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2010
RESUMO
O presente trabalho pretende analisar o instituto da reclamação constitucional perante o
Supremo Tribunal Federal, considerando-o como um instrumento de garantia da
aplicabilidade imediata e ótima dos direitos fundamentais. Desta forma, dividiu-se o presente
estudo em três partes, abordando a primeira etapa os direitos fundamentais hodiernamente,
seu caráter de mandamento de otimização, bem como a sua aplicabilidade imediata para os
casos concretos. Após este breve estudo, passa-se a análise do direito fundamental ao devido
processo legal, em especial o seu aspecto subjetivo que sedimenta o esforço teórico
empreendido aqui para que a Reclamação Constitucional seja um verdadeiro instrumento de
garantias fundamentais. Ao final, estuda-se a Reclamação Constitucional em específico.
ABSTRACT
This paper pretends to analyze the institution of constitutional complaint in the Supreme
Federal Court, considering it as a tool for ensuring optimal and immediate applicability of
fundamental rights. Thus, divided the study into three parts, the first step in addressing the
fundamental rights of today, his command of character optimization, as well as its immediate
applicability to concrete cases. After this brief study is to analyze the fundamental right to due
process, especially its subjective aspect that consolidates the theoretical effort undertaken here
for the constitutional complaint is a true instrument of fundamental guarantees. Finally, we
study the constitutional complaint in particular.
1. INTRODUÇÃO
O direito a um processo que obedeça às exigências legais e materiais de justiça
constitui um direito fundamental previsto na Constituição Federal de 1988. Note-se que a
Constituição é o fundamento de legitimidade do Poder Judiciário no exercício da função
jurisdicional. Somente por meio da observância dos postulados constitucionais estará o
processo em consonância com a vontade e a soberania popular. Desta forma, torna-se
necessário o estudo e a aplicação do Direito Processual à luz dos preceitos e mandamentos
constitucionais.
A reclamação constitucional para preservação da competência do Supremo Tribunal
Federal e da autoridade de suas decisões era reconhecida apenas pela jurisprudência brasileira,
*
Aluna da graduação da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Monitora institucional da disciplina Direito
Processual Civil I.
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que a fundamentava na teoria dos poderes implícitos que preceitua que sempre que a
Constituição confere competência a determinado órgão lhe confere também os meios de
exercê-la.
O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do judiciário brasileiro, incumbido
da guarda Constituição e de sua interpretação em ultima ratio, cabendo-lhe, portanto, na
interpretação das normas constitucionais, delinear as competências e poderes de cada órgão,
mesmo que não haja mecanismo expresso para tanto. Nesse ensejo, a Suprema Corte passa a
adotar a reclamação para preservar sua competência, bem como para garantir suas decisões
com fulcro em sua posição de guardião da Constituição Federal.
Torna-se a reclamação, com o advento da Constituição Federal de 1988, importante
instrumento constitucional de garantia de direitos fundamentais relacionados ao processo. É
nesse contexto que o presente trabalho buscará estudar a reclamação constitucional, seus
fundamentos e sua relevância jurídica e social.
1
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2008, p. 258-266.
2
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Processo Constitucional e Direitos Fundamentais. São Paulo: Celso
Bastos, 1999, p. 44.
3
BOULANGER, Jean APUD BONAVIDES, Paulo. Op. Cit., 2008, p. 267.
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regras e, por conseguinte, todo o ordenamento jurídico, devem possuir como alicerce os
valores inscritos nos princípios.
Outra diferença é apontada por Robert Alexy4 ao observar que os princípios
constituem verdadeiros comandos de otimização, de modo que seus preceitos devem ser
realizados na maior medida possível dentro das possibilidades fáticas e jurídicas existentes,
podendo, desta forma, serem satisfeitos em graus variados. Já no que concerne às regras,
justamente por contemplarem uma situação jurídica determinada, serão simplesmente
satisfeitas ou não. Sendo assim, não é possível o conhecimento da total abrangência de um
princípio pela simples leitura da norma que o consagra, uma vez que deve ser complementado
pela consideração de outros fatores. Desse modo, tem-se que a sua normatividade é provisória
porquanto necessita adaptar-se à situação fática, sempre na busca de uma solução ótima.5
Os direitos fundamentais constituem-se pelos princípios que resumem a concepção
do mundo e informam a ideologia de cada ordenamento jurídico, designando as prerrogativas
e instituições que eles concretizam em garantias de uma convivência digna, livre e igual para
todas as pessoas. São fundamentais justamente por serem compostos pelos valores tidos como
indispensáveis ao ser humano e sua existência.6
A designação de determinados direitos como fundamentais dá-se não apenas por sua
importância, mas também por exigirem uma aplicação diferente daquela destinada às normas
com estrutura de regra. Ao analisar o tratamento conferido aos direitos fundamentais pela
Constituição Federal de 1988, Gilmar Ferreira Mendes observa que o art. 5º, § 1º, ao dispor
que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”,
ressalta a vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos e o seu dever de guardar-lhes
estrita observância. Ademais, conclui que o constituinte brasileiro reconheceu que esses
direitos são elementos integrantes da identidade e da continuidade da Constituição, e, por isso,
vedou qualquer reforma constitucional tendente a aboli-los, conforme preceitua o art. 60, § 4º,
CF/88.7 Destarte, percebe-se que os direitos fundamentais constituem não só direitos
subjetivos, mas elementos fundamentais da ordem constitucional e do Estado Democrático de
Direito:
[...] os direitos fundamentais constituem, para além de sua função limitativa do
poder (que, ademais, não é comum a todos direitos), critérios de legitimação do
4
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90-91.
