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Capitulo 2. Ensaio de Tracdo 2.1, Gonoralidades A facilidade de execugio ¢ a reprodutividade dos resultados tor- nam 0 ensitio de tragdo 6 mais importante de todos os -ensaios citados ha introdugao. ‘A aplicagio de uma forga num corpo sélide promove uma defor magdo do material na ditegao do esforgo ¢ o ensaio de tragio consiste em submeter um material a um esforgo que tende a esticé-lo ou alon- -lo. Geralmente, 0 ensaio é realizado num corpo de prova de formas, ¢ dimensdes padronizadas. para que os resultados obtidos possam ser comparadas ou, se necessitio, reproduzidos. Este corpo de prova é fixado numa miquina de ensaio que aplica esforgos erescentes 1 liregio axial, sendko medislas as dleformages currespunentes yur ine termédio de um aparelho especial (0 mais comum € 0 extensometro), © qual seri visto com maior detalhe em outro item. Os esforgos ou carga siio medidos na propria maquina de ensaio € @ corpo de prova E levado até a sua ruptura Com esse tipo de ensaio, pode-se afirmar que praticamente as deformagoes promovidas no material sto uniformemente distribuidas em todo o seu corpo, pelo ments até ser atingida uma carga mixin proxi do final do ensaio e, como é possivel fazer com que a carga eresga numa velovidade razouyelmente lenta durante todo 0 teste, © ensaio de tragito permite medir satisfatoriamente a resisténcia do material, A uniformidade da deformagio permite ainda obter me digdes precisas da variagao dessa deformagao em fungio da tensio aplicada, Essa variagdo, extremamente ati para 0 engenheiro, & deter- minada pelo tracado da curva tensio-deformagio, a qual pode ser obtid diretamente pela maquina ow por pontos, conforme seri visto mais adiante A uniformidade de deformagoes term ike carga mvivima suportida plo ‘aparecer 0 fendmeno da estriego ou diminuig eegio do corpo de prova, nos casos de metais eom certa ductilidade, A ruptura sempre se dk na regio estrita do material, a menos que um defcite interme nat no Momento em que & Enso de rogio 7 no material, fora dessa regido, promova a ruptura do mesmo, © que raramente acontece, A precisio de um ensaio de tragdo depende, evidentemente, da preciso dos apatelhos de medida de que se dispde. Com pequenas deformagdes, podte-se cor a tensio do que quando sio atingidas grandes deformagoes do material, onde a leitura dos valores numéricos fica mais dificil, devido & grande variagio da deformagiio em fungdo da tensiio aplicada, Mesmo no inicio do ensaio, se esse nao for bem concuzido, grandes erros poderdo ser cometidos, como por exemplo, se 0 corpo de prova nao estiver bem alinhado, os esforcos assimétricos que aparecerao levardo a falsas leituras das deformagdes para uma mesma carga aplicada. Deve-se portanto cen- trar bem o corpo de prova na maquina para que a carga seja efetiva- mente aplicada na diregdo do seu cixo longitudinal; a colocagéo dos) extensdmetro(s) também deve ser bem feita, para se evitar escorrega- mento ou falta de axialidade do aparelho. A velocidade do ensaio é geralmente dada pelos métodos de en- saio estabelecidas pelas diferentes Associagdes de normas técnicas; quando, porém, se realiza um ensaio de tragdo para fins de estudo ou pesquisa, essa velocidade pode ser alterada, conforme o caso. O processo de variagdo da velocidade de ensaio ‘depende da. maquina que se esta usando. Essa velocidade & muito importante e dela depen- dom alguns resultados numérieoa de propriedades.mecinicas obtidos pelo ensaio, conforme sera visto depois. Em geral, os métodos de en- saio especificam a velocidade em torno de I kgf/mm? por segundo. 2.2, Ensaio de tragéo convencional 2.2.1, Tensad deformagio na tragéo Tensio € definida genericamente como a resisténcia interna de um corpy @ una forya eater aplivats sobre cle, por unidade Ue sive. Deformagao é definida como a variago de uma dimensio qualquer desse corpo, por unidade da mesma dimensio, quando esse corpo & submetido a um esforgo qualquer. ra metalica cilindrica de secgdo transversal uniforme, So, onde & marcada uma distincia, Lo, 20 longo de seu ‘comprimento (Fig. 1). Se essa barra & submetida a uma Gnica forga de tragdo @, isto € a uma forga normal a secedo transversal da barra € coincidente com o seu eixo longitudinal, a tensto média de tragio, 2, produzida na barra € dada por ° g w 8 {Enssios mecdnicos de mates metsheos bo ee) Figura 1, Darra submetida a esforgo de trai. s \, © termo “tensio média” provém do fito de a tensio nao ser com- nente uniforme sobre a area, Sp. do espécime, ou soja, cada pleta elemento longitudinal na barra nao sofre a mesma deformagdo. A anisotropia inerente aos grios de um metal policristalino impede uma completa uniformidade da tensio num corpo de tamanho macros- cépico, A prépria-estrutura interna do metal ou liga metilica produz hima niio-iniformidade, em escala microsespica,Entretanto, como a variagio & extremamente pequena, pode-se excuir, daqui para. ren tc, 0 termo “tensio média”, chamando-o de apenas “tensio”. No. presente caso, como o esforgo € axial e normal uma segdo tr sal da barra, essa tensid ¢ também uma tensio normal, A tensiio nor- mal é considerada po a quando o esforgo é de tragdo, ¢ negativa quando de compressao. Com a aplicagdo da tensdo, ¢, a barra sofre uma deformagio, «. A carga, Q, produz um aumento da distincia, Ly. de um valor, AL A deformacio Tinenr médin # dada. entdo. por ao Ak e Lo Verifica-se que a tensio tem a dimensio de forga por unidade rea © a deformagio & uma grandeza adimensional, 2.2.2. Propriedades mecanicas obtidas pelo ensaio de tragio convencional termo “ensaio de tragio convencional” & empregado para di- ferenciii-lo do ensaio de “tragio real”. A diferenga entre esas duas expressdes sera vista mais adiante (item 2.3) por enquinto, pode-se omitir a palayra “convencional”, Quando um corpo de provi metalico* é submetido a um ensaio de tragdo, pode-se construir um grafico tensiio-deformagi, pelas me- didas diretas da carga (ou tensiio) ¢ da deformagdo que crescem conti- 1é quuise «fim do ensaio (Fig. 2) nuamente "As caracteristeas dos eorpos de prova para tragio serio vistas no item 22.3 Ensaio de racio 9 e| wf q 2. Grit tensioweformagio det metal on ign mete. 1G __Owtonmueso € ‘bet permanente Veri pela equagio inicialmente que o diagrama é linear e & representado ou ao que correspond a lei de Hooke (descoberta em 1678 por Sir Robert Hooke). A constante de proporcionalidade, E, & conhecida por mé- dulo de clasticidade ou médulo de Young. aridade do diagrama termina num ponto A, denominado limite elistico, definido como a maior tensio que o metal pode su- portar, sem deixar qualquer deformagio permanente quando 0 ma- terial € descarregado. se entio que, na parte Oa da curva (Fig. 2). 6 material esti dentro de sua zona elistica, isto €, além de obedecer lei de Hooke, se, em qualquer ponto dentro da linha OA, a carga for aliviada, 0 descarregamento seguiri também a mesma reta Od e, para um des- carregamento total, o metal volta & origem (ponto O}, sem apresentar qualquer deformagao residual ou permanente. A estrutura de um me- lal no estado solido constituida de ditomos dispostos segundo um arranjo ceristalino uniforme nas tes dimensdes. Quando o metal € solicitado com um esforgo de intensidade tal que a deformagio fique no intervalo da linha OA, os dtomos sdo deslocados de sut posigio inicial de uma distancia muito pequena e, assim que o esforgo € ret ado, os iitomos voltam a stia posigdo inicial, devido as forgas de gacio entre os mesmos, desaparecendo a deformagio, 10 {Enesiog mecsncos do mats metscas ‘Ao ser atingida uma tensio em que o material ja ndo mais obede- ce at Ici de Hooke, ou seja, a deformagio nao é proporcional a tensio, chega-se ao ponto 4’ (Fig. 2} denominado limite de proporcionalidade. A posigio relativa entre Ae A’ & muito discutivel e alguns autores colocam 1” abaixo de A, Na verdade, esses dois pontos muitas vezes se confundem ¢ torna-se muito dificil determina-los com_precisio, devido ao fato de que o desvio da linearidade é sempre gradual ¢ niio ha precisamente um ponto bem determinado para cada um desses limites mencionados. O limite ehistico pode mesmo estar na. parte curva do grifico. O metal pode ter © ponto A fora da-zona onde o material obedece a lei de Hooke e entio o limite ekistico € delinido [a]®. nesse caso, como «t tenstio méixima que permite ainda a0 ma- terial possuir, para todos os fins priticos, sua total clasticidade Admit residual de 0,001", seja 0 limite dat zon clistica. Essas consideragdes sio mais aplicaveis aos metais liieteis o moles, Metais extremamente duros podem romper dentro dla zona ekistica © dai, esses conceitos deixam de ser importantes. Terminacka & zona ekisti onde a ten sto ¢ a deformagio nio sio mais relacionados por uma simples cons- tante de proporeionalidade € em qualquer ponto do diagrama, havendo descarregamento do material até tensio igual a zero, o metal fica com uma deformagio permanente ou residual. A Fig, 2 mostra um descarregamento do ponies B nea zona pkistiew até 4 finka das absciseas. Nota-se que a linha BC é paralela a linha OA, pois o que se perde € «-deformagio causada ma zona plastica, restando a deformagio ocorrida na zona ekistica. O inicio da plasticidade & verificado em varios metais: & liga diieteis, principalmente no caso dos agos de baixo carbono, pelo e- nomeno do escoamento. O exeoamento € um tipo de transigio hee- nea © localizuda, caracterizido por um aumento relativamente grande da deformagiio com variagio pequena da tensio durante a sua maior parte. Depois do escoamento. 0 metal est ener [item 2.2.4th)]. Varios outros metais e ligas mio exibem esse fendmeno ou © escomento em certos casos nao é nitido, isto & nem sempre pode ser observado numi maquina comum {méquina “mole”) para ensaio de iragio [9], [10}, porque sua ocorréncia pode se dar to ligeira- mente, que a Sensibilidade da maquina nao consegue acusi-lo com preciso suficiente [ver item 2.2.4le)]. Isso acontece, por exemplo, to mais duro é o material, O escoamento é caracterizado prati- nenle por uma oscilagdo ou uma parada do ponteiro da méquina *0s nimeros Enza do ragéo " durante toda a duragio do fenémeno. Denomina-se limite de escoamen- to, a tensio atingida durante o escoamento e é dado pela expressiio So" il onde Q, € a carga de escoamento. O limite de escoamento & dado em kef/mm?, Freqiientemente, a oscilagio do ponteiro acima mencionada co- mega apds-serem atingidas uma tensdo mais alta chamada limite de escoamento superior e uma tensio menor chamada limite de escoamen- to inferior. No item 2.24(e) esse fato sera discutido mais acuradamente & sera visto que 0 limite de escoamento inferior & 0 usado para se ca- racterizar 0 limite de escoamento do metal ensaiado. Quando nao for possivel determinar o limite de escoamento com preciso suficiente, adotar-se-, por convengio, o limite convencionat nde escoamento ou simplesmente limite n, definido pela expresso Qu (5) onde Q, é a carga em que se observa uma deformagio de n% do ma- terial. Na pritica, pode tomar os valores de 0,2% no caso mais geral, 0,5% para cobre ¢ suas ligas € 0,1% em casos especiais (para ligas metilicas muito duras, com pequena'zona phistica). No item 22.4() © limite n sera visto novamente, inclusive 0 método mais usado para inago. Também © limite n € dado em kgf/mm’, Terminado 6 escoamento, o metal entra na fase plastica ¢ © en- saio prossegue até ser atingida uma tensio maxima suportada pelo metal, que earacteriza o final da zona plistica. O limite de resisténcia, @,, do metal (dado em kgfmm2) é determinado pela expressio 6) ‘onde Q, ¢ a carga maxima atingida durante o ensaio. ‘Apés ser atingida @ carga, Q,, entra-se na fase de raptura do ma- terial, caracterizada pelo fenomeno da estriegao, que ¢ uma diminuigao muitas vezes sensivel da secgdo transversal do corpo de prova, numa certa regido do mesmo. Quanto mais mole € 0 material, mais estrita se torna a secgdo nessa fase. E nessa regio que se da ruptura do corpo de prova, finalizando o ensaio, Durante essa fase, a deformagio tor- na-se ndo-uniforme ea forea deixa deagir unicamente na divegie normal 4 seegdo transversal do corpo de prova. Conforme foi visto, o citlculo do limite de escoamento, limite € limite de resisténcia [Exprs. (4), (5) ¢ (6)] & baseado na seegio trans- 12 Ensoios mecinicos de materiis metbiecos versal inicial do corpo de prova, de modo que o grifico tensio-defor- magao da Fig. 2 pode ser substituido pelo grifico carga-deformagio, sem que a forma da curva seja alterada, pois nesse tiltimo, as cargas sio obtidas multiplicando-se os valores de o por uma constante Sp. Isto & muito importante, porque os grificos fornecidos por uma maqui- na de tragio comum sao referidos & carga versus deformagdo © mo a tensio versus deformagdo € para o cilculo do limite n, conforme sera visto, é muito mais simples construir-se o grifico carga-deformagao. Mais duas outras propriedades mecdnicas podem ser facilmente determinadas pelo ensaio de tragio, que so 0 alongamento total do corpo de prova ¢ a estriegio. O alongamento 4 € calculado pela expresso a 440. 