está por de trás da ideia de um mundo sem
verdades absolutas? Falar que não existem verdades absolutas não é o
mesmo que afirmar a sua existência? Estando dentro de um momento
histórico, cultural, político e representando um povo e sua trajetória,
uma citação bíblica não é fonte de conhecimento? Como é possível um
país democrático garantir a liberdade religiosa e tolher o pensamento
religioso? De forma sucinta serão expostas duas teorias que levantam
a suspeita/necessidade da “morte de Deus,” uma em Nietzsche e a ou-
tra em Jean-Paul Sartre.

[…] Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não


sentimos o cheiro da putrefação divina? - também os deuses
apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o ma-
tamos! Como nos consolar, a nós assassinos entre os assassinos?
O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra
sangrou inteiro sob os nossos punhais - quem nos limpará este
sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expia-
tórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza des-
se ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós
mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele?

1 Refere-se aqui a Intolerância religiosa; diferente do laico que tolera todas as religiões. Os Cen-
tros Acadêmicos são intolerantes.
2 Sem verdades sejam absolutas ou não. Os Centros Acadêmicos formam, por vezes, pessoas
desacreditadas na possibilidade da mente humana alcançar a verdade.
3 Só são aceitáveis explicações pautadas exclusivamente no método científico. A própria ética
deveria ser cientifica.
4 Sem Deus. Deus simplesmente não existe.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 97

Nunca houve um ato maior - e quem vier depois de nós perten-


cerá, por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a
história até então5.

Em virtude do imperativo “Deus está morto,” Nietzsche sofre/so-


freu várias críticas. Ao falar “Deus,” a que Nietzsche se referiu? Perceba
que fomos nós que o matamos. O filósofo, com essa expressão forte,
proclama o fim da influência religiosa, dos valores metafísicos, das ver-
dades absolutas, de tudo o que é platônico, cristão, na vida e na moral
que cerca os homens. O Bom, o Belo, o Verdadeiro, o Justo, as leis uni-
versais e imutáveis são criações de um povo sofredor e ressentido. A
verdade eterna não existe mais, não existe um mundo suprassensível de
verdades inquestionáveis como almejara Platão. No livro Genealogia da
Moral, Nietzsche6 fez uma forte crítica aos valores morais. Não existe o
bem ou o mal para além do mundo. A ideia moral perdeu, para ele, sua
identidade transcendente, o que ele chama de “preconceito teológico”, e,
portanto, propôs a criação de novos valores onde se exprime a vontade
de potência.
Dentro de um mundo sem verdades absolutas, também não exis-
te uma natureza absoluta. Se não existe uma essência dada ao nascer
é preciso construí-la durante a vida. Sem essência, sem natureza, sem
verdades absolutas, infere-se a ausência de valores absolutos. No “Exis-
tencialismo é um humanismo”, Sartre7, em concordância com Nietzsche,
afirma a não existência de valores dados, a inexistência de uma essência,
de uma natureza. Primeiro o homem existe para depois ser tudo aquilo
que fizer de si mesmo8. Sartre, assim como Nietzsche, descreve com a
morte de Deus a inexistência de valores absolutos. Sem Deus tudo é per-
mitido, o homem está desamparado e não há nele e nem fora dele onde
se agarrar. Sem Deus “o homem está condenado a ser livre. Condenado,
5 Gaia Ciência. NIETZSCHE 2010; p. 116
6 Genealogia da moral. 2009; p. 17-21
7 O Existencialismo é um humanismo. SARTRE, 1970; p. 05
8 Veja o Anexo I
98 Marcos Delson

porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que
foi lançado ao mundo, é responsável por tudo o que faz9”.
Perceba que, se não existem verdades absolutas e perenes o ho-
mem pode se reconstruir, se fazer e refazer. Se não há essência, se não há
natureza existe simplesmente um ser amorfo, sem forma, a procura de
valores que o modele. Sem verdades eternas tem-se uma sociedade
frívola, líquida (para usar a expressão de Zygmunt Bauman). Sem es-
sência não há forma, sem natureza não há objetivos, sem verdades não há
conhecimentos. O que resta então? Resta a argila pronta para ser
modelada pelas ideologias.
Assim, essa ideia da “morte de Deus” pressupõe uma nova or-
dem de valores, uma nova construção antropológica do ser humano ou
para usar a expressão de Nietzsche: uma “Transvaloração dos valores”.
Os valores transcendentes esvaecem e abrem espaço para a construção
de novos valores, para a reinvenção ou reinterpretação da humanidade
com todas as consequências oriundas desse ato. Os valores tornam-se
construções históricas servindo para determinado momento histórico
e suscetível de mudanças. Se não há uma natureza e nem valores uni-
versais, por conclusão não há uma essência, e se não há uma essência
não existe necessariamente o homem e a mulher. Se Deus ou os valores
absolutos não regulam a liberdade humana, ela torna-se fim e não um
meio. A mulher está condenada à liberdade e, numa sociedade sem va-
lores absolutos, despreza o título de mãe e de educadora dos filhos, por
isso ela “deve ser libertada de ambas as tarefas, através da promoção
de contracepção e do aborto e da transferência da responsabilidade da
educação dos filhos para o Estado10”. A mulher torna-se livre de ter fi-
lhos e, se por eventual surpresa ficar grávida, poderá abortar, pois não
é uma pessoa que está dentro dela, é só um pedaço de carne e sangue,
algo sem essência, disforme. E se escolher ter o filho (poderá escolher
sendo livre) será função do Estado educá-lo. Sem precisar educar o filho