5
MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Branco. Curso de
Direito Constitucional. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 319.
6
SILVA, José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29 ed. São Paulo: Malheiros, 2007,
p. 178.
7
MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos Fundamentais e Controle de Constitucionalidade: estudos de direito
constitucional. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 1-2.
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Sua aplicação diferenciada resta evidente em situações que envolvem a colisão entre
esses direitos, haja vista que se deve privilegiar o emprego de um valor-princípio sem causar a
exclusão total do conteúdo do outro princípio conflitante. 9
Durante muito tempo usou-se a subsunção como instrumento único de aplicação do
direito. Tinha-se dado fato, premissa menor, aplicando-se a norma, premissa maior, com a
conseqüente utilização do conteúdo da norma ao caso concreto.10 Com a necessidade de
compatibilizar os princípios em conflito no caso concreto, de modo que se mantivessem
válidos todos eles, surgiu a teoria da ponderação. Acerca da ponderação, ensina Luís Roberto
Barroso:
A ponderação consiste, portanto, em uma técnica de decisão jurídica aplicável a
casos difíceis, em relação aos quais a subsunção se mostrou insuficiente,
especialmente quando uma situação concreta dá ensejo à aplicação de normas de
mesma hierarquia que indicam soluções diferenciadas. A estrutura interna do
raciocínio ponderativo ainda não é bem conhecida, embora esteja sempre associada
às noções difusas de balanceamento e sopesamento de interesses, bens, valores ou
11
normas.
8
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 10 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 59.
9
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Op. Cit., 1999, p. 45.
10
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da constituição – fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 356.
11
Id. Ibid., p. 358.
12
MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Branco, Op. Cit.,
2009, p. 319.
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13
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 9 ed. São Paulo:
Malheiros, 2009, p. 165-173.
14
MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Branco, Op. Cit.,
2009, p. 321.
15
NERY Jr, Nelson. Princípio do Processo Civil na Constituição Federal. 8 ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2004, p. 59.
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fundamentais, mas em meras tolerâncias do soberano. Entretanto, o due process of law inglês
não vinculava o Poder Legislativo, em face da supremacia desse Poder sobre todos os demais.
Nesse ensejo, por ocasião da expansão dos domínios ingleses na América do Norte, essa
cláusula sofreu um aprimoramento em sua interpretação, uma vez que os colonos norte-
americanos logo perceberam que o legislador, por si só, não era capaz de proteger o homem
em seus aspectos fundamentais. Assiste-se, então, à ampliação da extensão do conteúdo do
due process of law, que passou a ser compreendido não apenas como garantia de
cumprimento da legalidade, mas de realização da justiça, devendo, portanto, vincular todos os
poderes do Estado.16 Não sendo mais possível interpretá-lo apenas como tutela processual,
fala-se, então, em substantive due process, ou seja, devido processo legal em sentido material:
16
GRINOVER, Ada Pellegrini. Princípios Constitucionais e o Código de Processo Civil. São Paulo: José
Bushtsky, 1975, p. 10-11.
17
Id. Ibid., p. 65.
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autoridade e obrigatoriedade do direito. Posto que o Judiciário seja formado por membros não
eleitos, sua legitimidade funda-se no princípio constitucional do devido processo legal e nos
demais princípios constitucionais.18 Isso porque o Estado Democrático de Direito não se
assenta apenas no princípio majoritário de escolha direta dos representantes, mas também na
realização dos valores substantivos e na concretização dos direitos fundamentais.19 Nesse
sentido, Cintra, Pellegrini e Rangel afirmam:
18
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 45.