100, a onde Lo & uma distancia inicial marcada no corpo de prova antes do ensaio, geralmente especificada pelas normas técnicas e L é a distin: cia final apés a ruptura do corpo de prova. O alongamento é expresso em % ‘XK estriegio & medida, também em porcentagem, pela diminuico da secgo transversal do corpo de prova apés a ruptura. A expressio que calcula a estricgao, y, € @) onde § & a secgao final estrita, As propriedades dadas pelas Exprs. (4) a (8) constituem as proprie- dades mecinicas geralmente fornecidas por um ensaio de tragao, sendo também as mais simples para se determinar, Entretanto, outras propriedades dos materiais podem ser calculadas pelo ensaio de tragio, como por exemplo o limite ekistico, o limite de proporcionalidade & ouitras que serao vistas nos itens seguntes. 2.2.3. Corpos de prova A melhor maneira para se determinar as propriedades mecanicas de um metal por tragio é ensaiar um corpo de prova retirado da pega. Assim, os ensaios de tragiio geralmente sio feitos em corpo de prova normalizades pels varias ascoviagiies de normas téenicas A Aséox Gio Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem 0 método MB-4, onde so indicadas as formas e dimensdes dos corpos de prova para cada caso. Enso do tragto 13 Cabo arte r ri ante out Ti i LY WwW Rolo de concordincle rors Fundido | |e. 8 inzento-| (aen) D Ferro ARS Finca EP Chzent oH ea Se Figura 3. Corpos de prova para enssio de tragio. Um corpo de prova pode ter sua parte itil (Fig, 3) com secgaio circular ou retangular, dependendo da forma e tamanho do produto acabado do qual foi retirado. Em particular, corpos de prova retira- 14 Ensaiog mectices de merits melsicos dos de placas, chapas ou Liminas tém secgdo retangular, com a espes- sua igual & espessura da placa ou chapa ou lamina e corpos de prova circulares serao feitos se 0 produto acabado for de secgio circular ou irregular, ow produzido por fundigéo, ou ainda, que tenha espessura exeessivamente grande que exija’ um esforgo muito grande para rompé-lo. No caso de pecas fundidas, costuma-se, conforme as normas, fundir um tarugo anexo ao produto fundido, para que dele seja usi- nado um corpo de prova, Em produtos trabalhados mecanicamente (laminados, forjados, etc.) as_propriedades mei podem variar, conforme a direao de onde foram extraidos os corpos de prova, de modo que deve-se verificar pelas especifieagdes do material, qual a feciio exata para se retirar-o corpo de prova ‘A parte Util de um corpo de prova é a regio onde sio feitas as medidas das propriedades mecinicas do metal © a cabega do corpo de prova é a parte destinada apenas & fixagao na maquina de ensaio, podendo ou nao ser rosqueada, conforme o tipo das garras da maquina. A utilizagao de corpos de prova normalizados & importante por varios motivos a saber: 1) facilidade de adaptagio na maquina de ensaio e de execu 0; 2) permite sempre a ruptura do mate rial, porque se fosse.ensaiada uma amostra de tamanho excessivo, a capacidade da maquina poderia ser insuficiente para romper 0 ma- terial: 3) permite © fnicas.pelas expressdes fornecidas no item 2.2.2; 4) permite a comparagio dos ator gamentos ¢ estriegdes, que sio’ propriedades dependentes da forma dos corpos de prova ensaiados: 5) auséncia de irregularidades nos corpos de prova que poderiam afetar os resultados, caso fosse feito em corpo de prova nao padronizado. Quando a peca é muito pequena para se retirar dela um corpo de prova de tamanho normal, os métodos de ensaio sempre fornecem opsoes de corpos de prova de tamanhos reduzidos. Esses corpos de prova so usados para quase todos os metais ou metilicas. Uma tinica excegao & 0 caso do ferro fundido cinzento, onde a forma e 0 tamanho do corpo de prova sao diferentes dos demais. ‘Uma vez que, para os ferros fundidos cinzentos, a tinica propriedade mecinica importante € 0 limite de resisténcia, a parte Gitil tem com- primento reduzido, em comparagéo ao comprimento da cabega, con forme mostra a Fig. 3. A Tab. 2 fornece os valores numéricos dos métodos MB-4 da ARNT ¢ FR da ASTM para as dimensies accinaladas da Fig. 2 para 0s corpos de prova metilicos normais. Nessa tabela também estio as dimensdes para o caso de ferro fundido cinzento, conforme o mé- todo EB-126 da ABNT ¢ A-d48 da ASTM. Enso do ragbo 16 Trea 2 Diners dos corps de prove de Fie 3 Ca de ona Am) mm) mtd Demy om Redondo — ABNT 0 ws Redondo — ASTM o 2 oS Chapa fina — ABNT % 2S 0 mM Chapa grossa ~ ABNT 24040 50 025 ‘Chapa fina — ASTM 125 20 0s Chapa grossa ~ ASTM ns 40 So 450s Ferro fundido ~ ABNT ~ tipo A020 © wo 25 Ferro fundide — ABNT ~ tipo B. {0S 20 3 1825 Ferro fundide — ASTM ~ ipod 321382 9525 Ferro fundido ~ ASTM ~ tipo B38 19 2 10 25 Ferro fundido — ASTM — tipoC 37 3S a?) Existem produtos acabados em que nao ha necessidade om pos: bilidade de serem retirados corpos de prova, No primeiro caso, esttio, por exemplo, as barras metilicas, que podem ser presas diretamente garras da maquina, Entretanto, quando uma barra possui um diametro excessivamente grande, As vezes a maquina de ensaio nao conscgue rompé-la por ter ultrapassada sua capacidade. Nesse caso, ha a necessidade de se retirar um corpo de prova usinado. No caso de fios @ arames, nao h4 possibilidade de retirada de corpo de prova usinado €, portanto, ensaiam-se esses produtos diretamente, Note-sé que, nos casos de barras, fios e arames, 0 segmento ensaiado deve ter comprimento suficiente pata que se possa medir 0 alongamento na parte itil, conforme exige a especificagdo do produto, e para que possa ser fixado na maquina de ensaio. A parte da amostra presa na maquina € considerada como cabega (Fig. 3). Em particular, nos er saios de tragio em barras de ago para construcao civil, a secgio inicial, So, deve ser medida através da densidade do ago (7,85 kgjdm*), de sen peso ¢ da camprimenta total do segmenta a ser ensaindo, pos que, em certas barras, a existéncia de nervuras, mossas e outras irre- gularidades impedem a determinagio de Sp através da medida direta do diimetro da barra, como deve ser feito nos casos de corpos de prova de seccao circular, arames e barraslisas, (Ver Prob. I do Anexo I}, Quando ¢ feito ensaio de tragio em produtos compostos como cabos, correntes, cordoalhas, etc., mio & necessirio usinar corpo de prova, mas os conceitos de limite de escoamento, de resistencia, de alongamento total e estriegdo devem ser abandonados e devem ser aplicadas, a cada caso, medicdes diferentes constantes das especifica- ses de cada produto. Em materiais soldados, pode-se retirar corpos de prova com a solda no meio, mas o iico valor que € registrado & a carga de ruptura, 16 Ensaios mecsnices de materisis meticot pois em materiais heterogéneos a determinagio da parte que softe © escoamento € duvidosa, 0 alongamento é afetado pela solda e no se pode precisar 0 local da ruptura para se medir de antemao a seegio icial; a menos que néo haja nenhuma irregularidade entre a solda lal-base, pode-se calcular o limite de resisténcia e a estricgo com finalidades apenas praticas. Pode-se medir também em qualquer caso, a eficiéncia da solda, que seria o quociente entre a carga de rup- tura do material soldado e a carga de ruptura do material-base, em %. Caso a solda seja mais resistente que o metal-base, usa-se nos projetos o a, ¢ o-alongamento do metal-base. Caso contrario, usa-se as propriedades do material da solda, que podem ser medidas confee- cionando-se corpos de prova do material da solda, os quais sio en- saiados normalmente & trago. No item 2.4, serio tratados os ensaios em Yarios produtos metélicos acabados € esse assunto seré novamente abordado. 2.2.4, Estudo detalhado das propriedades mecanicas (a) Gréfico cargatensiio)-deformagao © grifico tragado num ensaio de tragao, pela propria maquina ou por meio de Ieituras succasivas de deformagéo © carga erescentes, tem como abscissas as deformagies, «, ¢ como ordenadas as cargas, @, e, como foi visto tem a mesina forma que o grifico tensio-defor- magio, ‘A carga € fornecida pelo dinamémetro da miquina de ensaio a deformago & obtida mais comumente por meio de um exten: metro. Os instrumentos para medir deformagao so numerosos e nao poderdo ser discutidos neste trabalho. Eles podem ser mecinicos, Spticos, elétricos ¢ eletrOnicos [4]. Dentre eles, 0 mais simples € 0 extensdmetro mecinico com reldgio comparador, do qual & oportu no que se faga uma breve deserigto. Esse tipo de extensémetro consiste resumidamente num micrémetro com preciso de 0,001 mm montado num dispositive Tormado por dois tubos metilicos interpenetrantes, contendo cada um uma garra (uma em cada tubo) que serve para fixar o extensémetro no corpo de prova. O micrdmetro é fixado nos, tubos € 0 seu ponteiro indica a deformacao, & medida que o tubo externo desliza sobre o interno, pela agio erescente da forga de tra- gio no corpo de prova duas garras # denon raga do exten nessa distancia que & medida a deformagao, isto & relativamente ao grifico carga-deformagio, tudo se passa ‘como se o corpo de pr tivesse 0 comprimento do brago do extensémetro. Por essa razio, nse de tragto 7 deve'se utilizar um brago suficientemente grande para que se possa medir a deformagaio numa distancia a maior possivel, a fim de se obter resultados mais [iis © representativos da deformagdo do corpo de prova. Desta maneira, constréi-se a curva por pontos, lendo-se a de- formagéo periodicamente (por exemplo de 20 cm 20 milésimos de milimetro de deformagio), simultaneamente observando-se a carga que produziu cada deformagio lida. ‘As maquinas de tragdo possuem dois cabecotes acoplados, po- dendo um deles impor velocidades constantes de deformagio, Fssus maquinas podem ser do tipo hidriulico ou acionadas por paratuso © a carga € entéo medida hidréulica ou mecanicamente (por sistema de alayancas ou por péndulo) ou ainda eletricamente por meio de uma célula de carga. O esforgo imposto no corpo de prova & trans- mitido para toda.a maquina, que se deforma clasticamente junto com © corpo de _prova. Quando @ rigidez da méquina (também chamada “constante de mola’) for alta, a maquina & chamada de “dura”; caso contrario, tem-se uma maquina “mole”. Assim, a maquina dura (com célula de carga) pode imprimir uma velocidade constante de deformagia sobre 0 corpo de prova, e a maquina mole (méquinas hidréulicas, por exemplo) pode manter um aumento de carga constante, Sobre esse assunto serdio feitas posteriormente novas consideragdes. Palo aspoeto do grifico, pode so avaliar a ductilidads do motal Um metal & mais diictil que outro, se possi uma zona plastica mais extensa:; isto ¢ ele pode se deformar plasticamente mais do que o outro até romper-se. Um material frigil possui a zona plistica muito pe- quena ou mesmo nula (caso dos ferros fundidos einzentos ¢ brancos) A ductilidade sera considerada com mais pormenores em outro capitulo. * (b) Médulo de elasticidade valor de £ (Expr. 3) € constante para cada metal ov liga me- tilica, Valores aproximados desse médulo para alguns metais € ligas so dados na Tab. 3, O médulo de elasticidade & a medida da rigidez do material quanto maior 0 médulo, menor sera a deformagiio eldstica resultante da aplicagdo de uma tensio © mais rigido seri o metal, No caso da Fig. 4, a liga A & mais rigida que a liga B, porque E,> Ep, devido Aideformagao, c4, ser menor que a deformagao, ép, para a mesma tensio. ‘Comparando-se por exemplo, os médulos de clasticidade do aco de uma liga de aluminio, nota-se que o ago & cerca de trés veres mais rigido que a liga de aluminio, isto é, a deformagio do ago é cerca de 3 da deformagio da liga para a mesma tensio na zona elastica. 18 ‘Ensive mecSncos de materas metsicos Tabela A Médulo de clasticidade de alguns metas ¢ liga & vemperatura ambiente (2) (6) (7) Mido de Médlo de Meat tance ign slasticidae ‘bet Gefin Ferra nique. cobalio 21000 _Ages-arhono«agosliga cm geal 21000 ‘Molibdési,tongsténio 35000 Atos nonbaveis austenicos 19600 14.00 Cobre 11900 ero fondo noduae nesta Aluminio Bronzes¢ htdes 2770011900 050 Magnésio Drones de manganés¢ ao sitio “ “ mein) Zinco [rons de laminio 400-15 300 Zid Liss de aluminio 7000-7450, Monet i de niet) 180.1800 28700 Mastelloy tiga de nique) 1890021 50 Soon” Inv iga nique 4.000 10000 Inconel tiga de mia) 16000 Chumbe 1750 lum tga de nique 18700 Reso 29750 Ligas de ido 1 200412 100 p gas de magnésio Aa Nishio 10500 Liga de masa en Ouro, peta 7850 Ligas de etanho S00. $490 Patina 13400 de chumbo 09. 