9 O Existencialismo é um humanismo. SARTRE, 1970, p. 07


10 Ideologia de gênero: O neototalitarismo e a morte da família. SCALA, 2011, p. 21
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 99

e tendo o controle da reprodução continuará livre para questionar a cul-


tura, a natureza ou a falta dela e se reinventar a todo instante segundo o
momento histórico ou o gênero.
Isso tudo foi meticulosamente pensado. Tirou-se do homem
aquilo que lhe proporciona algum sentido (Deus) e, como não se
tem nada melhor a oferecer, ofereceram-lhe a plena liberdade ou o
mito da plena liberdade. A ausência divina condiciona o homem à
construção de si mesmo como bem lhe aprouver. Gera a ilusão da
busca de uma felicidade hedonista, cientificistas e ideológica. Não
há Deus, não existem verdades, não há nada onde se agarrar, então
segure em si mesmo, no momento, no prazer, nas circunstâncias. Se
construa! Se faça! Se reinvente! Viva a angustia das escolhas e sirva
a lógica de mercado11.
Nesse mundo sem verdades e sem formas o cristianismo torna-
-se autoajuda. Não é preciso ter compromisso com Jesus Cristo. Aliás,
Ele também torna-se fonte de lucro. Escutei um Sacerdote de uma rede
de Televisão católica perguntar a uma cantora da emissora: “As pesso-
as confundem muito o pessoal com o profissional?” Diante a resposta
da cantora, questionei: “Mas como é possível uma mulher que canta os
ensinamentos de Jesus, cantar um Jesus e viver outro Jesus?” Acredito
que, neste caso, o profissional e o pessoal esboçam a mesma pessoa, não
é concebível uma crise de identidades. Acredito, mais ainda, que não
tem como eu ser cristão somente por questões profissionais. Ou se é
cristão ou não se é cristão. Afinal, essa pergunta não foi dirigida a um
“artista” de uma Emissora circular de televisão que vive uma persona-
gem em uma das novelas profanas da emissora. Nesse último caso é
admissível que a “artista” não seja semelhante ao papel que executa na
trama da novela. O primeiro caso é totalmente diferente: a mulher que
canta os ensinamentos de Cristo deve, primeiramente, viver Cristo. O
saudoso Dom Manoel Pestana dizia que as palavras emocionam, mas é

11 Parte do texto que segue foi publicado na Edição 36 do Jornal Visão Anápolis em Julho de
2018.
100 Marcos Delson

o testemunho que arrasta. Cristianismo não é profissão ou um meio de


ascensão social, é caminho à salvação.
O sociólogo Zygmunt Bauman fez um retrato da sociedade cha-
mada de pós-moderna. A sociedade pós-moderna é líquida, não tem
firmeza, é fluida, não é sólida. A sociedade líquida produz valores lí-
quidos, que se adaptam a necessidade, ao momento, ao “oba, oba”. Res-
ta a esta sociedade um sonho de pureza, um sonho de santidade, um
sonho dos antigos valores que garantiam a segurança da salvação. Pau-
latinamente é possível perceber que, infelizmente, no meio religioso
os valores cristãos estão em avançado processo de desintegração, pu-
trefação. Muitos religiosos são comunistas, materialista, permissivos,
pragmáticos, avarentos e, assim como afirmou Herber Setastian Agar
“a verdade que torna os homens livres é, na maioria dos casos, a ver-
dade que os homens preferem não ouvir”. Muitos religiosos preferem
discursos políticos, midiáticos, revolucionários, feministas, abortistas,
discursos líquidos do que a solidez da salvação contida no Evangelho
de Jesus Cristo.
Cristo é solido! Os valores profanos cochichados por Satanás e
aderidos por líderes religiosos, em nome da liberdade mundana, está
transvestindo o cristianismo de paganismo, está deturpando os valores
perenes que conduzem a salvação. George Simmel afirmou que “qual-
quer valor só é um valor graças à perda de outros valores que se tem de
sofrer a fim de obtê-los”. Os “novos valores cristão” estão substituindo
“outros valores cristãos” emergindo o cristianismo numa incoerência de
princípio. Isto tudo acontece em nome de uma revolução cultural que
ganhou forças com a globalização. Na luta ardilosa pela expansão do ca-
pital, irrefletidamente, o que tinha valor vai ganhando preço. A salvação
do cristão virou um status enriquecedor a ser bradado nas Assembleias
e comercializado em 10 vezes sem juros ou à vista, neste último caso
com desconto. Há um Jesus para cada desejo, para cada necessidade.
Há sempre uma interpretação que se adapta ao que eu penso ser bom
pra mim, que me gera prazer, alegria. Dentro desse campo assombroso
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 101