19
BARROSO, Luís Roberto. Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. 3 ed.: revista e
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 58.
20
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel; CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria
Geral do Processo. 17 ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 82
21
DIDIER JR., Fredie, CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: Meios de
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. v. 3. 6 ed. Salvador: Juspodivm, 2008, p. 440.
22
DINAMARCO, Cândido Rangel. A reclamação no processo civil brasileiro. Revista forense. v. 99, n. 366,
2003, p. 08.
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processos judiciais, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes. Logo, a
correição parcial limitava-se a corrigir o error in procedendo que causasse inversão
tumultuária dos atos processuais legalmente previstos e, ainda, desde que não houvesse
previsão de recurso específico para o caso.23
A reclamação, antes de ser positivada, já encontrava guarida na jurisprudência que,
valendo-se da teoria dos poderes implícitos24, autorizava, mesmo sem previsão constitucional
de tal competência, o Supremo Tribunal Federal fazer valer seus pronunciamentos judiciais,
bem como delinear, em ultima ratio, a sua competência.25 Somente com o advento da
Constituição Federal de 1988, a reclamação passa a possuir fundamento constitucional.
Com a previsão constitucional da reclamação esvaziou-se as discussões em torno de
sua constitucionalidade. Entretanto, persistem divergências quanto à sua natureza jurídica,
haja vista sua similaridade com o instituto da correição parcial. É certo que prevalece entre os
processualistas a corrente doutrinária que a define como medida jurisdicional, e não de caráter
administrativo, como é a correição.
Uma vez definida sua natureza como medida jurisdicional, divergem a doutrina e a
jurisprudência quanto à reclamação constituir-se um recurso, uma ação ou mera expressão do
direito fundamental de petição. Cândido Rangel Dinamarco, apoiando-se em Carnelutti,
enquadra-a na definição de remédios processuais, que é mais ampla e abriga em si todas as
medidas mediante as quais se afasta a eficácia de um ato judicial viciado, retifica-se ou busca-
se sua adequação aos requisitos da conveniência ou da justiça.26
Negando a natureza de recurso à reclamação, tendo em vista o seu duplo objetivo,
quais sejam o de preservar a competência do tribunal e o de garantir a autoridade de suas
decisões, assevera Ada Pellegrini Grinover:
Assim, a posição que vê a reclamação como recurso não leva em conta aquela que
visa a garantir a autoridade da decisão, porque esta: a) não visa a impugnar uma
decisão, mas justamente a assegurá-la; b) não é utilizada antes da preclusão, mas, ao
contrário, depois do trânsito em julgado da decisão que quer preservar; c) não se faz
23
PEREIRA, Flávio Henrique Unes. Configurada a hipótese de reclamação, estaria inviabilizado,
necessariamente, o manejo do mandado de segurança? Interesse público: revista bimestral de direito público.
v. 8 , n. 38, 2006, p. 127.
24
A teoria dos poderes implícitos (implied powers) teve origem na escola clássica do constitucionalismo
americano. Segundo tal teoria, sempre que se outorga um poder geral nele se inclui todo o poder necessário para
efetivá-lo. Nas palavras de Paulo Bonavides, a teoria dos poderes implícitos “é, ao mesmo tempo, técnica que,
partidos os laço de origem, e conseqüentemente emancipada de toda a servidão ideológica, pode, com a máxima
eficácia, se constituir num instrumento interpretativo de toda Constituição, não importa o conteúdo material nem
as premissas teóricas sobre as quais se repouse”. BONAVIDES, Paulo. Op. Cit., 2008, p. 475.
25
MENDES, Gilmar Ferreira. A reclamação constitucional no Supremo Tribunal Federal. Fórum
Administrativo – Direito Público. ano 9, n. 100 (jun.), Belo Horizonte, 2009, p. 94-111.
26
DINAMARCO, Cândido Rangel. Op. Cit., 2003, p. 09.
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na mesma relação processual, mas depois que esta encerrou; d) não objetiva
reformar, invalidar, esclarecer ou integrar decisão, mas sim garantir a autoridade de
uma decisão cujo conteúdo se quer justamente assegurar.27
27
GRINOVER, Ada Pellegrine. Da reclamação. Revista Brasileira de Ciências Criminais. v. 10, n. 38, 2002,
p. 79.
28
DIDIER JR., Fredie, CUNHA; Leonardo José Carneiro da. Op. Cit., 2008. p, 445.
29
MENDES, Gilmar Ferreira. Op. Cit., 2008, p. 96.