2950 Tersto 0 Dotormagdo € Figura 4. Avaliagio da rigidee entre dois materia (2) Ensaio de vagto 19 Para projetos onde a deformagio deve permanecer baixa, 0 mé- dulo de elasticidade € um valor importante a se levar em conta, de- vendo-se escolher um material que tenha esse valor suficientemente alto para suportar grandes tensdes com pequena deformagio elastica, O médulo de elasticidade & determinado pelas forcas de ligagao entre os fitomos de um metal, Como essas forgas sto constantes para cada estrutura que apresente 0 metal, o médulo de elasticidade é uma das propriedades mais constantes dos metais, embora possa ser leve- mente afetado por adigdes de elementos de liga, em certos casos, ou por variagdes alotrépicas, tratamentos térmicos ou trabalho a frio que alterem a estrutura metalica. Entretanto 0 médulo de elasticidade © inversamente proporcional a temperatura, ou seja, aumentando- aa temperatura, decresce o valor de E, Para os agos-carbono, por exem- plo, 0 valor de E decresce 90% a 200°C, 75% a 425°C, 65% a 540°C © 60% a 650°C [1]. Para os agos inoxidaveis austeniticos, a porcen- fagem de queda € menor ¢, para ligas de aluminio, ocorre redugio semelhante aos agos-carbono até 450°C aproximadamente. ‘A medida de E,é feita pela tangente da reta caracteristica da zona elistica, tragando-se a curva tensiio-deformagao na zona elistica com maior precisio possivel em corpos de prova feitos conforme os mé- todos de ensaio das normas téenicas. Caso essa reta seja muito pe- quena (limite de proporcionalidade baixo), ou mesmo inexistente na pratica, pode-se medir E pela tangente da reta que é tangente A curva no ponto O da origem ou num ponto B especificado da curva ou ainda pela tangente da reta que & secante a curva, que vai do ponto O até lum ponto A especificado da curva (Fig, 5). Figura 5, Determinagio de E para Fim indi mae com pegusr zon lis: j fe tard Ss Eh / Es = ton 03 / / 3 AY Como o valor de £ € uma constante para cada material, sua de- terminagiio é iil também para se saber se © grafico carga-deformagao tragado num dcterminado ensaio esti bem feito ou é falso, devido por excmplo a leituras erradas da carga ou da deformagao ou a algum 20 Ensoios mecSnicas de materise moticot escorregamento do extensmetro durante o ensaio. Um método ri- pido para a determinagao, nos ensaios de rotina, de E pelo grafico carga-deformagio pode ser deduzido da Expr. 3, = je. De (1) € (2) tem-se os valores de o € de «, portanto Q+ Lo So AL” Os valores de Sp € Lo so conhecidos, pois Sp ¢ a seegao inicial € Ly € 0 brago do extensémetro. Tomando-se, por exemplo, AL igual 01% de Lo ¢ levantando-se a perpendicular até atingir a curva, obtém-se a carga Q. Portanto, QLo $00,001 Ly A escolha do valor 0,1% de Ly € conveniente, porque representa a metade da distancia tomada para se calcular o limite de escoamento. convencional 0,2% o qual é sempre determinado nos ensaios de tra- gio, quando nao ha escoamento nitido, conforme foi visto no item 2.2.2, Esse valor tomado para AL simplifica as operagdes grificas de calcul numérico. Evidentemente nos ensaios de rotina, a precisto dos instrumentos no é grande, de modo que nesses ensaios, esse mé todo dé um valor aproximado de E. 1000 9 So 0 ou (©) Determinagiio dos limites eldstico e de proporcionalidade A determinacao do limite elistico € do limite de proporcionali- dade, para se conhecer 0 final de zona elistica do material, & feita por carregamentos descarregamentos sucessivos do corpo de prova até que seja alcangada uma carga onde se possa observar, com uma preciso suficientemente boa, uma deformagao permanente, no caso do limite elastico, ou uma tensiio onde a deformagio deixa de ser pro- porcional a ela, na case do limite de proparcionalidade (Fig. 6) [8] Esse proceso € muito laborioso e nao faz parte dos métodos de en- saios de rotina, pois depende essencialmente da precisio do exten- smetro ¢ da méquina usados; ou seja, 0 valor desses dois limites diminui & medida que cresce a sensibilidade dos instrumentos de me- dida da deformagio. Johnson em 1939 propés um método para a determinagaio de um ponto A na curva tensio-deformagio (Fig. 7) [2], chamado limite clistico aparente ot limite Johnson, que pode substituir o fi tico ou o limite de proporcionalidade. por ser de determinacio relati- vamente facil. O ponto A corresponde & tensio na qual a velocidade de deformagao & 50% maior do que na origem, ou em outras palavras, € a tensio onde a inclinago da tengente & curva, no ponto A, € 50% Ensaio de vragio 21 Terai 0 Dotormosdo € Linive éstico Figura 6, Deter ‘menor que a inclinagao da reta inicial OD. Para determinar ponto A, traga-se uma reta’horizontal CE, onde DE=0,5 CD, conforme a fi gura, obtendo-se a reta OE. A seguir, traga-se a reta FG que tangenci a curva no ponto Ae é paralela a reta OE. Outro processo para determinar o ponto A (Fig, 8) [3] € tracar uma reta FD fora da curva, onde FD = 1,5 FE, no qual 0 ponto E esti na continuagao da reta da zona elastica. © ponto A é 0 ponto de tangéncia a curva da reta MN paralela a OD. Variagdes desse método podem ser feitas, fazendo-se por exemplo a inclinagdio da reta OD da Fig. § ser de apenas 25% maior que a in- clinagao da reta DE (proposta por Moore) [3] ou entiio, fazendo-se DE=CD na Fig, 7, em vez de DE=0,5 CD, € nesse tiltimo caso, 0 ponto de tangéncia obtido & chamado ponto limite elastico iil [2] Todos esses métodos podem ser usados, mas tém a limitagio de que o ponto de tangéncia entre a linha reta ¢ a curva tem pouca pre- cistio ¢ no € sempre bem definido. nagdo do limite elistico [8] Tense © etoemacta F Figura 7. Dete do limite Figura 8, Determinacd0 do limite Johnson (2) Johnson [3} 22, -Ensios mecSnicos de ratrns metsicos {d) Conceitos de elasticidade ¢ plasticidade dos metais « ligas Um material metitlico possui uma estrutura critalina, ou seja, os iitomos esto arrumados de forma a constituirem uma rede ristalina regular no espago, com posigdes definidas entre si, Os elétrons das camadas externas estao livres para caminhar por toda a rede eristalina (donde a elevada condutibilidade térmica € elétrica dos metais) ¢ 0 metal pode entao ser configurado como um arranjo de ions carregados positivamente envolvidos por uma nuvem de elétrons livres. A ligagao entre os atomos é feita principalmente pela atragio dos ions positivos com os elétrons livres ¢ assim, essas forgas de ligagiio nao sao orienta- das no espago, isto 8, nao tém diregao preferencial ¢ os ions se agrupam centre si na forma de um empacotamento mais econdmico, que thes dé a menor energia. Dai, observa-se que as redes cristalinats encontradas nos metals siio de forma eiibica ou hexagonal (cabica de corpo centra- do, CCC, ou de faces centradas, CFC, ¢ hexagonal compacta, HC). Entretanto, quando dois fons se iproximam um do outro, cria-se uma forga repulsiva que limita 0 grau de empacotamento, podendo-se dizer que os ions metilicos svio como esferas duras arranjadas num modelo repetido tridimensionalmente (Fig. 9) [27] Quando um metal sofre um esforgo dentro de sua zona clasti isso significa que o esforgo provoca um destocamento dos itomos {ou ious) de suits posigdes primtitivas nv eapayu, de mody que ao cessar esse esfOrgo, os fitomos voltam ais suas posigdes originais som deixar qualquer deformagio permanente. Com o aumento do esforgo, chega-se 1 um ponto que os fitomos se distanciam de tal forma que nio conse- guem mais voltar € dai, entra-se na zona plastica, O advento da 20} plistica seria impossivel de se conseguir por meio de esforgos forne- cidos pelas miquinas comuns, ndo fossem certos defeitos encontrados rede cristalina. Tais defeitos podem ser de dois tipos: puntuais ot lineares. Os defeitos puntuais sto ocasionados pela falta de um dtomo que deveria se localicar numa dada posigio do reticulade cristalino, denominados lacunas ou yazios, ou so ocasionados por tomos que ocupam posicdes intersticiais, isto & entre os atomos regulares do arranjo (fendmeno que ocorre mas freqtientemente com toms muito pequenos no interior de uma rede de étomos maiores, como por exemplo nos gos comuns, que sto ligas fetto-carbono, nde 0 carbono ocupa posigdes intersticiais). Os defeitos puntuais iio sio, entretanto, os defeitos mais importantes para a deformagao plistica. Os defeitos lineares, denominados discordincias, siio aqueles que promove vena daformagio polo escorregamento de planos 1A. micos sob esforgos relativamente pequenos, que podem ser produzidos plas miquinas em geral. As discordancias sto planos de atoms do metal fora da sua posigdo normal no reticulado eristalino; em outras Enssio de taeio 23 Figura 9, Arranjo dos dtomos nas estruturas cibieas de faces entradas (2), hexagonal com- ol cia (b) wibiea de corpo cen- tad (e) 2} ras, so linhas de descontinuidade na rede cristalina, possuindo por isso um campo de tensdes internas. Cada grau de movimentagio de uma discordincia requer somente um leve rearranjo dos atomos nas vizinhangas desse plana evtra, fazenda com que o esforgo para a movimentagio geral dos atomos (zona plistica) seja muito menor. A discordaincia separa a regio escorregada da regido nio-cscorregada, Nao é escopo deste trabalho entrar em detalhies sobre & teoria das discordancias, mas no decorrer do livro, serio mencionados alguns fendmenos que ocorrem com as discordéneias que interessam para explicar as propriedades mecanicas dos metais. O leitor pode encon- trar na bibliografia deste trabalho algumas fontes para o estudo por- menorizado das discordancias [1] [28] [30]. No entanto, deve-se salientar ‘que a deformacio plastica acontece em virtude da movimentacio das discordincias no interior da rede cristalina na maioria dos casos. A deformagao por escorregamento, facilitada pela existéncia de discordincias, nao é entretanto, a tinica forma de deformagiio plist 24 Ensaios mecsnicas de maesels metaicos Os metais que se cristalizam no sistema hexagonal compacto (Fig. 9) possuem preferencialmente um processo'de deformagao plisstica cha- mado maclagao (nvinning, em inglés). A maclagao € um cisalhamento localizado dentro de um volume pequeno, porém bem-definido, dentro do cristal, ao contririo do escorregamento de um plano cistalogrifico em uma distancia relativamente grande. Quando se solicita um metal que se cristaliza no sistema cibico, a deformagio por escorregamento predomina, pois os metais dessa classe possuem varios sistemas de escorregamento. A rede hexagonal compacta, entretanto, posstti ape- ‘has um tinico sistema de escorregamento (sistema basal) e, portanto, os metais que se cristalizam dessa maneira deformam-se preferencial- mente por maclagao, como, por exemplo, os metais zinco, cidmio, magnésio e zircénio. A baixas temperatura, porém, metais ciibicos de faces centradas e de corpo centrado ¢ tetragonais também se defor- ‘mam por maclago porque, nesse caso, esforgo para mackagaio € me- nor que o esforgo para escorregamento. Ocorre a maclagdo quando uma porgao do cristal adquire uma orientagio diferente de uma outra porsdo adjacente (porgio nio-maclada) devido ao esforgo externo (maclagiio mecinica). A porgao deformada fica, no entanto, em uma posigio simétrica com relacao a porgito nao-deformada, como se uma fosse uma imagem especular da outra. O plano de simetria das duas porgdes chama-se plano de maclagio. A maclagio pode ocorrer tam- bém durante um aquecimento (recozimento) apos a dofermagao pl tica (maclagdo por recozimento). A maclagiio mecinica também cos- tuma ocorrer quando o esforgo aplicado é& dindmico, como, por exem- plo, uma deformagao rapida por choque a baixas temperaturas, prefe- rencialmente, porque o escorregamento & menos favorivel em con- digdes dindmicas a baixa temperatura (Cap. 3), {e) Limite de escoamento na, « doterminagio do limite do proporciona pelo limite de escoamento, que se observa nitida: mente no ago doce, ou ago de baixo carbono, recozido, ou pelo limite n, quando nao € possivel observar-se 0 escoamento nos outros metai No entainto, além dos agos doces, foram observados escoamentos ni- tidos também em outros metais ¢ ligas, como molibdénio, titinio, nidbio, LAntalo, ligas de aluminio policristalinos e em monoeristais de ferro, cidmio, zinco, latdes alfa e beta, € aluminio. Quando um projeto requer um metal dictil, onde a deformagio plastica deva sor evitada, 0 limite de escoamenta # 0 critéria adatade, para a resisténcia do material, Para aplicagdes estruturais, desde que as cargas sejam estaticas, as tensdes de trabalho stio geralmente basea- das no valor do limite de escoumento. Ensaio do wagio 25 escoumento, como jé foi mencionado, & um tipo de transigéo heterogénea ¢ localizada entre a deformagio elistica e pkistica. Quan- do um material exibe 0 fendmeno do escoamento, a forma da curva tensiio-deformagio é a dada pela Fig. 10(a). A tensio A é chamada de limite de escoamento superior, que & a tensio maxima atingida antes da queda repentina da carga (comego da deformagao pkistica no escoa- mento}. Apos a estabilizagio da carga ou da tensio, o material sofre uma deformagio relativamente grande sem aumento da tensiio, que € 0 patamar de escoamento. A tensio B constante estabelecida € 0 lis mite de escoamento inferior do material e durante o fenémeno, o alon- gamento que o metal sofre é chamado alongamento durante 0 escoa- mento [Figs. 10(a) e 11]. Alguns autores, porém, consideram o limite de escoumento inferior como a menor tensio, designada por C na Fig. 10(a), atingida durante 0 escoamento, que pode vir a ser inferior a tensiio do. patamar Tensio Ki Ska Sky, Limite de _Vercoomenta superior Limite oe Detoxmasio €| Dotormar a tebriea mostran Figura 10, (b) Efeito da constante de (enso-deformagio, Figura 10. (a) Cu 40 0s limites de escoamento superior mola, K, na eurva © inferior (13), Fsses dois limites ndo so constantes para um determinado me- tal, mas dependem de diversos fatores como a geometria e condigdes do corpo de prova, do método de ensaio, da velocidade de deformacao principalmente das caracteristicas da maquina de ensaio [9] [10] [13] Quando ha escoamento nitido, a.deformagdo plastica comega em um ou em alguns