de interpretações, o cristão líquido afirma veementemente que religião


não se discute. “Não vou discutir opiniões religiosas”. “Religião cada um
tem a sua”. E assim vai interpretando a religião como se ela fosse um
processo subjetivo. Ele adora falar do seu próprio Jesus. Nesse clima
psicológico do “derretimento dos valores sólidos” tudo que é sagrado
tende a ser profanado.
Dentro dessa sucinta percepção, concluo, embora sem palavras
para fazê-lo. Como concluir esse insigne movimento destrutivo? Como
dar forma ao amorfo? Como falar de um cristianismo sem Deus, sem
natureza e sem essência? O homem sempre vai além do Bem e do Mal
na busca do Bem e do Mal. Estamos fadados a caminhar dentro dessa
sociedade e a sentir esse forte vento do “deserto interior humano” bater
na face. Ventos humanos clamando socorro, vazios humanos que refle-
tem os nossos próprios vazios. Esse cristianismo imperfeito que viven-
ciamos e vivemos é o retrato dos mesmos homens que o apregoaram na
cruz. Somos, eternamente, nós a gritar: “Crucifique-o”, “Crucifique-o”.
Essa rejeição humana ao Cristo Crucificado só tem sentido quando esse
mesmo Cristo, do alto da cruz, diz: “Pai, perdoai-vos, eles não sabem o
que fazem”. Esse pedido de Cristo é um memorial que se repete diante
essa nova sociedade que reinventa o bezerro de ouro no deserto dos
corações. Infelizmente, o coração humano criou ídolos e os colocou
no lugar do crucificado. A cruz virou loucura para os cristãos. O erro
“transformou-se” em verdade, a loucura em sobriedade, as trevas em
luz. Adoremos os novos ídolos: do prazer, do consumo, do individualis-
mo, do ego... Esqueçamos tudo que deveríamos recordar e acreditamos
que Deus terá misericórdia de nós. Afinal, na religião de Marx o Inferno
não existe e se existisse seria aqui. Na religião de Marx e de Sartre o
“inferno são os outros”.
Após concluído afirmo: O interessante é que para se chegar a
Deus é preciso unicamente sinceridade intelectual. Por isso o Concílio
Vaticano I assim definiu:
102 Marcos Delson

Se alguém disser que o Deus, único e verdadeiro, criador e Se-


nhor nosso, por meio das coisas criadas não pode ser conhecido
com certeza pela luz natural da razão humana, seja anátema (De
Revel. Cân. 1); e também: Se alguém disser que não é possível ou
não convém que, por divina revelação, seja o homem instruído
acerca de Deus e do culto que lhe é devido, seja anátema (Ibid.
Cân. 2); e, finalmente: Se alguém disser que a divina revelação
não pode tornar-se crível por manifestações externas, e que por
isto os homens não devem ser movidos à fé senão exclusivamen-
te pela interna experiência ou inspiração privada, seja anátema
(De Fide, Cân. 3)12.

Deus se deixa conhecer a luz natural da razão. Ele se revela por


intermédio de Jesus Cristo e por intermédio das coisas criadas pelas suas
mãos (Veja Rm 1, 20)13. Não é preciso ir à essência do mundo hodierno
para perceber que o descaso com Deus faz parte de um projeto cultural
ou de “revolução cultural” satânico. Deus não morreu! Ele continua vivo
batendo às portas do coração. Devemos cada vez mais falar de Deus e
falar com Deus. Chega de Gramsci.

12 Carta Encíclica Pascendi Dominici Gregis do Sumo Pontífice Pio X, p. 3 e 4


13 “Não é de admirar que haja constantemente discórdias e erros fora do redil de Cristo. Pois,
embora possa realmente a razão humana com suas forças e sua luz natural chegar de forma
absoluta ao conhecimento verdadeiro e certo de Deus, único e pessoal, que sustém e governa o
mundo com sua providência, bem como ao conhecimento da lei natural, impressa pelo Cria-
dor em nossas almas, entretanto, não são poucos os obstáculos que impedem a razão de fazer
uso eficaz e frutuoso dessa sua capacidade natural. De fato, as verdades que se referem a Deus
e às relações entre os homens e Deus transcendem por completo a ordem dos seres sensíveis
e, quando entram na prática da vida e a enformam, exigem o sacrifício e a abnegação própria.
Ora, o entendimento humano encontra dificuldades na aquisição de tais verdades, já pela ação
dos sentidos e da imaginação, já pelas más inclinações, nascidas do pecado original. Isso faz
com que os homens, em semelhantes questões, facilmente se persuadam de ser falso e duvido-
so o que não querem que seja verdadeiro”. (Carta encíclica Humani Generis do Sumo pontífice
Papa Pio XII, p. 1 e 2)
103

7. EXORCISMO CONTRA SATANÁS E OS


ANJOS REBELDES

A nossa luta não é contra partidos políticos ou pessoas. Engana-


-se quem pensa assim. Quem busca impedir o cristianismo e sua mis-
são, não são as pessoas, são demônios agindo por meio dessas pessoas.
Que Deus as converta e que nós consigamos alcançar Cristo.
O Exorcismo abaixo foi publicado por ordem do Santo Padre o
Papa Leão XIII. Onde for rezado o exorcismo é indicado o uso de água
benta.

ORAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO

Gloriosíssimo Príncipe da Milícia Celeste, São Miguel Arcanjo,


defendei-nos no combate, ‘contra os príncipes e as potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso e contra os espíritos malignos
espalhados pelos ares’ (Ef. 6). - Vinde em auxílio dos homens ‘que Deus
fez à sua imagem e semelhança e que remiu por um alto preço da tirania
do demônio’ (I Cor. 6). A vós venera a Igreja, como seu guarda e patro-
no, a vós confiou Deus as almas remidas, destinadas a terem assento
na suprema felicidade. - Rogai ao Deus da paz, que esmague o demô-
nio debaixo de nossos pés, para que não possas escravizar os homens e
causar males à Igreja. - Apresentai as nossas preces ao Altíssimo, a fim
de que, sem demora, nos previnam as misericórdias do Senhor e vós
104 Marcos Delson

tenhais o poder de agarrar o dragão, a antiga serpente, que o diabo e sa-


tanás, e precipitá-lo, acorrentado, nos abismos, de sorte que não possas
mais seduzir as nações (APC 20).

EXORCISMO

Em nome de Jesus Cristo, Deus e Senhor Nosso, pela interces-


são da Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus; de São Miguel Arcanjo,
dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os Santos,
e apoiados na Sagrada autoridade conferida ao ministério sacerdotal,
disponhamo-nos, com coragem e segurança, a rechaçar os malefícios
da astúcia diabólica.

