UBERLÂNDIA
2010
1. INTRODUÇÃO
Nos diversos setores industriais uma das etapas mais comumente encontradas é a separação
de misturas. Há inúmeros métodos de separação a depender das características químicas e físico-
químicas das substâncias presentes na mistura e do tipo de mistura (homogênea ou heterogênea).
Esses métodos vão deste os mais simples como a filtração, centrifugação e decantação até os mais
robustos como a destilação, extração e cromatografias.
A flotação é um desses métodos, nasceu do processamento de minérios com intuito de
separar misturas sólido-sólido tendo grande empregabilidade neste setor. Porém sua aplicação se
estendeu a outros processos como o tratamento de efluentes líquidos com elevados teores de óleo
como a indústria petroquímica, frigoríficos, matadouros e de pescado (Schoenhals, 2006).
1.1. Definição
A flotação é uma técnica de separação baseada nos conceitos das propriedades superficiais
como a adesão, isto é, esta técnica utiliza da preferência que alguns componentes têm em aderir-se a
superfície de outro; que no caso da flotação, as partículas se aderem a bolhas de ar introduzidas no
meio contendo a suspensão. As partículas aderidas à superfície da bolha que apresenta uma menor
densidade e capacidade de flutuar, são carregadas até à superfície do flotador, sendo removidas na
forma de espuma. Observa-se neste processo que as partículas são levadas para cima, o contrário do
que ocorria espontaneamente, em que as partículas pela ação da gravidade desceriam até o fundo do
equipamento, processo conhecido por sedimentação, assim pode-se dizer que a flotação consegue
retirar as partículas que possuem baixa velocidade de sedimentação.
A explicação do porque algumas partículas se aderem mais facilmente às bolhas está na
afinidade que esta partícula tem com a água. Aquelas substâncias que ao entrarem em contato com a
água permitem um espalhamento do líquido sobre sua superfície é dita hidrofílica, ou seja,
apresenta grande afinidade com a água. Porém as substâncias que em contato com a água
permanecem na forma de gota tentando diminuir o contato o máximo possível são nomeadas de
hidrofóbicas apresentando pouca ou nenhuma afinidade com a água. Assim as partículas presentes
na suspensão que são hidrofóbicas são repelidas pelas moléculas da água, aderindo-se às bolhas
quando em contato com elas. Quando uma substância é hidrofílica pode-se adicionar alguns
componentes no meio fazendo com que esta se torne hidrofóbica a fim de realizar a flotação.
A flotação, como dito anteriormente, também é muito utilizada no tratamento de efluentes
nas ETE's, sendo um tipo de tratamento primário (pois há a remoção de sólidos) podendo ser
aplicado na etapa de espessamento de lodo (Giordano).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Por se tratar de um equipamento que pode ser utilizado no tratamento primário de vários
processos distintos, foram desenvolvidos vários tipos de sistema de flotação, tanto na área de
beneficiamento de minérios como no tratamento de águas oleosas alguns processos merecem
destaque:
3. APLICAÇÃO NA MINERAÇÃO
A flotação é um processo simples, flexível, e eficiente, pode ser usado em pequena, média
ou grande escala e seu equipamento necessita de pouco espaço físico (Schoenhals, 2006).O
processo é aplicado à diferentes tamanhos de partículas para várias finalidades .
Na indústria de mineração a flotação é uma operação unitária aplicada principalmente à
separação de sólidos particulados por meio de adesão à bolhas de ar. Esse procedimento objetiva
principalmente a concentração de um mineral de interesse.
Através da adesão das partículas minerais à bolhas de ar forma-se um sistema constituído
por duas fases, em que a sobrenadante é o mineral que está sendo concentrado. Esse processo é, em
geral, feito num reator denominado célula de flotação
Na área ambiental a flotação é amplamente utilizada como tratamento primário para
remoção de partículas grosseiras de efluentes que precisam ser enviados a corpos receptores e no
tratamento da água utilizada para consumo humano.