pontos do corpo de prova ¢ uma deformagio apre- ciavel (alongamento) do corpo de prova deve acontecer para fazer ‘com que a regio deformada plasticamente se espalhe por toda a parte iitil do corpo de prova: dai pode-se observar que a forma ¢ di- mensdes do corpo de prova afetam 0 escoamento. Geralmente, corpos de prova redondos tendem a aumentar o limite de escoamento superior mais do que os corpos de prova retangulares, Sob condigdes excepcio- 26 {Enesios mecSnicos de matrls metshcas nais (completa auséneia de concentragdes de tenses provocadas pela uusinagem ou um acabamento superficial extremamente bom), pode-se obter um limite de escoamento superior compariyel ao limite de re- sisténcia do metal, Uma grande concentragao de tensdes, ou sejt, raio de concordncis mal preparado © mau acabamento superficial, pode até fazer desaparecer 0 limite superior. Entre esses dois extremos, obtém-se variados valores para o limite superior de escoamento, en- quanto que o limite inferior € muito menos afetado. A falta de axiali- dade ¢ a nao-uniformidade de deformagdo também afetam particular- mente o limite de escoamento superior. Quando a axialidade do corpo de prova na maquina de ensaio é md, surgem tensdes de flexito superim: postas no corpo dle prova, Se essas tensdes forem moderadas, haverd uma diminuigdo no limite de escoamento superior; porém, quando essas tensdes forem mais altas, ocorrert mesmo um desaparecimento dos limites de escoamento superior € inferior, que passam a ser ndo- nitidos ou de dificil determinagao. A velocidade de deformagiio (velocidade do ensaio) afeta 0 escoa- mento de um modo geral, fazendo com que se observe tensdes de escoamento mais altas, quanto maior for a velocidade de deformagio. Essa afirmagio & mais valida quanto mais sensivel € 0 material & ve- locidade de deformagao. Para yelocidades geralmente aplicadas nos ensaios normais de tragio, o limite de escoamento inferior eresce quase lincarmente com © logaritme da velocidad de deformagio, Cada aumento de dez vezes da velocidade de deformagao, aumenta o limite de escoamento inferior de 1,4 kgf/mm? e com velocidades muito altas, a “inéreia” da maquina de ensaio promove um aumento considerdvel também no limite de escoamento superior. O patamar de escoamento € afetado pela maquina de ensaio, caso ela seja “dura” (a tensdo do patamar decresce) out “mole” (a tensio do patamar aumenta). A “du- reza” de uma maquina de ensaio depende da sua rigidez elistica [item 2.2.4(a)], isto & uma maquina “mole” nao acusa prontamente o escoa- mento repentino de um material. Para medidas precisas no estudo do escoamento, & necesséria uma maquina “dura”, pois esta reduz a sua propria deformagao durante o ensaio, tornando mais precisa a observacao da queda produzida pelo escoamento no corpo de prova. Na queda do limite superior para o limite inferior de escoamento, a inclinagao da curva € determinada inteiramente pela caracteristica da maquina de ensaio, chamada “constante de mola”, K [Fig. 10(b)]} E impossivel observar-se uma diminuigio da carga com alongamento, se a velocidade de diminuigao (supondo-se velocidade de deformagio constante) é maior que a “constante de mola” da méquina. Uma certa movimentagao dos émbolos da maquina (ou equivalente) & necessiria para relaxar a carga. O quociente entre a diminuigao da carga © a movimentagio dos émbolos para produzir essa diminuigao € a “cons- Enso do tao 27 tante de mola” [7], Uma maquina “mole” tem um valor baixo da “eonstante de mola” e uma méquina “dura” tem um valor alto. A pri- meira impede a queda brusca, 20 passo que a maquina dura permite a observagao de uma queda acentuada, Em outras palavras, uma maquina dura € sensivel & velocidade de deformagao e a “inule” & sensivel somente & variagao da carga. AAs observagdes resumidas acima mostram que o limite de escoa- mento inferior é relativamente menos afetado pelos fatores apontados do que o superior: desse modo, a Expr.(4) pode ser modificada para Ge, (10) So onde Q,,, ow simplesmente Q,, € a carga correspondente ao escoa- mento inferior no grifico carga-deformagao [correspondente A tensao B da Fig. 10(a)) Os métodos de ensaio existentes nas diversas Associagdes de nor- mas técnicas de todos os paises especificam os fatores que influem no escoamento, de modo que a determinagio do «, fique padronizada nos ensaios de laboratério. A deformacio que ocorte durante 0 alongamento do escoamento [Fig 11(a)] € heterogénea, No limite de escoamento superior uma faixa (banda) discreta do metal deformado aparece numa concentragaio de teusdes, caussida pelo esforgo durante 0 ensalo, como tin ete ou uum cordio e, coincidente com a formagio da banda, a carga cai até © limite de escoamento inferior. A faixa entdo se propaga ao longo do comprimento do corpo de prova, causando o alongamento durante ‘© escoamento. Em geral, varias bandas se formam em diversos pontos de concentragio de tensdes, estando essas bandas sempre alinhadas Limite de sco. spain Limite do escoam, inferior ‘carge Q ov tensie @ Datormagao € f 0 8 10 16 20 25 30 35 ‘Atongamento (8) o wr Figura 11. a) Gritico mostrando o alongamento do escoamenjo ¢ of Timites de es coamento superior e inferior. (b) Curvas tensio-deformagio de alguns agos-carbono [15]. 28 -nsaios mecdnicos de matrss metsicos 2 45° do eixo longitudinal do corpo de prova. As faixas de deformacao, que em corpos de prova muito bem polidos podem ser observadas, séo conhecidas como bandas de Liidets [1]. Cada oscilagio da carga durante 0 escoamento corresponde formagao de uma nova banda de Liiders. O escoamento termina depois que todas as faixas cobrem ‘© comprimento total do corpo de prova, O alongamento durante 0 escoamento pode chegar até a 10% sob condicées apropriadas; ele de pende da ductitidade do material € da sua granulagdo, Quanto maior for a ductilidade (agos-doces) € quanto mais fina for a granulacao, maior seri 0 alongamento do escoamento. Assim, a deformagio plis- tica no escoamento ocorre pela propagagio das bandas que varrem as regides ainda ndo-escoadas, até que seja completado o escoamento de todo © material O escoamento pode também se dar em pequenas regides do me- tal, sem a propagacao de bandas. Quando cada elemento sofrer a ten- so que provogue 0 seu escoamento, ele escoa, 0 processo se transmite para o elemento seguinte e assim sucessivamente por todo o material. Quando acontece esse processo, 0 escoamento se produz quase que sob uma mesma tensio constante e os limites de escoamento superior € inferior sito muito prdximos. Esse processo ocorre em agos-liga com niquel € cromo (por exemplo, 0 ago AISI 4340 normalizado). limite de escoamento pode ser associado a pequenas quan- Lidades do impurozas intorstioiaie ou substitucionais oxistentos no metal. ‘Um metal 100% puro nao apresenta escoamento [1]. Diversas teorias foram propostas para explicar o escoamento; dentre clas, a teoria de Cottrell (1949) [1] [27] [28] [30] afirma que o escoamento aparece em virlude da interagio dos dtomos de soluto (ou impurezas) com as discordancias existentes no metal, formando “atmosferas” em_torno das mesmas, que tendem a bloqued-las em seu inicio de movimento {como foi visto, deformagio plastica dos metais ocorre pela movi- mentagio das discordncias que promovem o deslizamento dos planos atdmicas em planos de escarregamento) A tensko que livea as discare dancias da ancoragem das “atmosferas” de atomos intersticiais (Cottrell- Bilby) ou que cria_novas discordncias livres (teoria de Gilman- Johnson) corresponde ao limite de escoamento superior, apos 0 que, a tensfo cai devido ao desaparecimento do bloqueio oferecido pelas impurezas as discordéincias, que podem entao se movimentar, até se- rem empilhadas nium obstéctlo qualquer, como por exemplo no con- toro de grio do metal policristalino, A’ concentragio de tensdes na ponta do empilhamento combina com a tensio aplicada no grio se~ guinte do metal para livrar as discordéncias nesse novo eriio e assim, uma banda de Liiders se propaga sobre 0 corpo de prova (limite de escoa- mento inferior). Para 0 caso de ligas substitucionais onde ocorra 0 fendmeno do escoamento, existem varias teorias a respeito. Uma delas, Ensaio de tagdo 29 @ teoria de Suzuki, propde que acontece uma segregagio de dtomos de soluto em certos locais do reticulado (falhas de empilhamento), que agiria como retengio & movimentagao das discordncias. Para que fosse iniciada essa movimentagao, seria necessirio criar novas discor- daincias, quossclibertariam dessa retengao, chindo origem xo escoamento. Essa teoria seria valida em temperaturas acima de 500K. Abaixo dessa temperatura, 0 escoamento seria governado por um processo de retengao de discordincias semelhante ao proposto por Cottrell-Bilby ou por Gilman-Johnson, por meio de atmosferas de soluto. Outras teorias foram desenvolvidas, ¢ 0 leitor deve consultar a Bibliografia para maiores esclarecimentos sobre 0 assunto [29] [9] O limite de escoamento é uma propriedade muito sensivel & ani- sotropia existente em metais trabalhados mecanicamente. No Cap. 12 serio analisados 05 critérios de escoamento para os casos encontiados na prética de solicitagéo de uma pega a esforgos combinados de tensio, ‘diferentes do caso estudado neste capitulo, onde 0 esforgo tinico € 0 de tragéo simples. (f) Determinagito do limite n Em geral, nos ensaios de tragdo, a probabilidade de ndo ser posst- vel a observacdo do escoamento nitido é grande, de modo que se deve estar compre preparado para a determinagio do limite n, A Fig. 11(b) mostra o desaparecimento do patamar de escoamento para os agos- -carbono, & medida que aumenta o teor de carbono. limite convencional n de escoamento é um valor convencionado internacionalmente para substituir o limite de escoamento. Como foi visto que a determinagao dos limites elistico € de proporcionalidade € muito trabalhosa, a substituigdo pelo limite n € conveniente, porque esse tiltimo é determinado mais rapidamente, € mais pritico ¢ atende todos os fins de aplicagao dos materiais metalicos na Engenharia, nto. an conhecimento. da inicia da plasticidade dos metais. O Ii mite » define mais realisticamente a plasticidade em termos de tensio necessiria para produzir uma deformagao mensurivel ou que seja praticamente significante. Quando 0 desvio da proporcionalidade & expressa em termos de um aumento da deformagio, tem-se 0 chamado “limite de desvio (offset) n”™, isto &, 0 limite n, nesse caso, é calculado por meio de um aumento de n% na deformagio, apés-a fase elistica. Geralmente o valor de n é especificado para 0,2% (para os metais ¢ ligas metilicas em getall, o que significa uma deformacio plistien de 0,002, por uni- dade de comprimento depois que ultrapassa o limite de proporciona- lidade. Para ligas metalicas que possuem uma regio de plasticidade muito pequena (agos ou ligas ndo-ferrosas muito duros), pode-se tomar 30 ‘nssios mecSncos de matvss metécos para no valor de 0,1 % ou mesmo 0,01 % (ago para molas). Para cobre © diversas ligas de cobre, entretanto, devido a grande plasticidade que esses materiais apresentam, o cileulo ndo é bascado pelo “limite de desvio”, mas pelo ponto da curva correspondente a uma deformagiio total (desde a origem) de 0,5% ou seja, de 0,005. ‘Os limites convencionais de escoamento 0,01 % 041% 0.2% 0,5% esto mostrados na Fig. 12. A deformagio dient, Craleutada tomando-se por base o brago do extens6metro usado. Para determinar a tensiio correspondente 20 limite 0,2%, por exemplo, uma deforma- ‘cdo, &, igual a 0,2% & medida a partir da origem, O, do diagrama {ensao-deformagio, obtendo-se 0 ponto G (Fig. 12) e uma linha GD € tracada paralelamente a porgio reta da curva da zona elistica. A inerseeeao D da reta com a curva determina a tensio o.2», que € © limite de escoamento convencional 0,2% (método do “desvio"). Se © diagrama for carga-deformagao, calcular-se-a esse limite pela Expr. (5) do item 2.2.2: 66.2% = Qo.a%9/So€ © ponto D correspondera entio & carga Qp.20% Para delerminar 0 limite convencional 0,5% (método da defor- magio total), toma-se a partir do ponto O uma deformagao, ¢, igual a 05%, obtendo-se 0 ponto H (Fig. 12). Levanta-se a perpendicular ao cixo das abscissas até encontrar a curva no ponto E, que corres- ponderd ou a tensio do.sm (grilico tensio-deformagao) ou a carga Bory tefoo surge defrost), que, conform w Expr (S) fore CT Go, sH4: 10 Pd fo Tin. 0.1% im, 0.2% Tin. a ts of SA i 8 eo : A i 3 tim, de|_— 7 i L ~ 2 ee Ys f ! — ! i ' : 9001 menshin —t 1 e gittee Varig postvel dos init 8 ans] 0204 omni |/[ convencionas de ecoemento"y a S| Jo | os mmimm | 1 & he VAY ‘owo.si ' con |] YE 7 { I VT Vi {i I 0 Of 02 08 OA 08 08 07 of Detormarao € (5) Figura 12, Determinagao dos limites convencionais de escoamento 0.01%, O,1%, 0.2% © O5%,. Os valores numéricos dos eixes referemse a ago trabalhado a fro (6) Ensaio de wagdo 31 (q) Resiliéncia e coeficiente de Poisson Resiliéncia & a capacidade de um metal de absorver energia quando deformado elasticamente, isto é dentro da zona elistica, ¢ liberi-la quando descarregado. A sua medida ¢ feita pelo médulo de resiliéncia, que € a energia de deformacao por unidade de volume, necessaria para Lensionar o metal da origem até a tensao