SALMO 67

Levanta-se Deus, e sejam dispersos os seus inimigos, e fujam da


sua presença aqueles que o odeiam. Como se dissipa o fumo, assim eles
sejam dissipados; como se derrete a cera diante do fogo, assim pereçam os
pecadores diante de Deus.

V. Eis aqui a CRUZ DO SENHOR: fugi ó potências inimigas!


R. Venceu o Leão da Tribo de Judá, o Filho de Davi.
V. Desça sobre nós, Senhor, a Vossa Misericórdia
R. Assim como em Vós pusemos a nossa esperança.

Nós vos exorcizamos, todos e quaisquer espíritos imundos, po-


deres satânicos, incursões do inimigo infernal, legiões, conciábulos e
facões diabólicas em nome e pela virtude de Jesus Cristo (sinal da Cruz),
Nosso Senhor, e vos extirpamos e expelimos da Igreja de Deus, e das
almas, criadas à imagem do Senhor e resgatadas pelo precioso sangue
do Cordeiro Divino (sinal da Cruz). - Não mais te atreva, maligna ser-
pente, a enganar o gênero humano, nem perseguir a Igreja de Deus, nem
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 105

a agitar os eleitos do Senhor e peneirá-los como trigo na joeira (sinal da


Cruz). Domina-te o Deus altíssimo, a que tu, na tua desmedida soberba
pretendes igualar-te, e cuja vontade é que ‘todos os homens sejam salvos
e cheguem ao conhecimento da verdade (I Tim. 2). Domina-te Deus Pai
(sinal da cruz), Domina-te Deus Filho (sinal da Cruz), Domina-te Deus
Espírito Santo (sinal da Cruz). Domina-te Jesus Cristo, o Verbo Eterno
de Deus feito homem (sinal da Cruz), o qual para salvar a nossa estir-
pe, perdida pela tua inveja, ‘humilhou-se a si mesmo, feito obediente
até a morte’ (Fil. 2), e que edificou a sua Igreja sobre uma firme pedra,
prometendo que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra ela,
porquanto com ela estaria ‘todos os dias, até a consumação dos séculos’
(Mat. 28, 20). - Domina-te o santo sinal da Cruz (sinal da Cruz) e a
virtude (sinal da Cruz) de todos os mistérios da fé cristã. Domina-te
a grande Mãe de Deus, A Virgem Maria (sinal da Cruz) que, pela sua
humildade, desde o primeiro instante da sua Imaculada Concepção es-
magou sua muito orgulhosa cabeça. Domina-te a fé dos Santos apósto-
los Pedro e Paulo e dos outros Apóstolos (sinal da Cruz). Domina-te o
sangue dos Mártires e a piedosa intercessão de todos os santos e santas
(sinal da Cruz).
Assim, pois, dragão maldito e toda legião diabólica, nós te conju-
ramos, pelo Deus (sinal da Cruz) Vivo, pelo Deus (sinal da cruz) Santo,
pelo Deus que tanto ‘amou o mundo, a ponto de lhe dar o seu Filho
Unigênito, para que todos que cressem nEle, não perecessem, mas ti-
vessem a vida eterna’ (João, 3). - Cessa de enganar as criaturas humanas
e de lhes propinar o veneno da condenação eterna; cessa de prejudicar a
Igreja e de armar laços a sua liberdade. - Vai-te daqui, satanás, inventor
e mestre de todos os embutes e inimigo da salvação dos homens. Cede
lugar a Cristo, em cujas obras nada acham em comum com as tuas. Cede
lugar à Igreja, uma, santa, católica e apostólica, que o próprio Cristo
adquiriu com o seu sangue. - Humilha-te sob a poderosa mão de Deus.
Treme e desaparece, ao ouvir-nos invocar o Santo e Terrível nome de
Jesus, ante o qual estremecem os infernos, em cuja presença se inclinam
106 Marcos Delson

submissas as Virtudes, as Potestades e as Dominações do céu, e a quem os


Querubins e Serafins erguem perenes louvores, dizendo: ‘Santo, San-
to, Santo é o Senhor dos Exércitos’.

V. Senhor, ouvi a minha oração


R. E os meus clamores cheguem até Vós.
V. O Senhor esteja convosco
R. E com o Vosso Espírito

OREMOS

Deus do Céu, Deus da Terra, Deus dos Anjos, Deus dos Arcan-
jos, Deus dos Patriarcas, Deus dos Profetas, Deus dos Apóstolos, Deus
dos Mártires, Deus dos Confessores, Deus das Virgens; Deus que tens
o poder de dar a vida depois da morte e o descanso depois do trabalho,
pois não há outro Deus além de Vós, nem pode haver outro além de Vós
mesmos, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; Deus cujo rei-
no não terá fim: humildemente recorremos a Vossa gloriosa Majestade
para que se digne eficazmente livrar-nos e guardar-nos ilesos de todo o
poder, armadilha, engano e maldade dos espíritos infernais. Por Cristo
Nosso Senhor. Amém
Das ciladas do demônio livrai-nos Senhor

Que vos digneis conceder à Vossa Igreja a tranquilidade e a li-


berdade necessárias para o vosso serviço, nós Vos rogamos, ouvi-nos
Senhor.
107

ANEXO I

Em relação à construção do homem repleto de liberdade e sem


Deus ou essência quero deixar para reflexão o texto do Prof. Ednaldo
Maximiano intitulado “Pessoa humana ou vaca?”. É uma crítica à men-
talidade hodierna e uma reflexão sobre os caros conceitos extraídos da
filosofia aristotélica: Acidente, substância e essência.

PESSOA HUMANA OU VACA?