Nesse último caso o processo de flotação é empregado, com base numa visão de
cumprimento de legislações ambientais, no que tange a despejos de efluentes particulados em
corpos receptores (rios, lagos e etc), enquanto que na indústria, a flotação é essencialmente vista
como um processo de agregação de valores monetários, já que o objetivo é concentração de um
mineral.
Historicamente, a flotação como processo de aplicabilidade industrial foi proposta no ano de
1886, por Carrie Everson, e patenteado por ele. No entanto as patentes referentes a concentração
mineral foram propostas nos anos seguintes, em 1928 por Laine, num processo de extração de cobre
a partir da calcopirita CuFeS 2 . As partículas do mineral eram esmagadas, sendo que o mineral
pulverizado era em seguida combinado com óleos, água e detergente. A calcopirita contida na rocha
era, molhada com óleo e em seguida borbulhava-se uma corrente de ar. O sulfeto recoberto pelo
óleo aderia facilmente às bolhas de ar e formavam uma fase sobrenadante rica em cobre, enquanto
que a fase aquosa, pobre em cobre e denominada ganga, depositava-se na parte inferior. A separação
das partículas se dava de modo bem eficiente.
Após isso a adição de óleos passou a ser amplamente empregadas em plantas para extração
de sulfetos metálicos e para extração de carvão (Duong et al, 2006; Laskowiski, 1992). Na Rússia, a
aplicação se deu em plantas, também de extração de cobre em rochas com calcopirita (Dmitreva et,
al, 1970,) e na divisão do metais cobre e molibdênio Gorodetskii et al, 1973; nos Estados Unidos a
utilização de emulsões se deu na Planta Amax de Molibdênia, em que a mistura era emulsificada
com um tensoativo, baseado em extratos de coco.
No Brasil, a flotação foi implantada industrialmente a partir de 1990, sendo utilizadas
colunas de flotação, dado a facilidade de arraste do material hidrofóbico para a espuma formada
devido a alimentação com água, geração de pequenas bolhas e regimes de fluxo de baixa
turbulência.
Atualmente várias empresas oferecem soluções para flotação dentre elas está a substituição
das células de flotação clássicas por máquinas de flotação vazio livre, que possuem alta aeração;
colunas de flotação cuja aplicabilidade é indicada para minerais de cobre chumbo, zinco, ferro e
grafite; por último cita-se as bombas de flotação cuja função é aumentar a bombeabilidade das
suspensões de flotação.
4. CONCLUSÃO
CAPPIONI, F.; MATIOLO, E.; RUBIO, J. Flotação Extensora de Finos de Minérios de cobre e
Molibdênio. Laboratório de Tecnologia Mineral e Ambiental – Departamento de Engenharia de
Minas – UFRS – 2005.
GIORDANO, G. Tratamento e Controle de Efluentes Industriais. Apostila. Departamento de
Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente – UERJ.
MATIOLO, E. Flotação Avançada para o tratamento e reaproveitamento de águas poluídas. DEMIN
– PPGEM – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003.
PORMIN; Beneficiamento de Minérios. Ministério de Minas e Enegia.
RODRIGUES, R. T.; TABOSA, E. O.; VARELA, J. J.; RUBIO, J. Nova Técnica para Avaliação da
Distribuição de Tamanho de Bolhas na Flotação. Laboratório de Tecnologia Mineral e Ambiental –
Departamento de Engenharia de Minas – UFRS.
SCHOENHALS, M.; Avaliação da Eficiência do Processo de Flotação Aplicado ao Tratamento
Primário de Efluentes de Abatedouro Avícola. Dissertação de Mestrado – UFSC – 2006.
SILVA, T. A. V; CARVALHO, M. A; SIGUEIRA, M.G; TEIXEIRA, T. N; PEREIRA, C. A;
Aplicação de emulsão na flotação de minério de zinco. R. Esc. Minas, Ouro Preto, v61, 35 – 38p