do limite de proporcionalidade. Para a determinagio do médulo de resiliéncia, Up, considere-se a Fig. 13[2], que representa a unidade de volume de um espécime ten- sionado. Uma vez que a tensio é aplicada gradualmente, 0 trabalho exercido para tensionar até o limite de proporcionalidade & igual & tensdo média multiplicada pela deformagio, «,, causada ow seja, Wea portanto, 2 Un=5E, up onde o, representa o limite de proporcionalidad, © qual, na pritica, pode ser substituido pelo limite de escoamento ou pelo limite, n. Ux & dado em kgf> mmjmm*, A Eq, (11) indica que um material com baixo médulo de elastic dade ¢ alto limite de proporcionalidade tem um grande médule de resiligncia, Para 0 caso de varias molas meeinicas feitas com agos diferentes, isso é muito importante e deve ser levado em consideragio. Comparando uma liga de aluminio © um ago com © mesmo limite de escoamento, pela Eq, (11) mudada para o2 no lugar de a3, a resiligncia la liga de aluminio € cerea de trés vezes mi wista | ATERALH| + rin. Figura 13. Deformacdes ¢ € & 2) 32 Enssios mectnioos de matrse metdicos A Fig. 13 mostra também a deformagao, «’, de compressio lateral, que acompanha um material tensionado que sofreu uma deformagio, &, na dirego da tensio, a. O coefitiente de Poisson, v, & definide como y (12 Esse coeficiente mede a rigidez do material na dire¢io perpen- dicular & diregao da carga de tragio uniaxial aplicada. A maioria dos metais tem o valor de v entre 0,25 {para materiais perfeitamente iso- tr6picos) € 0,35, sendo 0,33 0 valor adotado na maioria dos casos. © médulo de resiligncia pode também ser obtido, considerando 4 parte elistica do diagrama tensio-deformagio (Fig. 14) aplicado a0 ne da Fig. 13. Tensionando o espécime do ponto P até 0 ponto P’,0 trabalho executado é ade; entao, até o limite de proporcionalida- de A, 0 trabalho serd x= ae [i cle Pace lo Jo 2 Io 2 » OE ou qura 14, Determinagio grafca do imbdulo de restine [2 Dotormagéo € Ensaio de tagto 33 Desde que fi ede representa a direa OAB do diagrama da Fig. 14, ‘0 médulo de resiliéncia também pode ser calculado pela area do tridin- gulo OAB. O erro em se substituir 0 valor do limite de proporcionali dade pelo limite de escoamento ou limite n pode ser avaliado, obser vyando-se que a area do tridingulo 0.’ daria 0 médulo de resiliéneia ido pelo limite de escoamento. Entdo, o erro, seria area de BAA'B’ ‘rea de OAB onde Ug, € 0 médulo, Ur, calculado pelo limite de proporcionalidade € Ug,, 0 calculado pelo limite de escoamento. A’Tab. 4 fornece valores do médulo de res teriais [3] + 100, de alguns ma- abela 4. Médulo de resilgncia para alguns materiais [3] Ur sii that hm) ‘Ago de médio © Ms 00236 ‘Ago alto © para mol 580 0200 Doraluminio 126 ao Cobre reeoride x0 aon ia 02100 Liter) sow? Bronze Taminado 280 p10 (h) Encruamento A zona plastica caracteriza-se pelo endurecimento por deformagao a frio, ou seja, pelo encruamento do metal. Quanto mais o metal € de- formado, mais ele se torna resistente, A Fig. 15 ilustra esquematica- mente esse efeito do encruamento. para um aco de baixe carbono. Se durante um ensaio de tragio nesse material a tensio for elevada até © ponto M na zona plistica e depois desearregado € reensaiado logo ‘apds, 0 escoamento, que ocorreu no primeiro carregamento nao mais exist, porque as discordancias jé se ibertam da atmosfera de étomos intersticiais de carbono e nitrogénio: porém, a zona plistica s6 apare- ceri a uma tensio, o>, mais alta que no primeiro carregamento (62 > 01). Novos procedimentos iguais a esse elevardo ainda mais a {ensio que provoca o inicio da plasticidade. A firea da parte tracejada indicada na figura representa a perda de energia de deformagao di pada na forma de calor produzido por fricgdo interna durante 0 desca regamento € recarregamento sucessivos. Essa perda de energia € cha- mada’ histerese mecinica 34 Entsioe macéices de materiis meticos No descarregamento até N fica uma deformagio permanente, é», igual a ON. No carregamento posterior é produzida uma deformacao elastica, 6, igual a NQ, como se 0 ensaio comecasse novamente, isto & © ponto de origem passasse a ser 0 ponto N. A’curva a partir do pon- to M retoma a mesma posigiio, como se 0 descarregamento nto tivesse acontecido. Assim, verifica-se que o limite de resistencia € muito pouco afetado por qualquer descarregamento durante o ensaio. Considere-se agora um descarregamento feito quando a curva atinge 0 ponto T (Fig. 15) na zona plastica, até 0 ponto R. Se o carre= gamento posterior for realizado apés algum tempo, © escoamento nitido reaparecer’. Esse & 0 processo de envelhecimento que, a tempe- ratura ambiente necessita varios dias de permanéncia para ocorter, mas a uma temperatura mais alta (como por exemplo 150°C para esses gos), pode se dar em algumas horas. A volta do escoamento significa que os aitomos intersticiais se difundem novamente para as discordin- cias durante 0 periodo de envelhecimento. Esse fendmeno do encruamento mostra que ao ser ensaiado um metal, uma interrupgio do ensaio s6 pode ser admitida desde que a carga nio tenha atingido o escoamento, pois caso contrario, as pro- priedades mecdinicas obtidas serdo afetadas pelo encrtuamento. © tempo de interrupgio pode aumentar ainda mais o escoamento do metal (ver envelhecimento no Cap. 11). gran de encrnamenta de um metal determina a forma de su curva do diagrama tensio-deformagio correspondente na zona plis- tica, Enquanto que na zona elistiea, cada igual acréscimo de tensio, ‘Aa, produz um aumento igual de deformagio, Ar, na zona plastica, para um mesmo aumento de deformaciio, Ac, em diversos metais (agos 1, I IID, so necessirios aumentos diferentes da tensio (Ac’, Ao", Ao’) para cada um dos metais (Fig. 16). No item 2.3, esse assunto serdi de novo abordado, quando seri visto 0 coeficiente de encrua- mento 1. O encruamento de um modo geral é explicado pelas interacdes das discordincias com outras discordancias ou com outras barreiras que impedem a sua livre movimentagao. Um metal recozido sem so- frer deformagio plastica possui de 10° a 10* discordancias por centi- metro quadrado, enquanto que um metal severamente deformado plas- ticamente contém cerca de 10"? discordancias pela mesma unidade de rea. Assim, a interferéncia de discordincias ocorre muito mais freqiientemente devido ao maior niimero de sistemas de escorregamento operando ¢ é necessirio oferecer maior energia para que as discordan- cias vengam as barreiras citadas e possam se movimentar. Os contornos de grio’sio exemplos especificos de barreiras & movimentagio das discordéncias, que sio empilhadas nesses contornos. O aumento da temperatura de ensaio diminui 0 eneruamento, fazendo com que a Ensaio de tracto 36 “Tense 0 Tensfo 18,1 Detormagio€ Figura 18, Aumento do escoamen- Figura 16, Variagdo do aumento de to pelo encruamentachisteresé me. tensio para um mesmo aumento de cinica Adeformagio na zon plistica, para u8s agos diferentes, devido 30 en: ceruamento distin para ead aga, curva da zona plastica fique mais achatada (da forma do ago 1 da Fig. 16). (i) Limite de resisténcia O limite de resisténcia € caleulado, como: foi visto, pekt carga méxima atingida no ensaio. Embora o limite de resisténcia seja uma propriedade facil de se obter, seu valor tem pouca significagio com relagdo & resistencia dos metais dticteis. Para esses, o valor do limit de resistencia di a medida da carga maxima que o material pode atingir sob a restrita condigao de carregamento uniaxial. Mesmo nesse caso, @ (ensio que o material sofre ao ser atingida a carga maxima é maior que 0 ¢, calculado pela Expr. (6), devido a diminuigio da area, que ndo € computada naquela formula, O limite de escoamento ou o li mite 1 hoje em dia, € mais usado nos projetos, do que o limite de resis- téncia, para os melais diicteis. Entretanto, o limite de resisténcia serve para especificar o material, do mesmo modo que a anilise quimica identifica 0 material. Por ser facil de se calcular e ser uma proprie- dade bem determinante, o limite de resisténcia & especificado sempre com as outras propriedades mecitnicas dos metais e ligas. Para os me- tais frigeis, porém, o limite de resisténcia € um criterio vélido para Projetos, pois nesse caso, 0 escoamento € muito dificil de ser deter- minado (como por exemplo para os ferros fundidos comuns) e a dim hnuigao da area € desprezivel por causa da pequena zona plistica que esses materiais apresentam, Desse modo, o limite de resisténcia para os, metais frageis caracteriza bem a resisténcia do material 36 Enssios mecSricos de materials motiicos limite de resisténcia é influenciado pela anisotropia de metais trabalhados mecanicamente, se bem que em menor grav, comparati- vamente ao limite de escoamento. No Cap. 4 seri dada uma relagdo empirica que correlaciona 0 limite de resistencia, v,, com a dureza Drinell dos agos. (i) Alongamento, esiriogdo e limite de ruptura © alongamento pode ser medido em qualquer estigio do ensaio, Mesmo no caso da Fig. 15, que mostra uma deformagao permanente, fp, © wma deformagio eldstica, %., que € recuperada, depois de um descarregamento da zona plastica, 0 alongamento dado pela defor- magiio, « € determinado pela soma das duas. partes ip + %- Como a linha MN da figura € uma reta, c, também é igual a a/E, pela Eq. (3), de modo que No ensaio de tragdo convencional, porém, 0 calculo do alonga- mento leva em conta a deformagao total até a ruptura do corpo de prova. Assim, o valor de L da Expr. (7) & composto pela deformacio cliotica (recupcradia apd a rupli) + deformayau duiaite y eeou- mento + deformagio plistica ++ deformaglo apés atingir a carga mé- xima. A deformagao durante o escoamento + deformagio plastica constituem 0 chamado alongamento uniforme, devido a uniformidade da deformagdo até ser atingida a carga Q, (Eq. 6). Depois de se ultrapassar Q,, a deformagao deixa de ser uniforme ao longo do comprimento do corpo de prova, por causa do aparecimento nitido da estricgio, que surge em virtude da maioria da deformagao ficar concentrada numa regido mais fraca do material, aparecendo entdo contragdes laterais concentradas nessa regio, climinando a uniformidade da de- formagao. No item 2.3 serd visto com mais detalhes que a deformagio ow alongamento uniforme, ¢,, & de maior importaneia que o alonga- ‘mento total, principalmente em poder predizer a estampabilidade de uma chapa metalica. E de se notar que quando o alongamento wniforme € medido, ao ser atingida a carga maxima (antes da ruptura), a defor- magdo elistica também & computada (ver item 2.3.5). Em resumo, alongamento total = alongamento uniforme + alongamento até a ruptura; alongamento uniforme = alongamento do escoamento + alongamento da zona plistica. Ensaio de rapio 37 © alongamento total, A, € calculado pela Eq. (7), juntando da melhor maneira possivel as duas partes do corpo de prova fraturado € medindo-se valor de Ly, estabelecendo-se de antemio o valor de Lo (comprimento inicial de medida). A melhor maneira de se medi L ¢ dividir © comprimento itil do corpo de prova em partes iguais por meio de pequenos riscos transversais (chamados referencias auxi Hares). Esses riseos devem ser tragados levemente para evitar a locali- zagio da ruptura em um deles. Supondo que o comprimento Ly conten 1 divisoes, se & ruptura ovorrer no meio ou préximo ao meio da parte itil do corpo de provi, juntando-se as duas partes, contam-se n/2 divisdes de cad lado e me- de-se 0 comprimento, L. Caso a ruptura ocorra préximo do fim da parte itl, de modo a nao ser possivel a contagem de n/2 divisses de um dos lados, conforme as normas, acrescenta-se ao compriniento de 1/2 divisdes do lado oposto o nimero de divisdes que faltava para com- pletar as divisdes do lado thais curto. © comprimento, L, € a soma do nimero total de divisdes obtidas (L’) mais o comprimento dado pelo niimero de divisdes adicionais juntadas do lado mais longo (J.”)(Fig. 17) Exemplilicando, os dois casos, se 0 comprimento de medida inicial Lo, adotado for de 50 mm de os riscos estiverem afustados entre si de Sem $ mm, Lo compreenderd 10 divisdes. Apos 0 ensaio, procura-se © risco mais proximo da ruptura, contam-se 5 divisdes de cada lado da ruptura e tem’se 0 valor do L. No caso da ruptura oorrer proxiny ao fim da parte itil do corpo de prova, de modo a do haver S divisdes em um dos lados, conta-se 0 niimero maximo de riscos possiveis (exceto © risco localizado junto A ruptura), por exemplo, 3 divisdes; do outro lado da ruptura contam-se as 3 divisdes correspondentes mais as 2 divisdes que fiearam faltando do outro lado. © comprimento, L, seri dado pela medida das 8 divisdes totais (L’) mais as 2 divisoes finais (L") do lado maior. A Fig. 17 mostra claramente 0 processo. Esse processo permite sempre obter o valor do alongamento, desde ue a ruptura corra na parte stil do corpo de prova, iste &, fora da = aw, Te 260 mm_,| (10 alvissee) Figura 17. Método para determinaglo do valor de L. para 0 alongamento. 