Certa vez conheci uma mulher que afirmava categoricamente:


“quero ser vaca”. Fiquei espantado. O espanto levou-me a questionar:
quem é a pessoa humana? Na verdade aquela mulher até que se parecia
com a fêmea do touro, no entanto, uma coisa é certa, aparência não é
tudo. Aliás, é quase nada. Neste caso, o que realmente importa? Sem
dúvida o que está por baixo das aparências. Aquilo que os antigos gregos
chamavam de substância. O que é permanente, o que existe por si e em
si, e ainda mais, não precisa de nenhum outro sujeito para se unir.
Devo chamar a atenção para outro aspecto muito interessante: a
essência. É justamente ela que constitui e especifica um ser dentro de
uma espécie ou gênero e o que faz distingui-los dos seres das demais
espécies ou gêneros. A essência determina que o ser seja o que é e distin-
to dos outros seres das outras espécies. Isto é, a mulher é mulher e não
vaca. O homem é homem e não um cervídeo.
108 Marcos Delson

Não obstante, o que aparece não é a substância e nem a essência.


O aparente é sempre o acidente. Ele existe, mas poderia não existir. Ain-
da assim, a substância continuaria a mesma. O acidente é simplesmente
um modo ou qualidade de uma substância. Quer dizer, a mulher pode
ter chifres, andar de quatro pés, tatuar uma série de malhas pelo cor-
po, que, apesar do esforço, continuaria sendo mulher, e não vaca.
Neste ponto nevrálgico reside uma confusão terrível. O que é substan-
cial? O que é essencial? O que é acidental? As respostas acertadas para
estas questões podem evitar erros abomináveis. Exemplos existem aos
milhões: que diferença substancial há entre uma pessoa de oitenta anos
e uma que ainda não nasceu? Não há diferença substancial, nem essen-
cial. Existe uma diferença acidental, o tempo. Portanto, se chamamos
a pessoa humana de feto ou embrião não interessa, ela continua sendo
pessoa e nós, assassinos quando optamos indiscriminadamente pelo
aborto.
Tem alguma coisa errada com o mundo. Confundimos tudo - é
melhor deixar bem claro - misturamos tudo desordenadamente. Não se
sabe mais quem é a pessoa humana e não há, evidentemente, um reco-
nhecimento de sua dignidade. Imagine uma pessoa sem se reconhecer e
sem dignidade. É melhor ser vaca.
109

ANEXO II

Em relação à manipulação linguística deixo esse excelente texto de


Paulo Roberto de Oliveira Santos, intitulado “Tudo começa pelo res-
peito.. as leis de Deus1”.
A revolução cultural que está em curso em todo o mundo e expli-
citamente no Brasil, que visa acabar com a ‘superestrutura’ jurídica, po-
lítica e religiosa da ‘sociedade burguesa’ para impor a ditadura do prole-
tariado alcança também a revolução semântica. Ora, não seria possível
operar uma transformação cultural sem inverter, ou mesmo perverter o
sentido de certas palavras.
O conhecimento humano se dá através da formação de con-
ceitos. O homem abstrai algo da realidade através dos sentidos, e a
cultura, a tradição, ou o grupo social em que a pessoa vive tende a
determinar como será chamado o objeto apreendido pela razão. Des-
ta forma, no Brasil designa-se a mesma fruta como pinha, fruta do
conde ou ata, dentre outros nomes populares. Pode ocorrer também
de uma palavra significar coisas diferentes em contextos diferentes:
é o caso da palavra manga (fruta ou parte da camisa) ou da pala-
vra meia, que pode significar seis (meia dúzia), 30 minutos (9:30h
= nove e meia), dentre outros significados. Convém observar que
existem conceitos formados na e pela alma intelectiva que são com-

1 Disponível em: http://espelhodejustica.blogspot.com/2018/08/tudo-comeca-pelo-respei-


to-as-leis-de.html#more, acessado em 27/08/2018
110 Marcos Delson

pletamente abstratos, metafísicos, mas não é esse o objetivo desta


pequena reflexão.
O que de fato nos interessa aqui é meditar sobre os significados
pervertidos que tem sido atribuído a várias palavras ou a forma equi-
vocada como algumas destas tem sido utilizadas. Poderíamos refletir
sobre várias palavras, como democracia, justiça, diferença. Contudo, a
escolhida é respeito, pois como dizem os atores globais: “Tudo começa
pelo respeito”.
A origem da palavra respeito é latina (respectus), e significa olhar
outra vez; é a ação ou efeito de respeitar, ter apreço, consideração, de-
ferência. Ora, que coisas merecem o segundo olhar, atento e deferente,
senão as coisas dignas? Assim, quando se trata de uma forma de vene-
ração, de prestar culto ou fazer uma homenagem a alguém, é necessário
fazê-lo com respeito.
Entretanto, a palavra respeito vem sendo utilizada por revolu-
cionários ou a serviço da revolução, ainda que muitas pessoas que a
utilizem no sentido revolucionário, não o saibam. Pedem respeito pela
diferença, pela forma particular de pensar quando fazem apologia e di-
vulgação das ideias revolucionárias em geral: aborto, incesto, casamento
homossexual, barriga de aluguel, ampla liberdade sexual, liberdade hu-
mana absoluta.
Embora haja a necessidade da concordância em respeitar as pes-
soas quando se trata de não ofender ou fazer mal aos outros em função
de sua cor, sexo, religião, partido político, time de futebol ou qualquer
outra coisa, é necessário ressaltar que esse respeito só ocorre em função
da dignidade que cada pessoa possui, e é justamente essa característica
que atrai (ou deveria atrair) o olhar, pela segunda vez, com zelo, atenção,
reverência, deferência. Porém, quando a invocação deste respeito escon-
de a intenção de enganar as pessoas em nome de uma revolução deve
haver respeito pela perversidade deste ato? Quando o respeito signifi-
ca aproveitar-se da fragilidade, instabilidade, sofrimento e dúvidas de
uma pessoa para fazer delas cobaias em nome de uma revolução não há
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 111

