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GRUPO I
Leia o excerto do Canto IX d’Os Lusíadas que se apresenta. Em caso de necessidade, consulte as notas.
66 Mas os fortes mancebos, que na praia
Punham os pés, de terra cobiçosos
(Que não há nenhum deles que não saia),
De acharem caça agreste desejosos,
Não cuidam que, sem laço ou redes, caia
Caça naqueles montes deleitosos,
Tão suave, doméstica e benina,
Qual ferida lha tinha já Ericina1.
4
cervos: veados.
altas sestas: altura do
A Deusas é sagrada esta floresta. dia em que se faz sentir
Mais descobrimos do que humano esprito mais calor.
5
queda: quieta, calma.
Desejou nunca, e bem se manifesta 6
leda: alegre.
Que são grandes as cousas e excelentes 7
humanas rosas:
mulheres.
Que o mundo encobre aos homens imprudentes9. 8
Veloso: marinheiro que,
em alguns cantos da
70 «Sigamos estas Deusas e vejamos epopeia, no plano da
viagem, tem função
Se fantásticas são, se verdadeiras.» de narrador.
9
Isto dito, veloces mais que gamos10, imprudentes:
ignorantes.
Se lançam a correr pelas ribeiras. 10
gamos: animal
Fugindo as Ninfas vão por entre os ramos, semelhante ao veado.
11
industriosas: ardilosas,
Mas, mais industriosas11 que ligeiras, astutas.
12
Pouco e pouco, sorrindo e gritos dando, galgos: cão muito
esguio, utilizado na caça
Se deixam ir dos galgos12 alcançando. de coelhos e lebres.
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5
Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1
Indique qual a intenção dos marinheiros no momento do desembarque na ilha. Justifique a sua
Luís de Camões, Os Lusíadas
2
Os marinheiros acabam por encontrar outra caça «suave, doméstica e benina» (estância 66, v. 7).
Mostre que o Poeta joga com a adjetivação e o campo semântico do vocábulo «caça», de maneira
a antecipar os eventos do episódio.
3
Os momentos a que as estâncias se referem são descritos com particular minúcia.
3.1 A
presente a caracterização que é feita dos marinheiros portugueses, comprovando a sua resposta
com citações das estâncias.
3.2 D
emonstre que a descrição que é feita da ilha remete para o universo sensorial. Transcreva três
versos exemplificativos.
GRUPO II
Leia o texto seguinte.
Por outro lado, nos dois casos há um imperativo prático ligado à navegação a correlacionar também
as duas passagens: na primeira estância, os nautas precisavam de fazer aguada; na segunda, seguem viagem,
devidamente aprovisionados. A transfiguração mítica operada pelo episódio da Ilha ocorre pois a partir de
uma situação de necessidade concreta ligada à preparação logística da jornada que assim arrancava. E diga-
20 -se, de passagem, que Camões localiza a Ilha pouco depois da partida das naus, ao iniciarem o seu regresso
a Portugal: os navegadores desejam prover-se de água para um tão longo trajeto, o que não arredaria a
hipótese das Seychelles, onde se encontra a «Ilha do Almirante», para quem se obstinasse a procurar uma
correspondência efetiva entre a sede do episódio mítico e a geografia do mundo.
Em terceiro lugar, temos que a expressão «Ilha namorada» é usada duas únicas vezes, exatamente
25 no início e no fim do respetivo subepisódio, entre a chegada à Ilha e a partida dela, e portanto a abri-lo
e a fechá-lo com essa referência qualificada, o que se estende por nada menos de 188 estâncias, 45 no
Canto IX e 143 no Canto X. Ao longo dele, a adjetivação das propriedades da Ilha vai toda no sentido do
prazer: «fresca e bela» (IX, 52), «fermosa, alegre e deleitosa» (IX, 54), «angélica» (IX, 89), sendo-lhe também
referidos «os deleites» (IX, 89) e «os gostos» (X, 73).
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5
30 Porei de lado a sequência mais do que conhecida e interpretada: avistamento da Ilha, desembarque,
encontro da natureza luxuriante, perseguição das Ninfas, banquete, ascese e contemplação da máquina do
mundo, profecias de Tétis, partida para Portugal, limitando-me a apontar o trajeto articulado do amor físico
1
Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, selecione a opção correta. Escreva, na folha
de respostas, o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.1 O
título do texto de Vasco Graça Moura chama a atenção para o facto de a ilha referida nos Cantos IX
e X d’Os Lusíadas
(A) não ter existência geográfica.
(B) não se denominar «ilha».
(C) não possuir a denominação atribuída tradicionalmente.
(D) possuir uma denominação mais acertada.
1.2 No segmento «[…] "amada" refere-se a pátria e "namorada" à Ilha» (linhas 11-12), o enunciador
(A) destaca os adjetivos que caracterizam a ilha.
(B) aponta para uma referência adjetival.
(C) introduz uma comparação entre «pátria» e «ilha».
(D) utiliza uma elipse da forma verbal.
1.3 S egundo o texto, o «imperativo prático» (linha 16) que obrigou os marinheiros a aportar à ilha
namorada corresponde
(A) à necessidade de abastecimento de água potável.
(B) à necessidade de encontrar água.
(C) à obrigação de parar antes de iniciar a longa navegação até Portugal.
(D) à necessidade de caçar.
1.4 O referente «-lo» (linha 25) é
(A) «início» (linha 25)
(B) «fim» (linha 25)
(C) «subepisódio» (linha 25)
(D) «do respetivo subepisódio» (linha 25)
1.5 O texto apresentado pode enquadrar-se na tipologia
(A) narrativa.
(B) expositiva.
(C) demonstrativa.
(D) descritiva.
ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 10.o ano • Material fotocopiável • © Santillana 271
5
2 Responda aos itens apresentados.
2.1 Identifique a função sintática desempenhada pelos constituintes indicados.
Luís de Camões, Os Lusíadas
GRUPO III
«Trata-se sobretudo de sublinhar, quando a intolerância e a crueldade se instalaram oficialmente como formas
sociais, como o Amor é conquista e rendição, mas acima de tudo posse e dádiva, e prazer que nenhuma moral
tem direito de limitar; os atos do Amor são a divinização dos heróis […]»
Jorge de Sena, «Aspetos do Pensamento de Camões através da estrutura linguística de Os Lusíadas»,
in Actas da I Reunião Internacional de Camonistas, Lisboa,
Comissão Executiva do IV Centenário da publicação de Os Lusíadas, 1973, p. 30.
A partir da afirmação de Jorge de Sena apresentada acima, que diz respeito à simbologia da Ilha Namorada
d’Os Lusíadas, construa um texto expositivo bem estruturado sobre a importância do Amor enquanto
recompensa n’Os Lusíadas.
O seu texto deve ter entre cento e vinte e cento e cinquenta palavras e obedecer à tipologia do texto
expositivo.
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