38 nsvig mecinicos de matarins meticos parte que € fixada nas garras da maquina de ensaio, O processo tam- bém usado de se marcar apenas dois pontos no corpo de prova, alits- tados de uma distancia igual a Lo tem a desvantagem da possibilidade da ruptura ocorrer fora da regio compreendida entre os dois pontos, dle modo que se impossivel medir © alongamento do corpo de prova, sendo entio necessirio repetir 0 ensaio, alongamento di uma medida comparativa da ductilidade de dois mate inento, mais diictil sera metal Apés ser atingida a carga maxima, ocorre a estricgtio do material, que & uma diminuigdo da seccio transversal do corpo de prova na regifio onde vai se localizar a ruptura, devido a um alongamento um pouco maior numa porgio levemente mais fraca do corpo de prova. A cstriegio, », calculada pela Eq, (8), também é uma medida de ducti- Tidade, Quanto maior for a porcentagem de estricedo, mais dtictil ser’ ‘© metal, A estricgio & medida pela variagdo do diimetro dos corpos de prova circulates, pois da Expr. (8) vem (pj = Dy q=t__. ii, ae ow sela, pa- dD 9 hr 100. Para corpos de prova retangulares, a estriego € medida pela variagao das dimensdes transversais, conforme mostra a Fig. 18, porém essa determinagio raramente é fe Como o estado de tensdes numa secgao estrita depende da forma da secgio transversal do corpo de prova e como a fratura depende nid 38 do eatado de tenaBea ¢ deformagées, mas também de como ela se desenvolveu, a deformagao apés.a carga maxima nio é a mesma sempre e portanto, a estric¢io ndo pode ser considerad uma proprie- dade especifica do material, mas somente uma caracterizagdo de seu Figura 18, Método para determinagdo da estricgde de corpos de prova retangulares Ensaio do trapio 39 comportamento durante o ensaio de trag&o. Pela facilidade de medida, la ¢, entretanto, mencionada e especificada correntemente para virios materiais. Pode-se ainda dizer que se nao houvesse o encruamento dos metais, a estricgaio comecaria imediatamente apds.o escoamento (ver item 2.4.1). Fy 100. hy Se més c i i i i t i i t é 10 75 20 ‘1 4 Deformeya (8) Figura 22. Comparagio entre a resiitcia ¢ a tenacidade de dois acos. 44 Ensvios mectnleas de motes meicos DDeformarso € Figura 23, Determinagio do médulo de tenacidade (2. (© conceito de tenacidade & importante para se projetar pegas que devam softer tensdes estiticas ou dindmicas acima do limite de escoa- mento sem se fraturar, como € 0 caso por exemplo de engrenage engates, acoplamentos em geral, correntes, molas, ganchos de gui ddastes, eixos, estruturas de veiculos, equipamentos para moinhos de pedra, martelos pneumaticos, ete. Para determinar 0 médulo de tenacidade, Uy, considere-se a Fig. 23 [2]. Aenean de deformacio para ir do ponto F ao ponto G & ade. Portanto, U, & Jif ode. Como ade & a area hachurada PGI, entdo fi ade &a dtea sob a curva tensio-deformagao, como foi mencio- nado atts, que pode ser determinada por intermédio de um planimetro. ‘Scely (1947) [3] propés uma expresso aproximada para obter © valor de Uz para metais dicteis, a4 6, Up a Se ty (19) Um outro método, também para metais diicteis, € usar uma me- dida aproximada da frea sob a curva tenséo-delormagao igual & 0, multiplicada pela deformagdo até a fratura ey, isto é Ur & (20) Ensaio do ragto 45 Esse processo de medida da tenacidade € chamado “nimero dice de tenacidade”. Esse valor de U,. é um pouco maior que a area eletiva sob a curva, mas pata os metais diicteis € um valor suficiente- mente preciso, Para metas frigeis, como ferro fundido inzento, com uma curva igual a mostrada na Fig, 21(b), 0 médulo de tenacidade é determinado pela expresso abaixo, assumindo que curva seja uma pi A unidade de Uy & kef- mm/mm?, Como as expresses acima en- volvem 0 valor de 2,, € conveniente especificar 0 comprimento inicial de medida para precisa bem a deformagio do metal na fratura A tenacidade seria mais precisamente determinada pelo diagrama tensdo-deformagio tragado pelo ensaio de tragio real, que sera visto no item 2.3, A Tab. 6 fornece algui is valores do modulo de tenacidade de algu- mas ligas. [3] Tabela 6. Médvlo de tenacidade de algumas tigas [3] tins conti “ ca ¥ atm) — atm’) a em) iemnno me me wm eo M2520 ‘ Ys m2 as ist ‘Nw S720) Tenpraem ono ea Cc ® se > no ow 1% ode mot oo sta 01 u Foleo Nigel Sot tact 0 480 O10 as Brome Lamimge Som mo RS a 4 Dannie Fay 20 ae us a 2.3, Ensalo de tragiio real 2.3.1. Justificativas para o ensaio réal As propriedades mecinicas mais comuns definidas em 2.2.2 siio usadas para avaliar e especificar as propriedades dos metais. Entre- 46 nssios mectnicos de maervs metcos Curva convencional Figura 24, Curvas de tragio real e convencional tanto, os resultados obtidos sto valores sujeitos a erros, porque so baseados na secgio inicial do corpo de prova, So. (limite de escoamen- {o, limite n, limite do roristéncia o estriegiio) ou na base inicial de media, Ly (alongamento), dimensdes essas que se alteram at medida que o en- stio prossegue. Entretanto, na zona elstica, principalmente para os metais diicteis, onde a deformagio € pequena, esses valores podem ainda ser considerados vilidos porque Sy € Lo quase nao se alteram; porém, apés-atingir a zona plastica, a mudanga dos valores de Sy e de Lo, sendo suficientemente grande, introduz erros consideriveis nos resultados, mesmo para os metais frageis. Assim, a curva convencional tensito-deformagio niio fornece uma indicagZo precisa das caracteristicas de deformacio do metal. princi- palmente nos metais diicteis, onde ocorre ainda a estricgio que insta~ biliza completamente a distribuigdo das deformagoes pelo estado triplo de tensdes que se estabelece na regidio estrita ar Ensaio dota Desse modo, foi estabelecido um novo método para se calcular ‘68 valores reais daquelas propriedades, denominado modernamente ensaio de tragdo real (ou verdadeiro) que se baseia nos valores instan- e05 da seco do corpo de prova e da base de medida para o alon- gamento, quando da aplicagao de uma carga, Q. O ensaio real nada mais € que o ensaio convencional corrigido. A Fig. 24 mostra os dois grificos (real e convencional) superpostas para se poder avaliar as diferengas entre ambos O ensaio de tragio real & no entanto, mais trabalhoso de se reali- zar € nos ensaios industriais correntes ou de rotina, emprega-se 0 ensaio convencional, onde as propriedades mecanicas sao especificadas, tendo-se em vista a rapidez ¢ facilidade de obtengaio das mesmas, fi- cando 6 ensaio real ainda confinado aos trabalhos de pesquisa e de estuudo de novos matcriais 2.3.2. Definigées (4) Tensao ¢ deformagio reais A tensao de tragio real é definida (conforme Ludwik) [2] como © quociente entre a carga em qualquer instante © a drea da seccio transversal do corpo de prova no mesmo instante, 5), isto € on- 2 22) A deformagio real é bascada na mudanga do comprimento com relagio ao comprimento-base de medida instantaneo, em vez do com- primento inicial de medida (método de Ludwik), Assim sendo, com a aplicagao de uma carga, Q;, 0 comprimento inicial passa de Ly para L;, Aumentando a carga, Q), de uma quantidade pequena, dQ,. 0 comprimento, L,, aumenta de di;. A deformagao real unitéria ou simplemente deformagio real seri entdo igual a «ld/L; © para 0 caso de um aumento da carga de O até Q ¢ do comprimento inicial indo desde Lo até -L, a deformagao real, 6, fiea . 1. s=[ duit =[oo] bo Io ow seja, L ies 3 o= Inge 2» ‘Um exemplo das vantagens em se usar 6 em lugar de « & aquele onde se medem as deformagées num corpo de prova sujeito a uma 48 FEneaiog mecinicas de materisc metlicos deformagio equivalente cm tragio € em compressao [10], Se 0 corpo de prova € alongado até duas vezes seu comprimento, Lo, inicial ou comprimido, até que seu Lo fique igual, A metade, as. deformagées devem ser as mesmas, apenas com o sinal trocado. Usando-se a Expr. (23), tem-se 6 = In 2 = +0,693 para a tragdoe 6 = In (1/2) = In | —in2 = ~ 0,693 para a compressiio. Por outro lado, usando-se a Expr. (2), lersesi r= +1 para a tragio & 5 para a compressio, (b) Correlagdo entre tensdes & deformacdes reais ¢ convencionais Pela Eq, (2) pode-se obter a correlagdio entre as deformagées real © convencional. ou L eee Observando a Eq, (23) tem-se finalmente b= In +0) 24) Os valores de 50 do « cio aproximadamente iguais até doforma- des de cerea de 0.1. A correlagiio entre as tensdes real e convencional pode ser deter minada da seguinte maneira, ax = Q/S;= Q/So So/S,. Como o volume do material permanece apro: nente constante na regio plasti (podendo-se desprezar pequenas mudangas elasticas de volume), tem- se que Sq Lo = S/L ou So/S;= L/Lo. Substituindo essa relagdo em (23), vem So. bo In Qs 5 be Observando a Eq. (24), vem 2) = ne b= Ind +H= Ine ou Sot 4, Isto @, Ensaio de tagdo 49 Substituindo o valor de S; dessa tiltima.relagio na Eq. (22), tem-se an = So +e Como Q/So é igual a a (Fq. 1), conclui-se que o o(l +e). (26) Observa-se entio que a tensio real € maior que a tensio conven- I, mesmo porque, a area da secgdo transversal apos a aplicagio de uma carga na zona plastica diminui, e que a deformagao conven- cional maior que a real (Eqs. 24 € 26). Assim, verifica-se pela Fig. 24 que a cada ponto P da curva convencional corresponde um ponto Q da curva real, onde P estd sempre & dircita e abaixo de Q. A curva real de tragdo & chamada curva de escoamento (flow curve), pois tepresenta ay caracteristicas de plasticidade do metal. Qualquer ponto nessa curva pode ser considerado como a tensio de escoamento para um metal deformado por tragio de uma quantidade dada pela curva, pois como ja foi visto no item 2.2.4(h) (Fig. 15), se a carga € removida ¢ depois reaplicada, 0 material se comportari elas- ticamente até atingit de novo 0 ponto de interrupgio da carga. A Fig. 24 [12] mostra om linha cheia a curva real até o ponto M’, que € 0 ponto correspondente & carga maxima atingida no ensaio (ponto -M na curva convencional). Apés ultrapassar 0 ponto M’, a curva de- veria scr, na maioria dos casos, linear até v ponty Ue fiatuta F” (curva tracejada). O estado triplo de tensdes promovido pela estricgao faz com que aumente a tenso longitudinal média necessaria para continuar a deformagio plastica, Para se calcular a tensio que existiria na ausén- cia desse estado triplo de tensdes, € necessaiio introduzir um fator que reduz.a tensao real medida durante o ensaio na menor segio da regio estrita. Desse modo, obtém-se a tenstio real corrigida mostrada pela curva pontilhada M'F, Bridgman, Aronofsky © Tegart apresentaram formulas de correcio, que so adotadas atualmente [10] [1] 2.3.3. Propriedades mecanicas obtidas no ensaio real A Eq, (23) € a expresso para se calcular o alongamento real. Analogamente ao método introduzido por Ludwik, McGregor [2] de- iu a estricgdo real. Se com a aplicagdo de uma carga, Qj, 0 corpo de prova ficar com uma secgao transversal, S;, um aumento na carga de dQ, produziré um decréscimo na secgio de dS;. Assim, a estriegao real para a carga, Q,, & dS,/S; €-para uma variagao da carga de O até até.a carga, Q, a variaciio da seccao sera de S, até Sea estriccao real sera dS fat S oem | [ms = (5) 50 ‘Ensaios mecénicos de materis meticos ou seja, or en Deve-se notar que S é a direa medida quando o corpo de prova esti submetido a uma carga Q. Como foi visto no item 2.3.2(b) que 3 = In $o/S; (Eq. 25), onde $, pode ser mudado para S, pois ambos representam a secgao do corpo de prova quando da aplicagio de uma carga, Q, observa-se que o= On. 28) Essa expressiio & importante na determinagio do diagramit real, como sera visto mais adiante, mas ela é vilida somente porque foi es- tabelecido que o volume permanece constante durante a zona plistica O limite de resisténcia real, 0, € obtido pela tensdo real na carga ‘maxima atingida no ensaio, Sendo S,, a secciio transversal do corpo de prova ao ser aplicada a carga maxima, Q,, vem a Sn Para a maioria dos metais, a estriegio comega quando é atingida carga maxima. Pode-se ter boa aproximagao, assumindo-se que a estricgdo comeyard ao ser atingido um valor de defor tensio real iguale a inclinagio da curva real, pois como foi visto na Fig. 24,a linha M’F’ (tedrica) é tangente a curva. Ao ser atingida a carga, Q,, pode-se calcular 0 valor da deformagao até essa carga (alongamen- 10 ou deformacao uniforme), que ser’, conforme a Expr. (25) (29) (30) € como o limite de resisténcia convencional é dado pela Eq. 6, tem-se 0, = Ons em oo) que correlaciona os limites de resisténcia real ¢ convencional ¢ a de- formacio real na carga maxima, Na Eq. (31), e € a base dos logaritmos neperianos. A tensio que dé o limite de ruptura real (carga na fratura dividida pela secgao do corpo de prova no momento da fratura, S,) deve ser corrigida pela triaxialidade do estado de tens6es, o que é muito trabalhio- ‘so para se fazer, de modo que essa propriedade fica sempre sujeita 8 error consideriveis. Entrotanta, a defarmagia real total (isto é no momento da fratura), andloga ao alongamento total dado pelo ensaio convencional, pode ser calculada pela Expr. (25), mudando apenas 0 denominador, Ensolo do tagio 61 Como a Expr. (24) niio é valida depois que comeca a do material, ela ndo pode ser usada para calcular 4,. Para corpos de prova circulares, a estricg’io @ do ensaio conven- cional pode ser correlacionada como 4, pela expresso oe", (33) 9 A deformagio ocorrida durante a estricglo (6,) pode ser deduzida da diferenga entre as Exprs. (32) ¢ (30) ou pela expresso derivada da Eq. (25) s, in 3 be= In 3 C4 2.3.4.Métodos para a determinagao. da curva real [2] Primeiro método. Pelas Eqs. (22) e (25) modificadas, pode-se con- figurar um método para a determinagao da curva de tragio real de um corpo de prova circular. Sabendo-se que BY é=in Si ou seja que tom-se que D = a (35) b=2In. D>" (35) onde Do € 0 didimetro inicial do corpo de prova e D é o diémetro apés a aplicagiio de uma carga Q. on & determinado por 49 on= 2. 