perversão desta nobre palavra? Onde está a deferência e veneração das


pessoas que cometem tais abusos com a dignidade de seus semelhan-
tes? Pode haver desrespeito maior com uma pessoa do que privá-la da
verdade em função de opinião revolucionária? Pode haver desrespeito
maior às pessoas do que relativizar a verdade para impor uma doutri-
nação ideológica? Pode haver desrespeito maior com uma sociedade do
que aparelhar o Estado e causar prejuízo ao bem comum?
Ademais, muitas pessoas se esquecem que a dignidade humana
só é excelsa porque o homem é imagem e semelhança de Deus. Se não
fosse isso, a dignidade humana não seria muito superior à dignidade de
um animal, de uma planta, de uma pedra. O que muitas pessoas não
conseguem enxergar é que faz parte da revolução fazer todo o possível
para que as pessoas se esqueçam da sacralidade da pessoa humana, o
que só ocorre como consequência necessária do afastamento das Pes-
soas Divinas, da Santíssima Trindade, Deus Uno em Três Pessoas. Em
suma, para acabar com a dignidade humana, antes foi e é necessário que
os homens se esqueçam de Deus, virem as costas para Suas leis e fechem
os ouvidos à Sua voz. E os revolucionários sabem disso, razão pela qual
atacam, velada ou explicitamente, a Santa Igreja, a Verdade Revelada, a
religião verdadeira.
Desta forma, a palavra respeito não tem necessariamente seu
conceito invertido, mas seu uso pervertido. A quem convém respeitar,
isto é, prestar culto, homenagem, reverência: às opiniões revolucioná-
rias ou às verdades reveladas? O que merece olhar atenta e zelosamente
outra vez, percebendo sua sacralidade: as inovações culturais humanas
ou a lei divina?
A revolução cultural que está em curso em todo o mundo e expli-
citamente no Brasil, que visa acabar com a ‘superestrutura’ jurídica, po-
lítica e religiosa da ‘sociedade burguesa’ para impor a ditadura do prole-
tariado alcança também a revolução semântica. Ora, não seria possível
operar uma transformação cultural sem inverter, ou mesmo perverter o
sentido de certas palavras.
112 Marcos Delson

O conhecimento humano se dá através da formação de con-


ceitos. O homem abstrai algo da realidade através dos sentidos, e a
cultura, a tradição, ou o grupo social em que a pessoa vive tende a
determinar como será chamado o objeto apreendido pela razão. Des-
ta forma, no Brasil designa-se a mesma fruta como pinha, fruta do
conde ou ata, dentre outros nomes populares. Pode ocorrer também
de uma palavra significar coisas diferentes em contextos diferentes:
é o caso da palavra manga (fruta ou parte da camisa) ou da pala-
vra meia, que pode significar seis (meia dúzia), 30 minutos (9:30h
= nove e meia), dentre outros significados. Convém observar que
existem conceitos formados na e pela alma intelectiva que são com-
pletamente abstratos, metafísicos, mas não é esse o objetivo desta
pequena reflexão.
O que de fato nos interessa aqui é meditar sobre os significados
pervertidos que tem sido atribuído a várias palavras ou a forma equi-
vocada como algumas destas tem sido utilizadas. Poderíamos refletir
sobre várias palavras, como democracia, justiça, diferença. Contudo, a
escolhida é respeito, pois como dizem os atores globais: “Tudo começa
pelo respeito”.
A origem da palavra respeito é latina (respectus), e significa olhar
outra vez; é a ação ou efeito de respeitar, ter apreço, consideração, de-
ferência. Ora, que coisas merecem o segundo olhar, atento e deferente,
senão as coisas dignas? Assim, quando se trata de uma forma de vene-
ração, de prestar culto ou fazer uma homenagem a alguém, é necessário
fazê-lo com respeito.
Entretanto, a palavra respeito vem sendo utilizada por revolu-
cionários ou a serviço da revolução, ainda que muitas pessoas que a
utilizem no sentido revolucionário, não o saibam. Pedem respeito pela
diferença, pela forma particular de pensar quando fazem apologia e di-
vulgação das ideias revolucionárias em geral: aborto, incesto, casamento
homossexual, barriga de aluguel, ampla liberdade sexual, liberdade hu-
mana absoluta.
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 113

Embora haja a necessidade da concordância em respeitar as


pessoas quando se trata de não ofender ou fazer mal aos outros em
função de sua cor, sexo, religião, partido político, time de futebol ou
qualquer outra coisa, é necessário ressaltar que esse respeito só ocorre
em função da dignidade que cada pessoa possui, e é justamente essa
característica que atrai (ou deveria atrair) o olhar, pela segunda vez,
com zelo, atenção, reverência, deferência. Porém, quando a invocação
deste respeito esconde a intenção de enganar as pessoas em nome de
uma revolução deve haver respeito pela perversidade deste ato? Quan-
do o respeito significa aproveitar-se da fragilidade, instabilidade, so-
frimento e dúvidas de uma pessoa para fazer delas cobaias em nome
de uma revolução não há perversão desta nobre palavra? Onde está
a deferência e veneração das pessoas que cometem tais abusos com
a dignidade de seus semelhantes? Pode haver desrespeito maior com
uma pessoa do que privá-la da verdade em função de opinião revolu-
cionária? Pode haver desrespeito maior às pessoas do que relativizar a
verdade para impor uma doutrinação ideológica? Pode haver desres-
peito maior com uma sociedade do que aparelhar o Estado e causar
prejuízo ao bem comum?
Ademais, muitas pessoas se esquecem que a dignidade humana
só é excelsa porque o homem é imagem e semelhança de Deus. Se não
fosse isso, a dignidade humana não seria muito superior à dignidade de
um animal, de uma planta, de uma pedra. O que muitas pessoas não
conseguem enxergar é que faz parte da revolução fazer todo o possível
para que as pessoas se esqueçam da sacralidade da pessoa humana, o
que só ocorre como consequência necessária do afastamento das Pes-
soas Divinas, da Santíssima Trindade, Deus Uno em Três Pessoas. Em
suma, para acabar com a dignidade humana, antes foi e é necessário que
os homens se esqueçam de Deus, virem as costas para Suas leis e fechem
os ouvidos à Sua voz. E os revolucionários sabem disso, razão pela qual
atacam, velada ou explicitamente, a Santa Igreja, a Verdade Revelada, a
religião verdadeira.
114 Marcos Delson

