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Nº 1156/2018 – LJ/PGR
Sistema Único nº 200690/2018
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I
Consta dos autos que o paciente foi denunciado, em conjunto com ANDRÉ
GUSTAVO VIEIRA DA SILVA, ÂNTÔNIO CARLOS VIEIRA DA SILVA JÚNIOR, ÁLVARO JOSÉ GALLIEZ NOVIS,
FERNANDO LUIZ AYRES DA CUNHA e MARCELO BAHIA ODEBRECHT, pela prática dos crimes de
corrupção, lavagem de dinheiro, pertinência à organização criminosa e obstrução à
investigação de organização criminosa, por ter, na condição de Presidente da Petrobrás,
solicitado e recebido do Grupo Odebrecht vantagem indevida de R$ 3.000.000,00 (três
milhões de reais), entre junho e julho de 2015.2
A defesa interpôs, então, agravo regimental, que foi improvido pelo Tribunal de
origem.5
1 Fl. 1/19
2 Ação Penal nº 5035263-15.2017.4.04.7000/PR, da 13ª Vara Federal de Curitiba (fls. 348/349).
3 Fls. 447/448.
4 Habeas Corpus nº 5004551-56.2018.4.04.0000.
5 Fl. 292.
HC nº 157.627/PR 2
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
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Contra tal acórdão, a defesa impetrou, no Superior Tribunal de Justiça, o
Habeas Corpus nº. 437.855/PR, buscando o reconhecimento do direito de ALDEMIR BENDINE
apresentar suas alegações finais após os corréus/colaboradores.
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Na presente impetração, a defesa de ALDEMIR BENDINE reitera a argumentação
aventada perante o Superior Tribunal de Justiça, no sentido de ser ilegal a abertura de prazo
comum para apresentar alegações finais por todos os corréus, sejam eles colaboradores ou
não. Sustentam os impetrantes que “há constrangimento ilegal porque as garantias
constitucionais do contraditório e da ampla defesa asseguram o direito de o acusado se
contrapor a todas as cargas acusatórias” e que as manifestações dos coacusados
colaboradores têm nítido teor acusatório.
II
No caso dos autos, a ação constitucional foi utilizada para suspender o curso
da ação penal, sob o escopo de garantia dos princípios do contraditório e da ampla defesa,
buscando, sem motivação plausível, o afastamento de normativa processual expressa que
estabelece prazo comum aos réus para oferecer memoriais escritos. Todavia, é certo que, do
ato originariamente apontado como coator e pela moldura fática apresentada por meio do
acórdão combatido, não se positiva qualquer ilegalidade no compasso procedimental e nem
mesmo risco ao direito de ir e vir do paciente.
HC nº 157.627/PR 4
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
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Denota-se, na verdade, que o mandamus está sendo utilizado, no presente caso,
com a finalidade de se enfrentar, de modo precoce, questões de índole meramente
processual, cuja discussão tem lugar no curso do própria ação penal ou mesmo em sede
recursal. Aliás, como bem destacado no acórdão proferido em 2ª instância, “tem chamado
a atenção, em especial no âmbito das ações penais que guardam relação com a
denominada 'Operação Lava-Jato', a frequente utilização do habeas corpus” para debater
matérias absolutamente estranhas ao incidente, que dizem respeito à instrução do processo
e sem qualquer repercussão na liberdade de locomoção, comportamento que não pode ser
tolerado pelos Tribunais Superiores Pátrios, muito menos por essa Suprema Corte.
HC nº 157.627/PR 5
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RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. FURTO
QUALIFICADO. RESPOSTA À ACUSAÇÃO. RECEBIMENTO DE DENÚNCIA.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. DECISÃO
SUSCINTA QUE REFUTOU ADEQUADAMENTE TODAS AS TESES
DEFENSIVAS. RECURSO IMPROVIDO. 1. O juízo de primeiro grau, ainda que de
forma concisa, registrou a presença dos requisitos viabilizadores da ação penal,
postergando as questões referentes à análise probatória para o momento adequado (=
fase instrutória), não havendo falar, por isso, em nulidade da decisão por ausência de
fundamentação. 2. Ademais, não se pode afirmar que a decisão que rejeitou as
questões suscitadas na resposta à acusação (CPP, art. 396-A) implique
constrangimento ilegal ao direito de locomoção do paciente. A defesa terá toda a
instrução criminal, com observância ao princípio do contraditório, para sustentar suas
teses e produzir provas de suas alegações, as quais serão devidamente examinadas
com maior profundidade no momento processual adequado. 3. Recurso ordinário
improvido. (STF, RHC 120267, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda
Turma, julgado em 18/03/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-065 DIVULG 01-
04-2014 PUBLIC 02-04-2014).
“2. Peticionou, ainda, a Defesa de Aldemir Bendine requerendo que o prazo para a
apresentação de suas alegações finais não seja comum e sim posterior ao concedido às
Defesas dos colaboradores, Marcelo Bahia Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha
Santos Reis e Álvaro José Galliez Novis, e do acusado confesso André Gustavo Vieira
da Silva.
Alega, para tanto, que a figura do colaborador assemelhar-se-ia mais a de um
acusador do que a de um acusado.
HC nº 157.627/PR 6
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Assim, seria uma espécie de Assistente de Acusação. O requerimento não tem
previsão legal, forma ou figura em Juízo.
O acusado colaborador não se despe de sua condição de acusado no processo. Apenas
optou, com legitimidade, por defender-se com a pretensão de colaborar com a Justiça.
Acolher o requerimento da Defesa de Aldemir Bendine seria o equivalente a
estabelecer uma hierarquia entre os acusados, distinguindo-os entre colaboradores e
não colaboradores, com a concessão de privilégios aos últimos por não terem
colaborado.
A lei estabelece prazo comum para a apresentação de alegações finais, ainda que as
defesas não sejam convergentes e não cabe à Justiça estabelecer hierarquia entre
acusados, todos com igual proteção da lei.
Assim, indefiro o pedido por manifesta contrariedade à lei'.
(…)
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qualquer constrangimento ilegal, como acertadamente destacado pelo Superior Tribunal de
Justiça no acórdão objurgado.
Deveras, a regra legal inserta no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal
pela Lei nº 11.719/2008 é clara no sentido de que, constatada a complexidade do caso em
julgamento ou a significativa quantidade de acusados, o juiz pode converter os debates
orais em memoriais escritos, dando-se às partes – acusação e defesa – prazos sucessivos de
5 dias para apresentá-los.
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cartório para apresentação das alegações finais (Precedente) mas, não obstante,
disponibiliza ao patrono do recorrente o acesso aos autos em cartório e a obtenção de
cópias do processo.
Recurso desprovido. (STJ, RHC 26.911/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2010, DJe 03/05/2010).
Dessa forma, não cabia outro proceder ao Juiz processante senão abrir vista às
defesas, em prazo comum, para apresentação de alegações finais. Portanto, não há falar em
cerceamento de defesa.
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nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que […] o âmbito normativo do dogma
fundamental da disciplina das nulidades - pas de nullité sans grief - compreende as
nulidades absolutas” (HC 85.155/SP, Rel.ª Min.ª Ellen Gracie).
Da mesma maneira, em seu art. 566, estatui o Código de Processo Penal que
não será declarada nulidade que não houver influído na apuração da verdade substancial ou
na decisão da causa.
III
HC nº 157.627/PR 10