36) xD (I Assim, com as simples medidas dos diferentes difmetros apds.a apli- cagio de cargas erescentes e com o difmetro inicial, pode-se construir © grafico até a ruptura do corpo de prova. Devem ser usados micrd- metros ou outros dispositivos especiais para medir os digimetros, D; 82 Enssiog mecincos ce matarss metas esses didmetros devein ser sempre os minimos observados ao longo do comprimento da parte itil do corpo de prova. Verifica-se isso per- correndo 0 micrémetro por todo o comprimento do corpo de prova desde o comeco do ensaio. E aconselhivel medir-se os didmetros sem- pre nas mesmas regides ou nos mesmos locais das medidas anteriores. Apis a aparigio da estriccdo, caso 0 corpo de prova nio tenha seccdo circular, deve-se conhecer bem 0 contorno da regido estrita para corti gir-se as lenses complexas que aparecem. Por exemplo, para secgio retangular do corpo de prova, pode-se obter uma boa aproximagao, ssumindo que o lado maior do reténgulo tome a forma parabélica, ficando reto 0 lado menor. Nese caso, antes da estriegio; a secgio € medida pelo produto da largura e da espessura, sendo estas dimen- sdes medidas em diversos pontos ao longo do comprimento itil do corpo de prova. Nos corpos de prova circulares, porém, a simples medida dos didmetros até a ruptura do corpo de prova ja fornece a curva exata. A Fig, 25 mostra a curva obtida por esse método para um ago inoxickivel 304 em corpo de prova circular e também uma com- paragdo com a curva convencional Esse método é limitado a ensaio de tragdo com velocidades de deformagdo bem lentas © sempre a temperatura ambiente. Segundo método. As Eqs. (24) € (26) permitem calcular as tensdes ¢ deformacées reais em funcio das tensdes ¢ deformacdes convencio- hais, Assim, 0 ensaio de tragdo convencional ja visto pode servir tam- bém para tragar a curva real. Entretanto, essas expressdes 86 sto pre- 4 8 | 1 Cuvafonvangonst | X “Tensio real ou convancional (kgm 002 0A 06 08 10 12 14 16 ‘uv convenetonsl (main) onal e curva real (pelo Primeico método) para um ao ino- Figura 25, Curva conver xidivel 304 (2 Enssio de wapio 53 . 4 ai T 140 m + Pe A ot cx Cuna convencionat | \ A 0 01 02 03 04 06 06 07 08 DeformesBo real ou convenciona (nin) Figuen 26, Curva convencional ¢ curva real (pelo Segundo método) para um 350 ino- xidivel 308 (2). “Tensio rest ou convencional(ket/mm?) ccisas e validas até ser atingida a carga maxima. Com o apare da estricgao, elas deixam de ser aplicadas, uma vez que a maior por- Gao da delormagao se localizara na regiio estrita, como foi visto, ¢ com isso dependera essencialmente do comprimento inicial de medida (ou do brago do extensémetro usado). Esse método tem portanto grande limitagao, além de exigir que a deformagao axial seja, desde 0 inicio do ensaio, uniformemente distribuida pela parte ditil do corpo de prova (ou pelo braco do extensémetro), pois essa restrigo foi im- posta pela condigéo de constancia de volume para a dedugio das expresses citadas. A Fig. 26 mostra um grifico tragado por esse mé- todo para o mesmo material da Fig. 25 ¢ também a curva convencional cortesponidente. Verifica-se a completa diferenga entre a forma dos grificos reais das duas figuras, apés atingida a carga maxima, Terceiro método. (McGregor ~ 1939). Nesse método € usado um corpo de prova circular, tendo a parte itl ednica (ndo-paralela) para localizar a ruptura na menor secgao. A Fig. 27 apresenta a forma e dimensdes do corpo de prova, Medem-se, com um micrémetro ou ‘um calibre com mostrador ou um omparador, os diversos didmetros, Dig, em diversos locais do corpo de prova conforme a figura. O en: saio é realizado até a ruptura do. mesmo ¢ durante o carregamento siio anotadas apenas a carga méxima atingida, @,, € a carga de rup- tura, Q,. Depois de rompida a amostra, sto de novo medidos os dia- metros, D,, nos mesmos locais medidos anteriormente. As tensdes reais 54 Lnssios mecdnicos de materss matsicas Figura 27, Corpo de prova circular com conicdde para ensaio de tragdo, conforme 0 Tereciro método (McGregor). As medidas sio fornccidas em polegadas (2) so calculadas pela carga maxima, Q,, € pelos didmetros, D,, conforme a Expr, (36), isto 4Q, o xD? Até ser atingida a carga, Q,, a variagio da séegao transversal do corpo de prova produz valores de tensdes que cobrem toda a regido plistica do material, Pela localizagiio da ruptura, os difimetros, D), medidos pérntanecem praticamente os mesmos depois de ser ultrapas- sada a carga, Q,, até a carga de ruptura, Oy. Assim, as tensdes reai desde o inicio da plasticidade até a carga Q,, podem ser determinadas através da carga maxima e os valores dos didmetros nos diversos pon- tos, conforme a expressio acima. As mesmas consideragdes so validas para o calculo das deformagées reais, as quais sdo calculadas pela Expr. (35) 2in2e, Com os valores das tensdes ¢ das deformagdes reais determinados, obtém-se a curva até 0 ponto A correspondente ao 0 (Fig. 28). Pode-se depois obter 0 ponto B, o qual é determinado pela tensio real na roptura, através da Expr. (26), ou seja A on OE Ensaio do agi 55 oy : 8 n F = = argo Eel | Je re 2 ngs mn ca {eras maxima 3 4 26, “ 002 04 06 08 10 47 14 16 Deformagi rea (ven) Figura 28, Curva real (pelo Teresiro método) para um ago inoxidivel 3 [2 € pela deformagio real na ruptura, calculada pela Expr. (35), ou seja ino 6 ii onde Dg € Dy sio respectivamente os difmetras médidos antes ¢ apbs a ruptura na menor secgito do corpo de prova (que é onde se localizar’ a ruptura). Pelo primeiro método, foi verificado que a curva entre os pontos A eB pode ser assimilado a uma linha reta, de modo que se completa grafico, unindo-se A ¢ B com uma linha reta, conforme mostra a Fig. 28. Desse modo, bastando anotar as cargas maximas e de ruptura e 0s diversos didimetros antes e depois do ensaio, pode-se obter a curva real por esse método. A grande vantagem desse método, porém, é a de se poder tracar curvas reais por meio de corpos de: prova envasiados a temperaturas-altas (ou baixas), onde seria dificil fazer-se medigées continuas durante 0 ensaio, ou ensaiados com velocidades de defor- magio muito altas, que também dificultaria as medigdes necessirias exigidas pelos dois métodos anteriores. A desvantagem do método é a de ser preciso a usinagem de im corpo de prova mais complicado, além de poder conduzir a erros 0 cmprego da conicidade. A conicidade promove uma nao-uniformidade da distribuicdo das tensdes, que por sua vez provoca a nao-uniformi- dade da velocidade de deformagao ao longo do corpo de prova, mesmo sendo usada uma mesma velocidade de ensaio imposta pela mi Esses erros, porém, podem em muitos casos ser considerados nificantes, 56 -Enssios mecSnicos de mates metsicos 2.3.5, Relagiio matematica entre a tensdo real ¢ a deformagio real ‘A curva real pode ser aproximadamente representada pela expres- sto exponencial do tipo og = Ko" a onde K en sdo constantes para cada material, denominados respecti- vamente “coeficiente de resisténcia” e “coeficiente de encruamento”, que deserevem completamente a forma da curva real. Embora essas, ‘grandezas sejam considerads como constantes, elas podem variatr con- forme o tratamento a que o material foi submetido previamente, isto & para um mesmo material, os valores de Ke de podem ser variados conforme o tratamento a que o material for submetido. A Expr. (37) foi proposta através de estudos de ensaios de tragio realizados em agos e, portanto, ela & valida mais precisamente para esses materiais, E de se notar que essa expresso & aplicada somente ao trecho EM" da curva da Fig. 24, ow seja, a zona plastica do material K mede a tensio real quando 6 ~ 1,0, tendo, portanto, dimensdes de tensio, Seu valor fornece alguma indicagdo do nivel de resisténcia do material. O valor de 1, porém, é considerado como uma caracteris- tica de grande importincia, pois ele fornece a medida da capacidade ou da habilidade do material poder distribuir a deformagao unifor- memente, principalmente para o estudo dos agos para estampagem, Em outras palavras, n mede a capacidade de encruamento do material. Quanto maior for o valor de n de um material, mais ingreme sera a curva real desse material ¢ mais uniforme a distribuigio das defor- magdes na preseniga de um gradiente de tensdes: e em conseqiiéncia, para materiais com valores baixos de n, sua curva sera mais horizontal (Fig. 29) [14]. Pela Expr. (37), verifica-se que w & uma grandeza adi- mensional. Reportando novamente a Fig. 24, no ponto M da curva conven- cional, sendo esse o ponto de carga maxima, tem-se que dQ = 0. Pela Eq, (29), tem-se que Q,=oy5y Ou simplesmente Q= 3,5. Dai, ver que dQ=aydS + Sdoq. O produto $+ L sendo constante [onde L tem o significado dado pela Expr. (23)}, obtém-se SdL + LdS = 0; portanto, ~ds/S = dL/L. Combinando essa equacdio com as expresses aacima sobre dQ, vem doy /y = dL.) L= do [deduzido pela Expr. (23)]: portanto, do,/dd = oq. Derivando a Expr. (37) no ponto M" da Fig. 24 (correspondente ao ponto M) com relagiio a 3, tem-se que doy/dd = Ken d= Ko", Dat, conelurse que 0 no ponto M™ ou n= In(l + eh (38) Ensaio de trapho 87 gi Alton a=kP 1-05, 02 03 of 08 etormagdo real (om/inm Figura.29. Dois materais metalicos com niesmo limite de escoamento, porém com valores de w diferentes, Em conseqléncia, as curvas reais sio diferentes [14] onde £, é 0 alongamento uniforme do ensaio convencional, isto & 0 alongamento até 0 ponto M da Fig. 24 [ver item 22.4(j)}. Alguns valores de'n € de K so fornecidos na Tab. 7. Para deter- minar esses valores, 0 modo mais conveniente & transformar a Expr. (37) em logaritmos.e tragar 0 grifico em papel log-log. Assim, log an = log K + n lov 6. ‘Tabela 7. Valores tipioos de Ke de n par alguns materia & temperatura ambiente Me) Noctis Tame ete TAC ebesene 87,0) Reoio 09a 2 Mew agp aad Rewride« mio ‘to su aay at 3 Memo ago decatorinds Reoride Se Gt tat 4 hep bate, cae eo ess ast 5S Aeg sar eno Resto tke aust te srs st 7 Ae inne 0 0 eoriso hor amt Ag sare Reoride ‘sa 9 AoC 10746 ‘Tempco €reeno ‘ech a Agee ware) Tempers erie morc) rege 1 cobee Ress ms ase 1s Aiomino 245 Akon) Redo a att He ‘Aloming RID eyes) Reco md aaa 1s Tan = = ‘70 " 68 Ensoioe mecSnicoe do mates meticos BoB ae “Tensio real (kgfimm2) Oy 10 Deformsgéo real (mien) 30, Determinagio dos valores den e de K na curva log-log [14] (© que di um grafico em linha reta, caso o material obedega a essa lei exponencial perfeitamente. A Fig. 30 [14] indica os valores de ne K tirados da rota. Para fazer os valores das tensdes © deformagies reais determinarem uma linha, a mais reta possivel, é conveniente subtrair a deformagio elastica da deformagig total; caso nao seja feita essa subttagio, sero encontrados em varios materiais desvios da lineari- dade para pequenas deformagies (Fig 17] Fatretanto, para gran. des deformagoes, ocorre sempre algum desvio ocasionado pela in- fuéncia do comego da estrivgdo. O valor de n é o dado pela inclinagdo da reta (ver Fig. 30). Existem outros métodos para a determinagao de n prineipalmente, mas o leitor poder se aprofundar mais no assunto, recorrendo bibliografia existente neste livro [12] [14]. Figura 31, Desvio da lincaridade dda curva real loglog para grandes © pequenas deformagoes [2] Log tena reat * |Log. doformapéo reat Enea do tragdo 69 2.3.6. Indice de anisotropia 44 foi mencionado que as propriedades mecénicas de um material trabalhaco mecanicamente (laminado, forjado, estampado, ete.) po- dom variar conforme a diregio om que se retira o corpo de prova para ensaio. Esse fendmeno é chamado de anisotropia. A anisotropia ‘aparece por causa da orientacao preferencial dos griios do metal apos uma grande deformagio por trabalho mecanico (anisotropia cristalo: grdfica) ou devido ao alinhamento de inclusdes, vazios segregayiio ou alinhamento de uma segunda fase precipitada por causa também de trabalho mecanico. ‘Um valor til para se avaliar a anisotropia plistica & 0 indice de anisotropia r, que é definido [12] pela relagdo entre a deformacio real na largura, dy, dividida pela deformagio real na espessura, 6, do corpo de prova durante o ensaio real. Medem-se a largura e a eS. pessura em diversos pontos da parte itil do corpo de prova antes do ‘ensaio e depois de ser atingida uma carga especificada (por exemplo, a carga méxima ou uma carga que dé uma deformagéo qualquer, scja 20%). Com os valores obtidos, calculam-se as deformagoes atingidas 4,-€ 3, € colocam:se essas deformagdes num grafico, tendo d,, em orde- nnadas ¢ 6, em abscissas. Para a maioria dos metais, o grifico resultara em uma linha reta. O valor de r sera a inclinagdo da reta, podendo também ser abide pela fSrmula In (p/w) Anbovg/ve) In(Gy/to) * ia onde ip ¢ fo Sao a largura e espessura iniciais medidas antes do ensaio © wy € ty, a largura e espessura finais, apés.uma carga Q especificada. Verifica-se que r € um valor adimensional. A medida da espessura, porém, pode ocasionar crros grandes, de modo que se pode substituir a Expr. (39) pela expresso seguinte, valida devido @ consideragio de conetineia de volume durante a deformagio plastica In (wo/w,) a Ta (ly wyllo Wo) * (0) onde [y e [y sto os comprimentos inicial ¢ final, respectivamente, ‘A variagéio dos valores de r, determinados cm corpos de prova iados num mesmo plano de um metal trabalhado, porém, retira- dos em diferentes diregées,.