Desta forma, a palavra respeito não tem necessariamente seu


conceito invertido, mas seu uso pervertido. A quem convém respeitar,
isto é, prestar culto, homenagem, reverência: às opiniões revolucioná-
rias ou às verdades reveladas? O que merece olhar atenta e zelosamente
outra vez, percebendo sua sacralidade: as inovações culturais humanas
ou a lei divina?
115

ANEXO III

O que será dito adiante faz referência à percepção do Papa Leão


XIII, em duas cartas papais, sobre a Maçonaria. Não está escrito dirigido
aos seus membros individuais. Certamente, sem excluir a culpa, existem
pessoas que não participam dos atos últimos que busca essa organiza-
ção: retirar a influência da religião da sociedade. Não se pode excluir a
culpa das pessoas que lá estão, porque uma vez de posse dos princípios
conseguiriam chegar às conclusões com o uso da reta razão. Quais prin-
cípios? Naturalismo, onde a razão humana é sua senhora e guia; a recusa
de aceitação do cristianismo em união com as leis do Estado; ensinam
que todas as religiões são semelhantes, logo todos os deuses devem ser
aceitos e colocados ao lado do único Deus; as consequências obvias do
naturalismo é a negação de qualquer realidade que não esteja ao crivo
da razão, como a alma imortal e mesmo a ressurreição dos mortos e, por
inferência, todos os erros que resultantes dos princípios adotados pelos
seguidores dessa seita. O papa se refere aqui exclusivamente a Maçona-
ria da Itália.
Igreja sofre quotidianamente os ataques de seus inimigos. A Ma-
çonaria é desde Clemente XII (Const. In Eminenti, 1738) denunciada
pelos Papas. Bento XIV (Const. Providas, 1821), Pio VII (Ecclesiam a
Jesu Christo, 1821), Leão XII (Quo Graviora), Pio VIII (Traditi), Gre-
gorio XVI (Mirari), Pio IX (Qui Pluribus e pronunciamento Multiplices
inter), Leão XIII (HUmanun Genun e Dall’alto Dell’Apostolico Seggio)
116 Marcos Delson

entre outros denunciaram a Maçonaria: “possuídos pelo espírito de


Satanás, cujos instrumentos eles são, eles ardem como ele com um ódio
mortal e implacável a Jesus Cristo e Sua obra; e eles se esforçam por to-
dos os meios para derrubá-la e acorrentá-la2”.
Todos esses Papas, entre outros que não se omitiram ou acovar-
daram-se, demonstraram, por intermédio de documentos eclesiais, o
caminho percorrido pela Maçonaria para retirar do seio da sociedade o
cristianismo. Segundo Leão XIII3 a luta contra a Igreja na Itália iniciou-
-se pela derrubada do poder civil dos Papas e a supressão das Ordens
religiosas. Com o intuito de dificultar o serviço da Igreja obrigaram o
alistamento militar eclesial e lançaram mãos das propriedades eclesiais,
seja pelo confisco ou pelo abuso na cobrança dos impostos com o intui-
to de empobrecer o clero. A intensão dessas ações era retirar da socie-
dade toda a influência religiosa: “das leis, e de toda a vida oficial, toda
inspiração e ideia religiosa é sistematicamente banida, quando não dire-
tamente atacada. Cada manifestação pública de fé e de piedade Católica
é ou proibida ou, sob pretextos vãos, de mil maneiras impedida”.
Posteriormente, conta-nos o santo padre, que a obrigação do ca-
samento civil e a laicização da educação fundamental e universitária
tinha com meta retirar o contato dos jovens com a fé em Jesus Cristo:
“isto é colocar o machado na raiz. Nenhum meio mais universal e eficaz
poderia ser imaginado de retirar a sociedade, as famílias, e os indivídu-
os, da influência da Igreja e da fé”. Esse não é um problema exclusivo da
Itália, onde que quer a seita Maçônica se instalou “leis adversas à Igreja e
medidas hostis a ela são primeiro propostas, decididas, e resolvidas, nos
encontros secretos da seita; e se algo apresenta até a mínima aparência
de hostilidade ou prejuízo à Igreja, é imediatamente recebido favoravel-
mente e levado adiante”. A Maçonaria é imbuída de um espírito raciona-
lista anticristão e de um relativismo no campo da verdade. Descartam a
luz da fé para servir-se unicamente da luz da razão. Descartam o único

2 Carta Encíclica Humanum Genun, Leão XIII, Versão online p. 02


3 Carta Encíclica Dall'alto Dell'Apostolico Seggio edição online, pg. p. 3-4
MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 117

Deus e, numa transformação linguística, chamam o deus maçônico de


Arquiteto do Universo. Qualquer religião pode servir aos propósitos
do Arquiteto do Universo. Certamente, como a luta foi desempenhada
contra o cristianismo, esse Arquiteto do Universo abomina o Cristo. O
proposito último, segundo Leão XIII da maçonaria é “especificamente,
a completa derrubada de toda a ordem religiosa e política do mundo
que o ensinamento Cristão produziu, e a substituição por um novo es-
tado de coisas de acordo com as suas ideias, das quais as fundações e
leis devem ser obtidas do mero naturalismo4”. Tornar Roma o centro da
secularização universal.