30
DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da, Op. Cit., 2008, p. 442-443.
89
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31
Id. Ibid., 2008, p. 447.
32
PEREIRA, Flávio Henrique Unes. Op. Cit., 2006, p. 131.
33
DIDIER JR, Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da. Op. Cit., 2008, p. 444.
90
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34
Art. 5º, inciso XXXVII: “Não haverá juízo ou tribunal de exceção”; inciso LIII: “ninguém será processado
nem sentenciado senão pela autoridade competente.”
35
DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sérgio
Antônio Fabris Editor, 2000, p. 469.
36
SILVA, José Afonso. Op. Cit., 2007, p. 188.
37
Nelson Nery Junior define o conteúdo do princípio do juiz natural, da seguinte forma: “Exigência de
deteminabilidade, consistente na prévia individualização dos juízes por meio de leis gerais, isto é, a pré-
constituição do direito italiano (art 25, CF italiana); b) garantia de justiça material (independência e
imparcialidade dos juízes); c) fixação da competência, vale dizer, o estabelecimento de critérios objetivos para a
determinação da competência dos juízes; d) observância das determinações de procedimento referentes à divisão
funcional interna, tal como ocorre com o Geschäfstverteilungsplan do direito alemão". (NERY Jr, Nelson. Op.
Cit., 2004, p.104).
38
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel; CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Teoria
Geral do Processo. 17 ed.: revista e atualizada. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 162.
39
DALLARI, Dalmo de Abreu. Constituição e Constituinte. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 33.
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40
DIDIER Jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do processo e processo de
conhecimento. v.1. 10 ed. Salvador: Juspodivm, 2008, p. 40
41
GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel; CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Op. Cit.
2001, p. 180.
42
DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Op. Cit., 2000, p. 469.
43
MENDES, Gilmar Ferreira, COELHO, Inocêncio Mártires, BRANCO, Paulo Gustavo Gonet Branco. Op. Cit.,
2009, p. 1013.
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44
Marcelo Navarro faz minuciosa análise no direito comparado sobre reclamação constitucional, demonstrando,
por fim, a sua inexistência nos sistemas jurídicos americano, alemão, austríaco, espanhol, francês, italiano,
português e comunitário. DANTAS, Marcelo Navarro. Op. Cit., 2000, p. 385-423.
45
Id. Ibid., p. 491.
46
MORATO, Leonardo Lins. A reclamação constitucional e a sua importância para o Estado Democrático de
Direito. Revista de direito constitucional e internacional: Cadernos de direito constitucional e ciências
política. v. 13 , n. 51, p. 171-187, 2005.
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47
Id. Ibid., p. 172.
48
DANTAS, Marcelo Navarro. Op. Cit., 2000, p. 502.
49
Id. Ibid., p. 498.
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elegido-a como matéria de maior relevância, pela sua simples previsão em seu texto, não há
como se negar a necessidade e utilidade desse instrumento.
Com efeito, não é a reclamação, em si, uma simples prova que o ordenamento jurídico
brasileiro é falho. Ela é um meio eficaz de buscar a preservação de direitos fundamentais, o
respeito às decisões da Suprema Corte e o resguardo da Constituição Federal.
5. CONCLUSÃO
Os direitos fundamentais constituem o alicerce de todo o ordenamento jurídico por
consubstanciarem valores supremos e indispensáveis para o homem e para a sociedade.
Portanto, faz-se imperiosa a observância desses direitos, bem como a criação de mecanismos
aptos a resguardá-los. No que concerne ao processo, o postulado fundamental que o tutela é o
devido processo legal, porquanto nele se enquadram todos as exigências necessárias para a
configuração de um processo substancialmente justo.
Nesse contexto, a reclamação constitucional surge como garantia do direito
fundamental ao devido processo legal, uma vez que tem como escopo garantir a autoridade
das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e o respeito à sua competência,
constitucionalmente definida. Percebe-se, assim, que seus objetivos constituem requisitos
essências para se alcançar um processo devido e justo, haja vista que correspondem,
respectivamente, ao princípio da efetividade e ao princípio do juiz natural.
Isto posto, resta demonstrado que a reclamação é importante instrumento de garantia
da supremacia da Constituição Federal e da observância dos direitos fundamentais. Reside sua
relevância na busca da conciliação entre o exercício da função jurisdicional de forma legítima
e eficaz pelo Poder Judiciário com a realidade social, que demonstra a falibilidade do sistema
legal através do descumprimento de decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e o
desrespeito às normas de competências definidas pela Carta Magna.
6. REFERÊNCIAS
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ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos.
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