é chamada anisotropia planar (Ar) [12]. Esse valor é muito importante, principalmente para estudos sobre es- anpagens clos miclais. A formula para 0 edleulo de r € a segul Yo + Yoo ~ 2ras Ar = Fa Pog Atss | (41) 60 Ensaios mecdncos de matras meticos onde os subindices de r representa os valores de r para corpos de prova retirados a 0°, 90° ¢ 45° da diregaio de laminagao da chapa, Para um material perfeitamente isotrépico, r devera ser igual a 1. Outra maneira de variagao de r & na diregio normal & superficie da chapa laminada. O-valor'7, den otropia. normal [12], € dado pela expressio pa tot 2ras + P50 Fa ot ast hs8 (42) A Fig. 32 mostra essas duas possibilidades de variagdo de r. Nao € intento deste trabalho aprofundar-se, mais sobre o assunto: o leitor poder’ ter mais informagdes, consultando a bibliografia no fim deste livro [12] [14]. A Tab. 8 Torece alguns valores tipicos de r para diferentes ma- teriais. Tabela 8. Valores tipicos do indice de anisotropia [14] Material Indice de anisotropia + ‘Aco normalizado ‘Ago eferves ‘Ago acalmado com aluminio Cole e lane, Chambo Metais com future hexagonal compacta Figura 32. Variagio do indice de anisotropia r com 0 fngulo que 0 exo do corpo de prova faz com a diego de lamina. io 112} e 48° ‘90° 61 sobre 0 ensaio real O ensaio real durante @ zona eldstica nao difere muito do ensaio convencional, de modo que as propriedades mecinicas vistas atras, que sto fungdes exclusivamente do regime clastico do material, como limite de escoamento, rigidez ¢ resiliéncia, sto praticamente as mas, quando calculadas pelo ensaio real. No entanto, as props {que so determinadas na zona plistica, tais como limite de resisténcia, ductilidade ¢ tenacidade, diferem apreciavelmente do ensaio conven- cional. Assim, verifica-se que 0 limite de resisténcia real, 64, dado pela Expr. (29), € maior que o limite de resisténcia convencional, «,, dado pela Expr. (5), porque S,, € menor que Sq. A relagio entre a, & 0, € & seguinte eo 4) onde 6, & 0 alongamento uniforme convenci A ductilidade real € baseada na deformagao até a carga méixima somente ¢ corresponde ao alongamento real. Para manter a mesma forma da Expr. (7) do ensaio convencional, 0 alongamento real, An. € obtido, multiplicando-se o valor da deformagdo na carga mitxima, Sy, por 100, Assim, a medida da ductilidade real sera Ag = 1005, = 100 In (1 + 44). 1, conforme foi visto no item 2 (005, = 100n, (4a) Analogamente ao valor de A do ensaio convencional, quanto maior Ag, mais dictil é 0 material. A tenacidade real pode também ser determinada pelo mesmo método usado no ensaio convencional, porém utilizando’o grafico real tS @ carga maxima somente, preferivelmente através Ua dca dotei~ minada pela Expr. (37) para os materiais mais diicteis, Desa maneira, pode-se calcular o médulo de tenacidade real, Uy, resultando na expressio seguinte [2], Como 6, Kopt! Knit! u’ eat n+l a4! 4s) Note-se que os cileulos das Exprs, (44) ¢ (45), wilizando o valor dé n, devem ser usados para materiais diicteis. onde ac achatada, 0 que dificultaria @ determinagao de 6,,.. Para materiais mais cis, o uso de 1 ndo & muito interessante, porque a determinagao ded, pode ser feta com malor preciso © mais facilmente. 62 Ensoioe meciicos de merits metsicos 2.3.8. Instabilidade devida ao comego da estricgéo Todo 0 metal sofre © processo de eneruuamento, que tende sempre a aumentar a carga necesséria para produzit um acréscimo de defor- magao durante o regime plastivo. Esse efeito é contraposto pela di minuigao gradual da secgao transversal do corpo de prova, a medida que ocorre o aldngamento do metal. A estricgao, que & uma defor- magio localizada, comeca ao ser atingida a carga maxima, onde o aumento da tensio devido ao decréscimo da secgo transversal torna-se maior que o efeito do encruamento. Em outras palavras, depois de atingida a carga maxima, o metal ainda continua a encrwar, mas a ume velocidade muito pequena para compensar a redugio da secgiio trans- versal do corpo de prova. A deformacio torna-se entdo instavel © 0 metal nilo pode encruar suficiente para elevar a carga a fim de con tinuar a deformagao ao longo do corpo de prova, ficando entéio a deformagdo localizada na regido onde ocorre a estricgio, até que acontega a ruptura do material nessa zona estrita, Essa condigio de instabilidade & definida pela condigéio dQ = 0. Como Q= ain o i a ait osetia * £ o 2 lso. wu A 140 ae ES 7 oo 0S aie aa =o Teo we ‘S ‘s Figura 41, (a) Variagao da curva tensdo-deformagio com a temperatura para um ago doce: (b) variagto de 9, 6, € y com a temperatura para os agos-carbono; (€) a fig- +a (b) especifica para 0 ugo-carbono com 0,37", € normalizado [3]: (A) variagdo de a, € A para os bronzes de manganés (3) Nos agos-carbono, o aumento dos limites de resisténcia ¢ de escoa- mento observado por vitrios autores [26] em ensaios efetuados em baixas temperaturas (tracionando os corpos de prova imersos num recipiente contendo misturas criogénicas) nao € paralelo, Esses autores verilicaram que quanto mais baixa for a temperatura, maior sera o aumento do limite de escoamento em relagao ao limite de resisténcia, isto é menor sera a regio plastica do material, corroborando assim com 0 que foi mencionado no parigrafo anterior. Nao obstante, outros autores verificaram o inverso, ou seja, 0 aumento da resistencia & maior que 0 aumento do escoamento [3] [26]. Nos estndos desse tipo de ensain, 2 haixa temperatura, 0 encaia de uagio real fornece resultados mais comparaveis e desse modo, pode-se ter confirmagao sobre qual das duas assertivas acima esta mais correta ou se ambas se aplicam conforme o caso. Estudos a esse 76 [Enssios mecSnicos de ratorioe metsicas respeito deverdo ser feitos no futuro. Pelo que jit foi realizado, verili- cou-se que a influéncia da temperatura depende essencialmente do teor de carbono dos agos. No encruamento dos metais ¢ ligas que eristalizam no sistema CFG, a temperatura tem grande influéncia, pelo menos para alguns casos, conforme seré visto no proximo item. O valor den da Expr. 3?), para a prata, com uma deformagao de 0,1, cai, ao se aumentar a temperatura dé ensaio, quase que linearmente de 0,6, a 20°K, para 0,l,a 873°K (Tegart, 1966) [10]. Para os metais desse sistema, s6 exis tird temperatura de transigao dctil-fragil se eles contiverem elemen- tos de liga fragilizantes, como € 0 caso, por exemplo, das ligas cobre- -bismuto, No caso de metais cligas do sistema HC (zinco, magnésio, eédmio, coballo, titdnio, etc), a influéncia da temperatura é em geral semelhan= te aos dos metais CFC, mas poucos foram os estudos realizados com esses metais em baixa temperatura [10]. Sabe-se contudo que a ducti lidade se teduz muito com o decréscimo da temperatura, havendo sempre a temperatura de transigéo, ficando os limites de resistencia © de escoamento pouco varidveis. 2.6.2. Temperaturas superiores & ambiente A regio plastica dos metais se deve principalmente & movimenta- gio das discordancias no interior da estrutura cristalina, conforme jé foi mencionado, ¢ & movimentagio dos contornos de grio. Com a clevacio da temperatura, essas movimentagdes se tornam mais inten- sas, devido maior facilidade das discordincias em ultrapassar os obsticulos que a eles se interpdem, diminuindo assim a capacidade de encruamento do metal ¢ aumentando o tamanho da zona plastica Esse conceito vale para todos os ensaios mecinicos, quando eles sio ofetuados a altas temperatura, ‘Assim, em geral, a resisténcia eo médulo de elasticidade do metal ou liga diminuem ¢ a ductilidade aumenta quando a temperatura do ensaio sobe acima da ambiente. Isso ¢ obedecido, porém, caso esse aumento de temperatura nao provoque nenhuma mudanga estrutural na liga metélica (Cap. 11). A curva tensfo-deformagao se achata (Fig. 4l{a)}, provando assim que o coeficiente n de encruamento diminui em altas temperaturas, Esse comportamento também depende, como ‘no caso anterior, do sistema decristalizacao do metal ou liga. A Fig. 4I(b) mostra 2 varinglo de o,, a @ @ para of agos om goral 9 a Fig, 1l(c) para um ago 0,37% C normalizado (MeVetty) [3]. Note-se que em temperaturas nao muito altas (de 100 a 300°C), ha um aumento de @, ¢ de a, com pequena queda de @, devido a fragilidade ao revenido Ensaio de vagto 7 (hlue brittleness) [1] [29] [33]. Esse eftito se explica pela ago de im- purezas ‘ou elementos de liga intersticiais (solugao sélida onde os ‘tomes do soluto se localizam em posigies intersticiais em relagio {08 iitomos do solvente) no caso clos agos ou substitucionais (todos os ‘tomes ocupando posigdes equivalentes no reticulado cristalino) no caso de ligas ndo-ferrosas, que provocam um eneruamento acelerado nessas lemperaturas. Esse cfeito & pois encontrado igualmente em Outros metais ¢ ligas, como por exemplo © moliblénio (100-600 °C), duraluminio € ligas aluminio-magnésio (0-100 °C), lato x (200-300 °C) § Outros. Durante o ensaio feito em uma méiquina dura [item 22.4(e)), { Qbservado um escoamento em forma de “serra” ou “repetido” (tan, bém conhecido por efeito Portevin-Le Chatelier) [1] [29] [33] asso. indo a esse efeito. Esse escoamento em forma de seria € explicado elo fato de que © tempo necessirio para a difustio dos dtomos de in. (crsticiais para as discordancias € menor, nessas temperaturas telati, mente altas onde o fendmeno ocorre, do que o tempo necessirio durante o ensaio em t mais baixas, Em outras palavras, hhessas (emperaturas os itomos de soluto so sulicientemente moveig part conseguirem migrar para as discordiincias méveis e portanto a libertagio dessas discordancias das impurezas édificultada ou repetida Sucessivamente (Cottrell, 1954) [27] [29]. No caso de atomos substi- lucionais, esse soluto tem sua difusao intensificada devido a deforma sao, dificultandy pelo mesmo processo 0 escoamento (Kambém, core forime a teoria de Cottrell). A fragilidade ao revenido provoca tambem Hos gos um minimo de sensitividade a velocidade de deformagao, acontecendo o inverso em outras temperaturas. Na realidade, a "serea® climina o limite de escoamento superior, a curva plistica se torna ine- nor, isto é diminui a ductilidade ¢ 0 material se rompe com cariter {ragil. Portanto, ha também uma diminuigao da resistencia no impacto © ensaio de tracdio em temperatura elevada é realizado ein mi, quinas que contenham um dispositivo especial para nele ser acoplado tum Forno. © corpo de prova fica dentro do lorno na temperatura de, scjada e ¢ tracionado da mesma maneira que no ensaio a temperatura ambiente, Metais e ligas do sistema CFC (niquel, por exemplo) sofrem em geral pouca alteragio com a temperatura. Tungsténio, ferro e molib. dénio (CCC) variam bastante [Fig. 40(a) e(b)] [1]. Assim a ductilidade dos metais ¢ ligns CFC apresenta-se quase constante ao longo de uma grande faixa de temperaturas. No caso de metais e ligas do sistema hexagonal compacto (HC), o efeito & semelhante ao dos metais CFC. Os metais CCC sofrem também a influcucia de impurezas ou elonen, rel liga intersticiais como foi visto no caso do molibdénio. A Fig, 41(¢) mostra um exemplo de dados praticos obtidos no ensaio de tragae 4 diversas temperaturas como bronzes de manganés, conforme est 78 Enssios mecdncos de materais metsicos dos de Lea [3]. Seguindo mais ou menos essa variagio em a, © A, também estio as ligas de aluminio-cobre ¢ aluminio-silicio. Ensaios de tragao efetuados a altas temperaturas — porém abaixo da temperatura de recristalizagio do metal — so mais intensamente influenciados pela velocidade de deformagio do que ensitios em tem- peratura ambiente. Principalmente nos metais CFC, quanto maior for a velocidade de deformagao, mais a parte plastica da curva tensio~ “deformagao seri deslocada para a esquerda, isto é maior seri a sua inclinagio com relagio ao eixo das deformagdes. Esse efeito & por- tanto, 0 oposto do efeito causado pela temperatura nos ensaios de tragao com velocidade de deformagio normal 2.6.3. Técnica de ensaio © equipamento para ensaios em alla temperatura deve ser cons- tituido de materiais capazes de suportar as tensdes aplicadas sem de- formagio excessiva, A temperatura deve ser uniforme em todo o corpo de prova. ‘As miquinas de trago mais comuns produzem aquecimento por meio de radiagéo ou por resisténcia elétrica. Os corpos de prova de- vem ser isolados do meio ambiente, e a medigao da temperatura & feita por meio de pares termoclétricos, colocados ao longo do corpo de prova em posigdes igualmente espagadas, para sc conhecer a uni formidade da temperatura. No Cap. 9 sfio mencionados mais alguns detalhes sobre 0 aquecimento dos corpos de prova para tragio em alta temperatura,

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