A abolição nas escolas de qualquer tipo da instrução religiosa,


e a fundação de instituições nas quais até as moças devem ser
retiradas de toda influência clerical, qualquer que ela possa ser;
porque o Estado, que deve ser absolutamente ateu, tem o inalie-
nável direito e dever de formar o coração e os espíritos de seus
cidadãos, e nenhuma escola deveria existir fora de sua inspiração
e controle (...). A exclusão de todo elemento Católico ou clerical
de todas administrações públicas, de obras de caridade, hospi-
tais, e escolas, dos conselhos que governam os destinos do país,
de uniões acadêmicas e semelhantes, de companhias, comitês, e
famílias, uma exclusão de tudo, em qualquer lugar, e para sem-
pre. Ao invés, a influência Maçônica deve ser sentida em todas as
circunstâncias da vida social, e se tornar mestra e controladora
de tudo5.

Diante as ameaças, algumas concretizadas, os cristãos espalhados


pelo mundo devem unir forças e usar todos os mecanismos possíveis
para divulgar o Evangelho de Cristo e os erros do mundo. É preciso que
o Cristão perceba as conspirações para destruir o Evangelho e o risco
da fé se perder entre doutrinas ateias. “Além disso, vendo que o princi-

4 Carta Encíclica Humanum Genun, Leão XIII, Versão online p. 05


5 Idem, pg. p. 05
118 Marcos Delson

pal instrumento empregado por nossos inimigos é a imprensa, que em


grande parte recebe deles sua inspiração e suporte, é importante que
os Católicos se oponham à imprensa maligna por uma imprensa que
seja boa, para a defesa da verdade, nascida do amor à religião, e para
sustentar os direitos da Igreja6”. E acrescenta: “um ataque tão veemente
exige uma igual defesa — especificamente, que todos os homens de bem
formem a mais abrangente associação possível de ação e de oração. Nós
imploramos a eles, portanto, com corações unidos, a permanecer uni-
dos e firmes contra as forças das seitas que avançam; e em aflição e súpli-
ca estender suas mãos a Deus, orando que o nome Cristão possa flores-
cer e prosperar, que a Igreja possa desfrutar da sua necessária liberdade,
que aqueles que se extraviaram possam retornar a uma mente reta, que
o erro difundido possa dar lugar à verdade, e o vício à virtude”7.

6 Idem, pg. 07
7 Idem, pg. 14
119

REFERÊNCIAS

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Carta Apostólica Octogesima Adveniens do Papa Paulo VI, 1971, versão
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MARXISMO E REVOLUÇÃO CULTURAL NO BRASIL: A POLÍTICA COMO INSTRUMENTO DE ASCENSÃO DO MAL 121

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Jornal Visão Anápolis, edição 34 de Fevereiro de 2018. Artigo de Opi-
nião de Marcos Delson da Silveira
Jornal Visão Anápolis, edição 36 de julho de 2018. Artigo de Opinião de
Marcos Delson
Jornal Visão Anápolis Ano 2 - Edição 22, de 01 a 20 de julho de 2016,
artigo de opinião de Marcos Delson
Jornal Visão Anápolis Ano 4 - Edição 37 Agosto de 2018, artigo de opi-
nião de Marcos Delson
Projeto de Lei 1135/91
Projeto de Lei 882/15
Jornal O Estado de São Paulo edição de 31 de Março de 1964
Jornal do Brasil edição de 31 de Março de 1964
Jornal Correio do Povo edição de 31 de Março de 1964
Jornal Folha de São Paulo edição de 02 de Abril de 1964 Jornal
O Globo edição de 02 de Abril de 1964
Revista De Magistro de Filosofia Ano X, nº 21 de 2017, O Natural e
o Antinatural na perspectiva do discurso fundamentado no Respeito,
Lane da Anunciação Lessa Oliveira e Marcos Delson da Silveira
Revista raízes no direito, v. 4 n. 1 (2015): Raízes no Direito - ISSN 2318-
2288, artigo Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos de Marcos Delson
da Silveira
124 Marcos Delson

Blogger Salve Regina. O direito a vida e a questão do aborto. Marcos


Delson da Silveira. Disponível em: espelhodejustiça.blogspot.com, aces-
sado em: 19/08/2018
Blogger Salve Regina. Ideologia de Gênero: a ideia de sexo, gênero e a
estratégia de manipulação social. Marcos Delson da Silveira. Disponível
em: espelhodejustiça.blogspot.com, acessado em: 19/08/2018.
Blogger Salve Regina. Paulo Roberto de Oliveira Santos. Tudo começa
pelo respeito... as leis de Deus. Disponível em: http://espelhodejustica.
blogspot.com/2018/08/tudo-comeca-pelo-respeito-as-leis-de.html#-
more, acessado em 27/08/2018.
Em apoio à sustentabilidade, à
preservação ambiental, Editora Kelps,
declara que este livro foi impresso com
papel produzido de floresta cultvada em
áreas degradadas e que é inteiramente
reciclável.

Este livro foi impresso na oficina da Editora Kelps,


no papel: Off Set LD 75g/m2, composto nas fontes
Minion Pro corpo 12;
Fevereiro, 2019

A revisão final desta obra é de responsabilidade


do autor

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